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Raimundo F. de Oliveira A Doutrina Pentecostal Hoje Digitalizado por Ziquinha www.semeadores.net Nossos e-books são disponibilizados gratuitamente, com a única finalidade de oferecer leitura edificante a todos aqueles que não tem condições econômicas para comprar. Se você é financeiramente privilegiado, então utilize nosso acervo apenas para avaliação, e, se gostar, abençoe autores, editoras e livrarias, adquirindo os livros. SEMEADORES DA PALAVRA e-books evangélicos http://www.semeadores.net/ Sumário Dedicatória.......................................................................................4 O movimento pentecostal no banco dos réus...................................5 O batismo com o Espírito Santo hoje.............................................18 O dom de línguas hoje....................................................................46 Os dons do Espírito Santo hoje......................................................64 Os dons e o fruto do Espírito..........................................................85 Dedicatória Dedico este livro: aos meus queridos pais, Francisco e Geralda, que desde a minha infância me ensinaram os sagrados rudimentos do Evangelho, contribuindo para que mais tarde eu tivesse uma autêntica experiência espiritual com Deus; à minha eterna namorada e esposa, Maria das Graças, a quem Deus tem feito um esteio de sustentação do meu ministério; aos meus queridos filhos, Débora, Adoniran e Calebe, perfumadas rosas com as quais Deus floriu o jardim do meu matrimônio; ao caríssimo Pastor Paulo Belisário Carvalho, honrado Presidente da Assembléia de Deus no Estado do Piauí, onde militei por quase dez anos, pastor que, na qualidade dum "amigo mais chegado que um irmão", muito me ajudou no dimensiona-mento da minha fé, visando ao sucesso do meu ministério; a todos os meus companheiros de ministério, que na nossa Pátria estão empenhados na pregação do Evangelho pleno e na conservação da genuína doutrina pentecostal; também aos meus irmãos denominacionais que, indiferentes aos ensinos daqueles que fazem das eternas promessas de Deus coisa do passado, estão empenhados em alcançar uma genuína experiência com o Espírito Santo, hoje; sobretudo, ao Deus e Pai de toda a consolação, a Jesus Cristo, seu filho e autor de toda a salvação, com o louvor do Espírito Santo, o autor de toda a santificação. No sincero amor do Senhor, o Autor 1 O movimento pentecostal no banco dos réus Tem sido considerável o número de livros escritos nestes últimos anos por autores antipentecostais, com o propósito de denegrir a nossa fé. Pelo que me consta, nunca um escritor de confissão pentecostal, no Brasil, assumiu a responsabilidade de escrever uma refutação a esses livros. Em geral, os nossos líderes têm deixado que o próprio progresso do Movimento Pentecostal e a fé dinâmica das igrejas que o compõem silenciem a pena dos seus oponentes gratuitos; mas isso tem sido inútil, pois os tais não se convencem nem diante de fatos. Para eles, mais importa uma boa pitada de confusão teológica, do que as provas documentadas por vidas transformadas; esquecendo-se eles que teologia sem uma genuína experiência de vida é semelhante à fé sem as obras - é morta. Evidentemente, não possuo procuração dos líderes da minha igreja, a Assembléia de Deus - pioneira e guardiã da legítima doutrina pentecostal no Brasil - para escrever este trabalho. Na verdade, nem creio ser necessário tê-la, haja vista que, na qualidade de obreiro engajado na pregação do Evangelho e na defesa da verdade, tenho tão grande res- ponsabilidade na defesa da verdade, como a têm os mais destacados líderes da Assembléia. Não escrevo este livro como teólogo ou "doutor” nisto ou naquilo. Revelada a minha formação secular, seria motivo de vergonha para qualquer um dos "doutores" que hoje, em diferentes denominações, se dizem senhores da verdade, pelo que se julgam no direito de escrever livros e artigos com o objetivo de minar as bases espiritual e moral do Movimento Pentecostal. O que aqui escrevo é fruto de minhas próprias experiências em face da beligerância anti-pentecostal na nossa Pátria. 1. COM A PALAVRA, A ACUSAÇÃO Um dos livros mais pretensiosos e, de propósito, eminentemente antipentecostal, foi publicado em 1972, pela Junta de Educação Religiosa e Publicações da Convenção Batista Brasileira (JUERP). Esse livro tem por título: "Movimento Moderno de Línguas", de autoria do batista americano, Robert G. Gromacki. Numa análise feita por Gromacki quanto à origem do Movimento Pentecostal, após analisar-se o movimento é de origem divina, satânica, psicológica ou artificial, ele conclui que tem de ser considerado "não somente como uma simulada contrafação, porém como sendo realmente de origem satânica". Outro livro, "A Doutrina do Espírito Santo", trabalho encomendado pela Convenção Batista Brasileira, combate as células "renovacionistas" surgidas no seio dessa Convenção, trazendo, inclusive, palavras pouco elogiosas ao Movimento Pentecostal, sempre tido pelos autores (treze líderes batistas brasileiros), como "confusão", "gritaria", "descontrole físico", "emocionalismo demasiado" etc. H.E.Alexander, um dos autores antipentecostais mais lidos no Brasil, em seu livro "Pentecostismo ou Cristianismo?" mostra o Movimento Pentecostal como uma ameaça à integridade do verdadeiro Cristianismo. Escreve: "Temos, portanto, de evitar todo equívoco e afirmar com precisão que, se existe um 'Movimento de Pentecoste' há também um considerável número de crentes que diligenciam não ser deste 'movimento', mas que, no entanto, possuem um forte espírito 'pentecostista'. Por este fato, é que nós julgamos necessário falar de 'pentecostalismo', pois que pretendemos em absoluto não fazer parte deste 'movimento', pois pode-se ter certas concepções mentais e certas interpretações errôneas que, como é óbvio, engendram um espírito que não é outra coisa senão um espírito estranho, semelhante ao do Pentecostismo". Mais à frente escreve Alexander: "Perante os erros e estragos do Pentecostismo, há somente uma atitude digna do cristão. Se ele caiu neste erro, que confesse a Deus e se separe absolutamente daquilo que a Bíblia condena. Quanto ao crente que teve algum contacto com estes desvarios, mas que começa a discerni-los, que se afaste deles e saiba que Deus o destina a outra coisa: ao serviço frutuoso... Porém, que se mantenha bem perto de seu Salvador, pela razão seguinte: um espírito estranho não deixa nunca sua vítima escapar com facilidade. Quando numa alma começam a surgir dúvidas a respeito do Movimento Pentecos- tal e seu espírito começa a discernir a verdade quanto as contrafações, aos exageros e erros doutrinários que caracterizam o Pentecostismo, se ela abrir-se com algum adepto deste movimento, haverá então reação imediata: 'Não nos compreende mais, suas dúvidas são causadas pelo pecado'. Ou então, o que é pior ainda: 'Verá o que vai suceder-lhe se nos deixar, o julgamento de Deus o atingirá'. E chamam a isto de 'Despertamento' e 'Pentecoste!' Ou, em vez de ameaças, apelarão para o sentimentalismo, como pretexto de amor, lágrimas -procedimento que não é são nem santo, e do qual é, às vezes, difícil livrar-se. Porém, com o socorro de Deus, andando na obediência de Cristo e sua Palavra, aquele que tiver sido dominado pelos pentecostais será libertado." Para H.E.Alexander, o Movimento Pentecostal ou "Pentecostismo", como ele prefere chamar, nada mais é do que um dos ramos do Espiritismo, Feiticismo, Macumba, ou coisa semelhante; movimento de cuja influência aqueles que a ele se apegam devem ser exorcisado pelo ensino antipentecostal. Francisco Huling, autor do opúsculo: "É Bíblico o Pentecostismo?", escreveu:"Deus libertou o autor deste folheto do erro pentecostal alguns anos atrás. Um domingo de manhã, numa reunião pentecostal, um membro levantou-se e começou a ler o capítulo 14 de 1 Coríntios, e eu escutei-o atentamente. De repente uma mulher levantou-se e começou a levantar os braços e a 'falar em línguas' e depois mais uma, e mais outra, até que nove ao todo estavam num estado de êxtase descontrolada. Mas mesmo entre o barulho e o pandemônio que faziam, eu consegui ouvir as palavras: 'Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos... Mas faça-se tudo descentemente e com ordem', 1 Co 14.33,40. O contraste completo entre o que eu via e o que as Escrituras diziam ajudaram-me a pensar, e eu comecei a ver que o Pentecostalismo não é de Deus, mas sim do Diabo". No seu livro, "Os Carismáticos", John F. MacArthur, denuncia e condena o Movimento Carismático, por, segundo ele, fazer da experiência algo superior às Escrituras. Poderia continuar citando textos de muitos outros livros de autores antipentecostais, que tenho na minha biblioteca, porém, deixo de fazê-lo por duas razões: primeiro, por absoluta falta de espaço, e em segundo lugar, porque contêm praticamente as mesmas blasfêmias e desprezo pelo Movimento Pentecostal. 2. COM A PALAVRA, A DEFESA Como um processo não se compõe só de acusação, mas também de provas e defesa, seria imprudente o juiz condenar ou absolver o réu sem antes ouvir a sua defesa. Partindo deste princípio, ao Movimento Pentecostal assiste o direito de que alguém levante a sua voz em defesa desse movimento. Isto é o que têm feito muitos ilustres cristãos e não poucos estudiosos durante estes últimos anos, entre os quais vou citar alguns apenas. Para a revista "Life", conceituado periódico da imprensa secular americana, a respeito do Movimento Pentecostal, o Dr. Van Dusen, disse: "Há várias fontes de poder que têm feito desta terceira força (o Movimento Pentecostal), o mais extraordinário fenômeno religioso de nosso tempo. Seus grupos pregam uma mensagem bíblica direta, facilmente compreensível. Comumente prometem uma experiência imediata, transformadora da vida pelo Deus vivo em Cristo, que é muito mais significativa para muitos indivíduos do que a versão dela que se encontra nas igrejas convencionais. "Eles abordam diretamente as pessoas - em seus lares, nas ruas, ou em qualquer lugar -, não esperam que venham primeiro à igreja. São dotados de grande ardor espiritual, o que algumas vezes, mas nem sempre, é excessivamente emocional. Pastoreiam seus convertidos em um grupo comunitário íntimo, apoiador - uma das características de cada renovação espiritual vital, desde que o Espírito Santo desceu sobre os discípulos no primeiro Pentecoste. Dão forte ênfase ao Espírito Santo tão negligenciado por tantos crentes tradicionais como sendo a presença imediata e poderosa de Deus, tanto na alma humana individualmente, como na comunidade cristã. Acima de tudo, esperam que os seus seguidores pratiquem um cristianismo ativo, incansável, sete dias por semana. "Até recentemente, os demais protestantes consideravam esse movimento como um fenômeno temporário e passageiro, que não merecia grande atenção. Mas agora há um reconhecimento sério e crescente de suas verdadeiras dimensões e de sua provável dinâmica. A tendência de rejeitar a sua mensagem cristã como inadequada está sendo substituída pela mais humilde disposição de investigar os segredos de seu imenso alcance... "Tenho chegado a sentir que o Movimento Pentecostal, com sua ênfase sobre o Espírito Santo, é mais do que apenas mais um reavivamento. É uma revolução que em importância se compara ao esta- belecimento da primeira igreja apostólica, e com a Reforma Protestante." A revista "Novas de Alegria", órgão da Assembléia de Deus de Portugal, traz o testemunho dum respeitado professor de Teologia no Instituto Superior de Ciências Humanas e Teológicas do Porto, Portugal, do qual se destaca o seguinte parágrafo: "O que descobri no Movimento Pentecostal é muito diferente daquilo que procurei! Aconteceu comigo o que aconteceu com os Magos que procuravam um Príncipe num palácio luxuoso e encontraram um menino desfavorecido num curral de animais; o mesmo que aconteceu à Samaritana que procurava um Messias sabedor, um Cristo "supers-tar" e encontrou um judeu fatigado; o mesmo que aconteceu a Maria Madalena no Domingo de Páscoa: procurava um morto e encontrou um Ressusci- tado. Pois eu fui 'observar' a reunião de oração dos pentecostais e senti-me observado pelo Espírito adquirindo a consciência das minhas resistências á ação do Espírito Santo em mim. Descobri a minha 'resistência intelectual', pois senti que 'relativizava' a ação do Espírito nas pessoas, testemunhada pelos textos bíblicos, reduzindo-a aos limites do esquema teológico pré- fabricado, aprendido nos livros. Senti que era presunção a mais pretender manipular a liberdade soberana do Espírito! Descobri que só não 'aspirava aos dons espirituais', mas até os recusava! Fui observar a oração dos pentecostais e fiquei surpreendido com a intensidade da oração feita por um grupo de jovens durante duas horas! Fui para lá como mero espectador e encontrei-me envolvido por um cristianismo dinâmico, contagiante e alegre, pressentindo então o que significava o Batismo no Espírito Santo praticado dentro do Movimento Pentecostal". A respeito do Movimento Pentecostal, Russel Spittler, escreveu: "Alguns julgam que se trata duma nova Reforma esforçando-se por encontrar o seu Lutero à porta duma catedral desconhecida. Outros interpretam o fato como uma crise de crescimento, com os elementos da velha humanidade a quebrar-se para se juntarem de novo com mais espiritualidade. Há quem o considere como um fenômeno prosaico, o movimento inevitável do pêndulo, o regresso a algumas verdades esquecidas, ou a superstições perigosas. "De qualquer modo, está a operar-se uma mudança nos ideais do mundo. A sabedoria reinante, que influenciou e formou as últimas décadas, encontra-se na ofensiva. Ela tem sido chamada de liberalismo, racionalismo, espírito científico - conceitos que, não sendo idênticos, estão correlacionados. Mas atualmente a confiança do homem, no seu poder para controlar o mundo, está em nível incipiente. A Tecnologia é considerada um aliado perigoso e o progresso é suspeito... "O declínio da Ciência e o despertar da Religião são oportunidades sem precedentes que se abrem ao Movimento Pentecostal. Ao nível das massas populares há um mundo cheio de ciência, razão, materialismo e liberalismo. As pessoas têm sede das coisas espirituais. Deixai os batizados no Espírito Santo cingirem os seus lombos para um combate renovado e intrépido. Aos que a procuram sem saber, proclamai-lhes, proclamai-lhes essa maravilhosa experiência!" Àqueles que acusam os pentecostais, principalmente a Assembléia de Deus, de fazer proselitismo, de emocionalismo excessivo, de atingirem apenas as classes inferiores, e de interpretarem a Bíblia literalmente, responde o escritor presbiteriano William R. Read: a. - "Alguns crentes, que agora pertencem à Assembléia de Deus, pertenceram anteriormente a outras igrejas evangélicas, mas para cada um destes, há pelo menos vinte, que não tiveram qualquer espécie de contacto com outros evangélicos, antes de sua conversão... b. - "Há casos em que o emocionalismo tem sido usado em excesso, mas comumente é canalizado... para fins construtivos. Poder-se-ia argumentar que a existência de vida transformada, e crescimento vigoroso, embora com alguns excessos, é melhor do que as igrejas estagnadas, e cristãs apenas de nome, no seu formalismo correto e frio... c. - "Ser criticadacomo igreja das classes inferiores, é para a Assembléia, mais um elogio do que uma crítica. É nessa parte da estrutura social que está a maioria da população. Maioria que se constitui num tremendo campo de trabalho. É nela que os pentecostais estão-se multiplicando. Têm por isso mesmo, posição bastante favorável, no presente. d. - "É verdade que a Bíblia é a autoridade máxima para esse exército de pregadores, que está constantemente pregando, onde quer que consigam reunir um grupo que os ouça. Os líderes são cuidadosos no estudo das Escrituras. É espantoso verificar como esses homens, antes analfabetos, podem ler a Bíblia, interpretá-la, pregar e ensinar. As bíblias ficam gastas pelo abrir e fechar e pelo constante manuseio. Esta fé simples na Bíblia, dá-lhes a convicção e, quando pregam ou ensinam, fazem-no com a autoridade da Bíblia. Os ouvintes percebem que os pentecostais estão pregando com uma convicção profunda, bíblica e pessoal. Um simples 'Assim diz o Senhor', constitui prova suficiente para muitos, pois os problemas intelectuais estão ausente em seu caminho da fé em Jesus Cristo. Essa abordagem, que se centraliza na Bíblia, pode ser criticada, mas não deixa de ser um dos pontos fortes do movimento pentecostal. Têm eles sido fiéis à luz que receberam das Escrituras. A bênção de Deus, o Deus da Bíblia, é evidente em seu ministério . Quanto à acusação de John F. MacArthur, feita contra os pentecostais, que, segundo ele, dão primazia à experiência, em atitude de desprezo à verdade já revelada na Bíblia, faça-se a seguinte consideração: O fato de que haja crentes que têm feito da experiência uma nova fonte de revelação para a vida, em substituição à orientação que já foi dada pela Bíblia, isto é exceção e não regra, que pode ser verificada não só nos círculos pentecostais, mas até mesmo nos arraiais não-pentecostais. Mas a preocupação de MacArthur vai além disto: ele insinua que a experiência cristã é algo de pouca ou de nenhuma importância. A experiência tende a ser má quando aquele que a possui não se apóia nas Escrituras nem mostra uma vida de comunhão com Deus. Porém, conforme escreveu o apóstolo Paulo, a verdadeira experiência é a soma - tribulação + experiência, donde advêm a esperança, "e a esperança não traz confusão", Rm 5.3-5. O cego de nascença que foi curado por Jesus, cuja história se acha narrada no capítulo 9 do Evangelho de João, pôs fim a uma grande demanda teológica com os judeus incrédulos, dizendo apenas: "Se é pecador, não sei; uma coisa sei, e é que, havendo eu sido cego, agora vejo", Jo 9.25. Experiências são fatos, e contra fatos não há argumentos. Ao endemoninhado gadareno a quem libertara, Jesus disse: "Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti", Mc 5.19. O texto sagrado acrescenta: "E ele foi, e começou a anunciar em Decápolis quão grandes coisas Jesus lhe fizera; e todos se maravilhavam", v.20. Diante da grande multidão que o acusava em Jerusalém; em sua defesa, o apóstolo Paulo contou sua própria experiência, a começar desde seus ancestrais até o seu ministério no momento em que foi preso, como meio de abrandar-lhes a ira: At 22. Salvação, batismo com o Espírito Santo, dons espirituais, comunhão com Deus e com os santos, são experiências para serem não só vividas mas igualmente contadas aos outros. Contar aos outros o que Deus fez por nós é uma forma de continuarmos com a bênção recebida em nossas vidas. E isto desagrada não só aos "apóstolos," da causa antipentecostal: desagrada o Diabo também. Evidentemente, cada causa tem opositores à altura da sua dignidade. E para sobreviver sob o acirrado fogo da artilharia antipentecostal, jamais lançaremos mão das armas dos que se nos opõem. Hoje, como sempre, prevalece "a palavra do Senhor a Zorobabel, dizendo: Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos", Zc 4.6. Acreditar na afirmação de Gromacki e Francisco Huling, de que o Movimento Pentecostal é de origem satânica, seria o mesmo que admitir que Satanás se tenha convertido e se feito aliado de Deus na redenção do mundo, pois, quem tem feito mais que os pentecostais pela evangelização dos povos? Russell Spittler disse que "os pentecostais sempre foram melhores no evangelizar que no escrever tratados de teologia. Somos mais conhecidos pelas missões ao estrangeiro que pelos livros teológicos". Mas não temos porque nos envergonhar disso, pois quando ganhamos uma alma sabemos estar cumprindo com o desejo maior de Deus - a conquista de almas, e a Bíblia diz: "O que ganha almas sábio é", Pv 11.30. O Movimento Pentecostal continuará triunfando e por fim triunfará, porque ele não é um movimento do homem, mas do Espírito Santo. E um movimento do Espírito Santo não pode ser destruído por livros. 3. COM A PALAVRA, O JUÍZ Em todas as demandas teológicas de fé e de religião, a Bíblia Sagrada é o juiz. E em face das alegações da acusação e da defesa feita ao Movimento Pentecostal, qual o veredicto? O réu será condenado ou absolvido? Através de seus escritos, os antipentecostais chegam mesmo a sugerir que a doutrina pentecostal não passa de batismo com o Espírito Santo, glossolalias e dons do Espírito Santo. Isto se deve à premeditada aversão que têm aos pentecostais. O sectarismo denominacional e a jactância pessoal os impedem de ser sinceros e imparciais nas suas pes- quisas. Não encontram a verdade quanto aos pentecostais porque, na realidade, fazem questão em não achá-la. Na verdade, nem precisariam dar-se a penoso estudo para descobrirem que o Movimento Pentecostal crê: em um só Deus eterno, subsistente em três pessoas: o Pai, eterno e imutável; o Filho, eternamente gerado do Pai; e o Espírito Santo, emanante do Pai: Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29; Jo 15.26; na divina inspiração da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão: 2 Tm 3.14-17; no nascimento virginal de Jesus, em sua morte vicaria e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e em sua ascensão vitoriosa aos céus: Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9; na pecaminosidade do homem que se destituiu da glória de Deus, e que somente pelo arrependimento e pela fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo pode ser restaurado a Deus: Rm 3.23; At 3.19; na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Jesus Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do reino dos céus: Jo 3.3-8; no perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma, recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor: At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26; Hb 7.25; 5.9; no batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez, em água, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo: Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12. na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus Cristo no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Cristo: Hb 9.14; 1 Pe 1.15,16; no batismo bíblico com o Espírito Santo, como bênção distinta do novo nascimento, que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência física inicial de falar em outras línguas, conforme a sua vontade: At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7; na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade: 1 Co 12.1- 12; na segunda vinda pré-milenial de Cristo, em duasfases distintas: Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação; segunda - visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos: 1 Ts 4.16,17; 1 Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14; que todos os crentes comparecerão ante o Tribunal de Cristo, para receberem a recompensa dos seus feitos em favor da obra de Cristo na terra: 2 Co 5.10; no juízo vindouro que justificará os fiéis e condenará os infiéis: Ap 20.11-15; na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento para os infiéis: Mt 25.46. Qualquer ensino contrário ao contido na fé pentecostal, ainda que alegadamente baseado na Bíblia, não passa de artifício criado por uma teologia desvirtuada e que em nada honra a Deus. O Dr. James I. McCord, presidente do Seminário Teológico de Princeton, disse: "Nossa época terá de tornar-se a Era do Espírito, do Espírito de Deus ativo no mundo, a sacudir e a esmagar todas as nossas formas de estruturas, produzindo reações favoráveis consoantes com o Evangelho e com as necessidades do mundo". Também o Dr. Ernest Wriht, de Havard, não faz muito tempo, disse: "A consumação do reino de Deus será assinalada por um grande reavivamento com acontecimentos carismáticos. Então, tanto os líderes como o povo estarão cheios do Espírito; dotados de poder do Espírito em escala até esse tempo desconhecida". Concluindo, escreveu Robert C. McQuilkin, em seu livro: "A Mensagem Pentecostal para Hoje": "Não limitemos a Deus em suas operações sobrenaturais, mas nos preparemos para novos e grandes derramamentos do Espírito Santo, que se produzirão nos dias posteriores aos atuais. Aproximam-se os dias quando nada poderá anular a força aterradora do inimigo, exceto o poder sobrenatural que muitos crentes têm experimentado". Portanto, o veredicto da Bíblia é que o Movimento Pentecostal triunfará, pois só através dele é que o avivamento desejado, buscado e esperado tem encontrado livre curso no mundo hoje. A nossa fervente oração a Deus é no sentido de que Ele sopre o vento do seu Espírito sobre aqueles que, tendo feito da causa antipentecostal o seu apostolado maior, estão tal qual os ossos secos do vale da visão de Ezequiel, e os faça bênção para as suas congregações tão carentes do toque poderoso do Deus vivo. Assim, juntos num mesmo pensamento e sentimento, nos faremos receptores do grande avivamento que na sua plenitude será derramado por Deus sobre o mundo. 2 O batismo com o Espírito Santo hoje A doutrina do batismo com o Espírito Santo tem-se feito numa das pedras basilares da doutrina pentecostal, por vários séculos; pois, está provado que, o batismo com o Espírito Santo, além de bibliocêntrico é também prático e experimental. Um dos sinais prenunciados pelos profetas do Antigo Testamento, alusivo ao fim dos tempos para judeus e gentios, trata do derramamento do Espírito Santo em grande profusão sobre a terra. No livro do profeta Joel, capítulo 2, versículos 28 e 29, lemos: "E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito". Mais de quinhentos anos haviam-se passado desde que esta profecia fora anunciada, quando, pelas campinas verdejantes da Judéia, e pelas margens úmidas do Jordão, apareceu João Batista, o precursor do Salvador, anunciando: "E eu, em verdade, vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo", Mt 3.11. Não tardou, até que Cristo, na força do Espírito, começasse o seu ministério, no desenvolver do qual, também falou sobre a obra do Espírito Santo, começando com o novo nascimento, seguindo-se o batismo com o mesmo Espírito. Ele próprio disse quando de sua estada numa festa dos judeus em Jerusalém: "Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios d’água viva correrão do seu ventre". Acrescenta o apóstolo João: "E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por Jesus ainda não ter sido glorificado", Jo 7.38,39. Após ressuscitar dos mortos, noutro lugar, antes de subir ao Pai, diante dos seus discípulos, outra vez disse Jesus: "... vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias... Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra", At 1.5,8. Após ter dito isto, foi Jesus elevado ao Céu, e, já à mão direita do Pai, cumpre o que prometeu a seus discípulos. Escreve o evangelista Lucas: "E, cumprindo-se o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem", At 2.1-4. A multidão atônita diante do Cenáculo, onde o Espírito Santo era derramado, divide-se em dois grupos distintos. 0 primeiro grupo, moderadamente, indaga: "Que quer isto dizer?", enquanto o outro grupo, mais precipitadamente, afirma: "Estão embriagados!" A estes responde Pedro: "Estes homens não estão embriagados, como vós pensais". Àqueles, fala o mesmo apóstolo: “... isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão; os vossos mancebos terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas naqueles dias, e profetizarão", At 2.15-18. Lucas vai mais adiante com a sua narração, e diz que os que compunham aquela grande multidão, ouvindo a explicação dada pelo apóstolo Pedro, "compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, varões irmãos? E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe; a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar", At 2.37-39. Os anos e os séculos vão se escoando e o momento do arrebatamento da Igreja se aproximando, enquanto milhões de pentecostais, espalhados por todos os continentes, estão confirmando que estas palavras do apóstolo Pedro, ditas na manhã do Pentecoste, cumpriram-se em suas vidas. Elas ainda se cumprem na vida daqueles que buscam o Espírito Santo em maior medida. 1. FALSOS CONCEITOS SOBRE O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO No decorrer dos anos, muitíssimos conceitos errôneos têm surgido a respeito do batismo com o Espírito Santo. Muitas "boas intenções" têm contribuído para que se generalizem tais conceitos. De um lado estão os antipentecostais a confundirem o batismo com o Espírito Santo com a conversão e o novo nascimento. Do outro lado estão muitas correntes "renovacionistas" e "carismáticas", que falam de um batismo com o Espírito Santo alienado da autenticidade bíblica. No centro, porém, estão também não poucos obreiros pentecostais tradicionais, que já não nutrem nenhum interesse por elevar as suas congregações, principalmente os crentes mais novos, à experiênciado batismo com o Espírito Santo. Tenho tido a desagradável surpresa de verificar que em muitas das nossas igrejas, o número daqueles que ainda não tiveram esta experiência é consideravelmente maior do que o daqueles que já a experimentaram. Tenho verificado também que grande número daqueles que já receberam o batismo com o Espírito Santo já não vive o mesmo nível de vida espiritual demonstrado nos dias imediatos à recepção dessa bênção. Torna-se evidente, portanto, que se continuarmos assim, não demorará virmos a ser conhecidos como pentecostais apenas na forma. Nenhum obreiro deveria estar plenamente satisfeito até que visse sua própria congregação ardendo sob o fogo do Espírito. Muitos obreiros são bons avivalistas nos campos e igrejas de outros obreiros, enquanto que a sua própria congregação está clamando por um homem que a ajude a desvendar os horizontes do Espírito Santo. Muitas igrejas hoje, em face da maneira como agem seus pastores, são comparadas às antigas locomotivas "Maria Fumaça", em que uma pessoa era o maquinista e outra o foguista. Muitos pastores são apenas o "maquinista" de sua igreja, isto é: administram bem, são bons doutrinadores tratando-se de assuntos gerais: são zelosos pelos bens imóveis e financeiros da comunidade, mas, quando acham que precisam de uma fogueira (um avivamento) no meio da sua igreja, têm de convidar um "foguista" de outra igreja para promovê-la. Não é meu propósito desencorajar a cooperação mútua entre os obreiros da causa do Senhor. Em absoluto. Isto faz bem à igreja e ao visitante. O que quero salientar, porém, é que a vontade de Deus é ser o pastor, ao mesmo tempo, "maquinista" e "foguista" da igreja da qual cuida. Não basta falar sobre o batismo com o Espírito Santo. Ao obreiro consciente da responsabilidade que Deus lhe confiou, compete também promover reuniões especiais de jejum, estudos bíblicos e orações, tornando o ambiente propício à busca do batismo com o Espírito Santo, a uma vida de renovação espiritual. Há alguns anos, quando realizava uma cruzada de evangelismo na cidade de Santa Luzia, no Estado do Maranhão; na manhã do último dia daquela Cruzada, testemunhei o maior derramamento do Espírito, em toda a minha vida, quando mais de duzentos irmãos foram batizados com o Espírito Santo, de acordo com Atos 2. Desde aquela manhã, Deus me tem feito sentir a necessidade de se dar mais ênfase a este palpitante assunto, seja nos púlpitos das igrejas, seja através de livros, revistas e jornais, pois, quanto maior for o número de crentes batizados com o Espírito Santo hoje, mais gloriosos serão os momentos finais da história da Igreja na terra. O fato lastimável de que milhões de almas estão condenadas ao fogo do Inferno deve despertar em cada crente o interesse de, sem demora, começar a arder sob o fogo do Espírito Santo, para dalguma forma salvar a alguns enquanto ainda há tempo. Vivamos mais no Espírito! Falemos mais do Espírito e nossas congregações terão o Espírito em maior medida. 2. O QUE NAO É O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO Inicialmente, digo que o batismo com o Espírito Santo não é a mesma coisa que o novo nascimento. Ambas são experiências distintas. Jesus primeiramente disse a seus discípulos: "Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado", Jo 15.3. Só depois eles foram batizados com o Espírito Santo. Os crentes samaritanos e os doze discípulos de Éfeso já tinham os seus nomes escritos no Livro da Vida quando receberam o dom do Espírito Santo. O próprio Jesus Cristo, não obstante tenha sido gerado por obra e graça do Espírito, só aos trinta anos de idade foi ungido pelo Espírito Santo e capacitado para a sua missão: Lc 4.17-20. Só na casa de Cornélio houve conversão e batismo com o Espírito Santo simultaneamente, mesmo assim, conversão e batismo com o Espírito Santo são experiências distintas. Sobre o assunto escreve o Dr. Torrey: "Um homem pode ser regenerado pelo Espírito Santo e ao mesmo tempo não ser batizado com o Espírito Santo. Na regeneração se implanta no homem a vida pelo poder do Espírito Santo, e ele que a recebe é salvo. No batismo com o Espírito Santo implanta-se o poder no crente, e ele que recebe esse poder está capacitado a servir..." Adrew Murray escreve: "Os discípulos tinham plena consciência de que o batismo com o Espírito Santo não era o primeiro revestimento para a regeneração, mas sim uma comunicação definida da presença e poder do Senhor glorificado". J. R. W. Stott procura analisar a questão partindo do seguinte raciocínio: "Se todos os crentes estão batizados com o Espírito Santo, a maioria parece não tê-lo sido! Alguns crentes asseguram ter recebido uma experiência posterior e distinta, ligada ao Espírito Santo, e a reivindicação destes parece ser verdadeira". O batismo com (ou no) Espírito Santo não é a mesma coisa que o batismo do Espírito Santo. Se isto é verdade, que quis dizer o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 12.13, quando afirma que "todos nós fomos batizados em um Espírito formando um corpo?" Dr. John MacNiel responde a esta pergunta com suficiente clareza: "Quando Paulo afirma em 1 Coríntios 12.13 que 'por um Espírito fomos batizados em um corpo' refere-se a todos os crentes, os quais têm recebido vida por meio do Espírito Santo, e desta maneira passaram a formar parte do corpo místico de Cristo. Esta é a forma que tem Paulo de explicar o novo nascimento de João 3.7". No batismo do Espírito Santo, o próprio Espírito é o batizador, imergindo o neoconvertido no corpo místico de Cristo, a sua Igreja, e fazendo-o membro vivo e ativo desse corpo. Esse batismo tem lugar no momento da conversão: Rm 6.3; 1 Co 12.13; Gl 3.27. Já no batismo com ou no Espírito Santo, o batizador é Jesus, enquanto que o Espírito Santo é o elemento no qual o crente é imergido, ou batizado: Mt 3.11; Jo 1.33; 15.26; At 1.5. O batismo com o Espírito Santo não é a mesma coisa que a santidade. Não é uma apólice de seguro contra naufrágio espiritual, nem um salvo-conduto de posse do qual o crente pode abusar da bondade e misericórdia divinas. Partindo do princípio de que maior responsabilidade tem quem mais luz possui, o crente, uma vez batizado com o Espírito Santo, deve estar atento às palavras de advertências do apóstolo Paulo: "... não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção", Ef 4.30; "Não extingais o Espírito", 1 Ts 5.19. 3. O QUE É O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO? O batismo com o Espírito Santo é o âmago da experiência do Pentecoste. Um verdadeiro pentecostal não é quem simplesmente pertence a uma denominação com esse nome, mas alguém que foi batizado com o Espírito Santo e continua a transbordar da sua virtude. O batismo com o Espírito Santo é o cumprimento integral e total da promessa do Pai, sobre a qual falou Jesus: At 1.4. O batismo com o Espírito Santo é a unção indispensável a todo crente, que, possuidor da natureza divina, tem o dever de ser testemunha de Cristo e do seu Evangelho por todos os lugares, até os confins da terra: At 1.8. O batismo com o Espírito Santo é o fluir das fontes cristalinas da salvação, que manam na alma do pecador perdoado, pela bondade do Senhor: Jo 7.38,39. Disse o jornalista John L. Sherril: "O batismo com o Espírito Santo é o dom do amor em sua intensidade até então desconhecida para nós. A sua conseqüência natural é sermos impelidos à frente, para o mundo, pelo poder desse amor transbordante, buscando oportunidades de compartilhar com outros aquilo que nos foi outorgado". O batismo com o Espírito Santo é um batismo de fogo, de luz e de alegria, de união e de comunhão espiritual, de entusiasmo e de poder. 4. QUANDO O CRENTE DEVESER BATIZADO COM O ESPÍRITO SANTO? A Bíblia não sugere com precisão o tempo em que o crente deve receber o batismo com o Espírito Santo. Os próprios casos citados no Novo Testamento, mais precisamente no livro de Atos, são muito distintos uns dos outros. Por exemplo: os gentios da casa de Cornélio, em Cesaréia, foram salvos e imediatamente batizados com o Espírito Santo: At 10.44- 46. Paulo teve essa mesma experiência só três dias após se ter encontrado com o Salvador na estrada de Damasco: At 9.9,17,18. Os cristãos samaritanos tiveram a visitação do Espírito só muitos dias após a experiência da conversão: At 8.14-17. O mesmo aconteceu com os 12 discípulos de João Batista encontrados por Paulo em Éfeso (At 19.1-7), que só foram batizados com o Espírito Santo muitos anos depois da conversão. Os mesmos fatos se repetem ainda nos nossos dias. Tenho testemunhado o fato de irmãos que têm recebido o batismo com o Espírito no momento da conversão, outros nos primeiros dias de fé, e outros ao longo dos anos de vida em comunhão com Cristo. 5. EM QUAIS CIRCUNSTÂNCIAS O CRENTE PODE RECEBER O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO? Os casos de batismos com o Espírito Santo narrados pela Escritura mostram quão diferentes podem ser as circunstâncias em que o crente pode encontrar-se no momento de receber o batismo com o Espírito Santo. Por exemplo: os apóstolos foram batizados com o Espírito Santo após dez dias de espera. Os gentios em Cesaréia tiveram esta experiência enquanto ouviam a Pedro. Os doze discípulos de Éfeso foram cheios do Espírito após uma conversa racional e informal com o apóstolo Paulo. Nos nossos dias, são inúmeros os casos de irmãos que foram batizados com o Espírito Santo nas mais diferentes circunstâncias: uns tiveram a experiência enquanto oravam, outros enquanto cantavam, estudavam as Escrituras ou pensavam nas coisas do Alto; outros enquanto dirigiam o carro pelas movimentadas ruas de uma cidade, outros ainda enquanto trabalhavam na roça ou na ordenha do gado no estábulo. São tantas as circunstâncias em que os crentes podem estar envolvidos no momento da recepção desta bênção, que nos é impossível mencioná-las. No seu livro "O Espírito Santo", publicado pela EETAD, o pastor Estêvam Ângelo de Souza narra o seguinte fato: "Uma senhora estava faminta por receber o batismo com o Espírito Santo. Uma noite sonhou que estava no Cenáculo, no dia de Pentecoste. Mesmo em sonho, pensou que este era o momento ideal e o lugar apropriado para ser cheia do Espírito Santo. Ainda em sonho, levantou as mãos e começou a regozijar-se e, agradecendo a Deus, acordou falando em línguas pela primeira vez". 6. COMO RECEBER O BATISMO COM O ES- PÍRITO SANTO? Ê difícil estabelecer-se com precisão o que é necessário que o crente faça para poder receber o batismo com o Espírito Santo; principalmente porque a Bíblia não estabelece uma regra precisa quanto a isso. Alguns dos escritores que tenho lido a este respeito, no afã de ajudar aqueles que buscam o dom do Espírito Santo, muitas vezes tiram simplesmente o significado bíblico desta bênção pela maneira como encaram a sua busca. Ainda lembro-me dos primeiros anos da minha busca por esta bênção. Li obras como: "Sete Passos para Ser Cheio do Espírito Santo", "O Que Fazer para Receber o Batismo com o Espírito Santo" e outras semelhantes. Eu fazia como o livro ensinava, mas terminava na mesma. Porém os anos se passaram, e num dia em que eu menos esperava, fui batizado com o Espírito Santo. Já não mais me lembrava do que havia lido. Cumpriu-se em mim o que disse Paulo: "Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade", Fp 2.13. Como já disse, muitos daqueles que tentam ajudar os crentes na busca do batismo com o Espírito Santo, às vezes deixam a aquisição desta bênção mais na dependência daquilo que a pessoa pode e deve fazer, do que na dependência da suficiência de Deus, e quando, assim acontece, a bênção deixa de ser um dom de Deus, para tornar-se num galardão ou gratificação que Deus dá ao crente em troca do esforço demonstrado. É anti-bíblico o ensino de que o crente deve dar "dez glórias a Jesus" ou "sete aleluias" como meio de ser batizado com o Espírito Santo. Já foi dito que a Bíblia não fala com precisão quanto ao que o crente deve fazer para receber essa bênção de Deus, porém é evidente que alguns princípios estabelecidos sabiamente têm ajudado a muitos. Por exemplo, o Rev. Andrew Murray apresenta sete itens que o crente pode ter em mente na busca do batismo com o Espírito Santo, e são: Há tal bênção para receber. É para mim. Não a tenho. Estou ansioso por obtê-la. Estou pronto a abandonar tudo o que estiver em conflito com ela. Entrego-me completamente a Deus para que a receba. Pela fé, recebo-a agora. Poderia apresentar outras formas de ajuda àqueles que buscam o batismo com o Espírito Santo, mas como elas são tão diferentes entre si, e como o desejo é o pai da invenção, oro para que Deus, na sua multiforme maneira de agir, estabeleça o princípio a ser seguido por cada um na busca dessa bênção gloriosa. 7. O CRENTE DEVE BUSCAR O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO? O crente deve buscar o batismo com o Espírito Santo, e é bíblico fazê-lo. Ainda que alguns crentes tenham recebido o batismo com o Espírito Santo num momento em que não buscavam de joelhos, é certo que ninguém jamais teve esta experiência sem que de fato a desejasse; e a busca é a mais genuína demonstração do desejo. Um dos ensinos preferidos pelos antipentecostais, é que o crente não deve buscar o batismo com o Espírito Santo, pois, segundo eles, o crente que assim faz está sujeito a receber um espírito de demônio em lugar do Espírito Santo. Este ensino é não só absurdo como também é uma blasfêmia. O que Jesus ensinou a respeito disto foi o seguinte: "E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; porque o que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á. E qual é o pai dentre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou também, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião! pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quando mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?" Lc 11.9-13. O crente não batizado como o Espírito Santo deve pedir a Jesus, o doador do Espírito Santo, que o batize, e também (é bíblico) os crentes já batizados devem orar em favor dos que ainda não foram batizados, para que sejam cheios do Espírito. Pedro e João oraram para que os crentes samaritanos fossem batizados com o Espírito Santo (At 8.17); o mesmo fez Ananias com Saulo: At 9.17. Paulo impôs as mãos sobre os doze discípulos em Éfeso, e, enquanto orava, o Espírito Santo veio sobre eles de sorte que tanto falavam em línguas como profetizavam. Quando o crente ora buscando o batismo com o Espírito Santo, não está com isto pressionando Deus a quebrar uma norma que o seu conselho preestabeleceu para outorgar o Santo Espírito ao peticionante. Segundo a Bíblia, ' o derramamento do Espírito Santo sobre cada crente, individual- mente, é o cumprimento integral de uma promessa fiel feita pelo Pai, através dos seus profetas, e de Jesus Cristo (At 1.4), e o que Deus diz é: "... eu velo sobre a minha palavra para a cumprir", Jr 1.12. O Dr. Torrey, o mais autorizado biógrafo do famoso evangelista D.L.Moody (pois foi seu companheiro de ministério por muitos anos), escreve sobre o evangelista: "A razão que explica porque Deus usou D.L.Moody se acha no fato de que ele era definitivamente dotado do poder divino - tinha recebido o batismo com o Espírito Santo. "Moody não duvidava de que recebera o batismo com o Espírito Santo. Quando ele era moçoesforçava-se muito e tinha um desejo tremendo de conseguir alguma coisa, porém faltava-lhe poder. Estava trabalhando na força da carne. Nesse tempo havia duas humildes senhoras metodistas que costumavam assistir às reuniões por ele dirigidas na Associação Cristã de Moços. Elas, no fim do culto, muitas vezes se despediam de Moody dizendo: 'Estamos orando a seu favor'. Afinal ele ficou um tanto sentido com isto e uma noite perguntou-lhes: 'Por que estão orando por mim? Por que não oram em favor dos perdidos? ' Responderam: 'Estamos pedindo que Deus lhe conceda poder'. Ele não compreendeu esta declaração, mas começou a meditar e depois procurou as senhoras, pedindo esclarecimento sobre a questão. Elas lhe falaram, então, a respeito do batismo com o Espírito Santo. Em seguida, Moody pediu licença para orar juntamente com elas. Uma das mulheres me contou que ele orou com intensíssimo fervor naquela ocasião. Orou não somente com elas, mas também orou sozinho. "Pouco tempo depois, quando Moody estava na cidade de Nova Iorque, a caminho da Inglaterra, andando um dia pela rua, no meio do tumulto e da confusão da grande cidade, recebeu a resposta à sua oração: o poder de Deus desceu sobre ele. Moody foi às pressas para a casa de um amigo e pediu permissão para retirar-se para um quarto onde pudesse estar a sós por algum tempo. Ali passou umas horas em comunhão com Deus, enquanto o Espírito derramou sobre ele um tão imenso gozo, que trans- bordava. Saiu daquele lugar definitivamente cheio do Espírito Santo. "Muitas vezes, recebendo eu um convite para ir pregar numa igreja qualquer, Moody me fazia este pedido: 'Torrey, você deve pregar sobre o Batismo com o Espírito Santo, sem falta'. Numa ocasião eu lhe perguntei: 'Sr. Moody, pensa que eu tenho só estes dois sermões: 'Dez razões porque creio que a Bíblia é a Palavra de Deus' e 'O Batismo com o Espírito Santo? ' 'Não importa isso, replicou, mas deve pregar sobre esses dois assuntos"'. Observe que Moody não só desejou o batismo com o Espírito Santo, mas também o buscou e o recebeu, por isso o Dr. Scofield, na realização da cerimônia fúnebre do famoso evangelista, disse: "Moody foi batizado com o Espírito Santo e sabia disso". Muitos crentes prostram-se de joelhos diante de Deus na busca do batismo com o Espírito Santo, mas logo desfalecem. A razão disso normalmente está no seguinte: quando se propõem a orar sobre o assunto, ficam mais preocupados com suas próprias dúvidas, buscando perdão de pecados já perdoados, ou tratando de assuntos que deveriam estar ausentes da sua mente naquele momento solene, do que com o buscar a bênção prometida. Para o devido sucesso na busca a que se propõe o crente deve evitar perder-se em divagações e atalhos sempre estranhos ao verdadeiro desejo e à busca de tão elevado dom. Leitor, busque o batismo com o Espírito Santo com o mesmo desejo do qual é possuído o náufrago quando busca terra seca onde sobreviver, e o Deus que não dá o seu Espírito por medida (Jo 3.34), lhe atenderá graciosamente. 8. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO É PARA OS CRENTES DE HOJE? Evidentemente sim. Para cada negativa que os antipentecostais venham a apresentar quanto a isso, a Bíblia tem grande número de passagens que ratificam o ensino de que o batismo com o Espírito Santo é para os crentes dos nossos dias. Como é possível afirmar-se pela Bíblia que a experiência do batismo com o Espírito Santo era restrita à Igreja Primitiva, e ao mesmo tempo asseverar que a regeneração e o batismo em águas são para os homens do nosso tempo? Quanto à dimensão da promessa do batismo com o Espírito Santo, disse o apóstolo Pedro: "... porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe; a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar", At 2.37-39. Ainda que o sol brilhe sete vezes mais que o normal, não dará mais luz do que este texto lança sobre o assunto. Pedro não disse nada mais senão que a experiência do batismo com o Espírito Santo, tal como foi manifesto no dia de Pentecoste, era uma realidade que continuaria a se repetir na vida da Igreja até o arrebatamento. Por qual razão os apóstolos teriam de ser batizados com o Espírito Santo e nós não? "É que eles seriam os continuadores da obra de Cristo", respondem os antipentecostais. E o que somos nós hoje? Perguntaria mais: Dos apóstolos foi exigida maior responsabilidade no lançamento do fundamento doutrinário da Igreja do que é exigida de nós hoje quanto à expansão e conservação desse fundamento? Evidentemente não! Não foi este o pecado dos crentes da Galácia, que tendo começado a obra de Deus no Espírito, no final estavam tentando aperfeiçoá-la na carne? Gl 3.3. Se nos dias apostólicos, o Diabo já era o leão que ruge "procurando alguém a quem possa tragar", hoje muito mais. Se o mundo naqueles dias já era mau e os homens obstinados no pecado, hoje também é assim. Então, se a nossa missão hoje é tão importante quanto à dos primeiros discípulos e apóstolos do Senhor, não nos devemos conformar em desempenhá-la com menor por- ção do Espírito Santo do que a que eles possuíam. Em Atos 15.8,9, sobre o propósito do batismo com o Espírito Santo relacionado àqueles que não eram apóstolos, disse o apóstolo Pedro no Concilio de Jerusalém: "E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós; e não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé". (Compare essa passagem com o versículo 44 do capítulo 10 do mesmo livro de Atos.) Ora, se Deus não fez nenhuma diferença entre os apóstolos e os gentios daquele tempo quanto à experiência do enchimento do Espírito Santo, como temos de hoje dar ouvidos á voz desafinada desses teólogos antipentecostais que nos tentam convencer de que a experiência do batismo com o Espírito Santo não é para os nossos dias? O Dr. A.B. Simpson, fundador da Aliança Cristã Missionária, escreveu o seguinte: "Primeiro, o Senhor nasceu pelo Espírito, logo foi batizado com o Espírito, e posteriormente iniciou seu ministério no poder do Espírito Santo. Espero que assim como 'o que santifica, como os que são santificados, são todos um', de igual maneira nós devemos seguir seus passos e imitar sua vida. Nascidos do Espírito nós também devemos ser batizados com o Espírito Santo, e logo viver a vida de Cristo e repetir sua obra". Disse o falecido missionário Jonathan Gofort: "As Sagradas Escrituras me dizem que o Senhor Jesus se propôs que o Espírito Santo devia continuar entre nós, manifestando-se em forma poderosa, como no Pentecoste. A eficácia do batismo com o Espírito Santo e o fogo diminuem gradualmente da alma do homem só quando ela se extingue voluntariamente". A.J. Gondon chama a nossa atenção para o seguinte: "Observamos que Cristo, nosso exemplo nisto como nas demais coisas, não iniciou seu ministério enquanto não recebeu o Espírito Santo..." De uma biografia de Charles G. Finney, escrita pelo Dr. Raymond Edman, destacam-se os dois parágrafos seguintes, nos quais o biografado mostra o que foi a experiência do batismo com o Espírito Santo em sua vida. Diz Finney: "Não há palavras que exprimam o maravilhoso amor que foi derramado em meu coração. Chorei alto, de alegria e de amor; e não sei se devo dizer que literalmente gritei pela alegria inexprimível do meu coração. Ondas de alegria vieram sobre mim, e vieram, e vieram, uma após outra, até que me lembro que bradei: 'Morrerei se estas ondas continuarem a vir sobre mim'. Então eu disse: 'Senhor, não suporto mais! ', contudo não tinha medo da morte. "Não sei quanto tempo continuei nesse estado, com a força desse batismo a envolver-me, a perpassar-me. Sei que já era tarde quando veio falarcomigo um dos componentes do meu conjunto. (Eu era dirigente do coro.) Ele era membro da igreja. Encontrou-me nesse estado de pranto e perguntou: 'Sr. Finney, que há com o senhor? ' Durante algum tempo não pude responder. Ele então insistiu: 'O senhor está sentindo alguma dor? ' Dominando-me da melhor forma que pude, respondi: 'Não, porém estou tão feliz que nem posso viver!..." O evangelista americano, batista, Billy Graham, disse certa vez: "Nas principais denominações temos olhado com bastante suspeita para nossos irmãos das igrejas pentecostais, por causa da ênfase que dão à doutrina do Espírito Santo. Mas acredito que é chegada a hora de concedermos ao Espírito Santo o lugar que lhe pertence, por direito, nas nossas igrejas. Precisamos aprender uma vez mais o que significa ser batizado com o Espírito Santo". A experiência do batismo com o Espírito é tão real, prática e experimental para o crente de hoje, quanto o novo nascimento o é para aquele que confessa a Jesus Cristo como Salvador e Senhor da sua vida. 9. QUAL A EVIDÊNCIA FÍSICA INICIAL DE QUE O CRENTE FOI BATIZADO COM O ESPÍRITO SANTO? Todos os casos de batismos com o Espírito Santo relatados no livro de Atos, constituem uma sólida base para a afirmação de que o falar em línguas estranhas é a evidência física inicial de que o crente foi batizado com o Espírito Santo. Detenhamo-nos um pouco em analisar os cinco casos distintos como são apresentados no referido livro. a. No dia de Pentecoste. "E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem", At 2.4. Essa foi a primeira manifestação do Espírito Santo, após Jesus ter dito: "... e vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias", At 1.5. A demonstração comum ou evidência física inicial de que todos foram cheios do Espírito Santo, foi que todos falaram em línguas estranhas; línguas que não haviam aprendido, faladas, portanto, pela operação sobrenatural do Espírito Santo. b. Entre os crentes em Samaria. "Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a Palavra de Deus, enviaram lá Pedro e João, os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido, mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus.) Então lhe impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo", At 8.14-17. Ainda que o texto bíblico citado não mostre explicitamente que os samaritanos hajam falado em línguas estranhas como evidência do batismo com o Espírito Santo, vários autores, mesmo não-pentecostais, são de opinião que eles tenham falado em línguas; pois, se não houvesse a manifestação das línguas, como os apóstolos teriam notado a diferença entre eles antes e depois da oração com imposição de mãos? O versículo 18 de Atos 8 diz: "E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro...". Simão não era suficientemente tolo a ponto de propor dinheiro para adquirir poderes para realizar operações espirituais abstratas. Ele queria poderes para operar fenômenos como os que ele via e ouvia naquele momento. c. Sobre Saulo em Damasco. "E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo, e logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado", At 9.17,18. Também no caso de Saulo, o texto bíblico não diz explicitamente que ele tenha falado em línguas, mas diz que ele foi cheio do Espírito. Ora, se é válido admitir que ele foi cheio do Espírito Santo naquele momento, não há motivo por que se duvidar de que tenha falado em línguas. Do punho do próprio apóstolo Paulo lemos as seguintes palavras: "Dou graças a Deus, porque falo mais línguas do que vós todos", 1 Co 14.18. d. Em casa do centurião Cornélio. "E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus", At 10.44-46. Foi a ênfase dada por Pedro e seus companheiros a que os gentios em Cesaréia haviam recebido o dom do Espírito Santo da mesma forma como os quase cento e vinte no dia de Pentecoste, que apaziguou o ânimo dos apóstolos em Jerusalém, de sorte que disseram: "Na verdade até aos gentios deu Deus arrependimento para a vida!" At 11.18. e. Sobre os discípulos em Éfeso. "E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam", At 19.6. Observe: vinte anos após o dia de Pentecoste, o batismo com o Espírito Santo ainda era acompanhado com a evidência inicial de falar línguas estranhas. Esta evidência satisfazia não só a um dos requisitos da doutrina apostólica quanto á manifestação do Espírito Santo, como também cumpria parte da palavra de Jesus em Marcos 16.17: "Estes sinais seguirão aos que crêem: ...falarão novas línguas". Crisóstomo, um dos grandes mestres da Igreja antiga, afirmou, muitos anos após os dias de Paulo: "Quem quer que fosse batizado nos dias apostólicos, logo falava línguas: recebiam eles o Espírito Santo". Também o grande mestre Myer Pearlman disse mais recentemente: "O batismo com o Espírito Santo nos tempos apostólicos era uma experiência na qual o Espírito de Deus fazia tal impacto direto e poderoso sobre o espírito do homem, que resultava num estado de êxtase e, naquele estado estático, uma pessoa falava extaticamente numa linguagem que jamais aprendera. Quando o mesmo Espírito de Deus realiza o mesmo impacto sobre nós, hoje, como ele fazia sobre aqueles primeiros discípulos, nós também experimentamos o mesmo estado estático e a mesma linguagem estática." A experiência do batismo com o Espírito Santo, como a da salvação, é uma experiência definida na vida do crente. E o falar em outras línguas no ato do batismo com o Espírito Santo, não só o define como um fato marcante, mas também transforma-o num capítulo a mais na vida do cristão. 10. EXISTE UM BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO E OUTRO COM FOGO? A opinião de grande parte dos antipentecostais é que, á luz das palavras de João Batista: "... ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.11), está evidenciada a existência do batismo com o Espírito Santo e também de um batismo com fogo. Segundo eles, o batismo com o Espírito Santo era para os apóstolos, enquanto que o batismo com fogo refere-se á manifestação do fogo do juízo divino sobre o Israel incrédulo e sobre os ímpios na consumação do século. Ê evidente que este ensino não encontra apoio nas Escrituras. O que o texto bíblico evidencia é que o batismo com o Espírito Santo contém em si o batismo com fogo. A expressão “... e com fogo...", mostra a ação do Espírito Santo operando como agente purificador na vida do crente. Observe que no derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecoste, acompanhado do som como de um vento veemente e impetuoso, foram manifestas línguas repartidas como que de fogo: At 2.2,3. O fogo, nesse caso, não indica julgamento presente nem futuro, mas, o que aquela experiência significava para a vida daqueles frágeis e imperfeitos discípulos de Cristo. Exemplo semelhante é visto na vida do profeta Isaías em evento com ele ocorrido, conforme narra o capítulo 6. Após a visão que o profeta teve do Senhor e da glória divina, disse ele: "Ai de mim, que vou perecendo! porque eu sou um homem de lábios impuros,e habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos Exércitos! Mas um dos serafins voou para mim trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; e com ela tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e purificado o teu pecado", vv. 5-7. Na experiência de Isaías, como na dos discípulos no Pentecoste, o fogo não simbolizava juízo mas a ação purificadora do Espírito Santo em suas vidas. A ação purificadora do fogo foi manifesta até entre os israelitas durante a peregrinação no deserto. Quando eles lutaram e venceram os midianítas, como era comum ao vencedor, lançaram mão das riquezas dos vencidos, como despojo de guerra, pelo que disse-lhes Moisés: "... o ouro, e a prata, o cobre, o ferro, o estanho, e o chumbo, toda coisa que pode suportar o fogo, fareis passar pelo fogo, para que fique limpa...", Nm 31.22,23. Se o fogo aqui indicasse juízo, tudo teria sido lançado no fogo para ser destruído, e não para ser purificado. Portanto, batismo com o Espírito Santo e com fogo é um só batismo. 11. O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO E A SUA INFLUÊNCIA NO TESTEMUNHO E NO SERVIÇO CRISTÃO A experiência da salvação do homem começa no Calvário, enquanto que o seu serviço começa no Pentecoste, ou seja, com a experiência do batismo com o Espírito Santo. No texto áureo do livro de Atos, Jesus disse: "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra", 1.8. Pode haver desculpas para os que permanecem na inércia espiritual até que sejam capacitados pelo Espírito Santo para o serviço de Deus, mas isso não deve ocorrer após a experiência do batismo com o Espírito Santo. O batismo com o Espírito Santo não nos é dado como um diploma de honra ao mérito. A finalidade deste batismo está prescrita na própria promessa de concessão: capacitar o crente para o trabalho divino. Corre sério risco o crente que, após batizado com o Espírito Santo, entrega-se ao mofo. Davi permaneceu em Jerusalém, quando devia estar entre os seus soldados na luta contra os filhos de Amom. Sabeis o que lhe aconteceu? - ele cometeu um duplo pecado: homicídio e adultério: 2 Sm 11. A experiência do batismo com o Espírito Santo está intimamente associada ao fato de o Dr. Frank Lauback ter se tornado o maior alfabetizador do mundo de sua época. Veja como ele mesmo explica esse fenômeno: "Quando Cristo esteve neste mundo, estava limitado a realizar o seu ministério em um só lugar e em uma só ocasião de cada vez. Era um único homem, que andou á beira-mar de uma única região do mundo. Curava a todas as pessoas em quem tocava, mas o seu toque estava necessariamente limitado pelo tempo e pelo espaço. "Ora, faz sentido que o Pai tenha enviado o seu Filho apenas para esse ministério limitado? Não penso que se possa sustentar tal opinião, porque Ele fez provisão para levar avante a obra, mediante o Espírito Santo - a nós, pois, compete completar a missão de Cristo. Somos suas múltiplas mãos, pés, voz e coração. Imperfeitos e parciais para dizer a verdade, nem por isso deixamos de ser seu corpo curador. E é por intermédio do Espírito Santo que recebemos o poder de levar avante a obra dos apóstolos. Trata-se de um pensamento que nos leva a meditar; de um pensamento desafiador mesmo: quando recebemos o Espírito Santo em nossas vidas, recebemos a mesma força urgente e transmissora de vida que impulsionava o Mestre". O veterano missionário Stanley Jones disse o que para ele foi o batismo com o Espírito Santo: "Foi então que aprendi a diferença entre um discípulo e um apóstolo. O discípulo é passivo, o apóstolo é ativo. Discípulo é aquele que se assenta aos pés de Cristo. Apóstolo é um homem que sai pelo mundo como embaixador de Cristo: um missionário, se assim quisermos chamá- lo. (E um missionário pode ser alguém que não tenha de ir mais longe que a porta do vizinho.) Mas o importante é que é justamente essa experiência do batismo com o Espírito Santo que transmuta o passivo em ativo". O extinto pastor batista F.B.Meyer, escreveu: "Jesus foi concebido pelo Espírito Santo e durante trinta anos foi dirigido e ensinado pelo Espírito, divino. Não era acaso um com o Espírito? Certo que era. Por que então necessitava da unção? Por que sua natureza humana necessitou de ser fortalecida pelo Espírito antes que pudesse realizar com êxito o seu ministério no mundo? Jesus esperou trinta anos até que foi ungido, e só depois foi que disse: 'O Espírito do Senhor é sobre mim, pelo que me ungiu para pregar boas-novas aos pobres'. Nunca se deve esquecer que o ministério do Senhor Jesus Cristo não foi realizado no poder da segunda pessoa da bendita Trindade, mas sim, no poder da terceira pessoa - o Espírito Santo. 12. MEMBROS DE DENOMINAÇÕES NÃO- PENTECOSTAIS PODEM RECEBER O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO? É claro que crentes de denominações não-pentecostais podem receber o batismo com o Espírito Santo. Poderia citar aqui dezenas de casos de leigos e líderes de denominações tradicionais que tiveram a experiência do batismo com o Espírito Santo de acordo com o relato de Atos 2. Há alguns anos, testemunhei como um pastor presbiteriano foi batizado com o Espírito Santo enquanto pregava num culto na Assembléia de Deus, na cidade de Imperatriz, Estado do Maranhão. Numa outra cidade do mesmo Estado, onde realizávamos uma cruzada de evangelização; entre mais de 200 irmãos que foram batizados com o Espírito Santo na manhã do último dia, encontrava-se um irmão batista, que se aproximara da reunião por mera curiosidade. Ele foi batizado com o Espírito Santo estando do lado de fora do templo, enquanto contemplava o que acontecia no interior. Na cidade de Miguel Alves, Estado do Piauí -meu primeiro campo de atividades pastorais - poucos meses após a minha chegada ali, num dia pela manhã, bem cedo, fui chamado às pressas para ir à casa de uma família de irmãos batistas, a fim de ver se era possível explicar um fenômeno que havia acontecido entre eles a partir da meia-noite anterior. Chegando àquela casa o que vi foi simplesmente fantástico: quase todos os membros da família haviam recebido o batismo com o Espírito Santo, inclusive algumas crianças de menos de dez anos de idade. Desde então tornou-se comum muitos irmãos denominacionais receberem o batismo com o Espírito Santo em cultos de vigília realizados naquele campo. Em 1960 o ministro episcopal Denis Benett, dirigente de uma das maiores paróquias de sua igreja em Los Angeles, foi batizado com o Espírito Santo. Desde então, muitos proeminentes líderes luteranos, como Larry Christenson; e batistas, como John Hadley, John Osteen, e Robert Chandler Dalton, foram igualmente contemplados com o dom do Espírito Santo. Há alguns anos, o periódico "Pentecostal Evangel", trouxe a seguinte notícia: "Um ministro evangélico dos Estados Unidos disse recentemente aos crentes batistas, reunidos em Convenção Nacional, que o movimento carismático trouxe profundas mudanças à sua própria igreja. 'Este movimento trouxe um senso de amor, de fraternidade e de dedicação', declarou o pastor Keneth Pagard, da Primeira Igreja Batista de Chula Vista, Califórnia. Ele é um dos dirigentes da Fraternidade Carismática Batista Americana. O pastor afirmou que 'carismático' implica 'experimen- tar o poder miraculoso de Deus'. Afirmou ainda que foram operadas várias curas na sua igreja, e que houve manifestações de dons do Espírito Santo, inclusive o de profecia e o de falar em outras línguas". Para o periódico "El Evangelio", disse o evangelista Lowery:"As brisas do Espírito de Deus sopraram com renovada intensidade, penetrando irresistivelmente nas velhas denominações vitalizando-as. Glória a Deus! "O falar em línguas manifestou-se nos lugares menos imagináveis, e veio a ser o princípio de uma nova vida, de um novo amor e de uma nova luz. Tocou a 'Alta Jerarquia' e a 'Baixa Congregação'; sacudiu igualmente liberais e conservadores. O Senhor mostrou, deste modo, que não faz acepção de pessoas, mas olha para os corações. Os pentecostais estão intrigados pela soberania exercida pelo Espírito Santo. Mas, bem- aventurados os modernos 'pedros', os quais, depois de grandes conflitos emocionais e doutrinários com as suas secas liturgias, decidiram-se pelo Espírito de Deus! Os ventos refrescantes têm soprado; deixemos que soprem com a força de um furacão. Aleluia!" Veio-me às mãos o livro "Suprema Necessidade", no qual o autor, Reynaldo Prestes Nogueira, pastor batista e Juiz de Direito na cidade de Rio Claro, Estado de São Paulo, fala da sua recente experiência do batismo com o Espírito Santo. Não devemos pôr obstáculos à marcha do Espírito Santo, nem tampouco fazê-lo uma propriedade exclusiva de nós pentecostais. "O vento sopra onde quer", foi o que disse Jesus. Quanto mais cedo considerarmos isto, mais ampla será a nossa visão do potencial do Espírito Santo em nossos dias. 13. QUE DIZER DO CHAMADO MOVIMENTO DE RENOVAÇÃO CARISMÁTICA (RCC), OU CATÓLICOS PENTECOSTAIS? Creio na soberania do Espírito Santo mostrada nas palavras de Jesus que disse: "O vento sopra onde quer" (Jo 3.8); portanto, posso crer que um católico-romano possa receber o batismo com o Espírito Santo; e poderia citar aqui casos de católicos que tiveram essa experiência bem antes que chegassem ao pé do púlpito de uma igreja pentecostal. O que, no entanto, devemos ter em mente, é saber até que ponto o que vem acontendo entre determinadas camadas da Igreja Católica, ou seja: se a chamada "Renovação Carismática Católica" é realmente uma obra do Espírito Santo, ou é mais um dos ardis artimanhosos do ecumenismo. São pouquíssimas as provas que até aqui tenho quanto a autenticidade bíblica desse movimento. Já por alguns anos circula em língua portuguesa, o livro de Kevin e Dorothy Ranaghan, "Católicos Pentecostais", o qual narra fatos ocorridos entre os "católicos pentecostais" na América, principalmente relacionados à experiência do batismo com o Espírito Santo. Vale a pena analisar alguns dos "fatos" constantes desse livro. Perguntado sobre o que o batismo com o Espírito Santo significava em sua vida religiosa, respondeu Thomas Noé, ex-estudante da Universi- dade Notre Dame: "Há umas duas semanas, estava eu sentado em classe, esperando que fosse iniciada a aula de Teologia e usava o tempo disponível para rezar o rosário. (Um hábito que adquirira depois que recebera o batismo com o Espírito Santo.) O Espírito Santo tem preenchido cada parte da minha experiência religiosa. Descobri um novo grau de significação em todos os sacramentos, especialmente na confissão e na eucaristia. Cheguei a entender de maneira mais perfeita a eucaristia como sacrifício e voltei à confissão freqüente, da qual tinha dúvidas quanto ao seu valor como agente de correção. Descobri uma profunda devoção por Maria, e posso agora louvar a Deus, coisa que antes nunca pude fazer" (os grifos são meus). Bertz Ghezzi, outro ex-aluno da Universidade Notre Dame, e atualmente professor de História do Grand Valley State College de Michigan, sobre sua experiência com o Espírito Santo, diz: "As devoções naturais, como a de Maria, por exemplo, tornaram- se mais significativas (e eu que era um dos que colocavam Maria completamente fora de cena, anos atrás!) (Os grifos são meus). Kevin e Dorothy Ranaghan, a certa altura do seu livro escrevem: "Em certa reunião de oração em South Bend, um padre que estava assistindo à sua primeira reunião perguntou a um homem que estava perto dele, onde havia aprendido grego. A resposta foi: 'Que grego? ' O padre disse então ao grupo que ouvira distintamente o homem repetir as primeiras sentenças da 'Ave Maria', em grego, durante sua oração". Prosseguem os Ranaghans: "Naquela ocasião houve um duplo dom de Deus. A reunião tomou daquela hora em diante, um sabor nitidamente mariano. A oração, as discussões e as reflexões centralizaram-se em Maria como o tipo de todos os cristãos, que, cobertos e fortalecidos pelo Espírito de Deus, trazem Cristo ao mundo. Alguns de nós que não somos muito chegados á devoção mariana excessiva, ficamos um pouco perturbados após aquela reunião; e também um pouco apreensivos, pensando que o Espírito de Deus não ficara muito satisfeito em ver que o centro de nossas atenções passava de Jesus Cristo para Maria. Ficamos depois outra vez confundidos, mas alegres ao mesmo tempo, ao descobrirmos que o dia seguinte era uma das maiores festas marianas do ano, no calendário litúrgico. Nossa reunião na noite passada não fora uma temerosa digressão, mas uma grande ocasião! Fora uma vigília, uma preparação dirigida pelo Espírito para a festa que se seguiria . (O grifo é meu). O que é visto nos textos citados desse livro constitui-se num verdadeiro disparate à luz de João 16.13,14, onde Jesus diz: "Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar". Quando o crente recebe o batismo com o Espírito Santo, suas atenções desprendem-se de si mesmo e de seus ídolos, e prendem-se em Jesus exclusivamente, tomando-o objeto de exaltação, louvor e glorificação. O batismo com o Espírito Santo pode ser experimentado por diferentes pessoas de diferentes seguimentos do Cristianismo, mas sempre com o mesmo propósito - levar o crente a glorificar única e exclusivamente a Jesus Cristo. 14. O QUE O CRENTE DEVE FAZER PARA TER EM SI SEMPRE NOVA A EXPERIÊNCIA DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO? Este tem sido o problema crucial para muitos crentes que, tendo recebido o batismo com o Espírito Santo, já não vivem aquele mesmo ní- vel de espiritualidade que possuíam nos primeiros dias seguintes ao do batismo. Daí passam a viver um certo tipo de saudosismo: "Ah! aqueles dias!..." "Oh! se aqueles dias voltassem!" Esta é uma parte da triste história de muitos que entristeceram o Espírito Santo e que fizeram silenciar a voz dele em suas consciências. A quem tiver interesse de viver, não como alguém que "foi" batizado com o Espírito Santo, mas como alguém que "é" batizado com o Espírito Santo, aconselho: a. Reserve uma hora especial todos os dias para ler e estudar a Bíblia, destacando um versículo, ou um pensamento dela para meditar durante o dia. Considere um pecado deixar de ler a Bíblia. b. Reserve algum tempo para, a sós, orar a Deus, não permitindo que coisa alguma justifique a sua falta de oração. c. Ponha a sua mente e consciência à disposição do Espírito de Deus, permitindo que Ele molde-a de sorte que você saiba estar sempre no centro da vontade de Deus. d. Proponha no seu coração fazer algo especial e específico pela causa do Evangelho. Até que essa oportunidade surja, faça algo como: evangelismo pessoal, visitação aos presídios e aos hospitais, ajudar como componente do coro ou da banda etc. Procure o pastor da sua igreja e fale a ele de seus próprios interesses e planos quanto à obra de Deus. Não se esqueça de que uma mente desocupada é uma oficina para o Diabo trabalhar. Assim não faltará o óleo do Espírito Santo em seu vaso; sua pólvora continuará sempre seca
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