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3 - Controle de Constitucionalidade - ADI

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Resumo Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI
 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
COMPETÊNCIA
Competência do STF para julgar ADI genérica.
PARÂMETRO
O parâmetro é o conjunto normativo utilizado como referência para aferição da compatibilidade com a Constituição; a Ordem Constitucional Global.
Existe um parâmetro amplo e um restrito. O parâmetro restrito é somente o texto constitucional, o bloco mais amplo é a ordem constitucional global, que incluiu:
Texto constitucional: texto principal, Emenda à Constituição e ADCT;
Princípios Implícitos
Tratado Internacional de Direitos Humanos aprovado na forma do artigo 5°, § 3°, CF88.
Imagine uma lei de 2012, que em 2013 é objeto de ADI, e em 2014 ocorre uma emenda à Constituição. Essa emenda à Constituição pode revogar ou modificar o parâmetro. A modificação superveniente do parâmetro prejudica a ADI. Deverá ser analisado se a modificação superveniente é ou não substancial.
A modificação não substancial é a que não muda o sentido do texto, é uma modificação formal, neste caso bastaria o aditamento da ADI (exemplo: renumeração de artigos; o parâmetro era um artigo e passou a ser um parágrafo). Não há mudança de conteúdo normativo.
A modificação substancial é aquela que muda o conteúdo. A norma constitucional paramétrica trazia algo e, com a modificação, passa a trazer outra coisa completamente diferente. Neste caso fica prejudicada a ADI.
Observação: Emenda Constitucional para “constitucionalizar” lei. Não há constitucionalidade superveniente. Se a emenda muda o parâmetro para tentar salvar a lei, não salva. Essa é a posição tradicional do STF.
Nem toda a doutrina concorda com esta solução (posição tradicional do STF). Há entendimento no sentido de que a análise do parâmetro deve levar em consideração o momento da propositura da ação.
Em que pese isto, há uma mitigação do entendimento tradicional (ADI 2158), que é o caso de lei estadual que institui contribuição previdenciária de aposentado e pensionista.
O caso era de uma lei estadual que estabelecia a contribuição de aposentado e pensionista, sendo que na época a Constituição Federal não admitia essa contribuição. Logo, essa lei era inconstitucional. Foi proposta uma ADI contra esta lei e foi concedida a cautelar, suspendendo sua eficácia. Depois da cautelar e antes do julgamento foi elaborada a EC 41, que permitiu a contribuição de aposentado e pensionista.
Quando a ADI foi proposta o parâmetro constitucional era a previsão do não cabimento desta contribuição. Houve uma mudança substancial do parâmetro, o que geraria a prejudicialidade da ADI (posição tradicional) e de sua cautelar. Assim, a lei estadual que estava suspensa pela cautelar deixaria de estar suspensa, produzindo efeitos.
A lei passaria a produzir efeitos no momento em que a cautelar fosse prejudicada. E a cautelar ficou prejudicada com a Emenda. Isto significa que esta lei, da Emenda EC em diante começará a produzir efeitos (contribuição de aposentados e pensionistas). A lei gerará um efeito compatível com a Emenda.
Ocorre que uma Emenda não convalida uma lei anterior inconstitucional. O STF afirma que haveria aparente validade da lei, porque a lei iria gera os mesmos efeitos que a Emenda passou a produzir, o que pareceria indicar a validade da lei. Haveria mera aparência de validade, porque a lei já era inconstitucional.
Se fosse aplicado o posicionamento tradicional (prejudicialidade da ADI), a ADI e sua cautelar ficariam prejudicadas, e a lei começaria a gerar efeitos aparentemente válidos, sendo que na verdade esta lei era inconstitucional desde a sua origem. Isso geraria uma confusão desnecessária na ordem normativa, por isso, neste caso, o STF não aplicou a prejudicialidade da ADI para evitar que essa lei produzisse efeitos.
O STF, valendo-se do parâmetro histórico, julgou a ADI com base no parâmetro vigente quando a lei foi elaborada, e declarou a lei inconstitucional. Não poderia o STF julgar com base na Emenda porque ela Emenda não convalidou a lei.
Neste caso o STF adotou a teoria da vigência do parâmetro na vigência da ação, e não o posicionamento tradicional.
A decisão do STF, nesse caso, é uma mudança de posicionamento ou uma exceção ao seu posicionamento? Alguns autores, em especial os que já defendiam a tese adotada pelo Supremo neste caso, defendem que houve uma mudança de posicionamento. O professor comenta que possui dúvida, e que o STF em momento algum afirmou estar revendo seu posicionamento, mas que apenas deixa de aplicar a solução tradicional por conta das peculiaridades. Deste modo, o professor entende se tratar de uma exceção à regra.
OBJETO
O artigo 102, I, a, traz de forma clara que cabe ADI em face de lei ou ato normativo federal ou estadual. Ato normativo, para efeito de controle abstrato via ADI, é ato normativo primário.
O ato normativo pode ser primário e secundário.
O primário se divide em sentido formal (artigo 59 CF – exceto EC) e em sentido material (características: abstração, generalidade, impessoalidade, autonomia).
Abstração: A norma abstrata traz comando e consequência. Praticado o comando, haverá a consequência.
Generalidade: A norma apresenta preceitos de fazer ou não fazer preceitos ou permissivos.
Impessoalidade: É a indeterminabilidade dos destinatários da norma. A norma vale para qualquer pessoa que esteja naquela situação jurídica prevista.
Exemplo: a norma que estabelece o regime jurídico do servidor público é impessoal por que vale para qualquer pessoa que seja servidora pública.
Estas três características todo ato normativo têm.
Autonomia (atenção: característica específica do ato normativo): O ato normativo não depende de nenhuma outra norma a não ser a própria constituição. Entre o ato normativo primário e a Constituição não há norma interposta.
A finalidade do ato normativo primário é inovar na ordem jurídica (criar direitos e obrigações). Cada espécie legislativa do artigo 59, dentro de suas finalidades, pode inovar na ordem jurídica. O STF entende que não há hierarquia entre estas espécies normativas.
Ato normativo secundário é definido por exclusão: é o ato que não é primário. O secundário também se divide em formal (atos fora do artigo 59 da Constituição, como uma portaria, um regimento interno de um Tribunal) e material (sem autonomia; abaixo do primário).
A regra é que cabe ADI contra ato normativo materialmente primário. Logo, se um ato normativo formalmente secundário tiver autonomia, ele será considerado materialmente primário. E, se ele é formalmente secundário por estar fora do artigo 59, mas possuir autonomia (e isso pode acontecer), ele será passível de impugnação via ADI (não é regra). A regra é que o ato normativo secundário o seja tanto em sentido formal quanto material.
Se o ato normativo é secundário tanto em sentido formal quanto material, trata-se de inconstitucionalidade indireta, reflexa ou oblíqua (não admitida pelo STF). Neste caso não cabe ADI, o controle a ser feito é o de mera legalidade. Exemplos: decreto regulamentar de uma lei.
Exemplos de atos formalmente secundários, materialmente primários:
Edital de um concurso público (ADI 2206, rel. Min. Nelson Jobim);
Decreto autônomo (84, VI, CRFB) (ADI 2564, rel. Min. Ellen Gracie, DJ 06/02/2004 e ADI 1.969-MC, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 05/03/04).
Decreto judiciário (ADI 2.052-BA, Relator Min. Eros Grau)
Provimento de Corregedor-Geral de Justiça (ADI 2602/MG, rel. p/ acórdão Min. Eros Grau, 24.11.2005)
Resolução Administrativa do TRT (ADI 3344 MC/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 30.11.2005)
Parecer do Consultor-Geral da República, que assume caráter normativo após aprovação pelo Presidente da República (ADI 4, RTJ 147/719)
Resolução de Secretário de Segurança Pública (ADI 3731 MC/PI, rel. Min. Cezar Peluso, 29.8.2007).
A nomenclatura não importa, o que importa é olhar dentro do conteúdo do ato normativo para verificar se ele se vincula diretamente à Constituição ou não. Se ele se vincula diretamente à Constituição, ele é autônomo.
Autonomia Ilegítima de Ato Normativo
1° Situação:Constituição > Lei > Decreto Regulamentar da Lei. Trata-se de mero controle de legalidade.
2° Situação: Constituição (exigindo lei) > Lei > Decreto que exorbita os limites da lei. O STF entende que o decreto viola a lei, de maneira que o controle é de legalidade.
3° Situação: Constituição (exigindo decreto) > Decreto (exemplo: artigo 84, inciso VI, a, CF88). O decreto autônomo pode ser objeto de ADI.
4° Situação: Constituição (exigindo lei) > Decreto (suprindo a falta da lei). Lei A autonomia é indevida. Mesmo sendo indevidamente autônomo, ele pode ser objeto de ADI.
A lei de efeito concreto é aquela que não possui abstração (como uma lei orçamentária).
A lei é de efeito concreto formalmente uma lei, mas seu conteúdo equivale ao de um ato administrativo, por isso não poderia ser objeto de ADI.
A posição tradicional do STF é de que não cabe ADI em face de lei de efeito concreto, salvo se houver vício formal (no processo legislativo) ou se apresentar algum dispositivo de conteúdo abstrato.
Ocorre que houve uma mitigação a este entendimento clássico na ADI 4048 MC/DF, que trata de uma lei orçamentária.
Foi proposta uma ADI em face de uma lei orçamentária e o Ministro relator entendeu pelo não cabimento da ADI, seguindo o posicionamento tradicional. O Ministro Gilmar Mendes pede vista, diverge, e seu voto sai vencedor.
Segundo ele, há leis que, apesar do efeito concreto, apresentam ampla repercussão jurídica, política, social, e são leis por expressa exigência constitucional (a Constituição que estabelece que o orçamento público deva ser estabelecido por meio de lei). Diante do fato de ser lei por expressa exigência constitucional e ter relevância especial, as leis de efeito concreto poderiam e deveriam ser objeto de controle.
O STF muda o seu posicionamento, entendendo que a lógica se mantém, a mudança é somente quanto à lei orçamentária. Não quer dizer que o STF passou a admitir sempre a ADI em face de lei de efeito concreto. O STF passou a admitir ADI contra lei de efeito concreto desde que essa lei apresente repercussão relevante social, jurídica, econômica e politicamente.
DECISÃO FINAL
Julgamento
Quórum de Presença Mínima: 8 Ministros (2/3)
Manifestação: 6 Ministros (Maioria Absoluta)
A Lei regra que se ausente o número de ministros que influenciem no julgamento, este será suspenso até que o plenário seja composto.
Comunicação da Decisão
Lei 9868/99: Art. 25. Julgada a ação, far-se-á a comunicação à autoridade ou ao órgão responsável pela expedição do ato.
A autoridade ou órgão responsável pela expedição do ato é o legitimado passivo da Ação Direta de Inconstitucionalidade.
Duplicidade da Decisão (Caráter Dúplice ou Ambivalente)
Lei 9868/99: Art. 24. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação declaratória.
Ação Direta de Inconstitucionalidade e Ação Direta de Constitucionalidade são ações invertidas, em que a procedência de uma implica na improcedência de outra.
Tanto a procedência, quando a improcedência da Ação Direta de Inconstitucionalidade gera efeito erga omnes vinculante.
RECURSO E AÇÃO RESCISÓRIA
Lei 9868/99: Art. 26. A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo em ação direta ou em ação declaratória é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória.
A Legitimidade para a oposição de embargos declaratórios é conferida a qualquer dos legitimados ativos da ação, desde que tenha figurado como requerente ou ‘requerido’.
PUBLICAÇÃO
Lei 9868/99: Art. 28. Dentro do prazo de dez dias após o trânsito em julgado da decisão, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União a parte dispositiva do acórdão.
Início dos Efeitos da Decisão
A partir da publicação da ata da sessão do julgamento.
Eficácia quanto às pessoas (efeito subjetivo): Ernga Omnes e Vinculante.
Lei 9868/99. Art. 28, Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal.
Comunicação ao Senado: prescindível (Art. 178, RISTF). A comunicação só existe no controle concreto, não no controle abstrato; pois a decisão do controle abstrato já tem efeito erga omnes vinculante.
O Legislativo na função legislativa não está afetado ao efeito vinculante.
Exemplo: Súmula Vinculante n° 13 veda a prática de nepotismo nos três poderes, aqui o efeito vinculante atingiu o legislativo na função administrativa, não na função legislativa.
O Poder legislativo, que não está vinculado na função legislativa, pode elaborar nova lei idêntica à lei anterior considerada inconstitucional. O Poder Legislativo não está vinculado, vale dizer, pode elaborar novas normas, o que evita a fossilização/engessamento da constituição e do ordenamento.
E contra essa nova lei caberá reclamação constitucional? Não caberá, pois (i) não cabe reclamação contra lei em tese e (ii) se o legislador não está vinculado à decisão do STF, ele não desrespeitou decisão do STF.
Se a reclamação incabível for proposta, o STF não vai conhecer a ação, porém se os requisitos da ADI estiverem satisfeitos, a reclamação pode ser convertida em ADI.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente:: l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões. ADC 8-MC, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 04/04/03
OBJETO DA RECLAMAÇÃO
Ato da Administração (que poderá ser anulado)
Decisão Judicial (que poderá ser cassada)
Da decisão judicial ou do ato da administração pública que viola efeito vinculante cabe reclamação constitucional, que não é recurso, nem tem finalidade e efeito recursal. O STF analisa a decisão reclamada, determinando a cassação da decisão para que o juiz decida novamente, respeitando o efeito vinculante. Se for ato da administração, o STF determina a anulação do ato para que a autoridade administrativa pratique o ato da maneira correta.
Resultado da reclamação: cassação de decisão judicial ou anulação de ato administrativo, para que o julgador ou autoridade administrativa atue conforme o efeito vinculante.
Decisão da Reclamação
Aplicar a decisão do STF não aplicada.
Não aplicar a decisão do STF aplicada indevidamente
A violação do efeito vinculante se dá de duas maneiras: (i) não aplicando a decisão do STF e (ii) aplicando a decisão do STF de forma indevida, em um caso em que não cabe tal decisão. Na primeira hipótese, o STF pode cassar a decisão para que seja aplicada a decisão do STF e na segunda hipótese o STF determina que o juiz deixe de aplicar a decisão naquele caso. Essa lógica também vale para administração pública.
EFEITO VINCULANTE E LIMITES DA COISA JULGADA
Limite Subjetivo são as partes. Assim, o efeito vinculante é uma ampliação do limite subjetivo da coisa julgada.
Limite Objetivo é a parte dispositiva da decisão.
Tese da Transcendência dos Motivos Determinante como Ampliação do Limite Objetivo da Coisa Julgada, isto é, fundamento da decisão também tem efeito vinculante: 
Teoria entende que o efeito vinculante atinge não apenas a parte dispositiva da decisão, mas atinge também os fundamentos da decisão. Segundo essa teoria, o efeito vinculante seria uma ampliação dos limites objetivo da coisa julgada.
Contra decisão judicial que aplicar a lei de São Paulo, cabe reclamação, com base na eficácia transcendente. A decisão judicial reclamada aplica a lei de SP, que é inconstitucional uma vez que ela é idêntica à Lei do RJ que foi declarada inconstitucional, logo aeficácia transcendente dos fundamentos determinantes da decisão da Lei do RJ atinge a Lei de SP e, portanto, a decisão é indevida e pode ser reclamada.
Hoje, o STF não admite a eficácia transcendente, não sendo cabível a reclamação com base nela.
EFICÁCIA TEMPORAL: EX TUNX (REGRA)
A modulação da eficácia temporal tem como fundamentos a segurança jurídica ou o excepcional interesse social.
Ex Tunc – Regra
Ex Tunc Limitada – Modulação temporal
Ex Nunc – Modulação temporal
Pro Futuro – Modulação Temporal
Requisito Formal da modulação temporal: voto de dois terços
Princípio da Nulidade e Modulação Temporal: Ponderação entre o Princípio da Nulidade e da Segurança Jurídica.
Modulação de Efeitos da Declaração de Não-Recepção (RE 600.885, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 9-2-2011, Plenário, DJE de 1º-7-2011, com repercussão geral.). Apesar da não recepção de uma norma não ser controle de constitucionalidade, o STF admite a modulação com base na segurança jurídica.
EFEITO REPRISTINATÓRIO
A repristinação ocorre com a declaração de inconstitucionalidade de uma Lei:
Lei A ← revogada pela Lei B, que é inconstitucional. Se ela declarada inconstitucional, seus efeitos são nulos e a revogação também é nula. Assim, a Lei A sofre repristinação.
A repristinação também está ligada à Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro.
Lei 1 ← Lei 2 ← Lei 3.
A repristinação da Lei 1 só poderá ocorrer se a Lei 3 expressamente determinar. Essa é a hipótese de repristinação legal, prevista na Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro.
Alguns estudiosos diferem o efeito repristinatório resultante do controle de constitucionalidade da repristinação de Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro.
Cuidado! O termo repristinação significa a restauração da norma revogada. A repristinação pode ter duas causas diversas: 
(i) a declaração de inconstitucionalidade da lei revogadora, sendo a repristinação automática e 
(ii) revogação da lei revogadora, sendo que a repristinação só ocorre de forma expressa. Nos dois casos, pode-se usar o termo repristinação.
Art. 11, § 2º da lei 9868/99: § 2o A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário.
Lei de Introdução: art. 2º, § 3º: Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência
A repristinação não pode ser tácita. Na hipótese legal ela só pode ser expressa.
Efeito Repristinatório Indesejado: lei anterior com o mesmo vício. ADI 2154/DF e ADI 2258/DF, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 14.2.2007.
Lei A ← revogada pela Lei B.
Se a Lei B for declarada inconstitucional e a Lei A tiver o mesmo vício de constitucionalidade, tem-se o efeito da repristinação indesejada, porquanto a declaração de inconstitucionalidade é inócua. Nesse caso, o STF admite que a Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta contra a Lei B, tenha a análise incidente da Lei A, para evitar o efeito repristinatório. Na declaração de inconstitucionalidade, o STF deve determinar expressamente o afastamento do efeito repristinatório.
É possível em sede de ADI a análise de Lei anterior à Constituição em face da Constituição nova? Sim, para evitar o efeito repristinatório indesejado. Supondo que a Lei B é de 1994 e a Lei A é de 1985. A Lei A é incompatível com a CF/88, não recepcionada, logo se determina o afastamento do efeito repristinatório. Lembre-se que não é cabível ADI contra lei anterior.
TÉCNICAS DECISÓRIAS
Declaração de Inconstitucionalidade Sem Pronúncia de Nulidade
Verifica-se que a norma é incompatível com a constituição, sendo inconstitucional. Mas a ausência da norma é pior do que a própria norma.
Exemplo: lei do salário mínimo não atende ao que deveria atender, podendo ser considerado inconstitucional. Entretanto, é pior não ter valor algum do que ter um valor baixo.
Hipótese em que o vazio normativo é mais danoso que a própria norma em si.
Declaração de Inconstitucionalidade Parcial Com Redução de Texto
É cabível a declaração de Inconstitucionalidade de palavra ou expressão integrante do texto normativo.
O STF pode fazer seleção supressiva dentro do dispositivo para declarar determinada palavra ou expressão do texto inconstitucional. A parte restante deve manter seu sentido integral, pois há o limite da não subversão do texto e da vontade do legislador.
Exemplo: norma que garante vitaliciedade aos juízes, promotores e procuradores dos estados. Essa parte final “procuradores dos estados” será excluída, mantendo-se o sentido integral da norma.
Declaração de Inconstitucionalidade Sem Redução de Texto
L. 9868/99. Art. 28, Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal.
Há correntes doutrinárias que entendem que a interpretação conforme e a declaração sem redução de texto: (i) são sinônimos, (ii) são institutos diversos ou (iii) são faces da mesma moeda.
Interpretação Conforme a Constituição
Pressuposto: multiplicidade de interpretações.
Exemplo: Norma X com várias interpretações possíveis: A, B, C e D. Tal norma é plurissignificativa, polissêmica, plurívoca. Supondo que a interpretação A é constitucional e as outras B, C e D são inconstitucionais. Se existe uma interpretação constitucional, o STF pode declarar que a norma X é constitucional desde que seja interpretada da maneira A. 
Conclui-se a contrário sensu, implicitamente, que as demais interpretações B, C e D são inconstitucionais. “Cesto de maças podres, com uma boa: joga fora as maças podres e deixa a boa”.
Exemplo: Norma Y com várias interpretações possíveis: 1, 2, 3 e 4. Interpretação 1 é inconstitucional e as demais são constitucionais. STF pode determinar que a norma Y é inconstitucional de acordo com a interpretação 1. “Cesto de maças boas, com uma podre: joga fora apenas a maça podre”.
Para que haja a interpretação conforme a constituição é pressuposto indispensável que a norma seja plurissignificativa.
Canotilho ensina na interpretação conforme, tanto quanto possível, deve-se salvar a norma, com base no princípio da conservação das normas.
Declaração Sem Redução de Texto e Interpretação Conforme
O intérprete ou julgador constitucional analisa o texto normativo, que permanece hígido/integral/intocado, e percebe possíveis aplicações constitucionais e outras inconstitucionais.
Uma linha de raciocínio faz distinção entre intepretação conforme a constituição (ICC) e declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto (DIPSRT).
Na ICC tem-se a exclusão de uma interpretação e a imposição de outra compatível. Enquanto na DIPSRT verificam-se várias hipóteses de aplicação, situações de aplicação da norma, que resulta na constatação de constitucionalidade ou inconstitucionalidade, conforme as hipóteses de incidência.
Nessa linha, a ICC sempre leva à declaração de constitucionalidade da norma, se ela for interpretada dessa maneira, na tentativa de salvar o texto. Na DIPSRT há uma declaração de inconstitucionalidade, com a preservação do texto em outros âmbitos de aplicação.
A análise de norma com várias interpretações possíveis é a técnica da ICC.
A análise de norma e a verificação das hipóteses de aplicação, com a constatação da hipótese inconstitucional, é a técnica de DIPSRT.
Outra linha concebe a possibilidade de aplicação conjunta onde a interpretação conforme é realizada para declarar qual é o sentido inconstitucional, importando um declaração de inconstitucionalidade, mas sem redução do texto normativo.
Na hipótese de normas com várias sentidos: é constitucional em um sentido e inconstitucional em outro sentido. A ICC obrigatoriamente leva a declaração de constitucionalidade? Não, pois a norma é inconstitucional nessa interpretação para que o restante sejaconstitucional.
A declaração de inconstitucionalidade aqui é sem redução de texto.
Exemplo: Informativo 454 – Competência da Justiça do Trabalho e Matéria Penal - ADI 3684 MC/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 1º.2.2007.
Inciso IV, artigo 114, CF/88: discussão doutrinária da interpretação de que a justiça do trabalho pode exercer competência criminal. STF definiu em ICC que essa interpretação não pode ser feita, excluindo-a, pois incompatível.
Hoje, na prática, a ICC não leva obrigatoriamente à declaração de constitucionalidade da norma, a ICC pode ser realizada para declarar os sentidos constitucionais, sendo caso de DIPSRT.
Limites à Declaração Sem Redução de Texto
A declaração parcial não pode inverter o sentido do texto, sob pena de o Judiciário, de forma inadmissível, agir como legislador positivo. (ADI 1.949-MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 25/11/05).
O juiz constitucional não pode subverter o texto normativo para dar um significado completamente diferente.
Declaração de Lei Ainda Constitucional ou Inconstitucionalidade Progressiva
Nessa técnica, a análise de uma norma X em tese/abstratamente pode levar à constatação de que a mesma é inconstitucional.
A norma X, porém, dentro da realidade fática é constitucional, apesar de tal realidade ser uma realidade não ideal.
Exemplo: prazo em dobro para a defensoria pública. Defensor não é advogado público (AGU, PFN, PGE, etc., advogado público defende ente público). Defensor defende interesse privados. O prazo em dobro na defensoria beneficia o assistido. Nessa ótica, em tese, o prazo em dobro da defensoria pública viola o princípio constitucional da isonomia entre as partes. Mas a realidade é outra, a defensoria pública não está bem estruturada e aparelhada em todo o Brasil, o que poderia causar prejuízo ao assistido, por isso, o prazo em dobro é aceito e ainda é constitucional.
Da análise de uma norma podem ser verificados os seguintes estados/situações perfeitas das normas: (i) norma é plenamente constitucional ou (ii) a norma á absolutamente constitucional. Situações perfeitas levam a declarações ortodoxas/tradicionais: é constitucional ou é inconstitucional.
Por outro lado, há a situações imperfeitas, consistente em uma zona intermediária entre a declaração plena de constitucionalidade e a declaração plena de inconstitucionalidade. Essas situações imperfeitas exigem decisões não ortodoxas, chamadas de decisões intermediárias.
Efeito Vinculante
Afetados
Demais Órgãos do Poder Judiciário
Administração Pública Direta e Indireta da União, Estados, DF e Municípios
Não Afetados
STF
Poder Legislativo (na função Legislativa)

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