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FILOSOFIA E POLÍTICAS EDUCACIONAIS

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1 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 INTRODUÇÃO À FILOSOFIA ..................................................................... 4 
3 CONCEPÇÕES DE HOMEM ...................................................................... 6 
3.1 Concepção metafísica .......................................................................... 7 
3.2 Concepção naturalista .......................................................................... 7 
3.3 Concepção históricossocial .................................................................. 8 
4 A TRANSFORMAÇÃO DO HOMEM ATRAVÉS DA FILOSOFIA ............... 8 
5 PERÍODOS DA FILOSOFIA ..................................................................... 12 
5.1 A busca de uma explicação ................................................................ 13 
6 FILOSOFIA OCIDENTAL .......................................................................... 14 
7 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA ................................................................. 17 
8 FILOSOFIA CLÁSSICA............................................................................. 19 
9 FILOSOFIA MEDIEVAL ............................................................................ 20 
10 FILOSOFIA MODERNA ......................................................................... 22 
11 ÉTICA .................................................................................................... 23 
11.1 A Ética na Filosofia ............................................................................. 24 
12 MORAL .................................................................................................. 25 
12.1 Componentes da vida moral ............................................................... 26 
12.2 A filosofia e os princípios éticos ......................................................... 27 
13 POLÍTICAS EDUCACIONAIS ................................................................ 28 
14 AS POLÍTICAS DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA NO BRASIL .... 30 
15 INCLUSÃO: ESCOLA PARA TODOS ................................................... 34 
16 AS REFORMAS DA EDUCAÇÃO: POLÍTICAS DE RESULTADOS E O 
MODELO DE MERCADO.......................................................................................... 38 
 
2 
 
16.1 Quadro I: Médias a serem atingidas pelas escolas públicas no IDEB e 
no PISA até 2021 ................................................................................................... 45 
17 O IDEB NO CONTEXTO DAS AVALIAÇÕES EM LARGA ESCALA NAS 
ESCOLAS PÚBLICAS BRASILEIRAS ...................................................................... 47 
18 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 50 
19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 INTRODUÇÃO À FILOSOFIA 
A filosofia trata da realidade não a partir de recortes, mas do ponto de vista da 
totalidade. A visão da filosofia é de conjunto, de entendimento do problema, não de 
modo parcial, mas relacionando cada aspecto observado outros do contexto em que 
está inserido. A Filosofia não faz juízos de realidade, como a ciência, mas juízos de 
valor. Isto significa que filosofar é ir além do que é, é buscar entender como deveria 
ser, julgar o valor da ação, ir em busca do significado Filosofia propriamente surge 
quando um pensar torna-se objeto de uma reflexão. Podemos então conceituar a 
filosofia como uma reflexão sobre os problemas que a realidade apresenta. 
“A filosofia não é, de modo algum, uma simples abstração independente da 
vida. Ao contrário ela é a própria manifestação humana e sua mais alta 
expressão(...) A filosofia traduz o sentir, o pensar e o agir do homem. 
Evidentemente, o homem não se alimenta da filosofia, mas sem dúvida 
nenhuma, com a ajuda da filosofia” (BRANGATTI,1993, apud 
SCARIOTTO,2007, p.12). 
Este ramo do conhecimento que pode ser caracterizado de três modos: seja 
pelo conteúdo ou temas tratados, seja pela função que exerce na cultura, seja pela 
forma como trata tais temas. 
Com relação aos conteúdos, contemporaneamente, a Filosofia trata de 
conceitos como o bem, beleza, justiça, verdade. Mas, nem sempre a Filosofia tratou 
de temas selecionados, como os indicados acima. Inicialmente, na Grécia, a Filosofia 
tratava de todos os temas, já que até o séc. XIX não havia uma separação entre 
ciência e filosofia, incorporava todo o saber. 
No entanto, a Filosofia inaugurou um modo novo de tratamento dos temas a 
que passa a se dedicar, determinando uma mudança na forma de conhecimento do 
mundo até então vigente. 
A filosofia em sua trajetória histórica procura resposta as questões percebidas 
e a cada época são respondidas a partir de diferentes reflexões que constituem 
correntes ou escolas de pensamentos. Platão (427-347a.C) e Aristóteles (384-322 
a.C) deram à filosofia uma de suas melhores definições. Eles viram a filosofia como 
um discurso admirado e espantado com o mundo. A filosofia faz, na concepção 
tradicional que aparece em Platão e Aristóteles, ou seja, põe certas perguntas que 
nos obrigam a olhar o banal como não mais banal. A filosofia, então, é o vocabulário 
 
5 
 
com o qual desbanalizamos o banal. Tudo com o qual estamos acostumados torna-
se motivo para uma suspeita, tudo que é corriqueiro fica sob o crivo de uma sentença 
indignada, e então deixamos de nos aceitar como acostumados com as coisas que 
até então estão estávamos acostumados. 
A maioria das definições de filosofia são razoavelmente controversas, em 
particular quando são interessantes ou profundas. Esta situação deve-se em 
parte ao fato de a filosofia ter alterado de forma radical o seu âmbito no 
decurso da história e de muitas das investigações nela originalmente 
incluídas terem sido mais tarde excluídas (ARANHA, 1996, apud 
SCARIOTTO,02007, p.12). 
A filosofia consiste em pensar sobre o pensamento. Isto permite-nos sublinhar 
o caráter de segunda ordem da disciplina e tratá-la como uma reflexão sobre gêneros 
particulares de pensamento — formação de crenças e de conhecimento — sobre o 
mundo ou porções significativas do mundo. 
Uma definição mais pormenorizada, mas ainda assim incontroversa e 
abrangente, é que a filosofia consiste em pensar racional e criticamente, de modo 
mais ou menos sistemático sobre a natureza do mundo em geral (metafísica ou teoria 
da existência), a justificação de crenças (epistemologia ou teoria do conhecimento), e 
a conduta de vida a adaptar (ética ou teoria dos valores). 
Cada um dos três elementos listados possui uma contraparte não filosófica, da 
qual se distingue pelo seu modo de proceder explicitamente racional e crítico e pelasua natureza sistemática. Todos nós temos uma concepção geral sobre a natureza 
do mundo em que vivemos e do lugar que nele ocupamos. A metafísica interroga-se 
sobre os pressupostos que sustentam acriticamente estas concepções recorrendo a 
um conjunto organizado de crenças. 
[...] ocasionalmente, duvidamos e questionamos crenças, não só as nossas 
como as alheias, e fazemos com mais ou menos sucesso sem possuirmos 
uma teoria acerca do que fazemos”. (CHAUÍ, 1985, apud SCARIOTTO,2007, 
p.14). 
Também orientamos as ações com vista a objetivos e fins que valorizamos. A 
ética, ou filosofia moral, no sentido mais inclusivo, pretende articular, de uma forma 
racional e sistemática, as regras ou princípios subjacentes. (Na prática, a ética tem-
se restringido aos aspectos morais da conduta e, em geral, tem tendência para ignorar 
 
6 
 
a maioria das ações que praticamos em virtude de critérios de eficiência ou prudência, 
como se fossem demasiado básicos para justificarem um exame racional). 
Os primeiros filósofos reconhecidos, os pré-socráticos, eram sobretudo 
metafísicos preocupados em estabelecer as características essenciais da 
natureza no seu todo. Platão e Aristóteles escreveram penetrantemente 
sobre metafísica e ética; Platão sobre o conhecimento; Aristóteles sobre 
lógica (dedutiva), a técnica mais rigorosa para justificar crenças; estabeleceu 
as suas regras de uma forma sistemática e manteve intacta a sua autoridade 
durante mais de 2000 anos. Na Idade Média, ao serviço do cristianismo, a 
filosofia apoiou-se primeiramente na metafísica de Platão, e em seguida na 
de Aristóteles, com o propósito de defender crenças religiosas. No 
Renascimento, a liberdade de especulação metafísica ressurgiu; na sua fase 
tardia, com Bacon e, de um modo mais influente com Descartes e Locke, 
dirigiu-se para a epistemologia com o objetivo de ratificar e, tanto quanto 
possível, acomodar a religião e os novos desenvolvimentos das ciências 
naturais (CUNHA,1992, apud SCARIOTTO,2007, p.15). 
Diferentes partes da filosofia, e diferentes elementos que compõem nossa visão 
de mundo, deveriam integrar-se. Sendo assim, conceitos à primeira vista muito 
distanciados podem vir a afetar de modo vital outros conceitos que envolvem mais de 
perto a vida diária. A filosofia merece ser valorizada por si própria, e não por seus 
efeitos indiretos de ordem prática. E a melhor maneira de assegurarmos esses bons 
efeitos práticos é nos dedicarmos em encontrar a verdade, buscando-a 
desinteressadamente. 
 
3 CONCEPÇÕES DE HOMEM 
O que é o homem? É esta a primeira e principal pergunta da filosofia. (...) Se 
pensamos nisto, a própria pergunta não é uma pergunta abstrata ou “objetiva”. Nasceu 
daquilo que refletimos sobre nós mesmos e sobre os outros e queremos saber, em 
relação do que refletimos e vimos, o que somos e em que coisa nós podemos tornar, 
se realmente ou dentro de que limites somos “artífices de nós próprios”, da nossa vida, 
do nosso destino. E isto queremos sabe-lo hoje, nas condições dadas hoje, pela vida 
“hodierna “e não por uma vida qualquer e de qualquer homem. 
Toda concepção de mundo e forma de agir partem de uma ideia de homem. As 
teorias humanísticas sustentam-se procurando compreender um conceito de homem. 
Por isso é importante nas práxis educativas que se tenha claramente tematizada a 
 
7 
 
questão antropológica. Selecionamos, então, como temática primeira de nossos 
encontros as concepções de homem, de modo bastante sucinto, mesmo porque o ser-
humano – o animal que pensa – é o grande garimpeiro de uma longa atividade de 
escavação que é a filosofia. 
A semente que germina produz ramos, folhas, flores e frutos. O pensamento 
que pensa produz conhecimentos e falas diversas. Produz o conhecimento 
que calcula (as ciências), imagina (as artes) e confia (a fé). E produz a 
filosofia. (Buzzi, 199, apud BRANCO, 2004, p. 7). 
São destacados três principais enfoques antropológicos: a concepção 
metafísica, a cientificista ou naturalista e a histórico social, dos quais apresentamos 
alguns tópicos. 
3.1 Concepção metafísica 
A existência humana no mundo está na questão do ser, na unidade e na 
multiplicidade. A essência caracteriza cada coisa. A essência humana é um modelo a 
ser atingido. Educação vista como processo de aperfeiçoamento, desenvolvimento 
das potencialidades do indivíduo. 
 O fim da educação é desenvolver, em cada indivíduo, toda a perfeição de que 
ele seja capaz. Nesta concepção, a educação é centrada no interior do indivíduo e o 
modelo de homem é determinado a priori. 
3.2 Concepção naturalista 
Descartes, Loocke, Galileu e Newton criaram novas teorias sobre o 
conhecimento e que até hoje orientam a ciência e pesquisas científicas, pois 
desenvolveram o método científico. A ciência percebe regularidades na natureza e o 
homem procura encontrar as regularidades que marcam seu comportamento. A 
educação inspira-se numa metodologia que enfatiza a rigorosa programação dos 
passos para se adquirir o conhecimento (behaviorismo/psicologia 
comportamentalista). Tentativa de adequar a metodologia das ciências humanas ao 
método das ciências da natureza (experimentação, controle e generalização). 
Contrapõem-se às teorias humanistas. 
 
8 
 
3.3 Concepção histórico social 
A crítica ao mecanicismo newtoniano e ao empirismo de Locke e a primazia do 
sentimento sobre a razão, faz com que importantes pensadores passem a conceber 
uma nova visão antropológica, a histórico-social, amparada no romantismo alemão. 
Rousseau desloca o centro do processo educacional do mestre para o aluno. 
Visão de homem está no sentimento (o coração ou consciência moral); destaca dois 
níveis: natureza e sociedade. Hegel: concebe o ser como processo, como movimento, 
como virá a ser (filosofia do devir). O homem passa a ser como ser-no-tempo. 
Desenvolvimento do Espírito. 
Marx: o mundo material é anterior ao espírito, e este deriva daquele. Os homens 
se definem pela produção e pelo trabalho coletivo. O homem deve ser compreendido 
como um ser real, concreto, situado em um contexto histórico-social. Privilegia-se o 
processo, a contradição e o caráter social do se fazer homem. A pedagogia 
contemporânea busca o homem como pessoa ou ser social numa interação entre 
sujeito e sociedade. 
4 A TRANSFORMAÇÃO DO HOMEM ATRAVÉS DA FILOSOFIA 
O homem é um ser que interroga a vida, e deve interrogá-la continuamente. O 
modo de perguntar difere de homem para homem, mas o próprio enigma sempre 
permanece. A resposta do homem ocorre dentro de um determinado contexto 
histórico. 
“Todos os homens desejam naturalmente saber. Muitos, contudo, se perdem 
nesta tarefa ao longo da vida, talvez por desconhecerem um caminho”. 
(ARISTÓTELES 384-322 a C. apud SCARIOTTO,2007, p.15). 
É preciso buscar conceituar a filosofia de forma simples e existencial, 
compreender o que ela é, e verificar o seu significado para a vida humana. A filosofia 
está associada tanto ao saber teórico quanto à sabedoria prática. De fato, o sucesso 
da filosofia teórica não nos oferece qualquer garantia de que seremos filósofos no 
sentido prático ou de que agiremos e sentiremos de modo correto sempre que nos 
envolvermos em determinadas situações práticas. A filosofia se manifesta como uma 
 
9 
 
forma de entendimento que tanto propicia a compreensão de sua existência, em 
termos de significado, como oferece um direcionamento para sua ação. A filosofia é o 
campo de entendimento que, quando nos apropriamos dele, nos percebemos 
refletindo sobre a cotidianidade dos seres humanos: Desde as coisas mais simples 
até as mais complexas. O ato de filosofar não é unicamente um processo individual, 
mas também um processo que possui uma contrapartida social. 
Ao colocar-se na posição de que o homem, ser da natureza, constitui entre 
muitos outros cósmicos, físicos, biológicos, um agente da transformação do universo, 
a filosofia situou na experiênciade campo e processo dessas contínuas 
metamorfoses. Não agimos por agir. Agimos por certa finalidade, que pode ser mais 
ampla ou restrita; as finalidades mais amplas são aquelas que se referem ao sentido 
da existência, busca o bem da sociedade, lutar pela emancipação dos oprimidos, e 
assim por diante. 
Isso porque está certo que a vida só tem sentido se vivido em função de valores 
dignos e dignificantes. Todos têm uma forma de compreender o mundo, ninguém age 
no escuro, sem saber onde vai ou porque vai. Só se pode agir a partir de um 
esclarecimento do mundo e de uma realidade. 
Todos vivem de uma concepção do mundo, agem e se comportam de acordo 
com uma significação inconsciente que emprestam a vida. E neste sentido que 
podemos dizer que todo homem e filósofo. Todos temos uma filosofia de vida, ou seja, 
nos orientamos por valores implícitos (inconsciente) ou explícitos (conscientes). 
Quando falamos em filosofia de vida queremos dizer que esse direcionamento 
diário inconsciente pode ocorrer da massificação, do senso comum, que adquirimos e 
acumulamos espontaneamente. Não é possível viver sem pensar, uma das 
características do homem e a necessidade, de não só conhecer a natureza a fim de 
poder transformá-la pelo trabalho, mas a necessidade de compreender-se a si 
mesmo. 
Não há, portanto, vida humana consciente de si mesma sem reflexão filosófica, 
sem reflexão crítica sobre o real, considerado em sua totalidade. A filosofia vai 
coincidir com que se chama de processo de consciência ou conscientização, tanto no 
sentido do tempo como no julgamento (Reflexão Crítica). Não existe um modelo de 
homem, é impossível existir um homem padrão, um modelo que todos deveriam seguir 
 
10 
 
à risca. O que existe é uma condição humana que resulta do conjunto das relações 
humana, de sua vocação como homem. 
Este último ponto é importante, pois afasta qualquer tentativa de estabelecer 
a existência de uma natureza humana fixa e imutável, ou de estabelecer 
distinções entre os homens com base em qualquer aspecto extrínseco, como 
a raça, a cor, ou religião (HUSSERL,1965, apud SCARIOTTO,2007, p.19). 
O homem, como os outros seres vivos, também se esforça para se preservar, 
numa das coisas que difere dos outros organismos é que produz os meios para sua 
existência, reorganizando e modificando os recursos naturais disponíveis. Age dirigido 
por finalidades conscientes, para responder aos desafios da natureza e para 
sobrevivência. 
 
O homem, ao colocar-se no mundo, estabelece uma ligação entre o sujeito 
que quer conhecer e o objeto a ser conhecido. O sujeito se transforma 
mediante o novo saber e o objeto também se transforma, pois, o 
conhecimento lhe dá sentido (COTRIN, 1993, apud SCARIOTTO, 2007, 
p.19). 
O homem é um agente transformador da natureza, e a natureza é o resultado 
dessa transformação. Ao atuar através de sua atividade produtiva sob a natureza, pelo 
trabalho cuidando de prover sua existência mediante a apropriação e incorporação 
dos recursos naturais transformados, o homem não estabelece apenas relações 
individuais com a natureza. 
Ao mesmo tempo em que estabelece relações técnicas de produção, vai 
instaurando relações interindividuais, relações com os outros homens. Cria a estrutura 
social. O homem se descobre e se afirma no mundo, não como um mero objeto 
integrante da realidade total, mas como sujeito no qual essa realidade se transfigura. 
Ao interpretar e transformar a realidade, o homem se encontra com outros 
seres humanos envolvidos na mesma tarefa, é o que chamamos de confronto com 
outros sujeitos. Na medida em que alguém fala e acolhe a palavra do outro realiza o 
reconhecimento mais profundo outro como sujeito. No instante em que o homem 
reconhece o outro e com ele dialoga em busca de um sentido para o mundo para a 
existência, nasce à história. 
 
11 
 
Dar um sentido ao mundo no diálogo das consciências, é existir plenamente 
como homem e, portanto, existir plenamente como sujeito do processo 
histórico (HUSSERL,1965, apud SCARIOTTO, 2007, p.20). 
Na medida de nossas forças, construímos, uma filosofia e a ela nos 
acomodamos, tão bem como tão mal, em nossa ânsia e inquietação de compreender 
e de pacificar o espírito. Quando a ciência vai refazendo o mundo e a onda de 
transformação alcança as peças mais delicadas da existência humana, só quem vive 
à margem da vida, sem interesse e sem paixões, sem amores e sem ódios, pode julgar 
que dispensa uma filosofia. Só com uma vida profundamente superficial podemos não 
sentir as solicitações diversas e antagônicas das diferentes fases do conhecimento 
humano, e os conflitos e perplexidades atordoantes da hora presente. 
Aprender concepções e verdades que engessam o processo de ação e reflexão 
diante do mundo e de sua própria existência, é desta que filosofia transforma o 
homem. Contudo, boa parte da filosofia volta-se mais para o modo pelo qual 
conhecemos as coisas do que propriamente para as coisas que conhecemos, sendo 
essa uma segunda razão pela qual a filosofia parece carecer de conteúdo. 
No entanto, discussões a respeito de um critério definitivo de verdade podem 
determinar, na medida em que recomendam a aplicação de um dado critério, quais as 
proposições que na prática deliberamos serem verdadeiras. Não é tarefa da filosofia 
investigar intenções ocultas e preexistentes da realidade, mas interpretar uma 
realidade carente de intenções, mediante a capacidade de construção de figuras, de 
imagens a partir dos elementos isolados da realidade; ela levanta as questões, cuja 
investigação exaustiva é tarefa das ciências; uma tarefa à qual a filosofia permanece 
continuamente vinculada, porque sua intensa luminosidade não conseguiria inflamar-
se em outro lugar a não ser contra essas duras questões. 
A filosofia tem exercido, por mais que ignoremos isso, uma admirável influência 
indireta até mesmo sobre a vida de gente que nunca ouviu falar nela. Indiretamente, 
tem sido destilada através de sermões, da literatura, dos jornais e da tradição oral, 
afetando assim toda a perspectiva geral do mundo. Em grande parte, foi através de 
sua influência que se fez da religião cristã o que ela é hoje. Devemos originalmente a 
filósofos ideias que desempenharam papel fundamental para o pensamento em geral, 
mesmo em seu aspecto popular, como, por exemplo, a concepção de que nenhum 
 
12 
 
homem pode ser tratado apenas como um meio ou a de que o estabelecimento de um 
governo depende do consentimento dos governado. 
No âmbito da política, a influência das concepções filosóficas tem sido 
expressiva. É inegável que a influência da filosofia sobre a política pode às vezes ser 
nefasta: os filósofos alemães do século XIX podem ser parcialmente 
responsabilizados pelo desenvolvimento de um nacionalismo exacerbado que 
posteriormente veio a assumir formas bastante deturpadas. Todavia, não resta dúvida 
de que essa responsabilidade tem sido frequentemente muito exagerada, sendo difícil 
determiná-la exatamente, o que se deve ao fato de aqueles filósofos terem sido 
obscuros. 
Contudo, se uma filosofia de má qualidade pode exercer influência nefasta 
sobre a política, com as filosofias de boa qualidade pode ocorrer o contrário. Não há 
meios de impedir tais influências sendo, portanto extremamente oportuno que 
dediquemos especial atenção à filosofia com o intuito de constatar se concepções que 
exerceram alguma influência foram mais positivas do que nefastas. 
Uma boa filosofia, ao influenciar favoravelmente a política, pode gerar uma 
prosperidade incapaz de ser alcançada sob a égide de uma filosofia inferior 
(HUSSERL,1965, apud SCARIOTTO, 2007, p. 22.). 
5 PERÍODOS DA FILOSOFIA 
A filosofia tem dois objetivos importantes. Em primeiro lugar, tenta dar ao 
homem uma visão unificada do universo em que vive. Em segundo lugar, procura 
fazer com que a pessoa tenha um pensamento mais crítico, ao aguçar suacapacidade 
de raciocinar com clareza e precisão. A filosofia é como uma tentativa geralmente 
obstinada de pensar com clareza. Um filósofo é uma pessoa que pensa com maior 
profundidade e obstinação do que as outras. O termo filosofia origina-se de duas 
palavras gregas, philo e sophia, que, reunidas, significam amor à sabedoria. 
Em Sócrates e Platão, existe uma contraposição entre sabedoria e filosofia. 
A sabedoria perfeita é própria de Deus, que é o sábio por excelência. Os 
homens são filósofos, isto é, amantes ou aficcionados à sabedoria. Estão em 
busca do saber, guiam-se pela procura do saber, embora nunca o terão 
plenamente. (GOMES, 2001, apud BRANCO, 2004, p. 9). 
 
 
13 
 
A filosofia possui um grande valor para as pessoas que vivem nesse mundo 
complicado. Muitas delas não têm fundamentos ou crenças que norteiem suas vidas. 
A filosofia pode fornecer-lhes uma estrutura racional, com a qual podem pensar. Ao 
aceitar uma determinada corrente filosófica, o homem tem possibilidade de começar 
a buscar certos objetos e dirigir seu comportamento. Por exemplo, um estoico tenta 
dominar suas emoções; um epicurista busca a felicidade através do prazer; o 
racionalista tenta chegar ao conhecimento através da razão; o cristão luta pela 
salvação através da graça e dos ensinamentos de Jesus Cristo. 
Cada conjunto de crenças leva a um determinado modo de pensar e a um 
comportamento diferente. A filosofia também examina fundamentos de outros 
estudos. Pergunta ao cientista social o que acredita ser a natureza do homem. Indaga 
ao físico por que utiliza o método científico. A filosofia procura organizar as conclusões 
das várias ciências para mostrar os diversos modos como estão relacionadas. 
5.1 A busca de uma explicação 
O homem primitivo não começou filosofando, assim como o homem medieval 
não podia ainda fazer Ciência. Sua mente primitiva se sentia estimulada a explicar 
uma Natureza totalmente desconhecida. Recém-vindo de uma evolução biológica 
surpreendente, sua mente era, diante das coisas, um papel em branco onde iria 
escrever seus mitos. 
O mito surge da necessidade consciente e inconsciente que o homem tem de 
explicar seu meio e seus problemas desconhecidos. Depois da explicação, sente-se 
como que dono da situação. Apossa-se intelectualmente do fato. 
Quando o homem surgiu na Terra, tudo era incógnito e, por conseguinte, sua 
imaginação começou a criar explicações numa função existencial de dar sentido a seu 
meio. Estas explicações primitivas recebem a denominação de mitos. O mito, ainda 
hoje, é uma constante da mente humana. 
Mito é um contexto explicativo feito para esclarecer um fato até então 
desconhecido. O mito pode ser definido como uma narrativa imaginária que estrutura 
e organiza de forma criativa as crenças culturais Relato mitológico é aquela 
elaboração de natureza poética, literária, moral, que se faz sobre um mito ou algum 
fato de natureza literária ou histórica. 
 
14 
 
Mitologia é o conjunto dos relatos mitológicos, podendo incluir alguns mitos de 
determinado povo. O mito, em suma, é o pensamento anterior à reflexão mais crítica. 
Nasceu de uma atitude primária diante das coisas, sem rigor racional e sem crítica 
pessoal. Isto seria característica do momento seguinte: o filosófico. Platão e 
Aristóteles assinalam como princípio da filosofia o desejo de saber, inato no ser 
humano, excitado pela admiração e curiosidade frente aos fenômenos da natureza. 
É característico do filósofo o estado de ânimo da admiração, pois outro não é 
o princípio da filosofia. E não estabeleceu mal a genealogia aquele que disse 
que Íris (a filosofia) é filha de Thaumante (a admiração). (PLATÃO, (Platão, 
TEETETO, 155 apud BRANCO, 2004, p. 10). 
A reflexão, a meditação ativa e a razão crítica viriam interpretar o mundo mítico 
e elaborar um outro tipo de explicação: a filosófica. O mito ocupa todos os espaços da 
vida humana e faz do mundo uma celebração de sonho e de delírio. Os demais 
conhecimentos se enraízam no mito e são modulações de sua força. É sempre a 
experiência mítica que entusiasma a filosofia e a ciência. E hoje é ainda ela que 
comanda a produção e o uso das máquinas e dos aparelhos técnicos. 
6 FILOSOFIA OCIDENTAL 
 
Fonte: pixers.be 
 Entendemos a filosofia ocidental como o estudo racional e crítico dos princípios 
básicos da compreensão. Divide-se quase sempre em quatro ramos principais: 
 
15 
 
metafísica (O que é real?), epistemologia (Como se sabe? O que é verdade?), ética 
(Qual é a natureza do bom, do religioso?) E estética (Qual é a natureza do belo?). 
Contudo, diversos compêndios costumam relacionar os principais campos de domínio 
da filosofia, além dos já relacionados, ainda a teoria do conhecimento, a filosofia 
política, a filosofia da história, a história da filosofia, a filosofia da linguagem, a lógica 
e a filosofia aplicada. Para um maior entendimento, observa-se as definições de cada 
campo: 
Ontologia ou metafísica: conhecimento dos princípios e fundamentos últimos 
de toda a realidade, de todos os seres. 
Lógica: conhecimento das formas gerais e regras gerais do pensamento correto 
e verdadeiro, independentemente dos conteúdos pensados; regras para a 
demonstração científica verdadeira; regras para pensamentos não-científicos; regras 
sobre o modo de expor os conhecimentos; regras para verificação da verdade ou 
falsidade de um pensamento, etc. 
 Epistemologia: análise crítica das ciências, tanto as ciências exatas ou 
matemáticas, quanto as, naturais e as humanas; avaliação dos métodos e dos 
resultados das ciências; compatibilidades e incompatibilidades entre as ciências; 
formas de relações entre as ciências, etc. 
Teoria do conhecimento ou estudo das diferentes modalidades de 
conhecimento humano: o conhecimento sensorial ou sensação e percepção; a 
memória e a imaginação; o conhecimento intelectual; a ideia de verdade e falsidade; 
a ideia de ilusão e realidade; formas de conhecer o espaço e o tempo; formas de 
conhecer relações; conhecimento ingênuo e conhecimento científico; diferença entre 
conhecimento científico e filosófico, etc. 
Ética: estudo dos valores morais (as virtudes), da relação entre vontade e 
paixão, vontade e razão; finalidades e valores da ação moral; ideias de liberdade, 
responsabilidade, dever, obrigação, etc. 
Filosofia política: estudo sobre a natureza do poder e da autoridade; ideia de 
direito, lei, justiça, dominação, violência; formas dos regimes políticos e suas 
fundamentações; nascimento e formas do Estado; ideias autoritárias, conservadoras, 
revolucionárias e libertárias; teorias da revolução e da reforma; análise e crítica das 
ideologias. 
 
16 
 
Filosofia da História: estudo sobre a dimensão temporal da existência humana 
como existência sócio-política e cultural; teorias do progresso, da evolução e teorias 
da descontinuidade histórica; significado das diferenças culturais e históricas, suas 
razões e consequências. 
Filosofia da arte ou estética: estudo das formas de arte, do trabalho artístico; 
ideia de obra de arte e de criação; relação entre matéria e forma nas artes; relação 
entre arte e sociedade, arte e política, arte e ética. 
Filosofia da linguagem: a linguagem como manifestação da humanidade do 
homem; signos, significações; a comunicação; passagem da linguagem oral à escrita, 
da linguagem cotidiana à filosófica, à literária, à científica; diferentes modalidades de 
linguagem como diferentes formas de expressão e de comunicação. 
História da Filosofia: estudo dos diferentes períodos da Filosofia; de grupos de 
filósofos segundo os temas e problemas que abordam; de relações entre o 
pensamento filosófico e as condições econômicas, políticas, sociais e culturais de uma 
sociedade; mudanças ou transformações de conceitos filosóficos em diferentes 
épocas; mudanças na concepção do que seja a Filosofia e de seu papel ou finalidade. 
Os dois tiposfundamentais de investigação filosófica são a filosofia analítica, 
que é o estudo lógico dos conceitos, tratando o assunto tão amplo e globalizador que 
se torna impossível a experimentação, e a filosofia sintética, que é a organização dos 
mesmos num sistema unificado, onde a mente se volta para as minudências, os 
pormenores, a gênese do assunto, seus aspectos reais em oposição a seus aspectos 
aparentes. 
Para os gregos clássicos, o termo filosofia significa a busca do conhecimento 
por si próprio e abrange todas as áreas do pensamento especulativo. Daí o estudo da 
filosofia no mundo de hoje – a filosofia aplicada – envolver às mais diversas áreas: 
filosofia da ciência, filosofia da arte, filosofia da educação, filosofia da matemática, 
filosofia política, filosofia do direito, etc. 
Filosofia da Educação: A tarefa da filosofia é interrogar o mundo para interpretá-
lo; à Filosofia da Educação cabe refletir criticamente a ação pedagógica, examinar a 
concepção de homem, os valores, os pressupostos do conhecimento, avaliar 
currículos, etc. 
 
17 
 
7 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 
 
Fonte: netmundi.org 
Pré-socráticos são os filósofos anteriores a Sócrates que viveram na Grécia por 
volta do século VI a.C., considerados os criadores da filosofia ocidental. Essa fase, 
que corresponde à época de formação da civilização helênica, se caracteriza pela 
preocupação com a natureza e o cosmo. 
Como é possível que as coisas mudem e desapareçam e, apesar disto, a 
natureza continue sempre a mesma? A Terra está repleta de espécies. A 
água se transforma em vapor. A matéria viva se transforma em pó e neste 
surgem as plantas para alimentar outros seres vivos...? (TELES, 1988, apud 
BRANCO, 2004, p. 12). 
A filosofia pré-socrática inaugura uma mentalidade baseada na razão e não 
mais no sobrenatural e na tradição mítica. As escolas jônicas, eleática, atomista e 
pitagórica são as principais do período. 
Os físicos da Jônia, como Tales de Mileto (625-546 a.C), Anaximandro (611-
547 a.C), Anaxímenes, (570-547 a.C) e Heráclito4 (544-480 a.C), procuram explicar o 
mundo pelo desenvolvimento de uma natureza comum a todas as coisas e em eterno 
movimento. Heráclito afirma a estrutura contraditória e dinâmica do real. Para ele, tudo 
está em constante modificação. Daí sua frase "Não nos banhamos duas vezes no 
mesmo rio", já que nem o rio nem quem nele se banha são os mesmos em dois 
momentos diferentes da existência. 
 
18 
 
Os pensadores de Eléa, como Empédocles (483-430 a.C), Parmênides (530-
460 a.C) e Anaxágoras (499-428 a.C), ao contrário, dizem que o ser é unidade e 
imobilidade e que a mutação não passa de aparência. Para Parmênides, o ser é ainda 
completo, eterno e perfeito. Já Zenon (510-? A.C) conceituou os paradoxos lógicos 
(no campo da lógica e da matemática designa uma conclusão aparentemente 
contraditória derivada de uma proposta com premissas válidas), enigmas intelectuais 
que filósofos e lógicos de todas as épocas posteriores tentariam resolver. O interesse 
dos eleáticos pelo problema da coerência racional propiciou o desenvolvimento da 
ciência da lógica. 
Os atomistas, como Leucipo e Demócrito (460-370 a.C), (a quem se atribui o 
primeiro esboço mais completo de um materialismo determinista) sustentam que o 
Universo é constituído de átomos eternos, indivisíveis e infinitos reunidos 
aleatoriamente. 
Por volta de fins do século V a.C., os sofistas passaram a ter um importante 
papel na evolução das cidades - estado gregas. A famosa máxima de Protágoras (490-
410 a.C), “o homem é a medida de todas as coisas”, é representativa da atitude 
filosófica desta escola. Os sofistas, como Protágoras e Górgias (485-380), são 
educadores pagos pelos alunos. Pretendem substituir a educação tradicional, 
destinada a preparar guerreiros e atletas, por uma nova pedagogia, preocupada em 
formar o cidadão da nova democracia ateniense. Com eles, a arte da retórica – falar 
bem e de maneira convincente a respeito de qualquer assunto – alcança grande 
desenvolvimento. 
 Pitágoras (582-500 a.C) afirma que a verdadeira substância original é a alma 
imortal, que preexiste ao corpo e no qual se encarna como em uma prisão, como 
castigo pelas culpas da existência anterior. O pitagorismo representa a primeira 
tentativa de apreender o conteúdo inteligível das coisas, a essência, prenúncio do 
mundo das ideias de Platão. 
 
19 
 
8 FILOSOFIA CLÁSSICA 
 
Fonte: netmundi.org 
Talvez a maior personalidade filosófica da história tenha sido Sócrates (470-
399 a.C). Sua contribuição não foi uma doutrina sistemática, e sim um método de 
reflexão, a maiêutica, e um estilo de existência. Enfatizou a necessidade de um 
autoexame analítico das crenças de cada um, de definições claras para os conceitos 
básicos, e de um levantamento racional e crítico dos problemas éticos. 
Platão (427-347 a.C), pensador mais sistemático do que Sócrates, baseou sua 
filosofia em sua teoria das ideias, ou doutrina das formas. Seu conceito do bem 
absoluto — que é a ideia mais elevada e engloba todas as demais — foi uma das 
principais fontes das doutrinas religiosas – panteísta e mística – na cultura ocidental. 
Aristóteles (384-322 a.C), considerado o mais ilustre discípulo de Platão, e, 
juntamente com ele, os mais profundos e influentes pensadores do mundo, definiu os 
conceitos e princípios básicos de inúmeras ciências teóricas, como a lógica, a biologia, 
a física e a psicologia. Ao estabelecer os rudimentos da lógica como ciência, 
desenvolveu a teoria da inferência dedutiva, representada pelo silogismo e por um 
conjunto de regras, fundamentando o que viria a ser o método científico. Esboçou um 
sistema orgânico da natureza que foi adotado por muitos teólogos cristãos, judeus e 
muçulmanos na Idade Média. 
Com a democracia em Atenas, o governo procura formar cidadãos 
participativos nas atividades da polis, homens políticos e habilitados a participar do 
 
20 
 
processo democrático, por meio da Paidéia (formação integral do homem). A filosofia 
passa a valorizar, a refletir sobre o homem, diminuindo o interesse pela natureza. 
Do século IV a.C. ao desenvolvimento da filosofia cristã no século IV, o 
epicurismo, o estoicismo, o ceticismo e o neoplatonismo foram as principais escolas 
filosóficas do mundo ocidental. O interesse pela ciência natural declinou ainda mais 
durante este período e essas escolas se preocuparam principalmente com a ética e a 
religião; a salvação e a felicidade passam a ser vistas como possíveis de alcançar de 
forma individual e subjetiva. 
9 FILOSOFIA MEDIEVAL 
 
Fonte: slideshare.net 
Durante o declínio da civilização greco-romana, os filósofos ocidentais 
abandonaram a investigação científica da natureza e a busca da felicidade no mundo 
e passaram a se preocupar com o problema da salvação em outro mundo melhor. Por 
volta do século III, o cristianismo já se havia estendido às classes mais cultas do 
Império Romano. 
Santo Agostinho (354-430) conciliou, juntamente com outros padres da Igreja 
(de onde originou o nome de filosofia patrística, dado ao período), a ênfase dada pelos 
gregos à razão com a insistência dos romanos nas emoções religiosas dos 
ensinamentos de Cristo e dos apóstolos, gerando um sistema de pensamento que se 
 
21 
 
transformou na própria doutrina do cristianismo da época. Em grande parte, graças a 
sua influência, o pensamento cristão foi platônico em espírito até o século XIII. 
 O estadista do século VI Boécio reavivou o interesse pelos pensamentos grego 
e romano, especialmente pela lógica e a metafísica aristotélicas. No século IX, o 
monge irlandês Johannes Scotus Erigena (810-877) propôs uma interpretação 
panteísta do cristianismo, identificando a Trindade divina com o Uno, o Logos e a Alma 
universal do neoplatonismo. Separa-se a filosofia da teologia. 
A filosofia é chama da “serva “da teologia. Procura-se conciliar fé e razão, 
característicafundamental da filosofia tomista, chamada escolástica (ministrada nas 
escolas cristãs – catedrais e conventos), mais tarde nas universidades. No século XI, 
essa corrente de pensamento filosófico ressurgiria com vigor, fruto do crescente 
encontro entre as diferentes regiões do mundo ocidental e o despertar do interesse 
pelas culturas desconhecidas, que culminaria no Renascimento. 
Os filósofos muçulmanos, judeus e cristãos interpretaram e esclareceram os 
escritos de Platão, Aristóteles e outros sábios gregos, tentando conciliar a filosofia 
com a fé religiosa e dar às próprias crenças religiosas pilares racionais. Surgiu a 
escolástica, cujo método foi dialético ou discursivo. O interesse pela lógica do discurso 
levou a importantes avanços, tanto em lógica quanto em teologia. 
Avicena (980-1037), médico, filósofo, astrônomo e físico árabe do século XII, 
integrou o neoplatonismo e as ideias aristotélicas à doutrina religiosa muçulmana. O 
teólogo francês Pedro Abelardo (1079-1142) propôs um compromisso entre realismo 
e nominalismo, que ficou conhecido como conceitualismo. O jurista hispano-árabe 
Averroes contribuiu para que a ciência e o pensamento aristotélico tivessem grande 
influência no mundo medieval, graças a seus lúcidos e eruditos comentários sobre a 
obra de Aristóteles. Porém, a maior figura intelectual da Era Medieval foi, sem dúvida, 
São Tomás de Aquino (1225-1274), que uniu a ciência aristotélica e a teologia 
agostiniana num amplo sistema de pensamento, que se transformaria na filosofia 
escolástica autorizada da Igreja católica. Aquino elabora a síntese entre o cristianismo 
e o pensamento aristotélico, estabelecendo os fundamentos filosóficos para a teologia 
cristã. 
 
22 
 
10 FILOSOFIA MODERNA 
 
Fonte: revistahcsm.coc.fiocruz.br 
A partir do século XV, a filosofia moderna tem estado caracterizada por uma 
contínua interação entre sistemas de pensamento, fundada em uma interpretação 
mecanicista e materialista do universo, e os que se baseiam na fé no pensamento 
humano como única realidade última. 
Esta interação reflete o efeito crescente das descobertas científicas e das 
transformações políticas na especulação filosófica. À religiosidade medieval, a 
filosofia moderna apresenta-se leiga, profana, crítica e encontra na razão sua 
fundamentação. 
Para compreender a si e o mundo, o homem moderno debruça-se ainda mais 
sobre o conhecimento: quer entender a sua própria capacidade de entender, de 
conhecer. A teoria do conhecimento pode ser entendida como a investigação acerca 
das condições do conhecimento verdadeiro. 
Conhecer é representar cuidadosamente o que é exterior à mente, a 
representação é o processo pelo qual a mente torna presente diante de si a imagem, 
a ideia ou o conceito de algum objeto. 
Portanto, para que exista conhecimento será necessária a relação entre dois 
elementos básicos: um sujeito conhecedor (nossa consciência, nossa mente) e um 
objeto (a realidade, o mundo, os fenômenos). Só haverá conhecimento se o sujeito 
conseguir apreender o objeto, isto é, conseguir representa-lo mentalmente. É possível 
 
23 
 
o conhecimento verdadeiro ou tudo é incerteza? Na realidade, o conhecimento é a 
fabricação do ideal sobre a terra. 
11 ÉTICA 
 
Fonte: riooportunidadesdenegocios.com.br 
Ética, princípios ou pautas da conduta humana, também denominada filosofia 
moral. Como ramo da filosofia, é considerada uma ciência normativa. Os valores 
morais estão presentes nos mais diferentes atos de nossa vida. Para tudo 
estabelecemos prioridades a partir de valores. Ética pode ser entendida, então, como 
reflexão sobre o comportamento moral (bem/mal – justo/injusto). 
(...) a Ética observa o comportamento humano e aponta seus erros e desvios, 
além de formular os princípios básicos a que deve subordinar-se a conduta 
do homem; e, a par de valores genéricos e estáveis, a Ética é ajustável a 
cada época e circunstância. (ACQUAVIVA, 2002, apud SILVA, 2016, p. 27). 
Ética é a ciência do comportamento moral do homem em sociedade, 
aproximando-se da Moral. Isto porque ética e moral têm a mesma origem. Portanto, 
pode-se concluir que a ética tem o sentido de higidez, de irrepreensibilidade, de 
correção, de postura moral. 
 
24 
 
11.1 A Ética na Filosofia 
Uma das configurações atribuídas à palavra Ética é de cunho filosófico. Nesse 
sentido, Ética, enquanto parte da Filosofia, refere-se a uma reflexão a respeito da 
moral, relacionada ao meio social em que está inserido o indivíduo. Assim, ela 
impulsiona o exercício crítico e reflexivo das bases moralistas, na busca da elucidação 
dos fatos morais. Desta forma, é notável que a Ética, na Filosofia, não oferece um 
código de normas, apenas incentiva o homem, como ser racional e social, a praticar 
o senso crítico e auto avaliativo, em suas atitudes e modo de agir. 
A ética não pode prescrever conteúdos ao agir, nem pode instrumentalizá-lo; 
não é seu papel fornecer soluções concretas ao agir humano. A ética precisa 
contar com a capacidade de os indivíduos encontrarem saídas plausíveis, 
racionais para o seu agir. A ética filosófica (formal e universalista) não pode, 
paternalisticamente, dizer o que o indivíduo deve fazer, prescrevendo ações; 
ela não pode se constituir em um receituário para a conduta cotidiana dos 
indivíduos, nem servir de desculpa para justificar seu agir mediante motivos 
puramente externos. A justa medida requerida pela ética não é extraída por 
intermédio de fórmula alguma; ela é medida qualitativamente, por isso requer 
mediania. (CENCI, 2002, apud SILVA, 2016, p. 30). 
Este é o principal pilar da diferenciação entre Moral e Ética, pois, para ela, toda 
moral é normativa, enquanto designada a ditar aos sujeitos os padrões de conduta, 
assim como os valores e costumes das sociedades das quais participam. Já a ética 
não é necessariamente normativa, e vem, em seguida, sistematizando a subdivisão 
de ética em normativa e não normativa, sendo que, normativa seria a ética de deveres 
e obrigações; e não normativa, seria a ética que tem como objeto de estudo as ações 
e paixões humanas, embasadas no ideal da felicidade, de acordo com o critério da 
relação razão - vontade – liberdade. 
(...) entre as tarefas da ética como filosofia moral são essenciais as que 
seguem: 1) elucidar em que consiste o moral, que não se identifica com os 
restantes saberes práticos (com o jurídico, o político ou o religioso), ainda 
esteja estreitamente conectado com eles; 2) tentar fundamentar o moral; ou 
seja, inquirir as razões para que haja moral ou denunciar que não as há. 
Distintos modelos filosóficos, valendo-se de métodos específicos, oferecem 
respostas diversas, que vão desde afirmar a impossibilidade ou inclusive a 
indesejabilidade de fundamentar racionalmente o moral, até oferecer um 
fundamento; 3) tentar uma aplicação dos princípios éticos descobertos aos 
distintos âmbitos da vida cotidiana. (CORTINA, 2010, apud SILVA, 2016, p. 
31). 
 
25 
 
Seria responsabilidade da Ética a definição da figura do agente ético e de suas 
atitudes, que corresponde ao sujeito consciente, que sabe o que são suas ações, 
sendo livre para escolher o que faz, e responsável pelas consequências de seus atos. 
E, neste mesmo sentido, o sujeito, desde que em perfeito estado de juízo, já possui a 
ideia do que é certo ou errado, em suas atitudes, orientados pelos códigos de conduta 
da sociedade em que vive, que definem como fazer. 
12 MORAL 
 
Fonte: asemananews.com.br 
A expressão moral deriva da palavra romana mores, com o sentido de 
costumes, conjunto de normas adquiridas pelo hábito reiterado de sua prática. São 
regras de conduta que regulamentam o comportamento do indivíduo na sociedade, 
garantindo o funcionamento, a estabilidade e a possibilidade de transformação da 
própria sociedade. 
A moral deriva da necessidade comum aos indivíduos de se relacionarem, 
buscando o bem para a coletividade, podendoser definida, também, como 
um conjunto de normas e regras, que tem a finalidade reguladora das 
interações entre os indivíduos, dividindo o mesmo espaço, em um mesmo 
tempo. (VÁZQUEZ,1984, apud SILVA, 2016, p. 34). 
A moral, dessa forma, consiste em um dado histórico mutável e dinâmico, que 
evolui conforme as transformações políticas, econômicas e sociais, tendo em vista 
 
26 
 
que a existência de princípios morais estáticos seria impossível. É a parte subjetiva 
da ética, que ordena o comportamento humano para consigo mesmo, além de 
englobar os costumes, obrigações, maneiras e procedência do homem, em convívio 
com os demais. Assim, a moral é compreendida na forma de uma conduta voluntária, 
isenta de pressões externas ao indivíduo, acrescida de uma listagem de normas de 
ação específica, estando então, implícita em códigos, normatizações e leis, que 
regulamentam a ação do ser humano, em meio social. 
Torna-se oportuno ressaltar que o objeto da Ética é a moral, vista como um dos 
aspectos do comportamento humano. É a moralidade positiva, é o conjunto de regras 
de comportamento e formas de vida, através das quais tende o homem a realizar o 
valor do bem. Sob essa vertente, moral e ética significam algo muito semelhante, 
sendo que a distinção conceitual existente não elimina o uso corrente das duas 
expressões como intercambiáveis. 
12.1 Componentes da vida moral 
Consciência – Liberdade – Responsabilidade Há fatores que eximem o homem 
da responsabilidade moral, como as coerções internas e externas. 
Características axiológicas: Nota-se na atividade axiológica três características 
fundamentais, a experiência: 
1) É sempre concreta. “Os valores são sempre vividos por um sujeito numa 
situação concreta”. 
2) Nunca existe sem um sujeito responsável envolvido nela. “Os valores 
nunca podem atingir-nos sem intermediário (testemunha), direto ou 
indireto”. 
3) Não acaba com a descoberta dos valores, mas é uma abertura a novas 
perspectivas de ação. 
A valoração sempre se refere a uma situação em que estamos envolvidos e 
que já está repleta de significações, daí que os valores escapam de um relativismo 
subjetivo; nossa tomada de consciência valorativa, crítica e criativa obriga-nos a 
uma definição em relação aos outros e não somente sobre nós mesmos. 
Os valores indicam ao mesmo tempo: os limites em relação aos quais 
podemos medir as nossa possibilidades e as limitações a que devemos nos 
 
27 
 
submeter. Estruturam o campo de nossa atuação. A valoração abre as seguintes 
perspectivas para a educação: 
1. Exigirá a participação ativa tanto do aluno como do professor (a valoração 
não tem como finalidade exprimir um juízo sobre algo, mas ser um trabalho que 
defina algo). 
2. Obrigará aos dois elementos da dupla aluno-professor a se abrirem um ao 
outro na intersubjetividade (diálogo/trabalho em comum). 
3. Fundamentará o projeto comum de dar sentido ao nosso mundo. Professor 
e aluno devem se submeter ao mesmo valor: a verdade. Assim a autoridade do 
professor será justa e aceitável, logo, legítima, se estiver servindo a este valor 
universal. 
Se o educador não gozar mais, a priori, de autoridade, isto não significa que 
ele não seja mais um mestre, mas sim, que ele pode manifestar a sua 
capacidade de demonstrar autoridade pela sua competência e pelo seu 
empenho profissional. (FURTER, 1972, apud BRANCO, 2004, p. 41). 
12.2 A filosofia e os princípios éticos 
Os filósofos tentaram determinar a boa conduta segundo dois princípios 
fundamentais: considerando alguns tipos de conduta bons em si, ou em virtude de se 
adaptarem a um modelo moral concreto. 
O primeiro implica um valor final, ou summum bonum, desejável por si próprio, 
e não apenas como um meio de chegar a um fim. Na história da ética, há três modelos 
principais de conduta: a felicidade ou prazer; o dever, virtude ou obrigação; e a 
perfeição, que é o completo desenvolvimento das potencialidades humanas. 
Dependendo do que estabelece a sociedade, a autoridade invocada para uma boa 
conduta pode ser a vontade de uma divindade, o modelo da natureza ou o domínio da 
razão. 
O hedonismo é a filosofia que ensina que o maior de todos os bens é o prazer. 
Já na filosofia em que a mais alta realização é o poder ilimitado ou absoluto, podem 
não ser aceitas as regras éticas geradas pelos costumes e serem propostas outras 
normas ou, ainda, as ações serem regidas por critérios outros, mais adequados à 
obtenção do domínio visado, buscando-se convencer os demais quanto à sua 
moralidade. 
 
28 
 
13 POLÍTICAS EDUCACIONAIS 
 
Fonte: medium.com 
As políticas educacionais fazem parte do grupo de políticas públicas sociais do 
país. Dessa forma, constituem um elemento de normatização do Estado, guiado pela 
sociedade civil, que visa garantir o direito universal à educação de qualidade e o pleno 
desenvolvimento do educando. 
No entanto, construir uma política pública eficiente, principalmente na área 
educacional, não é nada fácil. Com o intuito de servir para todos os cidadãos, cada 
qual com suas necessidades e anseios, as políticas educacionais precisam, 
obrigatoriamente, abranger uma série de variáveis. 
A sociedade é dinâmica e, por isso, a compreensão da função do Estado e das 
necessidades educacionais também muda ao longo dos anos. As políticas públicas 
de educação geralmente estão associadas aos momentos históricos de um país e do 
mundo e à interpretação de poder de cada época. 
No Brasil, elas são estabelecidas por um processo pedagógico nacional, no 
qual são discutidas as temáticas necessárias para garantir uma educação de 
qualidade, e apoiadas pela legislação. Exigem, ainda, a participação da sociedade 
como um todo — educadores, alunos, pais e governo. 
Normalmente, as políticas educacionais têm origem nas leis votadas pelo Poder 
Legislativo nas esferas federal, estadual e municipal, embora membros do Poder 
https://blog.unyleya.edu.br/insights-confiaveis/afinal-voce-sabe-o-que-sao-politicas-publicas/
 
29 
 
Executivo também possam propor ações nessa área. Aos cidadãos cabe participar 
dos conselhos de políticas públicas, que são espaços de discussão de demandas. 
Dessa forma, as políticas educacionais podem ser entendidas como um meio 
de construção de valores e conhecimentos que possibilitam o pleno desenvolvimento 
do educando, incluindo sua capacidade de se comunicar, compreender o mundo ao 
seu redor, defender suas ideias e exercer a cidadania. 
Ao estabelecer modelos educacionais concebidos pelos cidadãos e pelo 
governo, essas políticas públicas viabilizam a criação de uma sociedade apta para 
trabalhar, questionar e contribuir com o crescimento da nação — por isso, são de 
extrema importância para o país. 
Políticas públicas são ações de Governo, portanto, são revestidas da 
autoridade soberana do poder público. Dispõem sobre “o que fazer” (ações), 
“aonde chegar” (metas ou objetivos relacionados ao estado de coisas que se 
pretende alterar) e “como fazer” (estratégias de ação) (RODRIGUES, 2010, 
apud FERREIRA, 2015, p. 03). 
Embora haja distinção entre as práticas da política e da educação, estas se 
articulam, tendo influência no projeto de sociedade que se pretende implantar, ou que 
está em curso, em cada momento histórico, ou em cada conjuntura, projeto este que 
corresponde ao referencial normativo global de uma política. 
[...] a educação depende da política no que diz respeito a determinadas 
condições objetivas como a definição de prioridades orçamentárias que se 
reflete na constituição- consolidação-expansão da infraestrutura dos serviços 
educacionais etc.; e a política depende da educação no que diz respeito a 
certas condições subjetivas como a aquisição de determinados elementos 
básicos que possibilitem o acesso à informação, a difusão das propostas 
políticas, a formação de quadros para os partidos e organizações políticas de 
diferentes tipos, etc. (SAVIANI, 1986, apudGRACIANO, 2017, p.15). 
Dentro do projeto de sociedade do modo de produção capitalista, marcado pela 
contradição, as políticas sociais simbolizam as forças antagônicas da luta de classes. 
A classe dominante, que detém os modos de produção, beneficia-se do poder para 
explorar a classe trabalhadora, utilizando-se das políticas como: 
“[...] formas de manutenção da força de trabalho econômica e politicamente 
articuladas para não afetar o processo de exploração capitalista e dentro do 
processo de hegemonia e contra-hegemonia da luta de classes” (FALEIROS, 
1991, apud GRACIANO, 2017, p.15). 
 
30 
 
A melhoria da qualidade de ensino e a equidade educacional deveriam ser um 
dos principais objetivos da educação, mas dentro da contradição capitalista, direito de 
acesso não significa direito à permanência e/ou a ensino de qualidade. 
Para melhor compreendermos as políticas educacionais no contexto da 
sociedade neoliberal estruturamos o texto em três tópicos. O primeiro trata a respeito 
das Políticas da Infância e da Adolescência no Brasil contemplará a história das 
políticas, uma vez que para desvelarmos a influência neoliberal em nossas políticas 
precisamos compreender as relações estabelecidas entre os fenômenos sociais, 
políticos e econômicos durante a história da educação em nosso País e sua relação 
com o contexto mundial. 
Na sequência discute-se a inclusão educacional, no qual abordar a relação 
existente entre exclusão e desigualdade social, bem como a influência do currículo 
para instrumentalização e transformação da escola em um ambiente inclusivo. Por 
fim, intentamos demonstrar que investir em qualidade para a educação não é 
prioridade para a classe dominante, por esse motivo a lógica neoliberal de 
meritocracia e individualismo tem sido disseminado no espaço escolar, deixando aos 
professores o desafio de perceber suas nuances impedindo sua difusão. 
14 AS POLÍTICAS DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA NO BRASIL 
A noção de infância que adotamos em nossos dias, como período peculiar de 
nossas vidas, não é um sentimento inerente à condição humana, e sim, uma 
construção social que teve um olhar particular ao findar da Idade Média. Neste período 
já se percebia a fragilidade e limitações no conceito de criança, modificando assim os 
cuidados e as concepções acerca das mesmas. Essa mudança, associada a outros 
fatores, dentre eles as modificações econômicas e da família fez com que se tornasse 
necessário o desenvolvimento de políticas públicas de atendimento à infância. 
Dentre as principais influências nas transformações sociais e políticas no 
desenvolvimento da história dos direitos humanos e da defesa da educação 
popular encontram-se os pensadores dos séculos XVII e XVIII, com suas 
ideias acerca dos direitos naturais, inerentes à condição humana. Que 
culminaram com a ênfase nos direitos a liberdade e a igualdade, difundidos 
pela corrente de pensamento racionalista. É importante compreender que 
esse direito diz respeito ao aspecto valorativo da pessoa (DALLARI, 1994, 
apud GRACIANO, 2017, p.16). 
 
31 
 
A expansão da industrialização e a ascensão do capitalismo trouxe a 
necessidade de inserção da mulher e das crianças no mundo do trabalho, para 
auxiliarem na complementação da renda da família. As crianças não eram 
alfabetizadas, pois além da extensa rotina de trabalho, que girava em torno de 14 
horas diárias, não tinham direito ou oportunidade de acesso à educação escolar. Na 
contramão dos interesses do Estado a classe trabalhadora começou a reivindicar o 
direito à educação para sua prole, encontrando dificuldades, pois de acordo com o 
pensamento dominante: “Qualquer um a não ser que seja idiota sabe que as classes 
baixas precisam ser mantidas na pobreza ou nunca serão industriosas”. 
Acontecimentos importantes nessa luta também foram as revoluções 
burguesas, ocorridas nos séculos XVII e XVIII, na Holanda, Inglaterra e 
França, sendo que esta última teve seus ideais de “Liberdade, Igualdade e 
Fraternidade” difundidos por todo o mundo (DALLARI, 1994, apud 
GRACIANO, 2017, p.16). 
Para a classe dominante a educação popular implicava em risco, pois ensinaria 
as classes populares a pensar. Mas mesmo diante da ameaça, a necessidade de mão-
de-obra qualificada para manter as indústrias tornou a escola necessária, desde que 
se detivesse a ensinar o básico para a melhoria da produtividade. Por interessar a 
elite dominante, os ideais de cidadania advindos das revoluções burguesas foram 
difundidos durante o século XIX, legitimando os princípios liberais pautados no tripé 
burguês. Nesse momento histórico, nem todos os homens eram cidadãos ativos, ou 
seja, com direitos iguais de decisão. O poder econômico e político centrava-se na 
burguesia. 
Já no Brasil a história das políticas da infância e adolescência teve início no 
período em que ainda era colônia de Portugal (1500-1822), tendo sua estrutura 
econômica e política vinculada a metrópole portuguesa, sendo o poder mantido por 
meio da união entre os representantes da corte e da igreja católica. Das primeiras 
preocupações com o cuidado das crianças desprovidas de recursos originaram-se as 
casas de recolhimento, fundadas pelos jesuítas, com a finalidade de cuidar das 
crianças índias, batizando-as e preparando-as para o trabalho. 
Com a cultura escravocrata surgiram novas dificuldades relacionadas as 
crianças, uma vez que o custo de sua criação era maior do que a importação de mão 
de obra escrava adulta. Sendo o problema agravado pelos filhos ilegítimos nascidos 
 
32 
 
dos senhores com suas escravas ou índias (relações estas consideradas imorais), 
predestinando essas crianças ao abandono. Para sanar o problema, em 1726 foi 
proposto a estratégia de coletar esmolas na comunidade para acudir e internar essas 
crianças, sendo instalada em 1726, na Bahia a “Roda dos Expostos”, grande roda 
giratória para onde eram levadas às crianças abandonadas, mantendo os pais no 
anonimato. 
Durante os séculos XIX e XX a ideologia de caridade foi substituída pela 
ideologia filantrópica com a criação dos primeiros "institutos de atenção à criança". 
Sendo fundado em 1899, o Instituto de Proteção e Assistência à Infância no Rio de 
Janeiro, pelo Dr. Arthur Moncorvo Filho e o Instituto Disciplinar de São Paulo, criado 
em 1902. O Estado passou a ter papel ativo no atendimento a crianças e adolescentes 
privados de assistência que deveriam então submeter-se às suas determinações, para 
que não ameaçassem a sociedade, mas a família era responsabilizada pelo 
abandono. 
Em 1927 instituiu-se o primeiro Código de Menores que tratou de questões 
referentes a higiene da infância, bem como da delinquência, estabelecendo sobre a 
infância vigilância pública, classificando os menores em abandonados e delinquentes. 
Em 1941 o Estado interviu com a instalação de serviços de atendimento aos 
menores (SAM - Serviço de Assistência ao Menor e a FUNABEM - Fundação 
Nacional do Bem-Estar do Menor), objetivando que as crianças e 
adolescentes provenientes de famílias “despreparadas”, incapazes ou 
inexistentes tivessem uma educação adequada, tornando-se responsável 
pela assistência e proteção à infância (MARCÍLIO, 1998, apud GRACIANO, 
2017, p.17). 
 
Ao findar da Segunda Guerra Mundial a necessidade de combater injustiças, 
despertou o desejo de uma nova ética social. Este aspecto fez com que as nações se 
organizassem na Assembleia Geral em 1948, que originou a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos, base de uma ideia que hoje tem extraordinária importância 
para toda a humanidade – a de democracia. 
Assegurar os direitos e liberdades, bem como medidas progressivas de 
caráter nacional e internacional, que devem ser promovidas por meio do 
ensino e da educação é um ideal comum entre indivíduos e instituições 
(VIEIRA, 2001, apud GRACIANO, 2017, p.17). 
 
33 
 
Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a instrução elementare gratuita é um direito de todos, podendo os pais escolherem o gênero de instrução 
que será ministrada a seus filhos. No Brasil, o período do pós-guerra foi marcado pela 
luta em prol da universalização do ensino primário. O interesse pelo acesso à 
educação fez emergir campanhas de alfabetização para as massas, intensificando a 
cobrança de ações para prover recursos financeiros e fundamentar a política nacional 
de educação. 
Em 1959 a Organização das Nações Unidas - ONU proclamou a Declaração 
Universal dos Direitos da Criança. Esta Declaração foi o marco do avanço 
das “conquistas da infância”, pois, pela primeira vez na história a criança 
passou a ser vista como “prioridade absoluta e sujeito de Direitos” 
(MARCÍLIO, 2006, apud GRACIANO, 2017, p.19). 
Em 1964 a Lei 4.513 estabelece a PNBEM - Política Nacional do Bem-Estar do 
Menor, propondo que o assistencialismo seja executado pela FUNABEM – Fundação 
Nacional do Bem-Estar do Menor, intentando que a política de bem-estar de crianças 
e adolescentes assumisse um caráter nacional. Surgindo ao findar dos anos de 1970 
um movimento social com visão diferenciada a respeito das crianças e adolescentes, 
mostrando ser a prática de confinamento das instituições perversa e ineficaz. 
A década de 1990 marcou a luta pelo direito a educação para todos por meio 
da Declaração Mundial de Educação Para Todos. A estreita relação apresentada entre 
pobreza, analfabetismo e desigualdade social levou os países participantes da 
conferência a estabelecer metas para a ampliação da escolarização. 
Neste período no Brasil, passou a vigorar o Estatuto da Criança e do 
Adolescente - ECA, Lei n° 8.069/90 este teve como fundamento os princípios 
adotados pela Doutrina de Proteção Integral, defendida pela Organização das Nações 
Unidas e pela Declaração Universal dos Direitos da Criança, de 1959 — crianças e 
adolescentes passaram a ser projetados como sujeitos em desenvolvimento, tendo 
direito à proteção integral devendo ser-lhes assegurados oportunidades e facilidades, 
para facultar seu desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em 
condições de liberdade e de dignidade. De acordo com o artigo 227 de nossa 
Constituição Federal: 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao 
adolescente, com prioridade absoluta, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
 
34 
 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los à salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 1988, apud 
GRACIANO, 2017, p.20). 
Como reflexo lógico há imposição do dever ao Estado, à família e à sociedade 
de assegurar-lhes acesso a todos os bens da vida considerados fundamentais ao seu 
bem-estar presente e futuro e de destinar-lhes proteção integral, mantendo-os a salvo 
de toda e qualquer negligência, discriminação, violência, crueldade, opressão e 
exploração. Cabendo a família, a comunidade, a sociedade e ao Poder Público 
assegurar, que isso esses direitos sejam cumpridos. 
No âmbito da educação as décadas de 1990 e 2000 trouxeram em seu bojo 
propostas educacionais apoiadas por organismos internacionais (Banco Mundial e 
UNESCO) e políticas sociais nacionais para todos os níveis de ensino: a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9394/96, o Plano Nacional de 
Educação (2001), a implementarão do Fundo de Manutenção de Desenvolvimento do 
Ensino Fundamental - FUNDEF (1996). 
15 INCLUSÃO: ESCOLA PARA TODOS 
 
Fonte: neuroconecta.com.br 
A escolarização brasileira aumentou significativamente no século XX, sendo 
parte integrante da vida de todos os indivíduos e tendo importante papel para a 
 
35 
 
inserção social. O sucesso e/ou fracasso do indivíduo determinam sua inserção nos 
grupos sociais. 
A maneira mecânica e instrucionista como o currículo se organiza, com 
grande volume de matérias e conteúdos associada a ministração reprodutiva, 
tem trazido resultados insatisfatórios, sendo que “essa barbaridade, 
condenada frontalmente pelas atuais teorias de aprendizagem, não é, porém, 
questionada, porque se tornou cultura. Está na alma da escola e do professor” 
(DEMO, 2004, apud GRACIANO, 2017, p.21). 
Apesar do fracasso escolar ser um dos maiores focos de estudo e discussão, 
ele ainda não foi eficazmente solucionado no país. Se o fracasso escolar é um 
elemento resultante da integração de várias forças que englobam o espaço 
institucional (a escola), o espaço das relações (vínculos do ensinante e aprendente), 
a família e a sociedade em geral, estão diante de um novo desafio. Aos educadores 
cabe não somente aceitar, mas compreender e incluir os alunos que apresentam 
dificuldades de aprendizagem e familiares, auxiliando na formação de sujeitos críticos 
com perspectivas de futuro. Atualmente ainda temos alicerçados a noção de que a 
escola é um espaço de ensino, mas antes de tudo de promoção da justiça social, o 
que traz a emergência de redefinição de sua função social. 
Em busca da conquista de uma melhor qualidade de vida para todos faz-se 
necessário que as situações de exclusão sejam eliminadas e que as 
discussões para a elaboração das políticas sociais públicas contemplem a 
importância “das comunidades locais e regionais” (MAZZOTTA, 2005, apud 
GRACIANO, 2017, p.21). 
Nesse sentido, os principais documentos legais e normativos oficiais a partir da 
Constituição Federal como a Lei Federal no. 7853/89 (dispõe sobre a Política Nacional 
para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência), Lei no. 9394/96 (institui a Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), Decreto Federal no. 3298/99 
(Regulamenta a Lei 7853/89 e Institui a Política Nacional para a Integração da Pessoa 
Portadora de Deficiência), Lei no. 10.172, de 09 de janeiro de 2001 (aprova o Plano 
Nacional de Educação), Resolução CNE no. 02, de 11 de setembro de 2001 (institui 
as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica), tratam da 
inclusão de pessoas com necessidades educativas especiais. 
Inclusão significa ‘escola para todos’, Direito que toda criança possui e que 
requer empenho e articulação de todas as instâncias da sociedade. Educação 
Inclusiva exige o atendimento de Necessidades Especiais, não apenas dos 
portadores de deficiências, mas de todas as crianças. Implica trabalhar com 
 
36 
 
a diversidade, de forma interativa - escola e setores sensíveis. Deve estar 
orientada para o acolhimento, aceitação, esforço coletivo e equiparação de 
oportunidades de desenvolvimento. Requer que as crianças portadoras de 
necessidades especiais saiam da exclusão e participem de classes comuns. 
Para isso, é necessário um diagnóstico cuidadoso que levante as 
necessidades específicas de cada criança. (SCOTTO, 2005, apud 
GRACIANO, 2017, p.22). 
Apesar da aparente preocupação da Legislação em encontrar caminhos que 
tornem possível a prática da inclusão, esta não é a única esfera que precisa mover-
se neste sentido, pois seu sucesso também depende da mobilização da escola em 
trabalhar, esta diversidade. Isso pode ser feito por meio da incorporação da 
diversidade como eixo central da tomada de decisões, no projeto pedagógico, visando 
atender a todos alunos da comunidade, otimizando espaços e recursos. O currículo é 
um forte instrumento para que isso venha a ser alcançado, devendo esse ser amplo, 
flexível e aberto, abrangendo os aspectos cognitivos, afetivos e sociais. 
A educação de qualidade é um direito de todos, mas para que seja possível, 
precisa-se de práticas pedagógicas que estimulem o desenvolvimento da criatividade 
e do espírito crítico, que rompam com o pragmatismo dos conteúdos não limitando-se 
a perspectiva informativa e minimalista, que abrange somente o ensino da leitura, da 
escrita e das operações matemáticas simples, como é de interesse da classe 
dominante,por ser essa prática mais do que suficiente para o papel que delas se 
espera: o de subordinados. 
É fundamental que os alunos oriundos das classes populares sejam 
instrumentalizados para a leitura crítica da sociedade e possível transformação do 
mundo em que vivem. Para isso o currículo precisa ser reestruturado, a fim de 
contribuir com uma sociedade inclusiva, solidária e participativa, privilegiando valores, 
atitudes e conhecimentos do aluno, numa atitude preocupada em se opor aos valores 
competitivos, pautados na visão mercantilista e empresarial que atuam naturalizando 
o individualismo, o conformismo, a competição, a indiferença e, consequentemente, a 
exclusão. 
No contexto da sociedade capitalista em que predomina-se a meritocracia, a 
desigualdade torna-se positiva e natural e o currículo não prevê a 
necessidade dos socialmente em desvantagem, consolidando a exclusão 
daqueles que não se encaixam nos comportamentos apregoados pela 
ideologia dominante, tendo se transformado nas últimas décadas em um 
instrumento do apartheid social instituído pelas elites, legitimada por alguns 
educadores e agravada pela falta de mobilização da sociedade civil em prol 
 
37 
 
de uma escola pública de qualidade (CORTELLA , 2001, apud GRACIANO, 
2017, p.23). 
Cabe à escola integrar-se à comunidade a qual pertence, e fazer do currículo o 
grande articulador do trabalho pedagógico com o contexto social e cultural dos seus 
usuários. É de extrema importância no processo de inclusão a conscientização de que 
todos são pessoas que possuem diferenças e singularidades. Ao passo que há 
necessidades educacionais comuns, independentes da condição social, cultural e 
pessoal (que geralmente fazem parte do currículo escolar), há também uma bagagem 
pessoal, da qual fazem parte crenças, visão do mundo e interesses distintos, inerentes 
à cultura de origem do aluno. 
Entretanto não podemos incorrer no erro de aceitar o relativismo, mas é 
preciso defender valores e princípios que possam assegurar o 
desenvolvimento de todos os indivíduos, integrando as diferentes culturas e 
garantindo o acesso a um currículo comum (SACRISTÁN, 2002, apud 
GRACIANO, 2017, p. 23). 
Se a pretensão é educar para a autonomia e para a liberdade faz-se necessário 
que essas necessidades individuais, diferenças e diversidades sejam diagnosticadas 
e trabalhadas de forma a permitir ao aluno os meios de acesso ao currículo, 
respeitando o tempo de cada aluno e a capacidade de assimilação individual, não o 
privando do conhecimento, mas procurando estratégias de ensino diferenciadas para 
atingir os objetivos propostos no currículo. 
Os problemas que apresentam para o currículo escolar a igualdade, a 
autonomia, a liberdade, as diferenças entre os seres humanos o sujeito, etc., 
não se esgotam na escolha de conteúdos de aprendizagem, porque são 
conceitos carregados de significados que vão informar o discurso, as políticas 
e as práticas educativas para todos os níveis (SÁCRISTÁN, 2002, apud 
GRACIANO, 2017, p.24). 
É também importante ressaltar que as transformações no ensino perpassam 
pela prática educativa, da qual o professor é parte integrante. O que implica em 
repensarmos a formação docente, preparando e conscientizando o professor desses 
processos, para alcançarmos uma inclusão social efetiva e a melhoria da qualidade 
da educação. 
 
38 
 
16 AS REFORMAS DA EDUCAÇÃO: POLÍTICAS DE RESULTADOS E O MODELO 
DE MERCADO 
 
Fonte: /theintercept.com 
No final da década de 1970 surgem nos países desenvolvidos atividades que 
demandam produtividade e eficiência em meio às práticas sociais. A globalização e o 
desenvolvimento tecnológico são fatores que nortearam os rumos da sociedade e 
ocasionaram mudanças significativas nas práticas cotidianas das pessoas e das 
instituições públicas e privadas. 
O acesso e a aceitação de um novo modelo social significaram rupturas com o 
que até então estava estabelecido e proporcionou aos países em desenvolvimento e 
os subdesenvolvidos a tentar se adaptarem a esses novos modelos para ter acesso 
ao conhecimento, ao comércio e a lógica mercantilista. A recente reestruturação de 
sistemas educacionais pode ser explicada de forma correta recorrendo-se ao 
entendimento da globalização. 
Desse modo, para compreender como se deu o desenvolvimento das reformas 
nas políticas educacionais, faz-se necessário analisar o processo da globalização e a 
sua relação com a educação no contexto social. A partir do fenômeno da globalização, 
a educação foi tomando novos rumos e consequentemente, a influência desta incidiu 
em várias consequências, entre elas, políticas educacionais formuladas por empresas 
multilaterais que visavam à formação dos sujeitos para a atuação no mercado de 
 
39 
 
trabalho, à mão de obra barata, desqualificada, à procura do lucro e, assim, 
ressignificando o papel social da educação. 
A “globalização” é frequentemente considerada como representando um 
inelutável progresso no sentido da homogeneidade cultural, como um 
conjunto de forças que estão a tornar os estados-nação obsoletos e que pode 
resultar em algo parecido com uma política mundial, e como refletindo o 
crescimento irresistível da tecnologia da informação. (DALE, 2004, apud 
SILVA, 2019, p. 262). 
A globalização está voltada para a homogeneização da cultura em que os 
estados-nação perdem sua força, sua contribuição na sociedade e, por sua vez, o 
crescimento da tecnologia da informação colaborou para o fenômeno da globalização 
e da homogeneização das culturas. Na abordagem denominada de “Agenda 
Globalmente Estruturada para a Educação”, destaca-se que a globalização “é vista 
como sendo construída através de três conjuntos de atividades relacionadas entre si, 
econômicas, políticas e culturais”. 
A globalização é um conjunto de dispositivos político-econômicos para a 
organização da economia global, conduzido pela necessidade de manter o 
sistema capitalista, mais do qualquer outro conjunto de valores. A adesão aos 
seus princípios é veiculada através da pressão económica e da percepção do 
interesse nacional próprio (DALE, 2004, apud SILVA, 2019, p. 263). 
A manutenção do sistema capitalista como elemento principal da globalização, 
pois por meio do capitalismo a economia global cresce acentuadamente. Dessa forma, 
pode-se inferir que a globalização perpassa por interesses que estão voltados para o 
crescimento socioeconômico do país. Assim, a educação é o principal setor afetado 
por este fenômeno, a fim de assegurar que as pessoas inseridas no âmbito escolar, 
tenham uma formação pautada nos interesses da lógica da economia e do mercado. 
A globalização, longe de ser consensual, é um vasto e intenso campo de 
conflitos entre grupos sociais, Estados e interesses hegemónicos, por um 
lado, e grupos sociais, Estados e interesses subalternos, por outro; e mesmo 
no interior do campo hegemónico há divisões mais ou menos significativas. 
(SANTOS, 2002, apud SILVA, 2019, p. 263). 
Nesse sentido, a globalização é um fenômeno complexo, instituído por conflitos 
e por interesses de diversos grupos hegemônicos e subalternos da sociedade, 
configurando-se em um campo de lutas, de tensões, de entraves e de dilemas, em 
que cada grupo tem seus interesses e seus objetivos na estruturação de uma política 
 
40 
 
governamental. Assim, o processo de globalização mostra que estamos perante um 
fenômeno multifacetado com dimensões econômicas, sociais, políticas, culturais, 
religiosas e jurídicas interligadas de modo complexo. 
A partir da década de 1990, no Brasil, aconteceram algumas mudanças nas 
quais ocasionaram um novo modelo de sociedade por meio da concepção política do 
neoliberalismo. O modelo neoliberal tem como princípio possibilitar que as pessoas 
tenham autonomia para desenvolverem suas atividades educativas, de saúde e de 
lazer sem o auxílio do Estado, pois até então havia uma defesa de que o Estado seria

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