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Aula 03 O Estado como entidade representativa da centralidade mundial

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Geografia política, econômica e industrial 37
3
O Estado como entidade 
representativa da 
centralidade mundial 
Introdução
A convivência das pessoas, no trabalho, em casa, na faculdade etc. é baseada em 
um conjunto de regras. Na sociedade, de maneira geral, o Estado é elemento funda-
mental como gestor, pois ele cria e remodela o conjunto de leis que regem a vida das 
pessoas e das empresas.
Então, toda a conjuntura de nossas necessidades, nossos sonhos e vivências tem 
como base o Estado na sua representação. Isso reflete um conjunto de elementos 
que norteiam as atividades comerciais e reguladoras urbanas e as necessidades dos 
municípios.
Sabemos que todas as nossas rotinas sociais, desde a compra da passagem de ôni-
bus até a observação de limite de velocidade, são baseadas no conjunto de normas da 
constituição estadual e federal. Muitas vezes, somos obrigados a enfrentar condições 
adversas na sua implementação, mas elas são regras sociais.
O Estado como entidade representativa 
da centralidade mundial3
Geografia política, econômica e industrial38
Isso pode ser extrapolado a outras instâncias, que também seguem um conjunto de leis 
e podem influenciar nossa rotina. Um conflito armado pela questão de energias (petróleo) é 
regulado pela “mão grande” dos gestores; essa representação é papel do Estado como gestor 
dos conflitos mundiais.
Assim, neste capítulo, conceituaremos as contradições do Estado na regulamentação e 
de nossas vidas.
3.1 Estado como gestor
Vamos elencar neste capítulo a importância do planejamento das ações do Estado no 
gerenciamento das atividades que são de primeira ordem e resultam da necessidade primei-
ra, no contexto social e econômico de um município, estado e nação.
É da natureza do Estado a responsabilidade para com seus cidadãos, gerindo o que for 
necessário para garantir a plenitude de ascensão social econômica e de qualidade de vida. 
Assim, “o Estado é o responsável pelas condições para o desenvolvimento da pessoa huma-
na de forma digna, e cabe a ele oferecer os meios necessários para o pleno desenvolvimento 
da pessoa humana” (SOARES, 2010, p. 13). 
A evolução histórica do Estado e suas contradições, incluindo as lutas de classe, nunca 
foram e nunca serão homogêneas. Nesse sentido,
O Estado, suas leis e suas políticas, são sempre a expressão do poder presente 
nas formas sociais de intermediação política entre a sociedade e o Estado, mas o 
poder que encontramos na nação, na sociedade civil e nas coalizões de classe está 
longe de ser o poder do conjunto dos cidadãos iguais perante a lei. (BRESSER-
PEREIRA, 2017, p. 155)
O cidadão, que historicamente foi explorado pelo capital, vê-se agora na mão do gestor 
macro, o Estado e as desigualdades entre as classes foram implementadas em um sistema 
oligárquico perverso em tempo histórico. Muitas nações desenvolvidas vêm tentando miti-
gar essas distorções ao longo das décadas, entretanto, o efusivo sistema econômico, quando 
não explora, aprofunda as desigualdades.
É necessário compreendermos que o Estado é, como gestor, responsável pela organiza-
ção e ordenamento territorial, formulando e modificando as leis, atendendo aos anseios e as 
necessidades sociais econômicas e ambientais, com propósito de desenvolvimento.
A evolução do Estado e da pessoa humana, que têm sido por séculos objeto de 
legitimidade da criação ou modificação de alguns Estados, que surgiram com o 
objetivo de desenvolver a pessoa humana, para que, com isso, a existência desse 
modelo de Estado seja totalmente voltada às necessidades de sua população, 
através da efetivação das políticas públicas, principalmente a de saúde e de edu-
cação, de forma legítima e responsável, promovendo um desenvolvimento real e 
sustentável de toda a sociedade. (SOARES, 2010, p. 11)
O Estado como entidade representativa 
da centralidade mundial
Geografia política, econômica e industrial
3
39
O Estado então surge como conceito, criador das leis que regem a vida dos cidadãos, da 
economia e regulador do uso integrado das energias e do meio ambiente.
Diante disso, agora o Estado está organizado, pois foram evidenciados os elementos 
mais importantes e de primeira necessidade. Vamos elencar pontualmente elementos de 
gerenciamento do Estado com fiscalização do cidadão:
1. Educação, em todos os níveis.
2. Segurança e soberania nacional.
3. Saúde, com prioridade a crianças e adolescentes, atendendo ainda o Estatuto 
do Idoso.
Diante disso, em um Estado com políticas neoliberais intensas – como é o caso do Brasil 
atual –, esses são os três e mais importantes eixos, pois atualmente existem instituições re-
guladoras com interesse nacional, mas que não estão mais sob o domínio estatal. É o caso 
de rodovias, portos, aeroportos, sistemas de telefonia e produção e distribuição de energias.
Cabe aqui lembrar que o neoliberalismo é focado em “fundamentar a estrutura de mer-
cado, no qual o indivíduo, enquanto proprietário, deve se encontrar livre” (HOLANDA, 
2004, p. 58).
No Brasil, essas evidências têm se tornado incisivas nas políticas do Estado como ges-
tor, pois fomentam a economia de mercado. Entretanto, o capital especulativo está sendo 
valorizado em detrimento do capital produtivo, sobrepondo-se às políticas de Estado.
Na função do Estado brasileiro, como sistema organizacional, as políticas de favoreci-
mento do capital têm histórico que remonta a 1994, com a abertura dos portos ao interesse 
internacional e, na sequência, a telefonia e as empresas de mineração.
Um dos elementos que deve ser prioridade do Estado como gestor é a formação in-
condicional do indivíduo, já que a economia “liberal” carece cada vez mais de mão de obra 
qualificada, a fim de aumentar seu potencial produtivo. Os Estados-nação “[...] promovem 
essa integração cultural e política através da educação pública, transferindo para todos os 
conceitos e a prática da produtividade, que é essencial para o desenvolvimento econômico” 
(BRESSER-PEREIRA, 2017, p. 159).
Nesse sentido, em uma economia na qual o povo foi esquecido do ponto de vista da edu-
cação sofre em termos absolutos na produção, sobretudo nas áreas que demandam maior 
formação técnica e científica, como tecnologia, robótica, microeletrônica e computacional.
Outro vislumbre sobre isso é que, no Brasil, o Estado tem feito divisões nas áreas educa-
cionais, promovendo o flagelo das universidades públicas e a fragilização do Ensino Médio, 
com caráter técnico formador de mão de obra.
Cabe ressaltar, ainda, que o cerceamento das atividades produtivas de tecnologia no 
Brasil faz parte de um contexto único. Em Campinas, no estado de São Paulo, está localizado 
nosso único tecnopolo, local onde se exige a disseminação do desenvolvimento de técnicas 
e tecnologias para atender às demandas econômicas e à evolução das indústrias e entidades 
que utilizam tecnologia em suas atividades, sobretudo para as áreas aeronáutica e espacial.
O Estado como entidade representativa 
da centralidade mundial3
Geografia política, econômica e industrial40
Por exemplo, o avião Tucano desenvolvido no Brasil pela Embraer para fins militares, 
possui aviônica estadunidense, pois só poderia ser exportado se tivesse em seu pacote a 
tecnologia de localização americana. Essas políticas de gestão de Estado comprometem, na 
maioria das vezes, a indústria interna, pois fabricamos com interesses internacionais, favo-
recendo o mercado externo em detrimento da população local.
Com demandas externas, a economia sempre estará à mercê dos interesses do “debate 
liberal, que é a base do Estado Liberal, no qual o interesse social é sobreposto pela liberda-
de individual, criando um conflito de interesses entre o bem de um sobre o bem de todos” 
(SOARES, 2010, p. 17).
Nessa lógica, geradora de novas demandas à sociedade, a responsabilidade por ga-
rantir questões sociais, como segurança, saúde e educação, sempre foi do Estado. A ini-
ciativa privada ainda não conseguiu supri-las de modo integral, mesmo em economias 
imperialistas.Da forma com que se apresentam no modelo econômico, essas questões nos 
parecem muito recentes na história da gestão do Estado brasileiro, por isso, não há inte-
resse em seu suprimento, mesmo que seja um processo lento e de profunda transformação 
nos ideais da sociedade.
Existe um vislumbre nas políticas públicas do povo brasileiro, que está focado em uma 
economia liberalizante como sonho. Entretanto, em um país de mais de 207 milhões de ha-
bitantes, com contrastes sociais intensos e muitas regiões ainda carentes de investimentos 
nas áreas de infraestrutura, educação, industrialização, no qual o primeiro setor da econo-
mia é regra, ou seja, a base da organização econômica ainda é extrativista e agrícola, como 
acreditar que a população investirá em um plano de saúde, em uma previdência privada ou 
em um curso superior, se seus ganhos econômicos mal dão conta do sustento familiar? Para 
agravar esse quadro, a aposentadoria também se torna incerta, em um contexto de garantias 
sociais que o Estado deveria suprir.
Vejamos o seguinte:
Isso pode ser facilmente observado no dualismo que se demonstra entre o mer-
cado e as necessidades sociais, onde [sic] as teorias contratualistas (com ênfase 
na sociedade), e as teorias coletivistas (com ênfase no Estado) são base para o 
aparecimento de outro dualismo que trata da concepção moral (idealismo e uni-
versalidade) e a concepção social (materialismo e historicidade) do Estado. Desta 
forma, o Estado se caracteriza pela razão e o bem comum. (SOARES, 2010, p. 17)
O Estado tem o papel de zelar pelo bem comum em detrimento do individualismo de 
mercado. As questões sociais são mais importantes se pensarmos do ponto de vista do cole-
tivismo, pois ter uma população com melhores níveis de educação é fundamental, inclusive 
para o mercado capitalista. No entanto, conforme as teorias liberais clássicas, isso só é possí-
vel se os próprios indivíduos tiverem condições de pagar seu curso superior. Apenas depois 
dessa formação, eles estarão disponíveis para o mercado de trabalho. Assim, alcançarão o 
mérito necessário para o mercado, adquirindo uma base de conhecimentos suficientes para 
a sociedade de consumo ou sendo capazes de usar do próprio esforço para se inserirem 
nessa lógica econômica.
O Estado como entidade representativa 
da centralidade mundial
Geografia política, econômica e industrial
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3.2 O Estado e sua representação 
A figura paterna do Estado, que supre todas as demandas sociais, sempre foi uma falá-
cia e sempre será. De acordo com um pensamento marxista incutido na sociedade, as pes-
soas acreditam que tudo é dever e responsabilidade do Estado, imaginando-o como “Estado 
supridor”. No entanto, isso deve deixar de existir em breve, pois a tendência neoliberal de 
reorganização das políticas econômicas surgiu, em nosso país, com raízes no imperialismo 
oligárquico, no qual grandes famílias comandam historicamente grupos políticos, e esse 
contexto se reflete nas políticas sociais.
Apesar de uma transformação constitucional intensa não ter sido efetuada, as pequenas 
mudanças vão, em curto prazo, fazer uma profunda alteração nas relações de trabalho, dan-
do à sociedade mais responsabilidades.
Após a Segunda Guerra Mundial, o Estado passou a fixar políticas sociais a fim de 
melhorar as condições gerais da população. O governo era visto como um agente político 
ou uma agência social, transformando suas políticas em medidas de bem-estar, com a im-
plementação de seguro saúde, contagem de acidentes de trabalho, pensão e aposentadoria.
Em 1960, todos os países desenvolvidos ocidentais haviam aceitado a doutrina 
pela qual o governo é o agente adequado para todos os problemas sociais e to-
das as tarefas sociais. Na verdade, a atividade privada na esfera social tornou-se 
suspeita dos assim chamados liberais, que a consideravam reacionária ou discri-
minatória. (DRUCKER, 1993, p. 89)
As transformações sociais assistencialistas tiveram seu tempo, e a economia liberal, ba-
seada no capitalismo, ganhou vulto. Assim, a sociedade de consumo almejada pela política 
norte-americana aflora na América Latina como postulado de ocupação, sem precisar gastar 
milhões em tecnologias armamentistas.
De acordo com essa concepção, uma democracia com poderes limitantes e limitados 
deve ter a atuação de um gestor de Estado que:
Mantenha a lei e a ordem, defina o direito de propriedade, sirva de meios para 
modificação dos direitos de propriedade e outras regras do jogo econômico e 
julgue disputas sobre a interpretação das regras, reforce contratos, promova a 
competição, forneça uma estrutura monetária, envolva-se em atividades para 
evitar monopólios técnicos e evite os efeitos colaterais considerados como sufi-
cientemente importantes para justificar as intervenções do governo, suplemente 
a caridade privada. (FRIEDMAN, 1998, p. 39)
Assim, o Estado com funções múltiplas é agora um mediador dos interesses do capita-
lismo, baseado na propriedade privada. Todas as ações governamentais devem ser regidas 
por normas previamente estabelecidas e divulgadas. 
Permite-se, desse modo, que o conjunto da sociedade tenha plena consciência das for-
mas de planejamento do governo e suas políticas, de como e quando os indivíduos poderão 
usufruir dos direitos que lhes são garantidos, sabendo que estes são poderes coercitivos, 
O Estado como entidade representativa 
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Geografia política, econômica e industrial42
mas que lhes permitem planejar suas atividades e exercer sua liberdade, conscientes de que 
essas ações são norteadas pelo conjunto das regras do jogo.
Desse modo, o neoliberalismo defende o Estado de direito como configuração para ga-
rantir certa ordem que possa atender às necessidades impostas, já que tudo está submetido 
ao poder de coerção do Estado.
Esse vislumbre de um Estado gestor é suplementado pela transfiguração constitucional 
na forma de decretos de leis que modificam os direitos da sociedade e, na prática, modifi-
cam uma construção histórica, já que no neoliberalismo as ações governamentais seguem a 
cartilha do modelo da sociedade de consumo. Então, o Estado como figura de representa-
ção foi substituído por grupos com interesses escusos aos interesses sociais. No entanto, o 
Estado deve, ou deveria, na condição de Estado democrático de direito,
criar um pacto de políticas democráticas, valores e princípios que seriam fixados 
em seu modelo constitucional, sendo que os direitos humanos, como também os 
direitos sociais, são parte integrante dessa nova legislação. Os valores e princí-
pios desse novo modelo de Estado reorganizaram as funções e as competências 
do Estado sob o pretexto de que o Estado agora não iria intervir de forma única 
na economia; ele deveria intervir, contudo, de forma democrática, respeitando 
os direitos individuais e procurando uma interação entre o coletivo e o privado, 
na busca pelo bem da população. (SOARES, 2010, p. 23)
Nesse contexto, voltamos a falar da China. País asiático com poderio econômico e po-
pulacional, que possui o controle estatal de pelo menos duas grandes petroleiras mundiais, 
apresenta políticas de ampliação de sua matriz energética e tem realizado reformas que 
buscam coibir a corrupção em todos os níveis de gestão do Estado. Assim, grandiosos feitos 
na política industrial, mesmo que com contrastes sociais intensos, buscam no modelo edu-
cacional uma alternativa para implantação e aceleração de sua planta de desenvolvimento 
econômico.
Essa economia de Estado, pautada na solução dos problemas sociais, geração de empre-
gos, modernização da indústria, diversificação da matriz energética e implantação de par-
ques tecnológicos e tecnopolos, atualmente é a terceira na corrida espacial, inclusive como 
parceira do Brasil no desenvolvimento de satélites.
Com uma política comercial fugaz, porém sem deixar sua função primordial de propor-
cionar o bem-estar social da população, “a China não tem medo ou vergonha de copiar ou 
melhorar tudo que deu certono Ocidente. Investiu maciçamente em educação, na preserva-
ção de sua identidade cultural, na valorização de sua história e, principalmente, na formação 
de cientistas” (OLIVEIRA, 2008, p. 5). 
Nesse contexto, se a China buscar melhorar sua abertura econômica, poderá em pou-
co tempo ser a maior economia do mundo, caracterizando-se como poder hegemônico do 
Oriente. Isso pode ofuscar o domínio estadunidense e de alguns países europeus.
Podemos observar, então, que o Estado como figura representativa, quando responde 
às mudanças do comportamento global, pode atender aos interesses de todos, tanto em rela-
ção ao universo capitalista quanto no que diz respeito às necessidades sociais.
O Estado como entidade representativa 
da centralidade mundial
Geografia política, econômica e industrial
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Isso ocorre quando há melhoria nas condições de ensino, com formação de técnicos e 
cientistas, modernização das plantas industriais, sobretudo com a valorização das indús-
trias de transformação, colocando a força do Estado a serviço da nação, reforçando o con-
tingente de novos trabalhadores, que podem assim ascender em termos econômicos e de 
potencial consumidor. Por outro lado, as políticas liberalizantes provocam diferenças, sendo 
que “os neoliberais reconhecem que o Estado de direito produz desigualdade econômica” 
(HOLANDA, 2004, p. 42), já que grupos são privilegiados em detrimento de outros.
3.3 Papel do Estado como gestor 
dos conflitos mundiais 
Na Primeira Guerra Mundial, no ano de 1915, o transatlântico RMS Lusitania – na épo-
ca, de última geração – foi afundado pelos alemães, pois eles haviam declarado guerra irres-
trita à Inglaterra e, assim, todo navio – mercante ou de passageiros – que se aproximasse da 
costa inglesa seria abatido.
Na época, os EUA não tinham interesse em conflitos internacionais, inclusive eram con-
tra demandas bélicas, e o presidente estadunidense Woodrow Wilson (1856-1924), mesmo 
sabendo das ameaças alemãs a quem adentrasse o território de conflito, permitiu que o na-
vio rumasse em sua viagem. 
Em sua decisão de deixar o navio zarpar, mesmo sabendo das tensões que se abatiam 
sobre a Europa, o então presidente utilizou o argumento do livre-arbítrio, dizendo que todo 
cidadão americano que quisesse viajar pelo mundo deveria exercer seu direito. Contudo, 
alertou ao comandante do navio e aos passageiros sobre a tensão regional e para que não 
embarcassem na aventura náutica. O resultado foi catastrófico: um chefe de Estado, com sua 
decisão política, fez com que centenas de estadunidenses morressem no dia do naufrágio, 
pois o navio foi torpedeado por um submarino alemão (SINKING..., 2017).
Esse fato histórico deixa claro que o Estado deve garantir a segurança de seu povo mes-
mo não estando em seu território. Nesse sentido, o Estado tem a maior responsabilidade de 
segurança e proteção à sua população, incondicionalmente.
Cabe ao Estado tomar decisões políticas que possam proteger a integridade econômi-
ca e física dos cidadãos e a soberania nacional, pois são assegurados constitucionalmente 
direitos a estes, mas também deveres para com seu país. Assim, nas nações democráticas, 
não importando o regime econômico, o Estado deve dar garantias de que, como represen-
tante do povo, busca parâmetros norteadores para que exista equilíbrio social, com base nos 
direitos humanos universais. Nesse contexto, o Estado prioriza o atendimento a crianças, 
adolescentes e idosos, destinando estatutos específicos a eles, e garantias de estabilidade 
política e econômica.
Desse modo, o Estado, do ponto de vista da representatividade, é tido e respeitado 
como autoridade suprema, dando base à lei universal. É, ainda,
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Geografia política, econômica e industrial44
a instituição organizacional e normativa dotada de poder coercitivo. É, por um 
lado, a ordem jurídica à qual cabe o papel de coordenar e regular toda a ati-
vidade social, e, por outro, o aparelho formado por oficiais públicos (políticos 
e burocratas e militares) dotados do poder exclusivo e extroverso de legislar e 
tributar. Poder “extroverso” porque o Estado é uma organização que tem poder 
para regular a vida social, econômica e política de quem não é seu membro dire-
to: os cidadãos. (BRESSER-PEREIRA, 2017, p. 163)
É papel do Estado resguardar a integridade da sociedade e dar possibilidade de vida 
plena aos seus integrantes, garantindo direitos constitucionais, como saúde, segurança e 
educação, em todas as esferas de governo (federal, estadual e municipal).
Na organização mundial, é garantido aos Estados o direito de exercício de sua sobera-
nia. No Brasil, está resguardado o direito de defesa a toda invasão de território por terra, 
mar ou ar. Nossa defesa é composta por força área, exército e aeronáutica, indivisíveis, já 
que compomos o mesmo território, o mesmo povo e a mesma cultura. Por mais que existam 
“poderes” paralelos – a mídia, por exemplo –, o Estado deve ser superior, soberano e uno, 
pois os poderes que o compõem (Executivo, Legislativo, Judiciário) exercem força do ponto 
de vista de organização política e econômica, não apenas de modo autônomo, mas sim em 
conjunto, fazendo parte de um todo. É notório que sua soberania nunca perderá essa condi-
ção – não havendo, portanto, uma soberania com prazo determinado –, e ela é inalienável, 
ou seja, não se pode transferir a soberania para outro Estado ou organização (ALVES, 2012). 
Assim, está garantido a cada poder sua autonomia, mas compondo um todo democrá-
tico sob um poder soberano. Ou seja, cada poder responde ao outro quando houver a real 
necessidade e todos estão a serviço da nação. Toda sociedade precisa de um instrumento 
político para a realização do que entende serem objetivos políticos ou destino comum. “O 
conceito de ‘destino comum’ é amplo, mas envolve sempre três objetivos fundamentais: 
autonomia nacional ou segurança externa, ordem pública interna e desenvolvimento econô-
mico” (BRESSER-PEREIRA, 2017, p. 171).
Ainda sobre a organização de direitos no contexto mundial, podemos destacar não ape-
nas a autonomia desses poderes, mas também que eles formam um conjunto de regras que, 
na maioria dos casos, corrobora o direito internacional, de acordo com os direitos humanos 
universais. O Estado nacional, com base no direito internacional, é mecanismo de constru-
ção e ação coletiva da sociedade, sendo que, de acordo com Bresser-Pereira:
É através dele e da ação política (que é sempre uma ação coletiva) que a socieda-
de politicamente orientada sob a forma de nação ou de sociedade civil alcança 
seus objetivos políticos. Listo sempre cinco deles (segurança, liberdade, desen-
volvimento econômico, justiça social e proteção do meio ambiente), enumerados 
na ordem histórica aproximada em que se tornaram objetivos sociais, mas o mais 
importante deles, porque acaba de alguma forma englobando os demais, é o da 
segurança ou da proteção dos cidadãos. (2017, p. 164)
Podemos perceber, desse modo, que o Estado, na mediação dos conflitos, deve obriga-
toriamente utilizar da prerrogativa do direito internacional.
O Estado como entidade representativa 
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Geografia política, econômica e industrial
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O Estado, na condição de soberano, deve garantir que todos os cidadãos estejam prote-
gidos, quer seja dentro do seu território, “Estado-nação”, quer seja em qualquer outra parte 
do mundo, pois o direito internacional e os acordos de direitos humanos têm prerrogativas 
que dão suporte à tese de respeito à soberania – a não ser que o indivíduo, ou país, atente 
contra as leis daquela nação, com ato criminoso ou invasão de território que violem os acor-
dos internacionais.
Nesse contexto, no caso de ato infracional que atente contra a segurança nacional ou as 
leis do país (tanto de uma pessoa quanto de um Estado), um tribunal internacional deve ser 
agenciado para mediar o conflito. Se o ato for contra um indivíduo, a nação de origemdeve 
intermediar as negociações.
A negociação e a mediação têm sido os mecanismos que mais tem atraído a aten-
ção dos atores internacionais no processo de gerenciamento e resolução de con-
flitos. Na contemporaneidade, os conflitos são permeados por uma sofisticação 
e uma capacidade bélica altamente destrutiva, que poderia tornar um litígio do-
méstico em uma ameaça internacional. Nesse contexto, a mediação surgiu como 
uma alternativa para a resolução de conflitos por vias pacíficas e que oferece 
uma maneira eficaz de lidar com as diferenças entre os Estados antagônicos. 
(FREITAS, 2014, p. 18 apud BERCOVITCH, 1991, p. 737)
Nesse sentido, todo processo de mediação surge por conta de um conflito, que mui-
tas vezes vai além das vias de fato, como em muitos casos no Oriente Médio ou na África 
Subsaariana. Assim, a mediação torna-se fundamental, passando por um tribunal qualifica-
do, no qual as partes poderão ou não ser ouvidas, haja vista os conflitos de interesse. Nesse 
sentido, o processo é acompanhado pelas partes interessadas, já que um conflito internacio-
nal pode resultar em reciprocidade de aplicação de leis.
Conclusão 
Neste capítulo, estudamos o Estado como regente empoderado de força política, já que 
as demandas sociais não são mais sua prioridade, em consequência das políticas neolibe-
rais de maneira geral. As demandas capitalistas, por mais excludentes que sejam, forçam o 
Estado a gerir leis para uso a seu bel-prazer.
O Estado como órgão regulador tem o papel primordial de garantir as demandas pró-
prias do capitalismo, suplementando as leis que são necessárias para o uso e a ocupação de 
todas as formas da natureza, do material humano como força do trabalho e da gestão políti-
ca, que segue o comando do empresariado.
Outrossim, o Estado como gestor ainda tem a responsabilidade de garantir a sobrevi-
vência social, em todas as instâncias, seja na elaboração e reformulação das leis que regem 
o modelo educacional, seja na exploração das riquezas minerais e florestais ou na garantia 
de um potencial de exploração energética. Afinal, esse mesmo Estado tem carências de de-
senvolvimento histórico e, para supri-las, precisa de novas áreas de produção de energias e 
parque industrial diversificado.
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Verificamos que as economias globalizadas, como no caso do Brasil e da China, apre-
sentam vieses diferentes, pois as duas nações têm regimes econômicos diferentes, valores, 
história e culturas diversas, mas seguem a mesma lógica econômica, com o Estado gestor 
fortalecendo parcerias comerciais, não deixando em nenhum momento que suas soberanias 
sejam afetadas.
Estudamos também que as políticas de Estado para a nação atendem a um conjunto de 
leis internacionais, asseguradas nos direitos humanos universais e nos acordos comerciais, 
de acordo com os mesmos fundamentos, valorizando a negociação entre os países.
 Ampliando seus conhecimentos
O Estado tem papel importante na organização territorial; percebemos isso na 
vida social diária, já que tudo é sistematizado por um conjunto de leis. Sob essa 
ótica, o mundo agora globalizado vive uma realidade de conflitos territoriais, 
mapeando confluências sociopolíticas, econômicas e, principalmente, milita-
res. Nesse sentido, leia o texto a seguir, que apresenta mais sobre esse assunto. 
A gestão de conflitos: uma introdução 
à problemática
(BERNARDINO, 2013, p. 165-166)
Se pretendermos caracterizar a situação internacional atual, podemos afir-
mar que esta permanece volátil, incerta e muito complexa, como resultado 
das características de um sistema global marcado pela heterogeneidade 
de modelos políticos, culturais e civilizacionais, conduzindo recorrente-
mente ao surgimento de conflitos regionais.
[...]
Com o final da Guerra-Fria, a perspectiva da resolução de conflitos tem 
vindo a mudar, principalmente porque a “relação entre as superpotências 
da guerra-fria fez desaparecer o mito dos conflitos regionais pela ideolo-
gia e pela simples competição militar ”, tornando os conflitos mais políti-
co-ideológicos e menos estratégico-operacionais e de cariz militar (Miall 
et al., 2004, p. 2).
Estes aspetos contribuem para relançar novos e complexos fatores na análise 
da multiplicidade de contendas de caráter regional que proliferam atual-
mente um pouco por todo o mundo e em particular na África Subsaariana. 
Neste contexto geoestratégico em mudança, a sociedade internacional 
viu-se na contingência de estabelecer uma base terminológica e doutrinal 
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entendível, que congrega o mundo em torno de objetivos lineares conside-
rados vitais, tais como o desenvolvimento sustentado e a segurança (nas 
suas múltiplas dimensões), já que esta última vem assumindo um papel 
de maior destaque no nexo “Segurança-Diplomacia-Desenvolvimento”.
Assim, a necessidade de se estabelecer um diálogo comum na cena inter-
nacional levou ao aparecimento recente de várias teorias especializadas 
na abordagem de conflitos e dos fenômenos da paz e da guerra. Da retó-
rica acadêmica, ao discurso político, constatamos, contudo, que os termos 
utilizados nem sempre definem a mesma linearidade de pensamento, 
significam o mesmo propósito ou se enquadram num idêntico contexto 
estratégico-operacional. Por este motivo, tornou-se imperioso definir um 
quadro conceptual próprio no quadro das Relações Internacionais. 
[...]
 Atividades
1. Construa um panorama do Estado como gestor no contexto atual, sabendo que 
as políticas têm forte viés capitalista, e apresente seu papel como organização 
socioeconômica.
2. Quais são os deveres do Estado garantidos no momento atual da política brasileira?
3. Mesmo separadas, as instituições que fazem o Estado soberano estão juntas? Expli-
que sua resposta.
4. Em relação à questão da mediação, de que forma a geografia política poderia justifi-
car um conflito de interesses?
 Referências
ALVES, A. L. Constiticionalismo e democracia: soberania e mito constitucional. 2012. Dissertação 
(Mestrado) – Faculdade de Direito de Minas Gerais, Pouso Alegre, 2012.
BERCOVITCH, J. International Mediation. Journal of Peace Research, v. 28 n. 1, p. 3-6, 1991.
BERNARDINO, L. M. B. A gestão de conflitos e a conflitualidade em África: uma problemática atem-
poral. Sol Nascente – Revista do Centro de Investigação de Ética Aplicada, n. 4, p. 163-212, ago. 2013.
BRESSER-PEREIRA, L. C. Estado, Estado-Nação e formas de intermediação política. Lua Nova, São 
Paulo, n. 100, p. 155-185, 2017.
CLARO, F. D. Os avanços tecnológicos no mundo econômico. Vitrine da Conjuntura, Curitiba, v. 2, 
n. 8, p. 1-4, 2009.

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