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Aula 07 Sistemas econômicos e a produção do espaço

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Geografia política, econômica e industrial 89
7
Sistemas econômicos e a 
produção do espaço
Introdução
Vivemos em um período conturbado na política brasileira, que se reflete direta-
mente no pensamento crítico dos cidadãos.
Podemos verificar na formação educacional da população que praticamente não 
existem profissionais qualificados no mercado de trabalho. A maioria dos brasileiros 
ainda não tem formação em curso técnico ou superior, e isso se agrava nas regiões 
norte e nordeste do país, que têm um histórico de abandono político.
A insipiente formação educacional repercute na forma de pensamento econômico 
e político, sem postura crítica e reflexiva por parte dos indivíduos, pois, ao serem apre-
sentados a conceitos simplistas sobre o atual momento, acabam deturpando a rea-
lidade. Muitos são manipulados por um sistema midiático que poderia servir para 
ajudar o país, mas que, por vezes, destrói a imagem do que foi construído nas políticas 
sociais e dá destaque a alguns privilegiados, em detrimento das classes em risco social.
Sistemas econômicos e a produção do espaço7
Geografia política, econômica e industrial90
Na prática, as crises sociopolíticas abastecidas pela corrupção deveriam ser investiga-
das por autoridades, como as do judiciário, resultando em uma maior confiança econômica 
e de investimentos, passando então o Estado a gerenciar com eficiência as questões de or-
dem política. Isso resultaria em uma credibilidade econômica por parte das empresas que 
visam investir no capital produtivo.
Ficamos, assim, à mercê do capital especulativo, que sempre se beneficiou das crises 
instauradas em qualquer economia fragilizada.
Nesse sentido, compreender o sistema econômico e como ele contribui para a cons-
trução do espaço geográfico nos dá a possibilidade de sermos cidadãos mais críticos e com 
propriedade conceitual, entendendo cada momento histórico vivenciado em um país de 
social-democracia, com políticas neoliberais intensas.
7.1 Sistemas econômicos: conceitos e formas
O Brasil atual passa por uma crise de identidade. As implicações dos fatores políticos e 
administrativos têm confundido o brasileiro, que, sem formação adequada, pensa ter se tor-
nado especialista em economia e política. No entanto, esse falso “aprofundamento” provém 
das mídias sociais.
O primeiro fator (o político) foi manipulado, principalmente pela falta de formação do 
brasileiro, que em geral não conhece o quadro histórico do país, deixando-se levar por uma 
grande massa de manobra, na televisão e na internet. Fica a impressão de que o revanchismo 
do futebol no país – que não constrói nada, a não ser o marketing esportivo – foi transferido, 
em termos político-econômicos, aos aspectos de crescimento e desenvolvimento social. 
Em relação ao segundo fator (o econômico), os indivíduos raramente sabem diferenciar 
recessão de crise econômica. Grosso modo, a recessão é desencadeada por uma crise econô-
mica, tendo como base mudanças na macroeconomia1 de um país, principalmente causada 
por alguns setores industriais. Isso resulta em desemprego, diminuição dos salários, desa-
bastecimento do mercado e transferência dos prejuízos das empresas aos consumidores, 
perfazendo, assim, um “período em que a economia sofre declínio em sua taxa de cresci-
mento, e [uma época] de depressões, caracterizadas por um estado agravado da recessão, 
que leva à redução da atividade econômica” (PIGNATA; CARVALHO, 2015, p. 6). 
Uma crise econômica tem aspectos políticos e institucionais, assim como crises políti-
co-sociais estão envoltas em elementos econômicos críticos. São momentos importantes de 
tomadas de decisão com base no julgamento da realidade econômica, que resultam em um 
grande prejuízo ao capitalismo.
Vejamos o seguinte sobre o Brasil:
[A crise política] inicia-se por séries de divergências entre partidos políticos, 
que na maioria das vezes se contrapõem ao governo, associada a um colapso 
1 Refere-se a um ramo da economia que estuda as relações econômicas regionais e nacionais em 
escala ampla.
Sistemas econômicos e a produção do espaço
Geografia política, econômica e industrial
7
91
do sistema administrativo de um país, estado, ou município. Esta pode ser de-
sencadeada por um golpe ou revolta popular. Quando perdura por mais tempo, 
além da normalidade, pode [sic] os resultados afetar a governabilidade de forma 
geral, como também, criar empecilhos que travam as agendas institucionais e, 
como ocorre no Brasil hoje, atinge [sic] sobremaneira, criando uma crise econô-
mica, instalando na economia a incerteza, desacertos e elevados custos ao país e 
ao cidadão. (PIGNATA; CARVALHO, 2015, p. 6-7)
As condições que podem gerar uma ou outra crise contribuem para o prejuízo material 
– o capital – e o prejuízo do elemento humano, com perdas de empregos e desvalorização 
dos salários.
Então, os condicionantes econômicos e políticos dentro de cada sistema contribuem, 
cada um à sua maneira, para o desenvolvimento de uma economia. As economias capitalis-
tas sempre estiveram ao centro, construindo conflitos internacionais, e economias comunis-
tas/socialistas aprofundaram desigualdades sociais, pois, em uma economia planificada, a 
governança por parte do Estado, na maioria das vezes, favorece certos grupos em detrimen-
to de outros, o que ocorre nos modelos socialistas e é fortalecido nos sistemas capitalistas.
Nesse sentido, a transformação social e econômica em detrimento dos modelos econô-
micos vem dividindo o mundo, pois as riquezas geradas e os avanços tecnológicos sistema-
ticamente caracterizam a divisão internacional do trabalho (DIT).
Economias fragilizadas, com histórico de colonização e de exploração tiveram seus 
territórios usurpados e saqueados pelas grandes potências imperialistas. Cabe aqui destacar 
que esse modelo de colonização causou grandes desastres sociais, como a escravização dos 
povos de origem africana, com implementação de sua mão de obra na condição de escravi-
zados por essas nações.
As riquezas desses países foram gradativamente abastecendo as capitais, monarquias e 
oligarquias, e muitas delas perduram até os dias atuais. Nesse sentido, a população paga o 
custo social da exploração do seu povo.
Podemos citar como exemplo a Inglaterra, que por décadas saqueou os países africanos 
e atualmente fomenta grandes empresas multinacionais, as quais ainda exploram as rique-
zas e o povo dessas regiões. Essa é a mesma situação das empresas estadunidenses e alemãs, 
que dominam grande parte do capital internacional e estão presentes, além da África, na 
América Latina, na China e na Índia, caracterizando a DIT.
Vejamos o seguinte sobre esse primeiro período da DIT: 
A primeira [divisão], caracterizada pela repartição da produção mundial entre 
os países situados no hemisfério sul, responsáveis pelo fornecimento de bens 
agrícolas e matérias-primas para a indústria, e os países do norte, industriali-
zados, fornecedores de bens industrializados. Tal repartição era de certa forma, 
uma atualização do antigo Pacto Colonial, pré-capitalista e extremamente desfa-
vorável às colônias. (MOLINA, 2011, p. 48)
A exploração do capital nas economias emergentes, do ponto de vista da exploração 
material, fez com que as potências imperialistas estivessem à frente, pois as riquezas eram 
Sistemas econômicos e a produção do espaço7
Geografia política, econômica e industrial92
garantidas por intermédio da intensa utilização dos recursos naturais e das atividades agrí-
colas. Essa foi a base do processo de colonização, reforçando as riquezas dessas potências, 
em detrimento do desenvolvimento social da nação explorada.
Outrossim, na atual conjuntura, as empresas multinacionais e transnacionais, de cunho 
capitalista, instalam-se nas colônias abandonadas, mantendo o quadro histórico de explo-
ração da mão de obra e das riquezas minerais e energéticas, ampliando os ganhos capitais. 
Muitas vezes, essas empresas se aproveitam das crises políticas nesses territórios para ga-
rantirrecursos, isenção de impostos, pagamento de baixos salários e longas jornadas de 
trabalho tornando insalubres os ambientes de trabalho, o que aprofunda a crise social.
7.2 Diferenciando os sistemas econômicos
Na conjuntura instaurada no Brasil nos últimos anos, conspirações de cunho conceitual 
emergiram nos meios de comunicação. Grupos oligárquicos que comandam a grande mí-
dia são favorecidos, na geração atual, quase exclusivamente nas mídias sociais, divulgando 
informações que vêm ao encontro de seus próprios interesses. Assim, muitas pessoas se 
autodeclaram estudiosos em geopolítica ou grandes historiadores e sociólogos detentores 
de saber. Porém, esses indivíduos esquecem que tiveram uma formação socialista, que foi 
incutida na população de maneira geral no período pós-ditadura militar, pois as próprias 
mídias são responsáveis por dizer que os problemas instaurados são de responsabilidade 
do governo. Esquecem também que vivemos em uma social-democracia, ou seja, há mais de 
três décadas as políticas neoliberais estão sendo implantadas em todas as esferas de gover-
no, e isso resulta na desoneração das responsabilidades do Estado.
O mais agravante é que nós, cidadãos comuns, somos iludidos pelas promessas de cam-
panha política, nas quais os candidatos afirmam que o governo vai fazer o melhor em ter-
mos de condições sociais para a sociedade.
De acordo com Francisco Xavier de Holanda (2004),
Na compreensão Neoliberal, a reivindicação da igualdade na lei não pode ter 
como base a argumentação de que somos naturalmente iguais. As razões da exis-
tência da igualdade perante a lei são; que o trabalhador seja livre e objetive a 
mais alta produtividade de que possa receber, através dos salários os frutos de 
seu trabalho, que haja manutenção da harmonia social. É impossível preservar a 
paz duradoura numa sociedade que existe diferentes direitos e deveres entre os 
indivíduos. Portanto, a propriedade perante a lei está em função da preservação 
da propriedade privada e da economia de mercado. (HOLANDA, 2004, p. 42)
Desse modo, os liberais saem na defesa de que se deve ter um sistema único, o qual ga-
rantiria benefícios sociais em função da divisão do trabalho, salvaguardando assim o capi-
talismo, sendo todas as outras formas de organização social infundadas e falidas, incluindo 
o socialismo.
Com essa contextualização, podemos aqui assumir um posicionamento mais crítico em 
relação aos diferentes sistemas que regem o globo, que corroboram com os avanços sociais 
Sistemas econômicos e a produção do espaço
Geografia política, econômica e industrial
7
93
e que dão suporte ao modelo capitalista. Esse modelo é alimentado pelos trabalhadores de 
forma fugaz, pois, além de terem sua mão de obra explorada, passam a acreditar que pos-
suem intensas necessidades de compra.
Podemos agora apresentar outras formas de organização econômica de forma concei-
tual, o que dará uma base mais crítica para entendermos os comportamentos sociais, supor-
tando nossas ideias e servindo inclusive de forma material à nossa compreensão e nosso 
comportamento.
As organizações econômicas mundiais são pautadas em economia de mercado e econo-
mia planificada, como podemos conferir no Quadro 1 a seguir:
Quadro 1 – Sistemas econômicos. 
Ec
on
om
ia
 d
e 
m
er
ca
do
Capitalista
Concorrência 
pura
(Liberalismo 
econômico) 
O mercado trata de dar conta dos problemas fun-
damentais, modo de produção, quantidades, 
mercado-alvo.
Há intervenção do Estado de forma neutra, crian-
do formas de controle de preços para dar equilíbrio 
ao mercado (redução de preço, estoques, demanda 
de oferta). O consumidor exerce papel primordial 
nos negócios.
Mercado misto
Os mercados sozinhos não funcionam sem inter-
ferência e atuação do poder público na gestão da 
macroeconomia, e a economia não opera garantin-
do o pleno emprego dos recursos.
Onde atuam os governos:
– Formação de preços.
– Complemento à iniciativa privada.
– Fornecimento dos bens públicos.
– Fomento do mercado, com a compra do setor 
privado.
Ec
on
om
ia
 p
la
ni
fi
ca
da
Socialista
Estado con-
trola os meios 
de produção
Os preços são produtos contábeis com os quais se 
possa permitir maior eficiência no processo produ-
tivo das empresas.
Os produtos são distribuídos com base na intenção, 
por parte do governo, de controle dos preços.
Os lucros gerados no processo produtivo são distri-
buídos aos funcionários logo após a empresa gerida 
pelo governo elencar áreas de investimentos neces-
sários à melhoria dela.
Fonte: DRUCKER, 1993; MASON, 2017. Adaptado. 
Sistemas econômicos e a produção do espaço7
Geografia política, econômica e industrial94
Podemos observar que os dois modelos apresentados são dissonantes dos interesses 
sociais, mas que estão a serviço de cada parcela da sociedade separadamente.
O sistema de economia de mercado, definido pela propriedade privada e com políticas 
liberais clássicas, tem como carro-chefe o capitalismo baseado na sociedade de consumo. 
Essa sociedade atualmente marcada pela inserção midiática e pela influência do marketing, 
que visa entender os desejos do mercado, por meio de incessante propaganda televisiva e, 
de forma mais atuante, nas mídias sociais.
No outro viés, a economia planificada, resguardada pela propriedade pública sob do-
mínio de governos centrais, que dão conta da organização econômica de interesse público, 
estão salvaguardados os interesses sociais e as políticas voltadas a essas necessidades, tais 
como educação pública e de qualidade, segurança, soberania e saúde pública.
Vale ressaltar que as economias que tentaram se impor contra as economias capitalistas, 
as quais detêm em seus territórios grandes reservas energéticas e minerais, acabaram sub-
metidas ao regime capitalista, principalmente o estadunidense, que lhes aplica como pena 
regras e proibições de comércio internacional.
Essa política dos EUA de salvaguardar sua economia é histórica do ponto de vista do 
capitalismo, impondo sanções às economias socialistas e comunistas desde o fim da Segunda 
Guerra Mundial, imperando sozinha e soberana, sobretudo após 1989, quando houve a frag-
mentação da URSS.
7.3 Os sistemas econômicos na produção 
de espaço na sociedade de consumo
Como vimos, os sistemas econômicos são modelos de administração econômica pauta-
dos em desenvolvimento econômico e social.
Assim, esses modelos, cada um à sua maneira, caracterizam-se por formas de organi-
zação da economia e são considerados elementos de gestão que influenciam diretamente no 
crescimento econômico de cada país, seja capitalista, seja socialista.
Cada economia faz a organização de seu espaço geográfico atendendo às próprias ne-
cessidades de crescimento. As economias liberais o fazem com ideais de propriedade pri-
vada, de acordo com o investimento do capital privado, regulado sob a lógica de mercado.
Para melhor entender essa dinâmica, podemos citar o centro-oeste brasileiro, que teve 
sua potência produtiva ampliada após a transferência da capital federal do Rio de Janeiro 
para Brasília, em 1960, quando ainda era uma região “deserta” do Brasil. Na prática, ela só 
pode ser melhor explorada a partir da década de 1990, quando proprietários de terras pu-
deram fazer grandes investimentos, já que houve maior desenvolvimento de infraestruturas 
para atender à demanda econômica. 
Um processo ainda mais intenso ocorreu em outra região, o sudeste do Brasil. De acor-
do com Cavalcanti et al. (2014),
Sistemas econômicos e a produção do espaço
Geografia política, econômica e industrial
7
95
A partir da década de 1930, com a estruturação do centro de dinamismo indus-
trial no Sudeste do país, essa região passou a estender influência progressiva 
sobre outras regiões, promovendo uma divisão interna do trabalho no Brasil. 
Especificamente no pós-guerra, o centro industrial passou a ser indutor de novas 
funções de mesma natureza às várias regiões, procurando atingir um conjunto 
espacial cada vez mais amplo na constituiçãodo sistema econômico-industrial 
brasileiro. Tratava-se, de fato, de um processo de expansão da base geográfica, 
acompanhado de redistribuição de recursos humanos e financeiros, que envol-
via implantação de cidades e meios geográficos de tecnologia inovada, em um 
constante avanço para o interior do país. (CAVALCANTI et al., 2014, p. 268)
Nesse sentido, a construção do espaço geográfico em uma economia neoliberal como a 
brasileira se dá de modo diretamente proporcional aos investimentos privados, já que são 
condicionantes para a transformação econômica. Vale lembrar que para haver a consolida-
ção da vasta região centro-oeste do país, em um contexto no qual o sudeste se apresentava 
como o grande centro econômico e industrial, os governantes deram enfoque a um modelo 
desenvolvimentista de alta produção, com olhares voltados à modernidade, pois essa região 
não tinha um histórico produtivo de crescimento econômico.
Esse processo ocorreu também na China, com a criação das Zonas Econômicas Especiais 
(ZEEs), a partir década de 1970, quando a economia passou a ser influenciada pela 
[...] liberalização do comércio exterior, uma das primeiras e mais importantes 
medidas tomadas após 1978. Até então, o comércio exterior era inteiramente 
planejado pela autoridade central. Além disso, as exportações eram realiza-
das integralmente por empresas públicas. Como resultado, tanto exportações 
quanto importações cresciam lentamente. Inicialmente, os controles sobre as 
importações foram substituídos por elevadas tarifas aduaneiras, reduzidas pos-
teriormente. O sistema de planejamento de importações foi também substituído 
por barreiras não tarifárias tradicionais, a partir do início da década de 1980. 
(NONNENBERG, 2010, p. 204)
Nesse mesmo contexto liberal, no Brasil, principalmente nas regiões norte e nordeste, 
as demandas industriais, principalmente em petroquímica, metal-mecânica, metalurgia e 
mineração, devem cada vez mais representar uma importante fonte econômica para a na-
ção. Assim que houver melhores condições políticas e econômicas para essas duas regiões, 
devem ser abertas novas frentes de trabalho, mais uma vez com profunda transformação do 
espaço geográfico.
Novas cidades e centros surgirão como consequência do avanço econômico, mas isso 
só poderá ocorrer adequadamente se as necessidades econômicas forem equilibradas com o 
devido desenvolvimento social.
A nova frente industrial tão vislumbrada pelos governos deve ser acompanhada 
de uma nova postura de exploração por parte das empresas multinacionais, com am-
pla defesa de garantias aos trabalhadores e respeito aos recursos naturais das áreas ricas 
em biodiversidade.
Sistemas econômicos e a produção do espaço7
Geografia política, econômica e industrial96
7.3.1 O espaço e consumo
A transformação do espaço geográfico está sob a constante influência das economias 
capitalistas e globalizadas. As empresas multinacionais formam agora grandes redes no 
mercado que, muitas vezes, detêm o monopólio de marcas e patentes no mundo todo.
Essa configuração geoespacial tem influenciado fortemente a economia, impondo à so-
ciedade de consumo tudo aquilo que é de interesse das corporações oferecer ao mercado.
Então, a construção do espaço geográfico está a serviço das necessidades sociais e tam-
bém das grandes economias capitalistas. Isso porque, sem a demanda essencial para geração 
de emprego e renda, essa sociedade de consumo baseada na compra de todo tipo de produ-
to e serviço tem suas necessidades criadas pelas urgências do capitalismo.
Cabe aqui frisar o ideário de vida das pessoas de maneira geral, pois cada um tem suas 
necessidades. Se compararmos as sociedades urbanas com as comunidades tradicionais, por 
exemplo, os quilombolas e suas pequenas propriedades rurais, veremos a grade lacuna exis-
tente entre elas, já que os produtos disponíveis para ambas são completamente diferentes e 
ofertados de formas muito diferentes.
O espaço rural (campo) está atrelado a uma visão de qualidade de vida muito distinta 
da que é ofertada nos centros urbanos. O ar tem mais qualidade, as águas são muito mais 
puras e livres dos problemas de saneamento dos grandes centros urbanos. Nesse contexto,
A Agricultura Brasileira se destaca entre as maiores do mundo e representa uma 
fonte de alimentos e de matéria-prima para muitos países. Nela estão presen-
tes diversos modos de fazer Agricultura, entre os quais a produção Agrícola 
Familiar, encontrada em extensas e importantes regiões do país. A agricultura 
familiar no Brasil é crescentemente uma forma social de produção reconhecida 
pela sociedade brasileira, por suas contribuições materiais e imateriais. Às di-
versas expressões de sua organização social, às quais correspondem múltiplos 
discursos identitários e demandas sociais, somaram-se, nas últimas décadas, o 
grande esforço de pesquisa da comunidade acadêmica, ao desvendar a extensão 
e a profundidade de sua presença no mundo rural, e a convergência de políticas 
públicas de apoio à sua reprodução. (DELGADO; BERGAMASCO, 2017, p. 9)
Assim, o modelo agrícola da nossa nação tem contribuído para a implementação de 
políticas sociais e de crescimento econômico. Fica claro que a transformação do espaço geo-
gráfico é inerente às transformações sociais, tanto no campo quanto nas cidades. 
A grandiosidade da agricultura no Brasil transformou o país em uma das maiores po-
tências agrícolas do mundo. Essa atividade faz parte de nossas tradições e de nossa cultura, 
trazendo grande contribuição econômica, especialmente com o desenvolvimento que viven-
ciamos há décadas. Isso tem transformado a configuração geográfica do centro-oeste e do 
norte e fortalecido a do sul. 
Contudo, com a maioria da população vivendo nas cidades, os problemas urbanos têm 
se agravado, até porque essa sociedade de consumo cada vez mais tem comprado de modo 
desenfreado, causando grandes mudanças no espaço geográfico. Cidades verticalizadas, 
Sistemas econômicos e a produção do espaço
Geografia política, econômica e industrial
7
97
com intenso fluxo de produtos, mercadorias e serviços, promovem novas dinâmicas de mo-
bilidade urbana.
Esse processo e as políticas de modernização de frota em todas as regiões geográficas 
suscitam a preocupação dos governantes, já que os sistemas de reciclagem não evoluíram no 
mesmo nível e até mesmo o aproveitamento energético, de alto valor agregado, nos países 
emergentes está longe de ser o ideal.
No tocante à produção de lixo urbano e resíduos sólidos, o gerenciamento fica a cargo 
de grandes grupos de coleta e limpeza. Essas empresas estão mais preocupadas com os 
meios de coleta e transporte do lixo, pois, para o armazenamento dele, já existem consórcios 
de municípios que garantem as áreas de descarte.
No Brasil, em agosto de 2010 foi aprovada pelo governo federal a Lei n. 12.305 (BRASIL, 
2010), que traz avanço e modernização à gestão dos resíduos sólidos urbanos. Essa lei prevê 
que todo bem industrializado passe por um estudo e que seja garantido o ciclo de vida do 
produto, com análises sobre suas matérias-primas, a necessidade dos consumidores e a des-
tinação final dos resíduos.
A legislação ainda prevê a responsabilidade compartilhada, cujo resultado é a amplia-
ção de novas formas de gerenciamento dos resíduos, por parte da população e das empre-
sas, garantindo o processo de logística reversa.
No primeiro caso, as pessoas, quando compram um produto, buscam compreender a 
necessidade de adquiri-lo, saber qual é a origem dele e qual será o seu fim quando descar-
tado, ou seja, se o produto também passará por um processo de reciclagem. Assim, o con-
sumidor, o fabricante, o distribuidor e, em último caso, os governantes tornam-se, juntos, 
responsáveis pelo produto e pela fiscalização de seu descarte.
No caso da logística reversa, em uma sociedade consumista, os volumes de resíduos 
têm preocupado a todos, inclusive pela grande quantidade de material encontrado nos ocea-
nos. Isso faz com que as empresasimplantem em suas políticas ambientais formas de reaver 
os produtos, para poderem fazer a destinação correta deles, garantindo que, ao serem des-
cartados, reintegrem-se à cadeia produtiva, como matéria-prima ou energia.
Vale lembrar que a Terra tem recursos finitos e que já se sabe por experiência o quão 
degradante se torna a natureza quando não respeitamos seus limites. Nesse contexto, o ca-
pitalismo tem influenciado a geração de grandes quantidades de produtos, que posterior-
mente são descartados em aterros sanitários2, lixões3 ou aterros controlados4, causando a 
transfiguração da paisagem geográfica.
Outro fator que tem contribuído para a transformação espacial além das sociedades 
urbanas é o crescimento populacional do país sem o devido contingenciamento, com áreas 
residenciais não planejadas e zonas de risco social.
2 Área preparada para receber o lixo total que dispõe de total controle dos materiais de descarte, in-
cluindo a fundação do aterro.
3 Resíduos depositados a céu aberto.
4 Área com controle parcial dos materiais depositados ou sem estudo prévio do local de descarte 
dos resíduos.
Sistemas econômicos e a produção do espaço7
Geografia política, econômica e industrial98
Em um país com cerca de 210 milhões de habitantes, com graves problemas sociais, 
fazem-se necessárias melhores condições gerais de saúde, habitação, educação e trabalho, 
novas áreas de desenvolvimento de tecnologias e polos de conhecimento científico, como 
ocorre nas grandes economias. 
Muitas regiões do país ainda representam uma vastidão aos campos de exploração eco-
nômica, mas esse processo deve ser feito com critérios técnicos, para garantir os parâmetros 
de seguridade social e de preservação dos recursos locais.
Conclusão 
As transformações do espaço geográfico mundial nas últimas décadas são inerentes aos 
avanços das sociedades capitalistas globalizadas. A exploração da mão de obra, o consumo 
exacerbado, o inchaço das cidades pelo mundo são o reflexo imediato desse processo.
Os sistemas econômicos vêm de maneira enfática promovendo essas transformações. 
No período pós-Guerra os avanços tecnológicos e tecno-científicos foram aprofundados nas 
áreas de robótica, microeletrônica e aeroespacial, fazendo com que surgissem novas econo-
mias em detrimento das potências imperialistas.
A políticas econômicas de integração regional são representadas pelas mesmas forças 
que se fizeram presentes na Segunda Guerra Mundial. Entretanto, atualmente, com a mun-
dialização do capital, não há mais necessidade da imposição da força nas antigas colônias, 
pois naturalmente elas se submeteram ao capital internacional e estão postulando uma nova 
agenda econômica nos mesmos moldes do EUA. Isso ocorre, por exemplo, com a intensifi-
cação das políticas neoliberais e o liberalismo clássico sendo fundamentado, principalmente 
no Brasil, a maior economia latino-americana.
O processo de privatização que vem ocorrendo desde 1994 no país é fruto da aproxima-
ção das grandes potências mundiais e da influência delas para a adoção de ideias neoliberais.
Entretanto, países como a Rússia e a China mantêm-se à margem desse processo, for-
talecendo empresas nacionais para garantir a seguridade social da sua população. E a apro-
ximação dessas nações com o Brasil nos garante o fortalecimento comercial com essas duas 
potências.
Vivemos então envoltos em uma sociedade de consumo, com problemas inerentes a um 
capitalismo que busca nas crises seu fortalecimento e nas recessões a contínua exploração do 
trabalhador, aprofundando desigualdades.
 Ampliando seus conhecimentos
Nos estudos geográficos, a ruptura com a visão neoclássica e quantitativista 
permitiu a formulação de uma noção de espaço como elaboração social e resul-
tado dos meios e modos produtivos. Dessa forma, passa-se a questionar a espa-
cialidade construída no contexto capitalista, em que a economia não seria mais 
Sistemas econômicos e a produção do espaço
Geografia política, econômica e industrial
7
99
A abordagem da economia política
(VARGAS; JATOBÁ; CIDADE, 2012, p. 42-43)
[...] R. L. Correa (1986) mostra sua preocupação com a organização espa-
cial surgida dos processos históricos nos modos de produção específicos 
e a necessidade de caracterizar essa espacialidade a partir das categorias 
que recolhem as relações sociais que os produzem.
O desenvolvimento desigual, trabalhado por autores como Harvey e 
Smith (1982; 1986), constitui um fio condutor para compreender a produ-
ção do espaço capitalista e explicita a contradição básica entre o capital e 
o trabalho. Daí que seja fundamental na geografia econômica marxista. 
Explica a forma como se dão no capitalismo duas tendências simultâ-
neas e contraditórias: a alta mobilidade do capital e a sua tendência a se 
fixar em determinados lugares para completar o processo de acumulação. 
Segundo Harvey e Smith, o capital tem uma necessidade de se fixar num 
lugar determinado por um período de tempo de forma que possa criar 
um entorno de fábricas, empresas, infraestrutura de transporte, redes de 
comunicação etc., para permitir a produção de bens e serviços, e assim 
a sua própria reprodução. Essa tendência se opõe à sua necessidade de 
permanecer em movimento, de modo que as empresas possam respon-
der às condições econômicas cambiantes e consigam encontrar os lugares 
que oferecem a maior possibilidade de lucro – pelas condições de traba-
lho, espaciais, regulamentação ambiental etc. menos restritivas. Isso pode 
significar ter de “migrar” dos centros de produção já conquistados para 
outros por colonizar. O capital nunca é completamente móbil, porém pre-
cisa criar raízes em lugares particulares para poder se reproduzir. [...]
O capital supera a fricção do espaço ou da distância através da produção 
do espaço, criando ambientes construídos que facilitam a produção e o 
consumo. Porém, na medida em que as condições econômicas mudam, 
esses ambientes construídos de infraestrutura de produção, distribuição 
e consumo podem converter-se em barreiras para a expansão futura do 
capital, ficando obsoletas e redundantes frente a novas condições e espa-
cialidades existentes em outras coordenadas. Nessas circunstâncias, o 
capital abandona esses centros de produção e migra para outros lugares 
para se fixar mediante investimentos num novo entorno produtivo. 
considerada como produto de forças e conceitos abstratos, mas sim como resul-
tado de relações – e contradições – sociais, em um modo de produção histori-
camente identificado. O excerto apresentado a seguir traz essa visão do espaço 
com base na abordagem da economia política.

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