Buscar

Aula 10 A atividade industrial no Brasil e no mundo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Geografia política, econômica e industrial 129
10
A atividade industrial no 
Brasil e no mundo
Introdução
O Brasil agroexportador iniciou o século XXI com a maior transformação econô-
mica da sua história, modificando os enlaces de comércio internacional como nunca 
visto desde a Proclamação da República, em 1989.
De 2002 a 2014, o PIB do país foi praticamente quadriplicado, quando não havia 
ainda sintomas da crise política instaurada anos mais tarde. No entanto, deixamos de 
crescer em 2014 o montante equivalente ao PIB de toda a Argentina.
Isso demonstra o caminho de potência econômica que estávamos seguindo, junta-
mente com a China, a Rússia, entre outros, exatamente pela valorização da economia 
interna em detrimento das políticas externas, mesmo sendo o país um dos maiores 
exportadores de commodities, com supremacia do setor primário.
A atividade industrial no Brasil e no mundo10
Geografia política, econômica e industrial130
As políticas econômicas estabelecidas nas últimas décadas e até 2014, com fortaleci-
mento econômico dos países do BRICS, elevaram o Brasil à sexta economia do mundo. Isso 
ocorreu com a modernização dos parques industriais, principalmente de petroquímica e 
metal-mecânica, pois o crescimento da exploração do petróleo nacional deu a possibilidade 
de surgimento de novas demandas no setor, com parcerias importantes na construção e no 
desenvolvimento de plataformas petrolíferas e em mais duas novas refinarias.
O Brasil segue o rumo das economias emergentes, com a formação de parcerias coesas 
nessa nova planta industrial, modernizada e forte. Abrem-se possibilidades de novas indús-
trias em território nacional, principalmente sino-brasileiras, como as montadoras chinesas 
estabelecidas no país, que estão agora concorrendo com as alemãs e estadunidenses. Isso 
dá ao brasileiro novas oportunidades de escolha, já que até 2002 tínhamos em nosso país 
apenas as montadoras das grandes economias capitalistas. E essa é uma realidade que hoje 
vislumbramos em diversos setores da indústria nacional. 
10.1 Distribuição espacial e evolução da indústria
Atualmente, as informações presentes nos rótulos dos produtos e em manuais de opera-
ção estão normalmente redigidas em três ou quatro idiomas. Isso nos remete ao fato de que 
os produtos podem ser vendidos em tantos territórios quanto o manual apresentar ou que 
seu processo de fabricação passou por diversos países.
Nesse sentido, as indústrias estão distribuídas em todas as regiões do globo e os pro-
dutos abrangem outros mercados em sua fabricação, pois questões econômicas e comerciais 
podem ser sanadas por intermédio de acordos entre as nações. Isso viabiliza tanto a comer-
cialização dos produtos em diferentes locais do mundo quanto a inserção de novas técnicas 
no processo produtivo. Assim, “não é apenas a velocidade das técnicas que sustenta estas 
transformações atuais. Existe, de forma crescente, um compartilhamento dos objetos, que 
são produtos mundializados e marcas facilmente identificáveis” (PADILHA, 2000, p. 120).
Podemos, por exemplo, encontrar um produto nos Estados Unidos que foi idealizado 
pela Alemanha e projetado por um inglês, cuja montagem pode ter sido realizada no México 
ou no Brasil. Isso é possível no período atual da globalização, mas em outras épocas já tive-
mos patentes muitíssimo protegidas e resguardadas a sete chaves.
No processo de transformação e espacialização da indústria mundial, muitos elementos 
vêm tomando novas configurações, mas tiveram o mesmo contexto histórico de evolução.
A utilização da tecnologia teve de evoluir de acordo com a evolução das ciências, aten-
dendo aos contextos históricos, pois não houve a invenção de uma técnica antes que houves-
se a melhoria de outras. Por exemplo: primeiro o ser humano começou a usar o carvão como 
energia, para, somente depois de uma evolução intensa, utilizar o petróleo. Assim a história 
da industrialização tem se apresentado, pois a ciência e o seu contexto histórico, com suas 
diversas rupturas, sempre resultam em novos acontecimentos.
A atividade industrial no Brasil e no mundo
Geografia política, econômica e industrial
10
131
Vamos aqui traçar um breve histórico do processo industrial pelo mundo, bem como o 
tipo de tecnologia apresentada em cada época e os fatos que culminaram em cada uma delas 
(Quadro 1):
Quadro 1 – Evolução da industrialização no mundo. 
Origem Tecnologia Energias
1ª 
Revolução 
Industrial
Inglaterra. 
Século XVIII Artesanato
- Tear mecânico;
- Máquina a vapor.
Carvão 
mineral
2ª 
Revolução 
Industrial
Inglaterra, 
EUA, 
Alemanha 
e Japão. 
Século XIX.
Linha de 
produção;
organização 
da produção.
- Eletricidade;
- Motor de combustão interna;
- Ferro e aço.
Carvão e 
petróleo
3ª 
Revolução 
Industrial
Inglaterra, 
EUA, 
Alemanha 
e Japão, 
França, 
Rússia. 
Século XX.
Robotização 
dos 
processos;
sistemas Ford 
e Toyota de 
produção.
- Eletricidade;
- Motor de combustão interna;
- Ferro e aço;
- Engenharia de produção;
- Genética;
- Biotecnologia;
- Telefone;
- Microcomputador.
Petróleo,
eletricida-
de, energia 
nuclear
4ª 
Revolução 
Industrial
Globalizada;
clássica 
divisão 
internacional 
do trabalho;
era 
moderna.
Robotização 
do processo 
produtivo.
Velocidade Multifacetado e interconectado
Renováveis
Teses de 4° 
revolução
- Inteligência 
Artificial;
- evolução na 
saúde com uso 
da impressão 3D;
- uso da im-
pressão 3D em 
outras áreas do 
conhecimento;
- computado-
res de bolso;
- armazena-
mento de dados 
compartilhados;
- neurotecnologia.
Amplitude
 Revolução 
digital, combi-
nando várias 
tecnologias.
Impacto 
sistêmico
- países;
- empresas;
- sociedade.
Fonte: SCHWAB, 2016, p. 13. Adaptado.
Como podemos observar, cada fase do processo de alavancagem da industrialização foi 
motivada por questões próprias à transformação espacial de cada época. A necessidade de 
se fazer um processo produtivo melhor e mais eficiente é evidente em cada fase, como fruto 
da influência do capitalismo no modelo de produção.
A atividade industrial no Brasil e no mundo10
Geografia política, econômica e industrial132
No mundo, essa espacialização ocorreu em função das demandas produtivas. Oferta de 
energias e matérias-primas, mercado consumidor e excedente de mão de obra nunca ocorre-
ram em função da melhoria na qualidade de vida das sociedades impactadas.
As transformações no mundo industrial têm contribuído, desde o século XVIII, com 
a melhoria de vida das pessoas – isso é inquestionável. Mas os sistemas de produção que 
compõem esse cenário precarizam o processo produtivo, sobretudo na exploração da mão 
de obra. Vejamos o seguinte: 
São indubitáveis as rápidas e significativas transformações que vêm ocorren-
do no mundo todo nas últimas décadas. O mundo do trabalho, especialmente, 
vem sofrendo inovações tecnológicas e organizacionais que estão diminuindo o 
número de trabalhadores, principalmente das indústrias, além de estarem mo-
dificando o perfil do trabalhador que resta no mercado de trabalho. Este vem 
sendo terceirizado, precarizado, parcializado, subcontratado, informalizado. O 
tempo de trabalho e o tempo de não-trabalho também estão sendo alterados. 
(PADILHA, 2000, p. 120)
Nesse sentido, garantir que haja uma evolução faz-se necessário, mesmo sabendo das 
transformações nas relações de trabalho e como elas se desenvolvem nas regiões do mundo 
com maior crescimento populacional, como na Índia, onde a organização social ainda reme-
te a uma hierarquização em regime de castas.
No mundo globalizado, onde opera o encurtamento das distâncias relativas, com avan-
ços nos meios de transporte, na tecnologia em saúde, na telecomunicação e em plena as-
censão da robótica e da nanotecnologia, a velocidade da informação é surpreendente. Esse 
contexto nos coloca na atual Quarta Revolução Industrial. 
O computador de mão hoje é operado até por crianças de um ano de idade; acessamos 
mídias sociais e de entretenimento, mecanismos de busca sãooperados por voz e somos 
orientados no trânsito por uma voz mecânica na navegação urbana, o que facilita nossas 
vidas e dá maior mobilidade às cidades, uma vez que identifica pontos de maior fluidez nas 
ruas. Agora podemos inclusive armazenar dados em nuvens de informação, que funcionam 
como HDs externos de computação.
Nesse sentido, há uma maior abrangência da tecnologia, rapidez na informação e 
mais capacidade de processamento da informação. Isso tem se apresentado com diversas 
facetas, pois impacta diretamente as pessoas na sua forma de ver e agir no mundo, agora 
em tempo real.
Essa revolução deve dar condição de diminuir os contrates sociais, possibilitando o 
acesso não apenas às tecnologias, mas ao conhecimento que está agregado a elas, como no 
caso da formação pelo ensino distância, com as mesmas garantias que o ensino presencial. 
Outro exemplo são os avanços na medicina, em que a tecnologia de resposta rápida dos 
modernos equipamentos não necessita da presença física do médico. Isso possibilita a as-
sistência médica em regiões isoladas do globo, diminuindo as diferenças de atendimento e 
trazendo rapidez à cura de doenças cotidianas.
A atividade industrial no Brasil e no mundo
Geografia política, econômica e industrial
10
133
Ressaltamos que a evolução da tecnologia pode trazer grandes benefícios, desde que 
operada com prudência, uma vez que essa gama de informações está disponível a um nú-
mero cada vez maior de pessoas. Um exemplo são os serviços de cartões de crédito, que 
possuem banco de dados com o perfil de todos os usuários, bem como o poder de compra 
destes. Esse tipo de informação serve de poder de barganha inclusive para redes sociais 
como o Facebook, que as utilizam como meio de negócios e comércio, tendo como base os 
dados dos usuários de sua plataforma.
10.2 Indústrias periféricas e sua 
atuação na economia regional
O termo periferia é comumente utilizado para denominar os elementos que estão em 
torno de grandes centros ou que demonstram atuar como satélites próximos de algo maior.
Nesse sentido, as indústrias periféricas são aquelas que dão suporte às grandes empre-
sas, estando inseridas no contexto industrial do capitalismo global. Elas ocupam áreas de 
disseminação da produção e fecundam o desenvolvimento regional, pois sem os componen-
tes que produzem não há condição de finalizar os produtos.
Esse tipo de indústria contribui para a formação de centros econômicos, levando a 
uma melhor capacidade produtiva, pois têm uma especificidade dentro do processo de 
industrialização, qual seja, a de indústria germinativa. Esta tem como papel fornecer ma-
térias-primas a outras indústrias, que farão o processo de transformação desses materiais 
em outro produto.
Então, segundo sua função, as indústrias periféricas são também indústrias germi-
nativas, pois buscam, exploram e fornecem os materiais necessários a diversos segmen-
tos industriais.
Atualmente, novas regiões industriais vêm surgindo no Brasil, graças à abertura de 
mercado das últimas décadas, como já evidenciamos, e a uma proposta de integração regio-
nal, principalmente na região Nordeste.
Essa condição facilita a introdução, nos mercados local e mundial, dos estados que pas-
saram pela substituição do modelo de importação por uma planta industrial nacional, inse-
ridos na chamada industrialização tardia. 
Assim, o país tem buscado moldar sua competitividade em uma transformação indus-
trial pautada nas exportações e no fortalecimento do mercado interno, condicionada a um 
ajuste ao sistema socioeconômico.
Essas mudanças devem ocorrer, e vem ocorrendo, com ajustes econômicos dos esta-
dos e municípios, estimulando o investimento, a inovação, a qualificação da mão de obra e 
garantindo o aprimoramento e a qualidade dos bens e serviços. A estratégia de desenvolvi-
mento nacional ocorre
A atividade industrial no Brasil e no mundo10
Geografia política, econômica e industrial134
basicamente de duas maneiras: a) por meio da ampliação das trocas inter-regio-
nais, suprindo a região mais desenvolvida de matérias-primas e de produtos in-
dustrializados regionais; b) mediante contribuições à receita cambial líquida do 
País, por meio da geração de dívidas (decorrentes de exportações), da economia 
de dívidas (pela sua contribuição no processo de substituição de importações de 
insumos básicos) e da liberação de produção exportável (que estava comprome-
tida pela demanda interna). (LIRA; SILVA; PINTO, 2009, p. 156)
Nesse sentido, podemos compreender que o modelo de aproximação regional deve 
ocorrer com base em mudanças nas políticas públicas de desenvolvimento, agregando as 
indústrias que já estão consolidadas e dando novas oportunidades às que querem se fixar 
nas regiões geográficas em processo de transformação industrial, como a Amazônia brasi-
leira e o já citado Nordeste.
No caso da disseminação das indústrias germinativas ou periféricas na Amazônia, a le-
gislação ambiental brasileira apresenta entraves legais, haja vista essa região ser de interesse 
internacional, como patrimônio da humanidade, do ponto de vista do bioma e do equilí-
brio de ecossistemas. Essa grande área geográfica preserva a maior diversidade do mundo 
em termos absolutos de espécies, tanto de fauna quanto de flora, o que se apresenta como 
um obstáculo ao processo de industrialização. Entretanto, devemos entender que, mesmo 
pautada em um modelo de sustentabilidade, existe a possibilidade clara de exploração de 
algumas áreas, conforme o modelo de desenvolvimento, desde que garantidos os estudos 
prévios de impacto ambiental.
Muitas são as áreas de potencial produtivo nessa região geográfica, o que possibilita 
uma maior integração da indústria periférica e germinativa, pois ainda existem oportunida-
des reais de uso econômico dos recursos desse grande território a ser explorado. Vejamos:
Em termos setoriais, como a prioridade teria de se voltar para aqueles produ-
tos que apresentavam vantagens comparativas, deixando em plano secundário 
os demais, foi definido como de responsabilidade da Amazônia a geração dos 
seguintes produtos: madeira (serradas, laminados e compensados), minérios 
(ferro, bauxita, manganês, salgema, calcário e cassiterita), lavouras selecionadas 
(dendê, cacau, juta, arroz, pimenta-do-reino e cana-de-açúcar), pecuária (gado 
de corte) e pesca empresarial (piramutaba e camarão). (LIRA; SILVA; PINTO, 
2009, p. 157) 
Como podemos observar, o Brasil continua dando grande aporte mundial ao primeiro 
setor da economia, de acordo com a clássica divisão internacional do trabalho, fornecendo 
matérias-primas de origem in situ, sem passar por processos de industrialização. Ou seja, 
no Brasil vendemos produtos de baixo valor agregado, quando deveríamos estar fazendo 
com que regiões como a Amazônica pudessem industrializar os produtos e vendê-los como 
matérias-primas próprias das indústrias germinativas.
Nessa grande região geográfica, podemos citar o caso da exploração mineral na Serra 
de Carajás, no Pará, como indústria periférica que dá base à grande indústria do aço mun-
dial, contribuindo com as riquezas de muitos países. Isso fica claro no relatório do Instituto 
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO):
A atividade industrial no Brasil e no mundo
Geografia política, econômica e industrial
10
135
A crescente demanda mundial de aço, impulsionada pelo vertiginoso cresci-
mento de países emergentes e liderados pela China, reflete diretamente sobre a 
demanda e produção de minérios de ferro. Desde o início da última década as 
minas em operação têm trabalhado a pleno vapor em todo o mundo. Neste cená-
rio, os minérios brasileiros de alto teor e baixos contaminantes, em especial o de 
Carajás, têm pronunciado destaque, uma vez que se apresentam como minérios 
corretivos às operações siderúrgicas e fundamentais na produção mundial de 
aço. Existe uma preocupação global em torno da manutenção do fornecimento 
de minério com qualidade e em cadeia a continuidade da produçãode aços de 
qualidade superior. (BRASIL, 2016, p. 18)
Assim, podemos entender que muitas regiões brasileiras necessitam de novos estudos 
e formas de exploração industrial. Basicamente, as indústrias germinativas ou periféricas 
são de extrema importância no desenvolvimento dessas localidades, tanto para a melho-
ria das condições socioeconômicas regionais como para garantir que os produtos de bai-
xo valor agregado sejam processados e vendidos como matérias-primas da indústria de 
transformação.
Esse cenário possibilita geração de empregos, com a valorização das áreas de jazidas 
minerais nacionais e a venda dos minérios no comércio mundial com baixos preços, se-
guindo o ritmo das grandes empresas internacionais, que buscam nos países emergentes as 
fontes de matérias-primas necessárias para garantir ainda mais os lucros dos investidores. 
10.3 As transnacionais na industrialização 
do mundo contemporâneo
Vivemos em um mundo onde o modelo econômico predominante é o neoliberal, pau-
tado nas economias capitalistas.
Nesse contexto, o Brasil hoje é uma economia emergente. O país detém grandes rique-
zas minerais, é um dos maiores em produção de petróleo do mundo, além de ser a maior 
economia latino-americana, promovendo o desenvolvimento regional por intermédio de 
parcerias com outras nações emergentes do globo.
Quando buscamos conceituar a mundialização do capital, é inevitável compreender-
mos o papel das grandes multinacionais, que são detentoras dos meios de produção e in-
fluenciam os países pobres e em desenvolvimento. A transnacional é a representação do 
grande capital, obedecendo à lógica de mercado, pois recorre à exploração econômica de 
nações que buscam se inserir na economia global ou que estão tentando diminuir as diferen-
ças socioeconômicas históricas. Desse modo,
Os grandes capitais, representados essencialmente pelas companhias e empresas 
multinacionais, obedecem a uma lógica que é ao mesmo tempo internacional, por 
sua dispersão geográfica, e interna aos grupos financeiros que estão numa situa-
ção de concorrência. A localização no interior do país obedece à regra do lucro, 
porém, na escolha dos países, as preocupações com a segurança do investimento 
A atividade industrial no Brasil e no mundo10
Geografia política, econômica e industrial136
não estão ausentes. Os países considerados politicamente estáveis atraem mais 
os grandes capitais. (SANTOS, 2007, p. 151)
Portanto, o que dá suporte às tomadas de decisões do grande capital é a busca inces-
sante pelo lucro, com a exploração dos mercados. As empresas internacionais buscam os 
países em desenvolvimento que oferecem melhores oportunidades e taxas de lucro do que 
as economias mais desenvolvidas, que, por sua vez, deixaram de ser atrativas.
As empresas transnacionais são integradas ao comércio mundial através das de-
mais filiais da corporação ao redor do mundo, o que lhes dá acesso facilitado a 
um número de mercados muito maior do que os acessíveis às empresas domés-
ticas. Além disso, estas empresas podem desfrutar de economias de escala pro-
venientes da maior especialização de suas filiais, podem aproveitar as dotações 
de fatores diferenciados dos países em que atuam, têm acesso facilitado a novas 
tecnologias e, ainda, dispõem de capital a custos mais baixos do que suas congê-
neres uninacionais. (MATEUS; OLIVEIRA, 2004, p. 890)
Nesse sentido, podemos entender que as empresas multinacionais estão integradas ao 
comércio mundial por diversos motivos, incluindo a busca por novas regionalizações do 
capital, mão de obra excedente e o incremento de novas tecnologias produtivas e de bara-
teamento dos custos, com investimentos em médio e longo prazos que estejam abaixo das 
médias mundiais.
No Brasil, assim como em outros países emergentes, as empresas multinacionais têm 
influenciado não apenas o processo produtivo, mas também a cultura, o modo de vida e a 
mentalidade da população em geral. Elas alteram as formas de trabalho de acordo com a sua 
origem, ou seja, uma empresa americana instalada na China, por exemplo, busca influenciar 
o processo produtivo chinês nos mesmos moldes estabelecidos nas fábricas nos EUA. Isso 
é reflexo do predomínio da cultura organizacional dessas empresas, uma vez que carregam 
consigo os padrões estruturais de suas respectivas sociedades. Fica claro, destarte, que
[...] o desenvolvimento das sociedades organizacionais influencia de tal modo o 
dia a dia das pessoas, que gera uma desintegração dos padrões tradicionais de 
ideias, crenças e valores sociais, que são substituídos por outros mais fragmen-
tados e diferenciados, baseados na estrutura ocupacional da nova sociedade. 
(MORGAN, 1996 apud FREITAS, 2002, p. 28)
Dessa maneira, as empresas estão arraigadas em princípios normativos no sistema organi-
zacional que modificam a forma de pensar e agir dos seus integrantes, pois o processo produ-
tivo passa a seguir os interesses e padrões preestabelecidos de acordo com a planta produtiva.
A integração, em território nacional, das empresas multinacionais ocorre de forma len-
ta e gradual. Em um primeiro momento, ela se insere no mercado regional importando e 
exportando produtos. Na fase seguinte, buscam capitais em mercados atrativos e a integra-
ção regional, fortalecendo parcerias com organizações locais. Procuram então se estabelecer 
com o licenciamento de novas mercadorias e um modelo estratégico de parceria comercial, 
que tem como objetivo a idealização das formas de comércio, firmando acordos de forne-
cimento e disseminação de tecnologias e abrindo campo as novas oportunidades de fusão. 
A atividade industrial no Brasil e no mundo
Geografia política, econômica e industrial
10
137
Como já evidenciamos, o atual período da globalização – a Quarta Revolução Industrial 
– deve atrair cada vez mais investimentos nas áreas tecnológicas, com substituição mas-
siva de mão de obra. Assim, a instrumentação dos processos produtivos evidenciados na 
Terceira Revolução Industrial, com a mundialização do capital e o crescimento das empresas 
transnacionais, deve dar lugar a uma nova forma de gestão, como no caso do Uber, já des-
tacado nesta obra. 
Sabemos que os processos produtivos, nesse contexto, devem se manter em sinergia, prin-
cipalmente nos países em desenvolvimento, pois ainda são áreas de reserva de mercado para 
as economias capitalistas, com espaços de exploração que ainda permanecem inalterados.
O modelo de industrialização por parte das transnacionais ainda está garantido, princi-
palmente nesses países que apresentam intensos contrastes sociais e econômicos, com apro-
fundamento das desigualdades sociais. Cabe a essas empresas buscar novas áreas de inves-
timentos, promovendo empregos e melhoria de vida à população local, de modo a aumentar 
o potencial de compra da sociedade e, assim, garantir o comércio. 
Nas economias emergentes, “os relacionamentos entre as empresas e as instituições nor-
malmente envolvem assimetrias consideráveis de informação e altos custos de transação, e a di-
versificação dos produtos é estimulada para minimizar os riscos” (MONTICELLI et al., 2017, p. 
359). Assim, os países com economias fragilizadas continuam com grandes oportunidades de lu-
cro para as empresas transnacionais, pois estas lhes garantem um amplo campo de exploração. 
Conclusão 
A transformação do espaço geográfico se emoldura na fragmentação das atividades 
industriais, valorizando os aspectos transnacionais da indústria em detrimento dos centros 
consumidores regionais, haja vista a intensa comercialização mundial, garantida principal-
mente pela divisão internacional do trabalho.
As indústrias hoje são globalizadas, de acordo com os interesses do capital internacio-
nal, explorando recursos e objetivando o lucro nos cenários em que atuam. Isso viabiliza um 
processo produtivo no qual há busca de territórios fornecedores de matérias-primas mais 
baratas, legislação flexível e excedente de mão de obra.
Essa mutação do espaço geográfico é inerente à transformaçãodas cidades, que dei-
xaram de ser centros político-administrativos para se transformarem em grandes áreas 
industriais. As áreas agrícolas de subsistência deram lugar às agroindústrias de capital in-
ternacional, moldando o processo produtivo em função dos aspectos estruturais da nova 
cadeia produtiva.
Os sistemas organizacionais são agora culturais, de acordo com o modelo de produção 
capitalista, que coloca em primeiro lugar as demandas de organização da produção, em 
detrimento das necessidades do trabalhador.
A internacionalização do capital nessa transformação do espaço é fruto da dissemina-
ção das empresas multinacionais pelo mundo, as quais, seguindo uma perspectiva histórica, 
continuam nas mãos de pequenos grupos oligárquicos. 
A atividade industrial no Brasil e no mundo10
Geografia política, econômica e industrial138
As grandes tendências da economia mundial 
no século XX
(ALMEIDA, 2001, p. 113-114)
[...]
O século XX econômico termina, não numa suposta era “pós-industrial” 
(pois a indústria, e não os serviços, continua a ser o traço dominante e 
característico de nossa civilização), mas numa fase de combinação cres-
cente dos sistemas produtivos e administrativos com as novas caracterís-
ticas da sociedade da informação, na qual os elementos brutos da produção 
— terra, capital, trabalho — são necessariamente permeados e dominados 
pela nova economia da inteligência. Os componentes de matéria-prima e o 
valor extrínseco de um bem durável passaram a valer bem menos, no final 
do século XX, do que o valor intrínseco e a inteligência humana embutida 
nesses produtos, sob a forma de concepção e design, propriedade intelec-
tual sobre os processos produtivos e sobre os materiais compostos utiliza-
dos em sua fabricação, royalties pela cessão e uso de patentes, trade-secrets 
e transferência de know-how, marcas registradas, marketing, distribuição e 
publicidade. O setor de serviços certamente cresceu no decorrer do século 
— e seu valor agregado superou, na metade do século, o da agricultura e 
o da indústria combinados — mas trata-se de uma enorme variedade de 
serviços, alguns velhos, muitos novos, vários deles combinados à ativi-
dade primária (no chamado agribusiness), outros inextricavelmente liga-
dos à produção manufatureira (como o controle informatizado das linhas 
de montagem e a automação crescente dos processos produtivos).
Uma rápida verificação dos números brutos pode dar uma ideia da pro-
fundidade e da dimensão das imensas transformações ocorridas na eco-
nomia mundial ao longo do século. Três elementos decisivos devem ser 
levados em conta nesta avaliação preliminar: a mão de obra, a estrutura 
 Ampliando seus conhecimentos
No atual período econômico, faz-se necessária uma indústria forte, tendo em 
vista a acirrada concorrência mundial. Desde o fim do século XX, os países 
industrializados e os em desenvolvimento vêm passando por novas e intensas 
transformações no setor industrial, principalmente tendo em vista o desenvol-
vimento acelerado das tecnologias. No caso do Brasil, por exemplo, cada vez 
mais são importantes as parcerias com outras nações concorrentes, a fim de que 
a indústria nacional siga no caminho do tão almejado crescimento superior a 
4% ao ano.
A atividade industrial no Brasil e no mundo
Geografia política, econômica e industrial
10
139
da produção (e o produto per capita) e os sistemas financeiros nacionais e 
internacionais. A população do planeta foi quadruplicada, [...] com dife-
renças notáveis entre as taxas de fecundidade dos países desenvolvidos 
— que realizaram sua transição demográfica ainda nas primeiras décadas 
do século — e dos países em desenvolvimento, cujas taxas de natalidade 
ainda se situam em níveis relativamente elevados. [...] 
A estrutura da produção foi radicalmente transformada pelas mudanças 
introduzidas nos padrões de trabalho (especialização) e pelos avanços tec-
nológicos, que aumentaram dramaticamente o produto per capita, muito 
mais do que o crescimento da população. [...]
 Atividades
1. Do ponto de vista do capital, como ocorre a distribuição da indústria e sua espacia-
lização?
2. Como se estabelece uma transformação da indústria na hipótese de uma Quarta Re-
volução Industrial, como apontado neste capítulo?
3. No Brasil, existem grandes reservas minerais estratégias. Do ponto de vista das in-
dústrias periféricas, como isso poderia influenciar o crescimento industrial nas re-
giões Norte e Nordeste do país?
4. As empresas multinacionais influenciam a rotina, o modo de vida e os produtos que 
as pessoas consomem. Evidencie isso tendo por base os conteúdos deste capítulo.
 Referências
ALMEIDA, P. R. A economia internacional no século XX: um ensaio de síntese. Revista Brasileira de 
Política Internacional, v. 44, n. 1, p. 112-136, 2001.
BELLANDI, D.; AUGUSTIN, S. Obsolescência programada, consumo e sociedade de consumo: uma 
crítica ao pensamento econômico. In: ENCONTRO NACIONAL DO CONPEDI – UFS, 24., 3-6 jun. 
2015. Anais... Florianópolis, 2015. p. 512-529.
BENACHENHOU, A. Países emergentes. Brasília: Funag, 2013. 
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 
Plano de manejo da floresta nacional de Carajás. Brasília: MMA/ICMBIO, 2016.
DRUCKER, P. Sociedade pós-capitalista. São Paulo: Pioneira, 1993.
FREITAS, S. J. A transformação cultural em uma empresa multinacional. 2002. Dissertação 
(Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2002.
IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. Indústria e desenvolvimento: refle-
xões e propostas do IEDI para a economia brasileira. São Paulo: IEDI, 2014.

Outros materiais