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Introdução a Filosofia

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2ª EDIÇÃO
EGUS 2014
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
GEOVANI PAULINO OLIVEIRA 
GERSON PIRES DE ARAÚJO 
INTA - Instituto Superior de Teologia Aplicada
PRODIPE - Pró-Diretoria de Inovação Pedagógica
Diretor Presidente das Faculdades INTA
Oscar Rodrigues Júnior 
Pró-Diretor de Inovação Pedagógica 
Prof. Pós Doutor João José Saraiva da Fonseca
Coordenadora Pedagógica e de Avaliação
Profª. Sônia Henrique Pereira da Fonseca
Equipe de Pesquisa e Desenvolvimento de Projetos 
Tecnológico e Inovadores para Educação
Coordenador
Anderson Barbosa Rodrigues
Analista de Sistemas Mobile
Francisco Danilo da Silva Lima
Analista de Sistemas Front End
André Alves Bezerra
Analista de Sistemas Back End
LuisNeylor da Silva Oliveira
Técnico de Informática / Ambiente Virtual
Luiz Henrique Barbosa Lima
Rhomelio Anderson Sousa Albuquerque
Equipe de Produção Audiovisual
Roteirista
Arnaldo Vicente Sá
Gerente de Produção de Vídeos
Francisco Sidney Souza Almeida
Edição de Áudio e Vídeo
Francisco Sidney Souza Almeida
José Alves Castro Braga
Gerente de Filmagem/Fotografia
José Alves Castro Braga
Operador de Câmera/Iluminação e Áudio
José Alves Castro Braga
Desenhista/Ilustrador
Juliardy Rodrigues de Souza
Designer Gráfico
Marcio Alessandro Furlani
Cícero Romário Rodrigues
Assesoria Pedagógica/Equipe de Revisores
Sonia Henrique Pereira da Fonseca
Anaisa Alves de Moura
Evaneide Dourado Martins
Gerente de Execução de Projetos
Anaisa Alves de Moura
7INTA EAD Introdução à Filosofia
Palavras do Professor-Autor ...................................................11
Ambientação ...................................................................................12
Trocando ideias com os autores ...........................................14
Problematizando ............................................................16
1 A Filosofia 
Filosofia: Por que e para que? ..........................................................................21
Achegando-se à Filosofia ...................................................................................29
A especificidade do saber filosófico ..............................................................31
Diversas visões de Filosofia ................................................................................34
Os grandes paradigmas da filosofia na história
O paradigma do ser ..............................................................................................41
Sócrates ........................................................................................................................48
Platão ............................................................................................................................50
Aristóteles ....................................................................................................................53
Pensamento Cristão ..............................................................................................55
Patrística ......................................................................................................................55
Escolástica ...................................................................................................................56
O paradigma da consciência ...........................................................................57
Renascença .................................................................................................................57
Reforma ........................................................................................................................59
Racionalismo .............................................................................................................60
2
Sumário
8 Introdução à Filosofia INTA EAD
Empirismo ...................................................................................................................60
Iluminismo ..................................................................................................................62
O paradigma da linguagem ............................................................................65
Idealismo .....................................................................................................................65
Positivismo ..................................................................................................................66
Ecletismo Filosófico ................................................................................................67
Século XX .....................................................................................................................67
Intuicionismo .............................................................................................................68
Fenomenologia ........................................................................................................68
Existencialismo .........................................................................................................68
Pós-Modernismo .....................................................................................................70
A filosofia e seus campos de conhecimento
A Ontologia e Axiologia ......................................................................................76
A Filosofia Prática ...................................................................................................80
Estética ..........................................................................................................................82
Arte .................................................................................................................................82
Leitura Obrigatória ..........................................................................................84
Saiba mais ...............................................................................................................86
Revisando ................................................................................................................88 
Autoavaliação ......................................................................................................92
Bibliografia .............................................................................................................94 
Bibliografia da Web .......................................................................................96
3
9INTA EAD Introdução à Filosofia
10 Introdução à Filosofia INTA EAD
Geovani Paulino Oliveira
Graduado em Filosofiapela UVA e Mestre em Filosofia 
pela UECE. Atualmente é coordenador adjunto do curso 
de Filosofia na UVA e Professor das Faculdades INTA. Tem 
experiência na área de Filosofia, atuando principalmente 
nas seguintes temáticas: Angústia, Filosofia da Existência, 
Filosofia Contemporânea, Teoria Crítica, Dialética, Memória e 
Identidade. 
Gerson Pires de Araújo
Gerson Pires de Araújo é pastor e professor, exercendo 
suas atividades como educador por mais de meio 
século, especialmente nas áreas de Filosofia e Psicologia. 
Destaca-se também em outras atividades como tradutor, 
palestrante, maestro e conselheiro matrimonial.
Bacharel em Teologia e Letras, licenciado em Letras e 
Pedagogia, Mestre em Educação pela Andrews University, 
USA, e pela Universidade de São Paulo (USP). É doutorando 
em Liderança pela Andrews University, tendo trabalhado no UNASP ( Centro 
Universitário Adventistas de São Paulo) por 37 anos. Atua na área de educação de 
jovens, procurando proporcionar-lhes uma cosmovisão de acordo com a realidade 
presente e preparando-os para um futuro mais promissor. Membro fundador da 
Sociedade Criacionista Brasileira, também se dedica a apresentar o criacionismo 
como a alternativa mais lógica e coerente para explicar a origem da vida humana e 
do mundo.
Atualmente exerce suas atividades como capelão e professor nas Faculdades 
INTA, em Sobral, Ceará.
11INTA EAD Introdução à Filosofia
Palavra do Professor-Autor
Caro estudante,
Para adentrarmos no mundo da filosofia é necessário nos distanciar dos pré-conceitos que, por vezes, associam a filosofia à ideia do pensar “mais difícil”. A 
filosofia, se pensada enquanto processo de compreensão do conhecimento à 
disposição de cada um de nós, está ao alcance de todos.
Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, o homem desenvolveu um 
estilo de vida no qual passou a se submeter e depender do que estas produzem. 
A maioria das pessoas passa a ter uma existência mecânica, na qual o cotidiano se 
desvela de maneira automática. 
Conectados ao momento presente, ao “aqui e agora”, não resta tempo para 
analisarmos o significado de nossa existência neste mundo e para a procura de 
respostas a questionamentos como: De onde surgiu o homem? Por que o homem 
existe? Qual o significado da existência do mundo e da vida? Somos nós produtos de 
uma inteligência ou obra cega do acaso? O que é a vida? O que é de fato importante 
para nossa existência? Há, ou não, significado para aquilo que o homem procura 
realizar? Está certo tudo o que o ser humano faz? O que é bem, o que é mal? O que 
é verdade, o que é mentira? Como sei que posso confiar no que a minha mente 
pensa? Existe realidade ou as coisas são simples aparências? Como posso confiar no 
que vejo, sinto, ouço? Posso conhecer e ter certeza de que sei alguma coisa? 
Esses mesmos questionamentos sobre o mundo e o universo foram colocados 
pelos gregos e a partir das suas indagações e inquietações surgiu a filosofia.
Bom estudo!
 
Os autores.
AMBIENTAÇÃO À 
DISCIPLINA
Este ícone indica que você deverá ler o texto para ter 
uma visão panorâmica sobre o conteúdo da disciplina.
13INTA EAD Introdução à Filosofia
 O estudo de filosofia aconselha o comprometimento da reflexão, 
da pesquisa e da busca incessante pela informação que explica os fatos 
existentes no âmbito das relações moldadas com a natureza, com outros 
homens e consigo mesmo. Este conhecimento é abrangido em toda a ação 
humana.
A filosofia resulta de uma ruptura do saber já 
existente com o saber a ser adquirido, haja vista ela 
problematizar e convidar à discussão. O estudo de 
filosofia é essencial porque oferece as condições 
teóricas para o desenvolvimento da consciência 
crítica pela qual a experiência vivida é transformada 
em experiência compreendida. A filosofia rejeita o sobrenatural, a 
interferência de agentes divinos na explicação dos fenômenos. Procura a 
inteligibilidade numa dinâmica que considera o saber enquanto alicerce 
para a transformação. Exige coragem, pois descobrir a verdade obriga o 
enfrentamento do poder e suas diversas formas de manifestação como 
também aceitação do desafio à mudança. 
As afirmações anteriores foram sintetizadas 
do prefácio da obra “Antologia de Textos 
Filosóficos”. Desse modo, possibilita aos 
estudantes ter afinidade com os textos dos 
filósofos. Diante do exposto, convidamos você, 
prezado estudante, a ler essa obra e refletir 
sobre a importância da filosofia para que 
possamos atribuir sentido à rede de significações 
relacionadas aos objetos que percebemos. 
 
JAIRO, Marçal. (org.). Antologia de Textos Filosóficos. SEED – Paraná: – 
Curitiba: 2009.
 
TROCANDO IDEIAS 
COM OS AUTORES 
A intenção é que seja feita a leitura de obras indicadas 
pelo professor-autor numa perspectiva de dialogar com 
os autores de relevo nacional e/ou mundial. 
15INTA EAD Introdução à Filosofia
Você é convidado a conversar com os autores dos livros indicados. Leia 
a obra Convite à Filosofia, de Marilena Chauí, na qual a autora aborda o 
domínio da Filosofia para o ser humano. 
O saber filosófico é uma aspiração ao 
conhecimento racional, lógico e sistemático da 
realidade natural e humana. A reflexão filosófica 
possibilita aprender a partir da problematização 
da realidade social como ponto de partida e como 
ponto de chegada das experiências da vida diária, 
além de advertir o entendimento das situações 
habituais da vida humana. Esta mesma ponderação 
também adverte o entendimento das situações 
habituais da vida humana quando revelamos as 
características da filosofia. 
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2006.
A segunda leitura recomendada é a da obra 
Vivendo a Filosofia, de Gabriel Chalita, a qual traz 
questões como: De onde provêm todas as coisas? 
O que é o pensamento, o bem, o belo, o amor? 
Estes são questionamentos que a filosofia desde a 
Antiguidade tem investigado. Este livro, por meio 
de uma linguagem clara, demonstra a habilidade 
do autor ao dar nova vida aos pensamentos que 
compõem a base da tradição ocidental e permanecem 
sendo ferramentas benéficas para compreendermos 
o mundo contemporâneo. 
CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática, 2008. 
Estudo Guiado: 
Ao concluir a leitura 
dos livros, faça uma 
síntese comparando 
as ideias dos autores 
destacando os 
conceitos básicos do 
ponto de vista de 
cada um.
PROBLEMATIZANDO
É apresentada uma situação problema onde será feito 
um texto expondo uma solução para o problema 
abordado, articulando a teoria e a prática profissional.
17INTA EAD Introdução à Filosofia
A problematização idealiza questionamentos incompreensíveis de 
atitudes humanas. No cenário do cotidiano acontecem diferentes situações 
em que o SER HUMANO é sujeitado a afirmar, negar, desejar, aceitar ou 
recusar coisas, pessoas e situações. As pessoas estão constantemente se 
questionando e, por esta razão, almejam respostas. Diante dessa situação, 
a expectativa é a de que alguém, dispondo de um relógio ou calendário, 
venha a responder questionamentos com exatidão. 
A partir do momento que perguntamos e aceitamos a resposta, confiamos 
que o tempo existe e que ele é medido por horas e dias. Muitos dizem que 
quando perguntamos estamos filosofando. Você talvez já se perguntou: O 
que é o homem? Para que serve o homem? A ciência melhora o homem? 
A espécie humana tem evoluído para melhor? Afinal, a filosofia serve para 
quê? Por que devo estudar filosofia? O que estuda a filosofia? Qual o seu 
significado? Por meio da filosofia é possível transmitir conhecimentos? 
Estudo Guiado: 
Leia a situação-
problema e 
reflita sobre os 
questionamentos; 
encontre as respostas 
de acordo com os 
princípios defendidos 
pelos autores nos 
livros recomendados 
nesta unidade de 
ensino. , reflita e faça 
uma resenha crítica 
e comente com seus 
colegas.
APRENDENDO A PENSAR
O estudante deverá analisar o tema da disciplina em 
estudo a partir das ideias organizadas pelo professor-
autor do material didático.
A FILOSOFIA
1
Conhecimentos 
Conhecer o conceito de filosofia a partir de diversos posicionamentos teóricos; 
Compreender o processo de construção do pensamento filosófico; 
Compreender as diversas facetas em que o conhecimento humano se desenvolve.
Habilidades
Identificar posturas críticas sobre questões essenciais ao mundo e à vida no 
contexto sociocultural em que está inserido;
Reconhecer os fundamentos filosóficos oriundos de qualquer acontecimento, 
evento, fenômeno ou pensamento de questões relacionadas ao conhecimento.
Atitude
Saber ampliar a ação da filosofia na construção do conhecimento 
a partir de novos olhares.
21INTA EAD Introdução à Filosofia
Filosofia: Por que e para que?
Pensar filosoficamente é uma aventura – uma viagem aos limites do pensamento 
e do entendimento. (LAW, 2008, p. 10)
De fato, a filosofia pode ser considerada uma aventura, é um lançar-se no 
desconhecido, no novo, no que não estamos acostumados. Ao mesmo tempo é um 
convite a abandonarmos nossas convicções, crenças, nos despojarmos de nossas 
seguranças, das verdades que nos foram transmitidas. Portanto, filosofar é um ato de 
coragem que leva ao crescimento intelectual, à reflexão autônoma. Sim, autonomia! 
Essa, talvez, seja, hoje, a principal tarefa da filosofia: fazer-nos pensar de modo 
autônomo, crítico, reflexivo, numa época em que a mídia, os grupos religiosos, os 
partidos políticos, as instituições de ensino etc., nos enquadram numa forma rígida, 
cristalizada, depensar. Tal tarefa nos remete ao filósofo alemão Immanuel Kant, que 
nos leva a pensar sobre o esclarecimento no texto Resposta à pergunta: O que é 
o Esclarecimento? escrito em dezembro de 1783, mas que nos é bastante atual. 
Vamos ler um trecho do referido texto:
Esclarecimento (Aufklärung) significa a saída do homem de sua minoridade, 
pela qual ele próprio é responsável. A minoridade é a incapacidade de se 
servir de seu próprio entendimento sem a tutela de um outro. É a si próprio 
que se deve atribuir essa minoridade, uma vez que ela não resulta da falta 
de entendimento, mas da falta de resolução e de coragem necessárias para 
utilizar seu entendimento sem a tutela de outro. Sapere aude! Tenha a 
coragem de te servir de teu próprio entendimento, tal é portanto a divisa do 
Esclarecimento.
A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma parte tão grande dos 
homens, libertos há muito pela natureza de toda tutela alheia (naturaliter 
majorennes), comprazem-se em permanecer por toda sua vida menores; e 
é por isso que é tão fácil a outros instituírem-se seus tutores. É tão cômodo 
ser menor. Se possuo um livro que possui entendimento por mim, um diretor 
espiritual que possui consciência em meu lugar, um médico que decida 
acerca de meu regime, etc., não preciso eu mesmo esforçar-me. Não sou 
obrigado a refletir, se é suficiente pagar; outros se encarregarão por mim 
da aborrecida tarefa. Que a maior parte da humanidade (e especialmente 
22 Introdução à Filosofia INTA EAD
todo o belo sexo) considere o passo a dar para ter acesso à maioridade como 
sendo não só penoso, como ainda perigoso, é ao que se aplicam esses tutores 
que tiveram a extrema bondade de encarregar-se de sua direção. Após ter 
começado a emburrecer seus animais domésticos e cuidadosamente impedir 
que essas criaturas tranquilas sejam autorizadas a arriscar o menor passo 
sem o andador que as sustenta, mostram-lhes em seguida o perigo que as 
ameaça se tentam andar sozinhas. Ora, esse perigo não é tão grande assim, 
pois após algumas quedas elas acabariam aprendendo a andar; mas um 
exemplo desse tipo intimida e dissuade usualmente toda tentativa ulterior.
É portanto difícil para todo homem tomado individualmente livrar-se dessa 
minoridade que se tornou uma espécie de segunda natureza. Ele se apegou 
a ela, e é então realmente incapaz de se servir de seu entendimento, pois 
não deixam que ele o experimente jamais. Preceitos e fórmulas, esses 
instrumentos mecânicos destinados ao uso racional, ou antes ao mau uso 
de seus dons naturais, são os entraves desses estado de minoridade que se 
perpetua. Quem o rejeitasse, no entanto, não efetuaria mais do que um salto 
incerto por cima do fosso mais estreito que seja, pois ele não tem o hábito 
de uma tal liberdade de movimento. Assim, são poucos os que conseguiram, 
pelo exercitar de seu próprio espírito, libertar-se dessa minoridade tendo ao 
mesmo tempo um andar seguro. (KANT, 1783)
 Sapere Aude! Este é o convite que a filosofia nos faz hoje. Nisso consiste a 
importância de estudá-la, sua tarefa, no mundo de homens-máquinas, de homens 
programados. A filosofia é um exame crítico dos fundamentos de nossas convicções, 
de nossos preconceitos e de nossas crenças e é, conforme Bertrand Russell, filósofo 
inglês, na não-certeza que chegamos quando filosofamos onde devemos procurar o 
valor da filosofia, pois o seu valor está nas incertezas que ela nos proporciona, pois 
quem não pratica o filosofar caminha pela vida preso aos pré-conceitos que são 
adquiridos ao longo de sua vida. 
Porém, mesmo com esta consciência da tarefa da filosofia hoje, muitas pessoas 
questionam sua utilidade para o cotidiano. De modo imediato a filosofia realmente 
não tem muita utilidade para as pessoas. No entanto, sua utilidade se apresenta de 
modo mediato, ou seja, indiretamente. Bem nos explica a Professora Marilena Chauí:
As evidências do cotidiano
Em nossa vida cotidiana, afirmamos, negamos, desejamos, aceitamos ou 
recusamos coisas, pessoas, situações. Fazemos perguntas como “que horas 
23INTA EAD Introdução à Filosofia
são?”, ou “que dia é hoje?”. Dizemos frases como “ele está sonhando”, ou 
“ela ficou maluca”. Fazemos afirmações como “onde há fumaça, há fogo”, 
ou “não saia na chuva para não se resfriar”. Avaliamos coisas e pessoas, 
dizendo, por exemplo, “esta casa é mais bonita do que a outra” e “Maria está 
mais jovem do que Glorinha”.
Numa disputa, quando os ânimos estão exaltados, um dos contendores pode 
gritar ao outro: “Mentiroso! Eu estava lá e não foi isso o que aconteceu”, e 
alguém, querendo acalmar a briga, pode dizer: “Vamos ser objetivos, cada 
um diga o que viu e vamos nos entender”.
Também é comum ouvirmos os pais e amigos dizerem que somos muito 
subjetivos quando o assunto é o namorado ou a namorada. Frequentemente, 
quando aprovamos uma pessoa, o que ela diz, como ela age, dizemos que 
essa pessoa “é legal”.
Vejamos um pouco mais de perto o que dizemos em nosso cotidiano.
Quando pergunto “que horas são?” ou “que dia é hoje?”, minha expectativa 
é a de que alguém, tendo um relógio ou um calendário, me dê a resposta 
exata. Em que acredito quando faço a pergunta e aceito a resposta? Acredito 
que o tempo existe, que ele passa, pode ser medido em horas e dias, que o 
que já passou é diferente de agora e o que virá também há de ser diferente 
deste momento, que o passado pode ser lembrado ou esquecido, e o futuro, 
desejado ou temido. Assim, uma simples pergunta contém, silenciosamente, 
várias crenças não questionadas por nós.
Quando digo “ele está sonhando ”, referindo-me a alguém que diz ou pensa 
alguma coisa que julgo impossível ou improvável, tenho igualmente muitas 
crenças silenciosas: acredito que sonhar é diferente de estar acordado, 
que, no sonho, o impossível e o improvável se apresentam como possível e 
provável, e também que o sonho se relaciona com o irreal, enquanto a vigília 
se relaciona com o que existe realmente. Acredito, portanto, que a realidade 
existe fora de mim, posso percebê-la e conhecê-la tal como é, sei diferenciar 
realidade de ilusão.
A frase “ela ficou maluca” contém essas mesmas crenças e mais uma: a de 
que sabemos diferenciar razão de loucura e maluca é a pessoa que inventa 
uma realidade existente só para ela. Assim, ao acreditar que sei distinguir 
razão de loucura, acredito também que a razão se refere a uma realidade 
que é a mesma para todos, ainda que não gostemos das mesmas coisas. 
24 Introdução à Filosofia INTA EAD
Quando alguém diz “onde há fumaça, há fogo” ou “não saia na chuva 
para não se resfriar”, afirma silenciosamente muitas crenças: acredita que 
existem relações de causa e efeito entre as coisas, que onde houver uma 
coisa certamente houve uma causa para ela, ou que essa coisa é causa de 
alguma outra (o fogo causa a fumaça como efeito, a chuva causa o resfriado 
como efeito). Acreditamos, assim, que a realidade é feita de causalidades, 
que as coisas, os fatos, as situações se encadeiam em relações causais que 
podemos conhecer e, até mesmo, controlar para o uso de nossa vida.
Quando avaliamos que uma casa é mais bonita do que a outra, ou que 
Maria está mais jovem do que Glorinha, acreditamos que as coisas, as 
pessoas, as situações, os fatos podem ser comparados e avaliados, julgados 
pela qualidade (bonito, feio, bom, ruim) ou pela quantidade (mais, menos, 
maior, menor). Julgamos, assim, que a qualidade e a quantidade existem, que 
podemos conhecê-las e usá-las em nossa vida. Se, por exemplo, dissermos 
que “o sol é maior do que o vemos”, também estamos acreditando que nossa 
percepção alcança as coisas de modos diferentes, ora tais como são em si 
mesmas, ora tais como nos aparecem, dependendo da distância, de nossas 
condições de visibilidade ou da localização e do movimento dos objetos. 
Acreditamos, portanto, que o espaço existe, possui qualidades (perto, longe, 
alto, baixo) e quantidades, podendo ser medido(comprimento, largura, 
altura). No exemplo do sol, também se nota que acreditamos que nossa visão 
pode ver as coisas diferentemente do que elas são, mas nem por isso diremos 
que estamos sonhando ou que ficamos malucos.
Na briga, quando alguém chama o outro de mentiroso porque não estaria 
dizendo os fatos exatamente como aconteceram, está presente a nossa 
crença de que há diferença entre verdade e mentira. A primeira diz as coisas 
tais como são, enquanto a segunda faz exatamente o contrário, distorcendo 
a realidade. No entanto, consideramos a mentira diferente do sonho, 
da loucura e do erro porque o sonhador, o louco e o que erra se iludem 
involuntariamente, enquanto o mentiroso decide voluntariamente deformar 
a realidade e os fatos. Com isso, acreditamos que o erro e a mentira são 
falsidades, mas diferentes porque somente na mentira há a decisão de falsear.
Ao diferenciarmos erro de mentira, considerando o primeiro uma ilusão ou 
um engano involuntários e a segunda uma decisão voluntária, manifestamos 
silenciosamente a crença de que somos seres dotados de vontade e que 
dela depende dizer a verdade ou a mentira. Ao mesmo tempo, porém, nem 
25INTA EAD Introdução à Filosofia
sempre avaliamos a mentira como alguma coisa ruim: não gostamos tanto 
de ler romances, ver novelas, assistir a filmes? E não são mentira? É que 
também acreditamos que quando alguém nos avisa que está mentindo, a 
mentira é aceitável, não seria uma mentira “no duro”, “pra valer”.
Quando distinguimos entre verdade e mentira e distinguimos mentiras 
inaceitáveis de mentiras aceitáveis, não estamos apenas nos referindo ao 
conhecimento ou desconhecimento da realidade, mas também ao caráter da 
pessoa, à sua moral. Acreditamos, portanto, que as pessoas, porque possuem 
vontade, podem ser morais ou imorais, pois cremos que a vontade é livre 
para o bem ou para o mal.
Na briga, quando uma terceira pessoa pede às outras duas para que 
sejam “objetivas” ou quando falamos dos namorados como sendo “muito 
subjetivos”, também estamos cheios de crenças silenciosas. Acreditamos 
que quando alguém quer defender muito intensamente um ponto de vista, 
uma preferência, uma opinião, até brigando por isso, ou quando sente um 
grande afeto por outra pessoa, esse alguém “perde” a objetividade, ficando 
“muito subjetivo”. Com isso, acreditamos que a objetividade é uma atitude 
imparcial que alcança as coisas tais como são verdadeiramente, enquanto a 
subjetividade é uma atitude parcial, pessoal, ditada por sentimentos variados 
(amor, ódio, medo, desejo). Assim, não só acreditamos que a objetividade e 
a subjetividade existem, como ainda acreditamos que são diferentes e que 
a primeira não deforma a realidade, enquanto a segunda, voluntária ou 
involuntariamente, a deforma.
Ao dizermos que alguém “é legal” porque têm os mesmos gostos, as mesmas 
ideias, respeita ou despreza as mesmas coisas que nós e tem atitudes, hábitos 
e costumes muito parecidos com os nossos, estamos, silenciosamente, 
acreditando que a vida com as outras pessoas - família, amigos, escola, 
trabalho, sociedade, política - nos faz semelhantes ou diferentes em 
decorrência de normas e valores morais, políticos, religiosos e artísticos, 
regras de conduta, finalidades de vida.
Achando óbvio que todos os seres humanos seguem regras e normas de 
conduta, possuem valores morais, religiosos, políticos, artísticos, vivem na 
companhia de seus semelhantes e procuram distanciar-se dos diferentes dos 
quais discordam e com os quais entram em conflito, acreditamos que somos 
seres sociais, morais e racionais, pois regras, normas, valores, finalidades só 
podem ser estabelecidos por seres conscientes e dotados de raciocínio.
26 Introdução à Filosofia INTA EAD
Como se pode notar, nossa vida cotidiana é toda feita de crenças silenciosas, 
da aceitação tácita de evidências que nunca questionamos porque nos 
parecem naturais, óbvias. Cremos no espaço, no tempo, na realidade, na 
qualidade, na quantidade, na verdade, na diferença entre realidade e sonho 
ou loucura, entre verdade e mentira; cremos também na objetividade e na 
diferença entre ela e a subjetividade, na existência da vontade, da liberdade, 
do bem e do mal, da moral, da sociedade.
A atitude filosófica
Imaginemos, agora, alguém que tomasse uma decisão muito estranha e 
começasse a fazer perguntas inesperadas. Em vez de “que horas são?” ou 
“que dia é hoje?”, perguntasse: O que é o tempo? Em vez de dizer “está 
sonhando” ou “ficou maluca”, quisesse saber: O que é o sonho? A loucura? 
A razão?
Se essa pessoa fosse substituindo sucessivamente suas perguntas, suas 
afirmações por outras: “Onde há fumaça, há fogo”, ou “não saia na chuva 
para não ficar resfriado”, por: O que é causa? O que é efeito?; “seja objetivo”, 
ou “eles são muito subjetivos”, por: O que é a objetividade? O que é a 
subjetividade?; “Esta casa é mais bonita do que a outra”, por: O que é “mais”? 
O que é “menos”? O que é o belo?
Em vez de gritar “mentiroso!”, questionasse: O que é a verdade? O que é o 
falso? O que é o erro? O que é a mentira? Quando existe verdade e por quê? 
Quando existe ilusão e por quê?
Se, em vez de falar na subjetividade dos namorados, inquirisse: O que é o 
amor? O que é o desejo? O que são os sentimentos?
Se, em lugar de discorrer tranquilamente sobre “maior” e “menor” ou “claro” 
e “escuro”, resolvesse investigar: O que é a quantidade? O que é a qualidade?
E se, em vez de afirmar que gosta de alguém porque possui as mesmas 
ideias, os mesmos gostos, as mesmas preferências e os mesmos valores, 
preferisse analisar: O que é um valor? O que é um valor moral? O que é um 
valor artístico? O que é a moral? O que é a vontade? O que é a liberdade?
Alguém que tomasse essa decisão estaria tomando distância da vida 
cotidiana e de si mesmo, teria passado a indagar o que são as crenças e 
os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência. Ao tomar 
27INTA EAD Introdução à Filosofia
essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que 
cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas 
crenças e nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a adotar o 
que chamamos de atitude filosófica.
Assim, uma primeira resposta à pergunta “O que é Filosofia?” poderia ser: A 
decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, 
as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; 
jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido.
Perguntaram, certa vez, a um filósofo: “Para que Filosofia?”. E ele respondeu:
“Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores 
considerações”. (CHAUÍ, 2000, p. 5 – 9).
Portanto, a filosofia não está apartada de nós, faz parte da nossa vida, está 
diretamente ligada ao que somos de mais essência, seres inacabados, em construção. 
As perguntas e respostas que buscamos através da filosofia é uma forma de nos 
tornarmos humanos.
ATIVIDADE
Após a leitura dos textos de Kant e Marilena Chauí redija um texto dissertativo 
sobre a importância da filosofia para a vida humana. Faça uso do saber autônomo, 
posicionando a favor ou contra o tema.
 
O termo "filosofia" vem do grego e significa "amor à sabedoria". O ser 
humano possui profundo desejo de saber, fato que o leva a buscar as causas dos 
acontecimentos.
É possível encontrar dois motivos para a busca de conhecimento:
• Considerações teóricas (saber simplesmente por saber, para satisfazer as 
exigências de seu intelecto);
• Razões práticas (a necessidade de conhecimento a fim de agir com retidão 
moral ou com eficiência técnica).
Um ser humano experimenta, por exemplo, a necessidade de descobrir o 
propósito de sua própria existência; para isso, ele precisa encontrar as respostas de 
muitas perguntas acerca das coisas existentes ao seu redor.
28 Introdução à Filosofia INTA EAD
Os homens observam certas coisas acontecendoao seu redor como o 
crescimento das plantas, a chuva que cai, o sol nascendo... E eles começam 
a se perguntar sobre as causas destas coisas.
Um verdadeiro filósofo é uma pessoa que se dedica à vida aparentemente 
"inútil" de contemplação. Por esse motivo, um filósofo é, muitas vezes, 
considerado ridículo: uma pessoa que está "fora de contato" com o mundo 
ao seu redor.
Sobre Thales de Mileto, por exemplo, foi dito que ele caiu em um poço, 
enquanto estava olhando para o céu. Esse fato provocou o riso de uma 
empregada doméstica.
Através do uso de imagens, Platão, em seus diálogos, mostra as pessoas 
que estão imersas no mundo dos "bens úteis" - o grupo de atenienses que 
possuem dinheiro e sucesso. Estas pessoas são incapazes de tornarem-se 
filósofas, pois não têm nenhum desejo de verdade, apenas sucesso; não 
aspiram conhecer o sentido da vida.
O que os filósofos procuraram demonstrar é que o espírito filosófico é 
a busca de um conhecimento acerca da realidade espontânea, que vai além 
do conhecimento alcançado pelas artes e ciências técnicas.
O objetivo de um filósofo consiste na busca do conhecimento em si, 
não tem um fim utilitário (não para ganhar dinheiro, fama, etc.; não é uma 
ciência de produção).
Então, por que começamos a filosofar?
Para Aristóteles, todos os homens, naturalmente, desejam saber. Pertence 
à natureza humana a busca das causas dos acontecimentos. Há a busca por 
respostas, razões, explicações, levando a outras questões (não é igual a um 
direito de saber tudo - curiosidade, invasão de privacidade, etc.). A mente 
humana é obrigada, por sua própria constituição, a fazer as perguntas que 
os filósofos discutem. O objeto do intelecto é a busca pela verdade.
É de Aristóteles a seguinte premissa: "Você diz que é preciso filosofar. 
Então você deve filosofar. Você diz que não se deve filosofar. Então, para 
provar sua alegação, você deve filosofar. Em qualquer caso, você deve 
filosofar". Portanto não podemos fugir da filosofia. Podemos até não cultivar 
um espírito filosófico, mas as questões fundamentais da filosofia sempre 
andam conosco, pois são questões essencialmente humanas.
Contemplação: 
Ação de contemplar: 
contemplação dos 
astros. 
Concentração 
do espírito sobre 
assuntos intelectuais 
ou religiosos; 
meditação; viver na 
contemplação.
29INTA EAD Introdução à Filosofia
Achegando-se à Filosofia
O primeiro contato com a filosofia, no entanto, pode, para muitos, ser 
extremamente difícil, doloroso, árduo, devido a diversos fatores, tais como, o 
questionamento que ela põe às nossas crenças, ao modo peculiar da argumentação 
filosófica, a abstração de seus conceitos etc. Contudo, isso não deve servir de 
justificativa para permanecermos na minoridade intelectual. 
Estudar filosofia, começar pelo entendimento que já existe uma filosofia, não 
se trata de aprender pensamentos dos pensadores, mas sim aprender a pensar 
filosoficamente. Sempre houve filosofia, uma vez que em seu sentido mais amplo, 
filosofar consiste em pensar sobre tudo que envolve o ser humano na tentativa de 
explicar as coisas.
 As questões fundamentais que o pensamento humano procura esclarecer giram 
em torno daquilo que nos cerca e está além do que nos chega através dos órgãos 
dos sentidos. O que vem a ser real e imaginário, haja vista a possibilidade da mente 
criar e desenvolver ideias e pensamentos que provavelmente, ou não, correspondem 
à realidade?
“O que é a vida?”, “O que é o homem?”, “Existe algum sentido para a existência do 
ser humano neste planeta?”, “Existe algo que se encontra além do que percebemos 
pelos sentidos?”. Perguntas como estas fazem parte de inúmeras questões levantadas 
pelo ser humano e, de acordo com as respostas dadas ou encontradas, o homem vai 
pautando sua existência. Certamente a maioria das pessoas vive sem pensar nessas 
questões ou pensa apenas no imediato sem se preocupar com as perguntas mais 
profundas da existência e da vida humana. 
O estudo de filosofia objetiva despertar o estudante para as grandes questões 
que determinam e dirigem a vida humana. Todavia, essa forma de estudar fica restrita 
a especialista nas academias. No entanto, não deveria ser reservado somente para 
os estudantes das áreas humanas, mas também para aqueles que buscam profissões 
em outras áreas de conhecimento, por exemplo, técnicos e profissionais das áreas 
de ciências exatas e biológicas. 
Será que você realiza uma ação sem antes pensar?
É impossível admitir a existência humana sem reflexão. Somos obrigados a pensar 
antes de qualquer ação; isso significa que o ser humano tem um ponto de vista 
sobre o mundo, uma linha de conduta ética e política para manter ou transformar 
os modos de pensar e agir do seu tempo histórico.
30 Introdução à Filosofia INTA EAD
 Esta maturidade do homem é resultado da aquisição da sua autonomia 
sobre o pensar e o agir no mundo. A filosofia dá condições teóricas para 
a superação da consciência ingênua e promove aquisição da consciência 
crítica. Por exemplo, tente responder as seguintes questões: Quais são os 
limites da liberdade em uma sociedade civilizada? É errado comer carne ou 
usar animais para investigação científica? Devemos respeitar a natureza? O 
que é a mente e como esta se relaciona com o corpo? Existe vida após a 
morte?
Certamente você concordará que estas questões dizem respeito a 
todos nós e que as respostas podem afetar profundamente a forma como 
conduzimos nossas vidas no cotidiano. Você, provavelmente, já pensou em 
muitas delas e pode ter discutido esses temas com amigos ou parentes. 
Algumas pessoas pensam uma coisa, outros pensam outra. 
 A filosofia possibilita modos de pensar sobre essas questões. Os filósofos 
tentam construir argumentos racionais para seus pontos de vista seguindo 
pressupostos lógicos. Filósofos também tentam construir argumentos contra 
as posições de seus oponentes. Esses processos nem sempre vão levar a um 
acordo universal, mas eles possibilitarão o debate, ajudando-nos a entender 
os pontos fortes e fracos das diferentes posições e as relações entre eles.
Os filósofos também devem submeter as suas próprias crenças aos 
padrões de argumentação racional, e devem estar preparados para mudar 
as suas mentes, caso existam bons argumentos contra suas opiniões. Ao 
questionar suas crenças e testá-las de forma rigorosa, eles podem identificar 
seus preconceitos e suposições e substituí-los coerentemente. A filosofia é, 
pois, um antídoto útil ao dogmatismo. Ao estudar filosofia, as pessoas, 
muitas vezes, percebem que suas opiniões não eram tão firmes como 
pensavam e tornam-se mais dispostas a ouvir a opinião de outras pessoas.
Essa preocupação com o esclarecimento de ideias é fundamental para a 
filosofia e tem aplicações em muitas áreas. Por exemplo, os políticos falam 
sobre liberdade, democracia e direitos humanos, mas o que exatamente 
eles têm em mente quando usam essas palavras? 
Contudo, apesar da relevância que pode ser atribuída à filosofia, nem 
sempre ela é compreendida. Vejamos o exemplo de uma sátira entre dois 
comediantes sobre o papel da filosofia na vida cotidiana.
— John: Pode me esclarecer que relevância a filosofia tem para a vida 
cotidiana?
— Smith: Sim, eu posso fazer isso com bastante facilidade. Esta manhã 
Antídoto: 
Substância que 
impede a ação nociva 
de um veneno sobre 
o organismo. Alguns 
antídotos agem 
quimicamente sobre 
os venenos para 
torná-los inócuos
Sátira: 
Construção poética, 
livre e repleta de 
ironia que se opõe 
aos costumes, ideias 
ou instituições da 
época (em questão).
Construção poética 
com o propósito de 
criticar: sátira política.
Dogmatismo : O 
dogmatismo filosófico 
é a contestação 
do ceticismo, é 
quando as verdades 
são questionadas, 
para fazer com que 
os indivíduos não 
confiem e nem se 
tornem submissos 
perante as verdades 
estabelecidas. 
Alguns dos filósofos 
dogmáticos mais 
conhecidos são 
Platão, Aristóteles e 
Parmênides.
31INTA EAD Introdução à Filosofia
fui a umaloja e o vendedor estava discutindo com um cliente. O vendedor disse 
“sim”. E que o cliente disse: "O que quer dizer "sim"?. E o vendedor falou: “Eu quero 
dizer sim”.
— John: Isso é muito emocionante.
— Smith: Aqui está um exemplo esplêndido da vida cotidiana entre duas pessoas 
comuns trabalhando com questões filosóficas essenciais – ‘Você quer dizer ‘sim’?” – 
“Eu quero dizer ‘sim’. “- E onde eu, como filósofo, poderia ajudá-los?”
— John: E você ajudou?
— Smith: “Bem, não. Eles estavam com bastante pressa...”
John e Smith estavam satirizando as tendências filosóficas de seu tempo, mas 
seu diálogo ilustra dois pontos de vista sobre a filosofia que ainda estão bastante 
difundidos. Um deles é que os filósofos estão fora de contato com a vida cotidiana 
e as preocupações das pessoas comuns. A outra é que os debates filosóficos são 
muito abstratos e muitas vezes descem ao nível de discutir o significado das palavras 
('O que quer dizer, "sim”? '). 
ATIVIDADE
Há alguma verdade na sátira acima? A filosofia é pura abstração e sem relevância? 
Comente de modo crítico e reflexivo.
A especificidade do saber filosófico
A filosofia, assim como a ciência, busca o conhecimento. Porém, esses campos 
têm seus métodos próprios e atingem determinadas “verdades”. Além dos saberes 
filosófico e científico, existe ainda o saber do senso comum, que é uma série de 
crenças admitidas por um determinado grupo social, cujos membros acreditam ser 
compartilhadas por todos. E produzido por meio das percepções sensíveis e imediatas. 
É caracterizado pela falta de fundamentação, de coerência e sistematicidade. As 
pessoas não sabem o porquê das coisas, mas aglutinam acriticamente juízos. Nessa 
forma de saber, as verdades provisórias e parciais são tomadas por definitivas e 
absolutas. As descrições são imprecisas e os relatos dos fatos e acontecimentos 
são abordados de maneira superficial, impregnados de opiniões, que geram 
uma infinidade de pré-conceitos os quais, aos poucos, vão se tornando parte do 
conhecimento popular. Por fim, o senso comum é um conhecimento prático, utilitário, 
32 Introdução à Filosofia INTA EAD
sem ou quase sem nenhuma teoria, integrante da chamada cultura popular.
Contudo, nem todos os conhecimentos integrantes do senso comum são 
irrelevantes, já que partem da própria realidade. Algumas concepções são, de fato, 
precisas, faltando a elas, entretanto, o rigor, o método, a objetividade e a coerência 
típica do senso crítico.
Já o saber científico é forma especializada, metódica, observacional de estudo 
da realidade. Não se contenta com as opiniões, com as verdades disseminadas 
culturalmente. O saber, para ser cientificamente validado, precisa passar por uma 
série de investigações, experimentos, verificações etc. Somente após um longo 
processo de investigação é que uma afirmação pode ser tomada por uma verdade 
científica. 
Por sua vez, o saber filosófico é uma atividade reflexiva que deixa de ver os 
elementos que compõem determinada realidade como dados naturais, universais, 
óbvios, eternamente válidos, para serem analisados, relativizados, examinados 
criticamente, compreendidos como construções histórico-sociais. É fruto de 
uma metodologia orientada pela razão e pela pesquisa reflexiva. O filósofo tem 
a incumbência de questionar a realidade das aparências, de ilusões dos sentidos, 
abrindo a perspectiva do logos. Esse espírito filosófico é expresso de modo magistral 
pelo poeta:
“Nós pedimos com insistência:
Não digam nunca: isso é natural!
Diante dos acontecimentos de cada dia.
Numa época em que reina a confusão.
Em que corre sangue,
Em que se ordena a desordem,
Em que o arbítrio tem força de lei,
Em que a humanidade se desumaniza.
Não digam nunca: isso é natural!”
(Bertoldo Brecht)
Tem-se comumente a ideia que o filósofo é aquele que divaga em questões 
abstratas, desconectadas da vida cotidiana com um discurso que não diz respeito 
aos interesses da maioria. Já o cientista, pelo contrário, é um pesquisador confinado 
33INTA EAD Introdução à Filosofia
em seu laboratório e preocupado com problemas práticos, imbuído na elaboração 
de um saber útil.
No entanto, podemos questionar: até que ponto o saber filosófico não tem 
utilidade e o quanto o saber científico está próximo das expectativas práticas?
Na modernidade, filosofia e ciência seguem caminhos diferentes, determinados 
por uma metodologia própria. O método determina a diferença de abordagem 
dos problemas em cada área e a lógica é o instrumento comum entre a ciência 
e a filosofia. Com a separação entre filosofia e ciência, a partir da revolução 
científica do século XVI, cada qual passou a guardar características próprias: 
CIÊNCIA FILOSOFIA
Trabalha com métodos científicos, ou 
seja, baseia-se na observação de dados 
empíricos.
 Trabalha com elementos teóricos e não 
condiciona o objeto de sua análise as 
experimentações.
Saber especializado. Visão de conjunto.
Descritiva. Crítica.
O saber filosófico designa o conjunto dos conhecimentos racionais. Portanto, um 
saber amplo e universalista. Como a ciência passou a direcionar suas investigações a 
campos delimitados da realidade, a filosofia, hoje, passou a ter a função de buscar a 
unidade do saber e de examinar a validade dos métodos e dos saberes formulados 
pelas ciências.
Entretanto, a filosofia pode se valer dos resultados alcançados pelas ciências e 
questioná-los. Já as ciências podem se valer dos elementos teóricos da filosofia. É 
o que faz, por exemplo, a Filosofia da Mente, a Filosofia da Natureza, a Filosofia da 
Ciência etc.
PESQUISA
Escolha um tema de sua preferência e faça uma pesquisa para entender como o 
senso comum, a ciência e a filosofia abordam esse determinado assunto. 
34 Introdução à Filosofia INTA EAD
Diversas visões de filosofia
Você sabia que a filosofia tem vários significados? Vamos elencar 
alguns deles: do ponto de vista etimológico, filosofia significa “amigo da 
sabedoria”. Para muitas pessoas, a palavra filosofia quer dizer a maneira 
própria de uma pessoa ver e explicar as coisas. Quando dizemos que cada 
pessoa tem sua própria filosofia, estamos nos referindo a este conceito. 
Embora a explicação seja um verdadeiro absurdo do ponto de vista da 
lógica, um mito ou superstição, por exemplo, mas é sua filosofia. 
Outro significado que o termo filosofia desenvolveu foi o de conhecimento 
adquirido de maneira sistemática, pensada, examinada. Não se trata de 
simples opiniões, mas de conhecimentos baseados num processo lógico 
de pensamento em que se usa determinado método para chegar a alguma 
conclusão. 
A filosofia consiste num conjunto de conhecimentos sobre certos 
assuntos sistematizados e obtidos por meio de métodos definidos que 
procuram explicar todas as coisas por suas causas mais profundas e não 
imediatas. Para isto, são usadas a observação sensível e a razão natural.
O conjunto dessas regras chama-se lógica. Nota-se que este segundo 
conceito está ligado apenas ao mundo sensível e à razão natural, excluindo 
o campo da ciência e da religião.
Um terceiro conceito é o da mente humana quando esta procura 
explicação para todas as coisas e relaciona todo o conhecimento dos 
diversos campos, como o conhecimento especulativo, experimental, entre 
outros. Reunindo todos num processo de integração, elabora-se uma visão 
do mundo ou do universo.
 Esta visão desenvolve um sistema de pensamento que compreende a 
existência de todas as coisas do universo e é denominada de cosmovisão. 
Dentro desse conceito, inclui-se tanto o campo da ciência experimental, 
quanto da religião fundamentada na Revelação Escrita, isto é, da Teologia 
Bíblica e do conhecimento adquirido pelo processo sensitivo racional.
Finalmente chegamos a um significado da palavra filosofia, um modo 
de pensar, que inclui não apenas uma compreensão intelectual ou teórica, 
mas também um saber que faça parte do nosso “eu”, de nosso ser psíquico. 
Abrange o conjunto total de nossas experiências vividas e modos de viver. 
Filosofia,então, é vivência.
Etimológico: 
Ciência que investiga 
a origem, étimo, das 
palavras procurando 
determinar as causas 
e circunstâncias 
de seu processo 
evolutivo. Matéria 
ou disciplina que 
analisa a descrição 
de uma palavra 
em vários âmbitos 
linguísticos anteriores 
a sua formação. 
Procedência de um 
termo tanto em sua 
forma mais antiga 
quanto nos aspectos 
relacionados a sua 
evolução. 
Razão: 
Capacidade para 
resolver (alguma 
coisa) através do 
raciocínio; aptidão 
para raciocinar, para 
compreender, para 
julgar; a inteligência 
de modo abrangente: 
todo indivíduo é 
dotado ou faz uso 
da razão. Raciocínio 
através do qual se 
consegue induzir 
ou deduzir (alguma 
coisa). 
Habilidade para fazer 
avaliações de maneira 
correta; em que há 
juízo; bom senso.
35INTA EAD Introdução à Filosofia
Portanto, essa forma de conhecimento é, essencialmente, prática, na 
qual o ser humano passa a viver de acordo com sua visão de mundo. Esse 
modo de viver deverá ser coerente com a cosmovisão obtida a fim de que o 
ser humano não experimente uma dicotomia entre a psique, que se refere 
à mente, e a soma, que se refere ao corpo material.
Podemos perceber então que diferentes são os conceitos de filosofia, o 
modo como cada pessoa vê as coisas no mundo e as maneiras pelas quais 
os seres humanos elaboram sua visão sobre este. 
Cada conceito diferente de filosofia também provoca mudança na 
natureza do saber filosófico. Ao considerar a função, ou funções, da filosofia, 
constatamos que sua natureza é tríplice e culmina em aspectos amplos e 
globalizantes. Vejamos cada uma delas:
• Em primeiro lugar, ao expor seu sistema, analisar as causas 
fundamentais e explicar a existência/essência das coisas, a filosofia é 
descritiva em sua natureza. Discorre sobre tudo o que existe, explica 
conceitos, enumera e descreve os componentes, procura integrar as partes, 
relacionando-as de modo apropriado e buscando abranger o todo.
• Quando a filosofia estabelece as regras do pensamento válido e a 
aplicação destas no processo do raciocínio, passa a ter um caráter normativo. 
Este caráter normativo também ocorre ao se tratar da Filosofia Prática na 
qual são estabelecidas normas de conduta para servir como modelo de 
comportamento aos indivíduos, determinando as noções de dever e direito, 
certo e errado. 
• Finalmente, a parte da filosofia que faz uma avaliação do conhecimento 
adquirido pela especulação e verifica se as regras foram obedecidas na 
conduta ou na produção de uma obra de arte, chama-se Filosofia Crítica 
ou Avaliativa. Isso também ocorre quando a filosofia procura se certificar 
da validade deste conhecimento, bem como dos argumentos empregados, 
procurando trazer à mente mais certeza e convicção da realidade e da 
verdade das coisas. 
Ainda verifica-se esse caráter de crítica quando a filosofia julga o valor e a 
legitimidade dos métodos empregados pelas ciências particulares e quando 
fornece a essas ciências postulados fundamentais sobre os quais elas estão 
construídas. O conceito de crítica equivale a analisar os aspectos positivos e 
negativos, justificando as colocações feitas nas funções anteriores. É quando 
se verifica a coerência das exposições com a realidade.
Normativo: 
Que estabelece 
normas ou regras.
Postulados: 
Ideia que se pode, 
sem demonstração 
admitir como 
verdadeira.
Psique: 
 A alma, a mente, o 
espírito.
36 Introdução à Filosofia INTA EAD
Devemos mencionar que para se pensar de maneira correta, é preciso conhecer 
e obedecer as regras que comandam o pensamento a fim de que este seja válido em 
sua forma e verdadeiro em sua aplicação. É necessário, portanto, que se conheçam 
essas leis estudadas pela lógica. 
 Para concluir, dizemos que a filosofia é sintética em sua natureza 
quando procura compreender, dentro de seu campo, tudo o que existe e é acessível 
à inteligência humana. A filosofia, enquanto cosmovisão tem em si esse caráter 
sintético. Ela deve admitir que todos os métodos usados na ciência, na filosofia 
especulativa e na religião são válidos e possíveis de serem empregados para se 
descobrir a verdade. Também é necessário estabelecer princípios pelos quais seremos 
orientados em nosso processo de filosofar, usando todas as formas e campos de 
conhecimento.
 Podemos então dizer que todos os métodos serão usados, tais como a lógica, 
experimentação, observação sistematizada, revelação, intuição, entre outros.
37INTA EAD Introdução à Filosofia
OS GRANDES PARADIGMAS DA 
FILOSOFIA NA HISTÓRIA
2
Conhecimentos
Conhecer a história da filosofia no período clássico, moderno, contemporâneo 
e suas respectivas fases a partir dos grandes paradigmas que perpassaram cada 
época. 
Habilidades
Identificar a função dos diversos ciclos da filosofia no processo 
de construção do conhecimento. 
Atitude
Vincular os conhecimentos advindos do pensamento 
filosófico à vida cotidiana.
41INTA EAD Introdução à Filosofia
Os grandes paradigmas 
da Filosofia na História
Você sabia que quando estudamos a história da filosofia podemos fazê-
lo de duas maneiras?
A cronológica, que é o estudo de cada época da filosofia, seus pensadores e as 
principais correntes e escolas; paradigmática, que estuda as épocas históricas da 
filosofia a partir dos grandes temas, paradigmas, que perpassaram as discussões 
filosóficas de cada época. Será nesta perspectiva que abordaremos a história da 
Filosofia. De antemão afirmamos que ao longo de sua história, a Filosofia teve três 
grandes paradigmas: o paradigma do ser, que marcou a antiguidade clássica e a 
Idade Média e que tinha como principal tarefa a busca do ser, da essência, de todas 
as coisas; o paradigma da consciência, que assinalou a modernidade e que teve 
seu marco com a reviravolta antrocêntrica-subjetal; o paradigma da linguagem, que 
marca a filosofia contemporânea. Veremos cada um deles a seguir. 
O Paradigma do Ser
O grande paradigma que marcou as filosofias da 
antiguidade grega e da Idade Média foi o do SER. Mas em 
que consiste esse paradigma? E o que é esse ser que os 
filósofos buscavam?
Para entendermos bem esse paradigma, é preciso, antes de mais nada, 
entender a postura filosófica destas épocas. A questão fundamental era saber qual 
o fundamento, a essência, de todas as coisas. Os filósofos gregos, por exemplo, 
buscavam o ser, o princípio (arché) que era a origem de tudo. Procuravam descobrir 
quais os elementos primários constituidores das coisas existentes como a terra, as 
plantas, os animais, a água, o ar, o fogo, etc. 
O ser pode ter dois sentidos, a saber: significar Existência: existir, estar aí; significar 
Consistência: ser isto, ser aquilo. Quando perguntamos: Que é o homem? Que é a 
água? Que é a luz? Não queremos perguntar se existe ou não existe o homem, se 
existe ou não existe a água ou a luz. Queremos dizer: qual é a sua essência? Em que 
consiste o homem? Em que consiste a água? Em que consiste a luz?
42 Introdução à Filosofia INTA EAD
Durante o tempo que antecedeu o período considerado áureo no 
qual o pensamento grego chegou a seu apogeu, houve um grupo de 
pensadores que se dedicaram aos assuntos já mencionados sem, contudo, 
ter a preocupação de construir um sistema de pensamento coordenado e 
integrado. A este período denominou-se período naturalista e se estendeu 
desde o século VI até o séc. IV a.C. Os filósofos desse período ficaram 
conhecidos como pré-socráticos, porque viveram antes de Sócrates.
As questões fundamentais para os filósofos pré-socráticos eram: 
• Por que existe algo e não o nada?
• Se existe algo, em que consiste esse algo?
• Qual a essência do que existe?
• Qual o elemento fundamental, o ser em si, que constitui a realidade? 
Podemos afirmar que a filosofia pré-socrática caracterizava-se como um 
Realismo Metafísico (res = coisa ► realismo = o que existe), na medida em 
que eles se perguntavam sobre a existência do ser que era o pressuposto 
de qualquer existência, o fundamento de toda arealidade, o ser que é em 
si, que não se decompunha em outras coisas. Com os gregos começou 
um esforço para discernir entre aquilo que tem uma existência meramente 
aparente e aquilo que tem uma existência real, uma existência em si, uma 
existência primordial, irredutível a outra. Estes filósofos gregos procuram 
qual é ou quais são as coisas que têm uma existência em si. Eles chamavam 
a isto o "princípio" (arché), nos dois sentidos da palavra: como começo e 
como fundamento de todas as coisas.
Vamos conhecer alguns filósofos pré-socráticos:
Tales de Mileto (640 – 548 a.C.)
► O princípio de toda a realidade era a ÁGUA;
Não consiste em nada; existe, com uma existência primordial, como 
princípio essencial, fundamental, primário.
Apogeu: 
O mais alto grau ou 
ponto de elevação, 
o auge, chegou ao 
apogeu da carreira.
43INTA EAD Introdução à Filosofia
Anaximandro de Mileto (610-547 a.C.)
► O princípio fundamental da realidade era o APEIRON (INDEFINIDO);
Uma coisa indefinida que não era nem água, nem cerra, 
nem fogo, nem ar, nem pedra, mas antes tinha em si, por 
assim dizer, em potência, a possibilidade de que dela se 
derivassem as demais coisas.
Anaxímenes de Mileto (588-524 a.C.)
► O princípio fundamental da realidade era o AR INFINITO 
(pneuma ápeiron);
► Foi quem pela primeira vez denominou o princípio de 
arché;
O universo era o resultado das transformações do ar, da sua rarefação, o fogo, 
ou condensação, o vento, a nuvem, a água e a terra. Esse era o processo pelo qual 
se passava da substância primordial para a multiplicidade dos elementos.
Empédocles de Agrigento (490-435 a.C.)
Não procurou um, mas vários princípios para a realidade, com a ideia de salvar 
as qualidades diferenciais das coisas, admitindo, não uma origem única, mas uma 
origem plural; não uma só coisa, da qual fossem derivadas todas as coisas, mas 
várias coisas. Assim, ele admitiu que eram quatro as coisas realmente existentes, 
das quais se derivam todas as demais e que essas quatro coisas eram: a água, o ar, 
a terra e o fogo, que ele chamou "elementos", isto é, aquilo com que se faz "tudo o 
mais”.
44 Introdução à Filosofia INTA EAD
Pitágoras de Samos (séc. VI a.C.)
Foi o primeiro filósofo que pensou como fundamento da realidade um ser não-
material, não acessível aos sentidos. Para Pitágoras a essência última de todo ser, 
dos que percebemos pelos sentidos, é o número. 
As coisas são números, escondem dentro de si números. As coisas são distintas 
umas de outras pela diferença quantitativa e numérica.
O 1 é o ponto, o 2 determina a linha, o 3 gera a superfície e o 4 produz o volume.
Por exemplo, Pitágoras descobriu que na lira se as notas das diferentes cordas 
soam diferentemente, é porque umas são mais curtas que as outras e não somente 
descobriu isso, mas também mediu o comprimento relativo e encontrou que as 
notas da lira estavam entre si numa simples relação numérica de comprimento: na 
relação de um dividido por dois, um dividido por três, um dividido por quatro, um 
dividido por cinco. Descobriu, pois, a oitava, a quinta, a quarta, a sétima musical. 
Assim, Pitágoras chegou à ideia de que tudo quanto vemos e tocamos as coisas tais 
e como se apresentam, não existem de verdade, mas antes são outros tantos véus 
que ocultam a verdadeira e autêntica realidade, a existência real que está atrás dela 
e que é o número.
É a primeira vez que na história do pensamento grego surge como coisa 
realmente existente, uma coisa não material, nem extensa, nem visível, nem tangível.
Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.)
Foi o primeiro filósofo a perceber que as coisas são e não-são, ao mesmo tempo, 
ou seja, que a realidade está em constante movimento. Quando nós queremos fixar 
uma coisa e definir sua consistência, dizer em que consiste esta coisa, ela já não 
consiste no que consistia um momento antes. O existir é um perpétuo mudar, um 
estar constantemente sendo e não-sendo, um devir perfeito; um constante fluir. O 
elemento que representa o princípio de todas as coisas é o fogo, pois este mostra 
a fluidez de tudo, o contínuo deixar de ser para tornar-se ser. O fogo consome, 
destrói, para tornar-se o que é.
45INTA EAD Introdução à Filosofia
Parmênides de Eléia (544-470 a.C.)
Sua filosofia está diametralmente oposta à filosofia de Heráclito. 
Enquanto este afirmava que o ser é e o não-ser também é, Parmênides 
afirmava que o ser é e o não-ser não é.
Parmênides verifica, pois, que dentro da ideia do devir há uma 
contradição lógica, há esta contradição: que o ser não é; que aquele que 
é não é, visto que o que é neste momento já não é neste momento, antes 
passa a ser outra coisa. Qualquer olhar que lancemos sobre a realidade nos 
confronta com uma contradição lógica, com um ser que se caracteriza por 
não ser. E diz Parmênides: isto é absurdo; a filosofia de Heráclito é absurda, 
é ininteligível, não há quem a compreenda. Porque como pode alguém 
compreender que o que é não seja, e, o que não é seja? As qualidades do 
ser de Parmênides são:
1) Idêntico a si mesmo - (princípio da identidade);
2) Único - não pode haver dois seres;
Suponhamos que haja dois seres; pois, então, aquilo que distingue um 
do outro "é" no primeiro, porém "não é" no segundo. Mas se no segundo 
não é aquilo que no primeiro é, então chegamos ao absurdo lógico de que o 
ser do primeiro não é no segundo. Tomando isto absolutamente, chegamos 
ao absurdo contraditório de afirmar o não-ser do ser. Dito de outro modo: 
se há dois seres, que há entre eles? O não-ser. Mas dizer que há o não-
ser é dizer que o não-ser, é. E isto é contraditório, isto é absurdo, não tem 
cabimento; essa proposição é contrária ao princípio de identidade.
3) Eterno - não tem princípio nem fim;
Se tem princípio, é que antes de começar o ser havia o não ser. Mas, 
como podemos admitir que haja o não-ser? Admitir que há o não-ser, é 
admitir que o não-ser é. Pela mesma razão não tem fim, porque se tem fim é 
que chega um momento em que o ser deixa de ser. E depois de ter deixado 
Diametralmente: 
Na direção 
do diâmetro - 
transversalmente. 
Em direções opostas 
- ausência de 
confluência para um 
mesmo ponto: ideias 
dia¬me¬tralmente 
opostas.
46 Introdução à Filosofia INTA EAD
de ser o ser, que há? O não-ser. Mas, então, temos que afirmar o ser do não-ser, e 
isto é absurdo.
4) Imutável 
Toda mudança do ser implica o ser do não-ser, visto que toda mudança é deixar 
de ser o que era para ser o que não era, e, tanto no deixar de ser como no chegar a 
ser, vai implícito o ser do não-ser, o que é contraditório.
5) Infinito - não está em parte algum;
Estar em uma parte é encontrar-se em algo mais extenso e, por conseguinte, 
ter limites. Mas o ser não pode ter limites, porque se tem limites, cheguemos até 
estes limites e suponhamo-nos nestes limites. Que há além do limite? O não-ser. 
Mas então temos que supor o ser do não-ser além do ser. Por conseguinte o ser não 
pode ter limites e se não pode ter limites, não está em parte alguma e é ilimitado.
6) Imóvel - mover-se é deixar de estar em um lugar para estar em outro;
Mas como predicar-se do ser o estar em um lugar? Estar em um lugar supõe 
que o lugar onde está é mais amplo, mais extenso que aquilo que está no lugar. 
Por conseguinte, o ser, que é o mais extenso, o mais amplo que há, não pode estar 
em lugar algum, e se não pode estar em lugar algum, não pode deixar de estar no 
lugar; ora: o movimento consiste em estar estando, em deixar de estar num lugar 
para estar em outro lugar.
Mas, na realidade, as coisas estão em movimentos, os seres são múltiplos, vão 
e vêm, que se movem, que mudam, que nascem e que perecem. Não podia, pois, 
passar despercebido a Parmênides a oposição em que sua metafísica se encontrava 
frente ao espetáculo do universo. Então Parmênides não hesita um instante, daí 
tira a conclusão: este mundo heterogêneo de cores, de sabores, de cheiros, de 
movimentos, de subidas e descidas, das coisas que vão e vêm, da multiplicidade 
dos seres, de sua variedade,do seu movimento, de sua heterogeneidade, todo este 
mundo sensível é uma aparência, é uma ilusão dos nossos sentidos, uma ilusão 
da nossa faculdade de perceber. Assim como um homem que visse forçosamente 
47INTA EAD Introdução à Filosofia
o mundo através de uns cristais vermelhos diria: as coisas são vermelhas, e estaria 
errado: do mesmo modo quando dizemos: o ser é múltiplo, o ser é movediço, o 
ser é mutável, o ser é variadíssimo, estamos errados. Na realidade, o ser é único, 
imutável, eterno, ilimitado e imóvel. Desse modo, Parmênides cria dois mundos, um 
sensível e outro inteligível. Pela primeira vez na história da filosofia aparece esta tese 
da distinção entre o mundo sensível e o mundo inteligível.
Demócrito de Abdera (460-370 a. C.)
► O princípio fundamental da realidade é o Átomo;
Partículas minúsculas indivisíveis e invisíveis a olho nu e eternos. Se fossem 
divisíveis, a natureza acabaria por se diluir. E como nada pode surgir do nada, são 
eternos.
► Um dos primeiros materialistas;
► Tenta resolver os impasses surgidos nas teorias de Heráclito e Parmênides;
O ser, o átomo é eterno (como pensava Parmênides), mas está em constante 
movimento (como pensava Heráclito), como, por exemplo, os átomos que compõem 
a alma (feita de átomos sutis, que se movem, lisos e arredondados), já que esta se 
move.
Após o período da filosofia naturalista ou pré-socrática, temos o período das 
grandes sínteses. Os principais pensadores dessa época são Sócrates, Platão e 
Aristóteles. Estes filósofos dão uma configuração mais rebuscada às questões e 
teorias dos pré-socráticos, a partir da tentativa de desenvolver sistemas de ideias 
capazes de abarcar todas as dimensões da realidade. Daí o nome de período das 
grandes sínteses ou período sistemático. Nele procurou-se coordenar e sistematizar 
o que se havia pensado até então e continuar se aprofundando no pensamento 
sobre elementos constituintes do nosso universo. Tais elementos diziam respeito 
não somente ao que se podia perceber através dos sentidos como também daquilo 
que estava além, isto é, a metafísica. 
48 Introdução à Filosofia INTA EAD
Sócrates 
Sócrates considera o uso do raciocínio e o ato de elogiar 
os outros ao fazê-los na busca de respostas. As histórias 
dos deuses tinham muitas contradições em si e tornou-se 
difícil acreditar neles. Como alguns devem, eventualmente, 
acreditar em Papai Noel, também muitos precisaram desistir 
de sua crença nos deuses. Mas, assim como a crença no Papai 
Noel é reconfortante e traz presentes físicos, a crença nos deuses era reconfortante 
para fornecer uma base de ordem moral. Uma vez que a crença nos deuses foi 
removida, o que os gregos colocaram em seu lugar? O que serviria de base para a 
ordem social e moral? Sócrates foi em busca dessas respostas no momento de sua 
morte. 
Platão achava que ele tinha encontrado, mas Sócrates obteve julgamentos sobre 
as histórias dos deuses. Ele sabia que certos atos dos deuses devem ser seguidos e 
outros definitivamente evitados. Sócrates foi à procura de uma base para afirmar a 
existência de um padrão moral ou conjunto de regras ao qual até os deuses estão 
sujeitos. Isto é conhecido como Ética em Filosofia. 
Sócrates foi um dos primeiros seres humanos a prosseguir na resposta para 
a pergunta "O que é o bem?" usando razão e não crença. Concluiu que não há 
realmente princípios válidos de pensamento e de ação que devam ser seguidos para 
desfrutarmos de uma vida boa se quisermos ser, ao mesmo tempo, genuinamente 
felizes e verdadeiramente bons. Estes princípios são objetivos e verdade para todos 
os homens e mulheres, sempre e onde quer que vivam. Algumas pessoas são 
injustas, autoindulgentes, obcecadas com metas inúteis, confusas e cegas sobre o 
que é verdadeiramente importante. Estas pessoas precisam encontrar a verdade e 
viver de acordo com ela.
 Tornou-se famoso por dar uma volta em torno da ágora (mercado) e questionar 
os cidadãos sobre: "O que é a justiça", "O que é o conhecimento". Desafiava as 
pessoas questionando de volta cada resposta que elas davam.
Filho de uma parteira, preocupou-se em purificar e esclarecer os conceitos 
através do método de questionar seus alunos. Reuniu em torno de si um grupo de 
jovens estimulando o pensamento, questionando conceitos e fazendo perguntas a 
fim de tornar as ideias mais claras e precisas. Buscava retirar da mente o que, em 
potencial, já se encontrava no íntimo. 
49INTA EAD Introdução à Filosofia
A este processo deu-se o nome de maiêutica, comparando-o com o 
processo do parto em que a parteira procurava tirar a criança do ventre 
materno. Dessa forma, Sócrates procurava retirar conhecimento do íntimo 
das coisas. 
Este filósofo, cujo aforismo atribuído era “Conhece-te a ti mesmo”, 
demonstrava também as incoerências e inconsistências da sociedade de 
sua época apresentando a injustiça das leis. Motivava seus alunos a buscar 
conhecimentos sobre si mesmos. A verdade está dentro de cada um de nós, 
não nas estrelas, nem na tradição, ou nos livros religiosos, ou nas opiniões 
das massas. Cada um tem ocultado dentro de si os verdadeiros princípios 
de pensar e agir. Por isso, ninguém pode ensinar a verdade sobre a vida a 
ninguém. Se isso não fosse verdade dentro de você, você nunca encontraria 
tais princípios, mas eles existem e somente por intermédio de um implacável 
autoexame de crítica, eles se revelarão para você. 
Sócrates não deixou nada escrito. Seus ensinamentos vieram-nos através 
de dois alunos seus: Platão e Xenofonte. Ele procurava induzir as pessoas 
através do questionamento de algo, sem necessidade de palestra ou dizer 
qual é a resposta. Ele orientava as pessoas para os valores universais cujo 
primado era conhecer o fundamento dos processos de introspecção, 
indução e definição empregando isso na conduta moral que procurou 
estabelecer pela prática das leis. Segundo Sócrates, o fim do homem é 
a prática do bem através de uma vida virtuosa que deve acompanhar o 
conhecimento.
Sócrates afirmava: "A vida não examinada não vale a pena ser vivida." 
Ele acreditava que o conhecimento é virtude e os seres humanos nunca, 
intencionalmente, cometem erros. Em outras palavras, é indigno quem 
simplesmente vive o dia a dia sem nunca se perguntar: "O que estou 
fazendo aqui? Por que estou vivendo como eu sou?". Para ser verdadeira 
e completamente humano, no pensamento de Sócrates, cada ser humano 
deve submeter sua vida e convicções à prova de crítica do autoexame. Por 
intermédio desse processo de autoexame, podemos alcançar a verdadeira 
felicidade.
Além disso, defendia que a ignorância é o mal e para ser moral, o ser 
humano deve educar-se. Em sua opinião, a única coisa da qual ele realmente 
sabia era que não sabia de nada e ser fiel a si mesmo era a coisa mais 
importante a fazer. Por intermédio de seu método de interrogatório, pensava 
poder levar os homens a reavaliar suas respostas e examinar suas crenças. 
Maiêutica : 
Na filosofia socrática, 
arte de levar o 
interlocutor, através 
de uma série de 
perguntas, a descobrir 
conhecimentos que 
ele possuía sem que 
o soubesse. (Significa 
“arte de partejar”; daí, 
o sentido figurado de 
“dar à luz ideias”.).
Introspecção: 
Análise íntima e 
reflexiva que uma 
pessoa faz sobre 
si mesma; exame 
profundo acerca 
de suas próprias 
experiências ou 
daquilo que ocorre 
de modo íntimo; 
introversão. 
Indução: 
Ação de induzir; 
instigação. (A 
indução desempenha 
papel fundamental 
nas ciências 
experimentais.)
50 Introdução à Filosofia INTA EAD
A sabedoria consiste em admitir que não sabemos de nada e que a busca pelo 
conhecimento é o mais elevado bem. Por causa de sua ignorância confessada, ele 
pode parecer contraditório, para ser sábio. No entanto, Sócrates percebeu que não 
sabia de nada e estava ciente de sua ignorância; de fato, foi esse reconhecimento 
que o fez sábio. Na realidade, muitas pessoas que se diziam sábias, não o eram. 
A prática do que é errado ocorre devido à falta de conhecimento.Sócrates 
preocupava-se com o comportamento moral e devia obedecer às leis embora 
mostrasse a seus alunos que muitas vezes estas são injustas. Este filósofo foi levado 
a julgamento por "corromper a juventude" ao criticar a sociedade e as leis de Atenas 
e por "questionar os deuses”. Ele tinha a opção de ser exilado ou beber cicuta, um 
veneno que iria matá-lo. Mantendo-se fiel às suas crenças, ele bebeu a cicuta.
Sócrates afirmou também que a tarefa mais importante na vida era cuidar da 
alma. Ele acreditava que a alma de uma pessoa era verdadeiramente a pessoa e 
o centro de seu caráter. Assim como o corpo, a alma deve ser mantida saudável; 
Sócrates propôs uma maneira de manter a alma saudável: por meio da introspecção 
e a busca por livrar-se da ignorância. 
Este mesmo filósofo acreditava também que uma boa pessoa não poderia ser 
prejudicada por terceiros. Claro, as pessoas podem ser machucadas fisicamente por 
outras, mas Sócrates estava se referindo ao fato de uma pessoa de alma boa não 
poder ser prejudicada por forças externas. Ou seja, se a parte mais importante de 
uma pessoa é a alma e esta não é física, e sim algo dentro do ser humano, então a 
pessoa não poderia ser prejudicada pela alma. O corpo pode ser prejudicado por 
outra pessoa, mas a alma não, a menos que exista uma permissão a si mesmo para 
tornar-se suscetível aos outros e mudar suas crenças, valores e percepções sobre a 
vida. 
Platão 
Considerando o governo que condenou o mestre, Platão, 
discípulo de Sócrates, acreditava que a democracia, o governo 
dirigido pela maioria, estava fadado ao fracasso e dizia que 
o rei deveria ser um filósofo. Procurava definir o que é justiça 
e o que é o estado. Busca então resposta a questões mais 
fundamentais como: Qual é a natureza da realidade? Qual 
a natureza do mundo físico? Qual a natureza humana? Qual o maior bem para o 
homem?
51INTA EAD Introdução à Filosofia
 A teoria das ideias é a base da filosofia de Platão: as ideias não são apenas os 
objetos reais, ontologicamente falando; elas são, também, objetos de conhecimento 
autêntico e epistemológico.
Platão defende um claro dualismo ontológico em que existem dois tipos de 
realidades ou mundos: o mundo sensível e o mundo inteligível, ou, como ele chama, 
o mundo das ideias. O mundo sensível é o mundo das realidades individuais, e 
assim, é múltiplo e em constante mutação; é o mundo da geração e destruição, é o 
reino do sensível, do material, das coisas temporais e de espaço. 
O mundo inteligível, ao contrário, é o mundo das realidades universais, eternas 
e invisíveis chamadas ideias (ou formas), que não mudam (imutáveis) porque não são 
materiais, temporais ou espaciais. As ideias podem ser compreendidas e conhecidas, 
pois são a realidade autêntica. Elas não são apenas conceitos ou eventos psíquicos 
de nossas mentes; existem como seres objetivos e independentes de nossas 
consciências. 
As ideias são ordenadas hierarquicamente, há diferentes tipos e elas não têm, 
todas, o mesmo valor. Os tipos de ideias que estão incluídas no mundo inteligível 
são: ideia de retidão, ideias morais e outras como justiça, virtude, etc.; ideias estéticas 
(especialmente a ideia de beleza); ideias de multiplicidade, unidade, identidade, 
diferença; ideias matemáticas. 
Platão localizava a ideia de retidão na posição mais alta do mundo inteligível; às 
vezes ele se identificava com a ideia de beleza e até mesmo com a ideia de Deus. A 
ideia de retidão é a origem da existência de tudo, pois o comportamento humano 
depende dele próprio e tudo tende a ele (intrínseco propósito na natureza). 
De alguma maneira misteriosa, as coisas materiais individuais participam da 
realidade de ideias, assim como sombras dependem de objetos reais. Platão ensinou 
que o nosso conhecimento acerca das ideias existia dentro de nós a partir de outra 
vida, quando já existia em um mundo superior, sem um corpo.
Platão acreditava que um ser humano alcança conhecimento por recordar o que 
era conhecido antes da alma deste ter entrado no corpo. Há um mundo de formas 
eternas, de ideias que nunca mudam. Estas formas ideais existem em um reino além 
deste universo físico. 
O referido filósofo elabora sua teoria do mundo material, imperfeito, que está 
sempre em mudança e seria sobra de outro mundo, perfeito, imutável, o mundo 
ideal para onde se dirigiam as almas que eram partes do homem e se desprendiam 
do corpo após a morte. Para Platão, o início da filosofia é a ideia, que seria a realidade 
objetiva, eterna, perfeita, imutável. 
52 Introdução à Filosofia INTA EAD
A ideia platônica é centrada no Bem Absoluto, que é Deus; este é a felicidade 
suprema do homem. Essa ideia de outro mundo, ideal, perfeito e deste, material, 
imperfeito e passageiro, é ilustrada no Mito da Caverna que engloba os pontos 
cardeais de sua filosofia. Ele quer que ela seja uma metáfora de nossa natureza 
quanto à sua educação e a sua falta de educação, isto é, serve para ilustrar questões 
relativas à teoria do conhecimento. 
 O mito descreve a nossa situação acerca do conhecimento: 
somos como os prisioneiros de uma caverna que somente observam 
as sombras dos objetos e assim vivem na mais completa ignorância. 
Somente a filosofia pode nos libertar e permitir que saiamos da 
caverna para o mundo verdadeiro, ou mundo das ideias.
Platão pede-nos para imaginar que somos prisioneiros em uma caverna 
subterrânea. Estamos acorrentados e imobilizados desde a infância, de tal forma 
que somente podemos ver as sombras dos objetos projetadas na parede extrema 
da caverna e as pessoas que caminham junto a essa parede, falando e levando 
esculturas que representam objetos diferentes (animais, árvores, objetos artificiais...). 
Nesta situação, naturalmente, os prisioneiros pensariam que as sombras e os ecos 
das vozes que se ouvem são a verdadeira realidade. 
Platão defende que um prisioneiro libertado aos poucos iria descobrir diferentes 
níveis de realidade autêntica: primeiro ele veria os objetos e a luz dentro da caverna, 
mais tarde ele veria de fora, em seguida ele veria o reflexo desses objetos da água e, 
finalmente, os objetos reais. Finalmente, ele veria o sol e concluiria que ele é a razão 
das estações, que governa o reino dos objetos visíveis e é a razão de tudo o que 
os prisioneiros podem ver. Lembrando a sua vida na caverna e seus companheiros 
de cativeiro, ele se sentiria feliz por estar livre e, apesar dos perigos, voltaria para o 
mundo subterrâneo para libertá-los.
Estas são as chaves que Platão nos dá para ler o mito: a fuga para o mundo 
exterior visando a contemplação dos seres reais (metáfora do mundo das ideias) 
deve ser comparada com o caminho de nossas almas para elevar-se ao mundo 
inteligível. 
A teoria das ideias responde a pergunta sobre a possibilidade de conhecimento. 
Esta teoria divide o mundo em duas esferas de realidades distintas, ontologicamente, 
que correspondem a duas sabedorias diferentes. Os tipos de conhecimento são: 
ciência, que cuida das ideias imutáveis e está dividida em dialética e pensamento 
discursivo e parecer, que é o conhecimento do mundo sensível e mutável e, por sua 
53INTA EAD Introdução à Filosofia
vez, está dividido em crença (animais que nos rodeiam, plantas e objetos artificiais) 
e conjecturas (que se ocupam de "tons" e coisas semelhantes). 
Platão trabalha a ideia de ciência (conhecimento estritamente falando) baseada 
na sensação como critério de verdade não possível, pois não podemos ter ciência das 
coisas mutáveis (do mundo sensível), que somente aparecem aos nossos sentidos. 
A ciência deve ser baseada na razão, que estuda a natureza ou essência das coisas 
(ideias). A ciência estritamente falando não consegue lidar com as coisas que estão 
mudando continuamente; o mundo sensível está em constante mudança, por isso a 
ciência não pode estudá-lo. Esta deve estudar um mundo imutável. 
Platão concebe o homem como um composto de duas substâncias diferentes: 
o corpo, que nos liga ao mundo

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