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UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 2 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologias de Ensino CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 3 Metodologias de Ensino CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Revista UNIASSELVI-PÓS: Metodologias de Ensino - Centro Universitário Leonardo da Vinci (Grupo UNIASSELVI). – Indaial: UNIASSELVI, 2017. 97p. : il. col. Periodicidade: Semestral. ISSN: 2317-5966 1. Ensino superior. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI. II. Programa de Pós-Graduação EAD. CDD 378.005 Propriedade do Centro Universitário Leonardo da Vinci FICHA CATALOGRÁFICA UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 4 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 EDITORIAL APRESENTAÇÃO EXPEDIENTE EDITORIAL Reitor do Centro Universitário Leonardo da Vinci Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Carlos Fabiano Fistarol Presidente do Conselho editorial: Prof. Ivan Tesck Membros do Conselho Editorial: Profª. Barbara Pricila Franz Profª. Elys Regina Zils Prof. Fernando Luis Berndt Prof. Ivan Tesck Profª. Kelly Luana Molinari Corrêa Profª. Marcia Andreia Leite Gonzaga Prof. Marcio Oliveira da Silva Profª. Noemi Back Oliveira Profª. Tathyane Lucas Simão Revisão Editorial: Profª. Elys Regina Zils Profª. Kelly Luana Molinari Corrêa Prof. Marcio Oliveira da Silva Profª. Tathyane Lucas Simão Projeto Gráfi co: Carlinho Odorizzi Capa: Davi Phelippe Bloedorn Diagramação: Equipe Produção de Materiais CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 PÁGINA 4 Diagramação: Equipe Produção de Materiais CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 PÁGINA 4 Nesta 7ª edição da revista, o Programa de Pós-Graduação a Distância da Uniasselvi apresenta uma entrevista e diversos artigos sobre os mais variados temas que envolvem as Metodologias de Ensino. As entrevistas abordam as experiências no exterior de duas Mestres em Educação e suas opiniões sobre algumas questões referente às metodologias de ensino. O primeiro artigo discorre sobre a inclusão escolar e a inserção da cinoterapia em sala de aula, sendo seu principal objetivo, defi nir as reações dos educandos diante à educação assistida por cães na educação especial. O segundo artigo relata sobre a utilização do cinema em sala de aula. Seu objetivo principal engloba investigar a relevância do uso de recursos midiáticos na sala de aula, especialmente o cinema. O terceiro artigo aborda considerações sobre o ensino de física para alunos surdos, sendo que o objetivo principal deste estudo é compartilhar o conhecimento adquirido na educação de surdos. O quarto artigo relata uma experiência de estágio curricular obrigatório. A pesquisa teve como objetivos investigar o processo de ensino-aprendizagem por meio da ludicidade na educação infantil e desenvolver habilidades que competem ao profi ssional da Pedagogia através das regências realizadas. O quinto artigo relata uma experiência docente vivenciada no estágio supervisionado de Física. As autoras se propõem a mostrar que utilizando jogos como metodologia de ensino, é possível facilitar a compreensão dos alunos frente ao assunto tratado e promover uma melhor aprendizagem. O sexto artigo apresenta um relato de experiência sobre uma proposta pedagógica desenvolvida na disciplina de Ciências com estudantes da Educação Básica, da rede Estadual de Ensino situada na região metropolitana de Porto Alegre - RS. O sétimo artigo, apresenta o tema Educação Patrimonial, tendo como foco principal analisar a relação do patrimônio edifi cado e a educação na cidade de Blumenau, à medida que acredita que ele é um educador identitário por si. O oitavo artigo, relata a experiência do projeto de criação e implantação de uma rádio escola e tem como objetivo expor a possibilidade de integração e utilização dessa mídia como recurso didático interdisciplinar, transdisciplinar e multidisciplinar pelos estudantes e professores do Ensino Médio. O nono e último artigo, pesquisa sobre como ensinar literatura na contemporaneidade, por meio do lirismo árcade em videoclipes musicais. UNIASSELVI-PÓS REVISTA Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 5 TERRITÓRIOS DA MEMÓRIA: A EDUCAÇÃO PARA UMA IDENTIDADE GERMÂNICA ATRAVÉS DO PATRIMÔNIO EDIFICADO DA CIDADE DE BLUMENAU/SC. JESSICA BARBARA BONOMINI FÁBIO COVATTI COMO ENSINAR LITERATURA NA CONTEMPORANEIDADE: LIRISMO ÁRCADE NOS VIDEOCLIPES MUSICAIS. LÍLIA BATISTA DA CONCEIÇÃO A MÍDIA RÁDIO NO CONTEXTO ESCOLAR: INTERDISCIPLINARIDADE, INFORMAÇÃO, ENTRETENIMENTO E CULTURA. MARLY XAVIER DA SILVA RAUBER A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA. ANDRÉIA LISANDRA LUSSANI CAMILA FRANCESCHI DA SILVA CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO DE FÍSICA PARA ALUNOS SURDOS. CAMILA GASPARIN JANINE SOARES DE OLIVEIRA CINEMA E EDUCAÇÃO: O PAPEL DO PROFESSOR EM MEIO À MULTIPLICIDADE DE IMAGENS. JAYNE PRISCILLA PASTORI ÍNDICE 14 ARTIGOS: EDUCAÇÃO ASSISTIDA POR CÃES NA EDUCAÇÃO ESPECIAL: A CINOTERAPIA COMO METODOLOGIA NO AMBIENTE ESCOLAR. MARCELO PEDRO VIEIRA 35 26 44 64 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO ENSINO LÚDICO. KELLY LUANA MOLINARI CORRÊA LIANE KOFFKE 55 A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE JOGOS COMO METODOLOGIA DE ENSINO EM FÍSICA: UMA EXPERIÊNCIA DOCENTE COM “CIRCUITOS ELÉTRICOS”. JANICE MARQUES DE AZEVEDO 70 90 80 Para obter informações sobre os cursos ofertados, acesse o link: http://www.uniasselvipos.com.br/hp-2.0/new/index.php UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 6 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 ENTREVISTA Entrevistadora: Kelly Luana Molinari Corrêa Graduada em Psicologia pela Faculdade Metropolitana de Blumenau - FAMEBLU (2013), Graduanda em Pedagogia pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI, Pós-graduada em Psicopedagogia (2014) e Docência no Ensino Superior (2015) pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI. Pós- graduanda em Alfabetização e Letramento pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI. CRUZANDO FRONTEIRAS EM BUSCA DE NOVOS SABERES CONTEXTUALIAZAÇÃO Ser um profi ssional no campo da educação é estar em constante movimento, buscando novos saberes e atualização para o seu desempenho profi ssional. Na área da educação é possível observar uma grande variedade de abordagens pedagógicas, cada uma com suas características e princípios próprios, que estão à disposição, competindo ao Entrevistada 1: Patrícia Cesário Pereira Offi al Graduada em Pedagogia pela FURB Blumenau-SC (1999), especialista em administração escolar pela FAE, Curitiba/PR (2005), Mestre em Educação pela UNIVALI, Itajaí/ SC (2012) e professora do curso de Pedagogia da Graduação (UNIASSELVI), professora da Pós-graduação. Publicou: Formação Estética e Literatura; Formação Estética e Artística Saberes Sensíveis; Nas Asas das Gaivotas. Entrevistada 2: Thyara Antonielle Demarchi Graduada em Pedagogia (2009) e Mestre em Educação (2015) pela Universidade Regional de Blumenau–SC FURB, professora de inglês na rede estadual de ensino e em um instituto privado. Publicou: Formaçãode professores da educação infantil: um paralelo entre as diretrizes nacionais do Brasil e a abordagem Reggio Emília da Itália. Princípios que norteiam a formação inicial de professores na Finlândia. As diversas linguagens na rotina de crianças em um kindergarten na cidade Jyväskylä Finlândia. Formação de professores na fi nlândia: uma análise dos documentos ofi ciais. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 7 Pergunta nº. 1 - Qual é a sua formação? Resposta - Pedagoga e Mestre em Educação pela UNIVALI-ITAJAÍ /SC. Pergunta nº. 2 - Você fi nalizou seu mestrado em que ano? Resposta - Em 2012. Pergunta nº. 3 - Qual é a sua área de atuação no momento? Resposta - Professora do curso de Pedagogia na UNIASSELVI-NEAD. Pergunta nº. 4 - Em qual país você realizou sua pesquisa para a dissertação e o que te motivou nessa escolha? Resposta - Em Portugal, pelo desafi o de conhecer as experiências de uma escola que Rubem Alves tanto propagou em seu livro: A escola que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. Pergunta nº. 5 - Poderia nos contar um pouco da sua experiência durante o período que fi cou em Portugal? Resposta - Primeiramente fi z contato pelo site da escola, agendei a visita com o propósito de acompanhar a escola em um período de dez dias. Chegando lá, me impressionei com a estrutura simples da escola. Afi nal, fala-se tanto dessa escola que você acaba criando uma imagem distante da realidade. Imaginei uma estrutura grande e com recursos tecnológicos de ponta, com grande biblioteca e muitas salas de aulas equipadas. Mas a realidade é que é uma escola estadual que passa por problemas fi nanceiros e disciplinares como qualquer outra. Porém, a forma como lidam com esses problemas é que faz toda a diferença. Ao chegar a escola fui gentilmente recebida pela orientadora que me apresentou a duas crianças que me conduziram por toda a escola. Não só me apresentaram a escola como também falaram dos projetos que estão desenvolvendo, e enquanto caminhávamos pelos espaços contavam-me sobre as regras, direitos e deveres não só dos alunos, como também de todas as pessoas que circulam pela escola, inclusive dos visitantes pesquisadores. No meu caso, de visitante, tinha o direito de observar e acompanhar as atividades dos alunos, porém deveria respeitar os momentos de estudos fazendo silêncio. No decorrer desses dez dias consegui enxergar além da minha pesquisa, que se destinava a investigar a concepção de literatura e sua ressignifi cação na prática docente. Meu tema era: A formação de leitores do literário: uma experiência na Escola da Ponte. Falo que foi além, porque o que conhecia dessa escola constava apenas nos livros, e ao chegar lá percebi que as ações, projetos e atitudes envolvem todos e estão sincronizados com seu projeto educativo, e isso me fez entender que é esse o principal motivo pelo qual uma escola que antes julgada como escola dos excluídos, hoje se tornou uma escola para todos, e que faz a diferença na sociedade, pois todos integrantes vivem a cidadania diariamente não só em seu espaço educativo, mas em ações desenvolvidas na comunidade. Seu projeto educativo é pautado por três grandes eixos que realmente se concretizam no “chão da escola”, a solidariedade, a autonomia e a responsabilidade. ENTREVISTADA 1 profi ssional da educação aprofundar seus estudos sobre elas e relacionando-as com a sua prática em sala de aula. Pensando nisso, as Mestres em Educação Patrícia Cesário Pereira Offi al e Thyara Antonielle Demarchi, concederam-nos uma entrevista contando um pouco sobre suas experiências no exterior, que tiveram como fi nalidade a coleta de dados para as suas dissertações de Mestrado, e suas concepções sobre algumas questões referentes às metodologias de ensino. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 8 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Possuem crianças com defi ciência e essas crianças estão muito bem integradas nos grupos. Recebem apoio dos colegas e isso ocorre sem que um professor precise interferir. A solidariedade é viva nessa escola. Pergunta nº. 6 - Você observou muitas diferenças nas metodologias de ensino aplicadas em Portugal e nas utilizadas aqui no Brasil? Resposta - Muitas diferenças. Aqui no Brasil há uma exagerada preocupação em “repassar os conteúdos”. Lá a preocupação é fazer os alunos compreenderem criticamente os conteúdos por diferentes autores. Existe uma pequena biblioteca em cada núcleo (não há divisão por séries, mas por núcleos com diferentes idades), e os alunos são estimulados a fazer pesquisa a cada novo assunto, que eles mesmos escolhem. Tudo que se dispõem a conhecer precisam pesquisar e quando se sentirem seguros sobre o conteúdo, eles mesmos chamam o professor para serem avaliados. Afi nal, estão sendo educados para exercer a responsabilidade e a autonomia. Pergunta nº. 7 - Com base na sua experiência no exterior e aqui no Brasil, você acredita que tais práticas teriam sucesso se fossem adotadas nas escolas brasileiras? Resposta - Poderiam com certeza, e já há algumas escolas que seguem essa metodologia aqui no Brasil, como em Cotia, São Paulo, com o projeto âncora. Porém, como o próprio percursor dessa escola, José Pacheco, alerta devemos ter o cuidado, pois cada comunidade escolar apresenta as suas demandas e seus contextos diferenciados. Nesse sentido, a metodologia deverá ser adaptada a cada espaço educativo. Pergunta nº. 8 - Em sua opinião, qual a relevância da utilização de metodologias de ensino diversifi cadas para o processo de ensino-aprendizagem? Resposta - Veja bem, não é a diversifi cação de metodologias de ensino que garantirá a qualidade no processo ensino-aprendizagem. Existem alguns equívocos que devem ser esclarecidos. Qualidade de ensino não está na diversifi cação de metodologias. Temos que cuidar com modismos muitas vezes implementados por interesses políticos e econômicos. Há metodologias que contribuem muito para o aprendizado do aluno, e no caso da Escola da Ponte utilizam diversifi cados recursos pedagógicos que auxiliam para maior interação e participação do aluno nos estudos. Ele passa a ser gestor de seu próprio saber. Por exemplo, recursos que eles chamam de dispositivos pedagógicos: eu já sei, preciso de ajuda, caixinhas dos textos inventados, acho bem e o acho mal, a assembleia, a caixinha dos segredos, entre outros. Cada um desses itens representa uma ação que o aluno poderá recorrer como auxílio de seus estudos, mas também como acompanhamento emocional. Existe essa outra preocupação da Escola da Ponte em desenvolver em seus alunos a inteligência emocional. Percebi em vários momentos todos pararem o que estavam fazendo para resolver confl itos. Esses confl itos eram resolvidos em grupos, levados muitas vezes a assembleias que ocorrem toda sexta-feira com intuito de melhorias no ambiente escolar. Tudo isso é dirigido apenas pelos alunos, eles que organizam, o professor mediará apenas se precisar. Nessa escola até o professor levanta a mão se quiser falar. Porque estão todos estudando, não é aula expositiva. Os estudos se baseiam em pesquisa e o professor está lá apenas para mediar. Digamos que essa metodologia é baseada em liderança e inteligência emocional. Preocupa-se com o aluno num todo, não apenas o que ele aprenderá, mas como ele aprende e o que ele faz com essa aprendizagem. Afi nal, o aluno é o centro do processo e não o conteúdo. Pergunta nº. 9 - Considerando a sua pesquisa e as suas vivências, quais sugestões você deixaria para os professores atuantes em sala de aula? Resposta - Em minha pesquisa percebi que esta escola valoriza a formação de leitores do literário. Preocupa-se em preparar os alunos não apenas a lerem uma obra, mas a interpretarem por um viés artístico, com sensibilidade e criticidade.Existem muitos projetos e ações que desenvolvem no sentido de incentivar não só os alunos, mas toda a comunidade a importância Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 9 Pergunta nº. 1 - Qual é a sua formação? Resposta - Pedagoga e Mestre em Educação, ambos pela Universidade Regional de Blumenau. Pergunta nº. 2 - Você fi nalizou seu mestrado em que ano? Resposta - No ano de 2015, meados de março. Pergunta nº. 3 - Qual é a sua área de atuação no momento? Resposta - Atualmente leciono inglês na rede estadual de ensino e em um instituto privado de cursos de inglês. Pergunta nº. 4 - Em qual país você realizou sua pesquisa para a dissertação e o que te motivou nessa escolha? Resposta - Realizei no Brasil e na Finlândia. O foco da pesquisa foi a formação inicial de professores fi nlandeses. Portanto, a geração de dados aconteceu na cidade de Jyväskylä e Helsinque, ambas situadas na Finlândia. O que me motivou foram discussões no mestrado, antes da minha entrada como aluna regular no curso, em disciplinas optativas como aluna especial. Durante essas discussões sobre formação de professores, ministrada pela professora Dra Rita Buzzi Rausch, adentramos os diferentes sistemas de ensino ao redor do mundo. No meio disso tudo a Finlândia apareceu devido às posições alcançadas nos rankings do PISA nos últimos anos. E isso me chamou muito a atenção. Foi então que comecei a pesquisar sobre esse país, entrar em contato com pessoas de lá. Decidi fazer o projeto de dissertação voltado para isso o que me impulsionou a conhecer essa realidade. Pergunta nº. 5 - Poderia nos contar um pouco da sua experiência durante o período que fi cou na Finlândia? Resposta - Fiquei na Finlândia em média 3 meses, de janeiro a março de 2014. Durante esse período conciliei idas às universidades para coletar os dados da pesquisa do mestrado e também fi z um trabalho voluntário como professora de inglês em uma instituição de educação infantil privada, por meio da AIESEC Blumenau. Nas universidades observava aulas, entrevistava estudantes e professores da área da educação e dos cursos que formam professores, participava dos momentos de discussão após os estágios dos estudantes futuros professores. Conforme o tempo foi passando conheci mais pessoas, estudantes estrangeiros, professores de diferentes disciplinas e também contatos com o Ministério de Educação (sede em Helsinque –capital) e isso me ajudou muito a entender melhor a mobilidade internacional de estudantes, a da leitura do literário. Reforço a palavra literário, pois são aquelas obras que realmente possuem um conjunto de saberes artísticos que dão amplitude de contexto ao leitor. Resumindo então, o que torna a Escola da Ponte diferente das demais escolas é que há uma grande preocupação com o desenvolvimento de cada aluno; o aluno é gestor de seu próprio saber e os orientadores educativos são apenas mediadores não repassadores de conteúdos; o aluno tem a liberdade e a responsabilidade de circular pela escola, pois sabe muito bem dos seus direitos e deveres; a comunidade é envolvida nos projetos, pois a escola reconhece que educar é um processo que transcende o espaço escolar. A solidariedade é forte em cada atitude de todos na escola. Minha sugestão é que procurem em primeiro lugar fundamentar-se em autores renomados na educação, e comparar com pesquisas atuais, ou seja, o que vem sendo feito em escolas que trazem um bom resultado. Mas com olhar crítico, e esse olhar crítico só se desenvolve com leituras, pesquisas. Não necessariamente precisa sair do país para encontrar boas experiências, às vezes na nossa própria escola há um professor que vem fazendo a diferença. Se junte a ele e criem um círculo de estudos, pois a educação não tem receita, ela se faz entre os pares, no diálogo, na experiência, na troca, mas acima de tudo na humildade de reconhecer que podemos sempre aprender! ENTREVISTADA 2 UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 10 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 organização dos cursos, os diferentes tipos de formação que existem em cada universidade, enfi m, uma série de questões específi cas das universidades e da Europa. Pergunta nº. 6 - Você observou muitas diferenças nas metodologias de ensino aplicadas na Finlândia e nas utilizadas aqui no Brasil? Resposta - Pensando em todo meu processo de formação como acadêmica e pesquisadora (graduação em pedagogia e o mestrado em educação em universidades brasileiras) e com a pesquisa feita na Finlândia, percebi algumas diferenças. Na Finlândia existe uma preocupação e um cuidado muito grande em buscar relacionar a teoria com a prática, a pesquisa como base em uma vertente refl exiva; a tomada de decisões autônoma e entrelaçada pela cooperação; a relação teoria e prática vista como um princípio essencial para o desenvolvimento profi ssional e pessoal dos professores. Todas essas questões, na minha concepção, foram construídas histórica e culturalmente na Finlândia. Além disso, foram pontuadas e analisadas na dissertação de mestrado, cinco princípios essenciais para formação inicial de professores fi nlandeses: a refl exão, autonomia, cooperação, relação teoria e prática e a pesquisa. É claro que não posso generalizar e dizer que no Brasil não exista esses tipos de metodologias de ensino, ou pelo menos tentativas e pesquisas sobre tais temáticas. Pergunta nº. 7 - Com base na sua experiência no exterior e aqui no Brasil, você acredita que tais práticas teriam sucesso se fossem adotadas nas escolas brasileiras? Resposta - Quando estive na Finlândia conversei com alguns professores de escolas públicas, estudantes e professores universitários e, sempre que podia, questionava sobre isso. A maioria dos professores fi cava intrigado com esse tipo de pergunta e afi rmavam que isso seria simplesmente impossível. Pois, como comentei antes, as práticas, independentemente de país, estados, cidade, são construídos historicamente, são raízes culturais, vivências locais que não podem e nem devem ser transferidas de um local para outro. Depois que compreendi e conheci melhor a história da Finlândia, pude entender isso e perceber que é preciso pesquisar antes de qualquer mudança e “transferência” de práticas. Cada escola tem sua particularidade, cada criança é um sujeito diferente de outro. É preciso muito cuidado para não cair no caminho constante de tentativas e erro. Pergunta nº. 8 - Em sua opinião, qual a relevância da utilização de metodologias de ensino diversifi cadas para o processo de ensino-aprendizagem? Resposta - A profi ssão professor precisa ser sempre mutável. E, claro, que caminha junto essa gama de metodologias de ensino diferenciadas. A partir de olhares mais sensíveis, na atuação do professor, penso que é importante considerar essas mudanças, refl etindo sempre sobre o processo de ensino e de aprendizagem. Portanto, afi rmo sim, ser muito importante repensar as práticas docentes com base na utilização de diferentes metodologias de ensino em prol da melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Pergunta nº. 9 - Considerando a sua pesquisa e as suas vivências, quais sugestões você deixaria para os professores atuantes em sala de aula? Resposta - Acredito que os resultados da pesquisa permitem à Educação Básica e Superior no Brasil refl etirem sobre seus processos de formação e atuação docente. Além disso, também possibilitam repensar as políticas públicas da formação de professores em diferentes países. Compreender parte desse processo, que com certeza não se esgota em apenas cinco princípios pontuados na dissertação, remeteu a pensar sobre as discussões em torno da formação inicial de professores em outros contextos, principalmente no Brasil. Esses princípios, principalmente a pesquisa, a refl exão e a relação teoria e prática,vêm sendo discutidos com muita ênfase no Brasil. Para tanto, entendo que as inferências a partir das compreensões dos professores fi nlandeses, possam auxiliar professores formadores, estudantes, futuros professores e professores que atuam na Educação Básica no Brasil, em perceber perspectivas diferenciadas em torno desses conceitos a fi m de ressignifi carem, transformarem e construírem novos conhecimentos para suas próprias práticas. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 11 LEITURA... RESUMO DE LIVROS DICAS DE LEITURA... MAZUR, E. Peer instruction: a revolução da aprendizagem ativa. Porto Alegre: Penso, 2015. A obra é uma proposta de ensino de ciência concebido pelo professor de Harvard Eric Mazur (pesquisador de renome internacional). A primeira parte do livro descreve como o método se constitui. A segunda parte retrata uma série de possibilidades que o professor poderá ter a disposição para utilizar na aplicação de uma aula de física introdutória. Num primeiro momento, o livro é identificado com uma obra voltada para professores de física. Mas o método pode tranquilamente ser aplicado a outras ciências, como química e biologia. PEER INSTRUCTION: A REVOLUÇÃO DA APRENDIZAGEM ATIVA ALMEIDA, N. A. de. Tecnologia na escola: abordagem pedagógica e abordagem técnica. 1. ed. São Paulo: CENGAGE, 2014. Este livro tem por objetivo estudar como as tecnologias de informação e comunicação estão transformando, atualmente, o processo de ensino e aprendizagem. Com as discussões propostas ao longo do livro, os autores pretendem colaborar para a transformação do ensino, apresentando propostas de revisão pedagógica nos moldes contemporâneos e possibilidades oferecidas pelos recursos tecnológicos na prática dos professores. TECNOLOGIA NA ESCOLA: A ABORDAGEM PEDAGÓGICA E ABORDAGEM TÉCNICA UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 12 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 TAJRA, S. F. . Desenvolvimento de Projetos Educacionais - Mídias e Tecnologias. 1. ed. São Paulo: Editora Érica - Grupo Saraiva, 2014. v. 1. 128p . A tecnologia está cada vez mais inserida no ambiente educacional, por isso esse livro faz com que professores e alunos reflitam sobre a Era Digital, trazendo conceitos e percepções sobre as tecnologias educacionais. Traz ainda um breve histórico sobre a Internet, seu uso em projetos educacionais, mostrando suas vantagens e desvantagens. Aponta como podem ser utilizados os softwares, jornais, revistas, blogs e redes sociais como recursos didáticos, trazendo um plano para projetos educacionais em mídias. DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS EDUCACIONAIS - MÍDIAS E TECNOLOGIAS PROFESSOR MEDIADOR E A NEUROLINGUÍSTICA NA SALA KNECHTEL, M. R. . Metodologia da pesquisa em educação: uma abordagem teórica prática dialogada. 1. ed. Curitiba: Intersaberes, 2014. v. 1. 125p. Resumo: A autora traz nessa obra, um estudo sobre a teórica, prática e o instrumental para a produção do conhecimento. Apresenta novas práticas de inter e transdisciplinaridade, práticas recomendadas atualmente, cuja finalidade é fazer com que o educador reflita sobre como está sendo produzido e acessado o conhecimento. PASSOS, J. Professor mediador e a Neurolinguística na sala. Curitiba: Appris, 2016 O livro, segundo o autor, traz subsídios aos atuais e futuros docentes e palestrantes, bem como profissionais interessados em conhecer e refletir sobre novas metodologias de ensino e novos formatos de seminários. Acrescenta que o livro provoca uma reflexão sobre a missão do atual professor mediador e os processos de comunicação e relacionamento com o novo perfil de aluno e/ou participantes de aulas, treinamentos ou palestras. (PASSOS, 2016). METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO: UMA ABORDAGEM TEÓRICA PRÁTICA DIALOGADA Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 13 APRENDENDO COM OS APRENDIZES: A CONSTRUÇÃO DE VÍNCULOS ENTRE PROFESSORES E ALUNOS RUBEM. A. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. Campinas: 11. ed. Campinas: Editora Papirus, 2008. Esta obra reúne crônicas e textos que estão relacionados com a organização de ensino da Escola da Ponte em Portugal. Essa escola é um único espaço partilhado por todos, sem separação por turmas, sem campainhas anunciando o fim de uma disciplina e o início de outra. A lição social: todos partilhados de um mesmo mundo. Pequenos e grandes são companheiros numa mesma aventura. Todos se ajudam. Não há competição. Há cooperação. Ao ritmo da vida: os saberes da vida não seguem programas. CHALITA, G. Aprendendo com os aprendizes: a construção de vínculos entre professores e alunos. São Paulo: Cortez, 2015. A obra trata do desafio de aprender a conviver, a fim construir uma relação positiva entre professores e alunos. A convivência requer compromisso, partilha, renúncia, diálogo e consenso, sem abdicar das diferenças. Professores e alunos precisam caminhar em busca dos mesmos objetivos. (CHALITA, 2015) CARRIJO, M. C. F. de O. B.; ROLIM, C.L.A. (orgs). A Formação do Pedagogo em Destaque: Referências teórico-metodológicas e docência universitária. Jundiaí: Paco Editorial, 2015. O livro aborda o complexo processo de formação do professor, passando pela ação docente nas disciplinas de metodologias ao estágio obrigatório. Apresenta contribuições em diversos temas, desde atividade docente em contextos inclusivos, a história da profissão da docência e a constituição subjetiva do professor, trilhando caminhos para a formação de professores da educação infantil, entre outros. A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO EM DESTAQUE: REFERÊNCIAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS E DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA A ESCOLA COM QUE SEMPRE SONHEI SEM IMAGINAR QUE PUDESSE EXISTIR UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 14 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 ARTIGO EDUCAÇÃO ASSISTIDA POR CÃES NA EDUCAÇÃO ESPECIAL: A CINOTERAPIA COMO METODOLOGIA NO AMBIENTE ESCOLAR Marcelo Pedro Vieira Bacharel em Administração pela Universidade do Vale do Itajaí. Licenciado em Pedagogia pelo Centro Universitário Municipal de São José. Especialista em Educação Especial Inclusiva e Especialista em Administração Escolar, Supervisão e Orientação pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci. E-mail: marcelo.vieira@aol.com RESUMO A inserção de pessoas com defi ciências, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades no contexto do ensino regular nacional alterou a maneira como ensinamos e como os alunos aprendem. Para que o aprendizado seja efi caz a estrutura e os métodos usados para o ensino devem ser fl exíveis. Dentre as novas metodologias que permeiam as áreas do conhecimento está inserida a cinoterapia, método no qual a pedagogia e educadores têm se baseado para executar atividades educacionais assistidas por cães. Pesquisas como as de Althausen (2006), Caetano (2010), Mascarenhas (2010) e Vivaldini (2011) já levaram a educação assistida por cães para o ambiente escolar e é com base nelas que este trabalho tem por objetivo defi nir as reações dos educandos diante à educação assistida por cães na educação especial. Para alcançar esse objetivo um levantamento teórico foi realizado, bem como um constructo prático para a realização de aproximações de cães com alunos. Os alunos e escola objeto dessa pesquisa foram escolhidos atendendo alguns critérios de acessibilidade e foi determinado que para compreender as reações dos alunos mediante a interação com animais seria necessário fazer vídeo fi lmagens, bem como observá-los de forma ativa. Ao termino de três aproximações realizadas de forma estruturada todos os alunos responderam de forma positiva à presença do animal. Evidenciou-se que todos fi caram mais sociáveis e buscavam uma interação maior através de diferenteslinguagens. Palavras-chave: Cinoterapia. Educação Especial. Defi ciência Intelectual. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 15 1 INTRODUÇÃO Atualmente, a educação tem várias preocupações, crescendo o número de questionamentos para as demandas e necessidades dos sujeitos de uma sociedade cada vez mais diversifi cada. Nas últimas décadas, uma dessas preocupações tem sido a inclusão de pessoas com defi ciência no ambiente escolar regular. O ativismo para uma inclusão total, que repudia a segregação, ganhou força e conquistou novas leis, fazendo com que as instituições de ensino e órgãos regulamentadores buscassem a capacitação e recursos para que esses indivíduos fossem de fato incluídos no processo educacional, e não somente em estatísticas de inclusão. Os cenários variam de país para país, no Brasil, por exemplo, existem estados que garantem a inclusão por lei, e em outros existem casos onde um sujeito com toda e qualquer condição para estar num ambiente educacional se encontra alheio a esse, pois o ambiente em si tem condições precárias de funcionamento. Não bastasse as diferenças de legislação entre estados, de estrutura e de sistema de apoio dado pelo governo, soma-se também as diferenças entre as percepções e técnicas usadas nos métodos e atividades que buscam a inclusão de pessoas com defi ciência. Hoje, muitos educadores recorrem ao auxílio de psicólogos e psicopedagogos dentro do ambiente educacional, objetivando ter um rol de conhecimento maior, bem como métodos diferentes de ensinar o aluno com defi ciência, integrando-o junto aos alunos tidos como típicos. Nesse cenário, buscar atividades educacionais que possam ter êxito no processo de ensino e de aprendizagem de todos os alunos é uma prioridade para pedagogos e educadores que trabalham na educação especial na perspectiva inclusiva. Muitos são os avanços em pesquisas e novas metodologias que trazem resultados latentes para o desenvolvimento dos educandos. Estudos demonstram que atividades educacionais assistidas por animais se mostram válidas à medida que comprovam resultados positivos no desenvolvimento motor, cognitivo e social dos alunos, pois transcendem as dimensões cognitivas para dimensões da sensibilidade, da amorosidade e da tolerância. A educação assistida por cães pelas suas características intrínsecas de proximidade com o cotidiano dos alunos proporciona uma possibilidade metodológica para educadores. Nesse pensamento, é necessário que a sociedade e principalmente os professores pesquisem e refl itam sobre a aplicabilidade do uso de cães na escola regular. Dessa forma, questiona-se as reações dos educandos diante à educação assistida por cães dentro da educação especial. Conhecendo as reações que os alunos com defi ciência apresentam mediante tal tipo de metodologia tornar-se-á possível debates mais profundos sobre a adoção de estratégias e atividades curriculares com objetivo de benefi ciar a aquisição de conhecimento para os alunos da educação especial. Com esse contexto, esta pesquisa vem para defi nir as reações dos educandos diante à educação assistida por cães dentro da educação especial. Para isso, foi realizada uma pesquisa empírica, descritiva, analítica, bibliográfi ca e documental, baseada em um estudo de caso com sondagens e vídeo fi lmagens. 2 CONTEXTO DA PESQUISA Desde Vigotsky (2001) compreende- se que é interagindo que o conhecimento se Buscar atividades educacionais que possam ter êxito no processo de ensino e de aprendizagem de todos os alunos é uma prioridade para pedagogos. Muitos são os avanços em pesquisas e novas metodologias que trazem resultados latentes para o desenvolvimento dos educandos. Estudos demonstram que atividades É necessário que a sociedade e principalmente os professores pesquisem e reflitam sobre a aplicabilidade do uso de cães na escola regular. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 16 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 dá. Com Montessori (2003) descobriu-se que podemos alterar o contexto e os materiais escolares para que o êxito no aprendizado ocorra. Freinet (1977) já preconizava que o ensino deveria incluir questões ambientais, ecológicas, viagens, interação para que os alunos fossem agentes ativos no seu aprendizado. Dessa maneira, este trabalho se baseia nesses pilares teóricos para moldar seu constructo e se aliar às pesquisas mais recentes nos campos da saúde, para defi nir as reações dos educandos diante à educação assistida por cães na educação especial. Analisando as contribuições teóricas e práticas já existentes por terapias e atividades educacionais assistidas por animais, percebe- se que ao longo da história houve um movimento que expandiu essas atividades do contexto exclusivamente hospitalar e as trouxe para outros ambientes, como retrata os estudos de Dotti (2005), Barros (2008), Hernandez (2008), Pereira; Pereira; Ferreira (2009). A maioria dos estudos demonstra algum tipo de benefício percebido nas terapias; por menor que seja, sempre é notado e descrito na literatura as conquistas e descobertas realizadas nessa atuação. Nesse contexto, analisar e realizar aproximações de alunos em um contexto de educação especial com cães em atividades educacionais podem se mostrar relevantes na medida em que essas atividades trazem resultados benéfi cos para os processos de ensino e de aprendizagem. Entende-se que esta pesquisa se justifi ca por meio da necessidade de metodologias diferenciadas para alunos com defi ciência. Além disso, os resultados podem contribuir para a sociedade, uma vez que suas análises, demonstram como cães são parte do aprendizado humano. 2.1 Atividades e metodologias diferenciadas em educação especial Como estratégia prevista em lei, muitas instituições do ensino básico regular buscam metodologias diferenciadas para trabalhar o processo de ensino e aprendizagem de alunos com defi ciência. A realidade de uma sala multimeios para o atendimento educacional especializado (AEE) no turno oposto àquele o qual o aluno está matriculado, permite, por exemplo, o uso de materiais que auxiliam na estimulação motora e cognitiva do aluno. Instituições de educação especial, como APAEs e outras, podem oferecer desde fi sioterapia, hidroterapia, ginástica, esportes diversos, trabalhos manuais, etc. Todavia, quando as instituições de educação básica regular são comparadas, nota-se que a infraestrutura não é a mesma, uma vez que o foco dessas instituições são todos alunos e não somente os portadores de defi ciência. Em tentativas de superar só o contexto das salas de AEE, muitas instituições e professores buscam realizar atividades em espaços externos à escola, como saídas de campo ou até mesmo inserindo profi ssionais e vivências dentro do ambiente escolar (OLIVIER, 2011). Ainda que de forma lenta nota-se cada vez mais que instituições estão tentando buscar um currículo mais fl exível e com atividades que ultrapassam os limites da sala de aula. Além de saídas de campo os currículos de escolas que se diferenciam buscam também explorar a percepção que os alunos têm quanto ao seu papel na natureza e despertar a consciência para a convivência com outras espécies (CUNHA, 2013). Nota-se que o contato com a natureza e com animais também tem sido uma atividade que tem ganhado notoriedade para a educação e principalmente junto à educação especial na perspectiva inclusiva, uma vez que traz ganhos para todos os alunos de maneira e dá. Com Montessori (2003) descobriu-se que podemos alterar o contexto e os materiais escolares para que o êxito no aprendizado ocorra. Freinet (1977) já preconizava que o em educação especial instituições do ensino básico regular buscam O contato com a natureza e com animais também tem sido umaatividade que tem ganhado notoriedade para a educação e principalmente junto à educação especial na perspectiva inclusiva. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 17 grau diferentes. 2.2 Atividades e terapias educacionais assistidas por animais Determinar um momento histórico em que os animais começaram a ser usados como mediadores para atividades e terapias educacionais assistidas é complexo, já que os termos e atividades são bem generalistas e podem englobar diferentes tipos de acontecimentos. Soma-se a isso uma construção histórica que nos mostra que animais sempre estiveram presentes no cotidiano humano; desde a pré-história como objetos de casa, na idade média como ferramentas para atividades feudais e auxilio às atividades humanas e na idade moderna como animais de estimação (PEREIRA; PEREIRA; FERREIRA, 2007). Todavia, nota-se que o uso de animais para o benefício humano, que não seja baseado em uma atividade econômica, mas sim focando o bem-estar físico e cognitivo, é algo recente que acompanhou a construção social que animais podem ser amigos ou animais de estimação (MASCARENHAS, 2010). Quando se fala de animais envolvidos no bem-estar físico remete-se aos primeiros experimentos que aconteceram no século passado buscando usar animais como ferramentas terapêuticas para pacientes em estado terminal que já não respondiam a tratamentos e remédios. Um dos experimentos mais conhecidos desse gênero aconteceu em University Hospital, em Ann Arbor, Michigan (EUA), em 1956; onde crianças que não respondiam mais às terapias convencionais foram colocadas em um contexto de aproximação com diversos tipos de animais. Buscava-se na época uma forma de entreter as crianças, porém relatos demonstraram que muitas delas tiveram uma considerável melhora temporária em seus quadros, à medida que a interação com os animais catalisou estados emocionais e afetivos que impactaram no metabolismo desses pacientes. Relatórios médicos da época demonstraram que até crianças em estado terminal da área de oncologia responderam de forma positiva, descrevendo uma diminuição no seu quadro de dor. Crianças com problemas motores e cognitivos demonstraram avanços, uma vez estimulados pelos animais. Tamanho foram os achados e resultados desse experimento que o mundo científi co se voltou para uma nova possibilidade: o uso de animais em um contexto medicinal e terapêutico. Nas décadas que se seguiram notou-se o avanço no uso de animais em campos da medicina como oncologia, fi sioterapia, etc. Pesquisas acerca das metodologias de ATEAA – Atividades e Terapias Educacionais Assistidas por Animais, também avançaram signifi cantemente (ALTHAUSEN, 2006). O uso de animais de espécies específi cas ganhou notoriedade em alguns campos: o uso de cavalos e a equoterapia se mostrou latente na reabilitação de indivíduos com lesões medulares, com difi culdades motoras; animais domésticos se mostraram válidos no combate à depressão; cães se demonstraram catalisadores do desenvolvimento motor, cognitivo e social (PIRES, 2009). O uso de cães avançou na forma da cinoterapia, método com caráter mais medicinal, reabilitação e terapia ocupacional. 2.3 Metodologia da pesquisa Acredita-se que esta pesquisa possa ser compreendida como uma pesquisa de método empírico de abordagem qualitativa de acordo com os preceitos dos teóricos Marconi demonstraram que muitas delas tiveram uma considerável melhora temporária em seus quadros, à medida que a interação com os animais catalisou estados emocionais e O uso de animais de espécies específicas ganhou notoriedade em alguns campos: o uso de cavalos e a equoterapia se mostrou latente na reabilitação de indivíduos com lesões medulares, com dificuldades motoras; animais domésticos se mostraram válidos no combate à depressão; cães se demonstraram catalisadores do desenvolvimento motor, cognitivo e social (PIRES, 2009). UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 18 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 e Lakatos (2005). Uma vez que ela busca reconhecer a realidade alcançada por outras pesquisas que experimentaram atividades de educação assistidas por cães, e procura-se uma aproximação entre cães e alunos como maneira de experimentação; entende-se então seu delinear cientifi co moderno baseado no empirismo ou experimentação (GIL, 2007). Sua construção teórica baseada na literatura e em documentos faz da mesma uma pesquisa qualitativa, bibliográfi ca e documental (SEVERINO, 2007). Em sua etapa experimental entende- se que a tipologia da pesquisa é descritiva e analítica, se baseando em um estudo de caso único, com ferramentas de coleta de dados baseadas em sondagens não estruturadas e vídeo gravações (SEVERINO, 2007; BELEI et al., 2008). Na análise dos dados nota- se que ela é de abordagem qualitativa, se utilizando das informações coletadas por meio de sondagens, observação direta e de vídeo gravações para fazer inferências acerca da realidade encontrada nas aproximações entre alunos e cães (SEVERINO, 2007; BELEI et al., 2008). Para alcançar o objetivo de defi nir as reações dos educandos diante à educação assistida por cães na educação especial inclusiva, este trabalho se utilizou de dois sujeitos de estudo. A seleção dos mesmos aconteceu de forma intencional por parte dos pesquisadores (RICHARDSON, 1989). Buscou-se em Santa Catarina uma escola que apresentava uma realidade de educação especial inclusiva latente, tanto pela quantidade de alunos com defi ciência inseridos nesta escola, bem como atividades promovidas que utilizavam metodologias diferenciadas. Encontrou-se então a escola Alfa, sua estrutura é parcialmente adaptada, contando com rampas e corrimões para acesso aos cadeirantes, sem banheiros adaptados ou sinais visuais para surdos e sinalizações em Braille para cegos. Na escola, que possui cerca de 900 alunos, existe uma sala de AEE funcional, uma equipe de auxiliares de educação especial e a consciência da necessidade de atividades que possam permitir a inclusão de todos no contexto educacional. Os alunos são divididos nos turnos matutinos, vespertino e noturno, no ensino fundamental e na educação de jovens e adultos, estão o aluno Delta e a aluna Beta. Ambos cursam o quarto ano do ensino fundamental no turno vespertino na mesma turma; que conta com 23 alunos regulares, uma professora regente e um auxiliar de educação especial. O aluno Delta é um menino de 10 anos que reside no bairro onde se localiza a escola e cursou os anos anteriores de sua escolarização nessa mesma instituição. Ele apresenta um diagnóstico de defi ciência intelectual. O aluno apresenta uma grande difi culdade para o processo de alfabetização à medida que não consegue se apropriar dos símbolos gráfi cos que representam o alfabeto e sistema numérico brasileiro. Todavia, nota-se que as práticas de letramento são de grande interesse dele uma vez que o mesmo adora se expressar e demonstrar suas capacidades de contação de histórias e dramatização das mesmas. Dado o estágio de alfabetização pré- silábico e difi culdade de abstração, o aluno demonstra difi culdades no desenvolvimento lógico e na sua concepção das ciências naturais e humanas. Ainda que com suas limitações, ele consegue se apropriar de aspectos históricos trabalhados em disciplinas em sala de aula. Quanto ao seu desenvolvimento motor, percebe-se que ele tem funcionalidade dentro dos parâmetros desejados para sua turma e idade. A pintura e o desenho são suas grandes habilidades, utilizadas pelo mesmo como forma de expressão alheia à língua escrita para expressar como ele se enxerga dentro do seu contexto social. e Lakatos (2005). Uma vez que ela busca reconhecer a realidade alcançada por outras pesquisas que experimentaram atividadesde educação assistidas por cães, e procura-se cerca de 900 alunos, existe uma sala de AEE funcional, uma equipe de auxiliares de educação especial e a consciência da necessidade de atividades que possam Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 19 A aluna Beta é uma menina de 10 anos que estuda na mesma turma que Delta, e também apresenta um diagnóstico de defi ciência intelectual. A aluna demonstra grande interesse pela vida escolar utilizando da escrita, da fala e da produção artística para representar o valor que ela atribui à educação. Quanto às limitações, percebe-se que o raciocínio lógico, a língua estrangeira e a capacidade de interpretação e abstração não acompanham o desenvolvimento de suas outras habilidades. Acerca de suas habilidades e capacidades, fi ca evidente que a falta de concentração e abstração não são impedimentos quanto à sua interação social com colegas de sala e professores. Sua capacidade de comunicação e expressão se demonstra no cotidiano por meio de desenhos e composições escritas, utilizando desses para demonstrar seu desenvolvimento emocional. No aspecto motor, fi cou claro o interesse e capacidade de assimilação quanto às novas práticas desportivas propostas dentro do ambiente escolar. Em um aspecto global, é tangível que as habilidades artísticas e motoras são as que se desenvolveram de forma mais latente. Dado o contexto da pesquisa, o objetivo geral e os específi cos, necessitou-se criar um planejamento para um projeto que envolvesse o uso de cães como metodologia. Dessa forma, para criar aproximações planejadas entre os alunos e cães para ver como a interação ocorre, optou-se por um projeto interdisciplinar que permeou as disciplinas de artes, língua portuguesa, educação física, ciências e história. A cadela foi escolhida com base na acessibilidade, sendo ela um animal de estimação de um dos envolvidos na pesquisa. Como pré-requisito baseou-se em Vivaldini (2011) para estabelecer que os cães devam ser adestrados e apresentar condições de saúde para a realização das atividades. Vivaldini (2011) ressalta que a raça ou porte do animal não devem afetar interações entre seres humanos e cães, só o fato dele apresentar ou não comportamento sociável desejado para atividades assistidas por cães. Para análise, os dados encontrados nas sondagens e nas fi lmagens se tornam informações que descrevem a realidade encontrada, uma vez que Belei et al. (2008) esclarece que o conteúdo de uma vídeo- fi lmagem pode ser utilizado para fazer inferências e servir como amparo para análises de um acontecimento. 2.4 Resultados encontrados No primeiro dia de aproximação os alunos foram recebidos pela professora de inglês que os levou para sala de aula onde a cadela já estava acolhida. Para o animal foi colocado um ambiente onde ela pudesse descansar, água potável e ração própria. Ao chegar à sala de aula os alunos foram recebidos com uma conversa explicando que a cadela estava ali para participar de atividades educacionais promovidas pelos professores. Um aviso para conscientização dos pais estava escrito no quadro e os alunos foram convidados a copiar. Em seguida bilhetes pedindo a autorização do uso de imagens foram colocados nas agendas escolares dos alunos. Em parceria com a professora de inglês todos os alunos foram convidados a brincar com a cadela e foi dada a possibilidade deles exteriorizarem suas vivências com animais. Percebeu-se que inicialmente tanto o animal quanto os alunos fi caram eufóricos difi cultando o início das atividades. A atividade proposta foi planejada em conjunto com a professora e respeitando o planejamento anual. Como foco, tal atividade abordava o vocabulário acerca de tipos diferentes de animais e partes do corpo de um cachorro. Enquanto os alunos faziam a atividade todos tinham a oportunidade de brincar com a cadela se sentindo à vontade para sair de suas cadeiras e mesas. De acordo com a observação e as vídeo-fi lmagens, é certo afi rmar que como a experiência era nova para os alunos e para o animal, o processo de adaptação demorou Para análise, os dados encontrados nas sondagens e nas fi lmagens se tornam informações que descrevem a realidade UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 20 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 por sua vez, já se demonstrou muito mais entusiasmado e comunicativo; ele começou a contar histórias passadas de seus animais de estimação para os colegas e convidou todos para brincar com ele e a cadela. Dado a natureza da atividade que se relacionava com a dinâmica sendo realizada, notou-se que todos os alunos conseguiram terminar a atividade. Durante a correção os alunos foram convidados a colocar as respostas corretas no quadro verde. Ao termino da correção e o sinal para o intervalo, os alunos pediram para fi car em sala de aula para poder interagir mais com a cadela. No retorno do intervalo os alunos, agora com a professora regente em sala de aula, foram convidados a realizar duas atividades que buscavam verifi car qual a relação passada que já tiveram com animais de estimação, mais especifi camente com cães, e o quanto sabiam acerca dos direitos dos animais e cuidados necessários com eles. Durante todo decorrer das atividades a cadela corria solta e brincava no colo nos alunos. Muitos pediam para fazer carinho ou segurá-la no colo. Delta novamente tomou a iniciativa de se sentar no chão para interagir com o animal. Todos os alunos realizaram a atividade. Beta como já é alfabetizada conseguiu responder os questionários sem maiores difi culdades. Delta que ainda não é alfabetizado e normalmente prefere não fazer atividades que utilizem da linguagem escrita, pediu para ser mediado no processo. Desta forma, pediu para outro aluno ler as perguntas e escrever as respostas por ele. Pouco tempo antes do término da aula, o animal foi embora e os alunos fi caram em sala a acontecer. Dessa forma, muita euforia e desconcentração descreveram os aspectos de organização da turma. Percebeu-se que todos os alunos demonstraram interesse em interagir com o animal. Começando de forma tímida, alguns alunos saiam de suas mesas e iam para o chão buscar fazer carinho na cabeça da cadela. Todos os alunos demonstraram algum nível de interação: chamando, fazendo carinho, tentando pegar no colo, etc.; todavia entre os dois alunos com defi ciência intelectual, fi cou evidente que o aluno Delta, demonstrou maior interesse em interagir com a cadela. À medida que os alunos terminavam a atividade eles eram convidados para expor como era seu contexto histórico com animais de estimação. Perguntas como: você já teve animais de estimação; que tipo de animal; você gosta de cachorros, você tem cachorros; quantos; qual raça; qual tamanho; quantos anos; o que você faz com ele; você gosta de brincar com ele; você ensina alguma coisa para ele; o que muda na sua vida quando ele está por perto; e outras foram indagadas aos alunos. por sua vez, já se demonstrou muito mais entusiasmado e comunicativo; ele começou a contar histórias passadas de seus animais de estimação para os colegas e convidou a acontecer. Dessa forma, muita euforia e desconcentração descreveram os aspectos de organização da turma. Percebeu-se que todos os alunos demonstraram interesse em Durante todo decorrer das atividades a cadela corria solta e brincava no colo nos alunos. Muitos pediam para fazer carinho ou segurá-la no colo. Percebeu-se que todos os alunos demonstraram interesse em interagir com o animal. Começando de forma tímida, alguns alunos saiam de suas mesas e iam para o chão buscar fazer carinho na cabeça da cadela. Ficou evidente que muitos estavam nervosos pela primeira experiência em serem entrevistados, mas todos colaboraram e responderam. A grandemaioria dos alunos mora em casas, no bairro onde a escola está situada, e possuem pelo menos um cachorro em sua residência. Poucos mencionaram que não tinham animal de estimação, menos de um quarto da turma, mas afi rmaram que gostariam de ter um cachorro. Durante o decorrer da atividade notou- se que Beta mostrou pouco interesse com o animal indo em direção a ele para brincar somente uma vez de forma breve. Delta, Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 21 Ao chegar à sala e se deparar com o animal, muitos alunos tiveram a reação de se ajoelhar e fazer carinho nela. e tiveram a iniciativa de fazer uma produção textual e artística, um texto com desenho, acerca da experiência. Muitos escreviam e comentavam como foi divertido sair da rotina e ter uma experiência nova na escola. Na segunda aproximação como previsto nas atividades do planejamento e dos planos de aula os alunos foram convidados a assistir uma obra cinematográfi ca. Ao chegar à sala e se deparar com o animal, muitos alunos tiveram a reação de se ajoelhar e fazer carinho nela. Delta e Beta foram “conversar” com ela; contaram do seu dia e expressaram sua felicidade em ver ela de novo na sala. Após esse momento os alunos sem nenhuma orientação tomaram a iniciativa de preparar um espaço com lençóis e travesseiros para poder se acomodar e assistir ao fi lme. Todos preferiram se deitar ao invés de sentar, demonstrando um maior nível de intimidade entre eles próprios. Como o animal estava solto, fi cou transitando à medida que os alunos fi cavam chamando sua atenção para se deitar com eles e assistir ao fi lme. A obra intitulada “Compramos Um Zoológico”, de 2011, é uma comédia dramática que aborda a história de um pai e seu casal de fi lhos que se mudam para um zoológico para se recuperar da morte da esposa. O fi lme foi projetado usando as duas primeiras aulas antes do intervalo. Ao saírem para o intervalo, onde normalmente se alimentam e brincam, pode-se observar diretamente que os alunos estavam mais calmos. Conversaram mais em círculos ao invés de correr, hábito bastante comum entre eles. Ao retornar do intervalo os alunos não correram como de costume, vieram caminhando e voltaram para a posição em que estavam assistindo ao fi lme. Ao fi nal do fi lme os alunos foram questionados sobre aspectos da vivência com animais assistidos no fi lme. Muitos mencionaram os aspectos positivos da integração familiar com os animais abordados na obra. Em seguida, 3 textos foram dados aos alunos com questões ligadas aos cuidados dos animais. Todos os textos foram lidos coletivamente pelos alunos e debatidos em classe. Durante esse momento a cadela permanecia em sala de aula e os alunos continuaram demonstrando interesse em acompanhar a movimentação do animal em sala de aula, mas ao mesmo tempo não saíram de suas mesas dado que estavam bem concentrados em argumentar os pontos debatidos no texto. No fi nal da aula, após terminarem de colar os textos no caderno de língua portuguesa os alunos se despediram da cadela de forma bem afetuosa. No terceiro dia de aproximação os alunos já foram recebidos na sala de aula com o animal. Conforme o planejamento e o plano de aula previsto para essa aproximação os alunos foram convidados inicialmente para fazer uma representação artística de um cachorro. Com material impresso, um desenho de um cachorro foi distribuído para os alunos, junto com retalhos de EVA, tinta guache, pincéis, lápis de cor, giz de cera, canetas coloridas e cola. Os alunos tomaram a iniciativa de construir desenhos usando esses materiais e dar nomes aos cachorros dos desenhos se baseando em animais de estimação da sua vivência. Muitos buscaram fazer carinho e pegar a cadela no colo para usar ela como modelo para suas pinturas. Posteriormente, os alunos foram convidados a fazer uma produção textual acerca da experiência de ter um animal em sala de aula e sobre o que aprenderam com nessas aproximações. Enquanto a atividade estava sendo realizada, os alunos eram convidados para serem entrevistados. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 22 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Percebeu-se que os alunos estavam mais confortáveis para falar nessa entrevista quando comparado à anterior, realizada na primeira aproximação. Após a saída da cadela da sala de aula os alunos começaram a questionar se havia a possibilidade de ela voltar outra vez, demonstrando sinais de apreciação pela experiência que tiveram e nostalgia pela ausência do animal. Acerca das atividades realizadas, Delta e Beta conseguiram realizar todas elas como demonstraram na observação e análise das fi lmagens. Para realizar as atividades ambos os alunos trabalharam com colegas de sala de aula. Beta como já é alfabetizada normalmente acompanha todas as atividades que são realizadas em sala sem necessidades de adequações; Delta por não ser alfabetizado e demonstrar mais atraso na aprendizagem condizente com sua defi ciência intelectual normalmente necessita de mais adequações. Assim, tendo ele acompanhado a atividade da mesma forma que os outros alunos demonstra indícios que a metodologia usada pode ser compreendida como benéfi ca para Delta. Quanto à interação com os colegas fi cou evidente que todos os alunos, não só Beta e Delta, na intenção de interagir mais com a cadela acabaram interagindo mais entre eles, um bom exemplo disso foi a atividade em sala de aula quando assistiram a obra cinematográfi ca e os momentos nos intervalos entre atividades onde eles sentavam em círculos na sala para brincar com o animal como demonstraram as fi lmagens. Após a saída da cadela da sala de aula os alunos começaram a questionar se havia a possibilidade de ela voltar outra vez, demonstrando sinais de apreciação pela experiência que tiveram e nostalgia pela ausência do animal. As demonstrações afetivas também podem ser consideradas uma variável de análise, uma vez que todos os alunos se interessaram em fazer carinho na cadela durante as aproximações. Apesar da turma não ter um histórico de brigas, ela também não apresentava nenhum comportamento latente quanto ao carinho e afeto entre si. A experiência trouxe momentos em que os alunos pediram para fi car próximos, demonstrando afeto e apego pelo animal e entre os próprios alunos. Beta sempre foi comunicativa, se interessou em participar de todas as atividades seguindo o planejamento da turma. Dessa forma, sua reação em interagir com os outros, brincar com o animal, realizar as atividades, etc.; fi cou dentro dos parâmetros das reações dos outros alunos não sujeitos da educação especial. Delta, por sua vez, já estava mais distante socialmente e no caráter da aprendizagem. No laudo médico dele consta que sua defi ciência intelectual ocasionou uma distorção de sua idade psicológica, apresentando a maturidade de uma criança de dois anos. Como não é alfabetizado, ele precisa de uma maior mediação e de uma maior adequação de materiais. As três aproximações demonstram que Delta fi cou mais comunicativo; apesar de ser tímido e ter um problema na fala que requer acompanhamento de uma fonoaudióloga, ele se inseriu nas atividades em sala de aula que precisava se comunicar e usar da linguagem oral para demonstrar seu conhecimento acerca de cachorros. Como demonstram as fi lmagens, o aluno se esforçou Quanto à interação com os colegas ficou evidente que todos os alunos, não só Beta e Delta, na intenção de interagir mais com a cadela acabaram interagindo mais entre eles. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 23 no trabalho em conjunto, que normalmente evitava, preferindo trabalhar só com o auxiliar de educaçãoespecial, conseguindo acompanhar as atividades propostas. Delta foi o que mais se demonstrou afetado positivamente pela experiência. Dessa forma, entende-se que pode haver uma relação entre as manifestações da defi ciência intelectual com os benefícios de atividades educacionais assistidas por cães. Percebeu-se que o uso de animal domesticado e treinado colaborou muito no processo de se acostumar com uma experiência nova. Assim, entende-se que, segundo Mascarenhas (2010), os animais de estimação trazem benefícios para os sujeitos envolvidos. Essa experiência pode ter sido benéfi ca à medida que usou um animal doméstico e fez os alunos refl etirem sobre ter um animal de estimação e como tratá-los. Percebendo as manifestações e comportamentos dos alunos perante a educação especial, foi visível que houve evidencias latentes que o aluno Delta demonstrou maior desenvolvimento afetivo e social como previa Pires (2009). Percebeu- se que apesar do caráter mais pedagógico, esta aplicação da cinoterapia como abordava Althausen (2006) se demonstrou válida no contexto da educação especial dentro da educação básica regular. 3 CONCLUSÃO Cada sujeito de um grupo social se desenvolve de maneira diferente e única. Porém, todos apresentam semelhanças quando se analisa o processo educacional pelo qual os sujeitos passam na sociedade atual. O sistema educacional Dessa forma, entende- se que pode haver uma relação entre as manifestações da deficiência intelectual com os benefícios de atividades educacionais assistidas por cães. se desenvolveu muito desde seus primórdios nas culturas gregas e latinas; passando por transformações signifi cativas nos últimos séculos com modelos industriais que infl uenciaram a organização escolar. Atualmente existem várias metodologias e diretrizes que possibilitam ensinar de forma diversifi cada. No cenário mundial, nas últimas décadas, foi visível um desenvolvimento dos direitos humanos quando analisado o processo educacional e pessoas com defi ciência no ambiente escolar. Documentos internacionais e nacionais, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, fomentaram um processo de inclusão de alunos na modalidade transversal da educação especial. Tal modalidade é compreendida pelos direitos alcançados para que sujeitos com defi ciências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, possam ser inseridos e participar de forma plena dos processos de ensino e de aprendizado. Entre os direitos estão: auxiliar de educação especial, atendimento educacional especializado, metodologias diferenciadas, etc. No contexto das metodologias diferencias, e ou estratégias para o êxito no processo educacional dos sujeitos da educação especial, percebeu-se que atividades e terapias que advém das áreas da medicina e da psicologia têm demonstrado êxito na sua utilização no ambiente escolar. Dentre essas atividades a cinoterapia tem sido retratada na literatura como uma atividade que instiga um grande desenvolvimento emocional e aspectos positivos do desenvolvimento social e linguístico de Todos os alunos responderam de forma positiva a interação com o animal. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 24 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 pessoas com defi ciência. Dessa forma, este trabalho objetivou defi nir as reações dos educandos diante à educação assistida por cães na educação especial. Para que esses objetivos fossem alcançados, a metodologia mais apropriada foi de realizar vídeo-fi lmagens durante aproximações dos alunos com cães. Com a intenção que essas aproximações fossem feitas, conseguiu-se a autorização da escola e dos alunos de um quarto ano de uma escola catarinense, que constava com dois alunos com defi ciência intelectual, Delta e Beta. O modelo de atividades assistidas por cães, que é uma interpretação mais pedagógica da cinoterapia, foi retirado da literatura e se estruturou por três aproximações em dias diferentes com o mesmo animal. Atividades que buscavam proporcionar mais conhecimentos sobre animais de estimação e cães em ambientes urbanos foram criadas obedecendo ao planejamento anual e material didático escolar. Todos os alunos responderam de forma positiva a interação com o animal. Ficou evidente que Beta interagiu da mesma forma que os demais alunos, ou seja, se demonstrou interessada e sociável. O grande achado foi que Delta se demonstrou mais interessado em participar e se engajar em atividades que necessitavam o uso de formas diversas de linguagem. Assim, sugere-se que sejam feitas novas pesquisas no campo da veterinária e de ciências animais para compreender com quais tipos de raças de cachorros os alunos tendem a interagir melhor; e novas pesquisas que busquem delinear uma metodologia que possa ser generalizada e aplicável ao contexto do ensino regular e pesquisas, para verifi car a existência de uma relação entre a reação positiva do aluno com a maneira como a defi ciência intelectual que ele possui se apresenta. REFERÊNCIAS ALTHAUSEN, S. Adolescentes com Síndrome de Down e Cães: compreensão e possibilidades de intervenção. 2006. 170f. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Psicologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. BARROS, C. T. Possibilidades de utilização da terapia assistida por animais (TAA) na Terapia Ocupacional. Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. 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Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 25 GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. HERNÁNDEZ, A. P. Terapias alternativas en rehabilitación. Actualizaciones en enfermería, Colombia, v. 7, n. 4, p. 25-30, 2008. Disponível em: http://www.encolombia. com/medicina/enfermeria/Enfermeria7404- Terapia.htm Acesso em: 17 agos. 2014. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científi ca. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005. MASCARENHAS, A. M. D. V. Educação assistida por animais – intervenção em crianças com alterações de comportamento. 2010. 128f. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Ciências da Educação), 2010. MONTESSORI, M. Para Educar o Potencial Humano. Brasil: Papirus, 2003. OLIVIER, L. Distúrbios de Aprendizagem e de Comportamento. 6. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011. PEREIRA, M. J. F.; PEREIRA, L.; FERREIRA, M. L. 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E-mail:pastorijayne@hotmail.com RESUMO A utilização do cinema em sala de aula é um tema amplamente debatido nos últimos anos, devido ao seu potencial como ferramenta pedagógica. Desta forma, esta pesquisa se insere neste contexto, apresentando as contribuições de autores brasileiros sobre o cinema na sala de aula. Assim, o presente artigo tem por objetivo investigar a relevância do uso de recursos midiáticos na sala de aula, especialmente o cinema. O trabalho utiliza a pesquisa bibliográfi ca que consiste em investigar autores que tratam sobre o assunto a ser revisto, entre eles Circe Bittencourt (2004), Jorge Nóvoa (2008) e Maria da Graça Setton (2011). O estudo terá como universo de abrangência, o cinema como recurso didático nas salas de aula do ensino básico e superior, buscando elucidar suas contribuições e as metodologias de trabalho apontadas pelos autores utilizados, destacando a importância da utilização do cinema como ferramenta pedagógica que permite uma interação maior com os alunos. Pode-se constatar que o uso de fi lmes em sala de aula é um instrumento de apoio pedagógico que pode potencializar o aprendizado dos educandos. Palavras-chave: Cinema. Educação. Papel do professor. 1 INTRODUÇÃO A invenção do cinematógrafo no limiar do século XX trouxe transformações fantásticas para a humanidade e principalmente para a forma como as pessoas vêem o mundo, ainda mais se considerarmos que atualmente grande parte da população mundial tem acesso a produções fílmicas e acabam sendo infl uenciados pelo que é mostrado nas telas. O entrelaçamento entre cinema e educação ocorreu ainda no início do século XX, quando suas contribuições ao conhecimento foram notadas. Desde então, seu uso nas salas de aula tem se tornado cada vez mais comum e essencial. Considerando a sociedade “moderna” ou contemporânea, em que as mídias exercem papel fundamental no dia a dia das pessoas é necessário pensar o papel das mesmas na sociedade, na escola e na vida como um todo. O cinema exerce certo poder sobre aqueles que o admiram, conhecido como a CINEMA E EDUCAÇÃO: O PAPEL DO PROFESSOR EM MEIO ARTIGO Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 27 sétima arte, tem causado espanto, revelado emoções, desde a primeira exibição ofi cial em dezembro de 1895 em Paris – a famosa cena da chegada do trem, fi lmagem dos irmãos Lumière. São diversas as reações causadas pelas imagens nos espectadores. O cinema diverte, emociona, faz chorar, dá raiva, ou seja, é capaz de despertar sentimentos diversos, e talvez seja essa capacidade que ao longo de mais de um século vem encantando milhões de pessoas pelo mundo. Nesse contexto, pretende-se apresentar de forma sucinta, a relevância do uso do cinema na sala de aula, destacando seu caráter didático e o posicionamento do professor ao utilizar esse recurso, tanto no ensino básico quanto no superior. Para compreender melhor sobre a temática, objeto deste estudo, o mesmo foi dividido nas seguintes seções: primeiramente faz-se uma abordagem sobre o surgimento do cinema e seu uso como recurso didático na educação, seguindo-se da apresentação de metodologias descritas por autores como Circe Bittencourt (2004), Jorge Nóvoa (2008) e Maria da Graça Setton (2011) e a relevância do uso desses recursos nas salas de aula atualmente. 2 O SURGIMENTO DO CINEMA A costumeira ida ao cinema, lazer comum em locais em que há salas de cinema disponíveis, ou a locação de fi lmes, é algo tão corriqueiro que muitas vezes as pessoas não têm noção e nem ao menos refl etem sobre as origens de tão importante forma de entretenimento. Em 28 de dezembro de 1895, houve a primeira exibição pública de cinema, seus produtores não podiam imaginar que tal invenção se tornaria tão Em 28 de dezembro de 1895, houve a primeira exibição pública de cinema, seus produtores não podiam imaginar que tal invenção se tornaria tão importante à humanidade e que seus reflexos seriam mundiais. importante à humanidade e que seus refl exos seriam mundiais. O movimento imagético dá a noção de realidade, essencial ao cinema, pois a ilusão de realidade retratada na tela deixa o telespectador envolvido como em um sonho, mesmo sabendo que não é a realidade, e a criação de algo que o possibilitasse intensifi cou- se após meados do século XIX, dado que a fotografi a e as pinturas dão a impressão de realidade, porém sem movimento. A criação de imagens em movimento tornou- se praticamente uma disputa no século XIX, principalmente entre ingleses e franceses, contexto em que surgem o “fuzil-fotográfi co”, tambor forrado por dentro com uma chapa fotográfi ca circular, desenvolvido pelo fi siologista francês Étienne-Jules Marey em 1878, e o praxinoscópio, aparelho que projeta na tela imagens desenhadas sobre fi tas transparentes, inventado pelo francês Émile Reynaud (1877), em que a multiplicação das fi guras desenhadas e a adaptação de uma lanterna de projeção possibilitam a realização de truques que dão a ilusão de movimento. A paternidade do cinema é polêmica, já que muitas são as nações que a reivindicam. Para os norte-americanos ela é devida a Thomas Alva Edison que inventou o cinetoscópio em 1888, aparelho que foi utilizado por Edison limitadamente, em sessões individuais, em que cada sessão custava 25 cents. Os franceses a concedem aos irmãos Auguste e Louis Lumière que criaram o cinematógrafo (LABAKI, 1995, p. 17-19), apresentado no Grand Café em Paris, a uma pequena plateia em 1895. Para Flávia Cesarino Costa (2006), não houve apenas um descobridor do cinema e sim a conjunção de diversas circunstâncias técnicas que no fi nal do século XIX levaram “vários inventores a mostrar os resultados de suas pesquisas na busca da projeção de imagens em movimento” (COSTA, 2006, p. 18). UNIASSELVI-PÓS REVISTA PÁGINA 28 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Estes inventores certamente não pensaram nas proporções que suas invenções tomariam no decorrer do século XX, já que a criação do movimento imagético era apenas mais uma invenção. Os irmãos Lumière – criadores do cinematógrafo – por exemplo, eram movidos pela ânsia por descobertas científi cas, e viram esse invento apenas como algo útil ao desenvolvimento de pesquisas científi cas, considerando o cinema como algo passageiro e que logo perderia importância diante das novas invenções que surgiam, sem entreverem a proporção e importância que seu invento ganharia durante o século XX. De acordo com Costa (2006, p. 17): Os aparelhos que projetavam fi lmes apareceram como mais uma curiosidade entre as várias invenções que surgiram no fi nal do século XIX. Esses aparelhos eram exibidos como novidade em demonstrações nos círculos de cientistas, em palestras ilustradas e nas exposições universais, ou misturados a outras formas de diversão popular, tais como circos, parques de diversões, gabinetes de curiosidades e espetáculos de variedades. Os primeiros fi lmes produzidos pelos irmãos Lumière fi zeram muito sucesso, são alguns deles: A saída da fábrica Lumière (1895), fi lmagem da saída dos funcionários da fábrica Lumière; Demolição de um muro (1895), considerado o primeiro fi lme com efeitos especiais devido a um defeito que ocasionou um movimento reverso para “reconstruir” o muro; O regador regado (1895), a primeira comédia em que um jardineiro
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