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UNIASSELVI-PÓS
REVISTA
PÁGINA
2 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017
Metodologias
de Ensino
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito 
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS
REVISTA
PÁGINA
3
Metodologias
de Ensino
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito 
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Revista UNIASSELVI-PÓS: Metodologias de Ensino - Centro Universitário 
Leonardo da Vinci (Grupo UNIASSELVI). – Indaial: UNIASSELVI, 2017.
97p. : il. col.
Periodicidade: Semestral.
ISSN: 2317-5966
1. Ensino superior. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI.
II. Programa de Pós-Graduação EAD.
CDD 378.005
Propriedade do Centro Universitário Leonardo da Vinci
FICHA CATALOGRÁFICA
UNIASSELVI-PÓS
REVISTA
PÁGINA
4 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017
EDITORIAL APRESENTAÇÃO
EXPEDIENTE EDITORIAL
Reitor do Centro Universitário 
Leonardo da Vinci
Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Carlos 
Fabiano Fistarol
Presidente do Conselho editorial:
Prof. Ivan Tesck
Membros do Conselho Editorial:
Profª. Barbara Pricila Franz 
Profª. Elys Regina Zils
Prof. Fernando Luis Berndt
Prof. Ivan Tesck
Profª. Kelly Luana Molinari Corrêa
Profª. Marcia Andreia Leite 
 Gonzaga
Prof. Marcio Oliveira da Silva
Profª. Noemi Back Oliveira 
Profª. Tathyane Lucas Simão
Revisão Editorial:
Profª. Elys Regina Zils
Profª. Kelly Luana Molinari Corrêa
Prof. Marcio Oliveira da Silva
Profª. Tathyane Lucas Simão
Projeto Gráfi co:
Carlinho Odorizzi
Capa:
Davi Phelippe Bloedorn
Diagramação:
Equipe Produção de Materiais
CENTRO UNIVERSITÁRIO 
LEONARDO DA VINCI
 Rodovia BR 470, Km 71, 
 no 1.040, Bairro Benedito 
 Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
 Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
PÁGINA
4
Diagramação:
Equipe Produção de Materiais
CENTRO UNIVERSITÁRIO 
LEONARDO DA VINCI
 Rodovia BR 470, Km 71, 
 no 1.040, Bairro Benedito 
 Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
 Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
PÁGINA
4
Nesta 7ª edição da revista, o Programa de Pós-Graduação 
a Distância da Uniasselvi apresenta uma entrevista e diversos 
artigos sobre os mais variados temas que envolvem as 
Metodologias de Ensino.
As entrevistas abordam as experiências no exterior de 
duas Mestres em Educação e suas opiniões sobre algumas 
questões referente às metodologias de ensino. 
O primeiro artigo discorre sobre a inclusão escolar e a 
inserção da cinoterapia em sala de aula, sendo seu principal 
objetivo, defi nir as reações dos educandos diante à educação 
assistida por cães na educação especial.
O segundo artigo relata sobre a utilização do cinema 
em sala de aula. Seu objetivo principal engloba investigar 
a relevância do uso de recursos midiáticos na sala de aula, 
especialmente o cinema.
O terceiro artigo aborda considerações sobre o ensino de 
física para alunos surdos, sendo que o objetivo principal deste 
estudo é compartilhar o conhecimento adquirido na educação 
de surdos.
O quarto artigo relata uma experiência de estágio curricular 
obrigatório. A pesquisa teve como objetivos investigar o 
processo de ensino-aprendizagem por meio da ludicidade na 
educação infantil e desenvolver habilidades que competem ao 
profi ssional da Pedagogia através das regências realizadas.
O quinto artigo relata uma experiência docente vivenciada 
no estágio supervisionado de Física. As autoras se propõem 
a mostrar que utilizando jogos como metodologia de ensino, é 
possível facilitar a compreensão dos alunos frente ao assunto 
tratado e promover uma melhor aprendizagem.
O sexto artigo apresenta um relato de experiência 
sobre uma proposta pedagógica desenvolvida na disciplina 
de Ciências com estudantes da Educação Básica, da rede 
Estadual de Ensino situada na região metropolitana de Porto 
Alegre - RS.
O sétimo artigo, apresenta o tema Educação Patrimonial, 
tendo como foco principal analisar a relação do patrimônio 
edifi cado e a educação na cidade de Blumenau, à medida que 
acredita que ele é um educador identitário por si.
O oitavo artigo, relata a experiência do projeto de criação 
e implantação de uma rádio escola e tem como objetivo 
expor a possibilidade de integração e utilização dessa mídia 
como recurso didático interdisciplinar, transdisciplinar e 
multidisciplinar pelos estudantes e professores do Ensino 
Médio.
O nono e último artigo, pesquisa sobre como ensinar 
literatura na contemporaneidade, por meio do lirismo árcade 
em videoclipes musicais.
UNIASSELVI-PÓS
REVISTA
Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS
REVISTA
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5
TERRITÓRIOS DA MEMÓRIA: A EDUCAÇÃO PARA UMA 
IDENTIDADE GERMÂNICA ATRAVÉS DO PATRIMÔNIO 
EDIFICADO DA CIDADE DE BLUMENAU/SC.
JESSICA BARBARA BONOMINI 
FÁBIO COVATTI
COMO ENSINAR LITERATURA NA 
CONTEMPORANEIDADE: LIRISMO ÁRCADE NOS 
VIDEOCLIPES MUSICAIS.
LÍLIA BATISTA DA CONCEIÇÃO 
A MÍDIA RÁDIO NO CONTEXTO ESCOLAR: 
INTERDISCIPLINARIDADE, INFORMAÇÃO, 
ENTRETENIMENTO E CULTURA.
MARLY XAVIER DA SILVA RAUBER
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA.
ANDRÉIA LISANDRA LUSSANI
CAMILA FRANCESCHI DA SILVA
CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO DE FÍSICA 
PARA ALUNOS SURDOS.
CAMILA GASPARIN 
JANINE SOARES DE OLIVEIRA
CINEMA E EDUCAÇÃO: O PAPEL DO PROFESSOR 
EM MEIO À MULTIPLICIDADE DE IMAGENS.
JAYNE PRISCILLA PASTORI
ÍNDICE
14
ARTIGOS:
EDUCAÇÃO ASSISTIDA POR CÃES NA EDUCAÇÃO ESPECIAL: 
A CINOTERAPIA COMO METODOLOGIA NO AMBIENTE 
ESCOLAR.
MARCELO PEDRO VIEIRA 
35
26
44
64
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO ENSINO LÚDICO.
KELLY LUANA MOLINARI CORRÊA 
LIANE KOFFKE
55
A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE JOGOS COMO 
METODOLOGIA DE ENSINO EM FÍSICA: UMA 
EXPERIÊNCIA DOCENTE COM “CIRCUITOS ELÉTRICOS”.
JANICE MARQUES DE AZEVEDO
70
90
80
Para obter informações sobre os cursos ofertados, acesse o link:
http://www.uniasselvipos.com.br/hp-2.0/new/index.php
UNIASSELVI-PÓS
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6 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017
ENTREVISTA
Entrevistadora:
Kelly Luana Molinari Corrêa 
Graduada em Psicologia pela Faculdade Metropolitana de Blumenau - FAMEBLU 
(2013), Graduanda em Pedagogia pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci - 
UNIASSELVI, Pós-graduada em Psicopedagogia (2014) e Docência no Ensino 
Superior (2015) pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI. Pós-
graduanda em Alfabetização e Letramento pelo Centro Universitário Leonardo da 
Vinci – UNIASSELVI.
CRUZANDO FRONTEIRAS 
EM BUSCA DE 
NOVOS SABERES
CONTEXTUALIAZAÇÃO
 
Ser um profi ssional no campo da educação é estar em constante movimento, buscando novos 
saberes e atualização para o seu desempenho profi ssional. 
Na área da educação é possível observar uma grande variedade de abordagens pedagógicas, 
cada uma com suas características e princípios próprios, que estão à disposição, competindo ao 
Entrevistada 1:
Patrícia Cesário Pereira Offi al
Graduada em Pedagogia pela FURB Blumenau-SC (1999), especialista em 
administração escolar pela FAE, Curitiba/PR (2005), Mestre em Educação pela 
UNIVALI, Itajaí/ SC (2012) e professora do curso de Pedagogia da Graduação 
(UNIASSELVI), professora da Pós-graduação. Publicou: Formação Estética 
e Literatura; Formação Estética e Artística Saberes Sensíveis; Nas Asas das 
Gaivotas.
Entrevistada 2:
Thyara Antonielle Demarchi
Graduada em Pedagogia (2009) e Mestre em Educação (2015) pela 
Universidade Regional de Blumenau–SC FURB, professora de inglês na 
rede estadual de ensino e em um instituto privado. Publicou: Formaçãode 
professores da educação infantil: um paralelo entre as diretrizes nacionais 
do Brasil e a abordagem Reggio Emília da Itália. Princípios que norteiam a 
formação inicial de professores na Finlândia. As diversas linguagens na rotina 
de crianças em um kindergarten na cidade Jyväskylä Finlândia. Formação de 
professores na fi nlândia: uma análise dos documentos ofi ciais.
Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS
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7
Pergunta nº. 1 - Qual é a sua formação?
Resposta - Pedagoga e Mestre em Educação 
pela UNIVALI-ITAJAÍ /SC.
Pergunta nº. 2 - Você fi nalizou seu mestrado 
em que ano?
Resposta - Em 2012.
Pergunta nº. 3 - Qual é a sua área de atuação 
no momento?
Resposta - Professora do curso de Pedagogia 
na UNIASSELVI-NEAD.
Pergunta nº. 4 - Em qual país você realizou 
sua pesquisa para a dissertação e o que te 
motivou nessa escolha?
Resposta - Em Portugal, pelo desafi o de 
conhecer as experiências de uma escola que 
Rubem Alves tanto propagou em seu livro: A 
escola que sempre sonhei sem imaginar que 
pudesse existir. 
Pergunta nº. 5 - Poderia nos contar um pouco 
da sua experiência durante o período que 
fi cou em Portugal?
Resposta - Primeiramente fi z contato pelo site 
da escola, agendei a visita com o propósito de 
acompanhar a escola em um período de dez 
dias. 
Chegando lá, me impressionei com a estrutura 
simples da escola. Afi nal, fala-se tanto dessa 
escola que você acaba criando uma imagem 
distante da realidade. Imaginei uma estrutura 
grande e com recursos tecnológicos de ponta, 
com grande biblioteca e muitas salas de aulas 
equipadas. Mas a realidade é que é uma escola 
estadual que passa por problemas fi nanceiros 
e disciplinares como qualquer outra. Porém, a 
forma como lidam com esses problemas é que 
faz toda a diferença.
Ao chegar a escola fui gentilmente recebida pela 
orientadora que me apresentou a duas crianças 
que me conduziram por toda a escola.
Não só me apresentaram a escola como também 
falaram dos projetos que estão desenvolvendo, 
e enquanto caminhávamos pelos espaços 
contavam-me sobre as regras, direitos e deveres 
não só dos alunos, como também de todas as 
pessoas que circulam pela escola, inclusive dos 
visitantes pesquisadores. 
No meu caso, de visitante, tinha o direito de 
observar e acompanhar as atividades dos 
alunos, porém deveria respeitar os momentos 
de estudos fazendo silêncio.
No decorrer desses dez dias consegui enxergar 
além da minha pesquisa, que se destinava 
a investigar a concepção de literatura e sua 
ressignifi cação na prática docente. Meu tema 
era: A formação de leitores do literário: uma 
experiência na Escola da Ponte.
Falo que foi além, porque o que conhecia dessa 
escola constava apenas nos livros, e ao chegar 
lá percebi que as ações, projetos e atitudes 
envolvem todos e estão sincronizados com seu 
projeto educativo, e isso me fez entender que 
é esse o principal motivo pelo qual uma escola 
que antes julgada como escola dos excluídos, 
hoje se tornou uma escola para todos, e que faz 
a diferença na sociedade, pois todos integrantes 
vivem a cidadania diariamente não só em seu 
espaço educativo, mas em ações desenvolvidas 
na comunidade.
Seu projeto educativo é pautado por três 
grandes eixos que realmente se concretizam no 
“chão da escola”, a solidariedade, a autonomia 
e a responsabilidade. 
ENTREVISTADA 1
profi ssional da educação aprofundar seus estudos sobre elas e relacionando-as com a sua prática 
em sala de aula.
Pensando nisso, as Mestres em Educação Patrícia Cesário Pereira Offi al e Thyara Antonielle 
Demarchi, concederam-nos uma entrevista contando um pouco sobre suas experiências no 
exterior, que tiveram como fi nalidade a coleta de dados para as suas dissertações de Mestrado, e 
suas concepções sobre algumas questões referentes às metodologias de ensino.
UNIASSELVI-PÓS
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8 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017
Possuem crianças com defi ciência e essas 
crianças estão muito bem integradas nos 
grupos. Recebem apoio dos colegas e isso 
ocorre sem que um professor precise interferir. 
A solidariedade é viva nessa escola.
Pergunta nº. 6 - Você observou muitas 
diferenças nas metodologias de ensino 
aplicadas em Portugal e nas utilizadas aqui 
no Brasil?
Resposta - Muitas diferenças. Aqui no Brasil há 
uma exagerada preocupação em “repassar os 
conteúdos”. Lá a preocupação é fazer os alunos 
compreenderem criticamente os conteúdos 
por diferentes autores. Existe uma pequena 
biblioteca em cada núcleo (não há divisão por 
séries, mas por núcleos com diferentes idades), 
e os alunos são estimulados a fazer pesquisa a 
cada novo assunto, que eles mesmos escolhem. 
Tudo que se dispõem a conhecer precisam 
pesquisar e quando se sentirem seguros sobre 
o conteúdo, eles mesmos chamam o professor 
para serem avaliados. Afi nal, estão sendo 
educados para exercer a responsabilidade e a 
autonomia.
Pergunta nº. 7 - Com base na sua experiência 
no exterior e aqui no Brasil, você acredita 
que tais práticas teriam sucesso se fossem 
adotadas nas escolas brasileiras?
Resposta - Poderiam com certeza, e já há 
algumas escolas que seguem essa metodologia 
aqui no Brasil, como em Cotia, São Paulo, com o 
projeto âncora. Porém, como o próprio percursor 
dessa escola, José Pacheco, alerta devemos 
ter o cuidado, pois cada comunidade escolar 
apresenta as suas demandas e seus contextos 
diferenciados. Nesse sentido, a metodologia 
deverá ser adaptada a cada espaço educativo.
Pergunta nº. 8 - Em sua opinião, qual a 
relevância da utilização de metodologias de 
ensino diversifi cadas para o processo de 
ensino-aprendizagem? 
Resposta - Veja bem, não é a diversifi cação de 
metodologias de ensino que garantirá a qualidade 
no processo ensino-aprendizagem. Existem 
alguns equívocos que devem ser esclarecidos. 
Qualidade de ensino não está na diversifi cação 
de metodologias. Temos que cuidar com 
modismos muitas vezes implementados por 
interesses políticos e econômicos. 
Há metodologias que contribuem muito para 
o aprendizado do aluno, e no caso da Escola 
da Ponte utilizam diversifi cados recursos 
pedagógicos que auxiliam para maior interação 
e participação do aluno nos estudos.
Ele passa a ser gestor de seu próprio saber. 
Por exemplo, recursos que eles chamam de 
dispositivos pedagógicos: eu já sei, preciso de 
ajuda, caixinhas dos textos inventados, acho 
bem e o acho mal, a assembleia, a caixinha 
dos segredos, entre outros. Cada um desses 
itens representa uma ação que o aluno poderá 
recorrer como auxílio de seus estudos, mas 
também como acompanhamento emocional.
Existe essa outra preocupação da Escola 
da Ponte em desenvolver em seus alunos 
a inteligência emocional. Percebi em vários 
momentos todos pararem o que estavam fazendo 
para resolver confl itos. Esses confl itos eram 
resolvidos em grupos, levados muitas vezes 
a assembleias que ocorrem toda sexta-feira 
com intuito de melhorias no ambiente escolar. 
Tudo isso é dirigido apenas pelos alunos, eles 
que organizam, o professor mediará apenas se 
precisar. 
Nessa escola até o professor levanta a mão 
se quiser falar. Porque estão todos estudando, 
não é aula expositiva. Os estudos se baseiam 
em pesquisa e o professor está lá apenas para 
mediar.
Digamos que essa metodologia é baseada em 
liderança e inteligência emocional. Preocupa-se 
com o aluno num todo, não apenas o que ele 
aprenderá, mas como ele aprende e o que ele 
faz com essa aprendizagem. Afi nal, o aluno é o 
centro do processo e não o conteúdo.
Pergunta nº. 9 - Considerando a sua pesquisa 
e as suas vivências, quais sugestões você 
deixaria para os professores atuantes em 
sala de aula? 
Resposta - Em minha pesquisa percebi que esta 
escola valoriza a formação de leitores do literário. 
Preocupa-se em preparar os alunos não apenas 
a lerem uma obra, mas a interpretarem por um 
viés artístico, com sensibilidade e criticidade.Existem muitos projetos e ações que 
desenvolvem no sentido de incentivar não só os 
alunos, mas toda a comunidade a importância 
Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS
REVISTA
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9
Pergunta nº. 1 - Qual é a sua formação?
Resposta - Pedagoga e Mestre em Educação, 
ambos pela Universidade Regional de 
Blumenau.
Pergunta nº. 2 - Você fi nalizou seu mestrado 
em que ano?
Resposta - No ano de 2015, meados de março.
Pergunta nº. 3 - Qual é a sua área de atuação 
no momento?
Resposta - Atualmente leciono inglês na rede 
estadual de ensino e em um instituto privado 
de cursos de inglês.
Pergunta nº. 4 - Em qual país você realizou 
sua pesquisa para a dissertação e o que te 
motivou nessa escolha?
Resposta - Realizei no Brasil e na Finlândia. 
O foco da pesquisa foi a formação inicial de 
professores fi nlandeses. Portanto, a geração 
de dados aconteceu na cidade de Jyväskylä e 
Helsinque, ambas situadas na Finlândia. O que 
me motivou foram discussões no mestrado, 
antes da minha entrada como aluna regular 
no curso, em disciplinas optativas como aluna 
especial. Durante essas discussões sobre 
formação de professores, ministrada pela 
professora Dra Rita Buzzi Rausch, adentramos 
os diferentes sistemas de ensino ao redor 
do mundo. No meio disso tudo a Finlândia 
apareceu devido às posições alcançadas nos 
rankings do PISA nos últimos anos. E isso 
me chamou muito a atenção. Foi então que 
comecei a pesquisar sobre esse país, entrar 
em contato com pessoas de lá. Decidi fazer o 
projeto de dissertação voltado para isso o que 
me impulsionou a conhecer essa realidade.
Pergunta nº. 5 - Poderia nos contar um 
pouco da sua experiência durante o período 
que fi cou na Finlândia?
Resposta - Fiquei na Finlândia em média 3 
meses, de janeiro a março de 2014. Durante 
esse período conciliei idas às universidades 
para coletar os dados da pesquisa do mestrado 
e também fi z um trabalho voluntário como 
professora de inglês em uma instituição de 
educação infantil privada, por meio da AIESEC 
Blumenau.
Nas universidades observava aulas, 
entrevistava estudantes e professores da 
área da educação e dos cursos que formam 
professores, participava dos momentos de 
discussão após os estágios dos estudantes 
futuros professores. Conforme o tempo foi 
passando conheci mais pessoas, estudantes 
estrangeiros, professores de diferentes 
disciplinas e também contatos com o Ministério 
de Educação (sede em Helsinque –capital) 
e isso me ajudou muito a entender melhor a 
mobilidade internacional de estudantes, a 
da leitura do literário. Reforço a palavra literário, pois são aquelas obras que realmente possuem 
um conjunto de saberes artísticos que dão amplitude de contexto ao leitor. 
Resumindo então, o que torna a Escola da Ponte diferente das demais escolas é que há uma 
grande preocupação com o desenvolvimento de cada aluno; o aluno é gestor de seu próprio saber 
e os orientadores educativos são apenas mediadores não repassadores de conteúdos; o aluno tem 
a liberdade e a responsabilidade de circular pela escola, pois sabe muito bem dos seus direitos e 
deveres; a comunidade é envolvida nos projetos, pois a escola reconhece que educar é um processo 
que transcende o espaço escolar. A solidariedade é forte em cada atitude de todos na escola.
Minha sugestão é que procurem em primeiro lugar fundamentar-se em autores renomados na 
educação, e comparar com pesquisas atuais, ou seja, o que vem sendo feito em escolas que 
trazem um bom resultado. Mas com olhar crítico, e esse olhar crítico só se desenvolve com leituras, 
pesquisas. Não necessariamente precisa sair do país para encontrar boas experiências, às vezes 
na nossa própria escola há um professor que vem fazendo a diferença. Se junte a ele e criem 
um círculo de estudos, pois a educação não tem receita, ela se faz entre os pares, no diálogo, 
na experiência, na troca, mas acima de tudo na humildade de reconhecer que podemos sempre 
aprender!
ENTREVISTADA 2
UNIASSELVI-PÓS
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PÁGINA
10 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017
organização dos cursos, os diferentes tipos de 
formação que existem em cada universidade, 
enfi m, uma série de questões específi cas das 
universidades e da Europa.
Pergunta nº. 6 - Você observou muitas 
diferenças nas metodologias de ensino 
aplicadas na Finlândia e nas utilizadas aqui 
no Brasil?
Resposta - Pensando em todo meu processo 
de formação como acadêmica e pesquisadora 
(graduação em pedagogia e o mestrado em 
educação em universidades brasileiras) e 
com a pesquisa feita na Finlândia, percebi 
algumas diferenças. Na Finlândia existe uma 
preocupação e um cuidado muito grande 
em buscar relacionar a teoria com a prática, 
a pesquisa como base em uma vertente 
refl exiva; a tomada de decisões autônoma e 
entrelaçada pela cooperação; a relação teoria 
e prática vista como um princípio essencial 
para o desenvolvimento profi ssional e pessoal 
dos professores. Todas essas questões, na 
minha concepção, foram construídas histórica 
e culturalmente na Finlândia. Além disso, 
foram pontuadas e analisadas na dissertação 
de mestrado, cinco princípios essenciais para 
formação inicial de professores fi nlandeses: 
a refl exão, autonomia, cooperação, relação 
teoria e prática e a pesquisa. É claro que não 
posso generalizar e dizer que no Brasil não 
exista esses tipos de metodologias de ensino, 
ou pelo menos tentativas e pesquisas sobre 
tais temáticas.
Pergunta nº. 7 - Com base na sua experiência 
no exterior e aqui no Brasil, você acredita 
que tais práticas teriam sucesso se fossem 
adotadas nas escolas brasileiras?
Resposta - Quando estive na Finlândia conversei 
com alguns professores de escolas públicas, 
estudantes e professores universitários e, 
sempre que podia, questionava sobre isso. 
A maioria dos professores fi cava intrigado 
com esse tipo de pergunta e afi rmavam 
que isso seria simplesmente impossível. 
Pois, como comentei antes, as práticas, 
independentemente de país, estados, cidade, 
são construídos historicamente, são raízes 
culturais, vivências locais que não podem 
e nem devem ser transferidas de um local 
para outro. Depois que compreendi e conheci 
melhor a história da Finlândia, pude entender 
isso e perceber que é preciso pesquisar antes 
de qualquer mudança e “transferência” de 
práticas. Cada escola tem sua particularidade, 
cada criança é um sujeito diferente de outro. 
É preciso muito cuidado para não cair no 
caminho constante de tentativas e erro.
Pergunta nº. 8 - Em sua opinião, qual a 
relevância da utilização de metodologias 
de ensino diversifi cadas para o processo 
de ensino-aprendizagem? 
Resposta - A profi ssão professor precisa 
ser sempre mutável. E, claro, que caminha 
junto essa gama de metodologias de ensino 
diferenciadas. A partir de olhares mais 
sensíveis, na atuação do professor, penso 
que é importante considerar essas mudanças, 
refl etindo sempre sobre o processo de ensino 
e de aprendizagem. Portanto, afi rmo sim, 
ser muito importante repensar as práticas 
docentes com base na utilização de diferentes 
metodologias de ensino em prol da melhoria 
do processo de ensino e aprendizagem.
Pergunta nº. 9 - Considerando a sua pesquisa 
e as suas vivências, quais sugestões você 
deixaria para os professores atuantes em 
sala de aula? 
Resposta - Acredito que os resultados da 
pesquisa permitem à Educação Básica e 
Superior no Brasil refl etirem sobre seus 
processos de formação e atuação docente. 
Além disso, também possibilitam repensar as 
políticas públicas da formação de professores 
em diferentes países. Compreender parte 
desse processo, que com certeza não 
se esgota em apenas cinco princípios 
pontuados na dissertação, remeteu a pensar 
sobre as discussões em torno da formação 
inicial de professores em outros contextos, 
principalmente no Brasil. Esses princípios, 
principalmente a pesquisa, a refl exão e a 
relação teoria e prática,vêm sendo discutidos 
com muita ênfase no Brasil. Para tanto, 
entendo que as inferências a partir das 
compreensões dos professores fi nlandeses, 
possam auxiliar professores formadores, 
estudantes, futuros professores e professores 
que atuam na Educação Básica no Brasil, em 
perceber perspectivas diferenciadas em torno 
desses conceitos a fi m de ressignifi carem, 
transformarem e construírem novos 
conhecimentos para suas próprias práticas.
Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS
REVISTA
PÁGINA
11
LEITURA...
RESUMO DE 
LIVROS
DICAS DE LEITURA...
MAZUR, E. Peer instruction: a revolução da aprendizagem ativa. Porto 
Alegre: Penso, 2015.
A obra é uma proposta de ensino de ciência concebido pelo professor de 
Harvard Eric Mazur (pesquisador de renome internacional). A primeira parte 
do livro descreve como o método se constitui. A segunda parte retrata uma 
série de possibilidades que o professor poderá ter a disposição para utilizar na 
aplicação de uma aula de física introdutória. Num primeiro momento, o livro é 
identificado com uma obra voltada para professores de física. Mas o método pode 
tranquilamente ser aplicado a outras ciências, como química e biologia.
PEER INSTRUCTION: A REVOLUÇÃO DA 
APRENDIZAGEM ATIVA
ALMEIDA, N. A. de. Tecnologia na escola: abordagem pedagógica e 
abordagem técnica. 1. ed. São Paulo: CENGAGE, 2014.
Este livro tem por objetivo estudar como as tecnologias de informação e 
comunicação estão transformando, atualmente, o processo de ensino e 
aprendizagem. Com as discussões propostas ao longo do livro, os autores 
pretendem colaborar para a transformação do ensino, apresentando propostas 
de revisão pedagógica nos moldes contemporâneos e possibilidades 
oferecidas pelos recursos tecnológicos na prática dos professores.
TECNOLOGIA NA ESCOLA: A
ABORDAGEM PEDAGÓGICA E ABORDAGEM 
TÉCNICA
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12 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017
TAJRA, S. F. . Desenvolvimento de Projetos Educacionais - Mídias 
e Tecnologias. 1. ed. São Paulo: Editora Érica - Grupo Saraiva, 2014. v. 1. 128p 
.
A tecnologia está cada vez mais inserida no ambiente educacional, por isso 
esse livro faz com que professores e alunos reflitam sobre a Era Digital, 
trazendo conceitos e percepções sobre as tecnologias educacionais. Traz 
ainda um breve histórico sobre a Internet, seu uso em projetos educacionais, 
mostrando suas vantagens e desvantagens. Aponta como podem ser utilizados 
os softwares, jornais, revistas, blogs e redes sociais como recursos didáticos, 
trazendo um plano para projetos educacionais em mídias.
DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS EDUCACIONAIS - 
MÍDIAS E TECNOLOGIAS
PROFESSOR MEDIADOR E A 
NEUROLINGUÍSTICA NA SALA
KNECHTEL, M. R. . Metodologia da pesquisa em educação: uma 
abordagem teórica prática dialogada. 1. ed. Curitiba: Intersaberes, 2014. v. 1. 
125p.
Resumo: A autora traz nessa obra, um estudo sobre a teórica, prática e o 
instrumental para a produção do conhecimento. Apresenta novas práticas de 
inter e transdisciplinaridade, práticas recomendadas atualmente, cuja finalidade 
é fazer com que o educador reflita sobre como está sendo produzido e 
acessado o conhecimento.
PASSOS, J. Professor mediador e a Neurolinguística na sala. 
Curitiba: Appris, 2016
O livro, segundo o autor, traz subsídios aos atuais e futuros docentes e 
palestrantes, bem como profissionais interessados em conhecer e refletir sobre 
novas metodologias de ensino e novos formatos de seminários. Acrescenta que 
o livro provoca uma reflexão sobre a missão do atual professor mediador e os 
processos de comunicação e relacionamento com o novo perfil de aluno e/ou 
participantes de aulas, treinamentos ou palestras. (PASSOS, 2016).
METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO: 
UMA ABORDAGEM TEÓRICA PRÁTICA 
DIALOGADA
Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS
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APRENDENDO COM OS APRENDIZES: 
A CONSTRUÇÃO DE VÍNCULOS ENTRE 
PROFESSORES E ALUNOS
RUBEM. A. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que 
pudesse existir. Campinas: 11. ed. Campinas: Editora Papirus, 2008.
Esta obra reúne crônicas e textos que estão relacionados com a organização 
de ensino da Escola da Ponte em Portugal. Essa escola é um único espaço 
partilhado por todos, sem separação por turmas, sem campainhas anunciando 
o fim de uma disciplina e o início de outra. A lição social: todos partilhados 
de um mesmo mundo. Pequenos e grandes são companheiros numa mesma 
aventura. Todos se ajudam. Não há competição. Há cooperação. Ao ritmo da 
vida: os saberes da vida não seguem programas.
CHALITA, G. Aprendendo com os aprendizes: a construção de 
vínculos entre professores e alunos. São Paulo: Cortez, 2015.
A obra trata do desafio de aprender a conviver, a fim construir uma relação 
positiva entre professores e alunos. A convivência requer compromisso, 
partilha, renúncia, diálogo e consenso, sem abdicar das diferenças. Professores 
e alunos precisam caminhar em busca dos mesmos objetivos. (CHALITA, 2015)
CARRIJO, M. C. F. de O. B.; ROLIM, C.L.A. (orgs). A Formação do 
Pedagogo em Destaque: Referências teórico-metodológicas e docência 
universitária. Jundiaí: Paco Editorial, 2015.
O livro aborda o complexo processo de formação do professor, passando pela 
ação docente nas disciplinas de metodologias ao estágio obrigatório. Apresenta 
contribuições em diversos temas, desde atividade docente em contextos inclusivos, 
a história da profissão da docência e a constituição subjetiva do professor, trilhando 
caminhos para a formação de professores da educação infantil, entre outros. 
A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO EM DESTAQUE: 
REFERÊNCIAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS E 
DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA
A ESCOLA COM QUE SEMPRE SONHEI SEM 
IMAGINAR QUE PUDESSE EXISTIR
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14 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017
ARTIGO
EDUCAÇÃO ASSISTIDA POR 
CÃES NA EDUCAÇÃO ESPECIAL: A 
CINOTERAPIA COMO METODOLOGIA NO 
AMBIENTE ESCOLAR
Marcelo Pedro Vieira
Bacharel em Administração pela Universidade do Vale do Itajaí. Licenciado em Pedagogia 
pelo Centro Universitário Municipal de São José. Especialista em Educação Especial 
Inclusiva e Especialista em Administração Escolar, Supervisão e Orientação pelo Centro 
Universitário Leonardo da Vinci.
E-mail: marcelo.vieira@aol.com
RESUMO
A inserção de pessoas com defi ciências, 
transtornos globais de desenvolvimento 
e altas habilidades no contexto do ensino 
regular nacional alterou a maneira como 
ensinamos e como os alunos aprendem. Para 
que o aprendizado seja efi caz a estrutura 
e os métodos usados para o ensino devem 
ser fl exíveis. Dentre as novas metodologias 
que permeiam as áreas do conhecimento 
está inserida a cinoterapia, método no qual a 
pedagogia e educadores têm se baseado para 
executar atividades educacionais assistidas 
por cães. Pesquisas como as de Althausen 
(2006), Caetano (2010), Mascarenhas (2010) 
e Vivaldini (2011) já levaram a educação 
assistida por cães para o ambiente escolar e 
é com base nelas que este trabalho tem por 
objetivo defi nir as reações dos educandos 
diante à educação assistida por cães na 
educação especial. Para alcançar esse 
objetivo um levantamento teórico foi realizado, 
bem como um constructo prático para a 
realização de aproximações de cães com 
alunos. Os alunos e escola objeto dessa 
pesquisa foram escolhidos atendendo alguns 
critérios de acessibilidade e foi determinado 
que para compreender as reações dos alunos 
mediante a interação com animais seria 
necessário fazer vídeo fi lmagens, bem como 
observá-los de forma ativa. Ao termino de três 
aproximações realizadas de forma estruturada 
todos os alunos responderam de forma 
positiva à presença do animal. Evidenciou-se 
que todos fi caram mais sociáveis e buscavam 
uma interação maior através de diferenteslinguagens. 
Palavras-chave: Cinoterapia. Educação 
Especial. Defi ciência Intelectual.
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1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a educação tem várias 
preocupações, crescendo o número de 
questionamentos para as demandas e 
necessidades dos sujeitos de uma sociedade 
cada vez mais diversifi cada. Nas últimas 
décadas, uma dessas preocupações tem 
sido a inclusão de pessoas com defi ciência 
no ambiente escolar regular. O ativismo para 
uma inclusão total, que repudia a segregação, 
ganhou força e conquistou novas leis, fazendo 
com que as instituições de ensino e órgãos 
regulamentadores buscassem a capacitação 
e recursos para que esses indivíduos fossem 
de fato incluídos no processo 
educacional, e não somente em 
estatísticas de inclusão.
Os cenários variam de país 
para país, no Brasil, por exemplo, 
existem estados que garantem 
a inclusão por lei, e em outros 
existem casos onde um sujeito 
com toda e qualquer condição para estar num 
ambiente educacional se encontra alheio a 
esse, pois o ambiente em si tem condições 
precárias de funcionamento. Não bastasse 
as diferenças de legislação entre estados, 
de estrutura e de sistema de apoio dado pelo 
governo, soma-se também as diferenças 
entre as percepções e técnicas usadas nos 
métodos e atividades que buscam a inclusão 
de pessoas com defi ciência. Hoje, muitos 
educadores recorrem ao auxílio de psicólogos 
e psicopedagogos dentro do 
ambiente educacional, objetivando 
ter um rol de conhecimento maior, 
bem como métodos diferentes de 
ensinar o aluno com defi ciência, 
integrando-o junto aos alunos 
tidos como típicos. 
Nesse cenário, buscar atividades 
educacionais que possam ter êxito no 
processo de ensino e de aprendizagem 
de todos os alunos é uma prioridade para 
pedagogos e educadores que trabalham na 
educação especial na perspectiva inclusiva. 
Muitos são os avanços em pesquisas e novas 
metodologias que trazem resultados latentes 
para o desenvolvimento dos educandos. 
Estudos demonstram que atividades 
educacionais assistidas por animais se 
mostram válidas à medida que comprovam 
resultados positivos no desenvolvimento 
motor, cognitivo e social dos alunos, pois 
transcendem as dimensões cognitivas para 
dimensões da sensibilidade, da amorosidade 
e da tolerância. A educação assistida por 
cães pelas suas características intrínsecas 
de proximidade com o cotidiano dos alunos 
proporciona uma possibilidade metodológica 
para educadores. 
Nesse pensamento, é 
necessário que a sociedade e 
principalmente os professores 
pesquisem e refl itam sobre a 
aplicabilidade do uso de cães 
na escola regular. Dessa forma, 
questiona-se as reações dos 
educandos diante à educação 
assistida por cães dentro da educação 
especial. 
Conhecendo as reações que os alunos 
com defi ciência apresentam mediante tal tipo 
de metodologia tornar-se-á possível debates 
mais profundos sobre a adoção de estratégias 
e atividades curriculares com objetivo de 
benefi ciar a aquisição de conhecimento para 
os alunos da educação especial. Com esse 
contexto, esta pesquisa vem para defi nir as 
reações dos educandos diante 
à educação assistida por cães 
dentro da educação especial. 
Para isso, foi realizada uma 
pesquisa empírica, descritiva, 
analítica, bibliográfi ca e 
documental, baseada em um 
estudo de caso com sondagens e 
vídeo fi lmagens.
2 CONTEXTO DA PESQUISA
Desde Vigotsky (2001) compreende-
se que é interagindo que o conhecimento se 
Buscar atividades 
educacionais que possam 
ter êxito no processo de 
ensino e de aprendizagem 
de todos os alunos é uma 
prioridade para pedagogos.
Muitos são os avanços em pesquisas e novas 
metodologias que trazem resultados latentes 
para o desenvolvimento dos educandos. 
Estudos demonstram que atividades 
É necessário que a 
sociedade e principalmente 
os professores pesquisem 
e reflitam sobre a 
aplicabilidade do uso de 
cães na escola regular.
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dá. Com Montessori (2003) descobriu-se que 
podemos alterar o contexto e os materiais 
escolares para que o êxito no aprendizado 
ocorra. Freinet (1977) já preconizava que o 
ensino deveria incluir questões ambientais, 
ecológicas, viagens, interação para que 
os alunos fossem agentes ativos no seu 
aprendizado.
Dessa maneira, este trabalho se baseia 
nesses pilares teóricos para moldar seu 
constructo e se aliar às pesquisas mais 
recentes nos campos da saúde, para defi nir 
as reações dos educandos diante à educação 
assistida por cães na educação especial.
Analisando as contribuições teóricas e 
práticas já existentes por terapias e atividades 
educacionais assistidas por animais, percebe-
se que ao longo da história houve um 
movimento que expandiu essas atividades 
do contexto exclusivamente hospitalar e as 
trouxe para outros ambientes, como retrata 
os estudos de Dotti (2005), Barros (2008), 
Hernandez (2008), Pereira; Pereira; Ferreira 
(2009). A maioria dos estudos demonstra 
algum tipo de benefício percebido nas 
terapias; por menor que seja, sempre é 
notado e descrito na literatura as conquistas e 
descobertas realizadas nessa atuação. Nesse 
contexto, analisar e realizar aproximações de 
alunos em um contexto de educação especial 
com cães em atividades educacionais podem 
se mostrar relevantes na medida em que 
essas atividades trazem resultados 
benéfi cos para os processos de 
ensino e de aprendizagem. 
Entende-se que esta 
pesquisa se justifi ca por meio da 
necessidade de metodologias 
diferenciadas para alunos com 
defi ciência. Além disso, os 
resultados podem contribuir para 
a sociedade, uma vez que suas 
análises, demonstram como cães são parte do 
aprendizado humano.
2.1 Atividades e metodologias diferenciadas 
em educação especial
Como estratégia prevista em lei, muitas 
instituições do ensino básico regular buscam 
metodologias diferenciadas para trabalhar o 
processo de ensino e aprendizagem de alunos 
com defi ciência. A realidade de uma sala 
multimeios para o atendimento educacional 
especializado (AEE) no turno oposto àquele 
o qual o aluno está matriculado, permite, por 
exemplo, o uso de materiais que auxiliam na 
estimulação motora e cognitiva do aluno. 
Instituições de educação especial, como 
APAEs e outras, podem oferecer desde 
fi sioterapia, hidroterapia, ginástica, esportes 
diversos, trabalhos manuais, etc. Todavia, 
quando as instituições de educação básica 
regular são comparadas, nota-se que a 
infraestrutura não é a mesma, uma vez que 
o foco dessas instituições são todos alunos e 
não somente os portadores de defi ciência. Em 
tentativas de superar só o contexto das salas 
de AEE, muitas instituições e professores 
buscam realizar atividades em espaços 
externos à escola, como saídas de campo ou 
até mesmo inserindo profi ssionais e vivências 
dentro do ambiente escolar (OLIVIER, 2011). 
Ainda que de forma lenta nota-se cada vez 
mais que instituições estão tentando buscar 
um currículo mais fl exível e com atividades 
que ultrapassam os limites da sala de aula. 
Além de saídas de campo os currículos 
de escolas que se diferenciam 
buscam também explorar a 
percepção que os alunos têm 
quanto ao seu papel na natureza 
e despertar a consciência para a 
convivência com outras espécies 
(CUNHA, 2013).
Nota-se que o contato com a 
natureza e com animais também 
tem sido uma atividade que tem 
ganhado notoriedade para a educação e 
principalmente junto à educação especial 
na perspectiva inclusiva, uma vez que traz 
ganhos para todos os alunos de maneira e 
dá. Com Montessori (2003) descobriu-se que 
podemos alterar o contexto e os materiais 
escolares para que o êxito no aprendizado 
ocorra. Freinet (1977) já preconizava que o 
em educação especial
instituições do ensino básico regular buscam 
O contato com a natureza 
e com animais também 
tem sido umaatividade 
que tem ganhado 
notoriedade para a 
educação e principalmente 
junto à educação especial 
na perspectiva inclusiva.
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grau diferentes. 
2.2 Atividades e terapias educacionais 
assistidas por animais
Determinar um momento histórico em 
que os animais começaram a ser usados 
como mediadores para atividades e terapias 
educacionais assistidas é complexo, 
já que os termos e atividades são bem 
generalistas e podem englobar diferentes 
tipos de acontecimentos. Soma-se a isso 
uma construção histórica que nos mostra 
que animais sempre estiveram presentes 
no cotidiano humano; desde a pré-história 
como objetos de casa, na idade média como 
ferramentas para atividades feudais e auxilio 
às atividades humanas e na idade moderna 
como animais de estimação (PEREIRA; 
PEREIRA; FERREIRA, 2007).
Todavia, nota-se que o uso de animais 
para o benefício humano, que não seja 
baseado em uma atividade econômica, mas 
sim focando o bem-estar físico e cognitivo, é 
algo recente que acompanhou a construção 
social que animais podem ser amigos ou 
animais de estimação (MASCARENHAS, 
2010). Quando se fala de animais envolvidos 
no bem-estar físico remete-se 
aos primeiros experimentos que 
aconteceram no século passado 
buscando usar animais como 
ferramentas terapêuticas para 
pacientes em estado terminal que 
já não respondiam a tratamentos e 
remédios.
Um dos experimentos 
mais conhecidos desse gênero 
aconteceu em University Hospital, 
em Ann Arbor, Michigan (EUA), 
em 1956; onde crianças que não 
respondiam mais às terapias 
convencionais foram colocadas 
em um contexto de aproximação 
com diversos tipos de animais. 
Buscava-se na época uma 
forma de entreter as crianças, porém relatos 
demonstraram que muitas delas tiveram 
uma considerável melhora temporária em 
seus quadros, à medida que a interação com 
os animais catalisou estados emocionais e 
afetivos que impactaram no metabolismo 
desses pacientes. 
Relatórios médicos da época 
demonstraram que até crianças em estado 
terminal da área de oncologia responderam de 
forma positiva, descrevendo uma diminuição 
no seu quadro de dor. Crianças com problemas 
motores e cognitivos demonstraram avanços, 
uma vez estimulados pelos animais. Tamanho 
foram os achados e resultados desse 
experimento que o mundo científi co se voltou 
para uma nova possibilidade: o uso de animais 
em um contexto medicinal e terapêutico. 
Nas décadas que se seguiram notou-se o 
avanço no uso de animais em campos da 
medicina como oncologia, fi sioterapia, etc. 
Pesquisas acerca das metodologias de 
ATEAA – Atividades e Terapias Educacionais 
Assistidas por Animais, também avançaram 
signifi cantemente (ALTHAUSEN, 2006).
O uso de animais de espécies específi cas 
ganhou notoriedade em alguns campos: o uso 
de cavalos e a equoterapia se mostrou latente 
na reabilitação de indivíduos 
com lesões medulares, com 
difi culdades motoras; animais 
domésticos se mostraram válidos 
no combate à depressão; cães se 
demonstraram catalisadores do 
desenvolvimento motor, cognitivo 
e social (PIRES, 2009). O uso 
de cães avançou na forma da 
cinoterapia, método com caráter 
mais medicinal, reabilitação e 
terapia ocupacional. 
2.3 Metodologia da pesquisa
Acredita-se que esta pesquisa 
possa ser compreendida como 
uma pesquisa de método empírico 
de abordagem qualitativa de 
acordo com os preceitos dos teóricos Marconi 
demonstraram que muitas delas tiveram 
uma considerável melhora temporária em 
seus quadros, à medida que a interação com 
os animais catalisou estados emocionais e 
O uso de animais de 
espécies específicas 
ganhou notoriedade em 
alguns campos: o uso de 
cavalos e a equoterapia 
se mostrou latente na 
reabilitação de indivíduos 
com lesões medulares, 
com dificuldades motoras; 
animais domésticos se 
mostraram válidos no 
combate à depressão; 
cães se demonstraram 
catalisadores do 
desenvolvimento motor, 
cognitivo e social (PIRES, 
2009).
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18 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017
e Lakatos (2005). Uma vez que ela busca 
reconhecer a realidade alcançada por outras 
pesquisas que experimentaram atividades de 
educação assistidas por cães, e procura-se 
uma aproximação entre cães e alunos como 
maneira de experimentação; entende-se 
então seu delinear cientifi co moderno baseado 
no empirismo ou experimentação (GIL, 2007). 
Sua construção teórica baseada na literatura e 
em documentos faz da mesma uma pesquisa 
qualitativa, bibliográfi ca e documental 
(SEVERINO, 2007).
Em sua etapa experimental entende-
se que a tipologia da pesquisa é descritiva e 
analítica, se baseando em um estudo de caso 
único, com ferramentas de coleta de dados 
baseadas em sondagens não estruturadas e 
vídeo gravações (SEVERINO, 2007; BELEI 
et al., 2008). Na análise dos dados nota-
se que ela é de abordagem qualitativa, se 
utilizando das informações coletadas por meio 
de sondagens, observação direta e de vídeo 
gravações para fazer inferências acerca da 
realidade encontrada nas aproximações entre 
alunos e cães (SEVERINO, 2007; BELEI et 
al., 2008).
Para alcançar o objetivo de defi nir as 
reações dos educandos diante à educação 
assistida por cães na educação especial 
inclusiva, este trabalho se utilizou de dois 
sujeitos de estudo. A seleção dos mesmos 
aconteceu de forma intencional por parte 
dos pesquisadores (RICHARDSON, 
1989). Buscou-se em Santa Catarina uma 
escola que apresentava uma realidade de 
educação especial inclusiva latente, tanto 
pela quantidade de alunos com defi ciência 
inseridos nesta escola, bem como atividades 
promovidas que utilizavam metodologias 
diferenciadas. 
Encontrou-se então a escola Alfa, sua 
estrutura é parcialmente adaptada, contando 
com rampas e corrimões para acesso aos 
cadeirantes, sem banheiros adaptados ou 
sinais visuais para surdos e sinalizações em 
Braille para cegos. Na escola, que possui 
cerca de 900 alunos, existe uma sala de 
AEE funcional, uma equipe de auxiliares 
de educação especial e a consciência da 
necessidade de atividades que possam 
permitir a inclusão de todos no contexto 
educacional.
Os alunos são divididos nos turnos 
matutinos, vespertino e noturno, no ensino 
fundamental e na educação de jovens e 
adultos, estão o aluno Delta e a aluna Beta. 
Ambos cursam o quarto ano do ensino 
fundamental no turno vespertino na mesma 
turma; que conta com 23 alunos regulares, 
uma professora regente e um auxiliar de 
educação especial. 
O aluno Delta é um menino de 10 anos 
que reside no bairro onde se localiza a 
escola e cursou os anos anteriores de sua 
escolarização nessa mesma instituição. Ele 
apresenta um diagnóstico de defi ciência 
intelectual. O aluno apresenta uma grande 
difi culdade para o processo de alfabetização 
à medida que não consegue se apropriar dos 
símbolos gráfi cos que representam o alfabeto 
e sistema numérico brasileiro. Todavia, nota-se 
que as práticas de letramento são de grande 
interesse dele uma vez que o mesmo adora 
se expressar e demonstrar suas capacidades 
de contação de histórias e dramatização das 
mesmas. 
Dado o estágio de alfabetização pré-
silábico e difi culdade de abstração, o aluno 
demonstra difi culdades no desenvolvimento 
lógico e na sua concepção das ciências naturais 
e humanas. Ainda que com suas limitações, 
ele consegue se apropriar de aspectos 
históricos trabalhados em disciplinas em sala 
de aula. Quanto ao seu desenvolvimento 
motor, percebe-se que ele tem funcionalidade 
dentro dos parâmetros desejados para sua 
turma e idade. A pintura e o desenho são suas 
grandes habilidades, utilizadas pelo mesmo 
como forma de expressão alheia à língua 
escrita para expressar como ele se enxerga 
dentro do seu contexto social.
e Lakatos (2005). Uma vez que ela busca 
reconhecer a realidade alcançada por outras 
pesquisas que experimentaram atividadesde 
educação assistidas por cães, e procura-se 
cerca de 900 alunos, existe uma sala de 
AEE funcional, uma equipe de auxiliares 
de educação especial e a consciência da 
necessidade de atividades que possam 
Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS
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A aluna Beta é uma menina de 10 anos 
que estuda na mesma turma que Delta, 
e também apresenta um diagnóstico de 
defi ciência intelectual. A aluna demonstra 
grande interesse pela vida escolar utilizando 
da escrita, da fala e da produção artística 
para representar o valor que ela atribui à 
educação. Quanto às limitações, percebe-se 
que o raciocínio lógico, a língua estrangeira 
e a capacidade de interpretação e abstração 
não acompanham o desenvolvimento de 
suas outras habilidades. Acerca de suas 
habilidades e capacidades, fi ca evidente que 
a falta de concentração e abstração não são 
impedimentos quanto à sua interação social 
com colegas de sala e professores. Sua 
capacidade de comunicação e expressão 
se demonstra no cotidiano por meio de 
desenhos e composições escritas, utilizando 
desses para demonstrar seu desenvolvimento 
emocional. No aspecto motor, fi cou claro o 
interesse e capacidade de assimilação quanto 
às novas práticas desportivas propostas 
dentro do ambiente escolar. Em um aspecto 
global, é tangível que as habilidades artísticas 
e motoras são as que se desenvolveram de 
forma mais latente. 
Dado o contexto da pesquisa, o objetivo 
geral e os específi cos, necessitou-se criar um 
planejamento para um projeto que envolvesse 
o uso de cães como metodologia. Dessa 
forma, para criar aproximações planejadas 
entre os alunos e cães para ver como a 
interação ocorre, optou-se por um projeto 
interdisciplinar que permeou as disciplinas 
de artes, língua portuguesa, educação física, 
ciências e história. A cadela foi escolhida 
com base na acessibilidade, sendo ela um 
animal de estimação de um dos envolvidos na 
pesquisa. Como pré-requisito baseou-se em 
Vivaldini (2011) para estabelecer que os cães 
devam ser adestrados e apresentar condições 
de saúde para a realização das atividades. 
Vivaldini (2011) ressalta que a raça ou porte 
do animal não devem afetar interações 
entre seres humanos e cães, só o fato dele 
apresentar ou não comportamento sociável 
desejado para atividades assistidas por cães.
Para análise, os dados encontrados 
nas sondagens e nas fi lmagens se tornam 
informações que descrevem a realidade 
encontrada, uma vez que Belei et al. (2008) 
esclarece que o conteúdo de uma vídeo-
fi lmagem pode ser utilizado para fazer 
inferências e servir como amparo para 
análises de um acontecimento.
2.4 Resultados encontrados
No primeiro dia de aproximação os alunos 
foram recebidos pela professora de inglês que 
os levou para sala de aula onde a cadela já 
estava acolhida. Para o animal foi colocado 
um ambiente onde ela pudesse descansar, 
água potável e ração própria. Ao chegar à 
sala de aula os alunos foram recebidos com 
uma conversa explicando que a cadela estava 
ali para participar de atividades educacionais 
promovidas pelos professores. Um aviso para 
conscientização dos pais estava escrito no 
quadro e os alunos foram convidados a copiar. 
Em seguida bilhetes pedindo a autorização 
do uso de imagens foram colocados nas 
agendas escolares dos alunos. Em parceria 
com a professora de inglês todos os alunos 
foram convidados a brincar com a cadela e 
foi dada a possibilidade deles exteriorizarem 
suas vivências com animais. Percebeu-se que 
inicialmente tanto o animal quanto os alunos 
fi caram eufóricos difi cultando o início das 
atividades.
A atividade proposta foi planejada em 
conjunto com a professora e respeitando o 
planejamento anual. Como foco, tal atividade 
abordava o vocabulário acerca de tipos 
diferentes de animais e partes do corpo de 
um cachorro. Enquanto os alunos faziam a 
atividade todos tinham a oportunidade de 
brincar com a cadela se sentindo à vontade 
para sair de suas cadeiras e mesas.
De acordo com a observação e as 
vídeo-fi lmagens, é certo afi rmar que como a 
experiência era nova para os alunos e para 
o animal, o processo de adaptação demorou 
Para análise, os dados encontrados 
nas sondagens e nas fi lmagens se tornam 
informações que descrevem a realidade 
UNIASSELVI-PÓS
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20 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017
por sua vez, já se demonstrou muito mais 
entusiasmado e comunicativo; ele começou 
a contar histórias passadas de seus animais 
de estimação para os colegas e convidou 
todos para brincar com ele e a cadela. Dado 
a natureza da atividade que se relacionava 
com a dinâmica sendo realizada, notou-se 
que todos os alunos conseguiram terminar a 
atividade. Durante a correção os alunos foram 
convidados a colocar as respostas corretas no 
quadro verde.
Ao termino da correção e o 
sinal para o intervalo, os alunos 
pediram para fi car em sala de aula 
para poder interagir mais com a 
cadela. No retorno do intervalo os 
alunos, agora com a professora 
regente em sala de aula, foram 
convidados a realizar duas 
atividades que buscavam verifi car 
qual a relação passada que já tiveram com 
animais de estimação, mais especifi camente 
com cães, e o quanto sabiam acerca dos 
direitos dos animais e cuidados necessários 
com eles.
Durante todo decorrer das 
atividades a cadela corria solta 
e brincava no colo nos alunos. 
Muitos pediam para fazer carinho 
ou segurá-la no colo. Delta 
novamente tomou a iniciativa 
de se sentar no chão para 
interagir com o animal. Todos 
os alunos realizaram a atividade. Beta como 
já é alfabetizada conseguiu responder os 
questionários sem maiores difi culdades. Delta 
que ainda não é alfabetizado e normalmente 
prefere não fazer atividades que utilizem da 
linguagem escrita, pediu para ser mediado no 
processo. Desta forma, pediu para outro aluno 
ler as perguntas e escrever as respostas por 
ele. 
Pouco tempo antes do término da aula, o 
animal foi embora e os alunos fi caram em sala 
a acontecer. Dessa forma, muita euforia e 
desconcentração descreveram os aspectos 
de organização da turma. Percebeu-se que 
todos os alunos demonstraram interesse em 
interagir com o animal. Começando de forma 
tímida, alguns alunos saiam de suas mesas 
e iam para o chão buscar fazer carinho na 
cabeça da cadela.
Todos os alunos demonstraram algum 
nível de interação: chamando, 
fazendo carinho, tentando pegar 
no colo, etc.; todavia entre os dois 
alunos com defi ciência intelectual, 
fi cou evidente que o aluno Delta, 
demonstrou maior interesse em 
interagir com a cadela. À medida 
que os alunos terminavam a 
atividade eles eram convidados 
para expor como era seu 
contexto histórico com animais 
de estimação. Perguntas como: você já teve 
animais de estimação; que tipo de animal; 
você gosta de cachorros, você tem cachorros; 
quantos; qual raça; qual tamanho; quantos 
anos; o que você faz com ele; você gosta de 
brincar com ele; você ensina alguma coisa 
para ele; o que muda na sua vida 
quando ele está por perto; e outras 
foram indagadas aos alunos. 
por sua vez, já se demonstrou muito mais 
entusiasmado e comunicativo; ele começou 
a contar histórias passadas de seus animais 
de estimação para os colegas e convidou 
a acontecer. Dessa forma, muita euforia e 
desconcentração descreveram os aspectos 
de organização da turma. Percebeu-se que 
todos os alunos demonstraram interesse em 
Durante todo decorrer 
das atividades a cadela 
corria solta e brincava no 
colo nos alunos. Muitos 
pediam para fazer carinho 
ou segurá-la no colo.
Percebeu-se que todos 
os alunos demonstraram 
interesse em interagir com 
o animal. Começando 
de forma tímida, alguns 
alunos saiam de suas 
mesas e iam para o chão 
buscar fazer carinho na 
cabeça da cadela.
Ficou evidente que 
muitos estavam nervosos 
pela primeira experiência em 
serem entrevistados, mas todos 
colaboraram e responderam. A 
grandemaioria dos alunos mora em casas, no 
bairro onde a escola está situada, e possuem 
pelo menos um cachorro em sua residência. 
Poucos mencionaram que não tinham animal 
de estimação, menos de um quarto da turma, 
mas afi rmaram que gostariam de ter um 
cachorro.
Durante o decorrer da atividade notou-
se que Beta mostrou pouco interesse com 
o animal indo em direção a ele para brincar 
somente uma vez de forma breve. Delta, 
Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS
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Ao chegar à sala e se 
deparar com o animal, 
muitos alunos tiveram 
a reação de se ajoelhar e 
fazer carinho nela.
e tiveram a iniciativa de fazer uma produção 
textual e artística, um texto com desenho, 
acerca da experiência. Muitos 
escreviam e comentavam como foi 
divertido sair da rotina e ter uma 
experiência nova na escola. 
Na segunda aproximação 
como previsto nas atividades 
do planejamento e dos planos de aula os 
alunos foram convidados a assistir uma obra 
cinematográfi ca. Ao chegar à sala e se deparar 
com o animal, muitos alunos tiveram a reação 
de se ajoelhar e fazer carinho nela. Delta e 
Beta foram “conversar” com ela; contaram do 
seu dia e expressaram sua felicidade em ver 
ela de novo na sala.
Após esse momento os alunos sem 
nenhuma orientação tomaram a iniciativa de 
preparar um espaço com lençóis e travesseiros 
para poder se acomodar e assistir ao fi lme. 
Todos preferiram se deitar ao invés de sentar, 
demonstrando um maior nível de intimidade 
entre eles próprios. Como o animal estava 
solto, fi cou transitando à medida que os alunos 
fi cavam chamando sua atenção para se deitar 
com eles e assistir ao fi lme. A obra intitulada 
“Compramos Um Zoológico”, de 2011, é uma 
comédia dramática que aborda a história de 
um pai e seu casal de fi lhos que se mudam 
para um zoológico para se recuperar da morte 
da esposa.
O fi lme foi projetado usando as duas 
primeiras aulas antes do intervalo. Ao 
saírem para o intervalo, onde normalmente 
se alimentam e brincam, pode-se observar 
diretamente que os alunos estavam mais 
calmos. Conversaram mais em círculos ao 
invés de correr, hábito bastante comum 
entre eles. Ao retornar do intervalo os alunos 
não correram como de costume, vieram 
caminhando e voltaram para a posição em que 
estavam assistindo ao fi lme. Ao fi nal do fi lme 
os alunos foram questionados sobre aspectos 
da vivência com animais assistidos no fi lme.
Muitos mencionaram os aspectos 
positivos da integração familiar 
com os animais abordados na 
obra. Em seguida, 3 textos foram 
dados aos alunos com questões 
ligadas aos cuidados dos animais. 
Todos os textos foram lidos 
coletivamente pelos alunos e 
debatidos em classe. Durante esse momento 
a cadela permanecia em sala de aula e os 
alunos continuaram demonstrando interesse 
em acompanhar a movimentação do animal 
em sala de aula, mas ao mesmo tempo não 
saíram de suas mesas dado que estavam 
bem concentrados em argumentar os pontos 
debatidos no texto. No fi nal da aula, após 
terminarem de colar os textos no caderno de 
língua portuguesa os alunos se despediram 
da cadela de forma bem afetuosa.
No terceiro dia de aproximação os alunos 
já foram recebidos na sala de aula com o 
animal. Conforme o planejamento e o plano de 
aula previsto para essa aproximação os alunos 
foram convidados inicialmente para fazer 
uma representação artística de um cachorro. 
Com material impresso, um desenho de um 
cachorro foi distribuído para os alunos, junto 
com retalhos de EVA, tinta guache, pincéis, 
lápis de cor, giz de cera, canetas coloridas e 
cola. 
Os alunos tomaram a iniciativa de 
construir desenhos usando esses materiais 
e dar nomes aos cachorros dos desenhos se 
baseando em animais de estimação da sua 
vivência. Muitos buscaram fazer carinho e 
pegar a cadela no colo para usar ela como 
modelo para suas pinturas. Posteriormente, 
os alunos foram convidados a fazer uma 
produção textual acerca da experiência de 
ter um animal em sala de aula e sobre o 
que aprenderam com nessas aproximações. 
Enquanto a atividade estava sendo realizada, 
os alunos eram convidados para serem 
entrevistados.
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22 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017
Percebeu-se que os alunos 
estavam mais confortáveis para 
falar nessa entrevista quando 
comparado à anterior, realizada 
na primeira aproximação. Após a 
saída da cadela da sala de aula os 
alunos começaram a questionar se 
havia a possibilidade de ela voltar 
outra vez, demonstrando sinais de 
apreciação pela experiência que 
tiveram e nostalgia pela ausência 
do animal.
Acerca das atividades realizadas, Delta 
e Beta conseguiram realizar todas elas como 
demonstraram na observação e análise 
das fi lmagens. Para realizar as atividades 
ambos os alunos trabalharam com colegas 
de sala de aula. Beta como já é alfabetizada 
normalmente acompanha todas as atividades 
que são realizadas em sala sem necessidades 
de adequações; Delta por não 
ser alfabetizado e demonstrar 
mais atraso na aprendizagem 
condizente com sua defi ciência 
intelectual normalmente necessita 
de mais adequações. Assim, tendo 
ele acompanhado a atividade 
da mesma forma que os outros 
alunos demonstra indícios que 
a metodologia usada pode ser 
compreendida como benéfi ca para 
Delta.
Quanto à interação com os colegas fi cou 
evidente que todos os alunos, não só Beta 
e Delta, na intenção de interagir mais com 
a cadela acabaram interagindo mais entre 
eles, um bom exemplo disso foi a atividade 
em sala de aula quando assistiram a obra 
cinematográfi ca e os momentos nos intervalos 
entre atividades onde eles sentavam em 
círculos na sala para brincar com o animal 
como demonstraram as fi lmagens.
Após a saída da cadela 
da sala de aula os alunos 
começaram a questionar 
se havia a possibilidade 
de ela voltar outra vez, 
demonstrando sinais 
de apreciação pela 
experiência que tiveram e 
nostalgia pela ausência do 
animal.
As demonstrações 
afetivas também podem ser 
consideradas uma variável de 
análise, uma vez que todos os 
alunos se interessaram em fazer 
carinho na cadela durante as 
aproximações. Apesar da turma 
não ter um histórico de brigas, 
ela também não apresentava 
nenhum comportamento latente 
quanto ao carinho e afeto entre 
si. A experiência trouxe momentos em que 
os alunos pediram para fi car próximos, 
demonstrando afeto e apego pelo animal e 
entre os próprios alunos.
Beta sempre foi comunicativa, se 
interessou em participar de todas as atividades 
seguindo o planejamento da turma. Dessa 
forma, sua reação em interagir com os outros, 
brincar com o animal, realizar as atividades, 
etc.; fi cou dentro dos parâmetros das reações 
dos outros alunos não sujeitos da 
educação especial.
Delta, por sua vez, já estava 
mais distante socialmente e 
no caráter da aprendizagem. 
No laudo médico dele consta 
que sua defi ciência intelectual 
ocasionou uma distorção de sua 
idade psicológica, apresentando 
a maturidade de uma criança de dois anos. 
Como não é alfabetizado, ele precisa de uma 
maior mediação e de uma maior adequação de 
materiais. As três aproximações demonstram 
que Delta fi cou mais comunicativo; apesar 
de ser tímido e ter um problema na fala 
que requer acompanhamento de uma 
fonoaudióloga, ele se inseriu nas atividades 
em sala de aula que precisava se comunicar 
e usar da linguagem oral para demonstrar seu 
conhecimento acerca de cachorros. Como 
demonstram as fi lmagens, o aluno se esforçou 
Quanto à interação com 
os colegas ficou evidente 
que todos os alunos, 
não só Beta e Delta, na 
intenção de interagir mais 
com a cadela acabaram 
interagindo mais entre 
eles.
Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS
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no trabalho em conjunto, que 
normalmente evitava, preferindo 
trabalhar só com o auxiliar de 
educaçãoespecial, conseguindo 
acompanhar as atividades 
propostas.
Delta foi o que mais se 
demonstrou afetado positivamente 
pela experiência. Dessa forma, 
entende-se que pode haver uma relação entre 
as manifestações da defi ciência intelectual 
com os benefícios de atividades educacionais 
assistidas por cães. Percebeu-se que o uso 
de animal domesticado e treinado colaborou 
muito no processo de se acostumar com uma 
experiência nova. Assim, entende-se que, 
segundo Mascarenhas (2010), os animais 
de estimação trazem benefícios para os 
sujeitos envolvidos. Essa experiência pode ter 
sido benéfi ca à medida que usou um animal 
doméstico e fez os alunos refl etirem sobre ter 
um animal de estimação e como tratá-los.
Percebendo as manifestações e 
comportamentos dos alunos perante a 
educação especial, foi visível que houve 
evidencias latentes que o aluno Delta 
demonstrou maior desenvolvimento afetivo e 
social como previa Pires (2009). Percebeu-
se que apesar do caráter mais pedagógico, 
esta aplicação da cinoterapia como abordava 
Althausen (2006) se demonstrou válida no 
contexto da educação especial dentro da 
educação básica regular.
 3 CONCLUSÃO
Cada sujeito de um grupo 
social se desenvolve de maneira 
diferente e única. Porém, todos 
apresentam semelhanças quando 
se analisa o processo educacional 
pelo qual os sujeitos passam 
na sociedade atual. O sistema educacional 
Dessa forma, entende-
se que pode haver 
uma relação entre 
as manifestações da 
deficiência intelectual com 
os benefícios de atividades 
educacionais assistidas 
por cães.
se desenvolveu muito desde 
seus primórdios nas culturas 
gregas e latinas; passando por 
transformações signifi cativas nos 
últimos séculos com modelos 
industriais que infl uenciaram a 
organização escolar. Atualmente 
existem várias metodologias e 
diretrizes que possibilitam ensinar 
de forma diversifi cada.
No cenário mundial, nas últimas décadas, 
foi visível um desenvolvimento dos direitos 
humanos quando analisado o processo 
educacional e pessoas com defi ciência no 
ambiente escolar. Documentos internacionais 
e nacionais, como a Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional de 1996, fomentaram 
um processo de inclusão de alunos na 
modalidade transversal da educação especial.
Tal modalidade é compreendida pelos 
direitos alcançados para que sujeitos 
com defi ciências, transtornos globais do 
desenvolvimento e altas habilidades, possam 
ser inseridos e participar de forma plena 
dos processos de ensino e de aprendizado. 
Entre os direitos estão: auxiliar de educação 
especial, atendimento educacional 
especializado, metodologias diferenciadas, 
etc.
No contexto das metodologias diferencias, 
e ou estratégias para o êxito no processo 
educacional dos sujeitos da educação especial, 
percebeu-se que atividades e terapias que 
advém das áreas da medicina e da psicologia 
têm demonstrado êxito na sua utilização 
no ambiente escolar. Dentre 
essas atividades a cinoterapia 
tem sido retratada na literatura 
como uma atividade que instiga 
um grande desenvolvimento 
emocional e aspectos positivos 
do desenvolvimento social e linguístico de 
Todos os alunos 
responderam de forma 
positiva a interação com o 
animal.
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24 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017
pessoas com defi ciência.
Dessa forma, este trabalho objetivou 
defi nir as reações dos educandos diante à 
educação assistida por cães na educação 
especial. Para que esses objetivos fossem 
alcançados, a metodologia mais apropriada 
foi de realizar vídeo-fi lmagens durante 
aproximações dos alunos com cães. Com a 
intenção que essas aproximações fossem 
feitas, conseguiu-se a autorização da escola e 
dos alunos de um quarto ano de uma escola 
catarinense, que constava com dois alunos 
com defi ciência intelectual, Delta e Beta.
O modelo de atividades assistidas 
por cães, que é uma interpretação mais 
pedagógica da cinoterapia, foi retirado da 
literatura e se estruturou por três aproximações 
em dias diferentes com o mesmo animal. 
Atividades que buscavam proporcionar mais 
conhecimentos sobre animais de estimação 
e cães em ambientes urbanos foram criadas 
obedecendo ao planejamento anual e material 
didático escolar.
Todos os alunos responderam de forma 
positiva a interação com o animal. Ficou 
evidente que Beta interagiu da mesma forma 
que os demais alunos, ou seja, se demonstrou 
interessada e sociável. O grande achado foi 
que Delta se demonstrou mais interessado 
em participar e se engajar em atividades que 
necessitavam o uso de formas diversas de 
linguagem.
Assim, sugere-se que sejam feitas 
novas pesquisas no campo da veterinária e 
de ciências animais para compreender com 
quais tipos de raças de cachorros os alunos 
tendem a interagir melhor; e novas pesquisas 
que busquem delinear uma metodologia 
que possa ser generalizada e aplicável ao 
contexto do ensino regular e pesquisas, para 
verifi car a existência de uma relação entre a 
reação positiva do aluno com a maneira como 
a defi ciência intelectual que ele possui se 
apresenta.
REFERÊNCIAS
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Síndrome de Down e Cães: compreensão 
e possibilidades de intervenção. 2006. 170f. 
Dissertação de Mestrado (Mestrado em 
Psicologia) – Universidade de São Paulo, São 
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BARROS, C. T. Possibilidades de utilização 
da terapia assistida por animais (TAA) na 
Terapia Ocupacional. Trabalho de Conclusão 
de Curso – TCC. Belo Horizonte, 2008, 
p. 57. Faculdade de Ciências Médicas de 
Minas Gerais – Fundação Educacional Lucas 
Machado – FELUMA Terapia Ocupacional.
BELEI, R. A.; et al. O uso de entrevista, 
observação e videogravação em pesquisa 
qualitativa. Cadernos de Educação. Pelotas, 
n. 30. p. 187-199, 2008.
CAETANO, E. C. S. As Contribuições Da 
TAA – Terapia Assistida Ppr Animais à 
Psicologia. 2010. 69f. Trabalho de Conclusão 
de Curso (Bacharelado em Psicologia) – 
Universidade Do Extremo Sul Catarinense, 
Criciúma, 2010.
CUNHA, E. Práticas pedagógicas para 
inclusão e diversidade. 3. ed. Rio de 
Janeiro: Wak Editora, 2013.
DOTTI, J. Terapia e Animais. São Paulo: PC 
Editorial, 2005.
FREINET, C. O Método Natural II. Lisboa: 
Editorial Estampa, 1977.
pessoas com defi ciência.
Dessa forma, este trabalho objetivou 
defi nir as reações dos educandos diante à 
verifi car a existência de uma relação entre a 
reação positiva do aluno com a maneira como 
a defi ciência intelectual que ele possui se 
apresenta.
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GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa 
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MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. 
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2010. 128f. Dissertação de Mestrado 
(Mestrado em Ciências da Educação), 2010. 
MONTESSORI, M. Para Educar o Potencial 
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OLIVIER, L. Distúrbios de Aprendizagem e 
de Comportamento. 6. ed. Rio de Janeiro: 
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PEREIRA, M. J. F.; PEREIRA, L.; FERREIRA, 
M. L. Os benefícios da Terapia Assistida por 
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VIGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. 
São Paulo: Martins Fontes, 2001.
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26 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017
CINEMA E EDUCAÇÃO: 
O PAPEL DO PROFESSOR EM MEIO 
À MULTIPLICIDADE DE IMAGENS
Jayne Priscilla Pastori
Licenciada em História e Pedagogia. Pós-Graduanda em Administração Escolar, 
Supervisão e Orientação da Uniasselvi.
E-mail:pastorijayne@hotmail.com
RESUMO
A utilização do cinema em sala de aula 
é um tema amplamente debatido nos últimos 
anos, devido ao seu potencial como ferramenta 
pedagógica. Desta forma, esta pesquisa 
se insere neste contexto, apresentando as 
contribuições de autores brasileiros sobre 
o cinema na sala de aula. Assim, o presente 
artigo tem por objetivo investigar a relevância 
do uso de recursos midiáticos na sala de aula, 
especialmente o cinema. O trabalho utiliza 
a pesquisa bibliográfi ca que consiste em 
investigar autores que tratam sobre o assunto 
a ser revisto, entre eles Circe Bittencourt 
(2004), Jorge Nóvoa (2008) e Maria da Graça 
Setton (2011). O estudo terá como universo de 
abrangência, o cinema como recurso didático 
nas salas de aula do ensino básico e superior, 
buscando elucidar suas contribuições e as 
metodologias de trabalho apontadas pelos 
autores utilizados, destacando a importância 
da utilização do cinema como ferramenta 
pedagógica que permite uma interação maior 
com os alunos. Pode-se constatar que o uso 
de fi lmes em sala de aula é um instrumento 
de apoio pedagógico que pode potencializar o 
aprendizado dos educandos.
Palavras-chave: Cinema. Educação. Papel 
do professor.
1 INTRODUÇÃO
A invenção do cinematógrafo no limiar do 
século XX trouxe transformações fantásticas 
para a humanidade e principalmente para 
a forma como as pessoas vêem o mundo, 
ainda mais se considerarmos que atualmente 
grande parte da população mundial tem 
acesso a produções fílmicas e acabam sendo 
infl uenciados pelo que é mostrado nas telas.
O entrelaçamento entre cinema e 
educação ocorreu ainda no início do século XX, 
quando suas contribuições ao conhecimento 
foram notadas. Desde então, seu uso nas 
salas de aula tem se tornado cada vez mais 
comum e essencial.
Considerando a sociedade “moderna” ou 
contemporânea, em que as mídias exercem 
papel fundamental no dia a dia das pessoas 
é necessário pensar o papel das mesmas na 
sociedade, na escola e na vida como um todo.
O cinema exerce certo poder sobre 
aqueles que o admiram, conhecido como a 
CINEMA E EDUCAÇÃO: 
O PAPEL DO PROFESSOR EM MEIO 
ARTIGO
Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017 Metodologiasde Ensino. UNIASSELVI-PÓS
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sétima arte, tem causado espanto, revelado 
emoções, desde a primeira exibição ofi cial em 
dezembro de 1895 em Paris – a famosa cena 
da chegada do trem, fi lmagem dos irmãos 
Lumière. 
São diversas as reações causadas pelas 
imagens nos espectadores. O cinema diverte, 
emociona, faz chorar, dá raiva, ou seja, é 
capaz de despertar sentimentos diversos, e 
talvez seja essa capacidade que ao longo de 
mais de um século vem encantando milhões 
de pessoas pelo mundo.
Nesse contexto, pretende-se apresentar 
de forma sucinta, a relevância do uso do 
cinema na sala de aula, destacando seu 
caráter didático e o posicionamento do 
professor ao utilizar esse recurso, tanto no 
ensino básico quanto no superior.
Para compreender melhor sobre a 
temática, objeto deste estudo, o mesmo foi 
dividido nas seguintes seções: primeiramente 
faz-se uma abordagem sobre o surgimento 
do cinema e seu uso como recurso didático 
na educação, seguindo-se da apresentação 
de metodologias descritas por autores como 
Circe Bittencourt (2004), Jorge Nóvoa (2008) 
e Maria da Graça Setton (2011) e a relevância 
do uso desses recursos nas salas de aula 
atualmente.
2 O SURGIMENTO DO CINEMA
A costumeira ida ao cinema, lazer 
comum em locais em que há salas de 
cinema disponíveis, ou a locação de 
fi lmes, é algo tão corriqueiro 
que muitas vezes as pessoas 
não têm noção e nem ao 
menos refl etem sobre as 
origens de tão importante forma 
de entretenimento. Em 28 de 
dezembro de 1895, houve 
a primeira exibição pública 
de cinema, seus produtores 
não podiam imaginar que 
tal invenção se tornaria tão 
Em 28 de dezembro de 
1895, houve a primeira 
exibição pública de 
cinema, seus produtores 
não podiam imaginar 
que tal invenção se 
tornaria tão importante 
à humanidade e que seus 
reflexos seriam mundiais.
importante à humanidade e que seus 
refl exos seriam mundiais.
O movimento imagético dá a noção 
de realidade, essencial ao cinema, pois a 
ilusão de realidade retratada na tela deixa o 
telespectador envolvido como em um sonho, 
mesmo sabendo que não é a realidade, e a 
criação de algo que o possibilitasse intensifi cou-
se após meados do século XIX, dado que 
a fotografi a e as pinturas dão a impressão 
de realidade, porém sem movimento. A 
criação de imagens em movimento tornou-
se praticamente uma disputa no século XIX, 
principalmente entre ingleses e franceses, 
contexto em que surgem o “fuzil-fotográfi co”, 
tambor forrado por dentro com uma chapa 
fotográfi ca circular, desenvolvido pelo 
fi siologista francês Étienne-Jules Marey em 
1878, e o praxinoscópio, aparelho que projeta 
na tela imagens desenhadas sobre fi tas 
transparentes, inventado pelo francês Émile 
Reynaud (1877), em que a multiplicação das 
fi guras desenhadas e a adaptação de uma 
lanterna de projeção possibilitam a realização 
de truques que dão a ilusão de movimento.
 
A paternidade do cinema é polêmica, já 
que muitas são as nações que a reivindicam. 
Para os norte-americanos ela é devida 
a Thomas Alva Edison que inventou o 
cinetoscópio em 1888, aparelho que foi 
utilizado por Edison limitadamente, em 
sessões individuais, em que cada sessão 
custava 25 cents. Os franceses a concedem 
aos irmãos Auguste e Louis Lumière que 
criaram o cinematógrafo (LABAKI, 1995, p. 
17-19), apresentado no Grand Café em Paris, 
a uma pequena plateia em 1895. 
Para Flávia Cesarino Costa (2006), 
não houve apenas um descobridor 
do cinema e sim a conjunção de 
diversas circunstâncias técnicas 
que no fi nal do século XIX levaram 
“vários inventores a mostrar os 
resultados de suas pesquisas na 
busca da projeção de imagens em 
movimento” (COSTA, 2006, p. 18).
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28 Metodologiasde Ensino. Indaial / SC Volume I Número I jun. 2017
Estes inventores certamente 
não pensaram nas proporções 
que suas invenções tomariam no 
decorrer do século XX, já que a 
criação do movimento imagético 
era apenas mais uma invenção. 
Os irmãos Lumière – criadores 
do cinematógrafo – por exemplo, 
eram movidos pela ânsia por 
descobertas científi cas, e viram 
esse invento apenas como algo útil 
ao desenvolvimento de pesquisas 
científi cas, considerando o cinema 
como algo passageiro e que logo 
perderia importância diante das 
novas invenções que surgiam, 
sem entreverem a proporção 
e importância que seu invento 
ganharia durante o século XX. De 
acordo com Costa (2006, p. 17):
Os aparelhos que projetavam fi lmes 
apareceram como mais uma curiosidade 
entre as várias invenções que surgiram no 
fi nal do século XIX. Esses aparelhos eram 
exibidos como novidade em demonstrações 
nos círculos de cientistas, em palestras 
ilustradas e nas exposições universais, ou 
misturados a outras formas de diversão 
popular, tais como circos, parques de 
diversões, gabinetes de curiosidades e 
espetáculos de variedades.
Os primeiros fi lmes produzidos pelos 
irmãos Lumière fi zeram muito sucesso, são 
alguns deles: A saída da fábrica Lumière 
(1895), fi lmagem da saída dos funcionários 
da fábrica Lumière; Demolição de um muro 
(1895), considerado o primeiro fi lme com 
efeitos especiais devido a um defeito que 
ocasionou um movimento reverso para 
“reconstruir” o muro; O regador regado (1895), 
a primeira comédia em que um jardineiro

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