Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ELETRÔNICA ANALÓGICA Rodrigo Baryczka de Mello ELETRÔNICA ANALÓGICA Rodrigo Baryczka de Mello ELETRÔNICA ANALÓGICA Rodrigo Baryczka de Mello ELETRÔNICA ANALÔGICA Rodrigo Baryczka de Mello Técnico em Eletromecânica pelo SENAI. Tecnólogo em Eletroeletrônica Industrial pela FATEC. Pós graduado em Eficiência Energética pela UTFPR. Pós Graduado em Metodologia do Ensino pela OPET. Ex-professor do Colégio Técnico de Curitiba CTC. Professor do CETEP. Curitiba 2016 ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 3 - PREFÁCIO PRIMEIRA EDIÇÃO Este Livro foi desenvolvido, visando uma melhor absorção de conteúdos da disciplina de Eletrônica Analógica. Cada capitulo segue uma seqüência cronológica da evolução de cada componente e ao final temos uma coletânea de exercícios que ajudam na compreensão e fixação de cada assunto. Esta obra, não é única, pois não contempla todo o universo da eletrônica analógica, ou seja, cabe ao aluno buscar outras fontes de consulta que complete os temas abordados. Nem a leitura deste livro ou outra fonte de informação pode construir sozinho o saber, sendo as explicações e atividades em sala de aula um importante passo na construção do conhecimento. No referente à disciplina de Eletrônica Analógica posso sem sobra de dúvida dizer que é uma das mais importantes no curso de automação, mesmo sabendo que os microprocessadores e microcontroladores revolucionaram a eletrônica e que vivemos numa era digital, mas sem a eletrônica analógica não teríamos a interface destas tecnologias com o mundo. Espero que ao final você aluno possa contribuir para que este livro possa ser cada vez melhor, contribuindo com sugestões e verificando pontos e serem corrigidos. Boa leitura e bons estudos!! Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Curitiba , 17 de janeiro de 2011 ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 4 - PREFÁCIO SEGUNDA EDIÇÃO Após um primeiro contato dos alunos com material condensado em um livro (já que ele existia anteriormente num formato fragmentado) podemos ao decorrer do semestre encontrar alguns erros de digitação e algumas fotos ou desenhos sem utilidade, por esse motivo este livro foi revisado e melhorado com explicações mais detalhadas e melhores ilustrações, bem como sanar os equívocos lingüísticos. Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Curitiba , 11 de janeiro de 2012 PREFÁCIO TERCEIRA EDIÇÃO Depois de ficar por muito como apostila, por orientação de alguns amigos e alunos resolvi transformar este material num livro. Grato pela ajuda de vários ex alunos na melhoria deste material. Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Curitiba , 29 de janeiro de 2016 ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 5 - Sumario 1. Física dos Semicondutores ..................................................................... 8 1.1 Estrutura Básica do átomo ...................................................................... 8 1.2 Ligação covalente ..................................................................................... 9 1.3 Materiais Semicondutores ..................................................................... 10 1.4 Dopagem ................................................................................................... 12 1.5 Cristal do Tipo N ...................................................................................... 12 1.6 Cristal do tipo P ........................................................................................ 13 1.7 Temperatura .............................................................................................. 14 Exercícios sobre o capitulo 1: ......................................................................... 15 2. O Diodo semicondutor ............................................................................ 16 2.1 Simbologia e aspecto real ...................................................................... 16 2.2 Formação do diodo- Junção PN ........................................................... 17 2.3 Comportamento dos cristais após a Junção ..................................... 18 2.4 Polarização do diodo .............................................................................. 19 2.4.1 Polarização Direta .................................................................................... 20 2.4.2 Polarização Inversa (ou Reversa).......................................................... 21 2.5 Características de condução e bloqueio ............................................ 22 2.6 Curva característica do diodo ............................................................... 23 2.7 Teste em diodos semicondutores ........................................................ 26 Exercícios do capitulo 2: .................................................................................. 27 3. O transformador ....................................................................................... 28 3.1 Principio de funcionamento .................................................................. 28 3.2 Relação de transformação ..................................................................... 29 Exercícios do capitulo 3: .................................................................................. 30 4. Retificação ................................................................................................. 31 4.1 Tipos ........................................................................................................... 31 4.2 Retificação em meia onda ...................................................................... 31 4.2.1.1 Funcionamento ................................................................................. 31 4.2.1.2 Tensão CC de saída .......................................................................... 33 4.2.1.3 Corrente média .................................................................................. 33 4.2.1.4 Desvantagens .................................................................................... 33 4.3 Retificação de onda completa .............................................................. 34 4.4 Retificação de onda completa com derivação central .................... 34 4.4.1 Funcionamento ........................................................................................ 35 4.4.2 Tensão média de saída ........................................................................... 36 4.4.3 Corrente na saída .................................................................................... 37 4.4.4 Freqüência ................................................................................................ 37 4.5 Retificação de onda completa em ponte ............................................ 37 4.5.1 Funcionamento ........................................................................................ 37 4.6. Filtros ......................................................................................................... 39 4.7 Circuitos com diodos .............................................................................. 40 4.7.1 Multiplicadores de Tensão .................................................................... 40 4.7.2 Dobrador de tensão de meia onda ......................................................40 4.7.3 Dobrador de Tensão de onda completa ............................................. 41 4.7.4 Limitadores ............................................................................................... 41 4.7.5 Grampeador CC ....................................................................................... 42 ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 6 - Exercícios do capitulo 4: .................................................................................. 44 5. Diodo Zener ............................................................................................... 48 5.1 Regulador de tensão com Zener ........................................................... 51 5.2 Condições de regulação ......................................................................... 52 5.3 Reguladores monolíticos ....................................................................... 53 5.3.1 Identificação dos pinos ....................................................................... 54 Exercícios sobre o capitulo 5: ......................................................................... 55 6. Diodo emissor de Luz (LED) .................................................................. 56 6.1. Fotodiodo .................................................................................................. 57 Exercício do capitulo 6: .................................................................................... 58 7. Transistor Bipolar .................................................................................... 59 7.1 Estrutura básica ....................................................................................... 59 7.2 Tipos ........................................................................................................... 59 7.3 Terminais ................................................................................................... 59 7.4 Aspecto real .............................................................................................. 60 7.5 Tensões nos terminais ........................................................................... 61 7.6 Principio de funcionamento .................................................................. 61 7.7 O controle da corrente de base sobre a corrente de coletor .......... 62 7.8 Ganho de corrente ................................................................................... 62 7.9 Circuito coletor ......................................................................................... 62 7.10 Configuração de ligação do transistor ............................................ 63 7.11 Curva característica ............................................................................. 64 7.12 Reta de carga ........................................................................................ 65 7.13 Ponto quiescente .................................................................................. 66 7.14 Polarização da Base por corrente constante ................................. 66 7.15 Polarização de base por divisor de tensão ..................................... 67 Exercícios do capitulo 7: .................................................................................. 71 8. Amplificação de sinais elétricos ........................................................... 73 8.1. Amplificação ............................................................................................. 74 8.2. Amplificador e estágio amplificador .................................................... 74 8.3 Ganho de um amplificador ..................................................................... 75 8.4 Tipos de estágios amplificadores ........................................................ 75 8.5 Configurações de circuitos com transistores ................................... 75 8.6 Acoplamento do sinal ............................................................................. 78 Exercícios do capitulo 8: .................................................................................. 81 9. AMPLIFICADORES DE POTÊNCIA ....................................................... 82 10. Amplificador Operacional ...................................................................... 85 10.1 Características de um AOP ideal ...................................................... 85 10.2 Características de Um AOP real ........................................................ 86 10.3 Polarização do Amplificador .............................................................. 86 10.4 Circuitos básicos .................................................................................. 87 Exercícios do capitulo 10: ................................................................................ 94 11. Os Multivibradores .................................................................................. 95 11.1 O CI 555 .................................................................................................. 97 Exercícios do capitulo 11: .............................................................................. 101 12. Osciladores ............................................................................................. 102 12.1 PWM. ..................................................................................................... 105 Exercícios do capitulo 12: .............................................................................. 107 13. Sensores .................................................................................................. 108 ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 7 - 13.1 Sensores mecânicos ......................................................................... 108 13.2 Sensores Magnéticos ........................................................................ 108 13.3 Sensores de temperatura ................................................................. 109 13.4 Sensores de Luz resistivos .............................................................. 110 13.5 Fotodiodo ............................................................................................. 111 13.6 Fototransistor ...................................................................................... 111 13.7 Varistores ............................................................................................. 112 13.8 Opto- acopladores .............................................................................. 113 Exercícios do capitulo 13: .............................................................................. 115 14. Transistores de efeito de campo ........................................................ 116 14.1 FET de Junção .................................................................................... 116 14.2 MOS- FETs ........................................................................................... 117 Exercícios do capitulo 14: .............................................................................. 119 15. Referencia ............................................................................................... 120 Anexo .................................................................................................................. 121 ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 8 - 1. Física dos Semicondutores 1.1 Estrutura Básica do átomo Definimos átomos como sendo o menor elemento químico que compõe a molécula, por sua vez o átomo é formado basicamente por 3 tipos de partículas elementares: elétrons, prótons e nêutrons. O átomopossui um núcleo formado basicamente de prótons e nêutrons; o próton tem carga elétrica positiva, o nêutron não tem carga elétrica. A carga do elétron é igual a do próton, porém de sinal contrário, os elétrons giram em torno do núcleo, distribuindo-se em diversas camadas, num total de até sete camadas (camadas de energia), como mostrado na figura 1. Figura 1: Camadas energia do átomo Cada camada pode ter um numero máximo de elétrons: K=2,L=8,M=18,N=32,O=32,P=18 e Q=2. Em cada átomo, a camada mais externa é chamada de valência, e geralmente é ela que participa nas reações químicas. Todo o material encontrado na natureza é formado por diferentes tipos de átomos, distinguidos entre si pelos seus números de prótons, elétrons e nêutrons. Cada material tem uma infinidade de características. O numero de prótons e elétrons são iguais, por essa razão o átomo é considerado neutro eletricamente. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 9 - 1.2 Ligação covalente Os materiais semicondutores se caracterizam por serem constituídos de átomos que tem 4 elétrons na camada de valência (TETRAVALENTES). Na figura 2 apresenta-se exemplo de átomos tetravalentes. Figura 2: Exemplo de átomos tetravalentes Os átomos que tem quatro elétrons na ultima camada tem tendência a se agruparem segundo uma formação cristalina. Neste tipo de ligação o átomo se combina com quatro outros, fazendo com que todos os elétrons pertença simultaneamente a dois átomos, como mostrado na figura 3. Figura 3: Ligação entre os elétrons ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 10 - A ligação covalente é representada quimicamente como mostrada na figura 4 abaixo: Figura 4: Ligação Covalente As ligações covalentes se caracterizam por manter os elétrons fortemente ligados. Por esta razão as estrutura cristalina pura, composta unicamente por ligações covalentes adquirem características de isolante. O Silício e o Germânio são materiais semicondutores com características isolantes num agrupamento cristalino. 1.3 Materiais Semicondutores São materiais que podem apresentar características de isolante ou condutor, estando sujeito a forma com se apresenta a sua estrutura química. Um exemplo de semicondutor é o Carbono, dependendo da forma como os átomos do carbono se interligam, pode se tornar condutor ou isolante. Os átomos de Germânio e Silício tem uma camada de valência com 4 elétrons. Quando os átomos de Germânio (ou Silício) agrupam-se entre si, formam uma estrutura cristalina, ou seja, são substâncias cujos átomos se posicionam no espaço, formando uma estrutura ordenada. Nessa estrutura, cada átomo une- se a quatro outros átomos vizinhos, por meio de ligações covalentes, e cada um dos quatro elétrons de valência de um átomo é compartilhado com um átomo vizinho, de modo que dois átomos adjacentes compartilham os dois elétrons como mostrado na figura 5. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 11 - Figura 5: Ligação covalente do Germânio Se nas estruturas com Germânio ou Silício não fosse possível romper a ligações covalentes, elas seriam materiais isolantes. No entanto com o aumento da temperatura algumas ligações covalentes recebem energia suficiente para se romperem, fazendo com que os elétrons das ligações rompidas passem a se movimentar livremente no interior do cristal, tornando-se elétrons livres, figura 6. Figura 6: Elétron livre Com a quebra das ligações covalentes, no local onde havia um elétron de valência, passa a existir uma região com carga positiva (lacuna), uma vez que o átomo era neutro e um elétron o abandonou. Essa região positiva recebe o nome de lacuna, sendo também conhecida como buraco. As lacunas não têm existência real, pois são apenas espaços vazios provocados por elétrons que abandonam as ligações covalentes rompidas. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 12 - Sempre que uma ligação covalente é rompida, surgem simultaneamente um elétron e uma lacuna. Entretanto, pode ocorrer o inverso, um elétron preencher o lugar de uma lacuna, completando a ligação covalente (processo de recombinação). Como tanto os elétrons como as lacunas sempre aparecem e desaparecem aos pares, pode-se afirmar que o número de lacunas é sempre igual à de elétrons livres. Quando o cristal de Silício ou Germânio é submetido a uma diferença de potencial, os elétrons livres se movem no sentido do maior potencial elétrico e as lacunas por conseqüência se movem no sentido contrário ao movimento dos elétrons. 1.4 Dopagem A dopagem é um processo químico que tem por finalidade introduzir átomos estranhos a uma substância na sua estrutura cristalina. Esta dopagem pode ser feita pela natureza ou por laboratório. Nos materiais semicondutores (Germânio e Silício) a dopagem é realizada por atribuir ao material certa condutibilidade elétrica. A forma como cristal irá conduzir a corrente elétrica e sua condutibilidade dependem do tipo da impureza utilizada e da quantidade de impureza aplicada. 1.5 Cristal do Tipo N O cristal que foi dopado com impureza doadora é chamado semicondutor tipo n, onde n está relacionado com negativo. Como os elétrons livres excedem em número as lacunas num semicondutor tipo n, os elétrons são chamados portadores majoritários e as lacunas, portadores minoritários. Tomamos como exemplo a introdução de átomos de Fósforo, que possuem 5 elétrons na ultima camada no cristal, figura 7. Figura 7: Átomo de Fósforo ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 13 - Dos 5 elétrons 4 encontram ligação covalente , o quinto elétron do fósforo não forma ligação covalente porque não encontra um elétron na estrutura , este elétrons isolado tem a característica de se libertar facilmente do átomo , passando a vagar livremente dentro de estrutura do cristal , constituído um portador livre de carga elétrica .Com a adição de impurezas o cristal que era puro e isolante passa a ser condutor através deste portadores. O cristal dopado com impurezas, com maior número de elétrons é denominado cristal N. 1.6 Cristal do tipo P O cristal que foi dopado com impureza aceitadora é chamado semicondutor tipo p, onde p está relacionado com positivo. Como as lacunas excedem em número os elétrons livres num semicondutor tipo p, as lacunas são chamadas portadores majoritários e os elétrons livres, portadores minoritários. A utilização de átomos com menos de quatro elétrons na ultima camada figura 8, como exemplo o Índio que tem três elétrons da origem ao cristal P. Figura 8: Átomo de Índio Quando os átomos de índio são colocados na estrutura do cristal puro verifica-se a falta de um elétron para que os elementos treta valentes se combinem, esta ausência no interior do cristal é denominada de lacuna, sendo representada por uma carga elétrica positiva, (a lacuna não é propriamente uma carga positiva, mas a ausência de carga negativa). Nos cristais P a corrente elétrica ocorre por movimento de lacunas como mostrado passo a passo na figura 9 abaixo. Figura 9: Movimento das lacunas ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica- 14 - Quando se aplica uma diferença de potencial aos extremos de um cristal P uma lacuna é ocupada por um elétron que se movimenta deixando uma lacuna em seu lugar. Esta lacuna é preenchida pelo elétron seguinte que torna a criar atrás de si outra lacuna, exemplificado na figura 10. Figura 10: Movimento de elétrons e lacunas Assim, a lacuna será preenchida por outro elétron gerando uma nova lacuna até que esta lacuna seja preenchida por um elétron da fonte. 1.7 Temperatura Com o aumento da temperatura nos cristais temos por conseqüência o aumento da condutibilidade elétrica, isto é temos circulação de maiores correntes. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 15 - Exercícios sobre o capitulo 1: 1) O que são materiais semicondutores? 2) O que é dopagem? 3) O que é o cristal N? 4) Quais são os portadores livres de cargas nos cristais N? 5) O que é um cristal P? 6) Quais são os portadores livres de carga nos cristais P? 7) Para que são utilizados os cristais P e N? 8) Como se comporta a condutibilidade de um material semicondutor com aumento da temperatura? ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 16 - 2. O Diodo semicondutor O diodo semicondutor é um componente que apresenta a característica de se comportar como condutor ou isolante elétrico dependendo da forma como a tensão é aplicada aos seus terminais. Uma das aplicações mais usuais dos diodos é na transformação da tensão alternada em continua, demonstrada na figura 11. Figura 11: Processo de retificação de uma tensão alternada em continua 2.1 Simbologia e aspecto real O diodo semicondutor é representado nos esquemas pelo símbolo (ABNT) da figura 12 abaixo: Figura 12: Simbologia do Diodo O terminal da seta representada o material P, sendo denominado de ANODO (A) do diodo, enquanto o terminal da barra representa o material N e é denominado de CATODO (K). ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 17 - Podemos identificar os terminais dos diodos de três formas, como mostrado na figura 13 abaixo: Figura 13: Identificação dos terminais de um Diodo Dentro da eletroeletrônica podemos encontrar vários tipos de diodos exemplificados na figura 14. Figura 14: Tipos de Diodos usados na indústria 2.2 Formação do diodo- Junção PN O diodo se constitui na junção de duas pastilhas de material semicondutor: uma pastilha de material N (cristal N) e uma de material P (cristal P), como mostrado na figura 15. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 18 - Figura 15: Formação do Diodo 2.3 Comportamento dos cristais após a Junção Após a junção das pastilhas que formam o diodo, ocorre um processo de “acomodamento” químico entre os cristais. Na região da junção alguns elétrons livres saem do material N e passam para o material P, recombinando-se com as lacunas das proximidades, demonstrado na figuras 16 e 17 abaixo. Figura 16: Recombinação dos elétrons na junção O mesmo ocorre com algumas lacunas que passam do material P para o material N e se recombinam com os elétrons livres. Figura 17: Recombinação das lacunas na junção Forma-se na junção entre as pastinhas uma região onde não existem portadores de carga (lembrando: portadores majoritários são no cristal P as lacunas e no cristal N os elétrons, e os portadores minoritários no cristal P são os elétrons e no cristal N são as lacunas), porque estão todos recombinados, neutralizando-se. Esta região chamamos de “Região de DEPLEXÂO”. Com a ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 19 - conseqüência da passagem de cargas de um cristal para outro se cria um desequilibro elétrico na região, como mostrado na figura 19. Figura 19 :Região de deplexão Os elétrons que passaram do material N para o P geram um pequeno potencial elétrico negativo e as lacunas que movimentaram para o material N geram um pequeno potencial elétrico positivo, Verifica-se assim que na região da junção existe uma diferença de potencial, proporcionada pelo movimento dos portadores de um cristal para outro. Este desequilibro, é denominado de barreira de potencial, esta barreira se comporta como uma pequena bateria dentro do componente gerando uma tensão que depende do material utilizado, nos diodos de Germânio esta tensão é de aproximadamente 0,2V e nos diodos de Silício é de aproximadamente entre 0,6 a 0,7V. OBS: Não podemos medir esta tensão com o multímetro porque esta tensão existe apenas internamente no componente, no todo ele continua neutro. 2.4 Polarização do diodo A aplicação de tensão sobre os terminais de um diodo estabelece a forma como o componente se comporta eletricamente. Esta tensão aplicada pode ser de duas formas que tecnicamente chama-se: Polarização Direta; Polarização inversa (ou Reversa). ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 20 - 2.4.1 Polarização Direta É quando aplicamos uma tensão POSITIVA no material P e uma tensão NEGATIVA do material N, como mostrada na figura 20. Figura 20: Polarização direta O pólo positivo da fonte repele as lacunas do material P (lembre-se que cargas com sinais iguais se repelem e cargas de sinais diferentes se atraem) em direção ao pólo negativo, enquanto os elétrons livres são repelidos pelo pólo negativo em direção ao pólo positivo. Se a diferença de potencial da fonte for maior que a da barreira de potencial (no caso dos diodos de silício aprox. 0,7V) as forças de atração e repulsão provocadas pela bateria permitirão aos portadores ganharem velocidade e atravessarem a região de depleção e a barreira de potencial diminui, diminuído assim a resistência da junção, figura 21. Figura 21: Diminuição da barreira de potencial Observa-se na figura 22, que ha nesta condição um fluxo de portadores livres dentre do diodo através de junção. Figura 22: Fluxo de portadores ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 21 - Na polarização direta o diodo passa a conduzir corrente elétrica no circuito, quando o diodo esta polarizado diretamente diz-se que ele esta em condução. Figura 23: Sentido da corrente Devemos notar na figura 23, que a seta no símbolo indica o sentido de circulação da corrente. 2.4.2 Polarização Inversa (ou Reversa) A polarização inversa de um diodo, figura 24 (ou como em muitas literaturas podemos encontrar o termo “reversa”), consiste na aplicação de tensão positiva no material N e negativa no material P. Figura 24: Polarização Inversa Nesta situação os portadores livres de cada cristal são atraídos pelos potenciais da bateria para os extremos do diodo (lembrando novamente cargas de sinais iguais se repelem e de sinais contrários se atraem). Devido ao elétron ser atraído pelo pólo positivo da fonte e a lacuna ser atraída pelo pólo negativo da fonte, tem-se um alargamento da região de depleção, porque os portadoressão afastados da junção, como mostrado na figura 25. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 22 - Figura 25: Alargamento da região de depleção Não existe um fluxo de portadores através da junção , quando o diodo é polarizado inversamente, portanto concluímos que a polarização inversa faz com que o diodo impeça a circulação de corrente no circuito. A junção polarizada inversamente apresenta uma resistência da ordem de Megaohms. Quando o diodo está polarizado inversamente, impedindo a circulação de corrente dizemos tecnicamente ele esta em BLOQUEIO. 2.5 Características de condução e bloqueio O diodo estudado até aqui é um componente ideal, ou seja, apresenta características especiais, conduz e bloqueia completamente. Sendo a assim um diodo ideal polarizado diretamente, figura 26, tem um comportamento análogo a uma chave fechada. Figura 26: Analogia de um diodo ideal fechado O interruptor fechado é denominado circuito equivalente. Os circuitos equivalentes são analogias de circuitos complexos usando componentes simples, visando facilitar a compreensão. Sendo assim, um diodo ideal polarizado inversamente será um isolante perfeito, figura 27, ou uma chave aberta. Figura 27: Analogia de um diodo ideal aberto ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 23 - Estas condições não são verificadas na realidade, ou seja, o diodo real apresenta algumas diferenças, devido o processo de purificação dos cristais não ser perfeito, sobrando sempre alguma impureza originaria da natureza. Estas impurezas fazem o diodo real se distanciar das condições ideais. Uma diferença esta em relação à barreira de potencial que faz o diodo conduzir só quando a tensão da fonte for superior a tensão interna (no Silício esta entre 0,6 e 0,7V). Assim, temos uma resistência interna de aproximadamente 1Ω para diodos de silício, figura 28. Figura 28: Analogia de um diodo real fechado Devido a utilizarmos na maioria dos casos, tensões e resistências externas do circuito muito maiores que os valores internos, podemos normalmente considerar o diodo ideal igual ao real. No bloqueio as condições são as mesmas, pois o diodo real não é um isolante perfeito, apresentando assim uma CORRENTE DE FUGA, sendo esta corrente na ordem de microampéres, muito menor que a corrente de condução, assim pode-se também desprezá-la. Na figura 29 tem-se a configuração de diodo ideal em bloqueio. Figura 29: Diodo ideal em bloqueio 2.6 Curva característica do diodo O comportamento de cada componente eletrônico pode ser expresso através de uma curva característica, que permite determinar à condição de ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 24 - funcionamento do dispositivo, no nosso caso as características de bloqueio e condução de um diodo. A curva característica do diodo em condução mostra o comportamento da queda de tensão em função da corrente que flui no circuito, como mostrado na figura 30. Figura 30: Curva de condução de um diodo Analisando a curva podemos notar que a tensão do diodo sofre um pequeno aumento quando a corrente aumenta e quando a tensão sobre o diodo esta abaixo de 0,7V a corrente é muito pequena devido a barreira de potencial, sendo a região típica de funcionamento do diodo a que fica acima de da tensão de condução, como mostrado na figura 31. Figura 31: Região de funcionamento de um diodo ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 25 - Na condição de bloqueio o diodo não atua como um isolante perfeito, tendo uma pequena corrente de fuga que aumenta conforme a tensão inversa aumenta. Alem da corrente de fuga na condição de bloqueio temos a tensão máxima que a junção pode suportar acima disto o diodo entra da condição de ruptura deixando conduzir corrente, como mostrado na figura 32. Figura 32 : Região de ruptura de um diodo Abaixo na figura 33, tem-se o gráfico completo de um diodo. Figura 33: Gráfico completo de um diodo real ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 26 - 2.7 Teste em diodos semicondutores As condições de funcionamento de um diodo podem ser verificadas através de medições feitas com o multímetro digital. Coloque a chave seletora na posição com o símbolo do diodo e meça o componente nos dois sentidos. Num sentido o visor deve indicar um valor de resistência e no outro ficar apenas no número "1". Se estiver em curto ele aparecerá “0” nos dois sentidos e se estiver aberto “1” nos dois sentidos, a figura 34 ilustra o procedimento Figura 34: Procedimento para teste de um diodo com o multímetro ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 27 - Exercícios do capitulo 2: 1)Quais as pastilhas que compõem um diodo semicondutor? 2)Desenhe o símbolo de um diodo semicondutor , identificando o anodo e o catodo. 3)Qual é a tensão típica da barreira de potencial nos diodos? - Silício: - Germânio: 4)Do que depende a condução ou bloqueio de um diodo? 5)Que fatores diferenciam o diodo real do diodo ideal, no sentido de condução? 6)Desenhe os circuitos de um diodo em condução e um em bloqueio. 7) Construa o gráfico de um diodo identificando os quadrantes de bloqueio e condução. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 28 - 3. O transformador O transformador é um dispositivo que permite elevar ou rebaixar os valores de tensão ou corrente em um circuito. Na figura 35 tem-se uma visão análoga deste efeito. Figura 35: Processo de transformação 3. Principio de funcionamento Quando uma bobina é ligada em uma tensão CA, (figura 36) surge um campo magnético variável ao seu redor. Figura 36: Bobina ligada a uma tensão CA Se aproximado outra bobina perto da primeira, o campo magnético desta corta as espiras da segunda gerando uma tensão induzida. Denomina-se a bobina que é ligada a rede, primário e a que surge a tensão induzida, secundário. Na figura 37 tem-se uma demonstração física e esquemática de um transformador. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 29 - Figura 37: Esquema e demonstração física de um transformador Obs.: Nos transformadores isoladores o primário e o secundário são isolados. A tensão no secundário é proporcional ao numero de linhas magnéticas que cortam o secundário. Por esta razão temos um núcleo formado de material ferromagnético que ajuda a dispersar a maior quantidade de linhas magnéticas para o secundário. O núcleo é laminado para reduzir o aquecimento, ocasionado pelas correntes parasitas (Focault). 3.2 Relação de transformação A relação entre tensão no primário e no secundário, esta relacionada aos números de espiras existentes em cada um, e demonstrada pela formula abaixo: ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 30 - Exercícios do capitulo 3: 1) O que é um transformador? 2) Um transformador pode funcionar em CC?Por quê? 3) Qual a finalidade de se utilizar um núcleo silicoso laminado no núcleo do transformador? 4) Usando a relação de transformação, calcule o dado solicitado na tabela abaixo: Tensão no primário Tensão no secundário N° de espiras do Primário N° de espiras do secundário 100 Vca 600 300 15 Vca 1400 200 220Vca 6Vca 32 ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 31 - 4. Retificação A retificação é o processo de transformação de corrente alternada em corrente continua, através de circuitos eletrônicos. 4.1 Tipos Meia onda; Onda completa com Transformador de derivação central; Onda completa em ponte. 4.2 Retificação em meia onda A retificação de meia onda é um processo de transformação CA em CC , que permite o aproveitamento de apenas um semiciclo da tensão na carga.Figura 38. Figura 38: Retificação de meia onda Este tipo de retificador é usado em circuitos que não exigem tensão continua pura. Ex: carregador de baterias, etc. 4.2.1 Funcionamento Na figura 39 tem-se o diagrama de retificador desta configuração, pode- se notar a utilização de apenas um diodo para execução da tarefa de transformação de CA para CC. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 32 - Figura 39: Diagrama de um retificador de meia onda Durante o primeiro semiciclo a tensão é positiva no anodo do diodo. Esta condição deixa o diodo em condução permitindo circular corrente. A tensão sobre a carga fica igual a da entrada menos 0,6 ou 0,7V se o diodo for de Silício (pode ser desprezada se a entrada for maior que 10V). Durante o semiciclo negativo a tensão é negativa no anodo. Esta condição deixa o diodo em bloqueio impedindo a circulação de corrente. Na figura 40 tem-se a formadas onda sobre o diodo. Figura 40: Formas de onda sobre o diodo de retificação ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 33 - Este tipo de tensão chama-se tensão continua pulsante. 4.2.2 Tensão CC de saída Usando um multímetro (que mede uma média), pode-se obter a tensão de saída do circuito, mas pode-se também calculá-la pela fórmula abaixo: Vcc= Tensão continua média sobre a carga. Em = Tensão de pico da CA ( ) VD = Queda de tensão típico do diodo (0,2 ou 0,7V) Obs.: Esta fórmula é para tensões de entrada abaixo de 10VCA. Se for acima podemos utilizar uma formula sem as quedas de tensão: Vcc= Vca . 0,45 4.2.3 Corrente média O cálculo da corrente média é muito importante, pois serve como parâmetro para escolha do diodo retificador utilizado no circuito, e pode ser obtida pela fórmula abaixo: 4.2.4 Desvantagens Tensão de saída pulsante; Rendimento baixo (45%) em relação a tensão de entrada; Mau aproveitamento do transformador, por que a corrente circula apenas num semiciclo. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 34 - 4.3 Retificação de onda completa É o processo de conversão de corrente alternada em corrente continua que faz um aproveitamento dos dois semiciclos da tensão de entrada, como mostrado na figura 41. Figura 41: Retificação de onda completa O circuito retificador em onda completa é o mais empregado nos equipamentos eletrônicos, por que aproveita melhor a energia aplicada a entrada. Dividi-se em dois tipos: Com transformador a derivação central e dois diodos; Empregando 4 diodos em ponte. 4.4 Retificação de onda completa com derivação central Este tipo também é conhecido como retificação de onda completa CENTER TAPE. Na figura 42 tem- se o diagrama desta configuração. Figura 42: Retificação de onda completa com Center Tape ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 35 - 4.4.1 Funcionamento Considerando o terminal centra do transformadorl como referência (0V) tem-se duas polaridades opostas nos extremos, no primeiro semiciclo. Nesta condição D1 esta em condução e D2 em bloqueio. Deixando assim passar para a carga a tensão de entrada, como demonstrado na figura 43. Figura 43: Diodo D2 em bloqueio No segundo semiciclo tem-se uma inversão de polaridade dos extremos. Nesta condição temos D2 em condução e D1 em bloqueio, figura 44. A corrente circula pela carga passando por D2 que esta em condução no mesmo sentido do primeiro semiciclo. Figura 44: Diodo D1 em bloqueio Na figura 45, exemplificam-se as formas de onda em cada diodo durante a retificação de corrente alternada para corrente continua, em um retificador utilizando Center tape. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 36 - Figura 43: Forma de onda em cada diodo e na saída 4.4.2 Tensão média de saída Pode ser calculada pela fórmula abaixo: Obs.: Para tensões de entrada menores de 10 V, se não podemos utilizar a fórmula a seguir: Vcc= Vca . 0,9 ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 37 - 4.4.3 Corrente na saída Calculada pela fórmula mostrada abaixo: 4.4.4 Freqüência Na retificação de onda completa a cada ciclo da Ca de entrada, tem-se 2 semiciclos na saída, ou seja, a freqüência na saída será o dobro da entrada. 4.5 Retificação de onda completa em ponte Este tipo de retificação usa 4 diodos e é também conhecida como Ponte de Graetz. Na figura 44 tem-se o diagrama deste circuito. Figura 44: Retificação em ponte 4.5.1 Funcionamento No primeiro semiciclo temos a tensão positiva no terminal de entrada superior. Como mostrado na figura 45. Figura 45: Primeiro semiciclo ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 38 - D1 –anodo positivo =condução D2 – catodo positivo =Bloqueio D3 – catodo negativo =condução D4 – anodo negativo = Bloqueio Assim se tem o primeiro semiciclo sobre a carga. No segundo semiciclo tem-se a inversão de polaridade nos terminais de entrada,figura 46. Figura 46 : Segundo Semiciclo D1- anodo negativo = bloqueio D2- catodo negativo= condução D3- catodo positivo = bloqueio D4- anodo positivo = condução O circuito fechado por D2 e D4 faz a corrente circular pelo mesmo sentido do primeiro semiciclo. A freqüência da CC pulsante será o dobro da entrada. Tensão média de saída Sendo que temos 2 diodos em condução em cada semiciclo, a queda de tensão será de 1,4 V em relação a entrada e tensão de saída será calculada pela fórmula abaixo. Obs. Para tensões abaixo de 20Vca de entrada, utilizar a fórmula: Vcc= Vca . 0,9 ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 39 - Corrente de Saída Calcular pela fórmula abaixo: 4.6 FiltrosA finalidade do filtro em um circuito retificador é aproximar a forma de onda da saída em uma CC pura. O filtro é colocado entre a retificação e a carga, como mostrado na figura 47. Para isto utiliza-se o capacitor que durante os períodos de condução do diodo se carrega e nos momentos de bloqueio do diodo é o capacitor que fornece corrente a carga (se descarregando), mantendo assim a tensão constante na saída diminuído os ripple, figura 48. Figura 47: Filtro colocado em um retificador Figura 48: Forma de onda na saída de uma fonte com filtro O capacitor usado deve ser de tensão de trabalho superior a tensão de saída da fonte. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 40 - 4.7 Circuitos com diodos 4.7.1 Multiplicadores de Tensão Formado por dois ou mais retificadores que produzem uma tensão CC igual a um múltiplo da tensão de pico da entrada (2Vp, 3Vp, 4Vp). 4.7.2 Dobrador de tensão de meia onda Circuitos demonstrados nas figura 49 e 50, onde no pico do semiciclo negativo, D1 está polarizado diretamente e D2 reversamente, isto faz C1 carregar até a tensão Vp. No pico do semiciclo positivo, D1 está polarizado reverso e D2 direto. Pelo fato da fonte e C1 estarem em série, C2 tentará se carregar até 2Vp. Depois de vários ciclos, a tensão através de C2 será igual a 2Vp. Figura 49: Dobrador de tensão processos ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 41 - Figura 50: Dobrador de tensão de meia onda circuito final 4.7.3 Dobrador de Tensão de onda completa O circuito de um dobrador de tensão de onda completa pode ser verificado na figura 51 abaixo. Figura 51: Dobrador de tensão onda completa 4.7.4 Limitadores São circuitos com a finalidade de: Retira tensões do sinal acima ou abaixo de um dado nível; Serve para mudar o sinal ou para proteção. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 42 - Na figura 52, tem-se alguns exemplos de circuitos. Figura 52: Exemplo de limitadores 4.7.5 Grampeador CC O grampeador CC soma uma tensão continua a um sinal (não confundir com grampo de diodo).Por exemplo, se o sinal que chega oscila de -10V a +10V, um grampeador CC positivo produziria uma saída que idealmente oscila de 0 a +20V (um grampeador negativo produziria uma saída entre 0 e -20V). Na figura 53 demonstra o processo de grampear uma tensão CC utilizando diodos. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 43 - Figura 53: Grampeador CC ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 44 - Exercícios do capitulo 4: 1) O que é retificação ? 2) Onde é utilizada a retificação? 3) O que é retificação de meia onda ? 4) Que tipo de componente eletrônico pode ser utilizado para realizar um processo de retificação? 5) Complete os gráficos com base em um circuito retificador de meia onda , com diodo de germânio? 6) Desenhe o símbolo dos diodos (catodo) nas condições abaixo: ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 45 - 7) Para que serve a equação ? 8) Cite duas desvantagens da retificação de meia onda? 9) Uma fonte de tensão CC não fornece tensão na saída . Há tensão no primário do transformador . O defeito está: A) antes do transformador; B) no transformador; C) do transformador (inclusive) para diante; D) no diodo. 10) O que significa a expressão retificação de onda completa? 11) Desenhe a forma de onda presente sobre a carga colocada em um circuito retificador de onda completa , com tensão de saída positiva em relação ao terra. 12) Determine a tensão de saída sobre a carga no circuito abaixo para os valores de Vca fornecido. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 46 - 13) Qual a freqüência da CC pulsante na saída de uma retificação de onda completa aplicada a uma rede CA de 50Hz? 14) Identifique , no circuito abaixo quais os diodos que estão em condução. 15) Acrescente, no circuito da questão 14 , sinais que indiquem a polaridade da tensão sobre a carga e setas indicando a circulação de corrente. 16) Que relação existe entre a freqüência da rede CA e freqüência da CC pulsante na saída de uma retificação em ponte? 17) O que acontece na saída de uma fonte retificadora de onda completa se os diodos abrir? 18) Pesquisem na internet o que significa as designações SKB 40 . 500/800 inscrita em uma ponte retificadora? Vca (V) Vcc (V) 50V 6V 18V 4,5V ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 47 - 19) Qual a finalidade de um filtro em uma fonte de alimentação? 20) Quais as características de uma tensão continua pura? ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 48 - 5.2 Diodo Zener O diodo Zener é um tipo de diodo utilizado como regulador de tensão. A sua capacidade de regulação de tensão é empregada principalmente nas fontes de alimentação, visando à obtenção de uma tensão de saída fixa. O diodo Zener é na sua essência um regulador de tensão.Na figura 54 apresenta-se sua simbologia. Figura 54: Simbologia ABNT para diodo Zener O diodo Zener polarizado diretamente comporta-se como um diodo retificador convencional. Na figura 55 é demonstrado a polarização Zener. Figura 55: Polarização do diodo Zener Se polarizarmos inversamente o diodo até um determinado valor de tensão inversa, este diodo comporta-se como um diodo comum em bloqueio, mas a partir de um determinado valor de tensão inversa o diodo Zener entra subitamente em condução apesar da polarização inversa. A tensão inversa que faz o com que o diodo Zener entre em condução é denominada da TENSÃO ZENER. O funcionamento típico do diodo Zener é com corrente inversa o que estabelece uma tensão fixa sobre seus terminais. Na figura 56 temos a gráfico Zener. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 49 - Figura 56: Gráfico do diodo Zener Características do diodo Zener As características elétricas importantes do diodo Zener são: a) Tensão Zener : é a tensão que fica sobre o componente na condição de funcionamento normal; b) Potência Zener : é a potência máxima que o componente pode suportar e é dado pelo produto. P=V.I sendo Pz= Vz. Iz A tensão Zener (Vz) e a potencia Zener (Pz) máxima são dados fornecidos pelo fabricante, com isto podemos encontrar a máxima corrente Zener que ele suporta pela fórmula abaixo. Iz max = Pz (max)/ Vz Sendo que para conduzir um diodo Zener precisa de uma corrente mínima esta corrente é 10 % do valorde Iz max. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 50 - c) Coeficiente de temperatura: Devido a junções semicondutoras serem influentes por uma dependência térmica, sendo assim a tensão zener se modifica com a variação de temperatura do componente; d) Tolerância: Ela especifica a variação que pode existir entre o valor especificado e o valor real de tensão reversa. Diodo Zener Ideal O Zener ideal é aquele que se comporta como uma chave fechada para tensões positivas ou tensões negativas menores que-VZ. Ele se comportará como uma chave aberta para tensões negativas entre zero e-VZ. Veja a figura 57 abaixo. Figura 57: Zener ideal Uma segunda aproximação é considerá-lo como ideal, mas que a partir da tensão de ruptura exista uma resistência interna, como mostrada na figura 58. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 51 - Figura 58: Zener ideal aproximado Relação entre corrente e resistência no diodo Zener Na região de ruptura a corrente e a resistência Zener são inversamente proporcionais . Quando uma aumenta, a outra diminui na mesma proporção. 5.1 Regulador de tensão com Zener A maior aplicação do diodo Zener reside na regulação de tensão na saída de fontes de alimentação, para isto é necessário introduzir um resistor que limite a corrente do Zener abaixo do seu valor Maximo (Iz max ). O circuito regulador com diodo Zener deve receber na entrada uma tensão no mínimo 40% maior que o valor desejado na saída. EX: saída com 6V temos que ter na entrada de pelo menos de 8,5V. Na figura 59 temos o digrama de circuito Zener. Figura 59: Regulador Zener ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 52 - Como diodo esta em paralelo com a carga, esta assume a tensão do diodo Zener: VRL= Vz Nesta condição há corrente que circula pela carga (IL) e há corrente Zener (Iz) .Através do resistor limitador (RS) circula a soma das correntes Zener mais a corrente da carga (IL). IRS= Iz+IL Estas correntes provocam uma queda de tensão sobre o resistor (RS), cujo valor é exatamente a diferença entre tensão da entrada e a tensão do Zener: VRS= Vent.- Vz Para calcularmos o valor de Rs temos: Rs = VRS/ IRS 5.2 Condições de regulação 1) Regulação de tensão quando a tensão de entrada é variável. Com o aumento da tensão de entrada a tensão da carga permanece praticamente constante e a corrente Zener aumenta, sendo assim a corrente sobre RS aumenta também, aumentando assim a queda de tensão sobre ele e mantendo a tensão de saída fixa. Quando há redução na tensão de entrada o diodo Zener se comporta de forma inversa ,pois a resistência interna do Zener aumenta de forma que a corrente IZ diminui , diminuindo também a corrente no resistor Rs. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 53 - 2) Regulação de tensão com corrente de carga variável Quando a corrente de carga aumenta, acorrente no diodo Zener diminui por a soma Iz+ IRL é constante sendo assim E quando a corrente de carga diminui temos o inverso. 3) Regulação de tensão com corrente de carga e tensão de entrada variável: Nesta situação temos: a. As variações de tensão de entrada aparecem sobre o resistor limitador. b. As variações de corrente de carga se traduzem em variações na corrente do zener. 5.3 Reguladores monolíticos Os circuitos reguladores de tensão da série 78XX e 79XX são componentes de altíssimos grau de confiabilidade para regulara a tensão de saída de qualquer fonte. Serie 78XX = tensões positivas Serie 79XX = tensões negativas Ambos os reguladores fornecem correntes de até um amper na saída. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 54 - 5.3.1 Identificação dos pinos Na figura 60, tem-se a pinagem para cada modelo de regulador. Figura 60: Pinagem da série 78 e 79 ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 55 - Exercícios sobre o capitulo 5: 1. Qual o principal emprego do diodo zener? 2. De que fatores dependem o comportamento do diodo zener? 3. Como se comporta o diodo zener com polarização inversa menor que a tensão zener? 4. Quais são as características elétricas importantes do diodo zener? 5. O que é tensão zener? ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 56 - 6. Diodo emissor de Luz (LED) É um tipo especial de diodo semicondutor que emite luz quando é polarizado diretamente. Na figura 61 tem-se a simbologia ABNT e sua aparência física. Figura 61: LED O catodo de um diodo LED pode ser identificado por um “corte” na base do encapsulamento como mostrado na figura 61 acima. O diodo LED é muito utilizado principalmente em substituição as lâmpadas incandescentes, pois apresenta: Baixo consumo; Alta resistência a vibrações; Nenhum aquecimento; Grande durabilidade. Para acionarmos um LED basta polarizarmos diretamente em conjunto com um resistor para limitar a corrente, este resistor pode ser calculado pela expressão abaixo: Sendo: Vcc a tensão de saída da fonte ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 57 - Vf a tensão nominal de condução do diodo ( tabela do fornecedor ) If a corrente nominal de condução do diodo ( tabela do fornecedor) Cuidado com o resistor limitador, pois se mal calculado pode muitas vezes danificar o componente ou não fazer o LED acender. Para se testar um LED deve-se proceder como um teste de diodo normal. Led infravermelho A luz infravermelha é um tipo de luz não visível ao olho humano, este tipo luz é muito utilizada em circuitos como sensores. Os diodos LED de luz infravermelha funcionam como os outros, porem não se pode observar visualmente se estão ligados ou não. 6.1. Fotodiodo É um diodo com encapsulamento transparente, reversamente polarizado que é sensível a luz. Nele, o aumento da intensidade luminosa, aumenta sua a corrente reversa Quando uma energia luminosa incide numa junção pn, ela injeta mais energia aos elétrons de valência e com isto gera mais elétrons livres. Quanto mais intensa for à luz na junção, maior será corrente reversa num diodo. Na figura 62 tem-se a simbologia de um fotodiodo. Figura 62: Fotodiodo simbologia ABNT ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 58 - Exercício do capitulo 6: 1) Qual a característica fundamental de um diodo LED? 2) Como se polariza um diodo Led para que emita luz? 3) Pesquise na internet e responda? a) O que são fontes de tensão? b) O que são fontes de corrente? 4) O que são fotodiodos?ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 59 - 7. Transistor Bipolar O transistor bipolar é um componente eletrônico constituído por materiais semicondutores, capaz de atuar como controlador da corrente, o que possibilita o seu uso como amplificador de sinais ou como “interruptor eletrônico”. 7.1 Estrutura básica A estrutura básica compõe-se de duas pastilhas de material semicondutor, de mesmo tipo, entre as quais é colocada uma terceira pastilha mais fina de material semicondutor diferente, como mostrado na figura 63. Figura 63: Constituição de um transistor 7.2 Tipos Pastilhas externas de material N e pastilha interna de material P se tem a configuração NPN. E pastilhas externas de material P e interna de material N o transistor PNP. P N P 7.3 Terminais O transistor possui três terminais chamados base, coletor e emissor. Na figura 64 apresentam-se os terminais da configuração NPN e PNP bem como a simbologia ABNT aplicada. N P N ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 60 - Simbologia Figura 64: Transistores NPN e PNP A diferença entre os símbolos é apenas o sentido da seta. 7.4 Aspecto real Na figura 65 apresentam-se alguns modelos, pois há variações segundo: Fabricante; Função de montagem; Tipo de montagem; Capacidade de dissipar calor; Potencia. Figura 65: Modelos de transistores ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ 7.5 Tensões nos terminais Polarizando duas das junções temos o aparecimento de três tensões (figura 66), chamadas: VBE: base e emissor; VCB: coletor e base; VCE: coletor e emissor. Figura 66: Tensões nos terminais de um transistor Sendo: VCE= VBE+ VCB 7.6 Principio de funcionamento A aplicação de tensões externas ao transistor provoca o movimento dos elétrons livres e das lacunas no interior da estrutura cristalina, que origina três correntes, demonstrados na figura 67. Figura 67: Correntes na polarização de um transistor ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 62 - IB: corrente de base (é provocada pela aplicação de um potencial VBE ao transistor). Esta corrente é muito baixa porque se deve à recombinação de portadores na base; IC: corrente de coletor (a corrente de coletor é muito maior que a corrente de base); IE: Corrente de emissor (a corrente de base e a corrente de coletor vêm da corrente de emissor) e é definida pela fórmula: IE= IB+ IC 7.7 O controle da corrente de base sobre a corrente de coletor A principal característica do transistor reside no fato de que a corrente de base (pequena) exerce um controle sobre a corrente de coletor (grande). IB aumenta ========= Ic aumenta IB diminui ========= Ic diminui 7.8 Ganho de corrente A corrente controlada Ic e a corrente que controla Ib pode se relacionar entre si.O resultado desta relação é denominado de ganho de corrente continua entre base e coletor, representado pela letra grega β (beta) ou hfe em corrente continua. Calculada pela expressão abaixo Obs.: o transistor não gera corrente, atuam apenas controlando a quantidade de corrente fornecida pela fonte de alimentação. 7.9 Circuito coletor Na maioria dos casos o coletor do transistor é conectado a fonte de alimentação através de um resistor chamado de Rc.Este resistor fecha a malha por onde passa a corrente Ic, como demonstrado na figura 68. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 63 - Figura 68: Circuito do resistor Rc Pela lei de Kirchhoff a soma das quedas de tensão é igual à tensão aplicada aos seus extremos. Sendo Vcc fornecido pela bateria, ela se divide em duas uma VRc (sobre Rc) e outra entre coletor e emissor (Vce). Vcc= Vce + VRc e Vce= Vcc - VRc Pela lei de Ohm temos que: VRc= Rc .Ic ( sendo Ic = Ib. β ) Obs: a queda de tensão no resistor de coletor é proporcional a corrente de coletor. 7.10 Configuração de ligação do transistor Como o transistor não tem 4 terminais, sua ligação aos circuitos é feita de forma que um dos terminais seja comum a entrada e a saída. Nas figuras 69, 70 e 71 demonstram cada modelo de polarização existente. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 64 - Emissor comum Figura 69: Emissor comum Base comum Figura 70: Base comum Coletor comum Figura 71: Coletor comum 7.11 Curva característica São gráficos obtidos através de medidas elétricas no transistor em vários circuitos sob condições de tensão e corrente controlada. Realizadas pelo fabricante. As curvas características do transistor são fornecidas na configuração de ligação em emissor comum. Temos duas curvas características uma de entrada (parâmetros Vbe e Ib) e outra de saída (parâmetros Vce e Ic). Exemplificada na figura 72 a seguir. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 65 - Figura 72: Curva característica de um transistor qualquer Acima temos um exemplo da curva de saída de um transistor, aonde se relacionam os parâmetros Ib , Vce e Ic. 7.12 Reta de carga Dispondo de valores de como tensão de alimentação e o valor de Rc, traçamos a reta de carga, que mostra o comportamento do transistor em um circuito. Para traçarmos a reta de carga utiliza-se dois pontos: Ponto de corte: Sem corrente de base; Vce = Vcc e Ic = 0 Ponto de saturação: a corrente de coletor assume o seu valor máximo, como se o resistor Rc estivesse ligado diretamente à fonte de alimentação. Obs: Os pontos de corte e saturação dependem dos valores de Rc e Vcc Após traçada a reta de carga pode-se encontrar Vce , VRc e Ic para cada corrente de base aplicada, demonstrado na figura 73. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 66 - Figura 73: Exemplo de reta de carga 7.13 Ponto quiescente Ponto quiescente ou ponto de operação é a denominação dada ao conjunto de valores de tensão e corrente que se estabelece automaticamente em um circuito a partir da sua alimentação, ou seja, determina a condição normal de funcionamento. Sem o ponto quiescente (Q) bem escolhido o funcionamento de qualquer circuito estará prejudicado. O ponto quiescente pode ser localizado em qualquer posição do gráfico, mas a maioria dos circuitos este ponto fica no meio da reta de carga. A partir da localização do ponto quiescente temos os valores da malha de coletor (VecQ, VRcQ e IcQ) [ o “Q” é de quiescente, ou seja, retirado do gráfico] 7.14 Polarização da Base por corrente constante Consiste na obtenção da corrente de base IbQ (se obtêm diretamente do gráfico) para colocar o transistor no ponto de corte ou saturação ideal para funcionamento do circuito. Na figura 74 tem-se um exemplo desta configuração de circuito. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica- 67 - Figura 74: Polarização da base por corrente constante O valor de Rb é determinado por: Como a curva característica é apenas uma representação de um grupo de componentes muitas vezes temos que ajustar o valor de Rb manualmente. Aumenta Rb se Vce estiver muito baixo Diminui Rb se Vce estiver muito alto. 7.15 Polarização de base por divisor de tensão Coloca-se uma tensão Vbe ao transistor para o funcionamento no ponto de operação como mostrado na figura 75. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 68 - Figura 75: Polarização por divisor de tensão O resistor Re é para melhorar a estabilidade térmica. Sendo as fórmulas para o calculo descritas abaixo: Da mesma forma muitas vezes temos que modificar manualmente os valores dos componentes. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 69 - Para diminuir VceQ (aumentar IcQ) pode-se : - Aumentar Rb2; - Diminuir Rb1. Para aumentar VceQ (diminuir IcQ) pode-se: - aumentar Rb1; - diminuir Rb2. Dica Para polarizarmos rapidamente um transistor em um projeto eletrônico podemos utilizar as formulas abaixo: ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 70 - ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 71 - Exercícios do capitulo 7: 1) Defina o que é um transistor bipolar? 2) Cite as duas funções básicas do transistor. 3) Qual é a estrutura básica de um transistor? 4) Quais são os tipos de transistores bipolares? 5) Como se determina os três terminais de um transistor? 6) Desenhe os dois tipos de transistor bipolares, identificando os seus tipos e os seus terminais. 7) Como podemos testar um transistor PNP com o multímetro digital? 8) Quais são os três tipos básicos de configurações de montagem dos transistores? 9) Quais são as correntes que circulam em um transistor? 10) Por que polarizamos o transistor? 11) Qual é a formula da corrente Ie num transistor? 12) Qual é a formula da tensão Vce num transistor? 13) Qual é o valor típico de Vbe?(em Volts). 14) O que significa o β, e qual é a sua formula? 15) O que é o ponto quiescente? 16) Explique o que é corte e saturação num transistor? 17) Dado os circuitos abaixo calcule o que se pede: a) Ache: Ib , Ic ,Ie Vcb e Vce. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 72 - b) Calcule Rb1, Rb2, Re e Rc. ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 73 - 8. Amplificação de sinais elétricos Denomina-se sinal elétrico qualquer variação de tensão ou corrente através da qual se conduz uma informação como exemplificado na figura 76. Figura 76: Exemplo de sinal elétrico Os sinais elétricos podem se apresentar como variações de tensão, corrente ou como variação sobre um nível de tensão ou corrente continua, mostrado na figura 77. Figura 77: Tipos de sinais elétricos ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 74 - 8.1. Amplificação É um processo que visa aumentar a intensidade (amplitude) de um sinal elétrico sem alterar a sua freqüência e na maioria dos casos, sem alterar a sua forma. Este processo pode ser melhor entendido na figura 78. Figura 78: Processo de amplificação 8.2. Amplificador e estágio amplificador O termo amplificador define todo o conjunto de componentes e circuitos que realizam a amplificação de um sinal. Não é possível amplificar um sinal 1000 ou 2000 vezes diretamente por limitações práticas. A amplificação é feita parceladamente , figura 79, através de uma serie de circuitos que realizam amplificações sucessivas sobre o sinal. Cada um dos circuitos que realizam uma parcela da amplificação chama-se “estágio amplificador”. Figura 79: Estágios amplificadores ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 75 - 8.3 Ganho de um amplificador O ganho de um amplificador define quantas vezes o sinal é amplificado por este estágio. É a relação direta entre o sinal presente na saída e sinal aplicado na entrada. Como demonstrado na equação abaixo: 8.4 Tipos de estágios amplificadores Os estágios amplificadores podem ser de três tipos: a) Estágio amplificador de tensão: Consiste em aumentar a amplitude de tensão dos sinais (tem pequena corrente de funcionamento); b) Estágio amplificador de corrente: Destinam-se a fornecer grandes variações de corrente; c) Estágio amplificador de potencia: Tem ganho de tensão de 2 à 5 vezes alem de um ganho de corrente. 8.5 Configurações de circuitos com transistores a) Estágio amplificador em emissor comum Este tipo de circuito amplificador proporciona alto ganho de tensão e de corrente, empregando para isto um transistor na configuração emissor comum mostrado na figura 80. Figura 80: Estágio amplificador em emissor comum ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 76 - As variações de corrente no coletor é uma versão amplificada e em fase com as variações da corrente de sinal. Já as variações de tensão de coletor é uma versão amplificada e defasada 180 ° da tensão de sinal.Na figura 81 demonstra as correntes de polarização desta configuração. Figura 81: Polarização emissor comum Funcionamento com sinal de entrada positivo : Funcionamento com sinal de entrada negativo: b) Estágio amplificador em base comum: ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 77 - É o tipo de circuito amplificador que proporciona um alto ganho de tensão, empregando um transistor ligado na configuração de base comum mostrado na figura 82. Figura 82: Estágio amplificador em base comum As variações de corrente estão defasadas 180 ° em relação ao sinal de entrada. As variações da tensão de coletor estão em fase com as variações do sinal de entrada.No desenho 83 apresenta-se um diagrama desta configuração. Figura 83: Diagrama de um amplificador de base comum A impedância de entrada do amplificador de base comum é baixa e a de saída é alta devido aos capacitores de acoplamento de entrada e saída. A corrente de entrada é a corrente de emissor e corrente de saída e acorrente de coletor. O ganho de tensão pode se considerado alto (dezenas ou centenas de vezes), são utilizados em circuitos de alta freqüência como os de telecomunicações. c) Estágio amplificador em coletor comum ELETRÔNICA ANALÓGICA ______________________________________________________________________ Prof. Rodrigo Baryczka de Mello Eletrônica Analógica - 78 - É um tipo de circuito que proporciona alto ganho de corrente e ganho de tensão unitário. Demonstrado na figura 84. Figura 84: Estágio amplificador
Compartilhar