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APOSTILA DE CONSTITUCIONAL - 2º bimestre

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Monitora: Clara Martins Cerci 
Email: clara_cerci@outlook.com 
Celular: (44)99868-2169 
 
1. OBJETIVOS DO ESTADO BRASILEIRO (art. 3º) 
Além dos fundamentos da República Federativa do Brasil, o constituinte 
de 1988 explicitou no art. 3º de nossa Carta Política, os objetivos fundamentais 
a serem seguidos pelo Estado brasileiro. Os objetivos fundamentais consistem 
em algo exterior a ser perseguido na medida possível. 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa 
do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional (entende-se aqui como 
desenvolvimento); 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais; 
Constata-se que esses objetivos têm em comum assegurar a igualdade 
material entre os brasileiros, possibilitando a todos iguais oportunidades para 
alcançar o pleno desenvolvimento de sua personalidade, bem como para 
autodeterminar e lograr atingir suas aspirações materiais e espirituais, 
condizentes com a dignidade inerente a sua condição humana.
A construção de uma sociedade justa e solidária – princípio da 
solidariedade – e a busca pela redução das desigualdades sociais e regionais 
estão associadas à concretização do princípio da igualdade, em seu aspecto 
substancial – igualdade material. Nesse sentido, legitimam a adoção de 
políticas afirmativas por parte do Estado. 
A promoção do bem de todos, sem quaisquer formas de preconceito e 
discriminação, está diretamente relacionada à proteção e promoção da 
dignidade da pessoa humana e ao respeito às diferenças, como exigência do 
pluralismo. 
mailto:clara_cerci@outlook.com
A erradicação da pobreza é uma das muitas concretizações do princípio 
da dignidade da pessoa humana, por estar indissociavelmente relacionada à 
promoção de condições dignas de vida. O rol de objetivos fundamentais 
constante do art. 3º, CF é apenas exemplificativo. 
 
2. PRINCÍPIOS DE ORDEM INTERNACIONAL 
Este artigo estabelece como o Brasil deve se comportar perante os outros 
Estados. 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações 
internacionais pelos seguintes princípios: 
 I - independência nacional; 
 II - prevalência dos direitos humanos; 
 III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a 
integração econômica, política, social e cultural dos povos da América 
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de 
nações. 
José Afonso da Silva identifica quatro inspirações para este rol de 
princípios que devem reger um Estado brasileiro em suas relações 
internacionais: a de caráter nacionalista, expressa nas ideias de 
independência nacional, de autodeterminação dos povos, de não intervenção e 
de igualdade entre os Estados; a de caráter internacionalista, revelada na 
determinação de prevalência dos direitos humanos e de repúdio ao terrorismo 
e ao racismo; a de caráter pacifista, exteriorizada nos dispositivos que 
determinam a defesa da paz, de solução pacifica dos conflitos e a concessão 
de asilo político; e a de caráter comunista, observada nas ideias de 
cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e no estímulo à 
formação de uma comunidade latino-americana de nações. 
→Princípio da independência nacional: O dispositivo que consagra a 
soberania nacional como um dos fundamentos da República Federativa do 
Brasil (art. 1º, I, CF) refere-se exclusivamente ao Estado brasileiro, tanto em 
sua relação com os outros Estados e organismos na ordem internacional, 
quanto no que se refere a sua supremacia perante os cidadãos na ordem 
interna. Já o que contempla a independência como um dos princípios que 
regem o Brasil em suas relações internacionais deve ser compreendido como 
uma norma que impõem ao Estado brasileiro não apenas o dever de atuar no 
plano internacional de modo compatível com sua própria soberania, mas, 
sobretudo, o dever de respeito à independência dos demais Estados 
soberanos; 
→Princípio da prevalência dos direitos humanos: impõe ao Estado 
brasileiro deveres no âmbito interno e externo. Internamente, impõem não 
apenas a plena integração dos tratados e convenções internacionais de direitos 
humanos ao ordenamento jurídico pátrio, mas também a devida observância 
das normas consagradas desses direitos. No plano internacional, exige o 
engajamento no processo de elaboração de normas protetivas dos direitos 
humanos, bem como o dever de adotar posições políticas e jurídicas contrárias 
aos Estados que não os respeitam; 
→Princípio da autodeterminação dos povos: impõe o dever de respeito 
ao direito que todas as nações possuem de definir o próprio sistema político e 
de escolher o modo mais adequado para seu desenvolvimento econômico, 
social e cultural; 
→Princípio da não intervenção: impõe ao Estado brasileiro um dever de 
abstenção, que o impede de intervir, direta ou indiretamente, em assuntos 
internos ou externos de outros países. A vedação constitucional abrange tanto 
intervenções militares, com interferências no plano político, econômico e 
cultural; 
→Princípio da igualdade entre os Estados: impõe ao Brasil a adoção, 
no plano internacional, de posições e medidas que favoreçam o igual 
tratamento jurídico a todos os Estados soberanos; 
→Princípio da defesa da paz: impõe dois deveres de natureza distinta: o 
de caráter negativo exige que o Estado brasileiro se abstenha de provocar 
conflitos armados; e de caráter positivo exige a adoção de medidas voltadas ao 
restabelecimento ou à manutenção da paz; 
→Princípio da solução pacífica dos conflitos: exige que, na maior 
medida possível, o Estado brasileiro busque resolver suas contendas internas e 
externas sem o uso da força e apoie a adoção de medidas não coativas para a 
resolução de controvérsias internacionais; 
→Princípio do repúdio ao terrorismo e ao racismo: o princípio opera 
no sentido de impor a adoção de posturas, no plano internacional, voltadas a 
combater esses tipos de práticas e de impedir que sejam firmadas relações 
políticas ou comerciais com países que estimulem ou não adotem medidas 
para combatê-las; 
→ Princípio da integração latino-americana: impõe ao Estado brasileiro 
a adoção de medidas de natureza econômica, politica, social e cultural voltadas 
à formação de uma comunidade de nações da América Latina. 
 
 
DIREITOS FUNDAMENTAIS 
1. CONCEITO 
Os primeiros direitos fundamentais têm o seu surgimento ligado à 
necessidade de se impor limites e controles aos atos praticados pelo Estado e 
suas autoridades constituídas. Nasceram, pois, como uma proteção à liberdade 
do indivíduo frente à ingerência abusiva do Estado. Exigiram um não fazer do 
Estado em respeito à liberdade individual, assim, são denominados direitos 
negativos, liberdades negativas ou direitos de defesa. 
A noção de direito fundamentais vem desde a antiguidade, eles eram 
universais e teórico-naturais, uma vez que não havia uma declaração de 
direito. 
A expressão máxima dos direitos humanos são os valores adquiridos do 
cristianismo, pois se apropriou de uma série de tradições e cultos, na qual se 
tornou a expressão máxima de Roma, dizendo que todos eram iguais 
independentemente das diferenças. Alguns indivíduos diziam ainda que os 
Direitos Humanos veio de Deus e outros que é inerente à condição humana. 
Em um segundo momento esses Direitos Fundamentais passaram a ser 
escritos, porém cada país fazia sua própria declaração, deixando de ser 
universal e passando a ser nacional e positivo, uma vez que passou a ser 
declarado por escrito. 
Em 1948 houve a Declaração Universal dos Direitos Humanos,declarada 
pela ONU (Organização das Nações Unidas), a partir disso os Direitos 
Fundamentais passaram a ser universais e positivos. A Declaração da ONU 
é universal porque há um consenso da humanidade, e, por conseguinte vale 
para qualquer pessoa e qualquer lugar. 
A ONU pode invadir um país para que esses direitos sejam respeitados, 
os exércitos da ONU é o exército da paz. 
De acordo com Ingo Sarlet, existem três expressões para definir esses 
Direitos, são eles: 
a) Direitos dos homens: São os direitos universais e teórico-naturais, é 
um termo que surgiu na França, por causa da Declaração de Direito do Homem 
e Cidadão em 1789, sec. XVIII. O problema dessa definição é que nesse caso 
deveríamos ter então Direitos das mulheres, das crianças, dos idosos, etc; 
b) Direitos Humanos: São os direitos universais e positivos, é o termo 
usado na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. O problema 
dessa definição é que todos os direitos são humanos e por isso não tem o 
porquê falar em direitos humanos; 
c) Direitos Fundamentais: São os direitos nacionais e positivos. É a 
melhor expressão para ser usada, pois existem direitos que não são 
fundamentais e outros que são. Os direitos fundamentais são aqueles 
indispensáveis a uma vida digna. A relação de direitos é infinita, mas os 
recursos são escassos, sendo assim os direitos fundamentais são o direito à 
vida, à igualdade, à propriedade, à liberdade, à integridade física, etc. 
O conceito de Direitos Fundamentais muda de país para país, de tempo 
em tempo, não podemos julgar um país com valores de outro país. 
De acordo com Alexandre de Moraes Direitos Fundamentais é o 
conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que tem por 
finalidade básica o respeito a sua dignidade por meio de sua proteção contra o 
arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições mínimas devidas e 
de desenvolvimento da personalidade jurídica. 
Para Norberto Bobio os Direitos Fundamentais representam a concreção 
histórica do princípio da dignidade da pessoa humana. O problema aqui não é 
declarar esses direitos, mas sim concretizá-los. 
 
2. CLASSIFICAÇÃO 
José Afonso da Silva classifica os Direitos Fundamentais em cinco 
espécies, são eles: 
a) Direitos individuais/liberdades civis: são aqueles que reconhecem 
autonomia aos particulares, garantido iniciativa e independência aos indivíduos 
diante dos demais membros da sociedade política e do próprio Estado. Assim, 
essa espécie garante nossa individualidade e a autonomia que o indivíduo tem 
em relação ao Estado e aos outros indivíduos (locomoção, propriedade, 
integridade física, liberdade, etc.); 
b) Direitos nacionais: são os que têm por conteúdo e objeto a definição 
da nacionalidade e suas faculdades; 
c) Direitos Políticos: direito de eleger e ser eleito, é o homem enquanto 
cidadão; 
d) Direitos Sociais: constituem os direitos assegurados ao homem em 
suas relações sociais e culturais (saúde, educação, cultura, assistência social, 
desporto, etc.); 
e) Direitos Coletivos: são alguns direitos que são individuais, mas só 
conseguem exercer em grupo (greve, associação, direitos eleitorais, reunião, 
partido politico, etc.). 
 
3. DESTINATÁRIOS – ART. 5º, CF 
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:” 
Os direitos fundamentais surgiram tendo como titulares as pessoas 
naturais, haja vista que, na sua origem, representam limitações impostas ao 
Estado em favor do indivíduo. 
Com o tempo, os ordenamentos constitucionais passaram a reconhecer 
direitos fundamentais das pessoas jurídicas. Modernamente, as Constituições 
asseguram, ainda, direitos fundamentais às pessoas estatais, isto é, o próprio 
Estado passou a ser considerado titular de direitos fundamentais. 
Não significa afirmar, porém, que todos os direitos fundamentais têm 
como titulares as pessoas naturais, as pessoas jurídicas e as pessoas estatais. 
Há direitos fundamentais que podem ser usufruídos por todos, mas há direitos 
restritos a determinadas classes. 
Em síntese os destinatários são todos aqueles que dependem do 
ordenamento jurídico. 
 
4. DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
Essa diferença é para José Joaquim G. Canotilho e Jorge Miranda 
 
 
Percebe-se assim, que o direito à vida corresponde à garantia de vedação 
à pena de morte; o direito à liberdade de locomoção corresponde à garantia do 
habeas corpus; o direito à liberdade de manifestação do pensamento, a 
garantia da proibição da censura, etc. 
Enfim, os direitos fundamentais são bens jurídicos em si mesmos 
considerados, conferidos às pessoas pelo texto constitucional, enquanto as 
garantias são os instrumentos por meio dos quais é assegurado o exercício 
desses direitos, bem como a devida reparação, nos casos de violação. 
Algumas definições importantes de exemplo de garantias fundamentais: 
DIREITOS 
Bens em si 
mesmo 
considerados 
São principais 
São declarados 
São individuais ou 
coletivos 
Representam um 
fim 
GARANTIAS 
Não são um fim 
em si mesmo 
São acessórios 
São estabelecidos 
Representa um 
meio 
a) Habeas Corpus: instrumento utilizado para garantir o direito de 
locomoção; 
b) Habeas Data: instrumento utilizado para garantir o direito de 
informação; 
c) Mandado de segurança: instrumento utilizado para garantir outros 
direitos que não sejam de locomoção e informação; 
d) Mandado de injunção: instrumento utilizado para garantir direitos 
constitucionais que ainda não foram regulamentados; 
e) Ação popular: instrumento para garantir os direitos difusos e coletivos. 
 
José Afonso da Silva divide as garantias fundamentais em duas: 
a) Garantias gerais: são aquelas destinadas a assegurar a existência e a 
efetividade daqueles direitos, as quais se referem à organização da 
comunidade política, e que poderíamos chamar condições econômicas – 
sociais, culturais e políticas que favorecem os exercícios dos direitos 
fundamentais, tratam-se da estrutura de uma sociedade democrática, que 
conflui para a concepção do Estado Democrático de Direito. Resumindo, é a 
própria condição econômica e social do Estado; 
b) Garantias constitucionais: consistem nas instituições, determinações 
e procedimentos mediante os quais a própria Constituição tutela a observância 
ou, em caso de inobservância, a reintegração dos direitos fundamentais, ou 
seja, são aquelas garantias escritas na Constituição, elas ainda podem ser de 
dois tipos: 
b.1) Garantias constitucionais gerais: são instituições constitucionais 
que se inserem no mecanismo de freios e contrapesos dos poderes e, assim, 
impedem o arbítrio com o que constituem, ao mesmo tempo, técnicas de 
garantia e respeito aos direitos fundamentais; são garantias gerais 
precisamente porque consubstanciam salvaguardas de um regime de respeito 
à pessoa humana em toda sua dimensão, aqui verificamos que se trata de uma 
limitação que é feita ao Estado; 
b.2) Garantias constitucionais especiais: são prescrições 
constitucionais estatuindo técnicas e mecanismos que, limitando a atuação dos 
órgãos estatais ou de particulares, protegem a eficácia, a aplicabilidade e a 
inviolabilidade dos direitos fundamentais de modo especial, ou seja, são 
técnicas preordenadas com o objetivo de assegurar a observância desses 
direitos considerados em sua manifestação isolada ou em grupos. Nessa 
classificação estamos nos referindo aos remédios constitucionais. 
 
 
DIMENSÕES/GERAÇÕES DE DIREITOS 
 
1ª GERAÇÃO 2ª GERAÇÃO 3ª GERAÇÃO 
Liberdade Igualdade Fraternidade 
Direitos negativos (não agir) Direito as prestações 
Direitos civis e políticos: 
liberdade política, de 
expressão, religiosa e 
comercial. 
Direitos sociais, 
econômicos e culturais.Direito ao desenvolvimento, ao 
meio ambiente sadio, direito à 
paz. 
Direitos individuais Direitos de uma 
coletividade 
Direitos de toda a humanidade 
Estado liberal Estado social e Estado democrático e social 
 
Os direitos fundamentais não surgiram simultaneamente, mas sim em 
períodos distintos, conforme a demanda de cada época. A consagração 
progressiva e sequencial nos textos constitucionais deu origem às chamadas 
gerações de direitos fundamentais. 
O lema revolucionário do século XVIII (liberdade, igualdade e 
fraternidade) inspirou esta classificação baseada no conteúdo e na sequência 
histórica de surgimento dos direitos fundamentais nos textos das constituições. 
 
1. PRIMEIRA GERAÇÃO 
Compreende as liberdades negativas (não agir do Estado) clássicas, que 
realçam o princípio da liberdade que surgiram com as primeiras constituições 
escritas, cujos textos consagraram os direitos civis e políticos. Nas revoluções 
liberais ocorridas no final do sec. XVIII, a principal reivindicação da burguesia 
era limitação dos poderes do Estado em prol do respeito às liberdades 
individuais. 
Essa geração representa uma resposta do Estado Liberal ao Estado 
Absoluto. Dominaram todo o sec. XIX, haja vista que os direitos de segunda 
geração só floresceram no sec. XX. 
Exemplos de direitos de 1ª geração: direito à vida, à liberdade, à 
propriedade, à liberdade de expressão, à participação política e religiosa, entre 
outros. 
Após a Revolução Francesa, em 1789, surgiu a ideia de que somos todos 
iguais perante a lei e que não há privilégios, foi assim que surgiram os direitos 
citados acima. Dessa forma, observa-se que a Revolução Francesa serviu de 
marco histórico para o surgimento do Estado Liberal, na qual este deixa de 
interferir na vida dos indivíduos. 
O afastamento do Estado em relação à sociedade leva a uma crise, a 
“Questão Social”, na qual a classe com maior poder começou a explorar as 
classes com menos poderes. 
A solução pacífica para a crise veio com as ideias da igreja. A 
Constituição de 1934 foi inspirada pela Constituição de 1919 da Alemanha, a 
nossa Constituição de 1934 chamou o Estado para intervir na sociedade de 
novo. 
Obs: A frase “ORDEM E PROGRESSO” é uma frase liberal. 
 
2. SEGUNDA GERAÇÃO 
Os direitos de segunda geração identificam-se com as liberdades 
positivas, reais ou concretas, e acentuam o princípio da igualdade entre os 
homens (igualdade material). São os direitos econômicos, sociais e culturais. 
Foram os movimentos sociais do sec. XIX que ocasionaram, no início do 
sec. XX, o surgimento da segunda geração de direitos fundamentais, 
responsável pela gradual passagem do Estado liberal, de cunho individualista, 
para o Estado Social, centrado na proteção dos hipossuficientes e na busca de 
igualdade material entre os homens (não meramente formal, como se 
assegurava no liberalismo). 
Os direitos fundamentais de segunda geração correspondem aos direitos 
de participação, sendo realizados por intermédio da implementação de políticas 
e serviços públicos, exigindo do Estado prestações sociais, tais como saúde, 
educação, trabalhos, habitação previdência social, assistência social, entre 
outras. São, por isso, denominados direitos positivos, direitos do bem-estar, 
liberdades positivas ou direitos dos desamparados. 
Surgem os direitos coletivos (idosos, crianças, estudantes, doentes, etc). 
O problema desse Estado é que as necessidades são ilimitadas e os recursos 
são escassos, foram exigindo muito do Estado e ele começou a não dar conta 
e começa a quebrar. 
 
3. TERCEIRA GERAÇÃO 
Os direitos de terceira geração consagram os princípios da solidariedade 
e da fraternidade. São atribuídos genericamente a todas as formações sociais, 
protegendo interesses de titularidade coletiva ou difusa. São exemplos o direito 
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, à defesa do consumidor, à paz, 
à autodeterminação dos povos, ao patrimônio comum da humanidade, ao 
progresso e desenvolvimento, entre outros. 
Os direitos fundamentais de terceira geração não se destinam 
especificadamente à proteção dos interesses individuais, de um grupo ou de 
um determinado Estado. Sua titularidade é difusa, visam a proteger todo o 
gênero humano, de modo subjetivamente indeterminado. Representam uma 
nova e relevante preocupação com as gerações humanas, presentes e futuras, 
expressando a ideia de fraternidade e solidariedade entre os diferentes povos e 
Estados soberanos. 
Assim, surgiu o Estado Democrático de Direito que procurou unir o que 
era bom do Estado liberal com o que era bom do Estado social. 
 
4. QUARTA GERAÇÃO 
Os direitos fundamentais de quarta geração compendiam o futuro da 
cidadania e correspondem à derradeira fase de institucionalização do Estado 
Social, sendo imprescindíveis para a realização e legitimidade da globalização 
política, responsável por introduzir, no âmbito jurídico, os direitos à democracia, 
à informação e ao pluralismo. 
A incorporação de novas gerações de direitos fundamentais revela o 
caráter dinâmico de sua trajetória histórica – evolutiva, ainda que, em essência, 
esses novos direitos guardem uma ligação mais ou menos com os três valores 
tradicionais (liberdade, igualdade e fraternidade). 
Alguns autores dizem em direitos fundamentais de quinta geração, mas 
isso não é sólido. 
 
RESUMÃO 
 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS – José Afonso da Silva 
1. Historicidade: O que justifica a existência desses direitos podem ser 
motivos religiosos, filosóficos, mas dizem que os direitos são conquistas históricas 
em que o ser humano lutou por eles. Os direitos fundamentais são históricos porque 
surgem em determinado momento e vão se desenvolvendo; 
2. Inalienabilidade: por não possuírem conteúdo patrimonial, os direitos 
fundamentais são intransferíveis, inegociáveis e indisponíveis; 
3. Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não desaparecem pelo 
decurso do tempo; 
Classificação dos 
Direitos 
Fundamentais 
1ª GERAÇÃO 
- final do sec. XVIII 
- Estado liberal 
- Direitos negativos 
- Liberdades 
- Direitos civis e políticos 
2ª GERAÇÃO 
- Início do se. XX 
- Estado social 
- Direitos positivos 
- Igualdade 
- Direitos sociais, econômicos e culturais 
 
3ª GERAÇÃO 
- Sec. XX 
- Fraternidade 
- Direito ao meio mbiente, à 
paz, ao progresso, à defesa 
do consumidor, etc 
4. Irrenunciabilidade: os direitos fundamentais não podem ser renunciados, 
mesmo que eu não o exerça. 
 
Alexandre de Moraes não fala sobre a historicidade, mas fala da 
inalienabilidade, imprescritibilidade e irrenunciabilidade. Ele ainda acrescenta mais 
seis características, são elas: 
5. Inviolabilidade: não podem ser desrespeitados por normas ou atos 
administrativos. O Estado não pode violar os direitos fundamentais; 
6. Universalidade: devem abranger todos os indivíduos, independentemente 
de sua nacionalidade, sexo, raça, credo ou convicção política-filosófica. Deve – se 
fazer uma ressalva aqui, uma vez que em alguns casos os direitos fundamentais não 
se aplicam a todas as pessoas, como é o caso, por exemplo, dos direitos 
trabalhistas (aplicam-se somente aos trabalhadores) e o caso da licença 
maternidade (aplicam-se só as mães); 
7. Efetividade: a atuação do Poder Público deve ter por escopo garantir a 
efetivação dos direitos fundamentais; 
8. Complementariedade: os direitos fundamentais não devem ser 
interpretados isoladamente, mais de forma conjunta com a finalidade de alcançar os 
objetivos previstos pelo legislador constituinte; 
9. Interdependência: as várias previsões constitucionais, apesar de 
autônomas, possuem diversas intersecções para atingirem suas finalidades; assim, 
a liberdade de locomoção está intimamente ligada à garantia do habeas corpus, bem 
como a previsão de prisão somente por flagrante delito ou por ordem da autoridade 
policial; 
10. Relatividade ou limitabilidade:os direitos fundamentais não têm natureza 
absoluta. 
 
 
 
 
DIFERENÇA ENTRE NORMA, PRINCÍPIO E REGRA 
1. DIFERENÇA 
Canotilho diz que a norma é o geral, ou seja, os princípios e as regras são 
espécies. O princípio não resolve um caso concreto, ele auxilia na elaboração 
de normas e age posteriormente para a interpretação da norma. As regras por 
outro lado trazem um comando normativo, ou seja, obriga, permite ou proíbe. 
Assim, vamos às diferenças entre princípio e regra. 
a) Grau de abstração: os princípios são mais abstratos e as regras são 
concretas; 
b) Grau de determinabilidade: a regra possui um grau de 
determinabilidade maior que a do princípio, uma vez que a regra é aplicada 
diretamente ao caso concreto já o princípio é aplicado indiretamente ao caso 
concreto mediatizado pela regra, que é interpretada pelo princípio; 
c) Caráter de fundamentabilidade no sistema de fontes do direito: 
princípio é o fundamento do nosso sistema jurídico, ele sustenta as leis, e é 
dele que partimos para a elaboração do sistema jurídico que contém as regras; 
d) Aproximidade com a ideia de direito (Justiça): os princípios estão 
mais próximos da ideia de direito/justiça (princípio da dignidade da pessoa 
humana, princípio da igualdade). A regra não está próximo da ideia de justiça, 
Direitos 
Fundamentais 
HISTORICIDADE 
INALIENABILIDADE 
IMPRESCRITIBILIDADE 
IRRENUNCIABILIDADE 
INVIOLABILIDADE 
UNIERSALIDADE 
EFETIVIDADE 
COMPLEMENTARIEDADE 
INTERDEPENDÊNCIA 
RELATIVIDADE/LIMITABILID
ADE 
uma vez que algumas regras podem ser justas ou distorcidas. O princípio 
sempre vai ser bom e positivo, já a regra pode ser boa ou ruim; 
e) Natureza normogenética: normo – norma genética. É o princípio que 
produz novas normas e, por conseguinte tem natureza normogenética. O 
princípio tem natureza prospectiva, ou seja, vai ser tornando mais eficaz com o 
passar do tempo e conforme cria mais normas; 
 
Canotilho apresenta ainda mais três diferenças, porém diferenças 
qualitativas são elas: 
a) A regra ou ela é observada ou não é observada (exemplo: placa que 
proíbe pisar na grama, ou eu piso e desrespeito à regra ou não piso e observo 
a regra), já o princípio ele tem vários graus de concretização, pois ele pode ser 
mais ou menos respeitado (por exemplo, se levarmos em conta a condição 
social e financeira de uma pessoa); 
b) Os princípios ainda que contraditórios convivem entre si, ou seja, se 
harmonizam. As regras que estiverem em conflito se excluem, nesse caso deve 
– se aplicar o princípio da aplicabilidade e deve fazer um balanço de valores e 
interesses (exemplo: duas placas em uma grama, uma dizendo que é permitido 
pisar na grama e outra que proíbe); 
c) Os princípios envolvem problemas de validade e peso, se o princípio é 
válido devemos discutir o seu peso no caso concreto, uma vez que em alguns 
caso vamos dar mais peso para um princípio do que para o outro, como é o 
caso, por exemplo, do autor que faz uma bibliografia de alguém (qual princípio 
pesa mais: princípio da liberdade de expressão ou o princípio que diz respeito à 
honra e a imagem). As regras por outro lado só envolvem problema de 
validade ou você aplica a regra ou não aplica, e claro se estiver de acordo com 
a Constituição, assim como o princípio (exemplo: multa por excesso de 
velocidade, ou aplica ou não). 
 
RESUMÃO 
 
 
2. ORDEM JURÍDICA E O SUBSISTEMA DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS 
O ordenamento jurídico é um conjunto de princípios e regra, mas dentro 
do ordenamento jurídico existe um subsistema dos direitos fundamentais. 
Os direitos fundamentais formam um subsistema com regras e princípios 
específicos. 
a) Princípios axiológicos supremos: seriam os princípios MAIS 
principais (liberdade, igualdade e fraternidade). 
A liberdade ela pode ser pública ou privada. Aquela é a nossa autonomia 
em relação ao Estado, é o direito de autogoverno, o Estado não pode obrigar 
você a fazer nada, salvo em virtude de lei (essa lei deve ser democraticamente 
criada). Já a liberdade privada é aquela em que contém os instrumentos que a 
CF prevê que servem de proteção contra as interferências do Estado 
(propriedade, religião, liberdade de expressão, etc); 
O princípio da igualdade se divide em igualdade forma e material. Aquela 
diz respeito à igualdade prevista em lei, ou seja, todos são iguais perante a lei 
e sem privilégios. A igualdade material é aquela em devemos tratar os iguais 
de maneira igual e os desiguais desigualmente não proporção de sua 
desigualdade. 
PRINCÍPIOS 
ABSTRATO 
MENOR GRAU DE 
DETERMINABILIDADE 
FUNDAMENTO DO 
ORDENAMENTO JURÍDICO 
ESTÃO MAIS PRÓXIMOS DA 
IDEIA DE DIREITO/JUSTIÇA 
PRODUZ NOVAS NORMAS 
VÁRIOS GRAUS DE 
CONCRETIZAÇÃO 
QUANDO CONTRADITORIOS 
NÃO SE EXCLUEM 
ENVOLVEM VALIDADE E PESO 
REGRAS 
CONCRETO 
MAIOR GRAU DE 
DETERMINABILIDADE 
SURGE DOS PRINCÍPIOS 
ESTÃO MIAS LONGE DA IDEIA 
DE DIREITO/JUSTIÇA 
É AS NORMS NOVAS 
SOMENTE UM GRAU DE 
CONCRETIZAÇÃO 
QUANDO CONTRADITÓRIOS SE 
EXCLUEM 
ENVOLVE SOMENTE VALIDADE 
O princípio da fraternidade/solidariedade diz respeito aos direitos sociais 
(saúde, assistência, previdência, educação, cultura, etc). 
b) Princípios estruturais: são aqueles em que vão dar estrutura ao 
subsistema, que são a irreversibilidade e complementariedade solidária. 
A irreversibilidade é que os direitos fundamentais são irreversíveis, uma 
vez que são conquistas históricas e são declaradas para sempre. 
A complementariedade solidária é que somos todos da mesma espécie, 
mas não existem pessoas iguais. Nós só viveremos com dignidade quando 
todos os seres humanos viverem com dignidade, significa dizer que os seres 
humanos são empáticos e a dignidade depende do respeito. 
 
 
RESTRIÇÕES E COLISÕES ENTRE OS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
1. RESTRIÇÕES 
Todos os direitos possuem limites, até mesmo o direito à vida no caso de 
guerra declarada. Devemos restringir para que as pessoas não utilizem os 
direitos fundamentais para se eximir de uma responsabilidade. 
O limite do direito fundamental é o próprio direito fundamental. 
Segue algumas regras para estabelecer os limites dos direitos 
fundamentais: 
a) Tenho sempre que preservar o seu núcleo essencial. Deve 
preservar o mínimo de direito; 
b) O limite criado deve ser claro e preciso, não pode haver dúvidas 
quanto aos seus termos; 
c) O limite deve ser dotado de generalidade e abstração, ou seja, 
deve atingir a todos não podendo ser direcionado para determinada 
pessoa; 
d) Deve respeitar a proporcionalidade e razoabilidade, ou seja, não 
pode ser casuístico. O limite não pode ser criado em razão de um único 
fato, deve haver a real necessidade, como é o caso dos índios e do 
feminicídio; 
Essas limitações/ restrições quem decide mais é o legislativo do que o 
judiciário. 
 
2. COLISÕES 
Ocorre conflito entre direitos fundamentais quando, em um caso concreto, 
uma das partes invoca um direito fundamental em sua proteção, enquanto a 
outra se vê amparada por outro direito fundamental. 
Por exemplo, em determinada relação jurídica, pode haver conflito entre 
liberdade de comunicação (art. 5º, IX, CF) e a inviolabilidade da intimidade do 
indivíduo (art. 5º, X, CF). Outra relação jurídica pode contrapor liberdade de 
manifestação de pensamento (art. 5º, IV, CF) e vedação ao racismo (art. 5º, 
XLII, CF), e assim por diante. 
As colisões entre os direitos podem ocorrer de três formas: direitos 
iguais e pessoas diferentes (duas pessoas que querem estar no mesmo lugar 
ao mesmo tempo – direito de locomoção); direitos diferentes e pessoas 
diferentes (de um lado o escritor – liberdade de expressão e de outro o 
bibliografado – direito a honra e a intimidade); direitos diferentes e pessoa 
igual (a pessoa precisa fazer uma transfusão de sangue e a religião não 
permite). 
Para resolver essas questões deverá ser analisado o caso concreto. 
Assim, na hipótese de conflito entre direitosfundamentais, o intérprete deverá 
realizar um juízo de ponderação, considerando as características do caso 
concreto. Conforme as peculiaridades da situação concreta com que se depara 
o aplicador do Direito, um ou outro direito prevalecerá. 
Diante dessas ponderações, terão como base o princípio da 
proporcionalidade que se subdivide em três princípios: 
a) Princípio da adequação: o meio escolhido deve ser devidamente 
apropriado para o fim culminado, ou seja, não é necessário que o meio 
utilizado seja o melhor, mas que seja bom suficiente para alcançar o objetivo, 
bem como o meio escolhido deve estar de acordo com os objetivos do Estado 
brasileiro (art. 3º, CF); 
b) Princípio da necessidade/exigibilidade: dentro das várias 
possibilidades de agir, ele deve sempre optar por aquela menos onerosa para o 
indivíduo. Esse ônus não é só econômico, tem que fazer aquilo que é 
estritamente necessário, a fim de que seja restrito o menor número de direitos 
individuais; 
c) Princípio da proporcionalidade em sentido estrito senso: é a 
relação entre a finalidade buscada e o meio adotado, deve haver uma 
proporção entre os meios utilizados e o fim buscado. 
Os dois primeiros elementos (adequação e necessidade) são de natureza 
tendencialmente objetiva, intersubjetivamente comprováveis através de fatos 
concretos. Já a última fase de aplicação da proporcionalidade em sentido 
estrito depende de procedimentos ponderativos, racionalmente acessíveis e de 
avaliação subjetiva. 
 
*OBSERVAÇÃO 
Diferença entre proporcionalidade e razoabilidade: 
a) proporcionalidade: está fundado na relação de causalidade existente 
entre um meio e um fim a ser atingido, ou seja, o princípio da proporcionalidade 
exige a melhor escolha de um meio para que determinado fim seja alcançado – 
Caio Vinícius Carvalho de Oliveira; 
b) razoabilidade: seria um regulador dos atos administrativos, sendo 
utilizado para que a realização destes possa se dar de forma compatível com o 
fim que se almeja alcançar, sem quaisquer tipos de exageros que venham a 
macular o ato - Caio Vinícius Carvalho de Oliveira. 
 
NACIONALIDADE – ARTS. 12 e 13 da CF 
1. CONCEITO 
A nacionalidade pode ser definida como um vínculo jurídico – político 
entre o Estado e o indivíduo através do qual este se torna componente do 
povo. O povo, enquanto elemento humano formador do Estado, não se 
confunde com a nação ainda que por vezes os dois termos sejam empregados 
no mesmo sentido, sobretudo, quando se pretende designar as relações entre 
os governados e o poder político. 
Nação: é o agrupamento humano cujos membros fixados num território, 
são ligados por laços históricos, culturais, econômicos e linguísticos; o fato de 
possuírem as mesmas tradições e costumes, bem como a consciência coletiva 
dão os contornos ao conceito de nação; 
Povo: é o conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado, é o 
elemento humano do Estado, ligado a este pelo vínculo da nacionalidade; 
População: é conceito meramente demográfico, mas amplo que o 
conceito de povo, utilizado para designar o conjunto de residentes de um 
território, quer sejam nacionais, quer sejam estrangeiros; 
Nacionais: são todos aqueles que o Direito de um Estado define como 
tais; são todos aqueles que se encontram presos ao Estado por um vínculo 
jurídico que os qualifica como seus integrantes; 
Estrangeiros: são todos aqueles que não são tidos por nacionais, em 
relação a um determinado Estado, isto é, as pessoas a que o Direito do Estado 
não atribuiu à qualidade de nacionais. 
1.1. Espécies de nacionalidade 
A) Nacionalidade originária (primária ou atribuída): resulta de fato 
natural (nascimento), a partir do qual, de acordo com os critérios dos Ius solis 
e Ius sanguinis, será estabelecida. Cuida-se de aquisição involuntária de 
nacionalidade, decorrente do simples nascimento ligado a um critério 
estabelecido pelo Estado. 
B) Nacionalidade derivada (secundária ou adquirida): é a que se 
adquire por ato voluntário, depois do nascimento (em regra, pela 
naturalização). Cuida-se de aquisição voluntária de nacionalidade, resultante 
da manifestação de um ato de vontade. 
Para um estrangeiro se naturalizar não é fácil, pois tem que comprovar 
vários requisitos, como por exemplo, idoneidade moral, se não tem 
condenação criminal, se possui renda, patrimônio, conhecimento mínimo do 
idioma, residência, etc. 
1.2. IUS SOLIS e IUS SANGUINIS 
São dois os critérios para a atribuição da nacionalidade primária, ambos 
partindo do nascimento da pessoa: o de origem sanguínea e o de origem 
territorial. 
O critério ius sanguinis funda-se no vínculo do sangue, segundo o qual 
será nacional todo aquele que for filho de nacionais, independentemente do 
local de nascimento. 
O critério ius solis atribui a nacionalidade a quem nasce no território do 
Estado que o adota, independentemente da nacionalidade dos ascendentes. 
A CF/88 adotou, como regra, o critério ius solis, admitindo, porém, 
ligeiras atenuações. Portanto, no Brasil, não só o critério ius solis determina a 
nacionalidade; existem situações preponderantes do critério ius sanguinis. 
1.3. Brasileiros natos (originária) 
Dessa forma são brasileiros natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais 
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país – verifica-
se que a CF adotou o critério ius solis, considerando nato aquele nascido no 
território brasileiro, independentemente da nacionalidade dos ascendentes. A 
CF, porém, estabelece uma exceção ao critério ius solis, excluindo da 
nacionalidade brasileira os filhos de estrangeiros que estejam a serviço de seu 
país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, 
desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do 
Brasil – verifica-se que nesse caso adotou-se o critério ius sanguinis, 
combinado com um requisito adicional, qual seja, a necessidade de que o pai 
ou a mãe brasileiros, natos ou naturalizados, estejam a serviço da República 
Federativa do Brasil, expressão que abrange serviços prestados a órgãos e 
entidades da Administração Direta ou Indireta da União, dos estados, do DF ou 
dos municípios; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, 
desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou 
venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer 
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira – 
essa hipótese aplica-se àquele que tenha nascido no estrangeiro, de pai 
brasileiro ou mãe brasileira, quando estes não estejam a serviço do Brasil. 
No caso anterior, percebe-se que há duas alternativas para a aquisição 
de nacionalidade com base nessa hipótese, constante na alínea “c”: registro 
em repartição brasileira; e vir o nascido a residir no Brasil e optar, quando 
atingida a maioridade. 
A outra hipótese é de nacionalidade originária potestativa, uma vez que 
manifestada a opção, não se pode recusar o reconhecimento da nacionalidade 
do interessado, esse ato depende exclusivamente dele. Não existe um prazo 
para o interessado requerer a sua nacionalidade, pode ser a qualquer tempo, 
em razão de ser um direito fundamental e consequentemente imprescritível. 
1.4. Brasileiros naturalizados (derivada) 
A Constituição prevê a aquisição da nacionalidade derivada por meio da 
naturalização, sempre mediante manifestação de vontade do interessado. 
A naturalização pode ser tácita ou expressa, aquela é quando é adquirida 
independentemente de manifestação expressa do naturalizado e a 
naturalização expressa é quando depende de requerimento do interessado, 
demonstrando sua intenção em adquirir nova nacionalidade. 
A nossa Constituição só contempla a naturalização expressa. Dessa 
forma, são brasileiros naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, 
exigidas aos originários depaíses de língua portuguesa apenas 
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; - naturalização 
ordinária. 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na 
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e 
sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. – 
naturalização extraordinária 
Observado isso, verifica-se que são exigidos três requisitos para a 
aquisição da naturalização extraordinária: I - residência ininterrupta no Brasil há 
mais de 15 anos; II - ausência de condenação penal; III - requerimento do 
interessado. 
Lembrando que na naturalização ordinária há discricionariedade do Chefe 
do Poder Executivo, já na naturalização extraordinária não há. 
1.5. Portugueses residentes do Brasil 
A Constituição Federal confere tratamento favorecido aos portugueses 
residentes no Brasil, ao dispor que “aos portugueses com residência 
permanente no país, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros, serão 
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta 
Constituição” (art. 12, §1º). Nessa hipótese, não ocorre concessão da 
nacionalidade brasileira aos portugueses (se desejarem adquirir nacionalidade 
estrangeira deverão instaurar o processo de naturalização ordinária, valendo-
se da condição de estrangeiro originário de país de língua portuguesa, art. 12, 
II, “a”). Os portugueses residentes no Brasil continuam portugueses e os 
brasileiros que vivem em Portugal continuam com a nacionalidade brasileira. O 
que acontece é que, uns e outros, recebem direitos que, no geral, somente 
poderiam ser concedidos aos nacionais de cada país. Para que isso ocorra é 
necessário que os portugueses residentes no Brasil tenham residência 
permanente e que haja reciprocidade, ou seja, que o ordenamento jurídico 
português outorgue ao brasileiro com residência permanente em Portugal o 
mesmo direito. Dessa forma, eles serão equiparados a brasileiros 
naturalizados, e não a brasileiro nato. 
 
2. DIFERENÇAS ENTRE NACIONAIS E ESTRANGEIROS 
A CF/88 não permite que a lei estabeleça distinção entre os nacionais e 
os estrangeiros, no entanto existem algumas diferenças que estão na própria 
na CF. 
a) Locomoção no território brasileiro: tanto o nato quanto o 
naturalizado não tem limitação, já o estrangeiro tem, pois precisa do visto 
(autorização), esse visto possui um prazo e esgotado este prazo tem que 
renovar para continuar no Brasil. Para sair do Brasil o estrangeiro também 
precisa do visto. Em período de guerra o direito de locomoção pode sofrer 
restrições para todos (nato, naturalizado e estrangeiro); 
b) Direitos civis: o brasileiro nato não sofre nenhuma restrição, mas o 
brasileiro naturalizado só pode ser proprietário de empresa de 
telecomunicações só depois de 10 anos de naturalização (art. 222, CF). O 
estrangeiro não pode em nenhuma hipótese ser proprietário de empresa de 
telecomunicações. 
c) Direitos políticos: são cargos privativos de brasileiro nato os cargos 
de Presidente da República e Vice-Presidente da República, Presidente da 
Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Ministro do STF, 
Carreira Diplomática, Oficial das forças armadas e de Ministro de Estado de 
Defesa (art. 12, §3º, CF). 
d) Extradição: na extradição temos dois países (ativo/passivo), os casos 
que iremos ver é o Brasil como polo passivo, em que é requerida ao Brasil por 
Estado estrangeiro. Todo o processo de extradição vai acontecer no Brasil, e 
para ocorrer precisa de um acordo. O Brasil só vai extraditar se a pessoa já foi 
condenada ou se existe um processo. A pena e o fato devem ter equivalência 
para o direito brasileiro. 
O STF irá analisar se o pedido de extradição possui todos os requisitos, 
se não houver o processo é arquivado, porém se está tudo certo o pedido é 
remitido ao Presidente da República que vai decidir ou não pela extradição. 
Conforme o art. 5º, LI “nenhum brasileiro será extraditado, salvo o 
naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou 
de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, 
na forma da lei”. Assim, se um brasileiro nato, praticar um crime no estrangeiro 
ele não vai ser extraditado, mas vai ser instaurado um processo aqui no Brasil, 
e a lei a ser aplicada é a mais benéfica. 
Por outro lado, a extradição de brasileiro naturalizado é admitida em duas 
hipóteses: nos casos de crime comum praticado antes da naturalização; ou 
quando for comprovado envolvimento com tráfico ilícito de entorpecentes 
e drogas afins, na forma da lei, independentemente de o crime ter sido 
praticado antes ou depois da naturalização. 
e) Expulsão/Deportação: A diferença entre a extradição, expulsão e 
deportação é que os dois últimos são decisões unilaterais. 
A expulsão é quando o estrangeiro comete um crime no Brasil, irá ter o 
processo, a fixação da pena e o cumprimento da pena, após isso ele será 
expulso, no entanto, pode haver um acordo com o outro país, na qual o 
estrangeiro irá cumprir a pena no país de origem. 
A deportação consiste na devolução compulsória do estrangeiro – ao seu 
país de origem – que tenha entrado ou esteja de forma irregular no Brasil. Por 
exemplo, estar com o visto para estudar e está trabalhando ou nem tem o visto. 
Só os estrangeiros podem sofrer a expulsão e a deportação. 
 
3. PERDA DA NACIONALIDADE 
A perda da nacionalidade só poderá ocorrer nas hipóteses 
expressamente previstas na Constituição Federal, não podendo o legislador 
ordinário amplia tais hipóteses, sob pena de manifesta inconstitucionalidade. 
Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro quando (art. 12, 
§4º): 
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em 
virtude de atividade nociva ao interesse nacional; 
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de 
reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de 
imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro 
residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em 
seu território ou para o exercício de direitos civis; 
O primeiro caso é quando ocorre a extradição, e o segundo caso diz que 
só se pode ter uma nacionalidade, mas trazem duas exceções, uma é quando 
ela for originária (nasceu no Brasil e os pais são estrangeiros, e pode ser ao 
contrário também, nesse caso terá dupla nacionalidade) a outra é quando a 
aquisição da outra nacionalidade por requisito de permanência no território ou 
para o exercício dos direitos civis (ir a trabalho, como por exemplo, o jogador 
de futebol). 
 
4. REAQUISIÇÃO 
Para requerer você precisa entrar com um pedido judicial para anular a 
decisão que cancelou a naturalização, caso houver o cancelamento a 
nacionalidade volta. 
Alexandre de Moraes diz que entra com um pedido de nacionalidade, se 
for nato volta a ser nato, se era naturalizado volta a ser naturalizado. 
 
5. SÍMBOLOS NACIONAIS – art. 13 
Os símbolos nacionais são: a bandeira, o hino, as armas, os selos 
nacionais. 
O art. 13 estabelece ainda que o idioma oficial é a língua portuguesa, 
assim se houver a elaboração de um documento em outra língua ele deverá 
ser traduzido por um tradutor juramentado. 
 
DIREITOS POLÍTICOS – ARTS. 14, 15, 16 E 17 
1. CONCEITO 
Nos termos da CF/88, a soberania popular será exercida pelo sufrágio 
universal e pelo voto direito e secreto, com igual valor para todos e, nos termos 
da lei, mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular (art. 14, CF). 
São estes, portanto, os direitos políticos expressamente consignados na 
CF/88 : direito ao sufrágio, direito ao voto nas eleições, plebiscito e 
referendos, e direito à iniciativa popular de lei. 
Esses direitos são os de primeira geração, são os direitos negativos, com 
a exceção do direito a cidadania que não é direito negativo. 
Direitos políticos sãos os direitos que o cidadão tem de participardas 
decisões políticas do governo. 
Lembrando que existem várias formas de sufrágio: I) sufrágio universal: 
todos participam dentro daquilo que é razoável, o voto é direito, secreto e tem 
valor igual para todos; II) sufrágio censitário: apenas determinadas pessoas 
com determinada renda podem votar; III) sufrágio capacitário: só votam 
pessoas com formação escolar mínima. 
Atualmente o voto no Brasil é universal. 
 
2. AQUISIÇÃO 
No Brasil, a aquisição dessa capacidade dá-se com o alistamento 
realizado perante os órgãos competentes da Justiça Eleitoral, a pedido do 
interessado (não há inscrição de ofício no Brasil). É com o alistamento eleitoral 
que o nacional adquire a capacidade eleitoral ativa (capacidade de votar). 
Existem três tipos de aquisição: 
A) Obrigatório: brasileiro maior de 18 anos; 
B) Facultativo: brasileiro entre 16 a 18 anos incompletos, analfabetos e 
quem tem mais de 70 anos (verifica-se que nesses casos é facultativo o 
exercício do voto); 
C) Proibido: estrangeiros e conscritos, estes são pessoas que prestam 
serviços militares obrigatórios. 
Com 18 anos, além do voto, pode se candidatar para vereador, com 21 
anos pode se candidatar para prefeito, deputado (estadual, federal) e juiz de 
paz, com 30 anos pode se candidatar para governador e com 35 anos pode 
se candidatar para senador e presidente da república. 
Observa-se que é com 35 anos que se adquirem todos os direitos 
políticos. 
 
3. DIREITOS POLÍTICOS ATIVOS E PASSIVOS 
A capacidade eleitoral ativa é a que garante ao nacional o direito de 
votar nas eleições, nos plebiscitos e nos referendos. A obtenção da qualidade 
de eleitor, comprovada por meio da obtenção do título de eleitor, dá ao nacional 
a condição de cidadão, tornando-o apto ao exercício de direitos políticos, tais 
como votar, propor ação popular, iniciativa privada etc. Entretanto, a obtenção 
do título de eleitor não permite ao cidadão o exercício de todos os direitos 
políticos, como é o caso, por exemplo, do direito de ser votado, que não é 
adquirido com o mero alistamento. *Assim, todo elegível é eleitor, mas nem 
todo eleitor é elegível, ou seja, aquele que possui a capacidade eleitoral 
passiva possui, também, a capacidade eleitoral ativa, mas nem todo aquele 
que possui a capacidade eleitoral ativa tem a passiva. 
A capacidade eleitoral passiva diz respeito ao direito de ser votado, de 
ser eleito (elegibilidade). A elegibilidade não coincide com a alistabilidade. Não 
basta ser eleitor para ser elegível, porquanto é exigido o cumprimento de 
outros requisitos para a elegibilidade. 
3.1. Condições de elegibilidade 
Assim, para que alguém possa concorrer a um mandato eletivo nos 
Poderes Executivo ou Legislativo, é necessário o cumprimento de alguns 
requisitos gerais, denominados condições de elegibilidade, e a não 
incidência em nenhum das inelegibilidades, que consistem em impedimentos à 
capacidade eleitoral passiva. 
As condições de elegibilidade são (art. 12, §3º, I ao VI): 
a) Nacionalidade brasileira ou ser português equiparado, lembrando 
que para Presidente e Vice – Presidente da República deve ser brasileiro 
nato; 
b) Pleno exercício dos direitos políticos não pode estar suspenso e 
nem perdidos; 
c) Tem que ter o alistamento eleitoral; 
d) Domicílio eleitoral no local da circunscrição, ou seja, o eleitor 
dever ser domiciliado no local pelo qual se candidata; 
e) Pelo menos um ano de filiação partidária; 
f) Idade mínima que será verificada de acordo com o cargo 
pretendido (18, 21, 30 ou 35 anos). 
3.2. Condições de inelegibilidade 
As inelegibilidades afastam a capacidade eleitoral passiva, constituindo 
impedimento à candidatura a mandato eletivo nos Poderes Executivo e 
Legislativo. 
A própria Constituição Federal estabelece certas hipóteses de 
inelegibilidade (art. 14, §4º ao §7º). Porém, essas hipóteses de inelegibilidade 
constitucionalmente previstas não são taxativas, porque a CF expressamente 
permite que lei complementar venha estabelecer outras hipóteses de 
inelegibilidade (art. 14, §9º). 
A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. 
3.2.1. Inelegibilidade absoluta 
Impede que o cidadão concorra em qualquer eleição, a qualquer mandato 
eletivo. Os casos de inelegibilidade são: a) os analfabetos, que, embora 
possam alistar-se e votar, não dispõe de capacidade eleitoral passiva; b) 
os não alistáveis, uma vez que a elegibilidade tem por pressuposto a 
alistabilidade, isto é, para ser elegível é imprescindível ser, antes 
alistável; logo, os estrangeiros e os conscritos, durante o período de 
serviço militar obrigatório, não são alistáveis e, como tais, inelegíveis. 
Os casos de inelegibilidade absoluta somente podem ser expressamente 
estabelecidos na CF, sendo inconstitucionais quaisquer leis tendentes a 
ampliar esse rol. 
Observa-se que no primeiro caso de inelegibilidade (analfabeto), há um 
tempo essa hipótese foi interpretada conforme o principio da máxima 
efetividade, que foi o caso Tiririca. 
3.2.2. Inelegibilidade relativa 
Ao contrário da absoluta, não está relacionada com a condição pessoal 
daquele que pretende candidatar-se. 
A inelegibilidade relativa consiste em restrições impostas à elegibilidade 
para alguns cargos eletivos, em razão de situações especiais em que se 
encontra o cidadão – candidato no momento da eleição. 
A inelegibilidade relativa poderá ocorrer por motivos funcionais; 
motivos de casamento, parentesco ou afinidade; da condição de militar ou 
outras previsões em lei complementar. 
A) MOTIVOS FUNCIONAIS (ART. 14, §5º E §6º) 
Dispõe a CF que “Presidente da República, os Governadores de Estado e 
do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no 
curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente” 
(art. 14, §5º). Percebe-se, assim, que o legislador constituinte, ao passar a 
permitir a reeleição para um único período subsequente, este vedando a 
reeleição para um terceiro mandato sucessivo. 
Devemos deixar bem claro que não se veda a possibilidade de uma 
mesma pessoa exercer a chefia do Executivo por mais de duas vezes, mas sim 
a reeleição sucessiva ao terceiro mandato para o mesmo cargo. 
A CF não exige a desincompatibilização do Chefe do Poder Executivo 
que pretenda se candidatar – se à reeleição, isto é, o Chefe do Poder executivo 
não precisa renunciar, ou que se afaste temporariamente do cargo, para que 
possa se candidatar à reeleição. 
Diferentemente é quando o Chefe do Poder Executivo quer se candidatar 
para outros cargos, cuja regra está no art. 14, §6º. 
“Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os 
Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar 
aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.” 
Assim, são inelegíveis para concorrem a outros cargos as pessoas 
acimas que não renunciarem aos respectivos mandatos até seis meses antes 
do pleito, vale ressaltar também que essa situação aplica-se a qualquer outro 
cargo eletivo, inclusive o suplente de senador. 
Pode acontecer de o titular do cargo precisar viajar, se a pessoa que 
assumir quiser de candidatar a esse mesmo cargo conta como reeleição; 
B) MOTIVOS DE CASAMENTO, PARENTESCO OU AFINIDADE (ART. 
14, §7º) 
“São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os 
parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do 
Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito 
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses 
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à 
reeleição.” 
Essa hipótese é denominada inelegibilidade reflexa, porque incide sobre 
terceiros. Assim temos: 
I – o cônjuge, parentes e afins até o segundo grau do Prefeito não 
poderão candidatar-se a vereador ou Prefeito do mesmo município; 
II – o cônjuge, parentes e afins até o segundograu do Governador 
não poderão candidatar-se a qualquer cargo no estado (vereador, 
deputado estadual, deputado federal e senador pelo próprio estado e 
Governador do mesmo estado); 
III – o cônjuge, parentes e afins até o segundo grau do Presidente da 
República não poderão candidatar-se a qualquer cargo eletivo no País. 
Cabe ressaltar que se aplicam as mesmas regras àqueles que tenham 
substituído os Chefes do Executivo dentro dos seis meses anteriores ao pleito 
eleitoral. 
A súmula 18 do STF diz que a dissolução da sociedade ou do vínculo 
conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no art. 14, 
§7º, CF. 
Por disposição expressa da CF, a inelegibilidade reflexa não é aplicável 
na hipótese de o cônjuge, parente ou afim já possuir mandato eletivo, caso em 
que poderá candidatar-se à reeleição, ou seja, candidatar-se ao mesmo cargo, 
mesmo que dentro da circunscrição de atuação do Chefe do Executivo. É o 
caso, por exemplo, de parente ou afim de Governador de Estado, que poderá 
disputar reeleição ao cargo de deputado ou de senador por esse estado, se já 
for titular desse mandato nessa mesma jurisdição. 
Segundo TSE, se o Chefe do Executivo renunciar seis meses antes da 
eleição, seu cônjuge, parentes ou afins até segundo grau poderão candidatar-
se a todos os cargos eletivos da circunscrição. Exemplificando: irmão do 
Governador de Estado poderá candidatar-se a deputado federal, senador da 
República, deputado estadual, Prefeito ou vereador, desde que haja renúncia 
do Governador ao seu mandato nos seis meses anteriores ao pleito 
eleitoral. Ainda o cônjuge, os parentes e afins são elegíveis até mesmo para o 
próprio cargo do titular, quando este tiver direito a reeleição e houver 
renunciado até seis meses antes do pleito eleitoral. 
Essa situação ocorreu nas eleições para Governador de Estado do RJ em 
2002. O Governador Garotinho, que tinha direito a reeleição, afastou-se do 
cargo nos seis meses anteriores ao pleito eleitoral para assegurar a 
legitimidade da candidatura, para o período subsequente, de sua esposa 
Rosinha, que veio efetivamente a ser eleita Governadora do Estado do RJ. 
C) CONDIÇÃO DE MILITAR (ART. 14, §8º) 
O militar é alistável, podendo ser eleito. Porém, é vedado ao militar, 
enquanto estiver em serviço ativo, estar filiado a partido político (art. 142, §3º, 
V, CF). 
Assim, em face da vedação à filiação partidária do militar, o TSE firmou 
entendimento de que, nessa situação, suprirá a ausência da prévia filiação 
partidária o registro da candidatura apresentada pelo partido político e 
autorizada pelo candidato. 
Atendida essa formalidade, o militar alistável é elegível, atendidas as 
seguintes condições: 
I – se contar menos de 10 anos de serviço deverá afastar-se da 
atividade; 
II – se contar mais de 10 anos de serviço será agregado pela 
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da 
diplomação, para a inatividade. 
D) PREVISÕES EM LEI COMPLEMENTAR (ART. 14, §9º) 
A CF deixa expresso que as hipóteses de inelegibilidade relativa 
previstas no texto constitucional não são taxativas, podendo ser criadas outras, 
desde que por meio de lei complementar da União, editada pelo Congresso 
Nacional. 
 
4. PERDA E SUSPENSÃO – art. 15, CF 
O cidadão pode, em situações excepcionais, ser privado, definitivamente 
ou temporariamente, dos direitos políticos, o que importará, como efeito 
imediato, na perda da cidadania política. 
A privação definitiva denomina-se perda dos direitos políticos; a privação 
temporária denomina-se suspensão dos direitos políticos. 
A CF não permite, em nenhuma hipótese a cassação dos direitos 
políticos. A vedação expressa à cassação de direitos políticos tem por fim 
evitar a supressão arbitrária, normalmente motivada por perseguições 
ideológicas, dos direitos políticos, pratica presente em outros momentos da 
vida política brasileira. 
Os incisos I e IV diz respeito à perda dos direitos políticos e os incisos II, 
III e V diz respeito à suspensão dos direitos políticos. 
No caso do inciso IV em que a perda dos direitos políticos é devido à 
recusa de cumprir obrigação imposta a todos ou de medida alternativa é 
quando o homem precisa fazer o alistamento militar, para não fazer ele pode 
alegar três motivos: incapacidade de consciência, convicção religiosa e 
convicção filosófica, alegado um desses motivos será imposta uma medida 
alternativa, mas se mesmo assim o indivíduo não fizer haverá a perda dos 
direitos políticos. 
 
5. IMPUGNAÇÃO DE CANDIDATURA E A ALTERAÇÃO DO 
PROCESSO LEGISATIVO – ART. 14, §10, §11 E ART. 16 
A diplomação é quando a pessoa que ganhou as eleições vai ao Fórum 
Eleitoral e retira um certificado de que ganhou as eleições para aquele 
determinado cargo. Após a diplomação tem um prazo de 15 dias para 
apresentar a ação de impugnação, na qual irá alegar algum tipo de 
inelegibilidade. Nesse caso a Justiça Eleitoral deverá agir rápido para quando 
houver a posse ser a pessoa certa. A ação de impugnação ocorre em sigilo e é 
gratuita (não precisa pagar custas, exceto se ficar comprovado que o autor agiu 
de má-fé). 
A CF estabelece que todo lei modificativa do processo eleitoral, publicada 
no período de 1 ano antes das eleições, deve ter sua eficácia adiada para o 
pleito subsequente. O fundamento é impedir alterações casuísticas no 
processo eleitoral, capazes de romper a igualdade de participação de seus 
candidatos e dos partidos políticos. O STF consagrou o entendimento de que o 
princípio da anterioridade eleitoral é garantia individual do cidadão – eleitor 
e, portanto, cláusula pétrea, cujo desrespeito viola outras garantias individuais, 
como os princípios da segurança jurídica (art. 5º, CF) e do devido processo 
legal (art. 5º, LIV, CF). 
 
6. PARTIDOS POLÍTICOS – ART. 17, CF 
Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado, cuja 
existência começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, 
momento em que adquirem personalidade jurídica. 
O partido tem suas peculiaridades e tem como função conquistar o poder, 
vencer as eleições e assumir os poder político de um país. 
A CF assegura a liberdade de criação, fusão, incorporação e extinção dos 
partidos políticos independentemente de autorização do Estado. 
- criação: surge um partido novo; fusão: dois partidos se unem e faz 
surgir um terceiro partido; incorporação: é quando um partido menor se junta 
a um partido maior; extinção: é o que chamamos de criação negativa, o 
partido deixa de existir. 
Além do respeito à soberania nacional, ao regime democrático, ao 
pluripartidarismo e aos direitos fundamentais da pessoa humana, devem ser 
observados os seguintes preceitos: 
I – caráter nacional: deve representar todo o país e não só uma parte; 
II – proibição de recebimentos de recursos financeiros de entidade 
ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes: isso é para garantir a 
soberania nacional; 
III – prestação de contas à Justiça Eleitoral 
IV – funcionamento parlamentar de acordo com a lei 
Os partidos políticos têm autonomia partidária para dispor sobre: a 
criação do regimento interno, organização, funcionamento e tesouraria; quem 
vão ser os candidatos para eleição; adotar critérios para a escolha de 
candidatos. 
A CF prevê que o Estatuto dos partidos políticos devem ter cláusulas de 
disciplina e fidelidade partidária, ou seja, significa que a pessoa que se filiou a 
determinado partido deve respeitar o que o partido impõe, e se vencer fica 
submetido ao partido também. 
 
6.1. Fidelidade partidária 
Os partidos políticos tem o direito de preservar a vaga obtida pelo sistema 
proporcional (Deputados Federais, Estaduais, Distritais e Vereadores), quando 
houver pedido de cancelamento de filiação partidária ou de transferência do 
candidato eleito por um partido para legenda diversa. 
Em relação aos cargos de presidente, governador, prefeitoe senador, por 
ter a eleição diversa da do sistema proporcional, STF diz que “a perda do 
mandato em razão da mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos 
pelo sistema majoritário, sob pena de violação da soberania nacional”. 
Existem cinco motivos que levam a saída partidária: o partido foi extinto; 
houve o desmembramento; houve a criação de um novo partido político; 
incompatibilidade ideológica e a alegação de perseguição interna. 
Dessa forma, a regra é que se sair do partido o mandato fica com ele, e 
quem assume é o segundo mais votado para aquele cargo do mesmo partido. 
6.1.1. Sistema majoritário 
É o modelo mais simples e mais antigo. Nele são eleitos, em um 
determinado território, os candidatos que obtiverem o maior número de votos, a 
sua característica é o princípio majoritário. 
A maioria absoluta exige que o candidato obtenha mãos de 50% dos 
votos para ser eleito, caso nenhum deles consiga alcançar este percentual, faz-
se um segundo turno de eleição. A CF adota esse sistema nas eleições para 
cargos do Poder Executivo (presidente, governador estadual e distrital e 
prefeito de município com mais de 200.000 eleitores – art. 29, II, CF). 
A maioria simples é adotada quando exige do candidato apenas que 
obtenha o maior número de votos para que possa se eleger. Nesse caso, o 
voto se realizada em apenas um turno e é utilizado para as eleições do senado 
e para prefeito de município com até 200.000 eleitores – art. 29, II, CF. 
6.1.2. Sistema proporcional 
É utilizado nas eleições para o Legislativo e tem como finalidade permitir 
que todos os partidos sejam representados no Parlamento na proporção mais 
próxima possível do número de votos obtidos. 
É utilizado nas eleições para a Câmara dos Deputados, Assembleias 
Legislativas, Câmara Legislativa e Câmaras Municipais. 
 
7. DIREITOS E VEDAÇÕES – ART. 17, §3º E §4º 
Os direitos são (art. 17, §3º): 
I – tem direito aos recursos do fundo partidário; 
II – acesso gratuito ao rádio e à televisão; 
A vedação é (art. 17, §4º): 
I – utilização de partidos políticos de organização paramilitar 
 
 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 
1. FEDERAÇÃO – ART. 18, §1º, CF 
A federação é formada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, 
e a união de todos estes entes é indissolúvel, caso algum deles tente deixar 
essa união, irá sofrer uma intervenção federal. 
Devemos lembrar que todos eles juntos formam a República Federativa 
do Brasil, assim como preceitua o art. 1º da CF, e mesmo a soberania 
pertencendo à República Federativa do Brasil todos possuem autonomia. 
A federação brasileira possui cinco características: 
I – Dois planos harmônicos de governo: um governo federal e os 
governos estaduais; 
II – Para o direito internacional, a federação é um Estado unitário: os 
Estados estrangeiros só tem relação com o governo federal e para eles não 
existem os governos estaduais. Agora no plano interno da federação brasileira 
ela é plural, pois possui vários estados; 
III – No judiciário a Federação tem uma corte suprema com duas 
funções (equilíbrio federativo e garantir a ordem constitucional): o 
equilíbrio federativo é solucionar os conflitos entre os estados para que não 
ajam disputas e garantir a ordem constitucional é guardar a constituição; 
IV – Legislativo da Federação é bicameral: existe uma casa que 
representa o povo (câmara dos deputados) e outra que representa as unidades 
da federação (senado federal); 
V – Adota o princípio Federativo, Republicano e o mecanismo da 
intervenção federal: a CF em seu art. 18 diz que a capital é Brasília, 
lembrando que esta é cidade e não município. Ela foi construída para abrigar 
os poderes federais. 
1.2. Vedação – ART. 19, CF 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-
lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de 
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de 
interesse público; 
Pode haver colaboração um com o outro, por exemplo, a igreja não paga 
impostos, mas ajuda o estado com educação (adventista, PUC) e saúde 
(pastoral). 
II - recusar fé aos documentos públicos; 
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. 
No último caso deve-se aplicar o princípio da isonomia, ou aplica igual 
para todos ou não aplica para ninguém. 
1.3. Repartição de competências 
Como todas essas pessoas são autônomas, temos que evitar o confronto 
entre elas, devemos dizer o que cada um pode ou não fazer. 
Fazemos isso com base no principio da predominância dos interesses. 
O interesse é predominante e não exclusivo, ou seja, deve-se analisar 
qual a pessoa em que o interesse dela predomina. 
Os assuntos de interesse nacional/geral é responsabilidade da União, os 
assuntos de interesse regional é responsabilidade do estado competente e os 
assuntos de interesse local é responsabilidade do município competente. 
 
2. UNIÃO 
2.1. Natureza jurídica 
A União é entidade federativa autônoma em relação aos estados – 
membros e municípios. É pessoa jurídica de direito público interno, cabe a 
União exercer as prerrogativas da soberania do Estado brasileiro, quando 
representa a República Federativa do Brasil nas relações internacionais. Trata-
se de atribuição exclusiva da União, pois os demais entes integrantes da 
Federação não dispõem de competência para representar o Estado Federal 
brasileiro frente a outros estados soberanos. 
Mas, lembre-se, a União somente representa o Estado Federal nos atos 
de Direito Internacional. Quem efetivamente pratica atos de Direito 
Internacional é a República Federativa do Brasil, juridicamente representada 
por um órgão da União, que é o Presidente da República que acumula duas 
funções, a de chefe de estado e chefe de governo. 
2.2. Competências – arts. 21, 22, 23 e 24 
A União possui competência legislativa (criar leis) e administrativa 
(executar as leis). 
Assim, a União possui uma competência exclusiva dela (art. 21, CF) e 
outras que ela divide com os estados – membros e os municípios (arts. 22, 23, 
24). 
Para estabelecer essas competências utilizou-se o princípio da 
predominância dos interesses, ou seja, devemos analisar qual é o 
interessado em que o interesse predomina. 
2.2.1. Competência exclusiva – art. 21 
O art. 21, CF estabelece a denominada competência exclusiva da União. 
Trata-se de competências administrativas, nas quais a União deverá 
atuar com absoluta exclusividade, não havendo, se quer autorização 
constitucional para a delegação a outros entes federativos. Sua principal 
característica é a indelegabilidade. 
2.2.2. Competência privativa – art. 22, CF 
Trata-se de competências legislativas privativas da União, para a edição 
de normas sobre as matérias do art. 22. Porém, é possível que os estados e o 
Distrito Federal venham a legislar sobre questões específicas das matérias do 
art. 22, desde que a União delegue competência, por meio de lei 
complementar (art. 22, §ún.). Ao contrário da competência administrativa 
exclusiva, a marca da competência legislativa privativa da União é a sua 
delegabilidade aos estados e ao Distrito Federal. 
2.2.3. Competência comum – art. 23, CF 
Esse artigo enumera as matérias integrantes da denominada competência 
comum. É uma competência administrativa, consubstanciada na outorga à 
União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios de poder para atuar, 
paralelamente, sobre as respectivas matérias. Todos os entes federativos 
exercem-na em condições de igualdade, sem nenhuma relação de 
subordinação. 
A fim de evitar conflitos e superposição de esforços no âmbito da 
competência comum, a CF determina que leis complementares fixarão normas 
para a cooperação entre a União, estados – membros, Distrito Federal e 
municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem – estar 
em âmbito nacional (art. 23, §ún.). 
2.2.4. Competência legislativa concorrente– art. 24, CF 
Conforme o parágrafo primeiro desse mesmo artigo, a competência da 
União limita-se a estabelecer normas gerais. 
A atuação da União, fixando as normas gerais, não exclui a atuação 
suplementar dos estados e do Distrito Federal (art. 24, §2º). Assim, fixadas as 
normas gerais pela União, caberá aos estados e ao Distrito Federal 
complementar a legislação federal, tendo em vista as peculiaridades regionais, 
por meio de expedição de normas específicas estaduais e distritais. É a 
chamada competência suplementar dos estados – membros e do Distrito 
Federal. 
Porém, a competência suplementar dos estados e do Distrito Federal não 
é dependente da expedição de normas gerais pela União. Caso esta não venha 
a editar a lei de caráter geral, os estados e o Distrito Federal exercerão a 
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades (art. 24, 
§3º). 
No entanto, a competência legislativa plena não é definitiva, tampouco o 
seu exercício afasta o poder da União para ulterior fixação de normas gerais 
sobre a matéria. Determina a CF que a superveniência de lei federal sobre 
normas gerais suspende a eficácia de lei estadual, no que esta for contraria 
àquela (art. 24, §4º). 
Os municípios não foram comtemplados com a possibilidade de legislar 
concorrentemente com os demais entes federativos na regulação das matérias 
enumeradas no art. 24, CF. 
 
2.3. BENS DA UNIÃO – art. 20, CF 
“Art. 20. São bens da União: 
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; 
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das 
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à 
preservação ambiental, definidas em lei; 
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu 
domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros 
países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como 
os terrenos marginais e as praias fluviais; 
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as 
praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as áreas 
referidas no art. 26, II; 
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as 
praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que 
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço 
público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; 
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica 
exclusiva; 
VI - o mar territorial; 
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; 
VIII - os potenciais de energia hidráulica; 
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; 
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-
históricos; 
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. 
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e 
aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, 
participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos 
hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais 
no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona 
econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. 
§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das 
fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada 
fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização 
serão reguladas em lei.”. 
 
2.4. INTERVENÇÃO FEDERAL – art. 34 e art. 36 
A CF admite o excepcional afastamento da autonomia política, por meio 
da intervenção de uma entidade política sobre outra, diante do interesse maior 
de preservação da própria unidade da Federação. 
No Brasil, somente podem ser sujeitos ativos da intervenção a União e os 
estados – membros, não é possível a intervenção praticada por município ou 
pelo Distrito Federal. 
A União tem competência para intervir nos estados e no Distrito Federal. 
Em hipótese alguma a União intervirá em municípios localizados em estado – 
membro. A União só dispõe de competência para intervir diretamente em 
município se este estiver localizado em Território Federal (art. 35, CF). 
Os estados são competentes unicamente para a intervenção em 
municípios situados em seu território. 
A intervenção (federal ou estadual) somente poderá efetivar-se nas 
hipóteses previstas na CF, pois, representa medida excepcional, em virtude da 
autonomia política dos entes federados, denominado princípio da intervenção 
mínima (arts. 34 e 35). 
A decretação de intervenção é um ato político, executado sempre, 
exclusivamente, pelo Chefe do Poder Executivo (Presidente da República ou 
Governador de estado). 
A intervenção federal poderá ocorrer de maneira espontânea (de ofício) 
ou provocada. 
2.4.1. Intervenção federal espontânea 
São as hipóteses em que a CF autoriza que a medida seja efetivada 
diretamente pelo Chefe do Executivo, e por sua própria iniciativa. O Chefe do 
Executivo, dentro de seu juízo de discricionariedade, decide pela intervenção e, 
de ofício, a executa, independentemente de provocação de outros órgãos. 
Assim, são hipóteses de intervenção espontânea: 
I – PARA A DEFESA DA UNIDADE NACIONAL 
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto 
para: 
I - manter a integridade nacional; 
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; 
II – PARA A DEFESA DA ORDEM PÚBLICA 
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto 
para: 
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; 
III – PARA A DEFESA DAS FINANÇAS PÚBLICAS 
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto 
para: 
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: 
2.4.2. Intervenção federal provocada 
É quando a medida depende de provocação de algum órgão ao qual a CF 
conferiu tal competência. 
Nessas hipóteses não poderá o Chefe do Executivo tomar à iniciativa e 
executar, de ofício a medida. A intervenção dependerá de manifestação de 
vontade do órgão que recebeu tal incumbência. 
Segundo a CF, a provocação poderá dar-se por solicitação ou 
requisição. 
Nos casos de solicitação, entende-se que o Chefe do Executivo não 
estará obrigado a decretar a intervenção. Ao contrário, diante de requisição, o 
Chefe do Executivo não dispõe de discricionariedade, ou seja, estará obrigado 
a decretar a intervenção. 
A provocação mediante requisição está no art. 34, IV (requisição do 
STF), VI (requisição pelo STF, STJ OU TSE), VII (requisição do STF). 
A provocação mediante solicitação está prevista no art. 34, IV, na defesa 
dos Poderes Executivo ou Legislativo. 
Nas hipóteses de intervenção provocada, são os seguintes os órgãos que 
receberam a incumbência constitucional de iniciar o processo interventivo: 
I – Poder Legislativo (assembleia legislativa estadual ou Câmara 
legislativa do Distrito Federal) ou Poder Executivo local (governador de 
estado ou do Distrito Federal) 
Na hipótese de garantir o livre exercício de qualquer dos poderes nas 
unidades da federação (art. 34, IV), esses poderes locais solicitarão ao 
Presidente da República a intervenção federal. Nesse caso, a solicitação do 
Poder Legislativo ou Executivo local não vincula o Presidente, uma vez que se 
trata de intervenção federal provocada mediante solicitação. 
II – STF 
Caso o Poder Judiciário local esteja sendo coagido (art. 34, IV), caberá ao 
STF requisitar a intervenção federal ao Presidente, que estará obrigado a 
decretá-la, pois é uma intervenção provocada mediante requisição. 
III – STF, STJ ou TSE 
No caso de desobediência à ordem ou decisão judicial (art. 34, VI), a 
intervenção dependerá de requisição de um desses tribunais ao Presidente, 
de acordo com a origem da decisão

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