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1. ENDEREÇAMENTO c/ JUSTIFICATIVA E INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL
Primeiro:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA ___ª VARA CRIMINAL DA JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE_____
Segundo:
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL,
COLENDA TURMA,
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES FEDERAIS,
DOUTA PROCURADORIA DA REPÚBLICA
Justificativa: A interposição desse recurso deve ser endereçada ao juiz que proferiu a decisão e as razões serão endereçadas ao tribunal competente conforme o disposto no art. 582, caput do CPP.
2. IDENTIFICAÇÃO DO NOME DA PEÇA c/ INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fulcro no art. 581, inciso XXV do Código de Processo Penal.
3. IDENTIFICAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DAS PARTES 
“X”,já qualificado nos autos o processo crime n°......,que lhe move o Ministério Público Federal, data máxima vênia, com a decisão que nega homologar acordo de não persecução penal, sob a alegação de que este não atende ao proposito ressocializante, com fundamento no artigo 581,inciso XXV do Código de Processo Penal, dela vem,tempestivamente,RECORRE EM SENTIDO ESTRITO.
Assim sendo, desde já a parte requer que Vossa Excelência exerça o juízo de retratação que lhe é facultado, conforme o artigo 589 do Código de Processo Penal. Não sendo esse entendimento de Vossa Excelência, em face de respeitada decisão, postula-se que o presente recurso seja remetido ao Egrégio Tribunal....
Recorrente: “X”
Recorrido: Ministério Público Federal
4. NARRAÇÃO DOS FATOS (conjunto de fatos que deram origem ao litígio, como deduzido na acusação, narrando-os de forma sucinta, porém com precisão e coerência) 
O empresário X atuava em dois tipos de empreendimentos: restaurante, em que se dedicava a frutos do mar, e no outro entretenimento, que era uma casa de show. Porém em 2011 e 2013, entrou em declínio o restaurante que por sinal o faturamento era elevado. Em 2014, o empresário X passou a atuar no ramo da venda de carne, por esse motivo montou um frigorifico. Mas, continuou mantendo a casa de show.
Já com esse novo empreendimento, no intervalo de 2014 até 2016 de dezembro, houve um grande faturamento. No entanto, em 19 de julho de 2016, passou o empresário, ao que tudo indica, a fazer caixa 2, depositando 80% do faturamento do frigorífico na conta corrente de sua casa de show. Declarando então, perante a Receita Federal a menor o que faturou. E continuou praticando este ato entre os anos de 2017 e 2018. Já no ano de 2019 resolveu fechar o frigorifico sob as alegações de quebra do negócio. 
Em 08 de janeiro de 2019, o empresário X foi denunciado, após algumas investigações da polícia federal, com o auxílio da Secretaria da Receita Federal. Chegando a conclusão de que X estava enquadrado na prática do art. 1º, inciso I DA LEI 8.137/90. Ele foi denunciado pelo crime apontado no inquérito, tendo assim a denúncia sido recebida em 24 de outubro de 2019. 
Todavia, o magistrado observando a NOVATIO LEGIS IN MELIUS, originada pela Lei 13.964/2019, ordenou a intimação das partes para que, se assim desejassem, entrassem em um acordo de não persecução penal. Depois de apresentada a proposta, o magistrado repreendeu-a, negando assim homologar o acordo em despacho datado de 09 de abril do corrente ano. Alegando o magistrado que ele não atendia, em seus termos, ao propósito ressocializante. 
Vem, então, o recorrente requerer o que se segue.
5. IDENTIFICAÇÃO DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS (identificar normas jurídicas aplicadas a situação fática, de acordo com cada pedido. Apresentar o fundamento constitucional, infraconstitucional e súmulas, se houver) 
1.	Crimes contra a ordem tributária 
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
(...)
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
2.	O art. 581, inc. XXV, do CPP dispõe que a decisão que recusa a homologação do acordo de não persecução penal é atacada mediante recurso em sentido estrito.
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A desta Lei. 
3.	O art. 28-A do CPP trata do acordo de não persecução penal.
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: 
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; 
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; 
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); 
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses: 
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; 
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas; 
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e 
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. 
4.	Deve-se observar o estabelecido no art. 28-A, parágrafos 4°, 5°, 7° e 8°, que relatam as condições e recusa do juiz
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade.
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor. 
7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo. 
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia.
6. ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA 
DA TEMPESTIVIDADE
O Recurso é tempestivo, de acordo com o disposto no artigo 586 do Código de Processo Penal, in verbis: “ O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco dias.”
Portanto, tendo como contagem de termo inicial o dia 09/04/2019, se faz tempestivo o presente recurso, considerando como o prazo final seria dia 14/04/2019 (domingo), logo sendo transferido para o dia 15/04/2019 (segunda). Recurso que objetiva reformar a decisão do referido juízo.
DO DIREITO
1. Consta nos relatos da inicial que o recorrente foi denunciadoapós a ocorrência de investigações pela polícia federal com o auxílio da Secretaria da Receita Federal pelo crime contra a ordem tributária conforme o disposto no art. 1º, I da lei de Reparação Fiscal. Tal denúncia fora reconhecida pelo recorrente. 
2. O recurso interposto é cabível conforme o disposto no art. 581 do Código de Processo Penal em uma de suas hipóteses por encaixa-se devidamente em seu inciso XXV visto que o magistrado repreendeu a realização da homologação do acordo em despacho ocorrido em 09 de abril do então ano, alegando que mesmo não atendia o projeto ressocializante em seus termos. Todavia, o que ocorreu foi uma análise superficial deste que ocasionou tal repreensão. 
3. Insta ressaltar o disposto no art. 28-A do mesmo Código e seus incisos. Tendo em vista que o mesmo aduz em seu caput não ser caso de arquivamento quando ocorrer de o investigado confessar formal e circunstancialmente a prática da infração e desde que observe as condições dispostas por tal dispositivo cumulativa ou alternadamente. 
Conforme os relatos, é possível observar que o recorrente reconheceu sua culpa e tentou propor acordo na tentativa de sanar de modo reto e pacífico a infração que cometera na tentativa principalmente de observar o disposto no inciso I deste dispositivo. Tentativa que fora frustrada pela repreensão da homologação de tal acordo. 
4- Cumpre salientar as condições que devem ser observadas pelo magistrado na ocorrência de homologação de acordo desta natureza que encontram-se dispostas no art. 28-A do Código de Processo Penal em seus parágrafos 4º, 5º, 7º e 8º considerando que o magistrado não as observou por ter impedido sua homologação logo após a apresentação da proposta não devolvendo os autos ao Ministério Público conforme estabelecido.
7. IDENTIFICAÇÃO DOS PEDIDOS C/INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL 
Diante do exposto, postula-se seja dado provimento ao presente recurso, concedendo-se a homologação do acordo de não persecução penal, como medida da mais lídima justiça.
8. IDENTIFICAÇÃO DAS PROVAS C/ JUSTIFICATIVA E INDICAÇÃO DA NORMA APLICÁVEL
Nos termos do artigo 156 do Código de Processo Penal, protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito, em especial, a prova documental, pericial e testemunhal.
Nestes termos,
Pede e espera deferimento
Comarca, 15 de abril de 2019
Advogado/OAB
Componentes da equipe:
Adriele da Silva Buna CPD: 72150
Carla Thalia Pereira Sá CPD: 72583
Isabelle Figueiredo e Silva CPD: 74551
Sara Stéfanne Trindade Soares CPD: 71028
Vanessa Cabral Silva CPD: 72747