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Cinética de processos fermentativos Introdução (pág 112) O estudo cinético de um processo fermentativo consiste inicialmente na análise da evolução dos valores de concentração de um ou mais componentes do sistema de cultivo (microrganismos ou biomassa, produtos do metabolismo ou metabólitos ou nutrientes ou substratos), em função do tempo de fermentação. Quando as conclusões sobre um cultivo forem baseadas unicamente em dois valores de X, S ou P não se pode afirmar que um estudo cinético do processo tenha sido realizado, é necessário o conhecimento dos valores intermediários que permitem definir os perfis das curvas. A cinética possibilita também uma comparação quantitativa entre as diferentes condições de cultivo (pH, temperatura, etc.), por intermédio de variáveis como: velocidades de transformação e os fatores de conversão. Afirmar que um determinado valor de pH é melhor que um outro, equivale a dizer que o fator de conversão é maior no primeiro caso que no segundo; o mesmo pode ser afirmado quando se compara os desempenhos de cultivo sob diferentes temperaturas, diferentes variedades de uma espécie de M.O, diferentes composições de meio, etc. Parâmetros de transformação (pág 114) Velocidades específicas de transformação (pág 115) Devido ao fato de que a concentração microbiana X aumenta durante um cultivo descontínuo, aumentando consequentemente a concentração do complexo enzimático responsável pela transformação do substrato S no produto P, é mais lógico analisar os valores das velocidades instantâneas com relação à referida concentração microbiana, especificando-as com respeito ao valor de X em um dado instante. Os fatores de conversão e os coeficientes específicos de manutenção (pág 116) Nem sempre o substrato se esgota completamente quando a concentração celular apresentar seu valor máximo, podendo ainda existir uma concentração residual daquela substancia no meio de cultura, ao término da fermentação. Isso ocorre porque à medida que o M.O se reproduz, são formados produtos do metabolismo que inibem o crescimento celular, o próprio substrato também pode dificultar a atividade microbiana. Cálculos das velocidades (pág 120) Os cálculos das velocidades necessitam, em primeiro lugar, dos traçados das curvas a partir dos pontos experimentais, que podem ser realizados manualmente, com programas de computados ou através de curvas representadas por equações conhecidas. Obs: Curvas de formação de M.O (X) e do Produto (P) exibem a forma sigmoidal crescente. Curvas do Substrato residual (S) se caracteriza pelo perfil em sigmoidal decrescente. A curva do crescimento microbiano (pág 122) Fase 1- Fase lag ou de latência, que se segue imediatamente após a inoculação do meio com o M.O em questão. Durante essa primeira fase, não há reprodução celular e ,assim, X= X0= constante. Fase 2- Fase de transição, em que se observa o início da reprodução microbiana. Fase 3- Fase logarítmica ou exponencial, onde a velocidade específica de crescimento é constante e máxima. Obs: para a Escherichia coli, tempo de geração de 20min na T de cultivo de 37oC. Para leveduras, o valor mínimo está compreendido entre 1,5 e 2 horas. Fase 4- Fase linear de crescimento, por apresentar velocidade de reprodução constante. Obs: nessa fase, a velocidade específica decresce com o aumento da concentração celular e ,portanto, com o tempo t de cultivo. Fase 5- Desaceleração, devido ao esgotamento de um ou mais componentes do meio de cultura, necessários ao crescimento; velocidades de crescimento e específica diminuem até se anularem, no tempo tf. Fase 6- Estacionária, X atinge o valor máximo e constante Xm, onde há um balanço entre velocidade de crescimento e morte de M.O. Fase 7- Declínio ou Lise, valor da concentração celular diminui a uma velocidade que excede a velocidade de produção de células novas. Classificação dos processos fermentativos (pág 126) No caso da figura acima, um tipo característico de fermentação, as curvas apresentam perfis semelhantes, podemos dizer que a formação do produto (o metabólito primário) está associado ao crescimento. Essa configuração representa o caso em que o produto formado (o metabólito primário) está diretamente ligado às reações do catabolismo ou decomposição do substrato (os açúcares). Nesse caso, acima, observamos duas fases distintas: uma primeira fase onde a velocidade específica de consumo do açúcar está diretamente relacionada á de crescimento do M.O, não havendo praticamente formação do produto (ácido cítrico). Uma segunda fase, em que há uma boa semelhança entre os perfis das três velocidades específicas e que, portanto, se correlacionam bem, caso conhecido como formação do produto parcialmente associada ao crescimento, sua formação não está diretamente ligada ao caminho metabólico produtor de energia. No caso acima, se enquadram as fermentações complexas, exemplificadas pela produção de penicilina. A máxima velocidade de produção do antibiótico ocorre quando as demais velocidades específicas sofreram uma redução significativa. No começo da fermentação predominam transformações produtoras de energia com formação de biomassa, sendo que o antibiótico é formado quando o metabolismo oxidativo se encontra atenuado. Toxinas microbianas também pertencem a esse grupo. Influência da concentração do substrato sobre a velocidade específica de crescimento Equação de Monod: interpretação da fase exponencial (pág 129) A expressão de Monos é formalmente igual à expressão de Michaelis-Menten. No início do cultivo, onde S é alto, o M.O apresenta uma velocidade específica próxima à máxima, podendo a mesma situar-se nessa região durante uma boa parte do processo, mesmo que o metabolismo celular provoque uma diminuição apreciável no valor de S. Quanto menor for o valor da constante de saturação Ks, tanto mais amplo será este patamar quase horizontar da curva e que se encontrará mais próximo do valor de µm. A curva apresentada pela velocidade específica de crescimento em função do tempo, poderá apresentar um trecho máximo constante (AB), após um curto período inicial de transição ou adaptação do M.O ao meio. A duração do patamar (AB) dependerá da magnitude da constante de saturação. Outros modelos (pág 131) Nenhum outro modelo proposto leva em consideração o fenômeno da inibição. A ausência da inibição é uma situação incomum na prática, onde há um crescente acúmulo de metabólitos que acabam interferindo sobre o metabolismo e crescimento microbiano. Problema que poderia ser atenuado se fosse utilizado um valor inicial baixo da concentração de substrato e que assim resultasse em baixas concentrações de produtos inibidores; alternativa pouco interessante do ponto de vista industrial onde baixas concentrações de produtos acarretariam custos elevados, na fase posterior de separação e purificação da substância de interesse. Nessas condições, a inibição pelo substrato é um fenômeno que não deve ser ignorado.
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