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Trabalho de Direito Administrativo (Corrigida pela Ingrid) Revista (1)

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
FACULDADE MINEIRA DE DIREITO
CAMPUS CORAÇÃO EUCARÍSTICO - 10º PERÍODO – NOITE
DIREITO ADMINISTRATIVO III
Professor: Júlio César dos Santos Esteves
ALUNOS:
· Maria da Conceição Pereira dos Reis;
· Nathalia Louback Roldão Correia;
· Neuler Mendes Gomes Júnior;
· Rafael Morais Teixeira;
· Rebecca Begnini Pinheiro;
· Priscilla Amorim Neves.
PERGUNTAS E RESPOSTAS - EXERCÍCIO EM GRUPO
1) A queda de uma ponte em uma rodovia estadual, em razão de fortes chuvas, resulta na necessidade de um desvio de mais de 50 km para os motoristas. O percurso pode ser encurtado em mais da metade da distância mediante uso de uma estrada particular situada no interior de uma fazenda. O proprietário da fazenda vem cobrando um “pedágio” de 20 reais por veículo para utilização da referida estrada. O poder público poderia atuar de modo a garantir o uso da estrada sem custo para os motoristas? Explique
O poder público deve atuar de modo a garantir o uso público da estrada particular sem custo para os motoristas que estão utilizando a via com o objetivo de encurtar em mais da metade o percurso feito de um ponto a outro, devido à queda de uma ponte em uma rodovia estadual em razão de fortes chuvas. 
Quantos aos aspectos jurídicos relativos à possibilidade de intervenção do Estado na propriedade, o inciso XXV do artigo 5º da CR/88 – Constituição da República Federativa do Brasil de 1.988 assegura que: “no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”. Reconhecer que a situação relatada não é de iminente perigo público é importante, pois afastamos a possibilidade de requisição administrativa.
A seguir, vamos afastar os demais instrumentos de intervenção do Estado na propriedade, pois se por um lado é garantido o direito de propriedade, por outro é exigido que a propriedade deve cumprir a sua função social, conforme artigo 5º, incisos XXII e XIII, respectivamente, da CR/88. 
TAVARES[footnoteRef:1] (2016, p.563) esclarece que “A imposição do cumprimento da função social da propriedade introduziu uma nota na propriedade que pode não coincidir com o interesse de seu proprietário, mas que é dada pela própria ordem jurídica, e, assim, deve ser obedecida”. [1: TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 14ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2016.] 
Assim, vejamos o que não deve ser aplicado no presente caso:
a) A ocupação temporária ou provisória, segundo ROSSI[footnoteRef:2] (2019, p.721) apud MEIRELLES (2010) consiste na “utilização transitória, remunerada ou gratuita, de bens particulares pelo Poder Público, para a execução de obras, serviços ou atividades públicas ou de interesse público (CF, art. 5º, XXV). O fundamento da ocupação temporária é, normalmente, a necessidade de local para depósito de equipamentos e materiais destinados à realização de obras e serviços públicos nas vizinhanças de propriedade particular”. [2: ROSSI, Licínia. Manual de Direito Administrativo. 5ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 35ª ed. São Paulo: Malheiros, 2010.] 
A ocupação temporária se vinculada à desapropriação, na forma prevista no artigo 36 do Decreto-Lei 3.365, de 21 de junho de 1.941, que dispõe sobre desapropriações por utilidade pública: “É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização”, o que exigirá um ato formal.
Como se vê, a situação ora em análise não se amolda à ocupação temporária prevista no artigo 36 do Decreto-Lei 3.365/1.941, nem restou comprovado o “iminente perigo público” previsto no artigo 5º, inciso XXV, da CR/88 a que ROSSI apud MEIRELLES faz referência, e também não é caso das demais possibilidades de ocupação previstas no direito brasileiro: prestação de serviço, realização de pesquisas ou escavações, contratos administrativos regidos pela Lei 8.666/1993 etc.
b) A limitação administrativa configura exercício do poder de polícia e consiste em “imposição geral, gratuita, unilateral e de ordem pública condicionadora do exercício de direitos ou de atividades particulares às exigências do bem estar social”, atingindo indivíduos indeterminados, o que não é o nosso caso.
c) O tombamento, de acordo com ROSSI[footnoteRef:3] (2019, p.724) apud MEIRELLES (2010), é “a declaração pelo Poder Público do valor histórico, artístico, paisagístico, turístico, cultural ou científico de coisas ou locais que, por essa razão, devam ser preservados, de acordo com a inscrição em livro próprio” e, portanto, não se trata da questão ora em análise. [3: ROSSI, Licínia. Manual de Direito Administrativo. 5ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 35ª ed. São Paulo: Malheiros, 2010.] 
As duas últimas opções que nos falta sobre a intervenção do Estado na propriedade é a servidão administrativa ou a desapropriação. Vamos optar pela servidão administrativa, pelos motivos a seguir elencados:
a) A servidão administrativa, segundo CARVALHO FILHO[footnoteRef:4] (2017, p.844), “é o direito real público que autoriza o Poder Público a usar a propriedade imóvel para permitir a execução de obras e serviços de interesse público”, de forma a atender ao interesse público. [4: CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 31ª ed. rev., atual. e ampl. – [4.Reimpr.] - São Paulo: Atlas, 2017.] 
O conceito dado em sala de aula pelo professor é que a “servidão administrativa é o ônus real imposto à propriedade particular ou pública pelo Estado, mediante indenização de prejuízos eventualmente causado, tendo por finalidade assegurar a oferta de utilidades à comunidade administrada”, que se amolda perfeitamente ao caso ora em análise.
Há duas formas de instituição de servidões administrativas que só pode ocorrer após a edição do Decreto do Poder Executivo, para fins de se declarar a real necessidade pública: por acordo no que se refere ao valor da indenização entre o proprietário e o Poder Público, mediante escritura pública, ou por sentença judicial, sendo certo que ambas devem ser levadas a registro, no termos da Lei Federal 6.015, de 31 de dezembro de 1973, que dispõe sobre os registros públicos, para produzir efeitos erga omnes.
CARVALHO FILHO[footnoteRef:5] (2017, p.847) nos ensina que alguns doutrinadores defendem que a servidão administrativa possa decorrer de lei, mas que o autor não considera legítima esta forma de instituição, nem foi dito em sala de aula. [5: CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 31ª ed. rev., atual. e ampl. – [4.Reimpr.] - São Paulo: Atlas, 2017.] 
A servidão administrativa tem caráter de permanência, ou seja, não há prazo de duração da intervenção, mas não que ela deva ser perpétua. 
b) Caberia também desapropriação por interesse público, de acordo com as normas constitucionais e o Decreto-Lei 3.365/1941, desde que o traçado atual da rodovia seja alterado para coincidir com aquele da estrada particular, observados os Planos Rodoviários: Nacional, Estadual e Municipal, e que o melhoramento/conservação/manutenção do segmento passe a ser de responsabilidade do Poder Público.
Nos termos do inciso XXIV do artigo 5º da CR/88, a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, será realizada mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos na Constituição Cidadã.
Consigne-se, ainda, que no caso do Estado de Minas Gerais, compete ao Estado “explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços de transporte ferroviário e aquaviário que não transponham os limites do seu território e o rodoviário estadual de passageiros”, nos termos do inciso IX do artigo 10 da Constituição Estadual de 1989, o que poderia ser acrescentado como argumentação em eventual disputa judicial já que o custo do “pedágio”seria ônus da comunidade administrada.
Além disso, é preciso ter em mente os seguintes aspectos técnicos para não se aventurar em uma eventual disputa judicial: a) Existe opção de tráfego para os usuários da rodovia interditada com distância a ser percorrida relativamente pequena; e b) O poder público tem o dever de construir nova ponte nas proximidades daquela que caiu, o que pode ser executado em até 6 (meses) se o comprimento dela não for superior a 50 metros. Isto porque quando se constrói uma rodovia são realizados vários estudos com vistas a se optar pelo melhor traçado e assim os engenheiros especialistas em geometria sempre procuram a travessia que apresente um menor vão a ser vencido e, consequentemente, um menor comprimento da ponte a ser executada.
2) Quais são os limites do poder de intervenção do Estado na propriedade?
ROSA[footnoteRef:6] (2018, p.114) afirma que as restrições devem limitar-se ao fomento do bem estar social e do cumprimento da função social da propriedade, devendo todas as limitações estar de acordo com a CR/88 e previstas expressamente em normas infraconstitucionais. Em situações excepcionais, como no estado de sítio e de defesa, admite-se a imposição de limitação sem lei anterior. [6: ROSA, Márcio Fernando Elias. Direito Administrativo: Parte II. 6ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. 
 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 35ª ed. São Paulo: Malheiros, 2010.] 
Merece destaque, ainda, o parágrafo único do artigo 1º da Lei Federal 10.257, de 10 de julho de 2.001, que regulamenta os artigos 182 e 183, estabelece diretrizes gerais da política urbana, que estabelece: “Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental”, além, é claro, do Decreto-Lei 3.365, de 21 de junho de 1.941, que dispõe sobre desapropriações por utilidade pública.
3) No Município X existe uma igreja que foi o primeiro imóvel construído na localidade. Trata-se de uma construção barroca do Século XVIII. Foi a partir das levas de romeiros que passaram a visitar a Igreja logo que foi erguida que se formou a vila, que, por sua vez, deu origem ao Município. Ocorre que essa igreja não é tombada e o Prefeito não tem interesse adotar a medida. Ana Amélia, moradora do Município pretende recorrer ao Judiciário para conseguir ao tombamento e lhe questiona: tenho esse direito? Como devo agir? Responda à consulta.
No nosso entendimento é possível Ana Amélia impetrar Mandado de Injunção, nos termos do inciso LXXI do artigo 5º da CR/88, com o objetivo que o Prefeito do Município X edite uma norma tornando viável o exercício dos seus direitos no que se refere ao tombamento de uma Igreja barroca do Século XVIII, garantido constitucionalmente no artigo 216 da CR/88. 
Entretanto, é possível que Ana Amélia não seja bem sucedida, pois há entendimento doutrinário de que o Mandado de Injunção não se presta para suprir lacuna ou ausência de regulamentação em matéria infraconstitucional. Não pensamos desta forma, porque, em que pese ser um ato discricionário, a Constituição de 1988 assegurou a colaboração da comunidade, nos termos do § 1º do artigo 216: “O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação”. Por outro lado, é necessário que seja observado o procedimento para o tombamento que culminará com a declaração pelo Poder Público do valor cultural de uma Igreja barroca do Século XVIII. 
No entendimento de CARVALHO FILHO[footnoteRef:7] (2017, p.876) é possível a Ação Popular, conforme previsto no artigo 5º, LXXIII, da CR/88 e na Lei 4.717/1965, e a Ação Civil Pública, via Ministério Público (artigo 1º, III, c/c artigo 5º da Lei Federal 7.347/1985 e artigo 129, III, da CR/88), da mesma forma que nos orientou o professor em sala de aula. [7: CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 31ª ed. rev., atual. e ampl. – [4.Reimpr.] - São Paulo: Atlas, 2017.] 
Entretanto, s.m.j., é preferível que Ana Amélia, com o apoio da comunidade, nos termos do § 1º do artigo 216 da CR/88 c/c artigo 5º, XXXIV, “a”, da CR/88, estabeleça um diálogo com o Prefeito do Município X, com vistas a obter o tombamento de uma Igreja barroca do Século XVIII naquela cidade em procedimento administrativo, usando seu “direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder”, observada a manifestação do órgão técnico e a remessa para o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, autarquia federal vinculada ao Ministério do Turismo.
4) Sobre a servidão administrativa responda: a) Em que consiste? b) O proprietário do bem, sempre tem direito a ser indenizado? c) Pode ser instituída em um bem público? Explique.
No dizer de CARVALHO FILHO[footnoteRef:8] (2017, p.844) “Servidão administrativa é o direito real público que autoriza o Poder Público a usar a propriedade imóvel para permitir a execução de obras e serviços de interesse coletivo”. Para o professor Júlio, “servidão administrativa é o ônus real imposto à propriedade particular ou pública pelo Estado, mediante indenização de prejuízos eventualmente causado, tendo por finalidade assegurar a oferta de utilidades à comunidade administrada”. [8: CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 31ª ed. rev., atual. e ampl. – [4.Reimpr.] - São Paulo: Atlas, 2017.] 
Não há regulamentação específica sobre servidão administrativa, salvo o artigo 40 do Decreto-Lei 3.365/194: “O expropriante poderá constituir servidões, mediante indenização na forma desta lei” e desta forma há que se entender que, em regra, na servidão a indenização é apenas pelos prejuízos efetivamente causados.
CARVALHO FILHO[footnoteRef:9] (2017, p.847) afirma que CAIO TÁCITO em parecer sobre esse tema afirma que “não pode o município apropriar-se de área de domínio da União, quer pela via direta da desapropriação, quer pela via indireta da ocupação, para convertê-la em estrada municipal” (RDA 159/328). O professor nos ensinou que a competência para instituir servidão é de todos os entes da federação, podendo a União instituir servidão aos Estados e Municípios e Estados aos Municípios, sempre que houver o interesse público a justificar tal medida e observado o pacto federativo. [9: CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 31ª ed. rev., atual. e ampl. – [4.Reimpr.] - São Paulo: Atlas, 2017.] 
REFERÊNCIAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 31ª ed. rev., atual. e ampl. – [4.Reimpr.] - São Paulo: Atlas, 2017.
ROSA, Márcio Fernando Elias. Direito Administrativo: Parte II. 6ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. 
ROSSI, Licínia. Manual de Direito Administrativo. 5ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 14ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2016.

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