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OS DESAFIOS EDUCACIONAIS DA REDE PUBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO EM MEIO A PANDEMIA

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CORONAVÍRUS: OS DESAFIOS EDUCACIONAIS DA REDE PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO EM MEIO À PANDEMIA.
CORONAVIRUS: THE EDUCATIONAL CHALLENGES OF THE PUBLIC NETWORK OF THE STATE OF SÃO PAULO IN THE MIDDLE OF THE PANDEMIC
Eric Rodrigues dos Santos[footnoteRef:1] [1: Graduando em História – Licenciatura pela Universidade Cruzeiro do Sul] 
Giovana Gomes[footnoteRef:2] [2: Graduanda em História – Licenciatura pela Universidade Cruzeiro do Sul] 
RESUMO
Esse ensaio tem como objetivo trabalhar os desafios educacionais que estão sendo enfrentados por professores, alunos e pais durante o período de ensino emergencial de forma remota que foi introduzido nas escolas da rede pública do Estado de São Paulo como medida para impedir a perda do ano letivo por conta da pandemia do Sars-CoV-2, o novo corona vírus. Como trata-se de um estudo sobre um assunto que está acontecendo no momento da realização utilizando-se de matérias publicadas por portais no notícias, futuramente haverá necessidade de atualiza-lo com uma visão do que já aconteceu e não do que está acontecendo.
Palavras-chaves: Educação, Covid-19, Desafios.
ABSTRACT
This essay aims to address the educational challenges that are being faced by teachers, students and parents during the period of emergency teaching remotely that was introduced in public schools in the State of São Paulo as a measure to prevent the loss of the school year. Because of the Sars-CoV-2 pandemic, the new coronavirus. As it is a study on a subject that is happening at the time of the realization using materials published by portals in the news, in the future there will be a need to update it with a view of what has already happened and not what is happening.
Keywords: Educational, Challenges, Corona vírus.
1 INTRODUÇÃO
	A pandemia do Sars-CoV-2, o novo corona vírus, foi anunciada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) em 11 de março de 2020. Esse vírus que atua como uma doença respiratória teve como epicentro da doença uma cidade na china chamada Wuhan.
O vírus que causa a COVID-19 é transmitido principalmente por meio de gotículas geradas quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou exala. Essas gotículas são muito pesadas para permanecerem no ar e são rapidamente depositadas em pisos ou superfícies. Você pode ser infectado ao inalar o vírus se estiver próximo de alguém que tenha COVID-19 ou ao tocar em uma superfície contaminada e, em seguida, passar as mãos nos olhos, no nariz ou na boca. (Organização Mundial de Saúde, 2020)
A partir disso, fez-se necessário a mudança de hábitos e adaptações às medidas sanitárias para conter a proliferação do vírus. Uma dessas medidas que foi implementada e abre espaço para pensar nos impactos no campo educacional foi o isolamento social. A partir dessa perspectiva é que se faz necessário entender os processos que ocorrem para dar continuidade ao ensino durante o período de isolamento social. 
Em geral, esse texto tem como objetivo provocar discussões sobre as medidas implementadas pelo governo do Estado de São Paulo e problematizar o contexto social no combate à pandemia no campo da educação visando criar no leitor uma consciência para a situação.
2 DESAFIOS À SEREM ENFRENTADOS POR PAIS, PROFESSORES E ALUNOS
Uma das principais medidas, segundo especialistas, contra a disseminação do Sars-CoV-2, o novo Corona Vírus, é o isolamento social. Mesmo que sendo a melhor opção para controlar a contaminação do vírus, essa medida sanitária impõe barreiras no campo educacional tendo por base que o ensino fundamental e médio da rede pública é totalmente realizado presencialmente. Viabilizar o ensino emergencial de forma remota, mesmo que sendo a melhor opção para o momento, escancara a desigualdade social existente. No Brasil, depois dessa medida, foram 52,8 milhões de alunos afetados, da educação infantil ao superior. (UNESCO, 2020)
Nos termos do art. 2º da Lei nº 9.131, de 24 de novembro de 1995, o Ministro de Estado da Educação homologa parcialmente o Parecer CNE/CP nº 5/2020, do Conselho Pleno, do Conselho Nacional de Educação - CNE, o qual aprovou orientações com vistas à reorganização do calendário escolar e à possibilidade de cômputo de atividades não presenciais, para fins de cumprimento da carga horária mínima anual, em razão da pandemia do novo corona vírus. (Ministério da Educação, 2020)
No campo educacional, como forma de burlar a barreira promovida pelo isolamento social, as principais alternativas do Governo do Estado de São Paulo para manter o ano letivo sem prejudicar os alunos da rede pública de ensino foi o uso de material didático impresso que seriam enviados para os alunos e também a utilização das mídias sociais (canal de TV, YouTube e Apps) para transmitir o conteúdo que os alunos teriam em sala de aula, medida essa que foi decretada no dia 17 de Maio de 2020 por meio da Portaria nº 343, o Ministério da Educação (MEC).
	As famílias com melhores condições socioeconômicas conseguem dar continuidade à essa nova forma de ensino justamente por terem acesso aos meios necessários, em contrapartida, alunos de baixa renda sofrem com a falta de acesso. Esses alunos com maiores condições possuem os meios necessários como internet de boa qualidade, celular, computador e até mesmo um ambiente adequado para estarem realizando as atividades e acompanhando aulas. Em contraponto, alunos das escolas públicas carecem desses meios levando oportunidades distintas para as famílias. Muitos não possuem um celular de qualidade para entrar e acompanhar e quando tem é o celular dos próprios pais que tem que servir para dois ou três filhos. 
O acesso à internet também é algo preocupante para esses alunos. Segundo a chefe de divisão de estudos da fundação SEADE, Lilia Belluzo: “Estudar nessas condições, dentro de tudo que a pandemia nos trouxe, como dificuldade [...] a situação é ainda mais agravada por acesso à internet via celular, com tela pequena e conexão frágil.”
Uma aluna do 2° ano do ensino médio, que não será identificada, após ser perguntada sobre a maior dificuldade em relação aos estudos durante a pandemia relatou esse mesmo problema. Segundo ela: 
O acesso à internet pois só tenho o 3g do celular e muitas vezes não tenho crédito então não consigo acessar as aulas e pelo fato de morar em uma casa pequena dividindo o quarto com todos e não consigo me concentrar e ter foco, as vezes chego mais cedo no serviço para ficar na copa e ver as aulas com o Wifi da empresa (no celular da minha amiga Agatha pois o meu não está rodando o aplicativo).
A questão do acesso à internet não é simplesmente ter a conexão, mas sim ter uma internet que supra as necessidades do aluno e dos meios que são utilizados para realizar as aulas. O aluno precisa baixar documentos, vídeos, fotos, textos, assistir aulas e etc, uma internet que não atenda essas necessidades se torna inútil nesse novo processo de aprendizagem. Não basta simplesmente ouvir o professor falando, o aluno precisa se sentir inserido nesse meio, precisa ver os amigos e professores, precisa pesquisar, baixar arquivos e tirar dúvidas. Com o celular a questão não é diferente, o aluno precisa estar utilizando um celular capaz de aguentar todos os arquivos que irão ser passados pelos professores, ter um programa para visualizar esses documentos, ter um celular com software atualizado para conseguir instalar tudo aquilo que é necessário. Essa discussão vai além de uma simples questão de ter ou não um celular ou acesso à internet, até mesmo a qualidade influencia durante esse processo. Muitos desses alunos perdem o vínculo com os estudos sendo jogados para fora por meio da exclusão digital.
O uso de computadores, notadamente, pode transformar-se em mais um meio para erguer barreiras entre os que têm acesso a esses produtos e os demais alunos das precárias escolas públicas das periferias das grandes cidades e das áreas mais carentes do País. Assim, o consumo das novas tecnologias pode ser mais um instrumento de exclusão social e cultural. Situação que provoca diferenciações até o mesmo entre as diversas geraçõesde professores. (Bittencourt, Circe. 2009, pp. 110)
Figura 1 – Desigualdade durante o ensino emergencial de forma remota.[footnoteRef:3] [3: Disponível em: < https://www.instagram.com/p/CAUDKBvjW9z/> por Lézio Júnior. Acesso em: 03 nov. 2020.] 
Junto a essa perspectiva podemos dialogar com a matéria publicada no portal de notícias G1 desenvolvida pela BBC intitulada: “Pandemia deve intensificar abandono de escolar entre alunos mais pobres”. Em trecho, à matéria mostra: “Em São Paulo, alunos de baixa renda atendidos por uma organização sem fins lucrativos temiam “voltar para a estaca zero” nos estudos em meio à pandemia.”. A grande problemática da evasão escolar no período de pandemia nas classes mais baixa é justamente a falta de tecnologias de acesso para estarem acompanhando o ano letivo. Segundo outra matéria do G1 intitulada de: “85% dos professores de São Paulo acreditam que estudantes aprendem menos na pandemia, diz pesquisa da USP” por Cristiane Paião evidencia que os professores do Estado de São Paulo acreditam que, por conta da desigualdade social existente, os alunos acabam perdendo o interesse e, consequentemente, aprendem menos. Durante uma entrevista realizada com uma professora de Ciências Físicas e Biológicas do Ensino Fundamental e Médio que não será identificada, reflete justamente esse sentimento de empatia ao com os alunos. Para ela, o que mais preocupa durante o ensino na pandemia é: “O acesso dos alunos, pois poucos são os que fazem as atividades ou assistem às aulas remotas, devido a carência, muitos não conseguem ter acesso a internet e isso prejudica. Infelizmente não estamos todos na mesma situação.”. Um outro professor de Educação Física do Ensino Fundamental que, por segurança, também não será identificado relata desafio: “A falta de informações precisas sobre as verdadeiras condições dos alunos em relação ao seu acesso às plataformas. Achando injusto cobrar muitas coisas por não saber esta realidade.”. A falta de estrutura adequada do Estado e a velocidade necessária para estar monitorando esses alunos em tempo real e repassar essas informações para os professores preocupa-os. Através das entrevistas feitas com alguns professores para a realização deste artigo é perceptível a preocupação dos mesmos em relação as condições gerais dos alunos. Alguns declaram ficar receosos em passar atividade para os alunos sem saber a real condição. Esse papel de entrar em contato com os alunos tem que partir do Estado, porém, essa culpa parece que sempre cai sobre o professor.
Segundo Edson Grandisoli, do Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA-USP):
“A maior parte das respostas (dos professores em uma pesquisa realizada pelo instituto) citava a preocupação com a dificuldade de acesso à tecnologia por parte dos alunos, como simplesmente ter um celular ou internet em casa, ou dominar o uso dos equipamentos. Além disso, muitos apontam que nem todos os estudantes tem a estrutura ou ambiente familiar necessário para fazer às atividades em casa.”
Essa nova forma de ensino para valer completamente aposta na autonomia do aluno em relação ao ensino-aprendizagem. Mas, como já apresentado, alunos em situação de vulnerabilidade não tem a estrutura econômica e/ou tecnológicas necessária, muito menos um professor para auxiliar o processo presencialmente. A figura mais próxima que uma criança ou adolescente vai ter de um professor, são os pais. O papel de auxiliar esse processo recai sobre os pais, que, muitas das vezes trabalham o dia todo ou, quando estão em casa, devido à baixa escolaridade, não consegue ajudar o filho. De acordo com Circe (2009, p.109) “Utilizar as informações da mídia televisiva ou da internet é fundamental na escola, mas o risco de, por conta disso, criar pessoas alienadas não pode ser ignorado.”
Por ser um método de ensino “novo”, os alunos não tem esse contato direto com as formas de como será o processo de estudo a partir dele mesmo e, deixar a cargo do aluno sintetizar o que é certo ou errado, fundamental ou não sobre o conteúdo é muito perigoso já que não terá um mediador com conhecimento adequado para isso sabendo que muitos dos pais não tem contato com tecnologia nem com o conteúdo da aula. Em uma matéria vinculada pelo site Brasil de Fato por Cristiane Sampaio intitulada: “Professores, pais e alunos apontam dificuldades e limitações do ensino a distância” relata justamente a dificuldade dos alunos em poder tirar dúvidas no momento em que surgem isso porque não existe mais aquele contato direto entre professor-aluno e que, no ambiente virtual, do jeito que está, os alunos são protagonistas do próprio aprendizado. 
Outra questão estrutural que é uma barreira para essa nova forma de ensino e afeta os alunos é a falta de espaço adequado para estudar. Nas residências de alunos de baixa renda é normal encontrar famílias constituídas por muitas pessoas vivendo em casa de poucos cômodos. Segundo a Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE[footnoteRef:4], de 2019, 5,6% do conjunto da população e 14,5% da população brasileira que está abaixo da linha da pobreza dorme em cômodos com mais de três pessoas. Dificilmente uma criança ou adolescente em estudo vai conseguir interagir em sala de aula sem uma estrutura familiar adequada. [4: Estudo indica que ainda uma parcela significativa de brasileiros mora em condições que trazem dificuldades para o controle de epidemias. Segundo dados do IBGE, 12,8% da população reside em locais com ao menos uma inadequação. Mais de 37% dos brasileiros residem em moradias onde falta ao menos um serviço de saneamento básico. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101678.pdf Acesso em: 16 set. 2020. 
] 
Nos anos iniciais o papel social das escolas públicas é “quebrado” por conta do isolamento e do distanciamento social. Muitas crianças vão para a escola simples e unicamente para conseguirem comer. Devido à ausência dos pais em casa por conta da excessiva carga horário do trabalho, as crianças ficam sem comida e é na escola, onde vão encontrar o primeiro e talvez o último contato do dia com uma alimentação saudável. Porém, deve-se reconhecer os esforços do governo em identificar essas crianças e fortalece-las através do programa “Merenda em Casa”, criado justamente para suprir as necessidades dessas crianças em situação de vulnerabilidade. 
Um problema que não vai ser tão explorado durante esse ensaio, mas não menos importante é a questão do abuso sexual infantil. De acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), em 73% dos casos, o abuso sexual ocorre na casa da própria vítima ou do suspeito e é cometido por pai ou padrasto em 40% das denúncias. Esses números ficam mais preocupantes quando, em tempos de pandemia e isolamento social, a criança não tem mais a escola como refúgio. Além do papel da escola ser de ensinar o aluno a "ler o mundo" para poder transformá-lo como defendia o educador Paulo Freire, existe esse lado social que impede que crianças e adolescentes não passem fome, não fiquem expostas à abusos psicológicos ou físicos.
Um estudante da rede pública, fora da pandemia, tem que quebrar diversas barreiras sociais, econômicas e familiares para conseguir uma vaga em uma universidade. No cenário atual, torna-se impossível pensar na introdução desses alunos no meio acadêmico tendo em mente toda as dificuldades de acesso a serem enfrentadas. Rossieli Soares, Secretário da Educação do Estado de São Paulo argumenta em entrevista: “Temos 1,6 milhões de alunos acessando (o aplicativo).”. Segundo o mesmo, 60% desse número de alunos são estudantes do ensino médio que estão preocupados com o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e precisam do conteúdo para ingressar em uma faculdade. 
Esses alunos acabam por ter que recorrer a livros por conta própria sem auxílio do professor e sem poder tirar dúvidas. Como medida amenizadora para os alunos do último ano do ensino médio o projeto da senadora Daniella Ribeiro (PP-PB) que visava prorrogar a aplicação do exame nacional do ensino médio (ENEM)foi aprovado pelo senado no dia 19 de maio de 2020. Mesmo com o adiamento do ENEM para impedir uma concorrência desleal é necessário estar ciente que esse projeto só foi vigorado sabendo que muitos alunos não estão tendo o ensino necessário para concorrer porém se nada mudar em relação a alunos em situação de vulnerabilidade será assim como no ditado popular: trocar seis por meia dúzia. Não adianta simplesmente adiar, mas sim, dar auxilio e atenção necessária para que todos que não tem condições de acesso, se isso tivesse acontecido desde o começo da pandemia talvez não fosse necessário o adiamento. O sonho de chegar ao ensino superior se distancia ainda mais desses vestibulandos das periferias. 
Partindo da premissa que os estudos são a melhor forma de ascender socialmente percebe-se a importância que a rede pública tem para os alunos em situações de vulnerabilidade e porque deve-se chegar em uma acordo para que nenhum aluno da rede seja prejudicado durante esse período já que as ideias sobre a reabertura das escolas privadas enquanto as públicas continuam fechadas no estado evidenciam mais a desigualdade social. Em divulgação de Carta Aberta, Silva, do SIEEESP (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo) afirma que: “As escolas particulares estão capacitadas. O que o estado deveria fazer é elevar urgentemente o nível da escola pública para o que existe de melhor hoje no particular, e não o contrário. Tentar rebaixar [o ensino privado] não levará a lugar nenhum.”. Palavras essa que definem a verdadeira visão das classes mais altas em relação aos pobres perpetuando um status quo e, de certa forma, diminuindo as chances de ascensão social dos pobres por meio do sistema educacional. 
Uma matéria liberada pela Folha de São Paulo intitulada: “Está claro que a reabertura das escolas não agrava a pandemia, diz Vivianne Senna[footnoteRef:5]” feita por Laura Mattos tem a descrição de: “Para especialista em educação, ensino não está sendo priorizado, e impacto de fechamento longo é imenso.”. Deve-se atentar ao teor contido nessa matéria e o que ela procura passar ao leitor. Quando afirmado na descrição da matéria que o ensino não está sendo priorizado e que o impacto de fechamento longo é imenso são afirmações tomando em conta a falta de pagamento das mensalidades e o rombo econômico das instituições de ensino privado. Viviane utiliza-se argumentos como a necessidade de merenda, trabalhado de forma suscinta neste artigo, e aproximação da criança com a violência doméstica. Logicamente, são argumentos pertinentes e de real preocupação, porém a ideia central dela não é causar essa preocupação para o lado social, mas sim, forçar a reabertura das escolas afim de perpetuar os interesses da burguesia. Somente alunos que frequentam escolas particulares, que não tem a preocupação de morar em casa superlotadas ou utilizar-se dos transportes públicos para chegar até a escola podem se adequar, sabendo que o número de óbitos pela Covid-19 é maior nas classes baixas devido à falta de saneamento básico e a impossibilidade de se manterem isolados. [5: Psicóloga, empresária brasileira, presidente do Instituto Ayrton Senna e irmã do tricampeão mundial Ayrton Senna. eleita “Líder do Novo Milênio” pelos monopólios de mídias Times e CNN.] 
A condição emocional dos professores também é preocupante durante esse período. Uma pesquisa do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) revela que 40% dos professores afastados por problemas de saúde e os dois problemas mais comuns são depressão e ansiedade e tende a aumentar os números no período de isolamento social e fechamentos das unidades de ensino. Segundo o governador de São Paulo, João Dória, o governo anunciou um novo programa chamado “Psicólogos da Educação” para auxiliar no equilíbrio emocional de alunos, professores e servidores da rede pública de ensino. De acordo com o mesmo, “Pesquisas de opinião demonstram que 75% dos alunos e 50% dos professores tiveram alterações emocionais causadas pela pandemia.”. Muitos declararam sentimento de ansiedade e medo diante do desafio de dar aula remota durante o período de emergência. Nesse contexto de aprendizagem tem-se por base o papel do professor segundo Paulo Freire onde, ao mesmo tempo em que o professor ensina, também aprende durante o processo. 
A condição econômica também pode ser relevante porque com os professores dando aulas da sua própria casa, os custos relacionados à energia elétrica, plano de celular e até mesmo na compra de aparelhos apropriados para melhorar a conexão e a comunicação com os alunos. Ao mesmo tempo em que os alunos também precisam desses meios e um celular/conexão de boa qualidade, com os professores também não é diferente. Imagine o desgaste e o cansaço emocional para o professor que, diante desse método novo de ensino, não consegue se adaptar ou fica impossibilitado de dar aula.
Segundo Circe (2009, p. 110): “Outro problema decorrente das tecnologias e a ser utilizada nas escolas relaciona-se as desigualdades das condições de trabalho e da realidade escolar brasileira.”. Professores também podem sofrer por falta de estruturas tanto na questão da falta de ambientes adequados para realização de aula quanto em possuir tecnologias necessárias (Internet, Computador e/ou Celular). Com o desafio do ensino não presencial, uma reclamação recorrente dos profissionais da educação é o fato de não ter um celular disponível para utilizar nas aulas pois utilizavam o de uso pessoal, acarretando, assim, um desgaste emocional por estar 24 horas por dia à disposição dos alunos.
Figura 2 – Professa utilizando a parede de casa para dar aula.[footnoteRef:6] [6: Disponível em: <https://www.instagram.com/p/CFSByPeJzT6/> por Nando Motta. Acesso em: 03 de nov. 2020.] 
Os professores da rede pública também se queixam de não ter uma formação ou nenhum conhecimento sobre o uso das tecnologias e se sentem inseguros com esse novo método de ensino-aprendizagem. Em entrevista, uma professora que leciona Ciências Física e Biológica no ensino médio e fundamental que não quer ser identificada, declara que “A falta de conhecimentos tecnológicos, foi o meu maior desafio. Sou um pouco leiga nesse quesito.”. Foram pegos de surpresa com a mudança para o ensino não presencial já que na formação muitos não tem contato com as mídias sociais, às linguagens do meio que se altera em comparação ao ensino presencial e a possibilidade de utiliza-las durante o processo de ensino-aprendizagem. Um problema crônico na formação inicial que deixa a cargo do professor ir ou não atrás desse tipo de conhecimento. 
De acordo com Circe (2009, p. 109):
Portanto os métodos, no processo de renovação curricular, devem-se ater a essa série de problemas trazidos do mundo tecnológico, com entendimento de que tais tecnologias não são inimigas, mas também não produtos que possam ser utilizados sem uma crítica profunda do que transmitem, das formas individualistas de comunicação e de lazer que estabelecem, do fortalecimento do ideário de uma submissão irrestrita ao domínio da máquina como instrumento educativo que promovem.
Em entrevista, uma professora de sociologia do ensino médio que não será identificada explica como está superando a barreira da tecnologia: “Procurei me reciclar e me inteirar nos meios digitais. Tentei ser o mais breve possível e ter uma linguagem simples e diversificada.”. Ela complementa: “Minha maior dificuldade sem dúvida alguma, foi manter meus alunos com acesso às aulas [...] tinham pouco interesse para entrar no link da aula e assistir. Tive que inovar.”
Uma possibilidade para os professores que estão passando por esse momento de reciclagem é apostar em assistir vídeos do YouTube que podem fortalecer muito o aprendizado dos professores, pois, tratam de uma questão muito importante para os professores atuais e futuros: uma linguagem totalmente acessível e suscinta o que é perfeito para às atividades remotas pensando nas dificuldades dos alunos de se concentrarem e dos professores em mantera atenção dos mesmos. 
O que está sendo cobrado dos professores pelo Estado de São Paulo é que os alunos frequentem às aulas, mas, ao mesmo tempo, isso é algo que está totalmente fora do alcance dos professores porque não depende de eles escolherem ou fazerem com que os alunos entrem na aula sabendo de todo problema estrutural que os alunos podem estar passando em casa durante o período de isolamento. Mesmo que a reciclagem seja uma opção válida que os professores estão utilizando para atraírem os alunos às aulas, não corta o real motivo da desistência dos mesmos. Não basta simplesmente culpabilizar os professores por estarem dando aulas de 20 minutos pois eles sabem, mesmo que por cima, da real situação econômica, tecnológica e familiar dos alunos de baixa renda.
Os professores sabem que inovar é necessário, porém não basta simplesmente querer, todo esse processo diante da situação envolve barreiras que impossibilitam a inovação. Fazendo um diálogo entre as matérias veiculadas nos portais de notícias com os depoimentos colhidos de alguns professores atuantes na rede pública do Estado de São Paulo para a realização deste ensaio percebe-se que há uma coerência entre as ideias e não um sensacionalismo afim de criar uma problemática inexistente. O que normalmente está sendo veiculado são as dificuldades, aqui já evidenciadas, existente para pais, alunos e professores com tendência de expor as barreiras que todos eles enfrentam durante o período de ensino emergencial de forma remota.
O papel dos portais de notícias é importante nesse momento para não culpar os professores através de notícias sensacionalistas fazendo-os de inimigos por não apoiar o retorno das aulas presenciais sem estarem completamente seguros. Sempre houve greve dos professores por melhores condições de trabalhos, porém no contexto atual, eles não reivindicam melhores condições de trabalho, mas sim o direito de vida.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
	O objetivo deste trabalho foi realizar um ensaio sobre os desafios que professores, alunos e pais estão enfrentando com o fechamento das unidades de ensino da rede pública do Estado de São Paulo evidenciando justamente as questões estruturais e psicológicas envolvendo o método de ensino remoto. 
Os resultados obtidos depois das entrevistas realizadas com professores do estado e alunos revelam sentimentos de desconfiança, medo e ansiedade. Desconfiança por não saber o dia de amanhã; Medo por estar se deparando com uma nova forma de ensino e não estar academicamente formado ou por não ter equipamentos necessários; Ansiedade por querer saber se todo o processo de aprimoramento e reciclagem para atuar nessa nova forma de ensino vai ser correspondido e atender as necessidades pessoas e dos alunos. 
A finalização do estudo, reflexões e entrevistas realizadas durante o processo de desenvolvimento deste ensaio levaram a concretizar a ideia que os problemas levantados sobre a problemática do ensino remoto, mesmo que sendo a melhor opção, e que deram origem à pesquisa não eram imaginosos. Observa-se na prática que todas as hipóteses inicias do ensaio como a dificuldade do acesso por falta de tecnologia, não ter um equipamento adequado, lado emocional de professores e alunos, a quebra do papel social da unidade de ensino seriam questões importantes a serem pensadas e analisadas durante esse processo. 
4 REFERÊNCIAS
	BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de história: fundamentos e métodos. [S.l: s.n.], 2018.
	ALVES, Lucinéia. “Educação à distância: conceitos e história no Brasil e no Mundo”. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e à Distância, vol. 10, 2011.
	Dos Santos Reis, D. CORONAVÍRUS E DESIGUALDADES EDUCACIONAIS: REPOSICIONANDO O DEBATE. Olhar de Professor, v. 23, p. 1-5, 25 jul. 2020
	Cristiane Paião: 85% dos professores de São Paulo acreditam que estudantes aprendem menos na pandemia, diz pesquisa da USP G1; 13/08/2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/08/13/85percent-dos-professores-de-sao-paulo-acreditam-que-estudantes-aprendem-menos-na-pandemia-diz-pesquisa-da-usp.ghtml> Acesso em: 20/09/2020.
	Paula Adamo Idoeta: Pandemia deve intensificar abandono de escola entre alunos mais pobres, BBC. 23/07/2020. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53476057> Acesso em: 04 nov. 2020.
	Cristiane Sampaio: “Professores, pais e alunos apontam dificuldades e limitações do ensino a distância”, BRASIL DE FATO. 04/05/2020. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2020/05/04/professores-pais-e-alunos-apontam-dificuldades-e-limitacoes-no-ensino-a-distancia> Acesso em: 04 nov. 2020
	Laura Mattos: Está claro que a reabertura das escolas não agrava a pandemia, diz Viviane Senna, FOLHA DE S. PAULO. 15/09/2020. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/09/esta-claro-que-a-reabertura-das-escolas-nao-agrava-a-pandemia-diz-viviane-senna.shtml#:~:text=%E2%80%9CAs%20pesquisas%2C%20os%20dados%20e,%2C%20afirma%20Viviane%20Senna%2C%2063.&text=Para%20a%20empres%C3%A1ria%20e%20psic%C3%B3loga,o%20de%20mant%C3%AA%2Dlas%20fechadas> Acesso em: 04 nov. 2020

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