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Universidade Estácio de Sá Curso de Serviço Social NAIANE BÁRBARA MANOEL O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA: UMA ANÁLISE DA REALIDADE FRENTE A EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Campo Limpo Paulista 2020 NAIANE BÁRBARA MANOEL O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA: UMA ANÁLISE DA REALIDADE FRENTE A EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Serviço Social, sob a orientação da Prof.ª Taciana Lopes Bertholino. Campo Limpo Paulista 2020 NAIANE BÁRBARA MANOEL O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA: UMA ANÁLISE DA REALIDADE FRENTE A EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Serviço Social. BANCA EXAMINADORA Professor(a) Professor(a) Professor(a) Campo Limpo Paulista, dia 10 de Novembro de 2020 Dedico este trabalho aos meus pais, os pilares da minha formação como ser humano. Meus maiores e melhores orientadores na vida. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à Deus, por ter me sustentado até aqui e por ter me dado forças para lutar em busca desse sonho que é a segunda graduação. À minha mãe, Cleonice, minha primeira professora, que é tão presente em minha vida. Diariamente me incentiva a lutar em busca dos meus sonhos e objetivos. A minha maior fonte de inspiração. Corajosa, forte, inteligente, um exemplo de resiliência, uma grande mulher, mãe e amiga. Concluiu o ensino médio aos 38 anos, a primeira graduação aos 42 anos, com duas filhas e marido, percorreu uma trajetória árdua e alcançou o sucesso pessoal e profissional. Foi nomeada em dois concursos públicos, acumulou títulos e hoje atua na direção escolar de uma unidade de ensino. Professora, Psicopedagoga, Doutora em Alfabetização, luta em busca de um futuro melhor para as nossas crianças e para o nosso país. Merece as minhas reverencias. Gratidão por tudo, mãe! Ao meu namorado, Luan, o amor da minha vida, que esteve comigo durante os quatro anos da graduação, me incentivando, apoiando e amparando, sempre com muita paciência e amor em todos os momentos, sejam eles de alegrias ou de tristezas. Que nunca se importou em abrir mão dos nossos momentos de lazer para que eu pudesse me dedicar aos estudos. Que ouviu minhas reclamações, compartilhou das minhas angústias e preocupações, me deu colo quando necessário. Custeou as mensalidades para que eu não precisasse trancar curso. Me acompanhou por inúmeras vezes à faculdade. Me tranquilizou nos períodos de provas, me auxiliou na formatação desse trabalho de conclusão, enfim, ele foi uma das peças “chave” que me fizeram chegar até aqui. Muito obrigada por tudo, “bê”. Te amo! A minha grande e querida amiga, Fayllane, que eu considero um presente que o Serviço Social e a vida me deram. Nos conhecemos no campo de estágio, ela técnica, eu estagiária e desde então, estamos construindo uma linda e verdadeira amizade, que é de grande valia para mim. Ela também está sempre me apoiando e me incentivando a buscar conhecimento e crescimento profissional. Compartilhou toda a sua trajetória e bagagem, além de muitos materiais de estudos, livros, conteúdos para concursos públicos. Me auxiliou na construção desse trabalho. Desde a escolha do tema até as referências bibliográficas, além de revisar os capítulos e corrigir os erros de português. Ela é um anjo em forma de gente. Sou extremamente grata por tudo, principalmente pela paciência e disposição que ela SEMPRE tem em me amparar. “Valeuzão” por tudo, Fay, rs. Aos meus professores e tutores que me ensinaram muito e agregaram valores a minha formação acadêmica. Aos funcionários da instituição de ensino que sempre me atenderam com gentileza e agilidade, em especial ao Caio, coordenador do polo de Jundiaí. A toda equipe CRAS Leste, por terem me acolhido com tanto amor durante os três períodos de estágios. Lá eu tive a oportunidade de aprender a prática profissional, pude contar com o apoio da equipe multidisciplinar e principalmente com as assistentes sociais, em especial a Maria do Carmo, minha supervisora de campo. As minhas colegas de luta, também estudantes de Serviço Social, Maria José e Mayla, que estiveram comigo nos melhores e piores momentos até aqui. Dividindo as angustias, as dificuldades e os saberes adquiridos no curso. Agradeço pela amizade e por todo o conhecimento compartilhado. Cada incentivo recebido me fez acreditar que eu alcançaria esse sonho. Muito obrigada, meninas. Guardo vocês em meu coração. Ademais, agradeço a todos os meus familiares, amigos, colegas e conhecidos, que de maneira direta e indireta me incentivaram, me apoiaram e me fizeram acreditar em minha capacidade e potencial. Gratidão define essa reta final e esse momento tão esperado. Muito obrigada a todos!!! “Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena Acreditar no sonho que se tem Ou que seus planos nunca vão dar certo Ou que você nunca vai ser alguém Tem gente que machuca os outros Tem gente que não sabe amar Mas eu sei que um dia a gente aprende Se você quiser alguém em quem confiar Confie em si mesmo Quem acredita sempre alcança...” (Renato Russo) MANOEL, Naiane Bárbara, O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA: UMA ANÁLISE DA REALIDADE FRENTE A EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. 34 Páginas. Trabalho de Conclusão de Curso da Graduação em Serviço Social – Universidade Estácio de Sá, Campo Limpo Paulista, 2020. RESUMO Este trabalho tem como objetivo geral pesquisar o exercício profissional do assistente social atuante na Proteção Social Básica, através de uma análise concisa, baseada na experiência obtida no estágio supervisionado em um Centro de Referência de Assistência Social, no município de Campo Limpo Paulista, no estado de São Paulo. A literatura utilizada para a construção deste projeto monográfico, levou em consideração as principais discussões desde a trajetória histórica do Serviço Social, abrangendo o surgimento e a fundamentação da profissão, o movimento de reconceituação, juntamente com a reatualização do conservadorismo, trazendo a intenção de ruptura, as transformações no mundo do trabalho, o resgate acerca da Assistência Social no Brasil, até o surgimento do SUAS e demais políticas sociais. Sendo elucidado com o desvelar dos objetivos específicos, na apresentação dos serviços, programas e projetos desenvolvidos no município, e na possibilidade de situar a vigilância socioassistencial no SUAS e no âmbito municipal. Levando em consideração o atual cenário, foi utilizado como procedimento metodológico exclusivamente a pesquisa bibliográfica. Palavras-chave: Exercício Profissional; Assistência Social; Serviço Social. MANOEL, Naiane Bárbara, THE WORK OF SOCIAL ASSISTANT IN BASIC SOCIAL PROTECTION: AN ANALYSIS OF REALITY IN FRONT OF THE EXPERIENCE OF INTERNSHIP IN A REFERENCE CENTER FOR SOCIAL ASSISTANCE. 34 Páginas. Trabalho de Conclusão de Curso da Graduação em Serviço Social – Universidade Estácio de Sá, Campo Limpo Paulista, 2020. ABSTRACT This work has the general objective of researchingthe professional practice of the social assistance working in Basic Social Protection, through a concise analysis, based on the experience obtained in the supervised internship at a Reference Center for Social Assistance, in the municipality of Campo Limpo Paulista, in the state from Sao Paulo. The literature used for the construction of this monographic project, took into account the main discussions since the historical trajectory of Social Service, covering the emergence and foundation of the profession, the reconceptualization movement along with the renewal of conservatism, bringing the intention to break, the transformations in the world of work, the rescue about Social Assistance in Brazil, until the emergence of SUAS and other social policies. What will be elucidated with the unveiling of specific objectives, in the presentation of services, programs and projects developed in the municipality, and in the possibility of placing socio-assistance surveillance in SUAS and at the municipal level. Taking into account the current scenario, bibliographic research was used as a methodological procedure. Key-words: Professional Practice; Social Assistance; Social Service. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 11 2. BREVE HISTÓRICO DO SURGIMENTO E TRAJETÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL ............................................................................ 13 3. A RELAÇÃO ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA PROFISSIONAL ....... 21 4. CONTEXTUALIZANDO O CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL COM BASE NA EXPERIÊNCIA OBTIDA EM CAMPO DE ESTÁGIO........................................................................... 24 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 29 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................... 31 11 INTRODUÇÃO Este trabalho de conclusão de curso é fruto da reflexão que se deu a partir da inserção no campo de estágio, onde foi possível observar e participar do fazer profissional do assistente social, atuante na Proteção Social Básica, em suas dimensões teórico-metodológica, ético-política e principalmente técnico- operativa. Para tanto, definiu-se como objeto de estudo desta pesquisa, a atuação do profissional de Serviço Social no Centro de Referência de Assistência Social, do município de Campo Limpo Paulista – São Paulo. Tendo em vista os limites e possibilidades quanto à viabilização de direitos sociais na área da Assistência. Além disso, o referido projeto monográfico visa analisar determinada atuação, considerando a precarização do mundo do trabalho na contemporaneidade e seus reflexos nesse espaço sócio ocupacional. Para construção e delimitação deste estudo, foi necessário recorrer à pesquisa bibliográfica à respeito das transformações no mundo do trabalho, perpassando por um resgaste histórico da trajetória do Serviço Social e da Assistência Social no Brasil. Segundo Marconi & Lakatos (1996), este tipo de estudo é fundamental para uma melhor compreensão do que será posteriormente pesquisado, e também para que o pesquisador esteja teoricamente embasado sobre o assunto, pois, é nesta etapa que ele irá definir os objetivos da pesquisa. Em contato com a realidade nesta perspectiva, é notável que a atuação profissional dos assistentes sociais é de grande importância para os usuários. A demanda de atendimentos é bastante significativa. Além disso, foram observados alguns desafios enfrentados pelos profissionais, a saber: precarização do vínculo empregatício, defasagem na remuneração salarial, infraestrutura não condizente com a demanda, baixo investimento em especializações por parte do município, dificuldades na intersetorialidade, entre outras. Ademais, foi possível observar que mesmo com esses limites, grande parte desses profissionais reconhecem a importância da relativa autonomia no 12 exercício de sua prática nesse espaço e procuram, ainda que de forma restrita, fazer valer os direitos dos usuários. O referido projeto monográfico encontra-se estruturalmente dividido em três capítulos, sendo eles: “Breve histórico do surgimento e trajetória do Serviço Social no Brasil”, “A relação entre a teoria e a prática profissional” e “contextualizando o Centro de Referência de Assistência Social”. O primeiro capítulo, como o próprio indica, versa sobre a trajetória histórica do Serviço Social no Brasil, segundo a perspectiva de pesquisadores, como Iamamoto, Netto, Sposati, Yazbek, dentre outros. Trazendo desde as primeiras práticas de assistencialismo, realizadas pelas “damas de caridade”, perpassando pela Constituição de 1988, a aprovação da LOAS, da Política Nacional de Assistência Social em 2004, e do Projeto Ético-Político. O segundo e o terceiro capítulo, contextualizam a teoria e a prática profissional, com base na experiência obtida em campo de estágio. Elucidando a importância da aproximação com essa prática, materializando a supervisão de estágio e refletindo as responsabilidades do supervisor de campo em relação ao acadêmico/estagiário. 13 1. BREVE HISTÓRICO DO SURGIMENTO E TRAJETÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL O surgimento do Serviço Social enquanto profissão no Brasil teve início nos 1930, durante a administração provisória do governo Getúlio Vargas. Nesse cenário, as bases ideológicas da profissão estavam relacionadas não somente aos interesses e necessidades da classe trabalhadora, como também das classes dominantes. De cunho moral e religioso, a doutrina adotada na época do enfrentamento às expressões da questão social1, era direcionada aos trabalhadores e as suas famílias, numa perspectiva de ajuste e enquadramento social da classe subalterna. Nessa conjuntura, conforme afirma Iamamoto (2012), a profissão esteve presente na reprodução do controle social, da ideologia dominante, da força de trabalho e das condições existentes que imperavam nessa época. A fundamentação do exercício profissional do assistente social na década de 1940, tinha em sua hegemonia, a doutrina social da Igreja Católica, cujas ações eram pautadas sob o viés da caridade e solidariedade. Na emergência do Serviço Social no Brasil, até os anos 40, ainda sob o pensamento de Iamamoto (2014) a formação sofreu uma influência europeia, no eixo franco-belga (França e Bélgica) em que a sociologia conservadora do positivismo2 contribuiu com a formação doutrinária ideológica dos primeiros assistentes sociais brasileiros. Nesse período, as demandas apresentadas estavam relacionadas às famílias que enfrentavam situações de vulnerabilidade social, em decorrência dos impactos ocasionados pela Segunda Guerra Mundial. Dessarte, o aumento da miserabilidade existente da época caracterizaram o início do assistencialismo3 e o surgimento do Primeiro Damismo da assistência social no Brasil. O primeiro, marca a prática da caridade para com os miseráveis, já o segundo, coloca no cerne a figura da primeira dama, mulher de uma 1 Conforme Teixeira (2015) O conceito questão social surge no século XIX como forma de interpretar as contradições evidenciadas pelo capitalismo industrial, onde o Estado toma frente dos problemas sociais e busca amenizar a insegurança social pela garantia do mínimo. (p.121) 2 Aliado ao conservadorismo, conforme descreve Netto (1999), o positivismo emerge como autodesignação positiva nos escritos de August Comte, oferecido como uma “filosofia para acabar com todas as filosofias.” (p.43) 3 De acordo com Sposati (2003) o assistencialismo consiste em uma atividade que recebeu diferentes mudanças históricas e que não constitui numa excrecênciaparticular do Serviço Social, mas sim uma parte da lógica capitalista. O assistencial torna-se a única face possível do capitalismo a justificar as desigualdades sociais. 14 autoridade máxima do Estado, à frente na execução de ações filantrópicas que visavam promover ajuda à classe trabalhadora. Dessa forma, o surgimento do primeiro damismo no Brasil tinha uma função totalmente relacionada à política, uma vez que as mulheres dos governantes eram convocadas a intervirem na questão social e no enfrentamento da pobreza, com o objetivo de desresponsabilizar o Estado de garantir à população o acesso as políticas públicas de caráter universal, considerando que a atuação da primeira dama era constituído no âmbito do voluntariado e da filantropia. Em meio ao alto índice de esposas de autoridades ocupando cargos ou realizando atividades destinadas a gestão de programas, projetos e serviços na área social, emergem-se inquietações sobre essas práticas realizadas, culminando assim em movimentos que passaram a questionar o sentido da profissão. A busca de ruptura com a herança conservadora, conforme pesquisa de Iamamoto observou que “apenas no final dos anos 50 e início da década seguinte que se fazem ouvir as primeiras manifestações, no meio profissional, de posições que questionam o status quo e contestam a prática institucional vigente” (2012, p.35). Foi durante o período da Ditadura Militar4 que o Serviço Social no Brasil passou por algumas transformações de sua natureza crítica e histórica. Ao mesmo tempo em que a vertente profissional crítica, que surgiu na década de 60 era sufocada pela repressão, a profissão foi reforçada pela expansão do mercado de trabalho e pela discussão e debate gerado a partir de questões relacionadas a teoria e ao método do Serviço Social. Nesse ínterim, intensificaram-se os questionamentos acerca da crise5 do Serviço Social tradicional, marcado pelo paradigma do estrutural-funcionalismo, característica presente no fazer profissional durante a Ditadura. Bem como afirma Netto (2010), 4 A instauração da Ditadura Militar no Brasil ocorreu no dia 1º de abril 1964, por meio de um golpe de estado e durou até a década de 1985, quando o país caminhou para um processo de redemocratização. De acordo com NETTO (2005), a finalidade desse golpe possuía diversos objetivos vinculados, entre os quais destacavam-se adequar os padrões de desenvolvimento nacionais aos interesses econômicos capitalistas vigentes da época; golpear e imobilizar aqueles que ousassem resistir à subalternização imposta pelo sistema capitalista, e enfim, eliminar quaisquer tendências catalisadas contra a revolução e o socialismo. 5 Segundo afirma Netto (2010), a crise do Serviço Social tradicional foi um fenômeno internacional, ou seja, não se restringia apenas ao cenário brasileiro. 15 esse período foi fundamental para a compreensão da transformação da relação entre o Estado autocrático burguês e a cultura brasileira. Após o golpe de 1º de Abril de 1964, muitos assistentes sociais e estudantes de Serviço Social contrários à Ditadura Militar lutaram em resistência ao movimento, tornando-se alvos de repressão. Com a implantação do referido período ditatorial, os movimentos políticos foram desmobilizados, alterando o objetivo de suas lutas. Alguns segmentos da categoria do Serviço Social atuavam juntos, no intuito de construir um interesse explícito dos setores populares. Com o golpe militar, o trabalho iniciado foi interrompido, ficando apenas a execução das políticas sociais e alguns programas de desenvolvimento, com o objetivo de excluir os obstáculos da resistência cultural às inovações do crescimento econômico. Ainda na década de 60, o Serviço Social latino-americano articulou-se através do Movimento de Reconceituação, fruto de um conjunto de transformações no Estado e na sociedade. Segundo Netto (2010) este movimento permitiu uma espécie de grande união profissional que abre a via a uma renovação do Serviço Social. O grupo era composto por assistentes sociais, que questionavam o sentido da profissão e os seus pressupostos teórico-metodológicos, teórico-instrumentais e político-ideológicos. Esse movimento veio para expressar a crítica ao Serviço Social tradicional, levantando alguns questionamentos relacionados ao papel do profissional frente as expressões da questão social. Nesse cenário, com base e influência no Movimento de Reconceituação6, surgem novas direções para a profissão. Emergiu então, o Movimento de Renovação do Serviço Social no Brasil o qual, conforme definição de Netto (2005) era pautado sobre três perspectivas: a primeira, foi a perspectiva da Modernização Conservadora7, que atingiu seu auge nos encontros de Araxá 6 O Movimento de Reconceituação na América Latina, aponta a persistência das lutas entre o projeto conservador das classes e elites dominantes no continente e do projeto alternativo emancipador como necessidade histórica no continente (LOPES, 1998) o qual, no atual momento, enfrenta o avanço da reação conservadora, após um período de arranjos e avanços progressistas, e que os retrocessos do presente em relação à necessidade histórica de emancipação, impõem a exigência de estratégias de resistência de modo articulado, organizado e adequadas ao presente, das forças revolucionárias, progressistas e democráticas de todos os países e em todas as esferas da vida social. 7 Nesse contexto da perspectiva da modernização conservadora, de acordo com Netto (2005) o Serviço Social foi visto como uma profissão capaz de contribuir com o processo de 16 (1967), que refletia sobre o fazer técnico do fazer profissional, e no encontro de Teresópolis (1970), que discutiu a definição do perfil técnico do assistente social. A modernização conservadora perdeu sua hegemonia na segunda metade dos anos 70. A segunda perspectiva, Reatualização do Conservadorismo, surge no início dos anos 70, tendo como base a matriz fenomenológica sob a tríade diálogo, pessoa e transformação social. Na fenomenologia, o foco encontrava- se no vivido humano, com um caráter fortemente psicologizante nas relações sociais. Outrossim, essa corrente teve pouca expressão no Serviço Social. Conforme afirma Iamamoto (2004) “Busca-se, prioritariamente, uma renovação permanente das bases da legitimidade do Serviço Social na classe capitalista e no Estado burguês, o que supõe, por parte do Assistente Social, uma adesão passiva ou ativa aos seus propósitos de classe”. A terceira perspectiva, surgida em meados dos anos 70, conceituada por Netto (2005) como Intenção de Ruptura, sustentava a afirmação do caráter político da profissão a partir da compreensão da sua inserção na sociedade de classe. Apoiada na base teórica do marxismo8, a intenção de ruptura negava a neutralidade profissional (reafirmado mais de uma década depois, no Código de Ética da profissão no ano de 1986) e defendia a afirmação da heterogeneidade profissional (múltiplos saberes e trocas). O impacto da influência marxista foi imprescindível para a ruptura da profissão com o legado conservador de sua origem, a partir da qual a análise do significado social da profissão ganha novos patamares, por meio da ampla interlocução com a teoria social crítica e o pensamento social clássico e contemporâneo Netto (2005). Igualmente, a terceira perspectiva aqui mencionada colaborou e contribuiu definitivamente com a construção do projeto ético-político da profissão. desenvolvimento do país, fundamentando-se teoricamente no estrutural-funcionalismo, se preocupando em repassar programas para a população sem crítica à ordem vigente. Dessa forma, modernização conservadora, teremos apenas um “aprimoramento” daprofissão nos seus termos técnicos. 8 O diálogo entre setores do Serviço Social e a tradição marxista inicia-se na década de 1960, no interior de um movimento social que não é exclusivo ao Brasil, tampouco à profissão. A aproximação do Serviço Social à tradição marxista realizou-se "sob exigências teóricas muito reduzidas - as requisições que a comandavam foram de natureza sobretudo ideopolítica, donde um cariz fortemente instrumental nessa interlocução" (NETTO, 1999, p. 97) 17 A partir da década de 1980 durante o processo de redemocratização do país e sendo fruto da resistência e pressão dos movimentos sociais, a Constituinte de 1988, conforme afirma Carvalho (2013) redigiu e aprovou a Constituição da República Federativa do Brasil, considerada a mais liberal e democrática que o país já teve, também batizada de “Constituição Cidadã”. Ainda com base no mesmo autor, a Constituição de 1988 ampliou mais do que qualquer uma suas antecedentes, os direitos sociais e políticos. No entanto, “a democracia política não resolveu os problemas econômicos mais sérios, como a desigualdade e o desemprego” (p.199) Assim, cabe também ressaltar que esse processo ocorreu em meio ao avanço do neoliberalismo no cenário vigente. Com o discurso de estado mínimo, liberdade econômica, filantropia e corte de gastos nas políticas sociais9, essa tendência caminhou alinhado aos interesses econômicos de Collor, primeiro presidente eleito democraticamente no final dos anos 1980, porém, destituído em 1992, com o impeachment, em razão dos muitos casos de corrupção e o confisco na poupança dos brasileiros. Essa concepção do estado neoliberal continua presente até os dias de hoje, porém, o seu ponto de partida teve início durante os dois governos de Fernando Henrique Cardoso (1994 a 2002) por meio das privatizações e ajustes fiscais, em consonância com o capital financeiro mundial. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 194, dispõe sobre o tripé da Seguridade Social, que assegura os direitos relativos à saúde, previdência e assistência social. Após a assistência ter sido inserida no âmbito da seguridade, e com a promulgação da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) em 1993, houve um alargamento dos direitos sociais e do campo de proteção social10 no país. Couto et al (2017) relembra que Apoiada por décadas na matriz do favor, do clientelismo, do apadrinhamento e do mando, que configurou um padrão arcaico de relações, enraizado na cultura política brasileira, esta área de intervenção do Estado caracterizou-se historicamente como não 9 Segundo BEHRING (2003) é reconhecido que a existência de políticas sociais, é um fenômeno associado à constituição da sociedade burguesa, ou seja, do específico modo capitalista de produzir e reproduzir-se. 10 Di Giovanni (1998) conceitua proteção social como sendo as formas institucionalizadas ou não que as sociedades constituem para proteger seus membros, dos riscos sociais ou vicissitudes da vida em sociedade. As formas e os modos de alocação de recursos variam de um grupo social para outro, segundo critérios históricos e culturais, e estão submetidos à dimensão de poder. 18 política, renegada como secundária e marginal no conjunto das políticas públicas (p.62) Diante da responsabilidade atribuída ao Estado, a população vulnerável passou a ter como direito social o acesso aos principais serviços que visavam garantir igualdade no acesso às oportunidades, bem como enfrentar condições Yazbek (2016). Destacam-se entre os pontos fundamentais da LOAS, o benefício de um salário mínimo destinado ao idoso ou pessoa com deficiência. Entretanto, o novo campo da proteção social trouxe um recorte focalizado, “aos mais pobres entre os pobres” (COUTO et al, 2017. p.65) A Política Nacional de Assistência de Assistência Social de 2004, criada a partir das deliberações da IV Conferência Nacional de Assistência Social, é tida como um resultado do amplo debate nacional de toda uma trajetória. Dessa forma, conforme afirma Couto et al (2017) a PNAS-2004 vai explicitar e tornar claras as diretrizes para efetivação da Assistência Social como direito de cidadania e responsabilidade do Estado, apoiada em um modelo de gestão compartilhada pautada no pacto federativo, no qual são detalhadas as atribuições e competências dos três níveis de governo na provisão de atenções socioassistenciais, em consonância com o preconizado na Loas e nas Normas Operacionais(NOBs) editadas partir das indicações e deliberações das Conferências, dos Conselhos e das Comissões de Gestão compartilhada (Comissões intergestores Tripartite e Bipartites (CIT e CIBs). À PNAS seguiu-se o processo de construção e normatização nacional do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), aprovado em julho de 2005 pelo CNAS (por meio da NOB n.130, de 15 de julho de 2005). O SUAS está voltado à articulação em todo o território nacional das responsabilidades, vínculos e hierarquia, do sistema de serviços, benefícios e ações de assistência social, de caráter permanente ou eventual, executados e providos por pessoas jurídicas de direito público sob critério de universalidade e de ação em rede hierarquizada e em articulação com iniciativas da sociedade civil. (p.67) Cabe destacar a importância da intersetorialidade, que expressa a articulação entre as políticas públicas, através do desenvolvimento de ações conjuntas com as redes territoriais, destinadas à proteção social básica ou especial e ao enfrentamento das desigualdade sociais identificadas nas distintas áreas (COUTO et al, 2017, p.68). Dessa forma, supõe a integração das diferentes políticas sociais com os serviços e programas locais, para fins da superação da fragmentação dos serviços destinados às necessidades da população, sendo também um princípio orientador da construção das redes municipais. 19 A estrutura da Proteção Social ofertada pela Assistência Social possui dois níveis de atenção, sendo elas, a Proteção Social Básica (PSB), cujos serviços são ofertados nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), instalados estrategicamente em territórios que apresentam um significativo número de famílias em situação de pobreza. A PSB trabalha na prevenção dos riscos sociais às famílias em vulnerabilidade, e a Proteção Social Especial (de alta e média complexidade), trabalha na reconstrução dos vínculos de indivíduos/grupos que tiveram seus direitos violados. Essa estrutura apresentada corrobora quando Sposati (2006) afirma que os serviços de Proteção Social devem dispor de um conjunto de seguranças que possam trabalhar a prevenção e redução dos riscos e vulnerabilidades sociais. Nesse contexto, pode-se observar que o trabalho está direcionado à família, ou seja, a matricialidade sociofamiliar, de acordo com Raichelis (2009) ganha destaque na PNAS quando se desloca a abordagem do indivíduo para o núcleo familiar, entendendo-o como mediação fundamental na relação entre sujeito e sociedade. A mesma autora, no entanto, reforça a necessidade de cuidados redobrados para que não se reproduzam posturas conservadoras no trato com as famílias, nem se ampliem ainda mais as responsabilizações e culpabilizações para esse núcleo, especialmente no caso das famílias pobres. Assim, as mudanças ocorridas durante esse breve histórico aqui relatado, foram muito significativas e implicaram diretamente em uma nova organização no mundo do trabalho. Nos dias atuais, a questão social continua sendo o principal objeto de atuação do assistente social, que tem um papel fundamental na sociedade. Segundo Iamamoto (1992) “Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família,na área habitacional, na saúde, na assistência social pública, etc. Questão social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem, se opõem. É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movido por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade. [...] ... a questão social, cujas múltiplas expressões são o objeto do trabalho cotidiano do assistente social”. 20 A categoria está à frente no processo de materialização e acesso aos direitos, no enfrentamento das demandas sociais, atuando com foco de minimizar as desigualdades e promover a equidade. Finalmente, após essa breve análise da trajetória histórica da profissão, permeada pelo movimento que impulsionou o processo de ruptura com o tradicionalismo moral e com os questionamentos que deram novos rumos ao país, o Código de Ética do Assistente Social de 1993 se constituiu como um marco dessa longa caminhada. Tendo entre seus princípios fundamentais a construção de uma nova ordem societária, sendo necessário um posicionamento crítico diante da barbárie que perpassa e constitui as desigualdades sociais. Essa relevância consiste na efetivação delineada no Projeto Ético-Político que está totalmente voltado para a emancipação humana e social. Outro fator relevante é a articulação aos movimentos sociais que estejam ligados aos interesses da classe trabalhadora. Dessa forma, é indispensável o fortalecimento do Projeto Ético-Político profissional, pois somente com esse direcionamento se caminha rumo à construção e expansão de uma nova sociedade. 21 2. A RELAÇÃO ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA PROFISSIONAL O estágio supervisionado em Serviço Social é um espaço privilegiado de aprendizado teórico-prático para que o(a) acadêmico(a) estagiário(a) tenha uma aproximação com a prática profissional do assistente social. E por vezes, são essas apreensões que se dão no campo de estágio, que subsidiarão a tomada de decisão sobre a área que terá maior interesse em atuar profissionalmente, embora saibamos que o profissional é formado para atuar em qualquer área da graduação. De acordo com o artigo 1º da Lei Nº 11.788 de 2008 “o estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior [...]”, ou seja, é no estágio supervisionado que o estudante tem contato com a prática que poderá ter após a formação acadêmica. E é nesse momento que o supervisor de campo trará a inspiração na qual o estagiário vai sentir-se motivado ou desmotivado a atuar naquela área em que está inserido. Uma vez que: O estágio supervisionado no curso de Serviço Social apresenta como uma de suas premissas oportunizar ao(a) estudante o estabelecimento de relações mediatas entre os conhecimentos teórico-metodológicos e o trabalho profissional, a capacitação técnico-operativa e o desenvolvimento de competências necessárias ao exercício da profissão (PNE, 2010, p.14). A supervisão de estágio em Serviço Social materializa-se por meio do planejamento, orientação, acompanhamento e avaliação do processo de ensino- aprendizagem vivenciado pelos estudantes no estágio supervisionado. Trata-se de uma atribuição privativa dos profissionais de Serviço Social que se efetiva, necessariamente, de forma coletiva, visto que tanto a supervisão acadêmica quanto a de campo, inexistem isoladamente. Nessa perspectiva, a Política Nacional de Estagio da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS, 2010, p. 13) ressalta que [...] o estágio, enquanto atividade didático-pedagógica, pressupõe a supervisão acadêmica e de campo, numa ação conjunta, integrando planejamento, acompanhamento e avaliação do processo de ensino- aprendizagem e do desempenho do(a) estudante, na perspectiva de desenvolvimento de sua capacidade de investigar, apreender criticamente, estabelecer proposições e intervir na realidade social. 22 Esta articulação entre supervisão acadêmica e de campo constitui-se um dos princípios da formação profissional em Serviço Social, previsto nas Diretrizes Curriculares e incorporado na definição de supervisão direta contida na Resolução nº 533/2008 do Conselho Federal de Serviço Social, que regulamenta a supervisão de estagiários: A conjugação entre a atividade de aprendizado desenvolvida pelo aluno no campo de estágio, sob o acompanhamento direto do supervisor de campo e a orientação e avaliação a serem efetivadas pelo supervisor vinculado a instituição de ensino, resulta na supervisão direta (CFESS, 2008, Art. 4, § 1). Convém destacar que A supervisão não pode ser compreendida desvinculada dos seus componentes teórico, ético e político, da compreensão do significado social do Serviço Social na sociedade brasileira, dos valores que privilegia, de um projeto profissional que se conecta (ainda que por meio de muitas mediações) a projetos de sociedade (BRAGA; GUERRA, 2009, p. 534). Remetendo-se ao projeto profissional do Serviço Social, hegemônico a partir da década de 1980, a unidade entre teoria e prática se expressa na interação indissociável entre as dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa. Essa clareza exige a necessidade de trabalhar as três dimensões de forma articulada para que o projeto profissional, que tem como fundamento teórico-metodológico o materialismo histórico e dialético, possa ser, de fato, traduzido em ações concretas. Ou, como afirma Santos (2010, p. 5) “Teoria e prática mantêm uma relação de unidade na diversidade, formam uma relação intrínseca, sendo o âmbito da primeira o da possibilidade, e o da segunda o da efetividade”. Nesse sentido, teoria e prática possuem movimentos específicos, mas formam uma unidade na diversidade. No caso específico de uma profissão – Serviço Social – que tem uma teoria como fundamento, mas cujas ações expressam-se na prática, ou seja, na intervenção, faz-se necessária uma extrema clareza desses dois movimentos. Como expressa Iamamoto (2004), ao tratar da função social que a profissão assume no processo de reprodução das relações no seio da sociedade capitalista, 23 é preciso considerar a profissão sob dois ângulos, não dissociáveis entre si, como duas expressões do mesmo fenômeno: como realidade vivida e representada na e pela consciência de seus agentes profissionais expressa pelo discurso teórico-ideológico sobre o exercício profissional; a atuação profissional como atividade social determinada pelas circunstâncias sociais objetivas que conferem uma direção social à prática profissional, o que condiciona e mesmo ultrapassa a vontade e/ou consciência de seus agentes. O Serviço Social, tanto no âmbito da formação, quanto do exercício profissional, é constituído pelas dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa, que formam um todo articulado e indissociável. A articulação entre essas dimensões é apontada, inclusive, como um dos princípios do estágio supervisionado, na perspectiva de superar equívocos que obscureçam ou autonomizem qualquer um desses aspectos arraigados no movimento de concretude da profissão. Esclarecemos que essas dimensões só podem se efetivar como partes de um mesmo movimento e que nenhuma delas é específica do exercício ou da formação profissional. Pensar a articulação entre teoria e prática no Serviço Social permite-nos elucidar que a concepção teórico-metodológica exerce influência tanto na definição da finalidade a ser alcançada quanto nos meios a serem utilizados para atingir determinados fins. A escolha da finalidadee dos meios também está vinculada à dimensão ético-política, uma vez que os valores "incidem sobre os conhecimentos necessários à escolha dentre as alternativas possíveis à finalidade em causalidade posta" (SANTOS, 2010, p. 60). Essa vinculação orgânica entre as três dimensões, indica que o momento da prática não ocorre desvinculado dos aspectos teórico-metodológicos e ético-políticos. Desse modo, os recursos técnico-operativos adotados na intervenção profissional não estão dissociados das demais dimensões. Em suma, a supervisão acadêmica tem o papel fundamental de trazer essas reflexões para a formação profissional, procurando desmistificar as controvérsias que envolvem as concepções sobre teoria e prática, bem como potencializar a perspectiva investigativa indispensável ao exercício profissional. 24 3. CONTEXTUALIZANDO O CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL COM BASE NA EXPERIÊNCIA OBTIDA EM CAMPO DE ESTÁGIO Pretende-se aqui elucidar a experiência vivenciada durante os três períodos de estágio supervisionados no Centro de Referência de Assistência Social – CRAS LESTE, no município de Campo Limpo Paulista – São Paulo, onde foi observada a prática profissional do assistente social, atuante na PSB. É importante ressaltar que devido ao atual cenário de pandemia, durante o período de construção deste projeto monográfico, não foi possível revisitar o campo de estágio, tão pouco entrevistar os profissionais. O equipamento supracitado foi inaugurado no dia 01 de Setembro do ano de 2005, pelo então Prefeito Dr. Armando Hashimoto. Cabe ressaltar que para iniciar esse tipo de projeto, a gestão municipal tem a exigibilidade de seguir as determinações estabelecidas pela NOB/SUAS (2005), que foi pactuada entre os entes federativos, com o objetivo de implementar a Vigilância Socioassistencial11 em todo o território nacional. A referida lei prevê que a gestão pública da Política Nacional de Assistência Social seja exercida de modo sistêmico, em consonância com a Constituição Federal de 1988, com a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, entre outras leis complementares. Com uma equipe técnica formada por quatro profissionais especializados, sendo três assistentes sociais e um psicólogo, e contando com o apoio de um orientador social, aproximadamente setecentas pessoas são atendidas por mês no determinado equipamento. O público do local é composto por famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade e desproteção, pessoas com deficiência, idosos, crianças retiradas do trabalho infantil, indivíduos inseridos no Cadastro Único, beneficiários dos programas de transferência de renda, como Programa Bolsa Família (LEI Nº 10.836 DE 09 DE JANEIRO DE 2004), Ação Jovem (DECRETO Nº 56.922 DE 12 DE ABRIL DE 2011) e Renda Cidadã (RESOLUÇÃO SEDS Nº 4 DE 16 DE MARÇO DE 2017). Também os beneficiários do BPC (LEI Nº 8742 DE 07 DE DEZEMBRO DE 1993), 11 A Vigilância Socioassistencial atualiza-se, na LOAS, como “um dos instrumentos das proteções da assistência social que identifica e previne as situações de risco e vulnerabilidade social e seus agravos no território” (BRASIL, 2011). Integra uma das funções da política de Assistência Social, materializada na gestão do Sistema Único de Assistência Social. 25 Os técnicos, juntamente com o orientador social, e o apoio de uma Psicopedagoga que presta serviço ao Município, conduzem as oficinas do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), destinadas às crianças e aos adolescentes do território. Os grupos socioeducativos são dirigidos pela coordenadora do equipamento e o público alvo são os colaboradores do projeto municipal “Frente de Trabalho”, além dos demais moradores do território. São abordadas questões sociais como empregabilidade, vínculos familiares, álcool, drogas, violência doméstica, negligência, violação de direitos, evasão escolar, trabalho infantil, entre outros temas relacionados a exclusão social. A coordenadora do equipamento busca periodicamente parcerias com a rede municipal, com o objetivo principal de promover palestras com profissionais da área da saúde, meio ambiente, saúde mental, educação, entre outros. O Fundo Social de Solidariedade oferta semestralmente aos usuários referenciados no equipamento e a população residente no território cursos profissionalizantes como, manutenção em motocicletas, informática, artesanatos em geral, pintura, culinária, corte e costura, maquiagem, manicure e cabeleireiro. De modo geral, o CRAS tem como característica fundamental ser a “porta de entrada do SUAS”, considerando que é uma unidade da Proteção Social Básica que se diferencia das demais. Denomina-se uma unidade estatal, que presta serviços de caráter preventivo, protetivo e proativo. Com o principal objetivo de prevenir a ocorrência de situações de vulnerabilidade e riscos sociais no território onde está localizado, através do desenvolvimento de potencialidades, do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, e da ampliação do acesso aos direitos de cidadania. (MDS, 2009). Segundo Yazbek (2014, p. 173), que aponta em sua pesquisa a existência de unidades de atendimento similares ao CRAS em alguns municípios, denominadas de formas diferentes, mas que realizavam a acolhida da população por procura espontânea e a concessão de benefícios eventuais. Com a instalação do SUAS “ressignifica, altera e amplia” a função desse serviço. Raichelis (2014, p. 175) aponta que, 26 [...] a implantação dos CRAS demarca a presença do Estado em territórios de maior vulnerabilidade social, o que deve resultar em um novo protagonismo estatal, capacidade estratégica e coordenação política e, dentre outras, a possibilidade de atribuir e firmar identidade a assistência social – área de pouca visibilidade no conjunto das políticas públicas. Além da oferta do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família - PAIF, que consiste em um trabalho social, de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função protetiva, prevenir a ruptura de seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria da qualidade de vida de cada membro da família ali referenciada, a equipe multidisciplinar presta orientações aos indivíduos e a toda população de sua área de abrangência, se articulando a rede de proteção socioassistencial. Apoiando ações comunitárias, por meio de palestras, campanhas e eventos, atuando junto à comunidade na construção de soluções para o enfrentamento de problemas como falta de acessibilidade, violência, trabalho infantil, baixa qualidade na oferta de serviços, ausência de espaços de lazer, cultural, entre outros. Compete ao equipamento realizar sob a orientação do gestor municipal de Assistência Social, o mapeamento e a organização da rede de Proteção Social Básica, promovendo a inserção das famílias nos serviços de assistências locais, o encaminhamento dos indivíduos para as demais políticas públicas, possibilitando o desenvolvimento de ações intersetoriais que visem a integralidade e a sustentabilidade, de forma a romper com o ciclo de reprodução intergeracional do processo de exclusão social, evitando que esses usuários tenham seus direitos violados, recaindo em situações de vulnerabilidades e riscos sociais (PNAS, 2004). Segundo o IBGE, a população estimada em Campo Limpo Paulista é de 85.541 habitantes, sendo enquadrado como um município de médio porte. Com base nessa informação, a NOB/SUAS (2005) prevê que o local conte com, no mínimo, dois CRAS. A cidade dispõe de três unidades, sendo elas: a) CRAS Centro, localizado na Rua Borba Gato, nº 156, Centro; b) CRAS Botujuru, localizado na Rua João Julião Moreira, nº 655, Vila Constança; c) CRAS Leste, localizado na Estrada da Bragantina, nº 1871, São José. Esses equipamentosforam projetados nas áreas mais vulneráveis da cidade - com exceção ao CRAS Centro - e são compostos por uma equipe de profissionais que atuam diretamente na garantia de direitos, com atendimentos 27 à comunidade, oficinas e trabalhos dinâmicos desenvolvidos em grupos que objetivam apoiar às famílias ali referenciadas. Além de ofertarem qualificação profissional através de cursos realizados em parceria com a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social. O SUAS divide a gestão municipal em três níveis, a saber: Inicial, Básica e Plena. O município em questão se encontra na gestão plena. Existem alguns requisitos, responsabilidades e incentivos que estão descritos na NOB/SUAS que valem para todos os tipos de gestão municipal. Na gestão Plena especificamente, a cidade tem total liberdade para executar as ações da assistência. Segundo a NOB-RH/SUAS (2006) e as Orientações Técnicas (2009) os equipamentos supracitados se enquadram nas nomenclaturas de Pequeno Porte I, com até 2.500 famílias referenciadas em cada um deles. Para além das informações já mencionadas, cabe salientar que a estrutura predial do equipamento onde foi realizado o estágio, não condiz com as orientações estabelecidas na PNAS (2004). A estrutura física do local necessita de melhorias. Como traz Yazbek (2014, p. 179), “a distribuição dos espaços internos nas edificações do CRAS também pode limitar sua publicização, o que ocorre quando se destinam espaços menos acessíveis e mais precários para as atividades com o público”. A precarização das condições de trabalho da equipe de referência afeta de forma significativa a realização dos serviços, uma vez que os profissionais não dispõe de todos os recursos necessários para desenvolverem as ações propostas pela PNAS. Sobre o período de funcionamento, observou-se que a unidade está irregular em relação a composição da equipe técnica, que deve ser composta pela gestão conforme apontado anteriormente. Ainda assim, o CRAS atua dentro da normativa mínima das 40 horas semanais, correspondente aos pressupostos das normas técnicas. As Orientações preconizam ainda que, para democratizar o acesso, o horário de funcionamento seja decidido em conjunto com as famílias referenciadas, sendo amplamente divulgado e mantenha regularidade, evitando ainda mudanças no horário em um curto período de tempo (BRASIL, 2009). Destarte, as colocações aqui apresentadas reflete a preocupação com a responsabilidade que o supervisor de campo tem na carreira profissional do 28 então acadêmico/estagiário a depender da postura deste supervisor frente as demandas do cotidiano. A importância da prática profissional do assistente social está para além de atividades burocráticas e rotineiras, que apenas respondam aos interesses institucionais, esta requer uma prática comprometida com os sujeitos que procuram os serviços sociais, uma prática que procure desvelar as complexidades da realidade que o envolve, uma prática profissional pautada no compromisso ético-político e na direção de transformação da realidade. Espera- se que o assistente social siga construindo “propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só executivo”. Pensar em Estágio Supervisionado em Serviço Social é muito mais que o cumprimento de uma “atribuição privativa do assistente social” de acordo com o seu código de ética, mas deve ser um espaço que oportunize a vivência da práxis12, com compromisso e disposição para desvelar as complexidades da realidade em que atua. Muitas vezes o estagiário já chega com uma formação acadêmica fragilizada, um dos motivos é a mercantilização do curso de Serviço Social nas instituições privadas. Nesse caso o supervisor de campo pode ser um “divisor de águas” na formação desse aluno, mostrando-lhe na prática o verdadeiro papel do Serviço Social na sociedade. Finalizamos esse breve contexto com a afirmação de José Paulo Neto, “[...] na história do Serviço Social, o amanhã deve contar mais que o ontem – este, não podemos modificá-lo, mas aquele pode ser transformado pelo que fizermos hoje”. (NETO, 2016). 12 Entendida por Marx, a práxis tem primazia em relação à teoria na superação das contradições e dos problemas que a vida social e os sistemas de sua produção e reprodução apresentam ao homem, uma compreensão da qual resultou sua famosa crítica à filosofia vigente até então, expressa na XI Tese: “Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes, a questão é transformá-lo.” (MARX, 1984, p. 111). 29 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa aqui apresentada, realizou um resgate desde as primeiras formas de organização do trabalho até a contemporaneidade. Levando em consideração as transformações ocorridas no mundo do trabalho, as quais afetam todas as profissões, não sendo diferente com o Serviço Social. Alguns autores que se debruçam sobre o assunto, afirmam que essas transformações acirram-se significativamente com a expansão da tecnologia, logo afetando o Brasil no início de 1980. Dentre as transformações ocorridas no mundo do trabalho, vê-se, por um lado, a qualificação de uma parcela dessa classe, por outro, no entanto, desqualificou e fragmentou alguns ramos, onde grande parte dos trabalhadores perderam suas importâncias e consequentemente seus postos de trabalho. A vasta literatura existente sobre a história do Serviço Social, relata dentre outros acontecimentos que, com a inserção das indústrias aqui instaladas na década de 1930, desencadeou um aumento desordenado do desemprego, expandindo e diversificando as múltiplas expressões da questão social na sociedade. Passando, então, a intensificar a necessidade de um profissional especializado para intervir nessa situação instaurada. A partir de 1988, com a Constituição Federal, a Assistência Social se tornou direito do cidadão e dever do Estado, e com a Lei Orgânica de Assistência – LOAS, se deu a regulamentação da política de Assistência Social no Brasil. É válido salientar que a partir dela, os profissionais de Serviço Social, passaram a ganhar forças na garantia e defesa intransigente dos direitos humanos, e na recusa do arbítrio e do autoritarismo. Em 2004, o Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, aprovou a atual Política Nacional de Assistência Social. Sobre esta, são tecidas algumas críticas, por exemplo, da forma como é estabelecida a relação com a família. Alguns autores acreditam que a Política Nacional de Assistência – PNAS, acaba por culpabilizar o indivíduo e/ou sua família por suas condições. Por último, salientamos a importância em dar continuidade à pesquisa, considerando abranger um número maior de Municípios, com o objetivo de traçar 30 o perfil do trabalho do Serviço Social na área da Assistência Social, para que tenhamos uma maior compreensão sobre a PNAS, e como a mesma vem sendo materializada em nossa região. Seria importante e enriquecedor, não só para quem possa dar continuidade a busca, como também para a comunidade em geral, por se tratar da atuação do profissional na assistência social, uma área que a pouco alcançou o status de política, e até os dias atuais vem enfrentando grandes entraves. 31 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROCO, Maria Lucia Silva. Ética e Serviço Social - Fundamentos Ontológicos. São Paulo, Cortez, 2001. BRAGA, Maria Elisa; GUERRA, Yolando. Supervisão em Serviço Social. In: CFESS; ABEPSS. Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: Cfess/Abepss, 2009. BEHRING, Elaine Rossetti. 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