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Thaís Pires 1 Problema 7 1. Conceituar displasia do desenvolvimento do quadril; Outros nomes: Luxação congênita do quadril; Displasia congênita do quadril Antes chamada de LUXAÇÃO CONGÊNITA DO QUADRIL, a DDQ é uma condição que ocorre durante o DESENVOLVIMENTO ÓSSEO nos primeiros meses de vida e não ao nascimento, por isso a retirada do termo “congênito” (Obs: pode haver o nascimento já com o quadril luxado, sendo o termo “congênito” bem aplicado) – a DISPLASIA refere-se ao DESENVOLVIMENTO ANORMAL de um osso que, durante a maturação, torna-se DEFORMADO → na DDQ, há uma DISPLASIA DO ACETÁBULO que pode evoluir com o DESLOCAMENTO da cabeça do fêmur na articulação do quadril, causando ou LUXAÇÃO ou SUBLUXAÇÃO / a displasia acetabular é consequência do DESLOCAMENTO ARTICULAR, sendo o grande causador da OSTEOARTROSE DO QUADRIL na fase adulta 2. Etiologia; Cerca de 1:100 crianças (meninas 9:1 + predisposição genética) ao nascer apresentam uma instabilidade articular do quadril por FROUXIDÃO LIGAMENTAR, predispondo a LUXAÇÃO ou SUBLUXAÇÃO subsequente, ou seja, é relativamente comum o quadril do recém nascido ser LUXÁVEL, mas ainda não luxado → o determinante no processo luxável-luxado é a POSTURA ADOTADA nos primeiros 1-2 meses – quanto amis tempo a criança passa com os MMII ESTENDIDOS E ADUZIDOS, maiores as chances / Inclusive, a primeira pega do pediatra no recém-nascido, pelas pernas e de cabeça para baixo, pode provocar súbita extensão e adução do quadril Dos casos com instabilidade de quadril ao nascimento, 60% ESTABILIZAM NA 1ª SEMANA e 90% ESTABILIZAM NO 1º MÊS – os 10% não estáveis desenvolvem SUBLUXAÇÃO, DISPLASIA OU LUXAÇÃO (1:100.000 este último) A DDQ é classificada em dois grupos: TÍPICA (mais comum – associada a metatarso varo e torcicolo muscular congênito) e TERATOLÓGICA (quando associada a problemas neurológicos, como espinha bífida e artrogripose) – no último caso, a DDQ é sempre LUXAÇÃO acompanhada por um PROGNÓSTICO PIOR Fatores de Risco – posição do recém-nascido; apresentação pélvica (principalmente modo nádegas); gemelares; primogênito; oligodrâmnio; joelho estendido intraútero Patologia – envolve uma deformação progressiva dos ossos do quadril, provocando defeitos no fêmur proximal, principalmente no ÂNGULO DE TORÇÃO (anteversão exagerada), na CÁPSULA ARTICULAR (hipertrofiada e alongada), nos MÚSCULOS ILIOPSOAS E ADUTORES (contração), no ACETÁBULO (mal posicionado, surgimento de um falso acetábulo para articular com a cabeça luxada) / é mais predominante no LADO ESQUERDO quando unilateral (relacionada a posição do feto no útero), e aparece bilateral em 20% das crianças afetadas Thaís Pires 2 3. Diagnóstico; Diagnóstico Precoce (0-3 meses) – quanto mais precoce, maiores as chances de êxito do tratamento – a frouxidão ligamentar, a subluxação e a luxação devem ser prontamente reconhecidas no EXAME ROTINEIRO de todo recém-nascido e crianças até 3 meses de vida O primeiro exame a ser feito é para avaliar se o quadril já está LUXADO – MANOBRA DE ORTOLANI – realizar a ABDUÇÃO da perna ao mesmo tempo que traciona a coxa para cima – se o examinador sentir um “click”, significa que a cabeça femoral está luxada e retornando ao acetábulo → TESTE POSITIVO PARA LUXAÇÃO CONGÊNITA DO QUADRIL → além do teste positivo, a luxação tem como sinais clínicos a ASSIMETRIA DAS PREGAS CUTÂNEAS DOS MMI + ROTAÇÃO EXTERNA + DIFICULDADE EM ABDUÇÃO Se ortolani NEGATIVO, o próximo passo é saber se o quadril do bebê é LUXÁVEL – MANOBRA DE BARLOW – realizada em duas etapas: com a criança em decúbito dorsal, o examinador faz ADUÇÃO DA COXA enquanto A EMPURRA PARA BAIXO → se houver instabilidade, isso causará uma luxação que apresenta um “click” – a segunda parte é REDUZIR o quadril com a manobra de ORTOLANI Diagnóstico de 3 meses-18 meses – nessa idade, as manobras de Ortolani e Barlow não têm efeito, pois predomina a CONTRATURA EM ADUÇÃO DO QUADRIL / Os sinais clínicos da DDQ nessa idade são LIMITAÇÃO DA ADUÇÃO E CIRCUNDAÇÃO + ENCURTAMENTO MI / Utiliza-se do SINAL DE GALEAZZI (ou Allis) que é a ALTURA MENOR DO JOELHO DO MI ACOMETIDO quando a criança está em decúbito dorsal com os joelhos fletidos Também pode ser utilizada a TELESCOPAGEM, que costuma ser positiva quando galeazzi é positiva – consiste em segurar a COXA + JOELHO com uma mão e com a outra PUXAR E EMPURRAR a perna, percebendo o movimento excessivo do trocânter Diagnóstico após os 12 meses – na deambulação, verifica-se a ALTERAÇÃO DA MARCHA, que está claudicante para o lado afetado, além do SINAL DE TRENDELENBURG → ao ficar em pé sobre o MI afetado, o quadril cai para o lado oposto e o tronco se desvia para o lado afetado / apresenta ROTAÇÃO EXTERNA EXCESSIVA E HIPERLORDOSE LOMBAR Radiografia – nos primeiros 3 meses de vida, a epífise é CARTILAGINOSA, portanto RADIOTRANSPARENTE – a partir dessa idade, inicia a ossificação com um pequeno NÚCLEO Para o diagnóstico radiológico da luxação/subluxação, são traçadas algumas linhas: LINHA DE HILGENREINER é uma horizontal traçada entre as cartilagens do acetábulo, funcionando para avaliar a altura das epífises femorais; a LINHA DE PERKINS é uma traçada perpendicularmente à hilgenreiner, tangenciando o rebordo ósseo lateral do acetábulo / essas duas linhas formam os QUADRANTES DE OMBREDANE – no quadril normal, a metáfise está localizada no QUADRANTE INFERIOR INTERNO O ÍNDICE ACETABULAR é o ângulo agudo formado pela hilgenreiner e uma segunda linha no TETO ACETABULAR – sem x > 30°, DDQ Thaís Pires 3 USG – em pcts menores que 3 meses, utiliza-se a USG de quadril – permite avaliar as estruturas radiotransparentes, QUANTIFICAR E QUALIFICAR o comprometimento 4. Tratamento. É baseado no diagnóstico PRECOCE, tendo como principal objetivo manter a congruência entre CABEÇA e ACETÁBULO, o que estimula a reconstituição das estruturas, prevenindo uma displasia irreversível → o tratamento varia com a IDADE, LUXAÇÃO OU SUBLUXAÇÃO Recém-Nascido – manter a cabeça no acetábulo utilizando aparelhos FIXOS (travesseiro de Frekja) ou DINÂMICOS (tirantes de Pavlik, que mantêm os MMII em flexão e ligeira abdução) De 1 a 6 meses – utilização dos tirantes de Pavlik – caso a redução não ocorra nas 3-4 semanas iniciais, indica-se a REDUÇÃO INCRUENTA: mantemos a criança em tração abdutora por aproximadamente 1-3 semanas e tenotomia percutânea dos adutores, após o qual a criança será anestesiada no centro cirúrgico e uma redução fechada é realizada → em seguida, é colocada num APARELHO GESSADO em flexão e ligeira abdução (semelhante ao Petrie de perthes) De 6 a 18 meses – tentar a redução incruenta – caso não eficaz, indicada a CIRURGIA ABERTA (redução cruenta) → depois da cirurgia, a criança permanece gessada em abdução De 18 meses a 8 anos – pelo grau de displasia e deformidade, há indicação direta para REDUÇÃO CRUENTA associada a tenotomia adutora e uma OSTEOTOMIA CORRETIVA / dos 3-4 anos, utiliza-se a OSTEOTOMIA DE SALTER na pelve – dos 4-8 anos, OSTEOTOMIA DE CHIARI associada a ostectomia da diáfise femoral → essas osteotomias têm como objetivo modificar a angulação dos ossos para melhor acoplamento Depois dos 8 anos, a correção da DDQ não tem mais benefícios Complicações – geralmente ocorrem em pcts não diagnosticados ou com atraso no diagnóstico – necrose avascular da cabeça pode acontecer por uma redução feita de forma não cuidadosa ou pelo uso de órteses em extrema abdução
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