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[CONCENTRAÇÃO E DILUIÇÃO DA URINA] [2020] [SISTEMA GENITOURINÁRIO] DENILSON DUARTE [MÓDULO GENITOURINÁRIO] | [UFCA] 1 | P á g i n a Sumário Concentração e Diluição da Urina ................................................................................................. 2 Mecanismos de excreção de urina diluída ................................................................................ 2 Mecanismos renais ................................................................................................................ 2 Mecanismos de excreção de urina concentrada ...................................................................... 2 Mecanismos de feedback renais que controlam sódio extracelular e osmolaridade ............... 4 Sistema de Feedback Osmorrecetor-ADH ................................................................................. 4 A importância da sede no controle da osmolaridade ............................................................... 5 2 | P á g i n a Concentração e Diluição da Urina Mecanismos de excreção de urina diluída Os rins normais têm extraordinária capacidade de variar as proporções relativas de solutos e água na urina em resposta aos diversos desafios. Os rins podem excretar grande volume de urina diluída ou pequeno volume de urina concentrada sem grandes alterações nas excreções de solutos, como sódio e o potássio. Existe sistema de feedback muito eficaz para regular a osmolaridade e a concentração do sódio plasmático. Esse mecanismo atua alterando na excreção renal de água, independente da excreção de solutos. O principal efetor desse sistema é o hormônio antidiurético – ADH, também chamado de vasopressina. Quando a osmolaridade dos líquidos corporais se eleva para valores acima do normal, a glândula hipófise posterior secreta mais ADH, o que aumenta a permeabilidade dos túbulos ditais e ductos coletores à água. Isso permite grande reabsorção de água sem alterar de forma marcante a excreção de solutos. Quando ocorre o processo inverso, excesso de água no corpo, a diminuição da osmolaridade gera um feedback para que a hipófise posterior diminuía a secreção de ADH. Mecanismos renais À medida que o líquido flui pelo túbulo proximal, ocorre reabsorção de água e solutos em proporções equivalentes, ou seja, o líquido do túbulo proximal permanece isosmótico ao plasma. Porém, quando chega ao ramo descendente da alça de Henle, a água é reabsorvida e o líquido tubular se torna mais concentrado à medida que flui pela alça. A partir do momento em que o líquido chega ao ramo ascendente da alça de Henle, especialmente no segmento espesso, ocorre grande reabsorção de sódio, cloreto e potássio. Entretanto, é importante lembrar que essa região da alça é impermeável à água, mesmo em presença de ADH. Portanto, o líquido tubular fica mais diluído à medida que flui pelo ramo ascendente até o início do túbulo distal. A partir do momento em que o líquido chega ao túbulo distal e passa para a região final, ducto coletor cortical e ducto coletor medular, ocorre reabsorção adicional de cloreto de sódio, já que essa porção do túbulo é impermeável à água. Assim, na ausência de ADH para reabsorver água, o líquido tubular fica ainda mais diluído. Em síntese, o mecanismo para formação de urina diluída consiste na reabsorção contínua de solutos sem reabsorção de água. É preciso destacar que, o líquido que deixa o ramo descendente (?) da alça de Henle e o túbulo distal inicial é sempre diluído, independentemente do nível do ADH. Mecanismos de excreção de urina concentrada A capacidade do rim de formar urina mais concentrada que o plasma é essencial para a sobrevivência. A água é continuadamente perdida por várias vias, como por sudoreses, pelo TGI e pela urina. Quando ocorre déficit hídrico, o rim gera urina concentrada por continuar a excretar solutos ao mesmo tempo que aumenta reabsorção de água. Os requerimentos básicos para a formação de urina concentrada incluem: nível alto de ADH, que aumenta permeabilidade dos túbulos distais e ductos coletores e alta osmolaridade do líquido intersticial medular renal, que produz gradiente osmótico para reabsorção de água em presença de altos níveis de ADH. 3 | P á g i n a O interstício medular renal que circunda os ductos coletores é normalmente hiperosmótico, assim, quando os níveis de ADH estão elevados, a água se desloca por osmose para o interstício renal e, então, retorna à circulação sanguínea pelos vasa recta. Dessa forma, a capacidade de concentração da urina é determinada pelo nível de ADH e pelo grau de osmolaridade da medula renal. Para que haja aumento da osmolaridade da medula renal e ocorra maior reabsorção de água, é preciso que a medula renal acumule soluto. Os principais fatores que contribuem para o aumento da concentração de solutos na medula renal são os seguintes: 1. Transporte ativo de íons sódio e cotransporte de íons potássio, cloreto e outros que ocorre no ramo ascendente da alça de Henle; 2. Transporte ativo de íons dos ductos coletores para o interstício medular; 3. Difusão facilitada de grande quantidade de ureia para o interstício medular; 4. Difusão de apenas pequena quantidade de água em relação à reabsorção de solutos para o interstício medular. A causa mais importante para a alta osmolaridade na medula renal é o transporte ativo de sódio e o cotransporte de potássio, cloreto e outros íons no ramo ascendente espesso da alça de Henle para o interstício. Esse transporte gera grande gradiente osmótico entre o lúmen tubular e o líquido intersticial. Esse fator se torna ainda mais potente, já que essa região da alça de Henle é impermeável a água. A reabsorção repetitiva de cloreto de sódio pelo ramo ascendente espesso da alça de Henle, e o influxo contínuo de novo cloreto de sódio do túbulo proximal para a alça recebem o nome de multiplicador de contracorrente, pois o cloreto de sódio, reabsorvido na alça, se soma continuamente ao cloreto de sódio que acaba de chegar e, assim, multiplicando sua concentração no interstício medular. Quando o líquido tubular deixa a alça de Henle e chega ao túbulo distal no córtex renal, o líquido passa por um processo de diluição, pois esse segmento semelhante à alça ascendente de Henle promove transporte ativo de cloreto de sódio, mas é relativamente impermeável à água. A quantidade de água reabsorvida é totalmente dependente da concentração plasmática de ADH. Assim, apenas na presença de ADH o túbulo coletor cortical fica permeável à água. É importante notar que a absorção de água nessa região do néfron acaba por auxiliar na conservação da alta osmolaridade do líquido intersticial medular, pois essa água é removida rapidamente pelos capilares peritubulares. Nos ductos coletores, a presença de altos níveis de ADH aumentam a permeabilidade à água, de modo que o líquido final desses ductos tenha basicamente a mesma osmolaridade do líquido intersticial da medula renal. Assim, por meio da reabsorção da maior quantidade possível de água, os rins forma urina muito concentrada, excretando quantidades normais de solutos enquanto devolvem a água ao líquido extracelular. Contribuição da ureia para formação de urina concentrada Ao contrario do cloreto de sódio, a ureia é reabsorvida passivamente pelo túbulo. Quando ocorre déficit de água e a concentração de ADH é alta, grande quantidade de ureia é passivamente reabsorvida dos ductos coletores medulares internos para o interstício. Essa difusão é feita por transportadores específicos de ureia, UT-A1 e UT-A3. 4 | P á g i n a O UT-A3 é ativado pelo ADH, aumentando o transporte de ureia para fora do ducto coletor medular interno. Mecanismos de feedback renais que controlam sódio extracelular e osmolaridade A regulação da osmolaridade e a concentração de sódio do líquido extracelular (LEC) estão intimamenterelacionados, já que o sódio é o íon mais abundante no compartimento extracelular. Nas condições normais, os íons sódio e os ânios associados (principalmente bicarbonato e cloreto) representam cerca de 94% dos osmóis extracelulares, com a glicose e a ureia contribuindo com 3% a 5% dos osmóis totais. Embora muitos mecanismos controlem a quantidade excretada de sódio e água pelos rins, dois sistemas primários estão particularmente envolvidos na regulação da concentração de sódio e da osmolaridade do líquido extracelular: O sistema osmorreceptor-ADH e o mecanismo da sede. Sistema de Feedback Osmorrecetor-ADH Quando a osmolaridade aumenta acima do normal em virtude de déficit de água, por exemplo, o sistema de feedback opera da seguinte forma: 1. O aumento da osmolaridade do LEC provoca o murchamento de neurônios específicos, referidos como células osmorrecptoras, localizadas no hipotálamo anterior, próximo aos núcleos supraópticos; 2. O murchamento das células estimula fazendo-as enviar sinais a outros neurônios situados nos núcleos supraópticos; estes retransmitem esses sinais para a hipófise posterior; 3. Esses potenciais de ação conduzidos até a hipófise posterior estimulam a liberação de ADH; 4. O ADH entra na corrente sanguínea e é transportado até os rins, promovendo a permeabilidade da porção final dos túbulos distais, dos túbulos coletores corticais e dos ductos coletores medulares à água; 5. Por fim, a permeabilidade elevada à água leva a aumento da reabsorção e à excreção de pequeno volume de urina concentrada. O hipotálamo contém dois tipos de grandes neurônios que sintetizam ADH: células dos núcleos supraópticos e dos núcleos paraventriculares do hipotálamo. As células dos núcleos supraópticos sintetizam cinco sextos do ADH total liberado pela hipófise, e os núcleos paraventriculares, o sexto restante. Esses núcleos emitem prolongamentos axonais para a neuro-hipófise. Quando os núcleos supraópticos e paraventriculares são estimulados pelo aumento na osmolaridade do liquido extracelular ou por outros fatores, eles emitem impulsos nervos que alteram a permeabilidade da membrana e aumenta a entrada de cálcio. O ADH, armazenado nos grânulos secretórios das terminações nervosas é liberado em resposta ao aumento do cálcio. Existe uma segunda área importante no controle da osmolaridade e da secreção do ADH, essa área está situada na região anteroventral do terceiro ventrículo, conhecida como região AV3V. Nessa região existe duas estruturas importante, o órgão subfornical e o órgão vasculhos da lâmina terminal. Entre esses órgãos, fica o núcleo pré-óptico mediano, que apresenta conexões com esses dois órgãos, com os núcleos supraópticos 5 | P á g i n a e os centros de controle da pressão sanguínea no bulbo. A estimulação elétrica ou por angiotensina II aumenta a secreção de ADH, a sede e o apetite pelo sal. A liberação de ADH é também controlada por reflexos cardiovasculares que respondem a quedas na pressão e/ou no volume sanguíneo. Esse controle é feito por reflexos barorreceptores arteriais e os reflexos cardiopulmonares. Essas vias reflexas se originam em regiões de alta pressão sanguínea, como o arco aórtico e o seio carotídeo, e de baixa pressão, como nos átrios cardíacos. Essas áreas produzem estímulos aferentes que são conduzidos pelos nervos vago e glossofaríngeo, fazendo sinapse nos núcleos do trato solitário e, a partir daí, para os núcleos hipotalâmicos, que controlam a síntese e secreção do ADH. Assim, além da osmolaridade elevada, a diminuição da pressão arterial e a redução do volume sanguíneo controlam a secreção de ADH. A importância da sede no controle da osmolaridade A ingestão adequada de líquido é necessária para contrabalancear qualquer perda de líquido que ocorre no corpo. Essa ingestão é regulada pelo mecanismo da sede que, juntamente com o mecanismo osmorreceptor-ADH, mantém o controle preciso da osmolaridade e da concentração de sódio no líquido extracelular. A região AV3V é uma das responsáveis por promover liberação de ADH e estimular a sede. Existe outra área diminuta que, quando estimulada eletricamente, provoca sede imediata e que continua enquanto durar a estimulação. Essa área se situa anterolateralmente no núcleo pré-óptico. Todas essas áreas em conjunto recebem o nome de centro da sede. Um dos mais importantes estímulos consiste na osmolaridade elevada do líquido extracelular, que promove a desidratação intracelular nos centros da sede, estimulando o desejo de beber. Baixa do volume do líquido extracelular e da pressão arterial também estimula a sede. Isso provavelmente ocorre por meio dos impulsos neurais provenientes dos barorreceptores arteriais sistêmicos e cardiopulmonares na circulação. Terceiro estímulo importante para sede é a angiotensina II, que atua sobre o órgão subfornical e sobre o órgão vasculoso da lâmina terminal. Essas regiões encontram-se fora da barreira hematoencefálica, e os peptídeos como a angiotensina II se difundem pelos tecidos. O ressecamento da boca e das mucosas do esôfago pode causa a sensação de sede. Somado a isso, estímulos gastrointestinais e faríngeos influenciam a sede.
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