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W B A 0 6 3 9 _ v1 .1 Tributos Indiretos – IPI, ICMS e ISS Gustavo Carrile da Silva © 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Danielle Leite de Lemos Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Mariana Ricken Barbosa Priscila Pereira Silva Coordenador Mariana Ricken Barbosa Revisor Guilherme Davini De Almeida Editorial Alessandra Cristina Fahl Daniella Fernandes Haruze Manta Flávia Mello Magrini Leonardo Ramos de Oliveira Campanini Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Silva, Gustavo Carrile da, S586t Tributos indiretos - IPI, ICMS e ISS / Gustavo Carrile da Silva, Renato Chieregato. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 192 p. ISBN 978-85-522-0609-5 1. Tributos indiretos. 2. Prestação de Serviços. 2. Industrialização. I. Silva, Gustavo Carrile da. II. Chieregato, Renato. III. Título. CDD 330 2018 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB: 8/9491 SUMÁRIO Tema 1: O IPI dentro do sistema tributário nacional...............5 Tema 2: Conceito de industrialização e regra-matriz do IPI .....17 Tema 3: IPI – insumos, créditos e obrigações acessórias ........30 TEMA 4: ISS – aspectos gerais e lei complementar 116/03 .....44 TEMA 5: ISS: sujeito passivo, importação e exportação .........58 Tema 6: Tributos indiretos - ICMS ......................................71 TEMA 7: Disciplina: tributos indiretos – ICMS .......................93 Tema 8: Tributos indiretos ICMS .........................................119 A tributação indireta é aquela que recai essencialmente sobre as opera- ções relacionadas à produção, à circulação e ao consumo de bens corpóreos, incorpóreos e serviços. Ela se opõe à tributação direta, ou seja, àquela que se dá sobre a renda e o patrimônio das pessoas físicas e jurídicas. Nesse sentido, é importante o estudo dos principais tributos indiretos no contexto do Sistema Tributário Nacional, investigando quais os entes federativos competentes para a instituição e cobrança, além dos principais aspectos referentes ao fenômeno da incidência e do cálculo do tributo devido. Na disciplina Tributos Indiretos, serão abordados os principais conceitos dos impostos indiretos em todas as esferas do poder público. Na esfera federal, existe o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI; na esfera estadual, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS; por fim, na esfera municipal, há o Imposto Sobre Serviços – ISS. O conhe- cimento da matéria é relevante para o trabalho de advogados atuantes na área tributária, contadores, profissionais da área fiscal e de comércio exte- rior, além de outras áreas correlatas, por exemplo, aqueles responsáveis pela área de compras (suprimentos) e os profissionais de vendas, na medida em que os tributos indiretos impactam diretamente na formação do preço dos produtos e dos serviços que se pretende adquirir ou vender. Ao final da disciplina, será possível compreender o momento de incidência de cada imposto nas mais diversas atividades empresarias, o reconheci- mento de créditos permitidos na legislação brasileira e as ações necessárias para se apurar e recolher os tributos adequadamente. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 1 O IPI dentro do sistema tributário nacional 6 Objetivos específicos • Apresentar os principais aspectos do Sistema Tributário Nacional. • Entender a repartição de competência tributária entre os entes da federação. • Analisar a integração do Imposto sobre Produtos Industrializados ao Sistema Tributário Nacional. Introdução Os entes federativos que compõem a República Federativa do Brasil (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) podem instituir tributos para custeio de suas atividades. Eles não são, no entanto, livres para instituir e cobrar quaisquer tributos da maneira como bem entenderem. Antes disso, devem observar princípios e regras constantes na Constituição Federal, além de verificarem se têm, de fato, poder constitucionalmente atribuído para a instituição e a cobrança de tributos. Além da Constituição Federal, o Sistema Tributário é composto por Leis produzidas pelo Poder Legislativo e por Decretos, Portarias e Instruções Normativas produzidos pelo Poder Executivo, que tratam das regras relacionadas à instituição e à cobrança dos tributos. Nesse cenário, surgem as per- guntas: de quem é a competência para instituição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)? Quais as principais Leis e os principais Decretos que regulamentam esse imposto? A partir desse tema, você estudará o conceito de tributo, conhecerá o Sistema Tributário Nacional, inaugurado pela Constituição Federal, entenderá a repartição de competências tributárias, em espe- cial, aquela que atribui à União Federal o poder para a instituição e a cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Além disso, será possível conhecer o arcabouço legislativo que envolve a cobrança desse imposto tão importante que incide sobre o processo de produção de bens. 1.1 Conceito de tributo A fim de custear as atividades básicas e promover o bem-estar da população, o Estado neces- sita de recursos financeiros. Tais recursos podem ser obtidos de diversas formas, por exemplo, pela 7 alienação de bens públicos, pela obtenção de um empréstimo ou pela cobrança de tributos de cida- dãos e empresas. Em que consiste, então, um tributo? De acordo com o artigo 3º do Código Tributário Nacional, aprovado pela Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966, “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. A partir do conceito mencionado, dois aspectos dos tributos merecem atenção: (i) é uma prestação compulsória, já que a sua inci- dência decorre de imposição legal, e não da vontade das pessoas; (ii) não constitui sanção de ato ilícito, ou seja, tributo não pode ser uma penalidade pelo cometimento de uma infração. 1.2 Espécies tributárias Tendo estudado o que vem a ser tributo, cabe, agora, investigar quais são as espécies de tributos existentes no ordenamento jurídico brasileiro. A princípio, cumpre esclarecer que o tema é contro- verso entre os juristas. Isso porque o artigo 145 da Constituição Federal lista como espécies tributárias apenas os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria; outros dispositivos do texto constitucio- nal, porém, mencionam também outras figuras. Fato é que a doutrina mais atual apresenta cinco espécies tributárias, comentadas a seguir: i. os impostos têm como fato gerador uma situação independente de qualquer atividade esta- tal específica, relativa ao contribuinte; não possuem destinação específica e são cobrados dos cidadãos para custear as despesas gerais do Estado, como a manutenção de serviços de saúde, educação, pagamento de servidores etc.; Link BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Planalto – Presidência da República. 8 ii. as taxas são cobradas em razão do exercício, pelo Estado, do poder de polícia ou pela utiliza- ção, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição, por exemplo, taxas de alvarás de funcionamento, taxas cartorárias, dentre outras; iii. contribuições de melhoria são cobradas de proprietários de imóveis que sofram valorização em decorrência de obras públicas realizadas nas mediações; iv. empréstimos compulsórios para aten- der a despesas extraordinárias, decor- rentes de calamidade pública, de guerra externa ou de sua iminência ou, então, no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante inte- resse nacional; v. as contribuições, diferente dos impos- tos, são arrecadadas com destinação específica, por exemplo, as sociais, as de intervenção no domínio econômico e as de interesse das categorias profissionais. Em resumo, aqui deve ficar assentado que o tributo é o gênero, e o imposto é uma de suas espécies. 1.3 Sistema tributário na constituição federal A Constituição Federal é conhecida como norma fundamental que inaugura o sistema jurídico de um país. Ela serve de fundamento para a elaboração das demais Leis que devem observá-la, sob pena de serem consideradas inconstitucionais e, portanto, inválidas. Para saber mais Para ter uma ideia do quanto se arrecada de tribu- tos no Brasil, a Associação Comercial de São Paulo, a Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo, a Fecomércio/RS e o Instituto Bra- sileiro de Planejamento e Tributação mantêm o Impostômetro, que é uma espécie de painel que apresenta, em tempo real, uma estimativa de todos os tributos pagos no Brasil. 9 De acordo com a Constituição Federal, o Brasil segue a forma federativa de Estado; depreende-se, assim, que seu território é dividido em diversas entidades que gozam de autonomia, conhecidas como entes federati- vos, que são a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Como forma de possibilitar aos entes federativos o exercí- cio da autonomia administrativa e financeira, a Constituição Federal preocupou-se em garantir que todos tivessem a possibilidade de obter receitas próprias para fazer frente às despesas, desenvolver suas atividades e realizar investimentos sem a necessidade de um ente da federação depender de outro. Nesse sentido, outorgou a cada um a atribuição para instituir e cobrar determinados tributos; a isso se dá o nome de competência tributária. O inciso IV do artigo 153 da Constituição Federal atribuiu à União a competência para instituir e cobrar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Cumpre destacar que o texto constitucional, por si só, não institui nenhum tributo, apenas confere poder (competência) para a sua instituição. É nesse sentido que a cobrança do IPI não é automática e depende de a União Federal, por meio de processo legislativo, aprovar uma lei que contenha os prin- cipais aspectos referentes à incidência do imposto, tais como base de cálculo, alíquotas, sujeitos pas- sivos, dentre outros, como será melhor destacado na Unidade 2. O exercício da competência tributária pelos entes políticos é fortemente influenciado pelos prin- cípios, visto que o legislador, ao instituir o tributo de sua competência, não tem liberdade irrestrita; Para saber mais Além do IPI, o texto constitucional outorgou à União Federal a competência para a instituição e a cobrança de outros impostos, nesse caso, o Imposto sobre Importação (II), previsto no inciso I do artigo 153, o Imposto sobre Exportação (IE), previsto no inciso II do artigo 153, o Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR), previsto no inciso III do artigo 153, o Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro (IOF), previsto no in- ciso V do artigo 153, o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), previsto no inciso VI do artigo 153, e o Imposto sobre Grandes Fortunas previsto no inciso VII do artigo 153; esse último nunca foi instituído no Brasil. 10 em vez disso, deve observar princípios consagrados na própria Constituição Federal. De acordo com Carvalho (2009, p. 375), chamamos de ‘princípios’ aqueles valores que hierarquicamente colocamos num patamar de superioridade, ao organizarmos o sistema, de tal modo que eles acabam exercendo significa- tiva influência na construção, estruturação e aplicação das demais significações. 1.4 O IPI dentro do Sistema Tributário Nacional 1.4.1 Instituição Como mencionado anteriormente, a competência para instituição e cobrança do IPI foi outor- gada constitucionalmente à União. Cumprindo a determinação constitucional, a União instituiu o IPI por meio de Lei ou, mais precisamente, em mais de uma Lei. De fato, apesar de recomendá- vel pela facilidade didática, não há obrigatoriedade para que todos os aspectos de um tributo (fato gerador, base de cálculo, alíquotas etc.) estejam dispostos em um único diploma legal, ou seja, em uma única lei. Em razão disso, é comum encontrar disposições a respeito dos tributos em legislações esparsas pelo ordenamento jurídico nacional, como é o caso do IPI. De fato, encontram-se disposições sobre o IPI especialmente na Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964, e na já mencionada Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966, conhecida como Código Tributário Nacional. Os detalhes pormenorizados da incidência e da cobrança do IPI também podem ser encontrados no Decreto n.º 7.212, de 15 de junho de 2010, que regulamenta a cobrança, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI. É importante destacar que a Constituição Federal não mencionou de maneira expressa uma opera- ção ou ação sobre a qual poderia ser cobrado o IPI, mencionando apenas a competência da União para instituir imposto sobre produtos industrializados, sem detalhar que tipo de operação envolvendo um 11 produto industrializado poderia ser tributada. Com isso, o legislador federal pode instituir o imposto sobre diversas operações que envolvem produto industrializado, e não apenas sobre a operação de fabricação (ou industrialização) de produtos. Nesse sentido, o artigo 46 do Código Tributário Nacional elencou três operações distintas que podem servir como materialidade para a incidência do IPI: (i) o desembaraço aduaneiro de produtos industrializados de procedência estrangeira; (ii) a saída de produtos industrializados de estabeleci- mento fabricante; (iii) a arrematação de produtos industrializados, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. Na Unidade 2, você verá, caro(a) aluno(a), com mais detalhes os fatos geradores do IPI. 1.4.2 Princípio da seletividade Como mencionado anteriormente, ao exercer a competência tributária atribuída pela Constituição Federal, os entes federativos não são livres e devem obedecer a alguns preceitos informados no pró- prio texto constitucional, por exemplo, os princípios. Tratando especificamente do IPI, no artigo 153 da Constituição Federal, o inciso I, do § 3º, determina que tal imposto será seletivo, em função da essencialidade do produto. O que isso significa? Trata-se do chamado princípio da seletividade, que permite uma tributação gradualmente dos produtos de acordo com a necessidade da população. Em outras palavras, quanto mais necessário for um produto para os cidadãos, como os itens da cesta básica, por exemplo, menor deve ser a carga tributária do IPI, podendo chegar a zero. De maneira inversa, produtos supérfluos ou nocivos, como perfumes, cigarros e bebidas alcóolicas, geralmente têm uma tributação de IPI maior em suas operações. 1.4.3 Importância na economia É inegável a influência que o IPI exerce na economia nacional.Por ser um tipo de imposto que incide sobre a produção de bens levados ao consumo da população, o IPI impacta diretamente na for- mação do preço dos produtos postos no mercado, de maneira que, se a carga tributária sobre deter- minado produto for muito grande, pode inviabilizar o consumo daquele item e, consequentemente, 12 levar à quebra daquele setor. Ciente da importância do IPI na elaboração das políticas fiscais do país, a Constituição Federal, no § 1º do artigo 153, permitiu que o Poder Executivo, no caso, o Presidente da República, altere as alíquotas do IPI dentro dos limites máximo e mínimo definidos em Lei. Trata-se de uma exceção ao chamado princípio da legalidade, segundo o qual ape- nas a Lei (instrumento do Poder Legislativo) pode dispor acerca das alíquotas dos tributos. Com a permissão para alterar as alíquotas do IPI, o Presidente da República tem a prer- rogativa de majorar ou diminuir (e até zerar) o imposto incidente em operações com determinados produtos, o que impacta diretamente nos res- pectivos preços, com a finalidade de calibrar produção, importação e consumo. Trata-se do caráter extrafiscal do IPI, o que indica que esse imposto não tem apenas a função de arrecadar recursos para o Estado. Antes disso, seu objetivo principal é o de servir de ferramenta na adoção de políticas eco- nômicas pelo governo. Questão para reflexão Para compreensão da importância que o IPI tem na formação da política econômica do país e, também, para entendimento do princípio da seletividade em função da essencialidade, pesquise a respeito do imposto incidente nas operações envolvendo produtos alimentícios da cesta básica e compare com aquele incidente em operações de cigarros e bebidas alcoólicas. Qual deles você acha que será maior? Para saber mais Em um passado recente, durante o Governo Dilma, por meio do Decreto nº 7.725, de 21 de maio de 2012, reduziu-se a alíquota do IPI incidente sobre determinadas categorias de veículos, de maneira a baratear o preço final ao consumidor. Tal medida foi adotada com a intenção de fomentar o consumo de veículos e, consequentemente, a fabricação de veículos pelas montadoras, que precisam de bastan- te mão de obra trabalhadora e são conhecidas como grandes indústrias empregadoras. O mesmo foi feito com produtos eletrodomésticos da chamada “linha branca”, tais como fogão, geladeira e máquinas de lavar. 13 Considerações Finais • O Estado necessita de recursos para financiar o desenvolvimento de suas atividades; a arreca- dação de tributo é uma das fontes para suprir essa necessidade estatal. • Dentro do gênero tributo, os impostos configuram uma de suas espécies. • A Constituição Federal outorgou à União a competência para instituição e cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI. • Por ser um tipo de imposto que incide sobre a produção de bens levados ao consumo da popu- lação, o IPI impacta diretamente na formação do preço dos produtos postos no mercado, motivo pelo qual a Constituição Federal impõe a observância do princípio da seletividade em razão da essencialidade, de forma que a carga tributária seja menor para os produtos essenciais para a população e maior para os produtos supérfluos. Glossário Tributo: uma das fontes de receita para custear as atividades do Estado, segundo o Código Tributário Nacional, correspondente a uma prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Imposto: espécie do gênero tributo, cuja receita de arrecadação não tem destinação específica, sendo utilizado para o custeio das atividades gerais do Estado, como saúde, educação, pagamento de servidores públicos, dentre outros. Competência tributária: atribuição conferida pela Constituição Federal aos entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) para instituição e cobrança de tributos. IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados cuja competência para instituição e cobrança é atribu- ída à União Federal. Princípio da seletividade: preceito aplicado ao IPI segundo o qual a tributação sobre a produção de produtos essenciais deve ter carga menor do que aquela incidente sobre produtos supérfluos. 14 Verificação de leitura QUESTÃO 1-Indique qual das figuras a seguir não é uma espécie de tributo. a) Imposto. b) Taxa. c) Tarifa. d) Contribuição de melhoria. e) Empréstimo compulsório. QUESTÃO 2-Qual a norma hierarquicamente superior que dá fundamento às demais normas do ordenamento jurídico brasileiro? a) Lei ordinária. b) Lei complementar. c) Portaria. d) Decreto. e) Constituição Federal. QUESTÃO 3-Qual ente federativo é competente para instituição e cobrança do IPI? a) União. b) Estados. c) Municípios. d) Distrito Federal. e) Territórios. 15 Referências Bibliográficas BRASIL. Constituição Federal de 1988. Planalto – Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 28 fev. 2018. ______. Decreto n.º 7.212, de 15 de junho de 2010. Regulamenta a cobrança, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI. Planalto – Presidência da República. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007- 2010/2010/Decreto/D7212.htm#art617>. Acesso em: 31 jan. 2018. ______. Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964. Dispõe Sobre o Imposto de Consumo e reorganiza a Diretoria de Rendas Internas. Planalto – Presidência da República. Dispo- nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4502.htm>. Acesso em: 31 jan. 2018. ______. Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Muni- cípios. Planalto – Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l5172compilado.htm>. Acesso em: 30 jan. 2018. CARVALHO, A. T. de. Teoria Geral do Direito (O Constructivismo Lógico-Semântico). Tese (Doutorado em Filosofia do Direito) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009. https://bit.ly/2JHW1Ys https://bit.ly/2JHW1Ys 16 Gabarito QUESTÃO 1-Alternativa C. De todas as figuras elencadas nas alternativas, apenas a tarifa não constitui uma espécie tributária existente na Constituição Federal. QUESTÃO 2-Alternativa E. A Constituição Federal é a norma superior que apresenta a organização do Estado brasileiro e esta- belece, inclusive, a forma como as demais normas inferiores devem ser produzidas, como as leis com- plementares, as leis ordinárias, os decretos. QUESTÃO 3-Alternativa A. De acordo com o inciso IV, do artigo 153, da Constituição Federal, a competência para instituição e cobrança do IPI é atribuída à União Federal. 2 Conceito de industrialização e regra-matriz do IPI 18 Objetivos específicos • Analisar o conceito e as características de industrialização para fins de incidência do IPI. • Apresentar as Regras-Matrizes de Incidência do IPI. • Tratar dos principais aspectos para cálculo do IPI: fato gerador, base de cálculo e alíquotas. Introdução Após o estudo, na Unidade 1, das características básicas dos tributos, do Sistema Tributário Nacional e da integração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) nesse sistema, você verá, nesta unidade, as operações que estão sujeitas à incidência desse imposto. O Imposto sobre Produtos Industrializados tem extrema relevância dentro do Sistema Tributário Nacional, na medida em que é utilizado como instrumento de política econômica nacional, além de incidir dentro de uma cadeia de grandes empresas fabricantes ou importadoras de produtos até o seu destino final (o consumidor). Nesse contexto, na Unidade 2, você verá o conceito de produto industrializado, além de investigar o que vem aser um processo de industrialização, assim como averiguar que tipo de operações envol- vendo produtos industrializados é tributado pelo IPI, ocasião em que serão expostos exemplos práticos de cada uma dessas operações. Por fim, serão também abordados os principais elementos necessários para se apurar e calcular o montante de IPI a ser recolhido. Mais precisamente, a Unidade 2 tratará do fato gerador do imposto, de sua base de cálculo, de suas alíquotas e dos sujeitos passivos indicados pela legislação brasileira como responsáveis pelo recolhimento do IPI. 2.1 materialidade do IPI 2.1.1 Materialidades na Constituição Federal e na legislação Já foi abordado, na Unidade 1, que a Constituição Federal outorgou à União a competência para instituir imposto sobre produtos industrializados. Cumprindo o mandamento constitucional, a União 19 aprovou Lei para instituir o IPI, tendo discriminado, no Código Tributário Nacional, três situações como possíveis materialidades para a incidência do imposto: (i) o desembaraço aduaneiro de produtos industrializados de procedência estrangeira; (ii) a saída de produtos industrializados de estabeleci- mento fabricante; (iii) a arrematação de produtos industrializados, quando apreendido ou abando- nado e levado a leilão. Ao analisar as três situações que dão ensejo à incidência do IPI destacadas anteriormente, percebe- -se que todas elas envolvem operações com produtos industrializados. Por esse motivo, é de extrema importância o conceito de produto industrializado, como será verificado a seguir. 2.1.2 Conceito de industrialização O artigo 3º do Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010, que regulamenta a cobrança, a fisca- lização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre Produtos Industrializados, menciona que produto industrializado é o “resultante de qualquer operação definida como industrialização, mesmo incompleta, parcial ou intermediária”. O que, então, vem a ser industrialização? O mesmo Decreto, no seu artigo 4º, define industrializa- ção como “qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresen- tação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo”. Apesar dessa definição, o conceito ainda apresenta alguma imprecisão, motivo pelo qual a legislação, com a finalidade de trazer maior clareza, apresentou cinco modalidades de industrialização. A seguir, apresentamos as cinco modalida- des descritas no mencionado artigo, seguidas de exemplos práticos claramente expostos na obra de José Eduardo Soares de Melo (2004). • Transformação: operação que, exercida sobre matérias-primas ou produtos intermediários, importe na obtenção de espécie nova (exemplos: fabricação de sorvetes, produção de tecidos etc.). • Beneficiamento: operação que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alte- rar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (exemplos: grava- ções em produtos de terceiros do silk screen, corte, galvanização e revestimento em tubos de aço etc.). 20 • Montagem: operação que consista na reunião de produtos, peças ou partes e da qual resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (exemplos: colocação de carrocerias em chassis de caminhão, montagem de elevador fora do estabelecimento fabri- cante etc.). • Acondicionamento ou reacondicio- namento: operação que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se des- tine apenas ao transporte da mercado- ria (exemplos: engarrafamento de vinho, enlatamento de azeite etc.). • Renovação ou recondicionamento: operação exercida sobre produto usado ou parte rema- nescente de produto deteriorado ou inutilizado; renova ou restaura o produto para utilização (exemplos: recauchutagem ou recapeamento de pneus etc.). 2.2 A Regra-Matriz de Incidência Tributária e o IPI 2.2.1 Teoria da Regra-Matriz de Incidência Tributária A relação por meio da qual um sujeito (no caso, o contribuinte) é compelido a pagar tributo é conhecida como relação jurídico-tributária. Trata-se de uma obrigação chamada obrigação tributária, mediante ela, o contribuinte (sujeito passivo) é obrigado a entregar recursos financeiros (tributos) Assimile O que deve ficar claro nesse momento é que essas são cinco modalidades de industrialização, e não materialidades que constituem fato gerador do IPI. Portanto, em resumo, vemos que o IPI incide sobre qualquer uma das três materialidades (ou fatos geradores) definidas em lei (importação de produtos industrializados, saída de produtos industrializados do estabelecimento fabricante e arrematação de produtos industrializados em leilão), sendo que, para se definir se um produto é ou não industrial- izado, deve-se verificar se ele passou por alguma das cinco modalidades de industrialização elencadas anteriormente. 21 ao Estado (sujeito ativo). Dificilmente algum cidadão ou empresa iria, voluntariamente, abrir mão de recursos financeiros para entregar ao Estado, motivo pelo qual se trata de uma obrigação que deve ser prevista em lei e que deve ser cumprida pelo sujeito passivo, sob pena de aplicação de uma penali- dade, como uma multa, por exemplo. As normas jurídicas têm uma estrutura lógica que se denomina juízo hipotético-condicional, ou seja, dada a realização de uma hipótese (H), deve se dar uma consequência (C). Também, convencio- nou-se chamar a hipótese de antecedente; a consequência, por sua vez, é conhecida como conse- quente, conforme esquema a seguir que ilustra a forma lógica das normas jurídicas. H C HIPÓTESE CONSEQUÊNCIA (ANTECEDENTE) (CONSEQUENTE) Em resumo, dada a ocorrência no mundo real de um evento descrito hipoteticamente na Lei, deve se dar a consequência prevista na própria Lei. A partir dessa estrutura lógica das normas, o grande tributarista Paulo de Barros Carvalho (2005) criou a teoria da Regra-Matriz de Incidência Tributária, que, de maneira didática, decompõe o antece- dente e o consequente que formam a norma jurídica relacionada à obrigação tributária. De acordo com essa Teoria, a norma tributária, na forma de ante- cedente ligado a um dever ser como conse- quente, apresenta os seguintes critérios: no antecedente, os critérios material, tempo- ral e espacial e, no consequente, os critérios pessoal e quantitativo. Os critérios que formam o antecedente indicam as informações mínimas para descri- ção do evento que dão ensejo à obrigação de recolher tributo. No antecedente, estão as Para saber mais Paulo de Barros Carvalho é um dos principais tribu- taristas do Brasil, autor de diversas obras publicadas e traduzidas para diversos países. É mestre, doutor e livre-docente. Professor emérito da PUC-SP e da USP e Presidente do IBET – Instituto Brasile- iro de Estudos Tributários. Uma de suas maiores contribuições foi o desenvolvimento da teoria da Regra-Matriz de Incidência Tributária, que auxilia a decomposição da norma jurídica tributária e o seu estudo pelos aplicadores do Direito. 22 informações sobre o ato ou a ação praticado (critério material), o momento de ocorrência da situação (critério temporal) e o local de ocorrência da situação (critério espacial). Uma vez realizado o evento descrito hipo- teticamente no antecedente da norma, por via de consequência, surge a obrigação de pagar tributo e, nesse sentido, o consequente apresenta as informações necessárias para se identificar, no critério pessoal, o sujeito pas- sivo (contribuinte devedor) e o sujeito ativo (Estado credor) e, no critério quantitativo, o montante de tributo a recolher, obtido por meio da base de cálculo e da alíquota. A base de cálculo é uma grandeza que mensura o fato gerador, sobre a qual se aplica um percentual, denominado alíquota, obtendo-se, assim, o valor do tributo a recolher. 2.2 As Regras-Matrizes de IncidênciaTributária do IPI A partir da análise da teoria da Regra-Matriz de Incidência Tributária, é possível apresentar três Regras-Matrizes existentes para o IPI, considerando que existem três materialidades sobre as quais podem incidir o IPI (importação de produtos industrializados, saída de produtos industrializados do fabricante e arrematação de produtos industrializados). Veja, a seguir, caro(a) aluno(a), as três Regras- Matrizes de Incidência Tributária do IPI. Exemplificando No caso do IPTU, por exemplo, no antecedente, tem-se como critério material o fato de alguém ser proprietário de imóvel; o critério espacial, por sua vez, é a área urbana de um Município; já o critério temporal se verifica no dia 1º de janeiro de um ano. Verificada a ocorrência de uma situação descri- ta no antecedente, surge a obrigação prevista no consequente, em que se tem, no critério pessoal, o proprietário do imóvel como sujeito passivo e o Município como sujeito ativo e, no critério quantita- tivo, tem-se como base de cálculo o valor venal do imóvel e a alíquota de acordo com a previsão legal do Município onde se situa o imóvel. Estão, assim, presentes todos os elementos para se quantificar o montante de IPTU a recolher em um dado ano de um determinado Município. 23 2.2.1 IPI na importação de produto industrializado Antecedente: Critério material: importar produto industrializado. Critério espacial: local da repartição aduaneira por onde bem ingressar. Critério temporal: momento do desembaraço aduaneiro. Consequente: Critério pessoal: sujeito ativo é a União Federal e sujeito passivo é o importador do produto industrializado. Critério quantitativo: base de cálculo é o valor que servir ou que serviria de base para o cálculo dos tributos aduaneiros, por ocasião do despacho de importação, acrescido do montante desses tributos e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador, e a alíquota é aquela prevista na Tabela TIPI para o produto específico. 2.2.2 IPI na saída de produto industrializado do fabricante Antecedente: Critério material: dar saída de produto industrializado. Critério espacial: estabelecimento onde ocorreu processo de industrialização no território nacional. Critério temporal: momento da saída do produto do estabelecimento industrial. Consequente: Critério pessoal: sujeito ativo é a União Federal e sujeito passivo é o responsável pela industrializa- ção e pela saída de seu estabelecimento. Critério quantitativo: base de cálculo é o valor total da operação de que decorre a saída do estabe- lecimento industrial, e a alíquota é aquela prevista na Tabela TIPI para o produto específico. 24 2.2.3 IPI na arrematação de produto industrializado Antecedente: Critério material: arrematação de produto industrializado, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. Critério espacial: local da arrematação. Critério temporal: momento da arrematação. Consequente: Critério pessoal: sujeito ativo é a União Federal e sujeito passivo é o arrematante de produto industrializado. Critério quantitativo: base de cálculo é o preço da arrematação e a alíquota é aquela prevista na Tabela TIPI para o produto específico. 2.3 A Tabela TIPI e as alíquotas do IPI Como foi possível perceber na análise das Regras-Matrizes de Incidência Tributária do IPI vistas anteriormente, quando se trata das alíquotas, deve ser aplicada aquela alíquota prevista na Tabela TIPI para o produto específico com o qual se está realizando uma transação. De fato, como visto na Unidade 1, o Poder Executivo tem a prerrogativa de aumen- tar ou reduzir a alíquota do IPI, em razão da importância que esse imposto tem na ado- ção de políticas econômicas. Nesse sentido, por meio de decreto, o governo estipula as alíquotas e as organiza em uma tabela, que, no caso, é a Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (popularmente conhecida como Tabela TIPI). Atualmente, a Tabela TIPI vigente foi aprovada pelo Decreto n.º 8.950, de 29 de Link BRASIL. Decreto nº 8.950, de 29 de dezembro de 2016. Aprova a Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados – TIPI. Planalto – Presidência da República. 25 dezembro de 2016, com efeitos produzidos a partir de 1º de janeiro de 2017. Questão para reflexão Você viu que uma das materialidades sobre a qual incide o IPI é a importação de produ- tos industrializados. Além disso, o inciso I, do artigo 153, da Constituição Federal permite à União cobrar Imposto sobre a Importação (II) de produtos de estrangeiros, e a alínea a), do inciso IX, § 2º, do artigo 155, também do texto consti- tucional, permite aos Estados cobrarem ICMS sobre a importação de mercadorias. Diante dessa situ- ação, você acha possível que os três impostos (IPI, II e ICMS) incidam sobre uma única operação de importação? Considerações Finais • Nesta unidade, você viu que a legislação prevê três situações como possíveis materialidades para a incidência do imposto: (i) o desembaraço aduaneiro de produtos industrializados de pro- cedência estrangeira; (ii) a saída de produtos industrializados de estabelecimento fabricante; (iii) a arrematação de produtos industrializados, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. • Para que um produto seja considerado industrializado, deve ter passado por um processo de industrialização, entendido como qualquer operação que modifique a natureza, o funciona- mento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto ou que o aperfeiçoe para consumo. Para saber mais A tabela TIPI é organizada de acordo com a No- menclatura Comum do Mercosul (NCM) e consti- tuída de 96 capítulos, nos quais estão organizados os códigos de classificação de mercadorias, suas descrições e as alíquotas específicas do IPI. É tam- bém adaptada do Sistema Harmonizado de Classi- ficação de Mercadorias, desenvolvido e atualizado pela Organização Mundial de Aduanas (OMA), a fim de facilitar e padronizar as operações de comércio exterior no âmbito internacional. 26 • Existem cinco modalidades de industrialização, a saber: transformação, beneficiamento, mon- tagem, acondicionamento (ou reacondicionamento) e renovação (ou recondicionamento). • Por meio da teoria da Regra-Matriz de Incidência Tributária, é possível decompor os elementos necessários para cálculo do IPI, como fato gerador, base de cálculo, alíquotas e contribuintes. • A Tabela TIPI descreve as alíquotas específicas de IPI de cada produto, conforme Nomenclatura Comum do Mercosul. Glossário Produto industrializado: é o resultante de qualquer operação definida como industrialização, mesmo incompleta, parcial ou intermediária. Industrialização: qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto ou que o aperfeiçoe para consumo. Regra-Matriz de Incidência Tributária: norma jurídica que apresenta todos os elementos neces- sários à verificação da ocorrência no mundo real de um evento descrito hipoteticamente em lei (no antecedente), para que seja possível a verificação dos elementos necessários ao pagamento do tributo (no consequente). Tabela TIPI: tabela prática existente na legislação que apresenta as alíquotas do IPI previstas para cada tipo de produto. 27 Verificação de leitura QUESTÃO 1- Quais são as cinco modalidades de industrialização? a) Importação de produtos industrializados, saídas de produtos industrializados, comércio de produtos industrializados, locação de produtos industrializados e arrematação de produtos industrializados. b) Transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento e renovação. c) Melhoramento, acomodação, ajustamento, reposicionamento e processamento. d) Corte, processamento, dobra, melhoria e inspeção. e) Procedimento, recebimento, benfeitoria, conserto e aprimoramento. QUESTÃO 2- A relação de alíquotas do IPI aplicadas aos diversos produtos encontra-se pre- vista na ________.a) Lista anexa do Código Tributário Nacional. b) Lista do Sistema Harmonizado da Organização Mundial das Alfândegas. c) Nomenclatura Comum do Mercosul. d) Tabela TIPI. e) Portaria do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. QUESTÃO 3- Quais são as três materialidades do IPI? a) Importação de produtos industrializados, saídas de produtos industrializados e arrematação de produtos industrializados. b) Industrialização, venda e prestação de serviços. c) Empréstimo de produtos industrializados, cessão onerosa de produtos industrializados e exportação de produtos industrializados. d) Transporte de produtos industrializados, doações de produtos industrializados e alienação fiduciária em garantia de produtos industrializados. e) Transferência de produtos industrializados, permissão de uso de produtos industrializados e delegação de produtos industrializados. 28 Referências Bibliográficas BRASIL. Constituição Federal de 1988. Planalto – Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 28 fev. 2018. ______. Decreto n.º 7.212, de 15 de junho de 2010. Regulamenta a cobrança, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI. Planalto – Presidência da República. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007- 2010/2010/Decreto/D7212.htm#art617>. Acesso em: 31 jan. 2018. ______. Decreto nº 8.950, de 29 de dezembro de 2016. Aprova a Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados – TIPI. Planalto – Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/ D8950.htm>. Acesso em: 06 fev. 2018. ______. Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964. Dispõe Sobre o Imposto de Consumo e reorganiza a Diretoria de Rendas Internas. Planalto – Presidência da República. Dispo- nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4502.htm>. Acesso em: 31 jan. 2018. ______. Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Muni- cípios. Planalto – Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l5172compilado.htm>. Acesso em: 30 jan. 2018. CARVALHO, P. de B. Curso de Direito Tributário. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. LINS, R. M. A regra-matriz do imposto sobre produtos industrializados. In: SANTI, E. M. D. de; CANADO, V. R. Tributação do Setor Industrial. Série GVlaw. São Paulo: Saraiva, 2013. MELO, J. E. S. de. O imposto sobre produtos industrializados. (IPI). In: BARRETO, A. F.; BOTTALLO, E. D. (Coords.). Curso de Iniciação em Direito Tributário. São Paulo: Dialé- tica, 2004. https://bit.ly/2JHW1Ys https://bit.ly/2JHW1Ys 29 Gabarito QUESTÃO 1- Alternativa B. De acordo com o artigo 4º do Decreto n.º 7.212, de 15 de junho de 2010, existem cinco modali- dades de industrialização, a saber: transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento (ou reacondicionamento) e renovação (ou recondicionamento). QUESTÃO 2-Alternativa D. A Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (popularmente conhecida como Tabela TIPI), aprovada pelo Decreto n.º 8.950, de 29 de dezembro de 2016, é o instrumento que prevê as alíquotas do IPI específicas para cada tipo de produto. QUESTÃO 3-Alternativa A. O Código Tributário Nacional descreve três situações como possíveis materialidades para a incidên- cia do imposto: (i) o desembaraço aduaneiro de produtos industrializados de procedência estran- geira; (ii) a saída de produtos industrializados de estabelecimento fabricante; (iii) a arrematação de produtos industrializados, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. 3 IPI – insumos, créditos e obrigações acessórias 31 Objetivos específicos • Apresentar o princípio da não cumulatividade do IPI. • Estudar a sistemática de apropriação do crédito na apuração do IPI. • Verificar o conceito de insumo para fins de apropriação de crédito do IPI. • Tratar das obrigações acessórias relacionadas a esse imposto. Introdução O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é um tributo que incide sobre uma cadeia que envolve desde a fabricação de produtos com o uso de insumos, passando por etapas de embalagens, melhorias, reacondicionamentos, até que o produto chegue ao consumidor final, apresentando grande impacto na forma do preço dos produtos industrializados. Por esse motivo, é um imposto que tem extrema relevância no ciclo econômico e no desenvolvimento de políticas econômicas nacionais. Nesse sentido, com a finalidade de não onerar demasiadamente a cadeia produtora (que poderia acar- retar em um elevado preço do produto disponível ao consumidor final), o ordenamento jurídico prevê a sistemática da chamada não cumulatividade, tratada por muitos como princípio constitucional. Pela não cumulatividade, o industrial pode apropriar crédito sobre insumos usados no processo produtivo, compen- sando-se com os débitos de IPI devidos. Esse é o assunto que será estudado nesta unidade. Além da não cumulatividade do IPI, você aprenderá, caro(a) aluno(a) a respeito das obrigações aces- sórias relacionadas à apuração, à declaração e ao pagamento do IPI, que são deveres instrumentais diversos do recolhimento de tributo, mas que auxiliam na arrecadação e na fiscalização do IPI. 3.1 Não cumulatividade do IPI A Constituição Federal previu, no inciso II, § 3º, do artigo 153, o princípio da não cumulatividade para o Imposto sobre Produtos Industrializados. De acordo com o dispositivo, o IPI deve ser não cumu- lativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas operações 32 anteriores. Isso significa dizer que o imposto devido, quando da saída de produto industrializado, deve ser abatido com o imposto que tenha sido cobrado nas operações anteriores relativas à entrada de bens usados no processo de industrialização. O objetivo é não cobrar o tributo acumulado em cadeia em cada etapa do processo produtivo, para que o bem não chegue ao consumidor final com um preço muito elevado. 3.1.1 Sistemática do aproveitamento de crédito Em obediência ao princípio da não cumulatividade, para cumprir a finalidade constitucional de não encarecer o produto final que chega ao consumidor, a legislação criou uma sistemática de compensa- ções, que se chama “crédito”, utilizada para abater o débito do imposto, chegando-se a um saldo no final do período de apuração que pode, inclusive, ser positivo, ou seja, sendo desnecessário recolhi- mento de IPI em determinado período. Esse crédito também é conhecido como “crédito fiscal”, pois é escriturado em livros e documentos fiscais, como se verá em tópico específico. Nesse sentido, cré- dito fiscal pode ser entendido como o montante a que o contribuinte faz jus quando adquire insumo utilizado no seu processo produtivo e que pode ser utilizado para abater o débito de IPI decorrente da saída de produto industrializado de seu estabelecimento. Em termos práticos, de que forma se opera o princípio da não cumulatividade do Imposto sobre Produtos Industrializados? Imagine uma situação em que, em um determinado mês, uma Indústria “A” produza insumos (matéria-prima) que são vendidos a uma Indústria “B”, sendo que essa última utiliza os insumos para a fabricação de um produto final vendido aos consumidores. Agora, imagine que os insumos são ven- didos por R$ 100,00 pela Indústria “A” e estão sujeitos a uma alíquota de 15%. Isso implica em um recolhimento de R$ 15,00 pela Indústria “A” na sua operação de venda. Na sequência, no mesmo mês, a Indústria “B”, que adquiriu os insumos, utiliza-os em seu processo produtivo de fabricação de um produto final comercializado diretamente ao mercado consumidor. A partir dos insumos adquiridos e de outros que sejam agregados, essa Indústria “B” vende o produtofinal por R$ 200,00. Supondo que a alíquota do IPI seja também de 15%, o valor do débito do IPI corresponderia a R$ 30,00. 33 No entanto, pelo princípio da não cumulatividade, a Indústria “B” tem direito a se apropriar de cré- dito referente aos insumos adquiridos da Indústria “A”, crédito esse correspondente ao IPI pago pelo seu fornecedor de insumos, ou seja, R$ 15,00. Nesse sentido, a Indústria “B”, ao compensar seu débito de R$ 30,00 com o crédito de R$ 15,00 a que tem direito (decorrente da compra da matéria-prima da Indústria “A”), chega-se a um saldo deve- dor de IPI a pagar no montante de R$ 15,00. A figura a seguir mostra, de maneira didática, como se dá a sistemática de apuração de débitos e créditos na operação comentada: FIGURA 1 - Exemplo de operações de industrialização em cadeia com apropriação de crédito de IPI FONTE: Elaborada pelo autor. Perceba, nesse exemplo prático, que a Indústria “B” adquire insumos por R$ 100,00 e os utiliza em um processo produtivo de produto final comercializado por R$ 200,00, o que corresponde a um 34 valor agregado de R$ 100,00. Nesse con- texto, verifica-se que o saldo de IPI a pagar no valor de R$ 15,00 (após apuração do cré- dito) corresponde exatamente à aplicação da alíquota de 15% sobre o valor agregado de R$ 100,00. Ao final da apuração de débitos e créditos, a Indústria “B” não pagou efeti- vamente os R$ 30,00 correspondentes à alí- quota de 15% sobre o valor de R$ 200,00 da sua venda. Em vez disso, pagou R$ 15,00 que, matematicamente, corresponde a uma alíquota de 15% aplicada apenas sobre os R$ 100,00 que ela agregou ao produto final, após ter adquirido os insumos. De fato, não seria totalmente justo se a Indústria “B” pagasse 15% da sua venda de R$ 200,00 sem o direito de crédito, porque, embora tenha vendido o produto a R$ 200,00, precisou desembolsar R$ 100,00 com matéria-prima para produzi-lo, sendo que apenas agregou novos R$ 100,00 para se fabricar o produto final comercializado por R$ 200,00. Tal fato demonstra o objetivo do princípio da não cumulatividade, que é o de evitar a tributação em cascata, que encareceria o produto final ven- dido aos consumidores. 3.1.2 Conceito de insumo e créditos permitidos Antes de ser jurídico, insumo é um termo econômico. De acordo com a definição do Dicionário Michaelis (WEISZFLOG, 2015, on-line), o termo insumo pode ser entendido como “todo tipo de ele- mento que entra no processo de produção de mercadorias e/ou serviços, matérias-primas, equipa- mentos, capital, trabalho humano, etc”. Para saber mais Nos Estados Unidos da América e em muitos países da Europa, a incidência do imposto sobre valor agregado é mais evidente, de maneira que os fab- ricantes e/ou comerciantes pagam o imposto sobre a diferença entre o montante de insumos utilizados na fabricação e o valor da venda do produto aca- bado, ou seja, tributa-se o valor agregado naque- la etapa. É o que se chama no exterior de Value Added Tax (ou VAT). No Brasil, existem projetos de reforma tributária envolvendo IPI, ISSQN, ICMS, PIS e COFINS, que seriam unificados para a criação de um imposto sobre valor agregado, de maneira a reduzir a quantidade de tributos e a complexidade do sistema tributário em nosso país. 35 Para fins de IPI, o artigo 226 do Regulamento do IPI, aprovado pelo Decreto n.º 7.212, de 15 de junho de 2010, dispõe sobre os créditos básicos que podem ser apropriados pelos esta- belecimentos industriais. O inciso I do refe- rido artigo menciona que os estabelecimentos industriais poderão creditar-se do imposto relativo a maté- ria-prima, produto intermedi- ário e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindo-se, entre as matérias-primas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente (BRASIL, 2010, on-line). Não é todo tipo de insumo que dá direito ao crédito básico do IPI. Como visto, a mão de obra de trabalhadores que auxiliam no processo produtivo, por exemplo, é um tipo de insumo. No entanto, o Regulamento do IPI não dispôs sobre a possibilidade de tomada de crédito desse tipo de insumo. A legislação do IPI foi específica ao permitir a apropriação de créditos de imposto relativo (a) à matéria- -prima, (b) ao produto intermediário e (c) ao material de embalagem adquiridos para serem empre- gados na industrialização de produtos tributados. O inciso V do mesmo artigo 226 do Regulamento do IPI também permite a apropriação de crédito do IPI pago no desembaraço aduaneiro de produtos industrializados importados. É importante comentar que, com relação à matéria-prima e ao produto intermediário, permite-se a apropriação de crédito não só daqueles que integram o novo produto, mas também daqueles que sejam consumidos durante o processo de industrialização. Nesse sentido, a Receita Federal do Brasil já se manifestou em processo de consulta formulado por contribuinte (Solução de Consulta COSIT nº 24, de 23 de janeiro de 2014). Assim, uma indústria de fiação e tecelagem, por exemplo, tem o direito de Exemplificando Uma indústria automotiva, por exemplo, no pro- cesso de fabricação de veículos, utiliza materiais plásticos, metais, borrachas, vidros, dentre outros. Esses materiais são matérias-primas dos carros. Além da matéria-prima, a indústria automotiva utiliza ferramentas, equipamentos e mão de obra humana. Todo esse conjunto compreende o con- ceito de insumo. 36 tomar crédito sobre manchões, roletes e via- jantes, que são peças e acessórios que ser- vem para condução dos fios nas máquinas de fiação, uma vez que tais itens, embora não sejam matéria-prima do tecido, são consu- midos no processo industrial, quando se des- gastem em função da ação exercida sobre produtos em processo de fabricação e inutili- zam-se no prazo máximo de 12 meses. 3.1.3 Crédito em operações isentas, não tributadas ou tributadas à alíquota zero Muito se discute sobre a possibilidade de aproveitamento, pelo industrial, de crédito sobre produtos adquiridos em operações isentas, não tributadas e tributadas à alíquota zero, ou, em outras palavras, em aquisições nas quais o vendedor do insumo ou do produto intermediário não tenha efetivamente pago o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Tal discussão se dá à medida que, na disposição constitucional que trata do princípio da não cumulatividade, ou seja, o inciso II, § 3º, do artigo 153 da Constituição Federal, o IPI deve ser não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. Nesse sentido, para os que defendem o direito de o contribuinte industrial apropriar crédito sobre produtos adquiridos em operações isentas, não tributadas e tributadas à alíquota zero, a melhor inter- pretação desse dispositivo deveria ser no sentido de que se permite a apropriação de crédito nos casos em que as aquisições tiveram a incidência do IPI, ainda que o imposto não tenha sido exigido pela União em razão de regras de isenção, não tributação ou alíquota zero. Se isso não fosse permi- tido, o IPI incidiria em cascata, onerando demais o industrial e, consequentemente, o preço do pro- duto final. Link BRASIL. Solução de Consulta COSIT n.º 24, de 23 de janeiro de 2014. Receita Federal do Brasil. 37 A União Federal, contudo, na ânsia de arrecadar tributos, sempre apresentou entendimento diverso, no sentido de ser vedado aproveitamento de crédito nessas situações, pois, se não houve recolhi- mento em operação anterior, não se deveria falar em direito de apropriação de crédito. Diante desse embate, o Poder Judiciário, ao julgar o tema, decidiu por vedar o direito de crédito, reconhecendo o direito da União Federal, conforme decisões do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário 353.657e Agravo Regimental do Recurso Extraordinário 592.917. Dessa forma, atual- mente, não se permite a apropriação de crédito sobre produtos adquiridos em operações isentas, não tributadas e tributadas à alíquota zero. 3.2 Obrigações principais e acessórias O artigo 113 do Código Tributário Nacional disciplina que a obrigação aces- sória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positi- vas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tribu- tos. A legislação difere da obrigação principal na medida em que essa última surge com a ocorrência do fato gerador, tendo por objeto o pagamento de tributo ou a penalidade pecuniária, e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente, conforme disposição do artigo 112 do Código Tributário Nacional. As obrigações acessórias, também conhe- cidas como deveres instrumentais, são denominadas assim porque não correspondem a um dever de pagar tributo em dinheiro, o que é objeto da obrigação principal. Em vez disso, são deveres outros que compreendem verdadeiros instrumentos de arrecadação, fiscalização e controle, ou seja, são obriga- ções de preencher formulários, preparar guias, declarações, dentre outras. Assimile A obrigação principal é aquela que nasce quando o contribuinte realiza aquele ato previsto na lei como necessário para o surgimento do dever de pagar tributo. No caso do IPI, a obrigação principal decorre do ato de dar saída de produto industri- alizado do estabelecimento fabricante, o que faz surgir a obrigação de pagamento do Imposto sobre Produtos Industrializados no montante e no prazo previstos em lei. 38 3.2.1 Obrigações acessórias do IPI No âmbito do IPI, uma das principais obrigações é a emissão de nota fiscal quando da saída de pro- duto de um estabelecimento em uma transação comercial. É por meio da nota fiscal que o estabele- cimento vendedor registra a saída de mercadoria de seu endereço; a nota é, também, o documento que suporta o registro da entrada pelo estabelecimento adquirente. Além disso, o artigo 444 do Regulamento do IPI dispõe sobre os livros fiscais que os contribuintes desse imposto devem manter em seu estabelecimento. Dentre os principais, destacam-se: (i) o livro de registro de entradas, que controla os insumos, os materiais intermediários e todos os demais pro- dutos adquiridos pelo estabelecimento ou que nele ingressam a outros títulos (devolução, conserto etc.); (ii) o livro de registro de saídas, no qual devem ser escrituradas todas as mercadorias e todos os produtos vendidos ou que saem do estabelecimento por outros motivos (para conserto, por exem- plo); (iii) o livro de registro de inventário, cujo objetivo é controlar o esto- que do estabelecimento; por fim, (iv) o livro de apuração do IPI, que, como o nome sugere, trata do cálculo do IPI a pagar em cada período de apuração, computando-se os créditos, os débitos e o saldo apurado a cada mês. Atualmente, todos esses livros, que eram físicos, foram substituídos pela Escrituração Fiscal Digital – EFD, inserida dentro do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). A EFD refere-se a um arquivo digital no qual o contribuinte registra notas fiscais lançadas, escritura o imposto devido nas operações que realiza, dentre outras informações. Após cômputo dos créditos e débitos, apu- ra-se o saldo no final do período de apuração Para saber mais Além dessas obrigações acessórias básicas, existem algumas específicas para as indústrias de alguns setores da economia. Com efeito, fabricantes, dis- tribuidores, importadores, empresas jornalísticas ou editoras e gráficas devem entregar semestralmente a Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle do Papel Imune (DIF-Papel Imune). Já estabelecimentos produtores, engarrafadores, coop- erativas de produtores, estabelecimentos comerciais atacadistas e importadores de bebidas alcoólicas entregam a cada ano uma previsão de consumo anual do selo de controle de bebidas. De maneira semelhante, os fabricantes e os importadores de cigarros também entregam uma previsão de con- sumo anual do selo de controle de cigarros. 39 do IPI, que é mensal. Se o saldo for credor, o crédito acumula-se e é transferido para o próximo mês. No entanto, sendo devedor o saldo, o contribuinte deve declarar o débito para a Receita Federal do Brasil por meio do preenchimento da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), que é mensal, seguido do recolhimento do tributo pelo Documento de Arrecadação da Receita Federal (DARF). Questão para reflexão Imagine que você trabalha para uma indústria de alimentos processados e as saídas de seus pro- dutos sejam isentas, de forma que a empresa não recolhe o IPI na venda dos produtos. Mesmo com saídas isentas, você acha que essa indústria tem direito de manter os créditos de IPI decorrentes das matérias-primas, dos produtos intermediários e dos materiais de embalagem que adquire? Considerações Finais • De acordo com a Constituição Federal, o IPI deve ser não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores, de maneira que o imposto devido quando da saída de produto industrializado deve ser abatido com o imposto que tenha sido cobrado nas operações anteriores relativas à entrada de bens usados no processo de industrialização. • Pelo Regulamento do IPI, os estabelecimentos industriais poderão creditar-se do imposto relativo à matéria-prima, ao produto intermediário e ao material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindo-se, dentre as matérias-primas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrem ao novo produto, forem consumidos no pro- cesso de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente. • Atualmente, de acordo com a posição do Supremo Tribunal Federal, não se permite a apropria- ção de crédito sobre produtos adquiridos em operações isentas, não tributadas e tributadas à 40 alíquota zero. • O contribuinte do IPI, além da obrigação principal de recolher tributo, deve cumprir diversas obri- gações acessórias, que são deveres instrumentais e compreendem verdadeiros instrumentos de arrecadação, fiscalização e controle, ou seja, são obrigações de preencher formulários, preparar guias, declarações, dentre outras. Glossário Não-cumulatividade: princípio constitucional segundo o qual o imposto devido quando da saída de produto industrializado deve ser abatido com o imposto cobrado nas operações anteriores relativas à entrada de bens usados no processo de industrialização. Crédito fiscal: montante a que o contribuinte faz jus quando adquire insumo utilizado no seu pro- cesso produtivo e que pode ser utilizado para abater o débito de IPI decorrente da saída de produto industrializado de seu estabelecimento. Insumo: compreende a matéria-prima, o produto intermediário e o material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindo-se, dentre as maté- rias-primas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrem ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente. Obrigações acessórias: deveres instrumentais que compreendem verdadeiros instrumentos de arre- cadação, fiscalização e controle, ou seja, são obrigações de preencher formulários, preparar guias, declarações, dentre outras. 41 Verificação de leitura QUESTÃO 1- Qual é o princípio constitucional que prevê que o imposto devido quando da saída de produto industrializado deve ser abatido com o imposto incidente nas operações anteriores relativas à entrada de bens usados no processo de industrialização? a) Princípio da seletividade em função da essencialidade. b) Princípio da não cumulatividade. c) Princípio da anterioridade. d) Princípio da vedaçãoda utilização do tributo com efeito de confisco. e) Princípio da legalidade. QUESTÃO 2- Quais os insumos dos quais se permite a apropriação de crédito na apuração do IPI? a) Mão de obra. b) Bens do ativo imobilizado. c) Máquinas e equipamentos. d) Matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem. e) Recursos hídricos. QUESTÃO 3- O que são obrigações acessórias? a) Constituem deveres instrumentais que compreendem instrumentos de arrecadação, fisca- lização e controle. b) Constituem o dever de pagar tributo em dinheiro. c) São as obrigações de realizar o beneficiamento, o reacondicionamento e a transformação dos insumos nos produtos industrializados. d) São as obrigações principais que decorrem do desembaraço aduaneiro de produtos indus- trializados de procedência estrangeira, da saída de produtos industrializados de estabele- cimento fabricante ou da arrematação de produtos industrializados, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. e) Constituem o dever de pagar multa pecuniária quando houver atraso no recolhimento do tributo. 42 Referências Bibliográficas BRASIL. Constituição Federal de 1988. Planalto – Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 28 fev. 2018. ______. Decreto n.º 7.212, de 15 de junho de 2010. Regulamenta a cobrança, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI. Planalto – Presidência da República. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007- 2010/2010/Decreto/D7212.htm#art617>. Acesso em: 31 jan. 2018. ______. Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964. Dispõe Sobre o Imposto de Consumo e reorganiza a Diretoria de Rendas Internas. Planalto – Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4502.htm>. Acesso em: 31 jan. 2018. ______. Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Muni- cípios. Planalto – Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l5172compilado.htm>. Acesso em: 30 jan. 2018. ______. Solução de Consulta COSIT n.º 24, de 23 de janeiro de 2014. Receita Federal do Brasil. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/Legislacao/Solucoes- ConsultaCosit/2014/SCCosit242014.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2018. OLIVEIRA, J. M. de; PEREIRA, A. L. dos S. Não cumulatividade no IPI: Aspectos gerais, operações não tributadas, isentas e com alíquota zero. In SANTI, E. M. D. de; CANADO, V. R. C. Tributação do Setor Industrial. Série GVlaw. São Paulo: Saraiva, 2013. MELO, J. E. S. de. O imposto sobre produtos industrializados. (IPI). In: BARRETO, A. F.; BOTTALLO, E. D. (Coords.). Curso de Iniciação em Direito Tributário. São Paulo: Dialé- tica, 2004. WEISZFLOG, W. (Org.) Dicionário Michaelis Online - UOL. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 2015. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 12 fev. 2018. https://bit.ly/2JHW1Ys https://bit.ly/2JHW1Ys https://bit.ly/2JQx0qh https://bit.ly/2JQx0qh 43 Gabarito QUESTÃO 1- Alternativa b) Trata-se do princípio da não cumulatividade, consagrado no inciso II, § 3º, do artigo 153 da Constituição Federal, segundo o qual o IPI deve ser não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. QUESTÃO 2- Alternativa d) Pelo Regulamento do IPI, os estabelecimentos industriais poderão creditar-se do imposto relativo à matéria-prima, ao produto intermediário e ao material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindo-se, dentre as matérias-primas e os produtos inter- mediários, aqueles que, embora não se integrem ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente. QUESTÃO 3- Alternativa a) Obrigações acessórias são deveres instrumentais que compreendem verdadeiros instrumentos de arrecadação, fiscalização e controle, ou seja, são obrigações de preencher formulários, preparar guias, declarações, dentre outras. 4 ISS – aspectos gerais e lei complementar 116/03 45 Objetivos específicos • Apresentar o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza dentro do Sistema Tributário Nacional. • Discorrer sobre a importância da Lei Complementar n.º 116/03 e de sua lista anexa. • Estudar o local de prestação de serviço e de incidência do ISSQN. Introdução Após o estudo do IPI, de competência da União, você iniciará, agora, estudos sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ou, simplesmente, ISSQN), cuja competência foi atribuída aos Municípios. É um imposto relevante na medida em que incide sobre a prestação de serviços, impor- tante setor da economia nacional e que emprega milhões de trabalhadores. A princípio, serão apresentadas as principais disposições constitucionais que fazem menção ao ISSQN, para que seja possível contextualizar de que maneira tal imposto se situa dentro do Sistema Tributário Nacional e as principais regras que os Municípios devem observar para instituição e cobrança do ISSQN. Na sequência, você estudará um importante instrumento legislativo relacionado ao ISSQN: a Lei Complementar n.º 116/03, que apresenta os principais aspectos relacionados a esse imposto, inclusive uma lista que descreve os tipos de serviços sobre os quais pode haver a incidência, além de tratar a respeito do fato gerador, da base de cálculo e das alíquotas. Por fim, serão abordados os aspectos relacionados ao lugar da prestação dos serviços, ao local de incidência do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, à regra geral, às exceções, assim como ao conceito de estabelecimento para fins de ISSQN. 46 4.1 O ISSQN no sistema tributário nacional A Constituição Federal de 1988 inaugurou nova configuração à forma fede- rativa do Estado Brasileiro ao incluir, diferentemente da ordem constitucional anterior, os Municípios como entes autôno- mos que compõem a República Federativa do Brasil, ao lado da União e dos Estados e sem relação de hierarquia entre eles, con- forme disposto no artigo 18. De acordo com o inciso III do artigo 156 da Constituição Federal, aos Municípios coube a competência para instituir, dentre outros, o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza definido em Lei Complementar e não compreendido na competência estadual, por exemplo, os serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, que estarão sujeitos ao ICMS. Portanto, com exceção dos serviços de transporte interes- tadual e intermunicipal, os Municípios têm competência para instituir imposto sobre os demais serviços de qualquer natureza que sejam definidos em Lei Complementar. Cumpre destacar que o fato jurídico tributado pelo ISSQN é a “prestação de serviços”, obrigação de fazer regulada pelo Direito Civil. Nesse sentido, ensina o tributarista José Eduardo Soares de Melo (2003, p. 33) que o cerne da materialidade da hipótese de incidência do imposto em comento não se circuns- creve a um ‘serviço’, mas a uma ‘prestação de serviço’, compreendendo um negócio (jurí- dico) pertinente a uma obrigação de ‘fazer’, de conformidade com os postulados e diretrizes do direito privado. Para saber mais O Distrito Federal é um ente da federação que não é dividido em Municípios e, por força do artigo 147 da Constituição Federal, cabem ao Distrito Federal os impostos municipais. Dessa forma, o ISSQN pode ser cobrado não só pelos Municípios mas também pelo Distrito Federal. 47 A obrigação de fazer difere da obrigação de dar, na medida em que essa última compreende o ato de entregar algo a alguém, por exemplo, uma operação de compra e venda, doação ou locação. Por fim, é importante relembrar que a Constituição Federal, por si só, não institui nenhum tributo, apenas conferepoder (competência) para a sua instituição. Nesse sentido, será o Município, por meio da aprovação de leis, que instituirá e cobrará os tributos de acordo com as normas de competência conferidas pelo texto constitucional. 4.2 A Lei Complementar n.º 116/03 No tocante ao ISSQN, a própria Constituição Federal, a fim de evitar leis muito díspares entre Municípios distintos e, também, na tentativa de coibir a concorrência entre eles, atribuiu à Lei Complementar, de caráter nacional, a função de traçar parâmetros gerais sobre o ISSQN, inclusive fixar alíquotas mínimas e máximas, além de regular a forma de concessão e revogação de isen- ções, benefícios e incentivos fiscais. É o que determina o artigo 146 e o § 3º do artigo 156 do texto constitucional. Ademais, como visto anteriormente, aos Municípios foi outorgada, pela Constituição, a competência para insti- tuição de imposto sobre serviços de qualquer natureza definido em Lei Complementar, o que significa dizer que os Municípios não podem instituir e cobrar imposto sobre os serviços que bem entenderem, mas apenas sobre aqueles definidos em Lei Complementar. A fim de regulamentar o comando constitucional, foi aprovada a Lei Complementar n.º 116, de 31 de julho de 2003 (Lei Complementar n.º 116/03), que dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal. Link BRASIL. Lei Complementar n.º 116, de 31 de julho de 2003. Dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, e dá outras providências. Plan- alto – Presidência da República. 48 4.3 Fato gerador, base de cálculo e alíquota do ISSQN A referida Lei Complementar apresenta, em forma de anexo, uma lista contendo as descrições dos serviços sobre os quais é permitida aos Municípios a instituição e a cobrança do ISSQN. Na men- cionada lista, cada tipo de serviço recebe um código específico. Nesse sentido, o artigo 1º da Lei Complementar n.º 116/03 dispõe que o ISSQN tem como fato gerador a prestação de serviços cons- tantes da lista anexa. Vê-se, por exemplo, no item 4.16, os serviços de psicologia; no item 7.01, os serviços de engenharia, agronomia, agrimensura, arquitetura, geologia, urbanismo, paisagismo e con- gêneres; no item 9.03, os serviços de guias de turismo; no item 14.12, serviços de funilaria e lanter- nagem; no item 17.14, os serviços de advocacia, dentre outros. No tópico anterior, foi abordado o conceito da expressão “prestação de serviços”, que compreende uma obrigação de fazer, em oposição a uma obrigação de dar ou entregar coisa. Nesse sentido, a Lei Complementar só pode descrever operações que sejam efetivamente prestação de serviços, sob o risco de pretender tributar aquilo que serviço não é. Antes da vigência da Lei Complementar n.º 116/03, o Decreto-Lei n.º 406/68 era o instrumento legal que trazia uma lista com a descrição dos serviços tributáveis, cumprindo o papel que hoje é da lista anexa da Lei Complementar n.º 116/03. Esse Decreto-Lei n.º 406/68 previa, em sua lista de ser- viços, a operação de locação de bens imóveis, o que gerou muita discussão, porque os contribuintes entendiam não se tratar de uma operação de obrigação de fazer, e sim obrigação de dar (entregar) coisa, fugindo do conceito de prestação de serviços. Após análise de diversos casos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), este editou a Súmula Vinculante n.º 31, disciplinando que é inconstitucional a incidência do imposto sobre serviços de qualquer natu- reza - ISSQN sobre operações de locação de bens móveis. O principal argumento do STF foi o de que a operação de locação de bens móveis não é, na essência, uma prestação de serviço, de maneira que os Municípios não poderiam cobrar o ISSQN da mencionada operação. Em resumo, ainda que uma operação esteja descrita na lista de serviços, isso não significa, necessariamente, que ela seja efeti- vamente uma prestação de serviços, podendo haver questionamentos por parte de contribuintes que se sintam prejudicados. 49 Nesse contexto, atualmente, questiona-se a recente inclusão na lista anexa da Lei Complementar n.º 116/03 das operações de fornecimento de conteúdo de áudio e vídeo pela internet (conhecidas como operações de streaming, como Spotify ou Netflix, por exemplo). Com efeito, a Lei Complementar n.º 157/16 incluiu na lista anexa da Lei Complementar n.º 116/03 o item 1.09, que trata da disponi- bilização, sem cessão definitiva, de conteúdos de áudio, vídeo, imagem e texto por meio da internet, respeitada a imunidade de livros, jornais e periódicos. Muitos especialistas entendem que não se trata de uma efetiva operação de prestação de serviços, por não constituir obrigação de fazer por parte das empresas, mas sim mera permissão para que terceiros (clientes) acessem seu banco de dados (conteúdo). É importante também comentar que a lista anexa da Lei Complementar n.º 116/03 é taxativa, o que implica no fato de que os Municípios só podem instituir e cobrar ISSQN sobre serviços devida- mente relatados na lista, ou seja, não podem os Municípios instituir e cobrar ISSQN sobre outros tipos de serviços que não estejam previstos em lei complementar, já que a Constituição Federal só outorgou competência para instituição e cobrança de imposto sobre serviços de qualquer natureza definidos em Lei Complementar. Além da prestação de serviços, constitui também fato gerador do ISSQN a contratação de serviços provenientes do exterior (importação de serviço), na medida em que o § 1º do já citado artigo 1º da Lei Complementar n.º 116/03 menciona que o imposto incide também sobre o serviço proveniente do exterior do país ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do país. Já o artigo 7º também da Lei Complementar n.º 116/03 determina que a base de cálculo é o preço do serviço. Em se tratando de serviços de construção civil ou de reparação e conservação de edifí- cios, não se incluem, na base de cálculo do ISSQN, o valor dos materiais fornecidos pelo prestador dos serviços. No que se refere às alíquotas, o inciso II do artigo 8º da Lei Complementar n.º 116/03 menciona que a alíquota máxima do ISSQN será de 5%, enquanto o artigo 8º-A da mesma Lei Complementar disciplina que a alíquota mínima será de 2%. Ainda sobre o tema, cumpre esclarecer que o parágrafo 1º desse artigo 8º-A dispõe que o ISSQN não será objeto de concessão de isenções, incentivos ou 50 benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução de base de cálculo ou de cré- dito presumido ou outorgado, ou sob qual- quer outra forma que resulte, direta ou indi- retamente, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima estabelecida de 2%. Ressalta-se que a Lei Complementar não estipula as alíquotas do ISSQN, apenas limita os seus percentuais mínimo e máximo. A legislação de cada Município é que dispõe sobre a alíquota específica aplicável a cada tipo de serviço realizado em seu território. Dessa maneira, não é incomum encontrar Municípios diferentes utilizando alíquotas diversas para um mesmo tipo de serviço A título de exemplo, conforme alínea a) do inciso I do artigo 16 da Lei do Município de São Paulo n.º 13.701/03, é de 2% a alíquota para os serviços de pesquisas e desenvolvimento de qualquer natureza. No entanto, conforme Anexo I da Lei do Município de Valinhos n.º 3.915/05 (no interior do Estado de São Paulo), o mesmo serviço é tributado pela alíquota de 3%. Nesse sentido, uma empresa que atue na área de pesquisas e desenvolvimento estabelecida na capital do Estado de São Paulo pagaria imposto proporcionalmente menor do que outra estabelecida no Município de Valinhos, no interior do Estado de São Paulo. 4.4 Local da prestação do serviço e de incidência do ISSQN Nos termos do artigo 3º da Lei Complementar n.º 116/03, existem dois critérios para a determinação do local da prestação dos serviços
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