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Tributos 1ª edição 2017 Tributos Presidente do Grupo Splice Reitor Diretor Administrativo Financeiro Diretora da Educação a Distância Gestor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Gestora do Instituto da Área da Saúde Gestora do Instituto de Ciências Exatas Autoria Parecerista Validador Antônio Roberto Beldi João Paulo Barros Beldi Claudio Geraldo Amorim de Souza Jucimara Roesler Henry Julio Kupty Marcela Unes Pereira Renno Regiane Burger Desirée C. Lejambre Ederson Serraglio Antônio Santiago *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. 44 Sumário Unidade 1 Sistema Tributário Nacional .........................................6 Unidade 2 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN .............................................................................24 Unidade 3 Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI ........44 Unidade 4 Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS ............................................................63 Unidade 5 PIS e COFINS no Lucro Presumido .............................82 Unidade 6 PIS e COFINS no Lucro Real .......................................100 Unidade 7 PIS e COFINS sobre a Folha de Pagamento ............119 Unidade 8 Imposto de Importação (II) e Exportação (IE).........135 5 Palavras do professor Caros(as) alunos(as)! Nesta disciplina, estudaremos os aspectos relacionados aos principais tri- butos, compreendidos como os principais impostos e taxas de serviços públicos específicos e contribuições de melhoria. Veremos que o Código Tributário Nacional (CTN), instituído pela Lei n. 5.172/1966, dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui nor- mas gerais de Direito Tributário aplicáveis à União, aos Estados e aos Municípios. Além de conhecer as regras e os aspectos gerais dos principais tributos, nesta disciplina serão apresentados exemplos práticos sobre a apuração deles. Bons estudos! 1 6 Unidade 1 Sistema Tributário Nacional Para iniciar seus estudos Olá! Bem-vindo(a) à disciplina de tributos. Vamos conhecer muitos aspec- tos relacionados ao mundo tributário, para o melhor entendimento sobre esse universo. Aliás, você já estudou Direito Tributário? Já ouviu falar no Código Tributário Nacional? Não se preocupe! Ao longo da disciplina, e desta unidade inclusive, você terá condições de responder a esses e outros questionamentos que surgirão, pois aprendere- mos muitos conceitos sobre esses assuntos. Vamos lá! Objetivos de Aprendizagem • Abordar aspectos do Sistema Tributário Nacional (STN), que é formado por regras jurídicas que orientam o exercício do poder imposto aos órgãos públicos. • Abordar o conceito de tributo e a importância do STN para a harmonização das relações sociais. 7 Tributos | Unidade 1 - Sistema Tributário Nacional 1.1 Sistema Tributário Nacional O Sistema Tributário Nacional é de extrema importância para o mundo atual. De uma forma geral, é ele quem gerencia os processos tributários. Junto a isso, segundo Oliveira et al. (2014), a Constituição Federal de 1988 trouxe intensas alterações no Sistema Tributário Nacional, não somente em relação à quantidade e ao campo de incidência dos tributos, mas inclusive quanto à distribuição dos valores arrecadados entre União, Estados e Munícipios, o que atualmente vem comprometendo uma razoável reforma tributária, principalmente em razão de não haver consenso entre os governantes de como devem ser repartidos os valores arrecadados. Figura 1.1: Sistema Tributário Nacional Legenda: A figura ilustra o Sistema Tributário Nacional. Fonte: Plataforma Deduca (2018). 1.1.1 Considerações Iniciais Como já mencionado, o Sistema Tributário Nacional (STN) é de extrema importância, isso porque existem diver- sas normas gerais de Direito Tributário que se aplicam a todos os entes da administração direta (municípios, estados, Distrito Federal e União) constituindo o Sistema Tributário Nacional. O STN tem o papel de disciplinar a arrecadação e a distribuição de rendas (OLIVEIRA et al., 2014). Desse modo, abordaremos os tributos relacionados, como a legislação tributária aplicável, conceitos de tributos e suas espécies, princípios constitucionais, isenção, imunidade, entre outros temas. Assim, você poderá adquirir todo o conhecimento sobre o assunto e também incorporar conhecimentos que serão úteis para todas as demais aulas desta disciplina. Ao iniciar nosso estudo já se percebe que o Sistema Tributário Nacional tem um importante papel no “mundo” dos tributos. Você já parou para pensar o quanto esse sistema impacta na sua vida? 8 Tributos | Unidade 1 - Sistema Tributário Nacional 1.1.2 Legislação Tributária Um importante conceito relacionado à legislação tributária é o estabelecido pelo Código Tributário Nacional (CTN), conforme o art. 96 da Lei n. 5.172/66, de 25 de outubro de 1966: A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as convenções internacio- nais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. Essa definição sinaliza que a legislação tributária é tudo aquilo que aborda tributos direta ou indiretamente, e tem o objetivo de normatizar os processos de arrecadação e distribuição do dinheiro. Ainda é importante res- saltar que a Lei n. 5.172 de 25 de outubro de 1966 dispõe sobre a regulamentação do STN e estabelece normas gerais de direito tributário, conforme art. 1°: Esta Lei regula, com fundamento na Emenda Constitucional n. 18, de 1º de dezembro de 1965, o sis- tema tributário nacional e estabelece, com fundamento no artigo 5º, inciso XV, alínea b, da Constitui- ção Federal as normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, sem prejuízo da respectiva legislação complementar, supletiva ou regulamentar. Desse modo, cabe afirmar que o STN está relacionado diretamente com a legislação tributária e os limites das respectivas competências em leis federais, estaduais e municipais. 1.2 Tributos O CTN apresenta, no art. 3, o conceito de tributo como sendo “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Para Oliveira et al. (2014, p. 9), “[...] a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação”. Após definirmos o que são tributos, é necessário que saibamos as espécies de tributos. Por isso passaremos a estudar essas espécies para entendermos os tipos de tributos existentes e suas características. 1.2.1 Conceitos e Espécies de Tributos Como já foi visto, o tributo é conceituado pelo CTN com os seguintes aspectos: • Prestação pecuniária: conteúdo é expresso em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, ou seja, em dinheiro. • Prestação compulsória: a obrigação decorre da ocorrência do seu fato gerador, tal como definido na lei, independentemente da vontade do obrigado; logo o tributo é receita derivada e cobrada pelo ente no uso de seu poder. • Prestação cobrada por atividade vinculada: a cobrança de tributos tem seu início com o lançamento (competência privativa da administração tributária), atividade pela qual se verifica a ocorrência do fato 9 Tributos | Unidade 1 - Sistema Tributário Nacional gerador da obrigação tributária, o devedor, assimcomo o valor devido. Cabe ressaltar que tal atividade se relaciona ao lançamento, cuja definição está no art.142 do CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. • Prestação instituída em lei: nenhum tributo poderá ser exigido sem que a lei (complementar ou ordinária) o estabeleça, ainda atende ao princípio constitucional da Legalidade. • Prestação que não constitui sanção por ato ilícito: o pagamento do tributo deve originar-se de um acontecimento lícito. Nesse sentido, é importante que saibamos de um detalhe sobre esse último item: quando se pensa nas multas, é necessário que você tenha claro em sua mente que multa não é tributo. Isto é, sempre que o ente gera san- ção pecuniária para coibir a ocorrência de atos ilícitos, não se tratará de tributos. Logo, a multa não faz parte da receita tributária, e sim das receitas diversas. Diante do exposto, podemos esquematizar o conceito de tributos da seguinte forma: Figura 1.2: Conceito de Tributos TRIBUTO Prestação Pecuniária Prestação Compulsória Prestação que não constitui sanção por ato ilícito Prestação instituída em lei Prestação cobrada por atividade vinculada Legenda: A figura ilustra o conceito de tributo conforme o CTN, art 3. Fonte: Elaborada pelo autor (2018). A figura demonstra o conceito de tributos esquematizado, descrito pelo CTN. É importante lembrar que esse artigo pode ser considerado o dispositivo mais importante do CTN, pois esse conceito norteia a legislação tribu- tária e serve de base para qualquer outra normatização. Junto a isso, ressalta-se que, com base na Constituição Federal de 1988, existem cinco espécies tributárias (Teoria Pentapartida), as quais são apresentadas na figura a seguir: 10 Tributos | Unidade 1 - Sistema Tributário Nacional Figura 1.3: Espécies Tributárias • Impostos • Taxas • Contribuições de Melhoria • Empréstimos Compulsórios • Contribuições Especiais Espécies Tributárias (Teoria Pentapartida) Legenda: A figura apresenta as cinco espécies tributárias conforme a CF. Fonte: Elaborada pelo autor (2018). Para um melhor entendimento da figura sobre a teoria pentapartida, foi elaborada um quadro com exemplos para ficar mais claro o entendimento: Quadro 1.1: Espécies tributárias Impostos ISSQN, IPTU, IPVA Taxas Taxa para expedição de alvarás. Contribuição de melhoria Valor pago para uma melhoria realizada e que gera benefício para seu imóvel. Empréstimos compulsórios Espécie de empréstimo obrigatório, forçado pelo governo (deve ser criado por Lei Complementar). Por exemplo, em situação de calamidade pública. Contribuições especiais Tributos em que o resultado da arrecadação é destinado ao financiamento da seguridade social. Fonte: Elaborada pela autora (2018). Cabe salientar ainda que a Lei n. 5.172/66 institui normas gerais de direito tributário para a administração direta, representada pela União, Estados e Municípios. Desse modo, traz algumas vedações relevantes para nosso estudo, por exemplo: Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabeleça, ressalvado, quanto à majoração, o dis- posto nos artigos 21, 26 e 65; II - cobrar imposto sobre o patrimônio e a renda com base em lei posterior à data inicial do exer- cício financeiro a que corresponda; III - estabelecer limitações ao tráfego, no território nacional, de pessoas ou mercadorias, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais; 11 Tributos | Unidade 1 - Sistema Tributário Nacional 1.3 Princípios Constitucionais Tributários De uma forma geral, os princípios constitucionais tributários prevalecem sobre todas as demais normas jurí- dicas no sentido de que só têm validade se as normas forem em rigorosa consonância com os princípios (OLI- VEIRA et al., 2014). A Constituição Federal traz esses princípios, os quais foram elencados a seguir. 1.3.1 Princípio da competência Esse princípio está previsto no art. 150, § 69, e no art. 151, inciso III, da Constituição Federal, sendo que o exercício da competência tributária é dado à União, ao Estado ou ao Município, que, por meio de sua Casa Legislativa, exer- citarão as competências tributárias, não sendo permitida qualquer delegação ou prorrogação dessa competência para outro ente que não seja aquele expressamente previsto na Constituição. Segundo Oliveira et al. (2014, p. 11): A competência tributária concedida pela Constituição aos entes tributantes União, Estados, Dis- trito Federal e Municípios não é ilimitada, uma série de princípios e normas que visam assegurar o respeito ao cidadão-contribuinte evita que o Estado não extrapole na sua função de exigir e arrecadar tributos. É bom salientar que os limites ao poder de tributar não se resumem aos princípios encontrados na seção “Das Limitações do Poder de Tributar” do STN. No próprio capitulo do Sistema Tributário Nacional e em outros pontos da Constituição Federal encontram-se várias normas que tem como efeito a limitação do poder do Estado no campo da tributação. 1.3.2 Princípio da Igualdade ou da Isonomia O princípio da Igualdade ou da Isonomia, previsto no art. 150, II, da Constituição Federal, corresponde a um prin- cípio fundamental, porque os tributos criados são pagos por todos de forma uniforme e proporcional à riqueza gerada, decorrente de rendimentos, patrimônio e atividades econômicas do contribuinte. Somente são isentos os contribuintes que não têm rendimento suficiente para o seu sustento, capacidade econômica ou impossi- bilidade de pagamento, evitando sempre o tratamento desigual entre os contribuintes que se encontrem em situação equivalente. 1.3.3 Princípio da Irretroatividade e Princípio da Anterioridade O Princípio da Irretroatividade, previsto no art. 150, III, “a” da CF/88, e o Princípio da Anterioridade (do exercício e nonagésima), encontrado no artigo 150, III, “b” e “c” também da CF/88, proíbem a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Ou seja, vedam que a criação de tributos seja retroativa à data da promulgação da lei e ainda proíbem a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro (ano) e antes de decorridos 90 dias da publicação da lei que os instituiu ou aumentou; entretanto, há exceções. 12 Tributos | Unidade 1 - Sistema Tributário Nacional 1.3.4 Princípio da Capacidade Contributiva e da vedação do confisco O Princípio da Capacidade Contributiva e da vedação do confisco, de acordo com art. 145, § 1º da CF/88, esta- belece que, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte. Assim, conforme princípio da vedação do confisco, é proibida a utilização do tributo com efeito de confisco, impe- dindo que o Estado, com o pretexto de cobrar tributo, se aposse dos bens do contribuinte (art. 150, IV da CF/88). 1.3.5 Princípio da Liberdade de Tráfego Conforme esse princípio, não é permitido aos entes públicos estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público, que está prevista no art. 150, V, da CF/88. 1.3.6 Princípio da Transparência dos Impostos O art. 150, § 5º da CF/88 sinaliza que a lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviço para cumprir com o princípio da Transparência dosImpostos. 1.3.7 Princípio do Direito à Proteção Jurisdicional O princípio do Direito à Proteção Jurisdicional refere-se ao direito dado aos contribuintes ou indivíduos de busca- rem o Poder Judiciário quando houver a criação de algum tributo que contrarie algum fundamento constitucional. 1.3.8 Princípio da Uniformidade geográfica O princípio da uniformidade geográfica, previsto no art. 151, I da CF/88, não permite a cobrança de tributos com distinção ou preferência em favor de qualquer pessoa jurídica de direito público, como também em razão da sua procedência ou destino; porém, admite a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento econômico entre as diferentes regiões do país. O inciso I do art. 151 é categórico nesse sentido: Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvi- mento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; 13 Tributos | Unidade 1 - Sistema Tributário Nacional Figura 1.4: Princípio da Uniformidade geográfica Legenda: A figura ilustra o princípio da uniformidade geográfica, representando que não se permite a cobrança de tributos com distinção ou preferência em favor de qualquer pessoa jurídica de direito público. Fonte: Plataforma Deduca (2018). 1.3.9 Princípio da Seletividade Esse princípio está estabelecido no art. 153, § 32 da CF/88 e sinaliza que a tributação deve ser maior ou menor, dependendo da essencialidade do bem. Por exemplo: produto essencial ao homem = alíquota menor. 1.3.10 Princípio da Não Diferenciação Tributária Esse princípio traduz-se na proibição dos Estados ao Distrito Federal e aos Munícipios, prevista no art. 152 da CF/88, em estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua proce- dência ou destino. Conforme sinalizado no art. 152 da Constituição Federal: “Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino”. 1.3.11 Princípio da Não Cumulatividade Esse princípio é muito utilizado nos tributos indiretos, que vocês verão a seguir. De acordo com o art. 155, § 2-, I e com o art. 153, § 3, II, e art. 154,1 da CF/88, consiste em compensar o que for devido em cada operação com o montante cobrado pelo mesmo ou outro Estado ou Distrito Federal nas operações anteriores. Esse prin- cípio é aplicado, por exemplo, no ICMS e nas contribuições para o PIS/Cofins não cumulativas. Vale ressaltar que, segundo o § 3º do art. 153 da CF/88: 14 Tributos | Unidade 1 - Sistema Tributário Nacional IV - produtos industrializados; [...] § 3º O imposto previsto no inciso IV: [...] II - será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. 1.3.12 Princípio das imunidades Tributárias O princípio das imunidades tributárias (art. 150, VI, “a” da CF/88) define que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Munícipios não podem instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, entre eles, templos de qual- quer culto, renda ou serviços dos partidos políticos, livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. 1.3.13 Princípio da não discriminação tributária O art. 152 proíbe a manipulação de alíquotas, bases de cálculo ou qualquer outra fórmula tributária em benefício ou prejuízo da economia da União, dos Estados ou dos Munícipios. 1.3.14 Princípio da autoridade tributária No art. 145, § 1º, aparece o princípio da autoridade tributária e são justificadas as prerrogativas da administração tributária. 1.3.15 Princípio da tipologia tributária Diretamente relacionadas com esse princípio estão as espécies tributárias. Assim, as taxas e os impostos não podem ter a mesma base de cálculo, ou seja, as espécies tributárias são definidas pela distinção de dois fatores: hipótese de incidência e base de cálculo, conforme se depreende do art. 145, § 2°. Complementando os princípios estudados, oriento que façam a leitura de todos eles na ínte- gra para melhor compreensão devido à sua extrema importância para a disciplina. 15 Tributos | Unidade 1 - Sistema Tributário Nacional 1.4 Elementos fundamentais do tributo Conforme Oliveira et al. (2014, p. 15), encontram-se três elementos básicos da obrigação tributária: a) a lei: a lei e o principal elemento da obrigação, pois cria os tributos e determina as condições de sua cobrança (princípio da legalidade dos tributos). b) o objeto: o objeto representa as obrigações que o sujeito passivo (contribuinte) deve cumprir, segundo as determinações legais. c) o fato gerador: fato gerador da obrigação principal e a situação definida em lei como necessária e suficiente para sua ocorrência. De forma mais simples, conceitua-se como “o fato” que gera a obrigação de pagar o tributo. Figura 1.5: Compras Legenda: A figura expressa o ato de comprar. Fonte: Plataforma Deduca (2018). Vamos a um exemplo: você precisa comprar uma geladeira nova. Você vai até a loja e efetua a compra, é gerada uma nota fiscal e nessa nota fiscal há o valor que você vai pagar já com os tributos aplicados. Nessa situação fic- tícia, vamos entender os três elementos do tributo. Primeiro, há uma lei que determina a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Desse modo, gerou uma obrigação da empresa de pagar aquele valor do tributo originado na sua nota fiscal. O pagamento desse tributo, aqui o imposto é ICMS, é o objeto, segundo elemento do tributo. Por fim, o fato gerador é a venda ocorrida que gerou a obrigação de pagar o tributo. É importante que você tenha compreendido os três elementos estudados anteriormente, pois eles serão utilizados em todos os tributos que estudaremos e fazem parte de toda e qualquer tributação. 16 Tributos | Unidade 1 - Sistema Tributário Nacional 1.5 Situações especiais Agora podemos partir para algumas situações especiais da legislação tributária, como imunidade, isenção, imposto direto e imposto indireto. 1.5.1 Imunidade Segundo afirmam Oliveira et al. (2014, p. 19), “As imunidades podem ser denominadas como privilégios dados a alguém para que se livre ou se isente de certas imposições legais em virtude de que não e obrigado a fazer ou cumprir certo encargo de obrigação de caráter legal”. Classificam-se em imunidades: a diplomática; a judicial; a parlamentar; e a tributária. Cabe a nós estudarmos melhor a imunidade tributária, que é estabelecida pela Constituição e contém as seguin- tes características: • É vedado a entes estatais instituírem impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros. • É vedado a entes estatais instituírem impostos sobre o patrimônio, a renda e serviços de templos de qualquer culto. • É vedado a entes estatais instituírem impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços de partidos políticos, sindicatos de trabalhadores, instituições de educação e de assistência sem fins lucrativos. • É vedado a entes estatais instituírem impostos sobre livros, jornais, periódicos e papel destinado à impressão destes. 1.5.2 Isenção Tributária Entende-se como isenção a dispensa tributária. Para você não se confundir, é importante destacar a diferença entre isenção e imunidade. Para Oliveira et al. (2014, p. 20), “Entende-se na linguagem jurídica como isenção a dispensa, a imunidade, a concessão atribuída a alguma coisa ou alguma pessoa, para que se possa livrar, esquivar ou desobrigar de algum encargo que a todos pesa, ou para que se livre de qualquer obrigação. A isenção é concedida por lei”. 1.5.3 Imposto direto Os impostos são uma espécie de tributo. Eles podem ser classificados em impostos diretos e indiretos: o direto é quando em um só contribuinteexistem as condições de fato e de direito. Para melhor entender o conceito de imposto direto, Oliveira et al. (2014, p. 22) sinalizam que: 17 Tributos | Unidade 1 - Sistema Tributário Nacional Impostos diretos - o imposto é direto quando em uma só pessoa reúnem-se as condições de contribuintes de fato (aquele que arca com o ônus representado pelo tributo) e de direito (aquele que e responsável pelo cumprimento de todas as obrigações tributárias previstas na legislação). Ou seja, tal denominação refere-se aos impostos em que não há compensação, ou repasse num primeiro momento ao preço da mercadoria, por exemplo. Figura 1.6: Imposto Legenda: A figura representa o imposto direto (Imposto de Renda), o qual se apre- senta através do xadrez e as moedas são as classes sociais. Fonte: Plataforma Deduca (2018). Como exemplo de impostos diretos, temos o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e a Contribuição Social Sobre o Lucro (CSSL). 1.5.4 Imposto indireto Já os indiretos são aqueles que o contribuinte só recolhe o valor exigido na apuração; porém, nessa modalidade há a compensação. Oliveira et al. (2014, p. 22) explicam que: Impostos indiretos - são aqueles em que o contribuinte legal apenas recolhe o valor exigido na apuração que é suportada de fato pelo consumidor final. Nesta modalidade existe a compensa- ção do imposto na compra de insumos para revenda ou para industrialização. Exemplificando, é gerado o efeito cascata até que o imposto acabe por ser pago pelo consumidor ou usuário final. São exemplos de tal modalidade deste imposto: o Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços de transporte interestaduais e intermunicipais e de comunicação (ICMS) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). De uma maneira geral, o imposto indireto é constituído pelos tributos que incidem sobre a circulação, o serviço e a produção, e são repassados para o preço, por meio do produtor, vendedor ou prestador de serviço. 18 Tributos | Unidade 1 - Sistema Tributário Nacional 1.5.5 Impostos Reais Esse tipo de imposto é aquele em que a lei desconsidera, de um modo geral, as características do contribuinte, levando em consideração as características do bem ou evento envolvido. Vamos para um caso prático: você já possui três carros e casa própria, dois filhos, e recebe um salário mensal de R$ 20.000,00. Imaginemos que você queira comprar mais um carro, foi até uma concessionária e comprou um carro no valor de R$ 40.000,00. Por outro lado, Paulo, solteiro e sem filhos, cujo salário mensal é de R$ 3.000,00, também precisava comprar um carro para ir trabalhar. Assim, foi até uma concessionária e comprou o mesmo carro que você no mesmo valor. Desse modo, o imposto real é aquele que não leva em conta as suas características ou as de Paulo. O Imposto de Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) é um exemplo também, pois é baseado no valor do veículo e não nas características do proprietário do automóvel. 1.5.6 Impostos pessoais Por outro lado, como já o nome sinaliza, no imposto pessoal a legislação leva em consideração não somente o evento ou o bem, mas também as características individuais do contribuinte. Assim, é uma forma de tributar em que ocorre uma atenção especial da legislação com o sujeito da situação atingida pelo tributo. De modo rele- vante, o art. 145, § 1º traz alguns aspectos relacionados: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: [...] § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capaci- dade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para con- ferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Usando nosso exemplo citado anteriormente, podemos pensar no Imposto de Renda, em que será levado em consideração o montante da sua renda (que seria o aspecto objetivo) e também as suas peculiaridades (como os filhos, possível pensão, número de dependentes, despesas médicas etc.). Figura 1.7: Imposto pessoal Legenda: A figura representa o imposto pessoal IR, no qual uma das características são os dependentes. Fonte: Plataforma Deduca (2018). 19 Tributos | Unidade 1 - Sistema Tributário Nacional 1.6 Contribuições especiais O artigo 149 da Constituição Federal trouxe no ordenamento jurídico as contribuições especiais: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domí- nio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem pre- juízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. O artigo apresentado aponta para a subdivisão que ocorre nas contribuições especiais: sociais, de intervenção do domínio econômico e interesse das categorias profissionais ou econômicas. Sociais: 1. Contribuições sociais gerais. Exemplo: FGTS, salário-educação (art. 212, § 5º da CF/88), contribuições para o sistema “S” (SESI, SENAI, SENAC) (art. 240 da CF/88). 2. Contribuições sociais de seguridade social (art. 195, incisos I a IV, da CF/88). Exemplo: COFINS, CSLL PIS, Contribuição Previdenciária. 3. Contribuições sociais de seguridade social residuais (art. 195, §4o). Exemplo: CPMF. Intervenção no domínio econômico: Serve para instrumentalizar a intervenção e dar efetividade às políticas econômicas, sendo promovidas por atos fiscalizatórios sobre tais atividades. Interesse das categorias profissionais ou econômicas: Esse tributo visa a garantir recursos aos órgãos de regulamentação e fiscalização das profissões. Por exemplo: OAB, CRM, entre outros. 1.6.1 Contribuição de melhoria A contribuição de melhoria está expressa no CTN, arts. 81 e 82, e CF, art. 145, III. Esse tributo é muito relevante e considerado de difícil aplicação, como veremos: Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos: I - publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; 20 Tributos | Unidade 1 - Sistema Tributário Nacional d) delimitação da zona beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qual- quer dos elementos referidos no inciso anterior; III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. § 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o res- pectivo cálculo. Já a Constituição Federal traz em seu art. 145 o poder de instituir o tributo: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: [...] III - contribuição de melhoria, decorrente de obraspúblicas. Verifica-se que os contribuintes desse tributo são aqueles que possuem um imóvel e este foi valorizado em detri- mento da obra pública realizada. Sua complexidade dá-se em torno do valor a ser cobrado de cada contribuinte. Por exemplo: decidiram fazer uma pavimentação na sua rua que custará R$ 600.000,00. A área pavimentada é de 10.000 m². Dessa forma, o rateio será o valor dividido pela área: R$ 600.000,00 = R$ 6.000,00 10.000 m² Então você pagará por m² R$ 6.000,00, em decorrência da valorização. 21 Considerações finais Nesta unidade, tivemos acesso a muitas informações e conteúdos impor- tantes sobre o Sistema Tributário Nacional. Vamos retomar os pontos principais estudados até aqui? • O Sistema Tributário Nacional (STN) é muito relevante para todos, porque existem normas gerais de Direito Tributário que se aplicam a todos os entes da administração direta, constituindo o STN (é ele quem disciplina a arrecadação e a distribuição de rendas). • Existem cinco espécies tributárias, as quais podem ser entendidas como tipos de tributos, resultando no que a Constituição determina de Teoria Pentapartida. • Os tributos têm também princípios basilares, como o princípio da competência, da não cumulatividade, da imunidade, entre outros. Referências 22 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm>. Acesso em: 8 maio 2018. ______. Lei n. 5.172, de 29 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/l5172.htm>. Acesso em: 7 maio 2018. OLIVEIRA, L. M. de et al. Manual de contabilidade tributária. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2014. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm 2 24 Unidade 2 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN Para iniciar seus estudos Olá, aluno(a)! É uma satisfação recebê-lo(a) à disciplina de Tributos. Antes de abordar os aspectos da nossa aula, você já parou para pensar em o quanto os tributos impactam na sua vida? O que é tributos? Você é um con- tribuinte? Dessa forma, no decorrer desta disciplina, dividida em oito unidades de aprendizagem, terá condições de responder a todas estas perguntas e compreender o universo de tributos de uma forma clara e concisa. Seja bem-vindo(a) e bons estudos! Objetivos de Aprendizagem • Compreender os conceitos relativos ao ISSQN. • Conhecer quem são os contribuintes do ISS, bem como as hipóteses legais de incidência e a base de cálculo e apuração do ISS. 25 Tributos | Unidade 2 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN 2.1 Conceitos Para compreender melhor nosso estudo, é necessário conceituarmos tributo, imposto, fato gerador, alíquota e o ISSQN. 2.1.1 Tributos Inicialmente é importante destacar que o Código Tributário Nacional (CTN) – Lei n. 5.172/1966 dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, estados e municípios. Deste modo, traz vários conceitos, dentre eles o conceito de tributos em seu art. 3º: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Diante do exposto acima, podemos esquematizar na Figura 2.1 o conceito de tributos da seguinte forma: Figura 2.1: Conceito de tributos TRIBUTO Prestação Pecuniária Prestação Compulsória Prestação que não constitui sanção por ato ilícito Prestação instituída em lei Prestação cobrada por atividade vinculada Legenda: A figura ilustra o conceito de tributo conforme o CTN, art 3. Fonte: Elaborada pelo autor (2018). A figura ilustra uma demonstração visual do significado de tributos trazido pelo CTN. É importante ressaltar que esse conceito pode ser considerado o dispositivo mais relevante com relação ao CTN. Isso ocorre porque esse conceito norteia a legislação e é impossível estudar qualquer tipo de tributo sem ter a noção exata do que ele significa. Desse modo, para ficar mais claro para você, segue uma explicação de cada item da Figura 2.1. • Prestação pecuniária: conteúdo é expresso em moeda. • Prestação compulsória: a obrigação decorre da ocorrência do seu fato gerador, tal como definido na lei, independentemente da vontade do obrigado. • Prestação cobrada por atividade vinculada: a cobrança de tributos tem seu início com o lançamento (competência privativa da administração tributária), atividade pela qual se averigua a possibilidade de acontecimentos do fato que gera a obrigação tributária, o devedor, assim como o valor devido. • Prestação instituída em lei: nenhum tributo poderá ser exigido sem que a lei o estabeleça. • Prestação que não constitui sanção por ato ilícito: o pagamento do tributo deve originar-se de um acontecimento lícito. 26 Tributos | Unidade 2 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN Junto a isso, é importante saber que, com base na Constituição Federal de 1988, existem cinco espécies tributá- rias (Teoria Pentapartida) apresentadas a seguir na Figura 2.2: Figura 2.2: Espécies tributárias Impostos Taxas Contribuições de Melhoria Empréstimo Compulsório Contribuições Especiais Legenda: A figura apresenta as cinco espécies tributárias conforme a CF. Fonte: Elaborada pelo autor (2018). Ao visualizar a figura acima com as cinco espécies tributárias, gerando a Teoria Pentapartida, é importante que tenham alguns exemplos para ficar mais claro o entendimento, seguem eles: • Impostos: ISSQN, IPTU, IPVA. • Taxas: taxa para expedição de alvarás. • Contribuição de melhoria: valor pago para uma melhoria realizada e que gera benefício para seu imóvel. • Empréstimos compulsórios: é uma espécie de empréstimo obrigatório, forçado pelo governo (deve ser criado por lei complementar). • Contribuições especiais: tributo cujo resultado da arrecadação é destinado ao financiamento da seguridade social. 2.1.2 Imposto Ao analisar o conceito de tributo, ficou mais fácil para entendermos a definição de imposto. Dessa forma, o CTN apresenta em seu art. 16: “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”, ou seja, imposto é um tributo definido como uma situação independente de qualquer atividade estatal relativa ao contribuinte, isso quer dizer que a obriga- ção de pagar impostos decorre de fatos do contribuinte. Ainda, destaca-se que os impostos são tributos de arrecadação não vinculada, isto é, a receita oriunda dos impos- tos não pode ser vinculada à despesa, órgão ou fundo, ressalvadas as hipóteses constitucionalmente previstas. Para compreender melhor, pense, por exemplo, que você possui um imóvel urbano e está obrigado a pagar IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) independentemente de qualquer contraprestação. E ainda, a receita gerada pelo seu pagamento deste imposto não está vinculada a uma despesa específica. 27 Tributos | Unidade 2 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN Após entender os termos de imposto, você sabe pontuar quais impostos paga anualmente? 2.1.3 Fato gerador Agora, seguimos a outro aspecto, o fato gerador; você sabe definir? Não se preocupe. Este é um conceito um pouco mais complexo. Vamos estudar juntos e ao final deste tópico você saberá responder. Desse modo, o fato gerador é o responsável por gerar a obrigação tributária e assim ser imposta ao contribuinte, respeitando sempre os termos da lei, tendo o fato que estar previsto como hipótese de incidência tributária. Em outras palavras, o fato gerador é o eventoou situação em que é gerada incidência de impostos e surge a obriga- ção de tributar. O CTN traz em seus art. 114 e 115 o conceito de obrigação principal e acessória, como podemos analisar: Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e sufi- ciente à sua ocorrência. Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. As definições proporcionam-nos uma base sólida para entendermos melhor a prática desses conceitos e termos. Um exemplo de uma situação que poderá ser fato gerador de uma obrigação principal e de uma obrigação aces- sória seria na venda de determinada mercadoria. Esta, ao sair do estabelecimento comercial, cria um fato gerador de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) (obrigação tributária principal) e a emissão da nota fiscal (obrigação acessória). Podemos citar também outra situação de ocorrência de um serviço executado como um conserto de um apare- lho laboratorial. A prestação de serviço é o fato gerador do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) (obrigação tributária principal) e a emissão da nota fiscal uma obrigação acessória. 2.1.4 Alíquota Após o entendimento do fato gerador, passamos a outro aspecto muito importante para o estudo tributário: a alíquota. O entendimento desse termo é relevante para posterior cálculo de qualquer tributo, por isso leia com atenção. A alíquota pode ser entendida como um termo genérico aplicado a uma porcentagem fixa utilizada a qual deter- mina a incidência de um tributo. De forma clara, ela é um parâmetro do cálculo do tributo que geralmente é um percentual que varia de acordo com cada tributo. 28 Tributos | Unidade 2 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN Figura 2.3: Figura ilustrativa de alíquota Legenda: A figura representa as diversas porcentagem de alíquota. Fonte: Plataforma Deduca (2018). Para melhor entender o seu conceito, podemos pensar em um estabelecimento comercial que emite nota fiscal. O percentual da cobrança é definido com base no tipo de serviço prestado ou no produto que é comercializado. Ainda, se você observar suas contas de água e luz, por exemplo, também poderá notar que existem alíquotas informadas na cobrança. É importante que você note que utilizamos o termo tributo. Deve lembrar-se das espécies tributárias que abrange impostos, taxas, entre outros; portanto, a alíquota incide sobre todos eles! O imposto pode também, de acordo com a legislação de cada município, ser cobrado de forma diferenciada da cobrança “Receita Bruta x Alíquota”. A legislação municipal pode enquadrar determinados tipos de empreendi- mentos (normalmente sociedade de profissionais intelectuais, tais como médicos, advogados, contadores etc.) a efetuar o recolhimento de um valor mensal prefixado e não de um percentual sobre o faturamento, dependendo sempre da legislação municipal para essa cobrança diferenciada. 29 Tributos | Unidade 2 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN 2.1.5 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) Para finalizar com uma base sólida para passarmos à outra fase, é necessário que fique claro o conceito de ISSQN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza). Assim, será muito mais fácil compreender os demais assuntos de nossos estudos. O Imposto Sobre Serviços (ISS) encontra-se previsto no art. 156, inciso III, da CF. Situado dentro do capítulo que dispõe dos “Impostos do Município”, o tributo incide sobre a prestação de serviço de qualquer natureza, como, por exemplo, prestação de serviços de consultoria tributária, de manutenção de equipamentos, dentre outros. Oliveira et al. (2014) apresentam o ISS como o trabalho ou contraprestação mediante pagamento do encomen- dante que está consubstanciado no fato econômico, cujo produto final quase sempre será incorpóreo, ou seja, sem existência física. O ISS também é denominado de Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), e é de competência municipal. Atualmente, os serviços passíveis de tributação pelo imposto sobre serviços estão definidos pela Lei Complementar n. 116, de 31 de julho de 2003. 2.2 Contribuintes do ISSQN Caro aluno, após todos estes conceitos, você terá a compreensão suficiente para passarmos a nos aprofundar nesse imposto. Desse modo, é relevante entendermos quem é o contribuinte. A Lei Complementar nº 116/2003, em seu art. 5º, apresenta de forma resumida que o contribuinte é o prestador do serviço, respeitando ainda as alterações da Lei Complementar n. 157 de 29 de dezembro de 2016. Já a CNT, em seu art. 51º, apresenta: Art. 51º. Contribuinte do imposto é: I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar; III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior; IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão. Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante. De uma forma geral, para a Lei Complementar n. 116/2003, em seu art. 5º, o contribuinte é o prestador de ser- viço. Quando se refere ao ISSQN, o contribuinte é aquele que presta o serviço, ou seja, o nutricionista, o psicó- logo, o contador, o técnico em informática, entre outros. 30 Tributos | Unidade 2 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN Figura 2.4: Figura ilustrativa de contribuintes Legenda: A figura expressa os prestadores de serviços ou os contribuintes. Fonte: Plataforma Deduca (2018). É relevante mencionar que a legislação municipal pode designar ao tomador o pagamento do ISSQN. No art. 6º da LC 116/2003, o qual dispõe sobre a previsão da retenção do ISSQN, podemos averiguar: Art. 6o Os Municípios e o Distrito Federal, mediante lei, poderão atribuir de modo expresso a res- ponsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter suple- tivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação, inclusive no que se refere à multa e aos acréscimos legais. Neste caso, então, a empresa prestadora de serviço realiza o destaque na nota fiscal do ISSQN devido por ele, e designa na nota fiscal a retenção do imposto para o tomador de serviço realizar o pagamento do ISSQN, acres- centando que, caso não haja previsão municipal legal expressa, a retenção de ISSQN não é devida. 2.3 Incidência de ISSQN Ao passarmos para a análise de hipóteses legais para a incidência do ISSQN, é importante salientar que o ISSQN incide, específica e unicamente, sobre aqueles serviços relacionados na lista anexa à Lei Comple- mentar n. 116/2003, ressaltando ainda o acréscimo da Lei Complementar 157/2016, como veremos mais detalhado abaixo. 31 Tributos | Unidade 2 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN 2.3.1 Hipóteses Legais de Incidência de ISSQN Dessa maneira, a possibilidade de instituição do ISSQN está prevista no art. 156, III, da Constituição Federal. Esse imposto incide sobre serviços não sujeitos ao ICMS, definidos em lei complementar. Nesse mesmo dispositivo em seu parágrafo terceiro é atribuída à lei complementar a definição das alíquotas máximas e mínimas, a exclusão da incidência sobre exportações de serviços e, também, a regulação da concessão de isenções e benefícios fiscais: Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: [...] III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei comple- mentar. [...] § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas; II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior.(Incluído pela Emenda Cons- titucional nº 3, de 1993) III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedi- dos e revogados. O ISSQN é regido pela lei municipal que o institui, mas deve observar as regras gerais estabelecidas por lei com- plementar editada pelo Congresso Nacional. Assim, as respectivas leis municipais têm competência para dispor sobre os demais aspectos da incidência, tais como definir alíquotas para cada tipo de serviço – respeitados os limites traçados pela CF, pela LC 116/2003 e pela LC 100/99 – impor obrigações acessórias, estabelecer hipóte- ses de substituição tributária e prazos de recolhimento, entre outros aspectos. Com relação ao estabelecimento de alíquota mínima, de 2%, o art. 88 da Emenda Constitucional n. 37/2002 delimita: Art. 88. Enquanto lei complementar, não disciplinar o disposto nos incisos I e III do 3° do ART. 156 da Constituição Federal, o imposto a que se refere o inciso III do caput do mesmo artigo. I - terá alíquota mínima de dois por cento, exceto para os serviços a que se referem os itens 32, 33 e 34 da Lista de Serviços anexa ao Decreto-Lei n. 406, de 31 de dezembro de 1968; II - não será objeto de concessão de isenções, incentivos e benefícios fiscais, que resulte, direta ou indiretamente, na redução da alíquota mínima estabelecida no inciso I. Nesse sentido, a LC 157/2016 estabelece aspectos sobre a alíquota de 2%. Já com relação à alíquota máxima do ISSQN, conforme Lei Complementar n. 116/2003: Art. 8o As alíquotas máximas do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza são as seguintes: I – (VETADO) II – demais serviços, 5% (cinco por cento). 32 Tributos | Unidade 2 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN Para entender melhor esse aspecto, observe a figura a seguir: Figura 2.5: Limites da alíquota sobre o ISSQN Alíquota mínima 2% Alíquota máxima 5% + - Legenda: A figura mostra os limítes para aplicação da alíquota do ISSQN. Fonte: Elaborada pelo autor (2018). A figura ilustrativa representa uma união de aspectos legais, a qual apresenta a alíquota máxima e a alíquota mínima, respectivamente, de 5% e 2%. Deve-se ressaltar também que os municípios não podem tributar os serviços prestados pela União, pelos estados, por suas autarquias e fundações, desde que os serviços contenham algum dos aspectos mencionados a seguir: 1. Sejam vinculadas às suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. 2. Não decorram de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário (CF art. 150, VI, ”a”, e parágrafos 2 º e 3 º). Desse modo, também não podem ser tributados os serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei e desde que os serviços estejam relacionados com as finalidades essenciais dessas entidades (CF art. 150, VI,”c”, e § 4º). A Lei Complementar n. 116/2003, atualmente, define os serviços abrangidos, o fato gerador, a base de cálculo, o local da prestação do serviço, os contribuintes e a alíquota máxima do imposto ISSQN. Desse modo, para que haja incidência do ISSQN, é imprescindível que os serviços estejam descritos na lista anexa à Lei Complementar n. 116/03. O quadro a seguir apresenta a lista compilada dos serviços em que deve ser incidido o ISSQN. 33 Tributos | Unidade 2 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN Quadro 1.1: Lista de serviços anexa à Lei Complementar n. 116, de 31 de julho de 2003 1 - Serviços de informática e congêneres 2 - Serviços de pesquisas e desenvolvimento de qualquer natureza 3 - Serviços prestados mediante locação, cessão de direito de uso e congêneres 4 - Serviços de saúde, assistência médica e congêneres 5 - Serviços de medicina e assistência veterinária e congêneres 6 - Serviços de cuidados pessoais, estética, atividades físicas e congêneres 7 - Serviços relativos à engenharia, arquitetura, geologia, urbanismo, construção civil, manutenção, limpeza, meio ambiente, saneamento e congêneres 8 - Serviços de educação, ensino, orientação pedagógica e educacional, instrução, treinamento e avaliação pessoal de qualquer grau ou natureza 9 - Serviços relativos a hospedagem, turismo, viagens e congêneres 10 - Serviços de intermediação e congêneres 11 - Serviços de guarda, estacionamento, armazenamento, vigilância e congêneres 12 - Serviços de diversões, lazer, entretenimento e congêneres 13 - Serviços relativos a fonografia, fotografia, cinematografia e reprografia 14 - Serviços relativos a bens de terceiros 15 - Serviços relacionados ao setor bancário ou financeiro, inclusive aqueles prestados por instituições financeiras autorizadas a funcionar pela União ou por quem de direito 16 - Serviços de transporte de natureza municipal 17 - Serviços de apoio técnico, administrativo, jurídico, contábil, comercial e congêneres 18 - Serviços de regulação de sinistros vinculados a contratos de seguros, inspeção e avaliação de riscos para cobertura de contratos de seguros, prevenção e gerência de riscos seguráveis e congêneres 19 - Serviços de distribuição e venda de bilhetes e demais produtos de loteria, bingos, cartões, pules ou cupons de apostas, sorteios, prêmios, inclusive os decorrentes de títulos de capitalização e congêneres 20 - Serviços portuários, aeroportuários, ferroportuários, de terminais rodoviários, ferroviários e metroviários 21 - Serviços de registros públicos, cartorários e notariais 22 - Serviços de exploração de rodovia 23 - Serviços de programação e comunicação visual, desenho industrial e congêneres 34 Tributos | Unidade 2 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN 24 - Serviços de chaveiros, confecção de carimbos, placas, sinalização visual, banners, adesivos e congêneres 25 - Serviços funerários 26 - Serviços de coleta, remessa ou entrega de correspondências, documentos, objetos, bens ou valores, inclusive pelos correios e suas agências franqueadas courrier e congêneres. 27 - Serviços de assistência social 28 - Serviços de avaliação de bens e serviços de qualquer natureza 29 – Serviços de biblioteconomia 30 – Serviços de biologia, biotecnologia e química 31 – Serviços técnicos em edificações, eletrônica, eletrotécnica, mecânica, telecomunicações e congêneres 32 – Serviços de desenhos técnicos 33 – Serviços de desembaraço aduaneiro, comissários, despachantes e congêneres 34 – Serviços de investigações particulares, detetives e congêneres 35 – Serviços de reportagem, assessoria de imprensa, jornalismo e relações públicas 36 – Serviços de meteorologia 37 – Serviços de artistas, atletas, modelos e manequins 38 – Serviços de museologia 39 – Serviços de ourivesaria e lapidação 40 – Serviços relativos a obras de arte sob encomenda Fonte: Adaptado de Lei Complementar n. 116, de 31 de julho de 2003 (BRASIL, 2003). Para cada item apresentado anteriormente na lista anexa à Lei Complementar n. 116/03, são desmembrados diversos tipos de serviços de acordo com a lei. Então para cada tipo de serviço a legislação municipal estipula uma alíquota de ISSQN específica. 2.3.2 Local da incidência do ISSQN Outro aspecto que a Lei Complementar n. 116/2003 traz é o local de incidência do ISSQN. De modo geral, apli- cável à grande maioria dos casos, o local da prestação do serviço é no município onde está localizado o estabe- lecimento prestador. Essa regra e suas exceções constam do artigo art. 3º. 35 Tributos | Unidade 2 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN É importante ler o artigo 3° da Lei Complementar n. 116/2003. Este possui seus XXV incisos que dispõem dos locais para prestação de serviços. Uma das exceções de que trata o artigo art. 3º é a prestação de serviços na construção civil, conforme constam nos tipos de serviços do item 7 (Serviços relativos àengenharia, arquitetura, geologia, urbanismo, construção civil, manutenção, limpeza, meio ambiente, saneamento e congêneres) da lista anexa à Lei Complementar n. 116/03. Nestes casos, o local da prestação do serviço é o lugar em que ocorre o fato gerador e o município para o qual deverá ser recolhido o imposto, ou seja, quem é o sujeito ativo da obrigação tributária. Desse modo, segue a lista dos serviços que devem ser recolhidos no local onde se presta o serviço, conforme a Lei Complementar n. 116/2003 e as alterações da Lei Complementar n. 157 de 29 de dezembro de 2016: 7 – Serviços relativos a engenharia, arquitetura, geologia, urbanismo, construção civil, manutenção, limpeza, meio ambiente, saneamento e congêneres. 7.01 – Engenharia, agronomia, agrimensura, arquitetura, geologia, urbanismo, paisagismo e congêneres. 7.02 – Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS). 7.03 – Elaboração de planos diretores, estudos de viabilidade, estudos organizacionais e outros, relacionados com obras e serviços de engenharia; elaboração de anteprojetos, projetos básicos e projetos executivos para trabalhos de engenharia. 7.04 – Demolição. 7.05 – Reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e congêneres (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador dos serviços, fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS). 7.06 – Colocação e instalação de tapetes, carpetes, assoalhos, cortinas, revestimentos de parede, vidros, divisórias, placas de gesso e congêneres, com material fornecido pelo tomador do serviço. 7.07 – Recuperação, raspagem, polimento e lustração de pisos e congêneres. 7.08 – Calafetação. 7.09 – Varrição, coleta, remoção, incineração, tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer. 7.10 – Limpeza, manutenção e conservação de vias e logradouros públicos, imóveis, chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres. 7.11 – Decoração e jardinagem, inclusive corte e poda de árvores. 7.12 – Controle e tratamento de efluentes de qualquer natureza e de agentes físicos, químicos e biológicos. 36 Tributos | Unidade 2 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN 7.13 – Dedetização, desinfecção, desinsetização, imunização, higienização, desratização, pulverização e congêneres. 7.14 – (VETADO) 7.15 – (VETADO) 7.16 – Florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação e congêneres. 7.16 - Florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação, reparação de solo, plantio, silagem, colheita, corte e descascamento de árvores, silvicultura, exploração florestal e dos serviços congêneres indissociáveis da formação, manutenção e colheita de florestas, para quaisquer fins e por quaisquer meios. 7.17 – Escoramento, contenção de encostas e serviços congêneres. 7.18 – Limpeza e dragagem de rios, portos, canais, baías, lagos, lagoas, represas, açudes e congêneres. 7.19 – Acompanhamento e fiscalização da execução de obras de engenharia, arquitetura e urbanismo. 7.20 – Aerofotogrametria (inclusive interpretação), cartografia, mapeamento, levantamentos topográficos, batimétricos, geográficos, geodésicos, geológicos, geofísicos e congêneres. 7.21 – Pesquisa, perfuração, cimentação, mergulho, perfilagem, concretação, testemunhagem, pescaria, estimulação e outros serviços relacionados com a exploração e explotação de petróleo, gás natural e de outros recursos minerais. 7.22 – Nucleação e bombardeamento de nuvens e congêneres. Sujeito ativo = pessoa constitucional titular da competência tributária. Glossário 2.3.3 Isenção do ISSQN Em alguns casos está prevista a isenção ou mesmo a redução da alíquota do ISS. Mas claro que deve constar na Legislação Municipal tal isenção ou redução. Um exemplo de não incidência do ISSQN é em exportações de serviços para o exterior, como consultoria econô- mica e financeira feita por uma empresa brasileira que atende a um cliente fora do país. Neste caso não é devido o ISSQN sobre os serviços prestados. Para melhor entendimento, suponha que você mora no exterior e possui uma empresa que presta serviço de asses- soria no Brasil. Nesse caso, o ISSQN é retido pelo tomador do serviço, ou seja, aquele a quem se destina o serviço. 37 Tributos | Unidade 2 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN 2.4 Base de cálculo e apuração do ISSQN Após estudarmos sobre as hipóteses legais de incidência do ISSQN, partimos para o entendimento de como apu- rar o imposto e qual sua base de cálculo. Você lembra quais são as alíquotas máxima e mínima? Existem moda- lidades de recolhimento do ISSQN? Sabe qual a base de cálculo para o ISSQN? Veremos esses e outros pontos a partir de agora, o que vai auxiliar no estudo e no cálculo. 2.4.1 Base de cálculo Para finalizar o estudo, vamos abordar os elementos para o cálculo do imposto, a base de cálculo e a alíquota apurando o ISSQN. Figura 2.6: Elementos para o cálculo do imposto Legenda: A figura expressa os elementos para o cálculo do imposto, com uma ficha, uma calculadora, uma caneta e algumas moedas. Fonte: Plataforma Deduca (2018). Como já foi visto, as alíquotas variam de 2% a 5%, sendo que a base de cálculo para a aplicação da alíquota é o preço do serviço efetivamente realizado. Para identificar a alíquota aplicável a determinado serviço da lista anexa à Lei Complementar nº 116/03, a empresa, com o auxílio de um contador tributarista, deve consultar toda a legislação do município em que a empresa está estabelecida e ao qual compete o imposto. A base de cálculo do ISSQN a pagar é o valor total da nota fiscal de prestação de serviço. Não pode haver o abatimento dos impostos federais e nem do ISSQN retido do valor total para obtenção da base de cálculo. São exceções a essa regra os serviços previstos nos itens 7.02 e 7.05 da lista anexa à LC 116/2003, em que podem ser deduzidos da base de cálculo o valor dos materiais fornecidos pelo prestador. Eis então os serviços descritos nos itens 7.02 e 7.05 da lista anexa à LC 116/2003: 7.02 – Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias produ- zidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS). 38 Tributos | Unidade 2 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN [...] 7.05 – Reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e congêneres (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador dos serviços, fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS). 2.4.2 Apuração do ISSQN Agora passamos para uma parte muito mais prática para o nosso estudo de como fazer a apuração do ISSQN. O cálculo em si é fácil de aplicar. Porém, inicialmente devemos lembrar que o imposto sobre serviços é de respon- sabilidade de cada município. Ou seja, para aplicar a alíquota correta de acordo com o serviço prestado, é preciso consultar a legislação de cada município. Ainda nesse sentido é relevante ressaltar que existem municípios que oferecem a opção do recolhimento por estimativa, o qual pode ser definido como um método para apuração e fixação antecipada da base de cálculo do ISS, ou seja, uma sistemática diferenciada e excepcional. A apuração do ISSQN é mensal, considerando-se como competência o mês daprestação do serviço. Portanto, de um modo geral e simples, para calcular o ISSQN, utiliza-se a alíquota (ou seja, o percentual correspondente) sobre a base de cálculo, que é o valor cobrado pelo serviço. A base de cálculo é o valor da receita bruta do serviço prestado, sem deduções, abatimentos e descontos. Temos como exemplo uma empresa ABC que prestou um serviço no valor de R$ 15.000,00. De acordo com a legislação municipal da prestadora, sobre o serviço incidirá a alíquota máxima de 5%. Então: • Base de cálculo: R$ 15.000,00 • Alíquota: 5% • ISSQN = R$15.000 x 5%= R$ 750,00 Com base no estudo realizado até aqui, foram elaborados mais alguns exemplos ilustrativos, de acordo com a legislação municipal da prestadora, sobre qual alíquota incidirá sobre determinado tipo de serviço: Uma corretora de seguro prestou um serviço no valor de R$ 35.000,00. De acordo com a legislação municipal da prestadora, sobre o serviço incidirá a alíquota máxima de 3%. Então: • Base de cálculo: R$ 35.000,00 • Alíquota: 3% • Valor do imposto= R$ 35.000,00 x 3% = R$1.050,00 O Transporte Coletivo linha regular (ônibus e lotações) prestou um serviço no valor de R$ 70.000,00. De acordo com a legislação municipal da prestadora, sobre o serviço incidirá a alíquota máxima de 2,5%. Então: • Base de cálculo: R$ 70.000,00 • Alíquota: 2,5% • Valor do imposto= R$ 70.000,00 x 2,5% = R$1.750,00 Uma empresa de obras de construção civil, com o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação dos serviços, prestou um serviço no valor de R$70.000,00. De acordo com a legislação municipal da prestadora, sobre o serviço incidirá a alíquota máxima de 4%. Então: 39 Tributos | Unidade 2 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN • Valor da Nota Fiscal: R$ 90.000,00 • Mercadorias utilizadas na prestação do serviço: R$ 7.000,00 • Base de cálculo: R$ 83.000,00 • Alíquota: 4% • Valor do imposto= R$ 83.000,00x4% = R$3.320,00 2.4.3 Obrigações Acessórias As obrigações acessórias usualmente impostas pelos municípios dizem respeito à emissão de documentos fiscais para dar cobertura às operações de prestações de serviços. Outras duas obrigações acessórias são a escrituração do livro de apuração do imposto e a apresentação periódica de declaração dos valores devidos a título de ISSQN. 2.4.4 Recolhimento do ISSQN Após analisarmos, de forma prática, como fazer a apuração do ISSQN, finalizamos com a última etapa que é o recolhimento do imposto. Como já visto anteriormente, o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) é de competência munici pal; portanto, cabe a cada município legislar sobre a forma e o prazo de pagamento do ISSQN. Em geral, a legislação municipal solicita o pagamento através do Documento de Arrecadação Municipal (DAM), de forma mensal, em cota única, a partir de uma alíquota que varia de acordo com o tipo de serviço pres- tado. O valor prefixado de ISSQN atribuído a empreendimentos (como as empresas que são sociedades simples de advocacia, de contabilidade, odontológica ou médica) também deve ser recolhido mensalmente. 40 Considerações finais Nesta unidade vimos aspectos importantes referentes ao Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). Vamos retomar os pontos princi- pais estudados até aqui? • O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) é um tributo, de competência dos municípios, que tem como fato gerador a prestação de serviço pelas empresas, de competência dos municípios. • A alíquota mínima do ISSQN é de 2% e máxima, de 5%. Ela varia de acordo com a legislação de cada município e o tipo de serviço prestado. • Quando se refere ao ISSQN o contribuinte é aquele que presta o serviço, ou seja, o nutricionista, o psicólogo, o contador, o técnico em informática, entre outros. Referências 41 BRASIL. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/CCivil_03/leis/L5172.htm>. Acesso em: 15 abr. 2018. ______. Emenda Constitucional n. 3, de 17 de março de 1983. Altera os arts. 40, 42, 102, 103, 155, 156, 160, 167 da Constituição Federal. Dispo- nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/ emc/emc03.htm>. Acesso em: 16 abr. 2018. ______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/constituição.htm>. Acesso em: 13 abr. 2018. ______. Emenda Constitucional n. 37, de 17 de junho de 2002. Altera os arts. 100 e 156 da Constituição Federal e acrescenta os arts. 84, 85, 86, 87 e 88 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/ emc37.htm#art3>. Acesso em: 17 abr. 2018. BRASIL. Lei Complementar n. 116, de 31 de julho de 2003. Dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm>. Acesso em: 14 abr. 2018. http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L5172.htm http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L5172.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc03.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc03.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc37.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc37.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm Referências 42 BRASIL. Lei Complementar n. 157, de 29 de dezembro de 2016. Altera a Lei Complementar no 116, de 31 de julho de 2003, que dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, a Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992 (Lei de Improbidade Administrativa), e a Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990, que “dispõe sobre critérios e prazos de crédito das parcelas do produto da arrecadação de impostos de compe- tência dos Estados e de transferências por estes recebidos, pertencentes aos Municípios, e dá outras providências. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp157.htm> Acesso em: 19 ago. 2018. OLIVEIRA, L. M. de et al. Manual de contabilidade tributária. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2014. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp157.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp157.htm 3 44 Unidade 3 Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI Para iniciar seus estudos Seja bem-vindo(a) a mais uma unidade! Como estão indo os estudos até agora? Esperamos que você tenha absor- vido ao máximo tudo que aprendeu, e tenha participado de todas as ativi- dades propostas para uma melhor fixação das matérias apresentadas. Nesta unidade estudaremos o Imposto sobre Produtos Industrializados. Obviamente que todos nós já ouvimos falar do IPI, ou pelo menos já escu- tamos nos jornais, ou lemos reportagens onde ouvimos falar de alíquotas sobre determinados produtos – e isso é o que dá a forma ao IPI. Durante esta unidade procuraremos nos aprofundar um pouco mais sobre a hipótese de incidência do tributo e, também, veremos os casos onde não haverá a cobrança por motivo de isenção, imunidade e outras variantes. Veremos também quem serão os contribuintes deste Imposto, e de que forma são classificados. Você terá muito contato com a legislação, de modo que a leitura de alguns artigos, aqui transcritos, é de suma importância, é impossível estudar deter- minado tributo sem nos remetermos à Lei a que ele se reporta. Bons estudos! Objetivos de Aprendizagem • Contribuintes do IPI, Estabelecimento industrial para fins do IPI, Estabelecimentoequiparado a industrial obrigatoriamente e por opção, Hipóteses legais de incidência, técnica da não- cumulatividade do IPI, Princípio da seletividade de alíquotas, Base de Cálculo e apuração do IPI, Imunidade, não incidência, isenção e suspensão do IPI. 45 Tributos | Unidade 3 - Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI 3.1 O Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Antes de começarmos o estudo dos contribuintes deste imposto, precisamos aprender algumas informações sobre este tipo de imposto, o IPI. De um modo sucinto, o IPI é um tipo de imposto regulado pela União Federal. Sua incidência será sobre produtos industrializados, e está submetido à anterioridade nonagesimal, previsto no art. 150, III, “c”, da Constituição Federal, e sua instituição deu-se através da Lei 4.502/64, e atualizado pelo Decreto 4.544/02. Hoje sua regulamentação dá-se do Decreto 7.212/2010, ou comumente chamado de RIPI/2010. Apenas para que você não se perca em seus estudos, a anterioridade nonagesimal tem como princípio que não haverá cobrança de tributo senão decorridos 90 dias após a promulgação da lei que o instituiu (Constituição Federal, Art. 150, III, “c”). Fique atento, pois a incidência do IPI será sobre todos os produtos industrializados, tanto os nacionais quanto os produtos estrangeiros. Esta modalidade de imposto incidirá sobre todos os produtos com alíquota (mesmo aque- las cuja alíquota seja zero), nos itens apresentados na Tabela de Incidência do IPI (TIPI). Este imposto também tem caráter de seletividade, uma vez que a variação das alíquotas dá-se diante da essencialidade do produto, isto é, quanto mais o produto for essencial, menor a alíquota aplicada sobre ele. O IPI também não incidirá sobre produtos que sejam destinados ao exterior. Para estes casos haverá imunidade da incidência. Sabemos que ocorreram muitas informações de algumas coisas que ainda não estudamos, como a questão da imunidade, mas não se preocupe, que logo mais estudaremos acerca da imunidade tributária, de modo que aqui estamos apenas fazendo uma breve menção das características do IPI. Figura 3.1: Percentual da alíquota Legenda: A alíquota será maior quando a essencialidade do produto for menor. Fonte: Plataforma Deduca (2018). Como o IPI tem incidência sobre produtos industrializados, faz-se necessário também entender o que é um produto industrializado, sendo que para, a incidência deste tributo, será toda operação já definida na RIPI 2010 (Dec. 7.212/10): 46 Tributos | Unidade 3 - Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI Art. 4º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como (Lei no 5.172, de 1966, art. 46, parágrafo único, e Lei no 4.502, de 1964, art. 3o, parágrafo único): I - a que, exercida sobre matérias-primas ou produtos intermediários, importe na obtenção de espécie nova (transformação); II - a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento); III - a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (montagem); IV - a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao trans- porte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); ou V - a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inuti- lizado, renove ou restaure o produto para utilização (renovação ou recondicionamento). Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como industrialização, o pro- cesso utilizado para obtenção do produto e a localização e condições das instalações ou equi- pamentos empregados. Agora, quem são os contribuintes deste imposto? Antes de continuar a leitura, pare e pense um pouco. Tente elencar o que para você seria o contribuinte do IPI, e depois compare suas respostas com a leitura a seguir. 3.2 Contribuintes do IPI Está com sua listagem em mãos? Bom, podemos dizer que a resposta é simples. Os contribuintes do IPI estão elencados no art. 51 do Código Tributário Nacional. Não havendo outros além destes, vejamos: Art. 51. Contribuinte do imposto é: I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar; III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior; IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão. Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante. Diante do que lemos no texto da lei, podemos afirmar de forma clara que o responsável pelo pagamento do IPI será o importador e o industrial. Segundo a lei, o processo de industrialização é qualquer forma operacional que venha a modificar a “natureza”, o funcionamento ou até mesmo a finalização de determinado produto. 47 Tributos | Unidade 3 - Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI Veja que interessante a matéria que saiu na Revista Exame, no ano de 2011, que relata exa- tamente o que conversamos até aqui, acesse: https://exame.abril.com.br/pme/quem-deve- pagar-ipi/, e entenda um pouco mais sobre os contribuintes do IPI e suas equiparações. A legislação também se preocupou em classificar os estabelecimentos para aplicação dos assuntos interligados ao IPI classificando-os em: Industriais, Equiparados a Industriais, Comerciais Atacadistas e Varejistas, sendo suas peculiaridades analisadas nos quadros a seguir: Figura 3.2: Classificação dos estabelecimentos É o local onde serão executadas as operações de industrialização nos produtos. ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL É o local que, devido às atividades por ele desen- volvidas, a lei do IPI realiza a cobrança, equi- parando as atividades aos estabelecimentos industriais, mesmo que não haja operações de industrialização. ESTABELECIMENTO EQUIPARADO A INDUSTRIAL São os locais que efetu- am vendas de bens de produção, de consumo, ou que procedam à revenda destes bens. COMERCIAIS ATACADISTAS E VAREJISTAS Legenda: Definição dos estabelecimentos Fonte: Adaptada de Decreto 7.212/10 (BRASIL, 2010). As definições acerca dos estabelecimentos industriais, equiparados a industrial, estão elencados a partir do art. 8º, do Decreto n. 7.212/10, assim definidos: TÍTULO II DOS ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS E EQUIPARADOS A INDUSTRIAL Estabelecimento Industrial Art. 8º Estabelecimento industrial é o que executa qualquer das operações referidas no art. 4o, de que resulte produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento (Lei n. 4.502, de 1964, art. 3o). Estabelecimentos Equiparados a Industrial Art. 9º Equiparam-se a estabelecimento industrial: 48 Tributos | Unidade 3 - Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI I - os estabelecimentos importadores de produtos de procedência estrangeira, que derem saída a esses produtos (Lei n. 4.502, de 1964, art. 4o, inciso I); II - os estabelecimentos, ainda que varejistas, que receberem, para comercialização, diretamente da repartição que os liberou, produtos importados por outro estabelecimento da mesma firma; III - as filiais e demais estabelecimentos que exercerem o comércio de produtos importados, industrializados ou mandados industrializar por outro estabelecimento da mesma firma, salvo se aqueles operarem exclusivamente na venda a varejo e não estiverem enquadrados na hipótese do inciso II (Lei n. 4.502, de 1964, art. 4o, inciso II, e § 2o, Decreto-Lei n. 34, de 1966, art. 2o, alteração 1a, e Lei n. 9.532, de 10 de dezembro de 1997, art. 37, inciso I); IV - os estabelecimentos comerciais de produtos cuja industrialização
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