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Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário ALUNO: LEANDRO TAKEO ALVES WATANABE TURMA: 2022.01-ECT-BSB SEMINÁRIO VII – IPI Questões 1. Construir a(s) regra(s)-matriz(es) de incidência tributária do IPI. Inicialmente, importante lembrar que a regra-matriz de incidência tributária é composta por hipótese/antecedente, onde identifica-se os critérios material, temporal e espacial e, pelo consequente, no qual verifica-se os critérios pessoal e quantitativo. Em concordância com o que preceitua o art. 153, IV, da CF/88em relação a regra-matriz de incidência tributária, Fábio Soares de Melo1 explica, como regra geral, que ela se exterioriza pela incidência sobre operações realizadas com produtos industrializados, por meio da qual apresenta a circunstância de determinada pessoa, produzir a industrialização de determinado produto e desenvolver a respectiva saída do estabelecimento produtor, em virtude da realização de certo negócio jurídico mercantil que acarrete na transferência de titularidade. O CTN, o qual foi recepcionado com status de lei complementar, por sua vez, em seu art. 46, dispõe que sobre as operações de importação de produtos industrializados do exterior (desembaraço aduaneiro) também haverá incidência do IPI, bem como nos casos de arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão o produto industrializado. Nesse sentido, vislumbra-se três regras-matrizes de incidência tributária do IPI, quais sejam, a) nas operações de industrialização de produtos; b) nas operações de importações de produtos industrializados do exterior e; c) nos casos de arrematação, quando o produto industrializado for apreendido ou abandonado e levado a leilão. IPI – Operações de industrialização de produtos Antecedente: Critério material – realizar operação jurídica envolvendo produtos industrializados. 1 MELO, Fabio Soares de. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – panorama jurisprudencial atual. In: IX Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET. São Paulo: Noeses, 2012. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Critério espacial – em regra, qualquer lugar do território brasileiro, desde que existente um estabelecimento industrial de onde possa sair o produto industrializado. Critério temporal – momento da saída do produto industrializado do estabelecimento industrial. Consequente: Critério pessoal – sujeito ativo: União Federal; sujeito passivo: titular do estabelecimento industrial ou que lhe seja equiparado. Critério quantitativo – base de cálculo: valor da operação; alíquota: percentual previsto na tabela de IPI. IPI – operações de importação de produtos industrializados do exterior Antecedente: Critério material – realizar operação de importação de produtos industrializados do exterior. Critério espacial – repartições alfandegárias/aduaneiras. Critério temporal – momento do desembaraço aduaneiro. Consequente: Critério pessoal – sujeito ativo: União Federal; sujeito passivo: importador. Critério quantitativo – base de cálculo: valor da operação, o qual seria o valor que servir de base para os cálculos dos tributos aduaneiros; alíquota: percentual previsto na tabela de IPI. IPI – arrematação de produtos industrializados, quando apreendidos ou abandonados e levados a leilão Antecedente: Critério material – arrematar produto industrializado apreendido ou abandado e levado a leilão. Critério espacial – local do leilão. Critério temporal – momento da arrematação. Consequente: Critério pessoal – sujeito ativo: União Federal; sujeito passivo: arrematante. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Critério quantitativo – base de cálculo: valor do arremate; alíquota: percentual previsto na tabela de IPI. 2. Sobre o direito ao crédito do IPI, pergunta-se: a) É possível o aproveitamento de créditos de IPI decorrentes da aquisição de insumos com alíquota zero ou imunes? E de operações decorrentes da Zona Franca de Manaus adquiridos sobre o regime de isenção? Se possíveis estes créditos, como quantificá-los? (Vide anexos I, II e III). Para que possamos responder a presente questão, deve-se destaque uma importante característica do IPI, qual seja a norma contida no art. 153, § 3º, II, da CF/88, que dispõe que tal imposto seja “não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores”. O objetivo do dispositivo acima é impedir a criação de um efeito cascata produzido pelas sucessivas incidências do imposto nas operações da cadeia econômica de um produto. Dessa forma, o princípio da não-cumulatividade tem por finalidade, buscar uma tributação justa sob o ângulo da ótica fiscal e econômica. Dito isso, resta saber se é possível o aproveitamento de créditos de IPI decorrentes da aquisição de insumos com alíquota zero ou imunes. O STF, por meio do julgamento dos recursos extraordinários 566.819, 562.980, 475.551, 353.657 e 370.682, resolveu por bem modificar a jurisprudência referente ao direito de o contribuinte realizar o creditamento de matérias-primas que entrarem em seu estabelecimento, em regime alíquota zero, imunidade ou isenção, restando o entendimento que há o direito ao creditamento decorrente da aquisição de produtos fiscalmente desonerados como imunidade, não incidência, isenção e alíquota zero. No referido tema, coube à Suprema Corte o pronunciamento sobre o alcance constitucional da não-cumulatividade, bem como sobre a eficácia temporal do direito de aproveitamento trazido pela Lei 9.779/99 em seu art. 11. Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, acumulado em cada trimestre-calendário, decorrente de aquisição de matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9430.htm#art73 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9430.htm#art73 Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Veja que tal dispositivo autorizou ao industrial o direito de aproveitar os créditos de IPI acumulados por força de não incidência, alíquota zero ou isenção nessa etapa da cadeia, como forma de consertar deformidade que poderia ser causada ao contribuinte caso não pudesse de algum modo aproveitar os créditos acumulados. No entendimento do STF ficou assentado de que os créditos em discussão, tendo em vista serem de natureza presumida, poderiam ser aproveitados somente por força de lei, o que só aconteceu com a edição da citada Lei 9.779/99. Nesse sentido, também restou o direito de aproveitamento de créditos decorrentes de operações decorrentes da Zona Franca de Manaus adquiridos sobre o regime de isenção. Até em julgamento mais recente pela Corte: RECURSO EXTRAORDINÁRIO 596.614 IPI. DIREITO DE CRÉDITO. INSUMOS PROVENIENTES DA ZONA FRANCA DE MANAUS ADQUIRIDOS SOB O REGIME DE ISENÇÃO. PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CF/88, ART.43, 1º, II, E 2º, III;153, 3º, II. Plenário, 25.04.2019. Em relação a quantificação dos créditos, esta se resolve com a aplicação da alíquota do produto sobre o valor da aquisição do insumo isento. Os anexos I e II trazem julgamentos do STF e STJ, respectivamente, os quais refletem entendimento abordado na presente questão, dando direito de aproveitamento de créditos de IPI decorrentes da aquisição de insumos com alíquota zero ou imunes apenas com a vigência da Lei 9.779/99. Já no anexo III, o STJ veda tal aproveitamento por entender que a aquisição de bens que integram o ativo permanente da empresa ou de insumos quenão se incorporam ao produto final ou cujo desgaste não ocorra de forma imediata e integral durante o processo de industrialização não gera direito a creditamento de IPI, consoante a ratio essendi do artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (atual Decreto 7212/10). b) Os materiais consumidos no processo de produção, mas que não são agregados diretamente ao produto final, geram créditos do IPI? E os bens adquiridos para ativo permanente? E os materiais de teste ou protótipos? (Vide anexo IV) Em relação aos materiais consumidos no processo de produção, mas que não são agregados diretamente ao produto final, poderá haver o creditamento, conforme disciplina o art. 226, I, do Decreto 7212/10: Art. 226. Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados poderão creditar-se (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4502.htm#art25. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário I - do imposto relativo a matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização…, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente; Dessa forma, nota-se que não há vedação na legislação que impeça que os materiais consumidos no processo de produção, mesmo que não agregados diretamente ao produto final, gerem créditos de IPI, bem como em relação a materiais de teste ou protótipos. Sendo assim, se o objetivo da não-cumulatividade é desonerar o preço final do produto, não cabe o entendimento de não permitir que o contribuinte utilizasse os créditos provenientes da aquisição de materias consumidos no processo de produção, mesmo que não sejam agregados ao produto final, de materiais de teste ou protótipos. Por outro lado, quando se trata de bens adquiridos para ativo permanente, não é possível o creditamento de IPI, pois a legislação não permite ta aproveitamento, conforme se depreende do dispositivo acima menciona do Decreto 7212/10. Conforme o anexo III, no item anterior, o STJ veda tal aproveitamento por entender que a aquisição de bens que integram o ativo permanente da empresa ou de insumos que não se incorporam ao produto final ou cujo desgaste não ocorra de forma imediata e integral durante o processo de industrialização não gera direito a creditamento de IPI, consoante a ratio essendi do artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (atual Decreto 7212/10). Reforçando tal vedação, o STJ sumulou o assunto: Súmula nº 495 – “A aquisição de bens integrantes do ativo permanente da empresa não gera direito a creditamento de IPI”. O anexo IV revela tema do item anterior, referente ao direito de creditamento de insumos provenientes da Zona Franca de Manaus, o qual foi respondido naquele item. 3. Qual a relevância das classificações fiscais para a determinação da incidência do IPI? Discorrer sobre os seus critérios de solução para efeitos de problemas de classificação fiscal. Com base nessa resposta, comente: A classificação fiscal para a determinação da incidência do IPI é de extema importãncia, pois é ela que, com base nos princípios da seletividade, especificidade e essencialidade, atribui menores ou maiores alíquotas, respectivamente, aos produtos considerados essenciais ou supérfluos. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Classificação fiscal é o ato se identificar em um enorme catálogo o código respectivo de cada mercadoria, o qual deve constar nas notas fiscais de venda e documentos de importação, além disso é esse código que serve para identificar toda a tributação que recai sobre a mercadoria.2 Basicamente, a finalidade das classificassões fiscais é, com base em uma estrutura de códigos e respectivas descrições, classificar mercadorias. A organização de tais códigos anui que sejam atendidas as especificidades dos produtos, em ordenamento numérico lógico, crescente e com base no nível de sofisticação das mercadorias. Em relação aos critérios de solução para efeitos de problemas de classificação fiscal, tais critérios constam da Tabela do IPI. Ressalta-se que todo produto só pode ser classificado por um código e, restando dúvidas quanto a classificação, a TIPI estabelece os críterios de solução: 3. Quando pareça que a mercadoria pode classificar-se em duas ou mais posições por aplicação da Regra 2 b) ou por qualquer outra razão, a classificação deve efetuar-se da forma seguinte: a) A posição mais específica prevalece sobre as mais genéricas. Todavia, quando duas ou mais posições se refiram, cada uma delas, a apenas uma parte das matérias constitutivas de um produto misturado ou de um artigo composto, ou a apenas um dos componentes de sortidos acondicionados para venda a retalho, tais posições devem considerar-se, em relação a esses produtos ou artigos, como igualmente específicas, ainda que uma delas apresente uma descrição mais precisa ou completa da mercadoria. b) Os produtos misturados, as obras compostas de matérias diferentes ou constituídas pela reunião de artigos diferentes e as mercadorias apresentadas em sortidos acondicionados para venda a retalho, cuja classificação não se possa efetuar pela aplicação da Regra 3 a), classificam-se pela matéria ou artigo que lhes confira a característica essencial, quando for possível realizar esta determinação. c) Nos casos em que as Regras 3 a) e 3 b) não permitam efetuar a classificação, a mercadoria classifica-se na posição situada em último lugar na ordem numérica, dentre as suscetíveis de validamente se tomarem em consideração. De acordo com o enunciado da TIPI, quando houver dúvidas quanto a classificação, prevalecerá a posição mais específica sobre as mais genéricas. Restando inaplicável essa regra, o critério se dará na matéria-prima do produto industrializado. Ainda permancendo dúvidas, a mercadoria será classificada na posição alocada em 2 FRANCISCO, Claudio Cortez. Artigo: Classificação fiscal para leigos, 2022. Disponível em: Classificação Fiscal para leigos (contabeis.com.br). Acesso em 27 de junho de 2022. https://www.contabeis.com.br/artigos/7179/classificacao-fiscal-para-leigos/ Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário último lugar na ordem numérica, entre as quais validamente se colocarem em consideração. a) qual a classificação correta para Tablets (se 8471.30.12 ou 8471.3019), justificando com base nos critérios de solução identificados. (Vide anexo VI). Em relação a classificação correta para Tablets, entende-se que o código 8471.30.12 é equivocado para tal produto, tendo em vista que esse código destina-se ao produto com teclado alfanumérico e não touchscreen. Sendo assim, a classificação mais acertada é o código 8471.30.19 denominado como “outras”. O anexo VI mostra uma Solução de Consulta Diana/SRRF, consulta à Divisão de Aministraçao Aduaneira, onde restou a aplicabiliade do código 8471.30.19 à Máquina automática para processamento de dados portátil, comercialmente denominada “tablet”. b) Contribuinte sediado no Estado de São Paulo, realiza importação de sabonetes “antiacne”. Sucedendo empasse segundo o qual a ANVISA define a mercadoria como cosmético, e a legislação tributária, à classe dos medicamentos e tratando-se de termo não definido pela Constituição Federal, qual definição deve prevalecer: a fixada pela agência reguladora ou aquela prescrita pela legislação tributária? (Vide Anexo XIV) De acordo com o art. 8º, da Lei 9.782/99, cabe à Agência regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública. Dessa forma, a auroidade aduaneira é imcompetente para classificação do produto, pois não detém conhecimento técnico-específico para tal função. Partindo dessa premissa, entende-se também, que no caso em tela, trantando- se de produtos como medicamentos ou cosméticos, que de certa forma estão atreladosa questão da saúde pública, deverá prevalecer a definição fixada pela ANVISA, pois, assim como a autoridade aduaneira não possui capacidade e conhecimento técnico- específico, o legislador também não o tem, ao menos o necessário, ainda mais quando a legislação está antiga e defasada. Não contém anexo XIV no presente tarbalho, todavia, o anexo XI reflete o tema em discussção. Trata-se de julgado do STJ de caso semelhante, onde o entendimento é de que a classificação refoge à competência da autoridade aduaneira, sendo Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário atribuição privativa da autoridade sanitária, justamente por esta possuir conhecimento técnico-científico exigido para esse mister. 4. Que é produto industrializado? O processo de salga do bacalhau constitui aperfeiçoamento do produto para consumo ou é mero modo de conservação para fins de transporte? Em outros termos, o bacalhau (seco e salgado) é tido produto industrializado para fins de incidência do IPI? Caso o bacalhau seja de espécie não contemplada na tabela do IPI (TIPI), mesmo que seja seco, salgado ou em salmoura ou, ainda, defumado, pode-se falar em incidência do IPI? (Vide anexo VII) A Constitução Federal de 1988 não trouxe de forma minuciosa o devido conceito do que é produto insutrializado. Entretanto, o art. 46, § único, do CTN dispõe que “considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo”. Por sua vez, o Decreto 7212/10 em seu art. 4º, aduz que industrialização é qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo (…). Ainda, nos incisos do mesmo dispositvo tem-se modalidade de industrilização, ao posso que art. 5º do mesmo Decreto expressa casos que não são considerados como industrialização. Eduardo Domingos Bottallo, citado por Fábio Soares de Melo3, explica, quanto ao imposto em estudo, que “pode -se assentar que um produto é industrializado, para fins de IPI, sempre que, mercê de uma operaçao física, química, mecânica ou técnica, adquire utiliadade nova ou, de algum modo, se mostre mais bem ajustado para o consumo”. (São Paulo: Editora Dialética, 2009). Observa-se que tanto a legislação como a doutrina modelam como espécies de gênero industrialização, de uma forma geral, as figuras da transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento ou recondicionamento e renovação. Sendo assim, sabe-se que o bacalhau seco salgado não se apresenta como retirado da natureza, notando-se que o peixe passa por procedimentos como evisceração, retirada da cabeça, limpeza, secagem e, por fim, a salga. Dessa forma, fica evidente a modificação da aparência do produto e seu aperfeiçoamento. 3 MELO, Fabio Soares de. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – panorama jurisprudencial atual. In: IX Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET. São Paulo: Noeses, 2012. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Partindo desse entendimento, o referido produto se torna industrializado, pois, aquelas operações modificaram a apresentação do peixe quando pescado, consituindo assim, incidência de IPI. Em hipótese de que o bacalhau seja de espécie não contemplada, de forma expressa, na tabela do IPI, deverá ser classificado como uma das formas mais genéricas do bacalhau na própria tabela, incidindo igualmente o imposto, tendo em vista as definições de industrialização trazidas nesta questão. O anexo VII expõe julgado, relativamente antigo, porém, decidido somente no corrente ano, em que a Suprema Corte firmou a seguinte tese de julgamento: “É infraconstitucional, a ela se aplicando os efeitos da ausência de repercussão geral, a controvérsia relativa à incidência de IPI sobre o bacalhau seco e salgado oriundo de país signatário do GATT". 5. Qual a base de cálculo do IPI? Você entende que os seguintes valores podem ser incluídos em sua BC: (i) valores relativos juros das vendas financiadas? (ii) os descontos incondicionais ou de produtos bonificados? (iii) o valor do frete? (iii. a) O frete integra o ciclo de produção? (iii. b) Há diferença se houver sido estipulada cláusula FOB (free on board) ou CIF (cost, insurance and freight)? Fundamente suas respostas. Maurício Darli Timm do Valle ensina que base cálculo “é a grandeza abstratamente considerada sobre qual, quando recheada de significação no caso concreto, será aplicada a alíquota, operação da qual resultará o quantum devido a título de tributo”. Nos casos de IPI, o art. 190 do Decreto 7212/10 estipula o que constitui valor triibutável: Art. 190. Salvo disposição em contrário deste Regulamento, constitui valor tributável: I - dos produtos de procedência estrangeira: a) o valor que servir ou que serviria de base para o cálculo dos tributos aduaneiros, por ocasião do despacho de importação, acrescido do montante desses tributos e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis (Lei nº 4.502, de 1964, art. 14, inciso I, alínea “b”); e b) o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento equiparado a industrial (Lei nº 4.502, de 1964, art. 18); ou II - dos produtos nacionais, o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial (Lei nº 4.502, de 1964, art. 14, inciso II, e Lei nº 7.798, de 1989, art. 15). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4502.htm#art14ib http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4502.htm#art14ib http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4502.htm#art18 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4502.htm#art18 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4502.htm#art14ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4502.htm#art14ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4502.htm#art14ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7798.htm#art15 Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário A base de cálculo do IPI é fixada pelo art. 47 do CTN, pelo art. 14 da Lei 4.502/64 e como visto anteriormente, pelo art. 190 do Decreto 7212/10. Dessa forma, referente a base de cálculo do IPI, a legislação determina que a) nos produtos oriundos do exterior, o valor que servir ou que serviria de base de cálculo dos tributos aduaneiros, no momento do desembaraço da importação, acrescido do montante dos referidos tributos e demais encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigidos ou o preço da operação, na saída do estabelecimento imprtador; b) nos produtos nacionais, o preço da operação de que decorre o fato jurídico tributário. Ressalta-se que a alíquota do IPI consta na TIPI, com base no Decreto mais recente referente à tabela, Decreto 10.923/21, sendo utilizada a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), respeitando o princípio da seletividade ou essencialidade, em concordância com o que dispõe o art. 153, § 3º, I, da CF/88. Em uma venda financiada, o comprador obtém recursos de determinada instituição financeira para pagar a aquisição do produto, incidindo IPI somente sobre o valor efetivamente pago ao vendedor do produto, não abarcando os juros pagos aquela instiuição financeira, os quais incidirão o IOF. Dessa forma, entende-se não ser possível a incidência de IPI sobre os juros das vendas financiadas. No que tange aos descontos incondicionais e produtos bonificados, o art. 15 da Lei 7.798/89 determina que tais descontos não poderão ser deduzidos da base de cáculo do imposto. Todavia, trata-se de lei ordinária, por isso, entendo não ser possível essa inclusão na base de cálculo do imposto, vez que a CF/88 reserva competência para alterar base de cálculo à Lei Complementar. Nesse mesmo sentido, tendo em vista a reserva de competência acima citada, dá-se o mesmo tratamento ao frete, apesar de ter disposição expressa quanto a sua inclusão, art.190, §§ 1 e 2º do Decreto 7212/10. Acrescenta-se que o frete não integra o ciclo de produção, de modo que trata-se apenas de transporte do produto. Em contratos do tipo FOB, “livre a bordo”, o comprador assume os riscos e custos em relação ao transporte da mercadoria. Já nos contratos CIF, “custo, seguro e frete”, consiste em acordo comercial no qual o vendedor arca com os custos necessários para transportar a mercadoria ao destino. Com base no entendimento de que o frete não pode ser incluído na base de cálculo do IPI, entende-se irrelevância do tipo desses contratos. Porém, para quem entende na incidência de IPI caso o frete seja repassado ao Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário comprador, nos contratos com a cláusula CIF incidiria o imposto, enquanto que para os contratos com a cláusula FOB não. 6. A empresa Tudex Ltda é uma indústria que produz máquinas e equipamentos. No meio de seu processo de produção, envia seus produtos a outra empresa, Galvanomix Ltda, para que esta efetue a galvanização desses produtos. Feita a galvanização, os produtos voltam à linha de produção da Tudex, onde esta concluirá seu processo de produção e, posteriormente os venderá aos consumidores finais. Pergunta-se: a atividade realizada pela Galvanomix é uma industrialização por encomenda ou prestação de serviço? Incidirá ISS, IPI ou ISS e IPI? Justifique (vide anexos VIII, IX e X). Para verificarmos e extrairmos melhor entendimento se em relação à operação do enunciado da questão incidirá ISS, IPI ou ambos, necessário se faz diferenciarmos quando haverá incidências de tais impostos. Sobre o tema, Roque Antônio Carrazza4 ensina de forma clara a diferença em relação à ocorrência de incidência no que tange aos dois impostos em discussão, vejamos: “Reiteramos que o ISS é uma exação que grava o fato jurídico da prestação do serviço de qualquer natureza (prestação de fazer), ao passo que o IPI incide sobre o ato jurídico que envolve operações com produtos industrializados (prestação de dar). Importa ressaltar que o IPI se distingue do ISS, não pelo esforço humano ou pela dificuldade em realizá-lo, mas pela prática de operações jurídicas que implicam num dar algo corpóreo, que não decorra de encomenda específica do adquirente. Se o esforço humano, ainda que se traduza num bem material, leva a um fazer, em favor do tomador, o tributo devido jamais será o IPI, mas, eventualmente, o ISS.” Nesse sentido, percebe-se que a incidência do IPI se dá sobre operações que envolvam produtos industrializados e não sobre o processo de industrialização em sim e, dessa forma, podendos-e afirmar que a obrigação tributada pelo IPI é uma obrigação de dar. Noutro lado, no ISS tem-se um esforço humano, serviço em favor de outrem, incidindo o imposto sobre uma obrigação de fazer. 4 CARRAZZA, Roque Antonio. Reflexões sobre a obrigação tributária. São Paulo: Noeses. Item 4 do Capítulo 5. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Ainda sim, relembra-se que na regra-matriz de incidência tributária do IPI, quanto ao critério material tem-se “realizar operação jurídica envolvendo produtos industrializados”. Acerca da expressão “operação”, neste caso, subentende-se que deverá ocorrer a transferência de titularidade do produto industrializado. No caso em tela, ocorre mera encomenda para a realização de etapa do processo de industrialização, não compreendendo transferência de titularidade da mercadoria. Necessário destacar que nesta questão específica, não há transferência de titularidade da mercadoria quando ela sai de uma empresa para outra. Entende-se que admitindo a incidência de IPI nessa operação, seria aceitar, erroneamente, alteração no critério material do IPI, passando a ser a industrialização pos si só, conforme se denota pelas Consultas trazidas nos anexos VIII e IX. Nesse diapasão, conclui-se o entendimento que deve haver a tributação somente pelo ISS, no mesmo sentido apresentado pela Consuta apresentada pelo anexo X. 7. Uma entidade religiosa, devidamente cadastrada nos órgãos competentes como tal, para gozo da imunidade tributária (além de cumprir todos os requisitos previstos no artigo 9º e 14, do Código Tributário Nacional), pretende realizar a importação de bens para uso próprio. Todavia, a Receita Federal do Brasil não autorizou a realização do desembaraço aduaneiro diante da exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados (desconsidere a exigência de outros tributos). Na hipótese em questão, a entidade religiosa está sujeita a tal exigência? A imunidade tributária concedida a entidades de natureza religiosa se estende ao IPI incidentes sobre as importações de bens destinados às finalidades essenciais dessas organizações. Tais entidades podem se caracterizar como instituições de assistência social a fim de se beneficiarem da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c, da CF/88. Com base nesse dispositivo, a União, Estados, Distrito Federal e Municípios não podem instituir impostos sobre patrimônio, renda, ou serviços de instituições de assistência social, entre outras entidades. O tema esteve em recente disussão no STF, por meio do julgamento em sede de repercussão geral do RE 630790 (Tema 336), de relatoria do ministro Luis Roberto Barroso, o qual explicou o papel da Suprema Corte em relação as normas Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário imunizantes em relação a essas instituições: “O STF vem ampliando o alcance da norma imunizante, de modo a afastar a cobrança de todos os impostos que possam reduzir o patrimônio ou comprometer a renda dessas instituições”. 8. Nos termos da Constituição Federal (artigo 159, I), cinquenta por cento da receita com do IPI deverá ser entregue pela União, sendo 21,5% ao fundo de participação dos estados e do Distrito Federal e 22,5% ao Fundo de Participação dos Municípios. Como é de conhecimento público, o Governo Federal, por meio do Decreto nº 10.979, de 25 de fevereiro de 2022, reduziu as alíquota de diversos produtos. Considerando que essa redução foi feita pelo Poder Executivo, o que afeta diretamente a receita dos Estados e dos Municípios, esse decreto pode ser declarado inconstitucional em eventual medida ajuizada perante o STF? Em abril deste ano foi publicado o Decreto 11.047/22, o qual promove a consolidação no corte de 25% das alíquotas do IPI. Tal medida se deu para que a redução do governo federal fosse atrelada à nova versão da TIPI, que entrou em vigor em maio de 2022. Sendo assim, o instrumento revogou o Decreto 10.979/22, que inicialmente fez o corte de IPI e estava vinculado à versão anterior da TIPI. Apesar da redução afetar diretamente a receita dos Estados e dos Municípios, enrtende-se que esse prejuízo, por si só, sofrido pelos entes citados, não torna o Decreto editado pelo Governo Federal inconstitucional, tendo em vista a competência sobre o IPI ser da União. Forte nesse sentido, o próprio art. 153, IV, § 1º, da própria CF/88 faculta ao Poder Executivo essa liberdade de alteração de alíquotas no que tange aos impostos de competência da União, lógicamente atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei. Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: […] IV - produtos industrializados; […] § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. Todavia, há casos que necessitam de uma observância diferenciada tanto pelo legislador, quanto pelo administrador, como o caso da Zona Franca de Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Manaus, incluisve, a própria CF/88 manteve a importência e sensibiliadade para previsões voltadas a uma zona fiscalmente privilegiada, como se conforma a ZFM. Com redução genérica da alíquota a nível nacional, as empresas situadas na Zona Franca deixa de ter vantagenscompetitivas frente a outras regiões mais industrializadas, permitindo a evasão do setor industrial da região, ante os elevados gastos com a logística e passarão a se deslocar para as cidades que possuem maior concentração de industriais, e facilidade de escoamento da produção. O IPI é um dos principais tributos integrantes do pacote de incentivos fiscais caracterizador da Zona Franca de Manaus, localidade isenta do pagamento desse imposto por força dos arts. 3º e 9º do Decreto-Lei 288/1967. Com base nisso, houve proposta ADI ao STF para discutir sobre o tema. Trata-se da ADI 7153 MC/DF, a qual teve recentemente deferida cautelar para suspender os efeitos da íntegra do Decreto 11.052/22 e dos Decretos 11.047/22, e 11.055/22, apenas no tocante à redução das alíquotas em relação aos produtos produzidos pelas indústrias da Zona Franca de Manaus que possuem o Processo Produtivo Básico, conforme conceito constante do art. 7º, § 8º, b, da Lei 8.387/1991.
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