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331 ENFERMAGEM MÓDULO 1 10 NUTRIÇÃO E DIETÉTICA A alimentação é a base da vida e dela depende a saúde do homem. É da alimentação que se retira os nutrientes necessários ao funcionamento do organismo, ou seja, à vida. Esses nutrientes estão nos alimentos e a química orgânica se encarrega de transformá-los e distribuí-los de maneira que eles sejam úteis ao nosso organismo. Para entendermos melhor o que significa uma alimentação adequada, precisamos conhecer alguns conceitos. 10.1 Nutrição É a ciência que estuda a composição dos alimentos e os mecanismos pelos quais o organismo ingere, assimila e utiliza os nutrientes neles contidos, além de estudar as necessidades nutricionais dos indivíduos, em diferentes estados de saúde e doenças. 10.1.1 Alimentos São substâncias sólidas ou líquidas que visam promover o crescimento e a produção de energia necessária para as diversas funções do organismo. 10.1.2 Classificação dos alimentos Os alimentos podem ser classificados de acordo com a sua origem, função, estado físico ou temperatura. Quanto à origem: • Animal • Vegetal • Mineral Quanto à função predominante: • Energéticos: carboidratos e gorduras • Construtores (plásticos): proteínas • Reguladores: vitaminas, sais minerais, fibras e água Quanto ao estado físico: • Sólido • Liquido • Pastoso 332 MÓDULO 1 ENFERMAGEM Quanto à temperatura: • Quente • Frio • Morno 10.1.3 Nutrientes São substâncias químicas que estão presentes nos alimentos, responsáveis pela manutenção de todas as reações que ocorrem no organismo. São classificados em macro nutrientes e micronutrientes. Macro nutrientes - São nutrientes necessários ao organismo diariamente e em grandes quantidades. Constituem a maior parte da dieta. Fornecem energia e componentes fundamentais para o crescimento e manutenção do corpo. Fazem parte deste grupo carboidratos, proteínas e gorduras. A unidade de medida é o grama. O equilíbrio alimentar depende da proporção ideal entre eles. A água também é considerada um macro nutriente. Micronutrientes - São nutrientes necessários para a manutenção do organismo, embora sejam requeridos em pequenas quantidades, de miligramas a microgramas. Fazem parte deste grupo as vitaminas e os minerais. São nutrientes essenciais e devem estar presentes na alimentação diariamente. O déficit pode provocar doenças ou disfunções e o excesso, intoxicações. Por isso, a dieta deve ser sempre equilibrada e variada. 10.2 Leis da Alimentação As Leis da Alimentação foram definidas em 1937 por Pedro Escudeiro, médico argentino considerado o fundador do campo da Nutrição na América Latina e, ainda hoje, são consideradas como a base de uma alimentação saudável para qualquer indivíduo. 10.2.1 Lei da Quantidade A quantidade de alimentos deve ser suficiente para cobrir as exigências calóricas do organismo e manter em equilíbrio o seu balanço. Cada indivíduo necessita de quantidades específicas para manter suas funções orgânicas e atividades diárias (ex.: um indivíduo sedentário deve consumir menos calorias que um indivíduo ativo). 10.2.2 Lei da Qualidade O cardápio alimentar deve ser completo para oferecer ao organismo, que é uma unidade indivisível, todas as substâncias que o integram. A variedade de alimentos fornece todos os nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo. Quanto mais coloridas 333 ENFERMAGEM MÓDULO 1 forem as suas refeições, mais diversidade de nutrientes você estará ingerindo (ex.: dietas de emagrecimento que cortam nutrientes essenciais são perigosas a saúde). 10.2.3 Lei da Harmonia A quantidade dos diversos nutrientes que integram a alimentação deve guardar entre si uma relação proporcional. O organismo aproveita corretamente os nutrientes quando estes se encontram em proporções adequadas. Assim, é importante haver um equilíbrio entre eles, pois as substâncias não agem isoladamente, mas em conjunto. (ex.: o consumo diário dos alimentos deve ser distribuído da seguinte forma: carboidratos 50 a 60%; proteínas 10 a 15%; lipídios 25 a 30%.). 10.2.4 Lei da Adequação A finalidade da alimentação está subordinada à sua adequação ao organismo. O estado fisiológico (gestação, lactação), hábitos alimentares, condições socioeconômicas (acesso aos alimentos), alterações patológicas (presença de doenças) e os ciclos da vida (crianças, adolescentes, adultos e idosos) fazem com que o organismo tenha necessidades nutricionais diferenciadas, dependendo da situação em que ele se encontra. Portanto a alimentação deve ser quantitativamente suficiente, qualitativamente completa, além de harmoniosa em seus componentes e adequada à sua finalidade e a quem se destina. 10.3 Alimentação Saudável É aquela na qual o fornecimento de nutrientes deve ser adequado para a manutenção, reparação e crescimento dos tecidos. Deve atender as leis da alimentação e estar de acordo com a pirâmide alimentar. A Pirâmide Alimentar é um dos instrumentos utilizados no processo de Educação Nutricional que tem como objetivo orientar as pessoas para uma dieta mais saudável. É um guia alimentar geral que demonstra como deve ser a alimentação diária para uma população saudável, acima de 2 anos de idade. Cada parte da pirâmide representa um grupo de alimentos e o número de porções recomendadas diariamente. Na alimentação diária devemos incluir sempre todos os grupos recomendados para garantir os nutrientes que o nosso organismo necessita. Os alimentos que precisam ser consumidos numa quantidade maior estão na base da pirâmide e os que precisam ser consumidos em menor quantidade estão no topo da pirâmide. Para sabermos o número correto de porções diárias a serem ingeridas de cada grupo de alimentos, é necessário observar as calorias diárias que cada indivíduo necessita. Portanto, é necessário que o profissional da área de nutrição planeje o programa alimentar, pois este varia conforme sexo, peso, idade, altura e necessidades individuais. Em média, a maioria dos 334 MÓDULO 1 ENFERMAGEM indivíduos necessita de, pelo menos, um número mínimo de porções dentro das variações recomendadas. Veja a seguir as porções recomendadas para cada grupo da pirâmide: Figura 1 – Pirâmide alimentar Fonte: Fillip,ST (1999), adaptada por Thais Arraes (2016). Na base da pirâmide, encontramos os alimentos ricos em carboidratos como massas, pães, cereais e arroz. Por estarem no maior grupo, devem ser consumidos em maiores quantidades durante o dia. Em seguida, encontramos o grupo das frutas, verduras e legumes que fornecem vitaminas, minerais e fibras para o nosso corpo. No terceiro nível da pirâmide, estão os alimentos de fontes de proteínas e minerais como carnes, leguminosas, leite e derivados. No topo da pirâmide estão representados os alimentos que devem ser consumidos com moderação, pois além de calóricos, podem levar 335 ENFERMAGEM MÓDULO 1 a obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e outras enfermidades. Neste grupo estão os doces, açúcares, óleos e gorduras. Quadro 1 – Diferença entre light e diet 10.4 Metabolismo e Nutrientes Entende-se por metabolismo o conjunto de reações químicas que ocorrem em todas as células do organismo. É expresso como velocidade de liberação de calor. 10.4.1 Fases do metabolismo São biotransformações de substâncias químicas que ocorrem durante o metabolismo. Anabolismo (formação de compostos) Catabolismo (quebra de compostos) Entrada = saída: Equilíbrio Fonte: Elaborada pelo autor (2015) Produto LIGHT e DIET: como reconhecer a diferença? Existem muitas dúvidas em torno de alimentos light e diet, sendo que poucas pessoas sabem realmente diferenciá-los. De forma resumida,nos alimentos diet ocorre a eliminação de um ou mais ingredientes da fórmula original (exemplo: açúcares, gorduras, sódio, proteínas, etc.). Portanto, os alimentos diet são indicados para pessoas que tenham restrição de consumo de algum ingrediente, como os diabéticos que não podem ingerir açúcar, e os hipertensos que não devem consumir muito sal. Já nos alimentos light, ao invés da eliminação do ingrediente, deve haver uma redução mínima de 25%. Porém, isso não significa que um alimento light tenha mais calorias que o diet, já que depende de qual substância teve sua quantidade reduzida. 336 MÓDULO 1 ENFERMAGEM Entrada > saída: Balanço positivo Ex: crescimento Entrada < saída: Balanço negativo Ex: envelhecimento 10.4.2 Energia É a capacidade de realizar trabalho. Os seres vivos precisam de energia para sobreviver, para respirar, se mexer, bombear sangue etc. e retiram essa energia do alimento. A energia é fornecida ao organismo pela quebra das ligações químicas que existem nos alimentos. Essa energia é utilizada de 3 formas distintas: Energia Cinética: trabalho muscular; Energia Elétrica: atividade cerebral e nervosa; Energia Química: síntese de tecidos corpóreos. 10.5 Caloria A caloria é uma unidade de energia. Mais especificamente, uma caloria é a quantidade de energia ou calor necessários para elevar em 1°C a temperatura de 1 grama de água. Uma caloria corresponde a 4,184 joules, uma unidade comum de energia usada em física. 10.5.1 Valor Energético dos Alimentos O número de calorias em um alimento é uma medida da energia potencial que ele possui, expressa em Kcal/g. Um grama de carboidratos contém 4 calorias, um grama de proteína contém 4 calorias e um grama de gordura contém 9 calorias. Veja na ilustração a seguir uma comparação da energia produzida por alimentos. Figura 2 - Valor Energético dos alimentos 337 Fonte: Elaborada pelo autor (2015) 10.5.2 Metabolismo Basal (MB) Quantas calorias nossas células precisam para funcionar bem? Esse número varia de pessoa para pessoa de acordo com o tamanho e composição corporal, sexo, idade, sono, atividade física, gestação, hormônios, doenças e estado nutricional. A taxa metabólica basal (TMB) é a quantidade mínima de energia que o corpo necessita em repouso e estado de jejum para manter suas funções vitais. Isso equivale de 60 a 70% das calorias queimadas em um dia e inclui a energia necessária para manter o coração batendo, os pulmões respirando, os rins funcionando e a temperatura do corpo estabilizada. Existem várias maneiras de se determinar a Taxa Metabólica Basal (TMB), sendo o uso de fórmulas a maneira mais comum. A partir do cálculo da TMB junto com fatores de atividade física é possível determinar o Gasto Energético Total (GET) de uma pessoa e estimar o Valor Energético Total (VET) que deve ser consumido diariamente. Quadro 2 – Calorias, gordura e exercício ENFERMAGEM MÓDULO 1 CALORIAS, GORDURA E EXERCÍCIO O que acontece se você ingere mais ou menos calorias do que o que o seu corpo queima? Você pode ganhar ou perder gordura, respectivamente. Um acúmulo de 3.500 calorias extras é armazenado pelo seu corpo como 454 gramas de gordura. A gordura é a forma 338 MÓDULO 1 ENFERMAGEM que o organismo tem de guardar energia para o futuro. Se, por outro lado, você queimar 3.500 calorias a mais do que você come, seja por fazer mais exercícios ou comer menos, seu corpo converte 454 gramas de sua gordura armazenada em energia para suprir o déficit. Algo interessante sobre os exercícios é que eles aumentam sua taxa metabólica basal, não apenas enquanto você está suando a camiseta na esteira. O metabolismo precisa de um tempo para voltar ao seu ritmo normal. Ele continua a funcionar em um nível mais alto; seu corpo queima um número maior de calorias por cerca de duas horas após você ter parado de se exercitar. Muitas pessoas se perguntam se a origem das calorias tem alguma importância. Basicamente falando, se comemos exatamente o número de calorias que queimamos e se estamos falando apenas de peso, a resposta é não: uma caloria é uma caloria. Uma caloria de proteína não é diferente de uma caloria de gordura, são simplesmente unidades de energia. Desde que você queime o que você come, você manterá seu peso; e desde que você queime mais do que você come, você perderá peso. Mas, se estivermos falando de nutrição, com certeza importa de onde as calorias vêm. Os carboidratos e as proteínas são fontes mais saudáveis de calorias do que as gorduras. Embora nosso corpo precise de certa quantidade de gordura para funcionar adequadamente, um fornecimento adequado de gordura permite que seu corpo absorva as vitaminas que você ingere; excesso de gordura pode causar graves consequências para a saúde. Fonte: Elaborado pelo autor (2015) 10.6 Carboidratos Também chamados glicídios, hidratos de carbono ou sacarídeos, são compostos orgânicos constituídos de carbono, hidrogênio e oxigênio (CnH2nOn). Constituem a principal fonte de energia da dieta. São combustíveis, pois produzem calor e energia para manter nosso corpo em funcionamento. A ingestão insuficiente desse macronutriente traz prejuízos ao sistema nervoso central e outros. 10.6.1 Classificação dos carboidratos Os carboidratos são classificados em monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos. 10.6.1.1 Monossacarídeos São as unidades básicas dos carboidratos. Constituem fonte prioritária de energia para os seres vivos. São raramente encontrados livres na natureza, mas estão em formas de dissacarídeos e polissacarídeos. São os açúcares mais simples. 339 ENFERMAGEM MÓDULO 1 Glicose - É a forma de açúcar encontrada na corrente sanguínea, proveniente da quebra dos carboidratos complexos no processo de digestão. A glicose é oxidada nas células para fornecer a energia que é armazenada no fígado e músculos na forma de glicogênio. É a única fonte de energia do sistema nervoso central. É encontrada nas frutas, no açúcar, no xarope de milho, em certas raízes e no mel. Frutose - É o açúcar das frutas, mais doce de todos os monossacarídeos. Sua doçura varia conforme a fruta amadurece, ela se torna mais doce porque a sacarose se transforma em glicose e frutose. É encontrado nas frutas e mel. Galactose - É o açúcar do leite. Não é encontrado livre na natureza. Combina-se com a glicose para formar lactose. É obtida através da hidrólise (quebra) da lactose durante o processo de digestão. Está presente no leite e em outros produtos lácteos. 10.6.1.2 Dissacarídeos São açúcares simples compostos de dois monossacarídeos ligados. Para que sejam absorvidos é necessário que sejam hidrolisados e transformados em monossacarídeos. Os principais são: Sacarose = Glicose + Frutose - É o açúcar comum de mesa. Provém dos vegetais e é encontrado no açúcar de cana, da beterraba, da uva e no mel. Maltose = Glicose + Glicose - É o açúcar do malte. Não é encontrado livre na natureza. É obtido através os processos de digestão por enzimas que quebram as moléculas grandes de amido em fragmentos de dissacarídeos, os quais são convertidos em duas moléculas de glicose para facilitar a absorção. É obtida pela indústria através da fermentação de cereais em germinação, tais como a cevada, produzindo etanol (álcool) e dióxido de carbono. Lactose = Glicose + Galactose - É o açúcar do leite, produzido exclusivamente nas glândulas mamárias. É formada pelos mamíferos através da glicose para suprir o componente carboidrato do leite durante a lactação. É o menos doce dos dissacarídeos. O leite humano contém de 6-8% e, o de vaca, de 4-6%. 10.6.1.3 Polissacarídeos São uniões de várias unidades de glicose, diferindo apenas no tipo de ligação. Os polissacarídeos são menos solúveis e mais estáveis que osaçúcares mais simples. São conhecidos como carboidratos complexos. Amido - É a reserva energética dos vegetais. Encontrado em grãos, raízes, vegetais e legumes. É a principal fonte de carboidrato da dieta. 340 MÓDULO 1 ENFERMAGEM Glicogênio - É a forma de armazenamento dos carboidratos nos seres humanos e nos animais, encontrado no fígado e nos músculos. O glicogênio é importante no metabolismo, pois ajuda a manter níveis de açúcar normais durante períodos de jejum, como durante o sono e é combustível imediato para contrações musculares. Celulose - É o polissacarídeo constituinte da estrutura celular dos vegetais. A celulose não sofre ação das enzimas digestivas de humanos, com isso não é digerida e torna-se uma fonte importante de fibras da dieta. A celulose encontrase apenas em vegetais: frutas, hortaliças, legumes, grãos, nozes e sementes. 10.4.8 Funções dos carboidratos O carboidrato é a principal fonte de energia do corpo e deve ser suprido regularmente e em intervalos frequentes, para satisfazer as necessidades energéticas do organismo. Cada 1 grama de carboidratos fornece 4 Kcal. Os carboidratos exercem várias funções. Função anticatabólica - Regulam o metabolismo proteico, poupando proteínas. Uma quantidade suficiente de carboidratos impede que as proteínas sejam utilizadas para a produção de energia, mantendo-se em sua função de construção de tecidos. Função anticetogênica - A quantidade de carboidratos da dieta determina como as gorduras serão utilizadas para suprir uma fonte de energia imediata. Se não houver glicose disponível para a utilização das células (jejum ou dietas restritivas), os lipídios serão oxidados, formando uma quantidade excessiva de cetonas que poderão causar uma acidose metabólica, podendo levar ao coma e a morte. Função estrutural - Nas membranas plasmáticas das células. Necessários para o funcionamento normal do sistema nervoso central - O cérebro não armazena glicose e dessa maneira necessita de um suprimento de glicose sanguínea. A ausência pode causar danos irreversíveis para o cérebro. Regulação do trânsito intestinal - A celulose e outros carboidratos indigeríveis auxiliam na eliminação do bolo fecal. Estimulam os movimentos peristálticos do trato gastrointestinal e absorvem água para dar massa ao conteúdo intestinal. 10.6.2 Digestão, Absorção e Metabolismo A digestão dos carboidratos inicia-se na boca. A mastigação fraciona o alimento e mistura-o com a saliva. A enzima amilase salivar ou ptialina é ativada e começa a ser secretada pelas glândulas salivares, iniciando a degradação do amido em maltose. No estômago, o pH ácido bloqueia a atuação as amilase impedindo sua ação. No entanto, até que o alimento se misture completamente com o suco gástrico, 30% do amido foi degradado em maltose. No duodeno, a enzima amilase pancreática, produzida pelo 341 ENFERMAGEM MÓDULO 1 pâncreas, completa a digestão do amido em maltose. Já no intestino delgado, onde se faz mais intensamente a digestão dos carboidratos, as células intestinais secretam as enzimas maltase, frutase e lactase, que degradam os dissacarídeos em glicose, frutose e galactose para serem absorvidos e levados para a corrente sanguínea. Frutose e galactose são convertidas em glicose e a glicose restante é convertida a glicogênio para reserva. O glicogênio é constantemente reconvertido a glicose de acordo com as necessidades de cada organismo. Quando ingerido em excesso, a glicose é convertida e armazenada sob a forma de gordura. As necessidades diárias situam-se em torno de 6 a 7g por quilo de peso por dia. Em relação ao valor calórico total da dieta, cerca de 50 a 60% devem ser procedentes de carboidratos. 10.6.3 Fontes Alimentares dos carboidratos Cereais (arroz, milho, aveia, trigo, fubá), raízes e tubérculos (inhame, cará, batatas, macaxeira), farinhas (milho, mandioca), massas (macarrão, pão, bolachas, biscoitos), açúcares (mel, melado de cana, açúcar, doces, geleias), legumes, verduras, hortaliças, frutas, leite. Quadro 3 - Adoçantes Fonte: Elaborado pelo autor (2015) 10.7 Proteínas ADOÇANTES EM EXCESSO PODEM FAZER MAL A SAÚDE Os adoçantes são substitutos do açúcar, com o objetivo de prevenir doenças, emagrecer e reduzir os níveis de glicose no sangue. O grande problema de sua utilização é que são consumidos sem nenhuma restrição. O consumo em excesso pode ocasionar alguns efeitos adversos na saúde. Existem vários tipos de substâncias que compõem os adoçantes, entre elas podemos destacar a sacarina e o aspartame. Pesquisadores alertam para o perigo no uso da sacarina, uma vez que esta pode estar relacionada com o surgimento de câncer de bexiga em ratos. Já o aspartame pode estar associado ao surgimento de doenças como Mal de Alzheimer e doenças de Parkinson. Ainda pode-se relacionar o uso de adoçantes ao surgimento de câncer. Pesquisas demonstram que o uso de adoçantes pode mascarar a quantidade real de calorias ingeridas pelo corpo, dessa forma o organismo passa a associar o sabor doce com uma baixa ingestão de calorias. Consequentemente, o efeito emagrecedor dos adoçantes pode ser revertido em um ganho de peso. Porém, devese destacar a importância dos adoçantes para diabéticos. 342 MÓDULO 1 ENFERMAGEM São as moléculas orgânicas mais abundantes e importantes nas células e constituem cerca de 70% do peso seco dos tecidos animais. São componentes estruturais fundamentais de todas as células do organismo. As proteínas são formadas por aminoácidos unidos entre si por ligações peptídicas; têm na sua composição carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, podendo também conter enxofre, fósforo e ferro. 10.7.1 Aminoácidos São as unidades fundamentais das proteínas. Todas as proteínas são formadas a partir da ligação em sequência de apenas 20 aminoácidos, mas existem outros. Em relação à necessidade na dieta, os aminoácidos são classificados em: Aminoácidos essenciais - São aqueles que o organismo não é capaz de produzir e por isso devem ser fornecidos pela alimentação. Ex: valina, lisina, treonina, triptofano, fenilalanina, metionina etc. Aminoácidos não-essenciais - São aqueles que o organismo sintetiza a partir dos aminoácidos essenciais. São eles: alanina, ácido aspártico, ácido glutâmico, cistina, glicina, hidroxiprolina, prolina, serina, tirosina etc. Aminoácidos condicionalmente essenciais - São aqueles que em certas condições fisiológicas ou patológicas o organismo não é capaz de produzir, sendo necessário que sejam fornecidos pela dieta. Exemplo: A histidina e a arginina são essenciais para crianças até 1 ano de vida. 10.7.2 Classificação das Proteínas Quanto à constituição: Proteínas Simples - Constituídas apenas por aminoácidos. Exemplo: albumina, globulina, colágeno etc. Proteínas Conjugadas - Constituídas por aminoácidos mais um radical não proteico, denominado grupo prostético. Exemplo: fosfoproteínas, lipoproteínas, glicoproteínas, etc. Proteínas Derivadas - Formam-se a partir de outras por desnaturação ou hidrólise. Exemplo: proteoses e peptonas, formadas durante a digestão. Quanto à qualidade: Proteínas de alto valor biológico (AVB) - Possuem em sua composição aminoácidos essenciais em proporções adequadas. É uma proteína completa. Ex.: proteínas da carne, peixe, aves e ovo. Proteínas de baixo valor biológico (BVB) - Não possuem em sua composição aminoácidos essenciais em proporções adequadas. É uma proteína incompleta. Ex.: 343 ENFERMAGEM MÓDULO 1 cereais integrais e leguminosas (feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico, etc.) Proteínas de referência - Possuem todos os aminoácidos essenciais em maior quantidade. Ex.: ovo, leite humano e leite de vaca. 10.7.3 Funções das proteínas Estrutural - Participam da síntese e estrutura dos tecidos(crescimento, desenvolvimento, renovação e reparação). Fornecimento de aminoácidos - Para regulação de processos metabólicos (anabolismo e catabolismo). Compõem as enzimas, hormônios, anticorpos e neurotransmissores. Compõem os fatores de coagulação sanguínea. Exemplo: fibrinogênio. Transportam substâncias pelo plasma. Exemplo: hemoglobina, albumina. Mantém o equilíbrio acidobásico do sangue e do tecido e as relações osmóticas entre os vários fluidos corpóreos. Contribuem na composição de diversos fluídos e secreções corpóreas essenciais, como leite, esperma e muco. A maior parte da informação genética é expressa pelas proteínas. Fonte secundária de energia: 1g de proteína fornece 4 kcal. 10.7.4 Balanço Nitrogenado É a diferença de nitrogênio (das proteínas) que é ingerido e a quantidade que é excretada. Balanço nitrogenado equilibrado - Quando a quantidade de nitrogênio ingerido é igual a excretado. Exemplo: adultos sadios que não estão perdendo nem aumentando sua massa magra (músculos). Balanço nitrogenado negativo - Quando a quantidade de nitrogênio ingerido é menor que a excretada. Exemplo: estado de jejum, dieta pobre em proteínas, dieta restritiva, doenças altamente catabólicas, como câncer e AIDS etc. Balanço nitrogenado positivo - Quando a quantidade de nitrogênio ingerido é maior que a excretada. Exemplo: crianças (fase de crescimento), gestantes, treino de musculação com o objetivo de hipertrofia muscular etc. 10.7.5 Digestão, Absorção e Metabolismo A digestão das proteínas inicia no estômago. O ácido clorídrico presente no suco gástrico desnatura as proteínas (destrói as ligações de hidrogênio da estrutura química). Com isso, as cadeias proteolíticas perdem a forma e ficam mais acessíveis ao ataque das enzimas. A enzima pepsina transforma as proteínas em moléculas menores, hidrolisando as ligações peptídicas. 344 MÓDULO No intestino delgado as proteínas sofrem a ação das enzimas produzidas pelo pâncreas (tripsina, quimotripsina, elastase e carboxipolipeptidase), resultando em peptídeos e aminoácidos, que absorvidos para a corrente sanguínea e transportados ao fígado através da veia porta, onde são metabolizados. 10.7.6 Necessidades Diárias e Recomendações As necessidades diárias situam-se em torno de 0,8 a 1 grama por quilo de peso, mas esse valor é variável dependendo da condição do indivíduo. Em relação à contribuição total das proteínas na ingestão calórica, recomenda-se cerca de 10 a 15%. 10.7.7 Fontes Alimentares Origem animal - Carnes (mamíferos, aves, pescados etc.), vísceras, ovos, leite e derivados. Origem vegetal - Leguminosas secas (feijões, ervilha, lentilha, grão-de-bico etc.) e cereais integrais (milho, trigo etc.). Quadro 4 - Hipertofria muscular HIPERTROFIA MUSCULAR O aumento expressivo da massa muscular só é possível quando existe sinergia entre o treinamento, o descanso, a alimentação e, se necessária, uma suplementação nutricional. Quando algum destes fatores não está adequado, sem dúvida, o processo de hipertrofia muscular será prejudicado. Estima-se que em torno de 60-70% do sucesso em um programa de treinamento dependa da alimentação, portanto, algumas considerações devem ser feitas: Deve-se manter o equilíbrio energético positivo, isto é, ingerir mais calorias do que se gasta. A formação de novas proteínas musculares não depende somente dos aminoácidos da dieta, mas também da ingestão energética; Fracionar as refeições, mantendo a ingestão de proteínas adequada em todas as refeições; Os carboidratos são essenciais para a hipertrofia, pois eles repõem o glicogênio muscular (reserva energética do músculo), poupam as proteínas da função energética e fornecem a energia necessária para a síntese de novas proteínas; Evitar mega-doses: cada pessoa precisa de uma quantidade específica de nutrientes de acordo com as suas necessidades individuais. Ingerir mais alimentos ou suplementos não irá garantir mais músculos; no máximo, mais gorduras ou sobrecarga renal e hepática; Realizar uma refeição em torno de 60 a 90 minutos antes do treinamento (período variável de acordo com cada organismo). Nesse momento, uma refeição com a quantidade adequada de carboidratos aumenta de forma significativa o conteúdo de glicogênio nos músculos e no fígado, constituindo um importante fator para melhorar o desempenho. 1 ENFERMAGEM 345 ENFERMAGEM MÓDULO 1 Fazer uma refeição imediatamente após o treinamento, para auxiliar no processo de recuperação muscular e evitar o catabolismo. Fonte: Elaborada pelo autor (2015) 10.8 Lipídios Também chamados de gorduras, são substâncias orgânicas de origem animal ou vegetal, insolúveis em água, constituídas de carbono, hidrogênio e oxigênio. Cada molécula de gordura possui glicerol (álcool) combinado com ácidos graxos (ácido). Além de fonte de energia, são veículos importantes de nutrientes, como vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) e ácidos graxos essenciais. 10.8.1 Classificação Lipídios simples - São glicerídeos (mono, di ou triglicerídeos) que, quando decompostos, originam ácidos graxos e glicerol. Podem ser encontrados na forma sólida ou líquida. Os sólidos à temperatura ambiente são chamados de gorduras e os líquidos constituem os óleos. Lipídios compostos - São combinações de gorduras e outros componentes, como por exemplo, fósforo, glicídios, nitrogênio e enxofre, dando origem aos fosfolipídeos, glicolipídeos e lipoproteínas. Lipídios derivados - São substâncias produzidas na hidrólise ou decomposição dos lipídios. São os ácidos graxos saturados e insaturados, o glicerol, os esteróis e os hidrocarbonetos. 10.8.2 Ácidos graxos saturados, monoinsaturados, polinsaturados e trans Saturados - Presentes em carnes gordas, banha, manteiga, palma, cacau, laticínios, coco, etc. Deve ser limitada a menos de 10% do total de ingestão calórica. Aumentam o colesterol total e o LDL (“colesterol ruim”). Monoinsaturados - Presentes no azeite de oliva, canola, açaí, abacate e frutas oleaginosas (amendoim, castanhas, etc.). Diminuem o colesterol total e o LDL (“colesterol ruim”). Polinsaturados - São ácidos graxos essenciais, ou seja, o organismo não produz, necessitando serem incorporados na dieta. Gestantes, lactantes, lactentes e bebês prematuros apresentam risco de carência. Estão presentes nos peixes, e nas sementes oleaginosas (castanhas, nozes, avelãs, etc.). Ômega 6 (ácido linoleico) - Óleos vegetais: girassol, soja, milho, canola, açafrão, algodão, gergelim etc., semente de abóbora, milho, soja, linhaça, oliva e leite humano. Reduz o colesterol total, LDL e o HDL. 346 MÓDULO 1 ENFERMAGEM Ômega 3 (ácido linolênico) - Peixes de água salgada e profunda (cavala, salmão, atum, arenque, sardinha, etc.), linhaça, semente de abóbora, gema de ovo, canola e soja. Reduz os triglicerídeos e o colesterol total e tem efeito anti-inflamatório. Trans - Formados a partir do processo de hidrogenação industrial ou natural dos ácidos graxos. Encontram-se nos alimentos industrializados. Alimentos de origem animal (carnes gordas e leites integrais) apresentam pequenas quantidades dessas gorduras. Possuem a finalidade de melhorar a consistência, sabor dos alimentos e aumentar a vida de prateleira de alguns produtos. Fontes alimentares: naturais (carnes, leites e derivados) e industrializados (biscoitos, salgadinhos, frituras, bolos, margarinas, pães, sorvetes, doces etc.). O consumo excessivo aumenta o LDL, diminui o HDL (“colesterol bom”) e aumenta as chances de infarto, obesidade e hipertensão. Quadro 5 - Gordura trans Fonte: Elaborada pelo autor (2015) 10.8.3 Outros Tipos de Gorduras Colesterol: SAIBA MAIS... A gordura trans é chamadade inimiga oculta, porque nem sempre está presente nos rótulos dos alimentos. Deve-se verificar nos ingredientes dos produtos se há a indicação "gordura hidrogenada" ou "parcialmente hidrogenada" ou "óleo vegetal hidrogenado" ou "parcialmente hidrogenado". Se houver, é porque o alimento apresenta gordura trans na sua composição. A Organização Mundial da Saúde recomenda que a ingestão de gordura trans não ultrapasse 2,2g por dia. O ideal é consumir o mínimo possível, dando preferência a alimentos mais naturais e preparações caseiras para a obtenção de uma vida mais saudável. ALIMENTO PORÇÃO PIPOCA MICROONDAS 1 PACOTE GRANDE QUANTIDADE DE TRANS 2,5g SALGADINHO PACOTE 1 PACOTE MÉDIO BOLACHA RECHEADA BATATA FRITA FAST FOOD TORTA MAÇÃ FAST FOOD 2g 1 UNIDADE 1 PACOTE GRANDE 1,7g 6g 1 UNIDADE 1,7g 4,5g NUGGETS DE FRANGO MARGARINA 6 UNIDADES 1 COLHER DE SOPA 2g 347 ENFERMAGEM MÓDULO 1 É um álcool encontrado apenas em tecidos animais, mas alguns esteroides similares são encontrados nas plantas, como o ergosterol. É um componente das membranas celulares e é o principal componente das células cerebrais e nervosas. A maior parte é produzida pelo próprio corpo e o restante é proveniente dos alimentos. Funções: Síntese de ácidos biliares, hormônios adrenocorticais, andrógenos, estrógenos e progesterona; precursor do colecalciferol e vitamina D3; juntamente com outros lipídios torna a pele mais resistente a vários agentes químicos; facilita a absorção de vitaminas lipossolúveis; evita a evaporação da água pelo corpo através da pele. Fontes: Presente na gema do ovo, no fígado, no rim, no cérebro e nas ovas de peixes e em quantidades menores na carne, leite integral, cremes, sorvetes, queijos e manteiga. Fosfolipídios: São lipídios que contém fósforo na sua composição química. Possuem a função de manter a integridade estrutural das células. Exemplos: lecitinas, cefalinas e esfingomielinas. Lipoproteínas: Encontradas nas células, nas membranas das organelas e no sangue. São uma combinação de triglicerídeos, fosfolípideos e colesterol com proteínas, as quais funcionam para transportar lipídeos insolúveis em meio aquoso. Tipos: Quilomícron: transporta a gordura da dieta do intestino até o fígado; VLDL: transporta a gordura produzida no fígado para os tecidos; LDL: transporta o colesterol produzido no fígado para os tecidos; por ter baixa densidade, se deposita nos vasos, obstruindo-os. É o chamado “colesterol ruim”. HDL: capta colesterol livre nos tecidos e no sangue e transporta para o fígado, fazendo o transporte reverso ao LDL. Assim, protege os vasos sanguíneos, pois retira o colesterol acumulado impedindo que se formem placas de gordura. É o chamado “colesterol bom”. 10.8.4 Funções dos lipídios Componentes de estruturas celulares (membranas plasmáticas); Importante fonte energética do organismo: 1 grama fornece 9 Kcal; 348 MÓDULO 1 ENFERMAGEM Função de isolante térmico e físico; Sintetizam hormônios e ácidos biliares; Veículos de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K); Proporcionam mais palatabilidade (sabor) aos alimentos. 10.8.5 Digestão, Absorção e Metabolismo A digestão das gorduras ocorre quase totalmente no intestino delgado, porém, a ação preparatória ocorre antes. No estômago, apenas as gorduras emulsionadas (gordura do leite e da gema do ovo) recebem a ação da lipase gástrica, que quebra as gorduras em ácidos graxos e glicerol. No intestino, a bile faz a emulsificação (divisão em glóbulos pequenos) das gorduras, formando as micelas para favorecer a ação das enzimas. Sob ação da lipase entérica e da lipase pancreática, as gorduras já emulsionadas decompõem-se em ácidos graxos e glicerol e, assim, são absorvidas. Após a absorção, há uma recombinação desses componentes formando gorduras neutras (triglicerídeos), que são levadas ao fígado pelas lipoproteínas para produzir substâncias específicas ou armazenadas no tecido adiposo para ser utilizada para fins energéticos. 10.8.6 Necessidades Diárias e Recomendações Deve-se ingerir um grama de gordura por quilo de peso, no mínimo. Em relação ao valor calórico total da dieta, de 25 a 30% das calorias devem ser provenientes dos lipídios. 10.8.7 Fontes Alimentares Origem animal - Creme de leite, manteiga, toucinho, banha, óleo de fígado de bacalhau, leite integral, queijos, carnes, gema do ovo, etc. Origem vegetal - Margarina, gordura hidrogenada, óleos (milho, soja, oliva, algodão...), azeitona, chocolate, abacate, frutos oleaginosos (amendoim, nozes, castanhas, avelãs), coco, etc. 10.9 Água É o principal componente do organismo. Depois do oxigênio, é o elemento mais importante para manutenção da vida. Pode ser ingerida pura, através de alimentos líquidos ou como componentes de alimentos sólidos. A quantidade de água existente no organismo humano é mantida constante mesmo durante longos períodos da vida. Para isso, é necessário 349 ENFERMAGEM MÓDULO 1 que haja um equilíbrio entre disponibilidade de água e nutrientes adequados na alimentação diária. 10.9.1 Distribuição da água no organismo humano A água constitui 70% do peso corporal: 50% no LIC (líquido intracelular) e 20% no LEC (líquido extracelular - sangue, linfa, líquido cefaloraquidiano, secreções e líquidos intersticiais). A quantidade de água no organismo varia com o sexo, idade, composição corporal etc. 10.9.2 Idade Crianças possuem mais água corpórea do que os adultos, cerca de 80%, e o recémnascido pode chegar a ter mais água ainda. Os idosos possuem menor quantidade de água que os jovens, chegam a ter 40 a 50% de água em seu peso corpóreo. O organismo das crianças é mais vulnerável às variações da água, por isso elas são mais suscetíveis às circunstâncias que levam a desidratação, como diarreia, vômito ou privação da ingestão de líquidos. Os idosos tendem a perder para o exterior soluções isotônicas, além de ingerirem menor quantidade de líquidos. O uso de diuréticos para controle da hipertensão reduz ainda mais a quantidade de água, colocando a pessoa em risco de vida. 10.9.3 Composição corporal A gordura corpórea é nas pessoas sadias a principal variável que influencia o volume do LEC e de sangue. Os magros apresentam relativamente mais LEC, e consequentemente, mais sangue por quilograma de peso do que o obeso. Pessoas obesas podem ter tão pouco quanto 25 a 30% de seu peso corpóreo em água. 10.9.4 Funções Solvente das reações orgânicas: importante para digestão, respiração e excreção; Manutenção da homeostasia; Transporta gases, nutrientes, produtos do metabolismo celular; Lubrificação das articulações, das membranas serosas (pleura, peritônio, pericárdio) e composição da saliva; Manutenção da temperatura corporal; Aumenta o peso fecal ao se combinar com as fibras solúveis, ajudando assim na eliminação das fezes; Hidratação. 10.9.5 Balanço Hídrico 350 MÓDULO 1 ENFERMAGEM Balanço hídrico equilibrado: água eliminada = água ingerida. Balanço hídrico positivo: água eliminada < água ingerida. Balanço hídrico negativo: água eliminada > água ingerida. 10.9.6 Eliminação A eliminação de água é feita através de 4 vias: 1- Rins (urina) - Principal regulador da perda de água. 2- Pulmões (vapor exalado). 3- Intestino (fezes). 4- Pele (transpiração sensível e insensível). Perdas anormais - Vômitos, diarreia, hemorragias, queimaduras e diuréticos. Perda excessiva, sem reposição = desidratação 10.9.7 Fontes Água potável, líquidos em geral (bebidas dietéticas, bebidas gaseificadas, chás, leite, sucos, refrescos, café e chimarrão). 10.9.8 Necessidades e Recomendações A necessidade de ingestão de água para adultos pode ser calculada em torno de 30 a 35mLpor quilograma de peso por dia. Sendo no mínimo 1.500mL por dia ou 1 a 1,5mL por quilocaloria. Além disso, é importante considerar que a necessidade de água varia de acordo com os alimentos que a pessoa ingere, com a temperatura e a umidade do ambiente, com o nível de atividade física e outros fatores. Durante a lactação a necessidade é aumentada. Dar atenção especial as necessidades de águas nas crianças que recebem fórmulas muito ricas em proteínas, para pacientes comatosos, com febre, perdas de urina excessiva, diarreia e para todas as pessoas em ambientes quentes. 10.9.9 Termos Usados na Nutrição Relacionados à Água Água Extracelular - É a água do plasma, linfa, líquido espinhal e secreções. Água Intercelular (Intersticial) - É a água entre e ao redor das células. Água Intracelular - É a água contida dentro da célula. Água Metabólica - É a água derivada do metabolismo do CH, PTN ou LIP. 351 ENFERMAGEM MÓDULO 1 Desidratação - Perda excessiva de água corpórea. Edema - Acúmulo anormal de líquido nos espaços intercelulares teciduais ou nas cavidades corpóreas. Pode ser produzido por insuficiência renal, alteração da dinâmica circulatória (perturbação cardíaca ou vascular) e desnutrição proteica. Intoxicação por Água - Excesso de água aumentando o volume intercelular e a diluição dos fluidos corpóreos. Perda Insensível de Água - É a água perdida com o ar expirado pelos pulmões ou com o suor evaporado pela pele. Perda Sensível de Água - É a água perdida com a urina e as fezes. 10.10 Eletrólitos São substâncias ou compostos que quando dissolvidos em água dissociam-se em íons carregados positiva ou negativamente. Estes podem ser simples sais inorgânicos de sódio, potássio ou magnésio ou complexas moléculas orgânicas. Quadro 6 – Recomendação diária de eletrólitos Sódio Cloro Potássio Recomendação + 800 mg/dia 750 a 2000 mg/dia 1500 – 2000 mg/dia Funções Regula o volume do fluido extracelular e do volume plasmático; ajuda na condução do impulso nervoso e controla a contração muscular. Formação do suco gástrico e equilíbrio ácido-base Manutenção do equilíbrio hídrico, osmótico e ácidobásico, junto com o sódio; importante com o cálcio na regulação da atividade neuromuscular e promove crescimento celular. Fontes Sal comum, alimentos salgados, presunto, carnes conservadas, leite, carnes, ovos, cereais. As frutas contem pouco sódio. Sal de cozinha, alimentos marinhos Carnes frescas, leite, tomate, batata, frutas em geral, feijão, etc. Deficiência Câimbras musculares, confusão mental, anorexia, náuseas, fraqueza, dor de cabeça, apatia Diminui a produção de HCl, câimbras musculares, redução de apetite, apatia mental e falha no crescimento nas crianças Fraqueza muscular, paralisia, irritação do músculo cardíaco e morte. 352 MÓDULO 1 ENFERMAGEM Excesso Hipertensão arterial, redução de líquidos Vômitos, problemas dentários Confusão mental, dormência nas extremidades, respiração fraca, enfraquecimento da ação cardíaca. Absorção Ocorre no intestino, após isso é carregado pelo sangue aos rins, onde é filtrado e retorna ao sangue em quantidades necessárias para manter o nível normal no sangue Intestino Intestino delgado Excreção 90 a 95% pela urina e o restante na transpiração e nas fezes Urina e suor Urina (80 a 90%) e nas fezes(10 a 20%). Regulação Aldosterona Aldosterona. Fonte: Elaborada pelo autor (2015) Obs.: Muitas drogas que são vendidas sem prescrição contêm quantidades significativas de sódio. Exemplo: antiácidos = 500 a 1000 mg/dose. 10.11 Vitaminas São compostos orgânicos que não podem ser sintetizados pelo organismo, sendo essenciais para o bom funcionamento de processos fisiológicos do corpo. Encontram-se em pequenas quantidades na maioria dos alimentos e são extremamente frágeis, podendo ser destruídas pelo calor, ácidos, luz e certos metais. Suas principais propriedades envolvem dois mecanismos importantes: o de coenzima (substância necessária para o funcionamento de certas enzimas que catalisam reações no organismo) e o de antioxidante (substâncias que neutralizam radicais livres). 10.11.1 Classificação As vitaminas podem ser classificadas em lipossolúveis e hidrossolúveis. 10.11.2 Vitaminas Lipossolúveis As lipossolúveis são as vitaminas A, D, E e K, solúveis em gorduras. São encontradas em alimentos essencialmente lipídicos. Necessitam da bile para sua absorção e são transportadas via circulação linfática. Podem ser armazenadas e suas funções são geralmente estruturais. Vitamina A: Funções - Crescimento e desenvolvimento dos tecidos, capacidade antioxidante, 353 ENFERMAGEM MÓDULO 1 funções reprodutivas, integridade dos epitélios e importante para a visão. Carência - Queratinização das membranas de mucosas que revestem o trato respiratório, tubo digestivo e trato urinário, queratinização da pele e do epitélio do olho. Alterações na pele, insônia, acne, pele seca com descamações, diminuição do paladar e apetite, cegueira noturna, úlceras na córnea, perda de apetite, inibição do crescimento, fadiga, anormalidades ósseas e aumenta a incidência de infecções. Excesso - Dores nas articulações, afinamento de ossos longos, perda de cabelo e icterícia. Fontes alimentares - Sob a forma de retinol (pré-formada) no fígado, rim, nata, manteiga, leite integral, gema de ovo, queijo e peixes oleosos. Fontes de carotenos (próvitamina A) são a cenoura, abóbora, batata doce, manga, melão, mamão, pimentão vermelho, brócolis, vegetais verdes folhosos, agrião, espinafre etc. Vitamina D: Funções - Fundamental para a absorção de cálcio e fósforo. Ajuda no crescimento, resistência dos ossos, dos dentes, dos músculos e dos nervos. Carência - Formação anormal dos ossos, raquitismo e osteomalácia. Excesso - Hipercalemia, dor óssea, enfraquecimento e falhas no desenvolvimento e depósito de cálcio no tecido renal. Fontes alimentares - Óleo de fígado de peixes, peixes gordos, gema de ovo, manteiga, levedo de cerveja, leite e derivados etc. É também fabricada na pele principalmente quando há exposição do corpo ao sol. Vitamina E: Funções - Antioxidante. Carência - Anemia hemolítica, distúrbios neurológicos, neuropatia periférica e miopatia esquelética. Excesso - Não existe toxicidade conhecida. Fontes alimentares - Óleos vegetais (milho, oliva e algodão), nozes, amêndoa, avelã, gérmen de trigo, abacate. Vitamina K: 354 MÓDULO 1 ENFERMAGEM Filoquinona é o seu nome químico básico e é encontrado nas plantas. Funções - Atua no processo de coagulação sanguínea, no metabolismo de aminoácidos no fígado e na síntese de proteínas envolvidas com o metabolismo de cálcio no osso. Carência - Tendência a hemorragias. Excesso - Dispnéia e Hiperbilirrubinemia. Fontes alimentares - Vegetais verdes folhosos, fígado, ovos, cenoura, óleos vegetais. Cerca de 50% das necessidades diárias é sintetizada pela flora bacteriana do intestino. 10.11.3 Vitaminas hidrossolúveis As hidrossolúveis são as vitaminas solúveis em água. Fazem parte deste grupo as vitaminas do complexo B e a vitamina C. São conduzidas via circulação sistêmica e excretadas pelas vias urinárias. Em geral, não podem ser armazenadas. As vitaminas do complexo B funcionam principalmente como coenzimas no metabolismo celular. Já a vitamina C é um agente estrutural vital e antioxidante. Vitamina C: Funções - Antioxidante, cicatrizante, crescimento e manutenção dos tecidos corporais, incluindo matriz óssea, cartilagem, colágeno e o tecido conjuntivo. Carência - Pontos hemorrágicos na pele e ossos, capilares fracos, articulações frágeis,dificuldade de cicatrização de feridas e sangramento de gengivas. Excesso - Estudos mostram formação de cálculo renal. Fontes alimentares: Frutas cítricas, tomate, batata inglesa, batata doce, repolho, brócolis e ouro vegetais e frutas amarelas e verdes. Vitaminas do Complexo B: Tiamina (B1): Funções - Está envolvida na liberação de energia dos carboidratos, gorduras e álcool. Carência - Beribéri (dor e paralisia das extremidades, alterações cardiovasculares e edema), anorexia, indigestão, constipação, atonia gástrica, secreção insuficiente de ácido 355 ENFERMAGEM MÓDULO 1 clorídrico, fadiga, apatia geral, enfraquecimento do músculo cardíaco, edema, insuficiência cardíaca e dor crônica no sistema musculoesquelético (fibromialgia). Excesso - Pode interferir na absorção de outras vitaminas do complexo B. Fontes alimentares - Gérmen de trigo, ervilha, levedura, cereais matinais fortificados, amendoim, fígado, batata, carne de porco e boi, fígado, grãos e leguminosas. Riboflavina (B2): Funções - Disponibiliza a energia dos alimentos, crescimento em crianças, restauração e manutenção dos tecidos. Carência - Queilose (rachaduras nos cantos da boca), glossite (edema e vermelhidão da língua), visão turva, fotofobia, descamação da pele e dermatite seborreica. Excesso - Não existe toxicidade conhecida. Fontes alimentares - Iogurte, leite, queijo, fígado, rim, coração, gérmen de trigo, cereais matinais vitaminados, grãos, peixes oleosos, levedura, ovos, siri, amêndoa, semente de abóbora e vegetais. Niacina (B3): Funções - Necessário para a produção de energia nas células. Está envolvida nas ações das enzimas, incluindo o metabolismo dos ácidos graxos, respiração dos tecidos e para expelir toxinas. Carência - Fraqueza, pelagra, anorexia, indigestão, erupções na pele, confusão mental, apatia, desorientação e neurite. Excesso - Não existe toxicidade conhecida. Fontes alimentares - Carnes magras, fígado, peixes oleosos, amendoim, cereais matinais vitaminados, leite, queijo cogumelo, ervilha, vegetais folhosos verdes, ovos, alcachofra, batata e aspargos. Ácido pantotênico (B5): Funções - Transformação de energia de gorduras, proteínas e carboidratos para a produção de substâncias essenciais no corpo, incluindo hormônios e ácidos graxos. Carência - Doenças neurológicas, cefaleia, cãibras e náuseas. 356 MÓDULO 1 ENFERMAGEM Excesso - Não existe toxicidade conhecida. Fontes alimentares - Fígado, rim, gema do ovo, leite, gérmen de trigo, amendoim, nozes, cereais integrais e abacate. As bactérias intestinais sintetizam quantidades consideráveis. Piridoxina (B6): Funções - Desempenha papel no sistema nervoso central. Participa do metabolismo dos lipídios, na estrutura da fosforilase, no transporte de aminoácidos através da membrana celular. Carência - Anomalias do sistema nervoso central, desordens da pele, anemia, irritabilidade e convulsões. Excesso - Ataxia e neuropatia sensorial. Fontes alimentares - Gérmen de trigo, batata, banana, vegetais crucíferos, castanhas, nozes, peixe, abacate e semente de gergelim. Biotina (B8): Funções - Produção de energia dos alimentos, para a síntese de gorduras e para excreção dos resíduos de proteínas. Deficiência - Alterações cutâneas. Excesso - Não existe toxicidade conhecida. Fontes alimentares - Gema de ovo, fígado, rim, coração, tomate, levedura, aveia, feijão, soja, nozes, alcachofra, ervilha e cogumelo. Folato (B9): Funções - Age com coenzima no metabolismo dos carboidratos. Mantém a função do sistema imunológico. Em conjunto com a vitamina B12, está presente na síntese de DNA e RNA e participa na formação e maturação de células do sangue. Deficiência - Anemia megaloblástica, lesões de mucosas, má formação do tubo neural, problemas de crescimento, transtornos gastrointestinais e alterações na morfologia nuclear celular. Excesso - Não existe toxicidade conhecida. 357 ENFERMAGEM MÓDULO 1 Fontes alimentares - Vegetais folhosos verdes, fígado, beterraba, gérmen de trigo, careais matinais vitaminados, nozes, amendoim, grãos e leguminosas. Cobalamina (B12): Funções - Age como coenzima ligada ao metabolismo dos aminoácidos e à formação da porção heme da hemoglobina. Fundamental para a fabricação de DNA e RNA. Formação de células vermelhas do sangue. Carência - Anemia perniciosa, anemia megaloblástica e distúrbios gastrointestinais. Excesso - Não existe toxicidade conhecida. Fontes alimentares - Produtos de origem animal, fígado, rim, carne magra, leite, ovos, queijos e leveduras. 10.12 Minerais São substâncias de origem inorgânica que fazem parte dos tecidos duros do organismo, como ossos e dentes. Também encontrados nos tecidos moles como músculos, células sanguíneas e sistema nervoso. Possuem função reguladora, contribuindo para a função osmótica, equilíbrio acidobásico, estímulos nervosos, ritmo cardíaco e atividade metabólica. 10.12.1 Classificação Macroelementos - Presentes em maior quantidade no organismo: cálcio, magnésio, sódio, potássio e fósforo. Microelementos ou oligoelementos - Ferro, cobre, iodo, manganês, zinco, molibdênio, cromo, selênio e flúor. Cálcio: Funções - Formação de ossos e dentes, coagulação sanguínea, ativação de enzimas, condução de impulsos nervosos e contração muscular. Carência - Retardo do crescimento, dentes e ossos frágeis, raquitismo e osteoporose. Excesso - Calcificação dos ossos e tecidos moles, comprometimento renal e prejudica a absorção do ferro. 358 MÓDULO 1 ENFERMAGEM Fontes alimentares - Leite, iogurte, queijos, peixes, gema do ovo, hortaliças verdes, gergelim e feijão. Magnésio: Funções - Necessário para a atividade normal das enzimas e para o uso de energia. Crescimento de ossos. Fundamental para a função normal do cálcio. Carência - Irritabilidade, função nervosa anormal, perda de apetite, náuseas, vômitos, sonolência e espasmos musculares. Excesso - Problemas respiratórios, pressão baixa, ritmo cardíaco alterado e inibição da calcificação da calcificação óssea. Fontes alimentares - Gérmen de trigo, nozes, damasco, tofu, água de coco, camarão, cereais integrais, soja, acelga, quiabo. Fósforo: Funções - Formação de ossos e dentes, absorção da glicose, metabolismo de proteínas, gorduras e carboidratos. Participa de sistemas enzimáticos. Carência - Dor nos ossos, osteomalácia, miopatias, acidose metabólica, taquicardia e perda de memória. Excesso - Sensação de peso nas pernas, confusão mental, hipertensão, derrame e ataque cardíaco. Fontes alimentares - Leite, peixe, fígado, ovos e feijão. Ferro: Funções - Formação da hemoglobina, oxidação celular e participa de reações enzimáticas. Carência - Anemia hipocrômica e macrocística, glóbulos vermelhos diminuídos, palidez, fraqueza, fadiga, falta de ar e cefaleia. Excesso - Convulsões, náuseas, vômito, hipotensão e paladar metálico. Fontes alimentares - Gema de ovo, fígado, carnes e vísceras de cor vermelha, leguminosas, vegetais verdes e folhosos. Iodo: 359 ENFERMAGEM MÓDULO 1 Funções - Necessário para a produção do hormônio da tireoide. Envolvido na taxa de metabolismo, crescimento e reprodução. Carência - Perturbações no crescimento, desenvolvimento sexual e intelectual, levando ao cretinismo. Excesso - Suprimir a atividade tireoidiana. Fontes alimentares - Frutos do mar, como peixes, moluscos e crustáceos, leite, verduras folhosas e frutas. Zinco: Funções - Necessário para a ação de enzimas, saúde do sistema imunológico, maturação sexual masculina, crescimento e formação de tecidos. Carência - Retardo do crescimento, atraso na maturação sexual, lesões na pele, alopecia e imunodeficiências.Excesso - Anemia, febre e distúrbios do sistema nervoso central. Fontes alimentares - Pão integral, frutos do mar, feijão, carne magra, semente abóbora, nozes, leite, iogurte e queijo. Selênio: Funções - Parte vital do sistema antioxidante do corpo. Pode ajudar a prevenir o câncer. Carência - Mialgia, degeneração pancreática, sensibilidade muscular e maior suscetibilidade ao câncer. Excesso - Fadiga muscular, unhas fracas, congestão vascular, dermatite, alteração do esmalte dos dentes e vômito. Fontes alimentares - Cereais integrais, castanha do Pará, frutos do mar, semente de girassol, carne e algas. Flúor: Funções - Resistência dos dentes. 360 MÓDULO 1 ENFERMAGEM Carência - Cáries dentárias. Excesso - Lascas nos dentes. Fontes alimentares - Água potável e alimentos processados que foram preparados ou reconstituídos com água fluoretada. 10.13 Sítio de Absorção dos Nutrientes A absorção da maior parte dos nutrientes ocorre no intestino delgado, enquanto a absorção de água se dá principalmente no intestino grosso. No entanto, a digestão e absorção dos nutrientes presentes nos alimentos acontece ao longo de todo o tubo gastrointestinal, que é formado pela boca, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. Antes de serem absorvidos, os alimentos precisam ser quebrados em partes menores para que possa ocorrer a absorção dos seus nutrientes. Outros órgãos que também participam do processo de digestão são pâncreas, fígado e vesícula biliar. O intestino delgado é onde ocorre a maior parte da digestão e da absorção dos nutrientes. Ele tem de 3 a 4 metros de comprimento e está dividido em 3 partes: duodeno, jejuno e íleo onde são absorvidos os diversos tipos de nutrientes. Duodeno - Aminoácidos, ácidos graxos, monoglicerídeos, monossacarídeos, lactose, Vit. A e B, glicerol e cálcio. Jejuno - Glicose, galactose, Vitamina C, aminoácidos, glicerol, ácidos graxos, monoglicerídeos, ácido fólico, biotina, ácido pantotênico, zinco, potássio, e cobre. Jejuno Proximal - Vitamina A e B, ácido fólico, ferro, lactose. Jejuno Distal - Dipeptídeos, maltose, trealose e sacarose. Íleo - Cloreto, sódio. Íleo Proximal - Potássio, maltose, trealose e sacarose. Íleo Distal - vitamina B12 (fator intrínseco), sais biliares. Cólon - Água e eletrólitos. 10.14 Alimentos Alimentos são todas as substâncias e proteínas utilizadas pelos seres vivos como fontes de matéria e energia para poderem realizar as suas funções vitais. 10.14.1 Frutas Produto da frutificação de uma planta. Possui aroma característico, é rica em suco, podendo ser consumida crua e geralmente possui sabor doce. 361 ENFERMAGEM MÓDULO 1 São fontes de vitaminas, minerais, carboidratos (glicose, frutose, sacarose, amido) e fibras. Contêm baixos valores de proteínas e gorduras. Dentre as vitaminas, são encontrados principalmente a vitamina C e o caroteno e, dentre os minerais, os principais é o potássio e ferro. As frutas podem ser consumidas em diferentes formas: in natura, em calda, compota, carameladas, cristalizadas. Do ponto de vista alimentar as frutas classificam-se em: cítricas, não cítricas e oleaginosas. 10.14.2 Hortaliças São plantas ou partes de plantas que servem para o consumo humano, como folhas, flores, frutos, caules, sementes, tubérculos e raízes. São fontes de vitaminas, minerais e fibras. Destaca-se a vitamina C, vitaminas do complexo B, vitamina A (betacaroteno), presente nos vegetais amarelo e alaranjados. Nos minerais, destacam-se o ferro, cálcio, potássio e magnésio. Fibras solúveis e insolúveis também são encontradas nas hortaliças. 10.14.2.1 Como utilizar frutas e hortaliças? As frutas e verduras perdem valor nutritivo com muita facilidade. Para aproveitar ao máximo os nutrientes desses alimentos, siga estas recomendações: Devem ser consumidas quando bem frescas. Com o amadurecimento e o tempo de armazenamento, os nutrientes vão se perdendo. Prefira as frutas e verduras da época, além de mais econômicas, conservam melhor os nutrientes. O ideal é que as frutas e hortaliças sejam consumidas inteiras ou em pedaços. Quando são batidas no liquidificador, algumas vitaminas são perdidas. Ao preparar verduras, mantenha a tampa da panela fechada. A melhor forma de preparo é o vapor pois conserva vitaminas e sais minerais. Não cozinhe demais os alimentos, principalmente os vegetais. Tente aproveitar a água que sobrou do cozimento na preparação de outro prato, como arroz, sopas, cozidos ou sucos. Não submeta nenhum alimento a temperaturas altas demais. Prefira fogo brando. Aproveite cascas, talos e folhas para preparação de pratos. 10.14.3 Leguminosas São grãos contidos em vagens ricas em tecido fibroso. Algumas espécies podem ser consumidas quando ainda verdes (ervilhas e vagens). 362 MÓDULO 1 ENFERMAGEM São fontes de proteínas vegetais, vitaminas do complexo B, minerais como potássio, fósforo, magnésio, zinco, ferro, cálcio e pouca quantidade de colesterol e sódio. Possuem fibras solúveis e insolúveis, que colaboram para um bom trabalho intestinal e contribuem para o controle dos níveis de colesterol no sangue. São os feijões, lentinha, grão-de-bico, ervilha, soja, amendoim, fava etc. 10.14.4 Cereais São as sementes ou grãos comestíveis das gramíneas. Possuem carboidratos, proteínas, gorduras, sais minerais, vitaminas, enzimas e outras substâncias. Os integrais são ricos em fibras. Os cereais são deficientes nos aminoácidos lisina, treonina e triptofano. Essa deficiência é compensada combinando-se com leguminosas Ex.: arroz com feijão, resultando numa mistura de melhor valor proteico. As vitaminas encontradas nos cereais são as do complexo B, principalmente a B1, no germe e a B2 mais distribuída no grão. A vitamina E, é encontrada principalmente no germe. Os principais cereais são: arroz, milho, trigo, aveia, centeio, sorgo, cevada. 10.14.5 Carnes Conjunto de tecidos de cor e consistência que recobre o esqueleto de animais. O corte de carne apresenta tecido muscular, tecido conjuntivo, gorduras e às vezes ossos. Os órgãos internos são chamados de miúdos, também podem ser classificados como carnes. As carnes são fontes de proteínas de alto valor biológico, gorduras, vitaminas do complexo B, vitamina A e minerais como ferro, zinco, cálcio, fósforo, magnésio, sódio e potássio. 10.14.5.1 Carne bovina A classificação é determinada conforme a localização na carcaça. O preço varia conforme o corte. O valor nutritivo dos cortes é praticamente o mesmo. A classificação é determinada pela maciez: Categoria especial: contrafilé ou lombo, filé mignon; 1º categoria: coxão mole, coxão duro, patinho, lagarto, alcatra; 2º categoria: paleta, acém, capa de filé, aba de filé, fraldinha, peito; 3º categoria: pescoço, ponta de agulha; Sem categoria: músculo dianteiro, músculo traseiro e cupim. 10.14.5.2 Aves 363 ENFERMAGEM MÓDULO 1 Refere-se a aves domésticas ou de caça, utilizadas na alimentação. Os tipos mais comuns de aves são frango, peru, pato, marreco, ganso, faisão, galinha d’angola, codorna, perdiz, pombo e chester. O frango é a mais comum das aves. Cortes: peito, coxa, sobrecoxa, asa, miúdos, pés, pescoço. 10.14.5.3 Embutidos O sabor dos embutidos varia conforme as carnes que entram em sua composição, os temperos e a quantidade de gordura utilizada. São embutidos: salsicha, linguiça, mortadela, presunto, salame, bacon, paio, toucinho etc. Possuem nitrato e nitrito como conservantes, estes no organismo formam as nitrosaminas que são substâncias potencialmente cancerígenas. 10.14.5.4 Suínos Carne muito nutritiva, fonte de vitaminas A e B, cálcio, ferro e fósforo. Do porco, além da carne, retiram-se subprodutos como toucinho,presunto, miúdos, ossos e uma variedade de embutidos e defumados. Deve-se cozinhar bastante a carne de porco até atingir a temperatura interna de 75ºC e jamais consumi-lo com sangue, devido às parasitoses que pode transmitir caso esteja contaminada. 10.14.6 Ovos Produto do ovário das aves que aloja o germe de um novo animal e as substâncias destinadas a nutrir esse germe durante algum tempo. Compostos de proteínas, glicídios, lipídios, vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais. Para estar apto para o consumo o ovo deve estar uniforme, com a casca íntegra, sem rachaduras e sem sujidades que indiquem a falta de higiene do fornecedor. 10.14.7 Leite É produzido pelas glândulas mamárias das fêmeas mamíferas. Contém nutrientes como carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e sais minerais. O carboidrato do leite é a lactose. 364 MÓDULO 1 ENFERMAGEM Lactoalbuminas, lactoglobulinas e caseína são as proteínas presentes no soro. A gordura do leite é formada principalmente por triglicerídeos com ácidos graxos saturados e insaturados, fosfolipídios e colesterol. O leite contém vitaminas hidrossolúveis (riboflavina) e lipossolúveis (vitaminas A e D). Os minerais presentes são cálcio, magnésio, potássio e sódio. Quadro 7 – Classificação do leite Fonte: Elaborada pelo autor (2015) 10.15 Doenças Transmitidas por Alimentos Alimentos contaminados são aqueles que oferecem perigos à saúde e à integridade física do consumidor. 10.15.1 Perigos Químicos, Físicos e Biológicos Os perigos nos alimentos são contaminações inaceitáveis, que devem ser reduzidas até níveis não prejudiciais à saúde do consumidor. Podem causar injúria ao consumidor por meio de lesão ou enfermidade, de forma imediata ou tardia, por uma única ingestão, ou por ingestão reiterada. Estes perigos podem estar na matéria-prima ou serem identificados no processo de produção. Eles podem ser de natureza biológica, química ou física. 10.15.2 Microrganismos São seres vivos, por isso: Necessitam de substâncias nutritivas; 365 ENFERMAGEM MÓDULO 1 Utilizam para o seu crescimento carboidratos, proteínas, lipídios, minerais, vitaminas e água; Outros fatores que contribuem para o seu crescimento: temperatura dos alimentos, a umidade do ar e o equilíbrio entre oxigênio e o gás carbônico no ar. 10.15.3 Doenças Transmitidas Por Alimentos (DTAs) São as doenças causadas pelo consumo de alimentos contaminados por perigos biológicos (bactérias, vírus, parasitos e fungos). Por exemplo: salmonelose, hepatite A, giardíase, gastroenterite etc. As DTAs acontecem por: Falta de higiene de utensílios, mãos e equipamentos. Cruzamento entre alimentos crus e cozidos (principalmente na arrumação da geladeira). Uso de alimentos contaminados. Exposição prolongada dos alimentos a temperatura inadequada ou cozimento insuficiente (tempo e temperatura). 10.16 Boas Práticas e Higiene Pessoal São práticas de higiene que devem ser obedecidas desde a escolha e compra dos produtos a serem utilizados no preparo do alimento até o momento do consumo. O objetivo das Boas Práticas é evitar a ocorrência de doenças provocadas pelo consumo de alimentos contaminados. Boas práticas envolvem também cuidados na seleção de alimentos. Deve-se evitar: Latas amassadas ou enferrujadas. Latas com rótulo deteriorado. Pacotes ou caixas que não estejam totalmente fechados. Alterações de cor, cheiro ou textura. Produtos fora da temperatura recomendada pelo fabricante. Produtos sem prazo de validade ou já vencidos. Cuidados no armazenamento de alimentos: Retirar embalagens externas. Guardar rapidamente os alimentos refrigerados e congelados. Impedir o contato de alimentos estragados com aqueles em bom estado de conservação. 366 MÓDULO 1 ENFERMAGEM Proteger os alimentos contra poeira, moscas e outros insetos, mantendo-os tampados. Não misturar alimentos frescos com os mais antigos. Manter os alimentos afastados dos produtos de limpeza. Manter o ambiente e equipamentos de conservação limpos e organizados. Na geladeira, manter os alimentos embalados. 10.17 Nutrição na Gestação Gestação é um fenômeno fisiológico que acarreta uma série de transformações no organismo materno. Dura aproximadamente 40 semanas, divide-se em 3 trimestres: 1º trimestre: O desenvolvimento fetal é influenciado principalmente pelo estado nutricional prégestacional importância do planejamento familiar. 2º e 3º trimestres: Os fatores externos passam a ter mais importância: condições ambientais e alimentação da mãe – ingestão de nutrientes, ganho de peso e fator emocional. 10.17.1 Fatores maternos que podem interferir no crescimento do feto Idade. Peso e altura. Condições de saúde e nutrição. Paridade; Fatores ambientais e genéticos. Durante a gestação é fundamental garantir o crescimento e o desenvolvimento do feto e ao mesmo tempo proteger o organismo materno com condições satisfatórias de saúde, tornando-a apta para a lactação. O ganho de peso gestacional é determinado de acordo com o EN pré-gestacional, idade e atividade física da gestante: Eutróficas: 10 a 12 kg Baixo peso: 16 kg Obesas: 6 a 8 kg 10.17.2 Alimentação da Gestante A ilustração a seguir detalha a pirâmide alimentar da gestante: 367 ENFERMAGEM MÓDULO 1 Figura 3 – Pirâmide alimentar da gestante Fonte: Elaborada pelo autor (2015) Calorias - Aumentar o consumo calórico a partir do 2º trimestre. Evitar consumo exagerado de alimentos altamente calóricos! Carboidratos - Evitar excesso de açúcares e doces a fim de evitar o diabetes gestacional. Proteínas - Aumentar consumo de alimentos com proteínas de AVB. Lipídios - Evitar os saturados e preferir os insaturados, que ajudam na formação do sistema nervoso do feto. Vitaminas - Todas são importantes. Quanto mais colorida e variada for a refeição, maior a variedade de vitaminas. Ácido Fólico - Suplementar e combinar com a ingestão de vit B12, para prevenir distúrbios do tubo neural do bebê e anemia megaloblástica. Vitamina A - Não deve ser suplementada pois o excesso pode causar alterações na formação do feto. Vitamina C - Deficiência pode levar ao parto prematuro, aumentar consumo de alimentos fonte. Minerais - Importantes para o crescimento e desenvolvimento fetal. Ferro - Necessidades aumentadas. Suplementar até o final da gestação, pois é responsável pela formação do sangue do bebê. Zinco - Deficiência pode causar má formação fetal e aborto. Sódio - Reduzir o consumo, pois está relacionado com problemas graves durante a gestação como pré-eclâmpsia e eclampsia. Cálcio - Necessidades aumentadas, importante na formação óssea e dos dentes do bebê e na lactação. A carência pode provocar câimbras, cáries dentais e perda de dentes. 10.17.3 Problemas Comuns Na Gestação 368 MÓDULO 1 ENFERMAGEM A gestante pode apresentar alguns problemas relacionados à alimentação tais como náuseas, constipação e azia. 10.17.3.1 Náuseas e vômitos Causas - Fatores psicológicos e fisiológicos. Recomendações - Realizar refeições pequenas e frequentes, secas e com alimentos energéticos de fácil digestão. Ingerir líquidos entre as refeições, e não durante. 10.17.3.2 Constipação Causas - Fatores fisiológicos e mecânicos. Recomendações -Aumentar a ingestão de líquidos. Consumir alimentos laxantes (ricos em fibras). 10.17.3.3 Azia e sensação de plenitude gástrica Recomendações - Aumentar o número de refeições e diminuir o volume de cada uma delas; realizar as refeições em ambiente tranquilo e mastigar devagar; não se deitar logo após as refeições. 10.17.4 Papel do Enfermeiro O diagnóstico de problemas e o encaminhamento aoprofissional especialista poderão prevenir distúrbios tanto na mãe quanto na criança em desenvolvimento. Encaminhar as gestantes ao pré-natal adequado. Acompanhar toda a gestação para garantir que sejam feitas todas as consultas e exames necessários. 10.18 Lactação É um processo complementar a gestação com grande impacto na saúde do lactente. A OMS aconselha o aleitamento materno exclusivo até 6 meses de idade e o aleitamento complementar até os dois anos de idade ou mais. Os profissionais de saúde devem reconhecer a importância da amamentação e estimular as mães a amamentar para: Diminuir o desmame precoce. Os níveis de morbimortalidade infantil associados. 10.18.1 Benefícios do Aleitamento Materno 369 ENFERMAGEM MÓDULO 1 Para a mãe Aspecto fisiológico: involução uterina, anticoncepção, menor incidência de CA de mama, útero e ovário. Aspecto psicológico: interação mãe-filho, diminuição da ansiedade, realização do plano mãe. Aspecto econômico: quantidade e leite suficiente, praticidade. Para o bebê Proteção contra doenças: infecciosas, alérgicas, doenças de pele, previne desnutrição, obesidade, hipertensão, aterosclerose, cárie dentária, raquitismo, anemia, alergia. Proteção contra alterações psicossociais: maior interação mãe-filho, desenvolvimento psicossocial do recém-nascido. Aspecto econômico: dinheiro revertido para outros benefícios. Proteção contra problemas motores orais e suas consequências. Para a família, cidade e nação Menor índice de morbimortalidade infantil. Menor índice de repetência escolar e criminalidade. Menor espaçamento entre filhos, propiciando planejamento familiar. Maior economia. Melhoria da qualidade de vida das crianças de hoje e do homem de amanhã. 10.18.2 Papel do Enfermeiro Incentivar o aleitamento materno. Incentivar a boa alimentação da mãe para garantir o suprimento adequado de leite. Desencorajar a AMAMENTAÇÃO CRUZADA, para evitar doenças que são transmitidas através do leite materno. 10.19 Nutrição do lactente Pode ser dividida em três etapas: 1- Aleitamento materno exclusivo 2- Introdução da alimentação complementar ou desmame materno 3- Período adulto modificado. 10.19.1 Contraindicações ao aleitamento materno 370 MÓDULO 1 ENFERMAGEM Bebês cujas mães: Estejam sofrendo de enfermidades graves (psicose, eclampsia, choque). Estejam tomando medicações contraindicadas na fase de aleitamento (drogas citotóxicas, radioativas). Sejam soropositivas para HIV. Bebês com problemas congênitos de metabolismo: Galactosemia Deficiência de galactase (converte galactose em glicose). Fenilcetonúria Deficiência de fenilalanina hidroxilase (metabolismo de fenilalanina). 10.19.2 Leite materno: o primeiro alimento O leite materno supre as necessidades nutricionais dos lactentes até o 6 mês de vida, quando a introdução de lenta e gradual de outros alimentos em uma dieta balanceada, juntamente com a continuidade da amamentação até o segundo ano de vida, é capaz de prevenir carências nutricionais específicas e permitir crescimento e desenvolvimento adequados. Para bebês até 6 meses de idade, o leite materno é a mistura completa e perfeitamente equilibrada dos nutrientes necessários, garantindo um crescimento adequado até que sejam capazes de ingerir alimentos sólidos. No segundo semestre de vida, o leite materno garante ainda metade das recomendações nutricionais e, no segundo ano, apenas um terço delas. A orientação da OMS e do Ministério da Saúde é de que o aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses de vida. A partir dessa idade, é necessário que sejam introduzidos alimentos complementares seguros e nutricionalmente adequados, associados ao aleitamento materno, que deve ser mantido até os dois anos ou mais. A introdução de alimentos precocemente levaria a um maior risco de infecções, tanto pela diminuição dos fatores de proteção do leite materno, como pela contaminação potencial dos utensílios, à diminuição da duração do aleitamento materno (pela substituição do leite materno por alimentos complementares levando a uma menor demanda de leite, consequentemente menor estímulo à produção) e à possibilidade de que os alimentos complementares atrasem a maturação do intestino, que é estimulada pelo leite materno e que é de extrema importância para o desenvolvimento da função imunitária e para a prevenção da entrada de alérgenos macromoleculares, além dos alimentos complementares interferirem na absorção de nutrientes importantes como ferro e zinco. 10.19.3 Características da Alimentação Complementar 371 ENFERMAGEM MÓDULO 1 A progressão natural da criança, quando deixa de ser alimentada exclusivamente com leite materno, consiste em receber primeiro alguns alimentos complementares até a criança compartilhar as refeições com a família. Segundo a OMS, o período de alimentação complementar é aquele durante o qual outros alimentos ou líquidos são oferecidos à criança junto com o leite materno. Os alimentos complementares são necessários uma vez que as necessidades nutricionais da criança aumentam com a idade, principalmente as necessidades de energia e alguns micronutrientes como ferro, por exemplo, e o leite materno não tem mais condições de suprir essas necessidades. Um dos principais objetivos nessa fase de transição é garantir o consumo energético adequado de forma que a proteína possa ser utilizada em sua totalidade. Nos primeiros meses de vida, o bebê tem capacidade funcional de receber alimentos líquidos pelos reflexos de sucção e deglutição. Por volta dos quatro aos seis meses, o reflexo de extrusão tende a desaparecer podendo então ser iniciada a alimentação semissólida. Dos sete aos nove meses, com o nascimento dos dentes, inicia-se a mastigação, que inicialmente apresenta-se pela lateralização dos alimentos na cavidade bucal, podendose assim aumentar a consistência dos alimentos oferecidos. Inicialmente os alimentos devem se macios (amassados, não se recomenda liquidificar os alimentos) e, posteriormente podem ser desfiados, picados ou cortados em pedaços pequenos. A introdução de novos alimentos deve ser feita de maneira lenta e gradual, deixando um período entre a oferta de um alimento e a introdução de outro para verificar a existência de reações alérgicas ou intolerâncias. A frequência com que os alimentos complementares devem ser oferecidos às crianças pequenas varia de acordo com a densidade energética dos alimentos que constituem a dieta, a quantidade de leite materno ingerido e o tamanho da criança. De uma maneira geral, uma criança de seis a oito meses de idade necessita de duas a três refeições por dia. Entre nove e onze meses de idade, são necessárias três a quatro refeições diárias, para que nos doze meses a criança receba alimentos complementares cinco vezes ao dia. Um cuidado importante no momento da introdução da alimentação complementar é a higiene da preparação, posterior estocagem e administração, visando prevenir de contaminação e doenças para a criança. 10.19.4 Papel do enfermeiro Estimular a manutenção do aleitamento materno. Orientar a correta introdução dos alimentos complementares. Reforçar sempre as práticas de higiene. 10.20 Nutrição na Infância e Adolescência 372 MÓDULO 1 ENFERMAGEM A faixa etária que vai dos 2 a 6 anos, com necessidade nutricionais aumentadas, onde as crianças estão bastante suscetíveis a doenças infecciosas (verminoses). É um período de formação dos hábitos alimentares e autonomia alimentar, no qual a Educação Nutricional deve ser dirigida com mais ênfase a mãe. Nessa fase é comum inapetência, que pode ser orgânica (falta de algum nutriente) ou comportamental (chamar a atenção dos pais). A quantidade
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