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AV1 – Investigação Jornalística 
Bárbara Gomes dos Santos 
 
1 - Apesar da premissa de que todo jornalismo é investigativo, a notícia pode ser 
apurada de formas diferentes. O jornalismo investigativo requer um processo mais 
complexo para a construção da matéria, pois para ser considerada investigação 
normalmente existe a tentativa de ocultação das informações. O jornalismo 
investigativo custa mais para as empresas, além de custar à vida de um repórter. A 
pressão, as agressões e as ameaças não são incomuns em investigações jornalísticas. 
A matéria é mais aprofundada e a apuração desses casos leva mais tempo que o 
convencional, a necessidade de pelo menos duas fontes para cada informação 
coletada, como foi no caso Watergate. Os repórteres do The Washington Post levaram 
dois anos na investigação contra o Partido Republicano, que tentava esconder os 
vestígios das escutas ilegais na sede do Partido Democrata. Mais de 40 anos depois, 
com os avanços tecnológicos que trazem novos desafios para as atividades 
jornalísticas, a nova geração de repórteres deve seguir a mesma essência: fiscalizar 
com rigor as instituições mais poderosas, ser imparcial, não ceder aos interesses das 
esferas públicas e buscar a verdade de modo justo e consciente. 
2 – Com o fim da Ditadura militar no país, teve fim o longo período de censura na 
imprensa. Os jornalistas voltaram a trabalhar de forma mais livre e buscar as notícias 
que estavam ocultas do público. Em 1992 a revista Veja publicou uma entrevista com 
Pedro Collor, irmão do então presidente Fernando Collor de Mello, revelando 
publicamente provas de um caso de desvio de dinheiro público através de empresas 
fantasmas e contas no exterior, resultando assim no processo de impeachment do 
presidente. 
O caso do repórter Tim Lopes ficou marcado na história do jornalismo brasileiro. 
Assassinado brutalmente em 2002 por investigar abuso de menores em bailes funk na 
Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro. No ano anterior, Tim Lopes havia produzido a matéria 
escancarada nas ruas. A reportagem causou um grande impacto na sociedade que até 
então falava pouco abertamente sobe o assunto, pois drogas era assunto da polícia. 
A criação da Abraji, Associação Brasileira de jornalismo Investigativo, decorrente da 
morte do repórter Tim Lopes, no mesmo ano de 2002. O pontapé inicial foi o 
seminário internacional “Jornalismo Investigativo: Técnicas, Ética e Perigos,” na sede 
do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, em agosto. Vários 
especialistas dos Estados Unidos e da América Latina se juntaram a seus colegas 
brasileiros para discutir aspectos do jornalismo investigativo. As discussões sobre o 
tema continuaram e o lançamento da associação brasileira foi em dezembro, se 
tornando rapidamente uma das mais importantes e atuantes organizações desta 
especialidade no mundo. 
3 – Uma série de bombardeios ocorreu no início dos anos 80, no Rio de Janeiro, o 
último atentado aconteceu em 30 de abril de 1981, no Riocentro e a culpa foi atribuída 
à esquerda, mas 15 anos depois uma reportagem do Globo Repórter revelou que na 
verdade foram os próprios militares responsáveis pelo atentado. Foram necessários 
três meses de investigação, 50 entrevistas realizadas, com testemunhas que foram 
ignoradas no inquérito oficial, como agentes de segurança no Riocentro. 
O que mais me chamou atenção nesse caso foi que não houve atribuição de 
responsabilidade a nenhum órgão do governo. Mesmo que algumas autoridades 
militares tenham confirmado que havia sido montada uma farsa pelos órgãos de 
segurança do regime militar, como o almirante Júlio de Sá Bierrenbach, que votou 
contra o arquivamento do Inquérito Policial Militar, em 1981. Depois de 15 anos, os 
militares que ficaram insatisfeitos com as conclusões do exército, ajudaram a equipe 
de reportagem de Caco Barcelos a reconstituir os principais momentos do atentado 
terrorista. O agente de segurança do Riocentro, que abordou o carro dos militares que 
levavam a bomba naquela noite, ficou fora das investigações em 81. Procurado pela 
equipe, ele se tornou a testemunha número um, que confirma a entrada do carro 
Puma no estacionamento, que explodiu de forma imprevisível matando o sargento 
Guilherme Pereira do Rosário e ferindo o capitão Wilson Luís Chaves Machado. 
A edição do programa, ainda em 1996 recebeu o prêmio Vladimir Herzog, na categoria 
Reportagem para TV, e o troféu da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), 
como Melhor Programa Jornalístico. 
4 - Um dos passos crucial é a pesquisa minuciosa, que pode ser considerada o primeiro 
quesito para a construção da reportagem investigativa, segundo o livro de Leandro 
Fortes. Considero que a pesquisa seja imprescindível para qualquer reportagem, 
porém a investigativa requer uma pesquisa mais intensa, que deve ser feita sem receio 
e procurar onde ninguém procurou. Fugir da obviedade e buscar fontes e nomes que 
passam despercebidos, mas podem ser realmente valiosos. Acho que esse aspecto se 
relaciona muito com seguir o seu próprio “instinto”, mesmo que outros não 
considerem válido; e isso requer coragem para enfrentar autoridades dentro e fora das 
redações. Isso torna o jornalista o que ele é: informante da sociedade, que de forma 
justa e verdadeira expõe os fatos muitas vezes ocultos seja por órgãos políticos ou de 
poder econômico.

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