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UNIVERSIDADE VEIGA DE AMEIDA CURSO BACHAREL EM DIREITO RENATA CRISTINA DA SILVA RAMOS AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO Trabalho apresentado à disciplina Procedimentos Especiais, no curso de Direito da Universidade Veiga de Almeida. Orientado pelo professor: Carlos Eduardo Annechino Moreira Miguel. CABO FRIO OUTUBRO/2020 PROCEDIMENTOS ESPECIAIS Os procedimentos especiais do Código de Processo Civil estão distribuídos entre os procedimentos especiais de jurisdição voluntária (art. 710 a 770) e procedimentos de jurisdição contenciosa (art. 539 ao 718). São procedimentos que compõem o processo de conhecimento, contudo, apresentam regras específicas de atuação. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO CONCEITO A ação de consignação em pagamento é utilizada em situações que houver recusa do credor em receber o pagamento por parte do devedor ou dar a quitação ou, ainda, quando existir algum empecilho fático ou jurídico alheio à vontade do devedor que o impossibilite de realizar o pagamento de forma eficaz. Assim, existe para o devedor o direito de quitar a sua obrigação a fim de evitar consequências como a mora, e por isso, o ordenamento jurídico brasileiro prevê a consignação em pagamento, que processualmente segue um rito especial regulado nos arts. 539 à 549 do Código de Processo Civil. Além disso, a consignação de alugueres e encargos da locação segue o procedimento diferenciado, previsto na Lei 8.245/1991, no art. 67. CONSIGNAÇÃO EXTRAJUDICIAL A consignação extrajudicial é uma forma alternativa de solução consensual do conflito que dispensa a participação do Poder Judiciário e está autorizada no art. 539, CPC1, desde que 1 Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida. § 1 o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa. § 2 o Decorrido o prazo do § 1 o , contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada. § 3 o Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da recusa. § 4 o Não proposta a ação no prazo do § 3 o , ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante. preenchidos os requisitos. Contudo, importante ressaltar que se trata de uma opção do devedor, afinal, mesmo com os requisitos preenchidos poderá optar pela propositura de ação perante o Poder Judiciário, sendo obrigatória, somente nos casos de consignação de prestação oriunda de contrato de compra e venda de lote urbano com previsão no art. 33 da Lei 6.766/1979. São requisitos da consignação extrajudicial: I) a prestação deve ser pecuniária; II) existência de local do pagamento de instituição financeira oficial ou particular; III) conhecimento do endereço do credor para que se realize a notificação; IV) credor certo, conhecido, capaz e solvente. Assim, preenchidos os requisitos legais e sendo vontade do devedor, será realizado o depósito junto ao estabelecimento bancário, o credor será notificado por meio de carta com aviso de recebimento e terá o prazo de 10 dias para se posicionar sobre o depósito realizado. O prazo de 10 dias terá seu início a partir do retorno do aviso de recebimento, ou seja, a partir do recebimento pelo estabelecimento bancário do AR assinado pelo credor, conforme redação do art. 539, §2º. Ao receber a notificação, poderá o credor adotar as seguintes posturas: I) comparecer à agência bancária e fazer o levantamento do valor, o que levará a extinção da obrigação; II) comparecer à agencia bancária, fazer o levantamento do valor fazendo ressalvas quanto à exatidão do valor2; III) silenciar, o que por certo será interpretado como aceitação tácita, sendo a obrigação extinta e o valor aguardando o levantamento; IV) recusar o depósito, e neste caso o depositante poderá levantar o valor e ingressar com a ação de consignação em pagamento no prazo de 1 mês, instruindo a petição inicial com o comprovante de depósito, na forma do art. 539, §3º. O prazo de 1 mês estipulado para a propositura da ação de consignação em pagamento serve para evitar os efeitos da mora, sendo certo que mesmo transcorrido o prazo indicado a propositura da ação continua possível, sendo acrescido os juros e as devidas correções que contarão da data do vencimento da obrigação. COMPETÊNCIA 2 STJ, REsp 189.019/SP 4ª Turma, rel. Min. Barros Monteiro, j. 06.05.2004; DJ 02.08.2004. A competência para a ação de consignação em pagamento é do foro do lugar do pagamento, com exceção do foro comum estabelecido no art. 46, CPC (foro do domicílio do réu) e em simetria com o art. 53, III, d, CPC (foro do lugar do cumprimento da obrigação). Se a dívida for quesível o foro competente será o do local do domicílio do autor (devedor), se a dívida for portável o foro competente será o do local do domicílio do réu (credor)3. O preceito do art. 540 diz respeito à competência territorial e assim, sendo descumprida a regra, caberá ao credor a alegação da incompetência por meio de preliminar em contestação, a fim de evitar a prorrogação de competência. LEGITIMIDADE A legitimidade ativa na ação consignatória é do devedor ou de seus sucessores, além dos terceiros estranhos à relação jurídica de direito material obrigacional, contudo, quanto aos terceiros deve ser considerado que se for comprovado ser terceiro juridicamente interessado, haverá a sub-rogação e extinta a obrigação, esse terceiro assumirá os direitos e ações do credor frente ao devedor. E no caso de terceiro não interessado, não ocorrerá a sub- rogação, sendo a consignação entendida como mera liberalidade deste em favor do devedor. A legitimidade passiva será ocupada pelo credor, e se este for desconhecido, o réu será incerto e será pedida a citação por edital. No caso de dúvida sobre a quem pagar, deverá ser formado litisconsórcio passivo necessário entre os pretensos credores. OBJETO A ação de consignação em pagamento tem como objetivo promover a extinção de uma obrigação sempre que o devedor não consegue realizar o pagamento. O pedido nessa ação tem natureza declaratória, indicando a correção e a suficiência do depósito, e o debate na demanda judicial é a correção do depósito. A discussão é se o depósito inicial foi apto a extinguir a obrigação do devedor (autor da ação). Contudo, há divergência na doutrina e uma corrente sustenta que a consignação em pagamento é uma execução forçada às avessas, 3 Enunciado 59, FPPC: (art. 540). Em ação de consignação e pagamento, quando a coisa devida for corpo que deva ser entregue no lugar em que está, poderá o devedor requerer a consignação no foro em que ela se encontra. A supressão do parágrafo único do art. 891 do Código de Processo Civil de 1973 é inócua, tendo em vista o art. 341 do Código Civil. (Grupo: Procedimentos Especiais; redação revista no III FPPC-Rio). afirmando que a certeza e a liquidez da obrigação são elementos imprescindíveis para o cabimento da ação consignatória. Todavia, a prática forense vem admitindo que a liquidez da obrigação seja determinada unilateralmente pelo próprio devedor. Ademais, é possível que a consignação tenha como objeto a obrigaçãode pagar quantia certa (consignação de dinheiro) e de obrigação de entregar coisa (consignação de coisa). Importante registrar que somente a consignação devida é capaz de liberar o devedor da obrigação, assim, não poderá fazer uma em detrimento de outra4. PROCEDIMENTO O procedimento da ação de consignação em pagamento deve ser iniciado a partir da petição inicial, que é um ato processual solene, devendo o autor preencher com os requisitos formais dos arts. 310 e 320, CPC. No caso de consignação extrajudicial frustrada, a prova do depósito e a recusa deverão instruir a demanda, sob pena de emenda da petição inicial (art. 321, CPC). Se a consignação judicial for a primeira opção do devedor, inexiste especialidade, não havendo necessidade de pedido expresso de depósito no prazo de cinco dias, posto que tal situação está prevista em lei, não havendo necessidade de ser feito pedido pelo autor (art. 542, I, CPC). Ao juiz cabe realizar a análise da regularidade formal da petição inicial e sendo o juízo de admissibilidade positivo, o autor será intimado para que realize o depósito no prazo de 5 dias e a citação do réu dependerá da efetiva realização do ato5. Se o autor não realizar o depósito, será caso de extinção do processo sem resolução do mérito. Com a realização da citação do réu, este também será intimado para que faça o levantamento do valor ou da coisa consignada ou, ainda, para que apresente contestação no prazo de 15 dias (art. 542, II, CPC). Se o réu comparecer em juízo, devidamente representado por advogado, aceitar a consignação e realizar o levantamento do valor ou da coisa consignada, entende-se que reconheceu juridicamente o pedido do autor, e assim, será proferida sentença de mérito nos termos do art. 487, III, a, CPC. Dessa forma, haverá a extinção da obrigação e o réu responderá pelas verbas de sucumbência, uma vez que deu causa para a propositura da ação. Não haverá a extinção do processo no caso de o réu pedir o levantamento da quantia consignada, mas apresentar contestação impugnando o valor, apontando pela insuficiência da quantia ou da coisa depositada (art. 544, IV, CPC). Se o réu não contestar a ação, ocorrerá a revelia, devendo 4 Informativo 465/STJ: 4.ª Turma, Esp 1.194.264/PR, rei. Min. Luis Felipe Salomão, j. 1.0 .03.2011. 5 REsp 702.739/PB, 3.1 Turma, rei. Min. Nancy Andrighi, rei. p/ acórdão Min. Ari Pargendler, j. 19.09.2006. ser analisado no caso concreto a incidência ou não dos efeitos da revelia, em especial, do efeito material (presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor). Em caso de ocorrência dos efeitos, ao juiz caberá o julgamento antecipado do mérito (art. 355, II, CPC), aplicando-se ao caso o melhor direito. Caso não ocorra os efeitos da revelia, o juiz determinará ao autor a especificação das provas, prosseguindo o processo pelo procedimento comum (art. 546, CPC). Na contestação o réu poderá alegar livremente as matérias do art. 337, CPC, somente sendo limitada as matérias do art. 544, CPC. A doutrina sustenta a possibilidade de reconvenção. Em sede de contestação poderá o réu alegar que o depósito não é integral, devendo ser indicado precisamente o valor que entende devido, sob pena de indeferimento liminar da matéria defensiva. Se o réu alegar insuficiência de depósito, o autor será intimado para que no prazo de 10 dias complemente (art. 545, CPC). Após a realização da complementação do depósito e sendo esta a única alegação defensiva do réu, a demanda será extinta com resolução de mérito, acolhendo-se o pedido do autor e extinguindo-se a obrigação. Havendo outros fundamentos de defesa, a ação seguirá normalmente, sendo possível o réu realizar o levantamento imediato do depósito já realizado, mesmo que o autor não faça a complementação com o valor devido. A doutrina sustenta que a hipótese de levantamento imediato é uma espécie de tutela antecipada em favor do réu, bem como em favor do autor que poderá considerar a obrigação extinta em relação ao objeto levantado6. Após a citação do réu a demanda consignatória passa a seguir o rito do procedimento comum (art. 318 e seguintes, CPC), seguindo-se ao momento de resposta do réu a fase de saneamento do processo, fase probatória e fase decisória com o proferimento de sentença recorrível por apelação a ser recebida no duplo efeito (art. 1.012, CPC). A sentença tem natureza declaratória, e se houver o acolhimento do pedido do autor haverá a extinção da obrigação em razão da idoneidade e suficiência do depósito realizado. Se houver rejeição do pedido, haverá declaração de que o depósito não é apto a extinguir a obrigação. A sentença também poderá ter natureza condenatória nos casos em que o depósito for insuficiente e o juiz determinar que o autor o complemente no prazo de 10 dias (art. 545, §2º, CPC). E em todas as sentenças, haverá um capítulo condenando o sucumbente ao pagamento das verbas sucumbenciais (art. 546, CPC). 6 Enunciado 61 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC): "É permitido ao réu da ação de consignação em pagamento levantar 'desde logo' a quantia ou coisa depositada em outras hipóteses além da prevista no § 1.0 do art. 545 (insuficiência do depósito), desde que tal postura não seja contraditória com fundamento da defesà'. Importante registrar que a ação consignatória tem natureza dúplice, posto que se o autor não realiza o depósito suficiente para quitar a obrigação, o juiz poderá condená-lo a pagar a diferença apurada entre o valor do depósito e o valor devido, sem a necessidade de qualquer pedido do réu nesse sentido. CONSIGNAÇÃO DE PRESTAÇÕES SUCESSIVAS No caso de prestações periódicas (obrigação de trato sucessivo, com prestações deferidas no tempo), será possível o autor realizar a consignação das prestações vincendas, no prazo próprio de seu vencimento, ainda que seja no curso do trâmite procedimental, desde que seja no prazo de 5 dias do vencimento da prestação. A ideia é fundada no princípio da economia processual, a fim de evitar a multiplicidade de demandas consignatórias e que pelo instituto da conexão seriam reunidas para julgamento conjunto7. O art. 323, CPC também admite a possibilidade de consignação incidental, mesmo que não exista pedido expresso nesse sentido na petição inicial. O depósito deverá ser realizado periodicamente na conta corrente aberta inicialmente para a realização do primeiro depósito, e neste caso, não haverá necessidade de abertura de prazo para a defesa do réu, embora, este deva ser intimado para que tome conhecimento das prestações que vão vencendo na constância do procedimento estão sendo consignadas judicialmente. A doutrina sustenta que se o autor deixar de realizar a consignação da prestação vincenda, este será impedido de utilizar a mesma demanda para a consignação de parcelas subsequentes, devendo, assim, ser proposta uma nova demanda consignatória. Contudo, há debates na jurisprudência e na doutrina sobre o termo final da consignação incidental de prestações vincendas nas ações já propostas, e com aplicação analógica do art. 67, III da Lei 8.245/91 a doutrina8 sustenta que o termo final é a prolação da sentença e o STJ9 se valendo do princípio da economia processual sustenta que a consignação poderá ocorrer até o trânsito em julgado da sentença e uma outra corrente doutrinária10 defende que mesmo após a 7 Enunciado 60 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC): "Na ação de consignação em pagamento que tratar de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o devedor continuar a consignar sem mais formalidades as que se forem vencendo, enquanto estiver pendente o processo". 8 Theodoro Jr., Curso, vai. Ili, n. 1.215, p. 32; 9 STJ, REsp439.489/SP, 2.ª seção, rei. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, rei. para acórdão, Min. Nancy Andrighi, j. 10.12.2003, DJ 19.04.2004 10 Theodoro Jr., Curso, vol. Ili, n. 1.230, p. 44; Marcato, Procedimentos, n. 26, p. 101. prolação da sentença poderá o autor consignar as prestações, desde que haja pedido expresso no processo. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO FUNDADA EM DÚVIDA REFERENTE À TITULARIDADE DO CRÉDITO No caso de dúvida do devedor em identificar o credor, o polo passivo será formado por réu desconhecido e haverá a citação por edital. Na hipótese de ausência de contestação haverá a necessidade de indicação de advogado dativo para apresentação de defesa. No caso de vários credores, o litisconsórcio será formado por todos eles e realizada a citação poderá ocorrer a revelia, quando nenhum deles comparece e assim haverá o julgamento antecipado do mérito para o acolhimento do pedido do autor, sendo a quantia ou a coisa depositada e arrecadada como bem de ausente. Poderá, ainda, ocorrer de apenas uma das partes comparecer e alegar ser o credor, assim, o juiz irá analisar os fundamentos da alegação e convencido proferirá sentença de procedência do pedido e determinará o levantamento do depósito em favor do réu. Se todos os réus comparecerem ao processo, afirmando a titularidade do crédito, o juiz proferirá sentença extinguindo a obrigação e o autor será excluído do processo, e este seguirá somente entre os réus com dupla condição de sujeitos ativos e passivos da relação jurídica processual. Se todos os réus comparecerem ao processo e além de afirmarem a titularidade também alegarem alguma matéria defensiva, a demanda prosseguirá com entre autor e réu (estrutura subjetiva inicial)11. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO NA LEI DE LOCAÇÃO A lei de locação (Lei 8.245/91) prevê a ação de consignação de aluguel e acessórios da locação e traz a regulamentação do procedimento. Além de se tratar de um procedimento especial, apresenta ainda certas peculiaridades, em diferença da ação consignatória tratada no 11 Enunciado 62 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC): ''A regra prevista no art. 548, III, que dispõe que, em ação de consignação em pagamento, o juiz declarará efetuado o depósito extinguindo a obrigação em relação ao devedor, prosseguindo o processo unicamente entre os presuntivos credores, só se aplicará se o valor do depósito não for controvertido, ou seja, não terá aplicação caso o montante depositado seja impugnado por qualquer dos presuntivos credores". Código de Processo Civil. Contudo, não havendo lei sobre alguma regra do procedimento, aplica-se subsidiariamente o CPC. A ação consignatória é disciplinada no art. 58, II da Lei 8.245/91 que trata da regra de competência, determinando como foro competente o da situação da coisa, desde que não haja cláusula de eleição de foro. A petição inicial deve preencher os requisitos do art. 319, CPC e indicar especificadamente os alugueres e acessórios da locação, indicando os valores que entende corretos (art. 67 da Lei 8.245/91). O valor da causa será igual a 12 meses de aluguel, sendo irrelevantes as prestações consignadas no inicio da demanda judicial (art. 58, III da Lei 8.245/91). O depósito deve ser feito no prazo de 24h do deferimento da petição inicial, sendo dispensado se o autor já tenha realizado a consignação extrajudicial. A citação do réu ocorrerá na forma do art. 58, IV da Lei 8.245/91, sendo feita por meio de carta com aviso de recebimento (regra geral). Se o réu por pessoa jurídica poderá ser feita a citação por telex ou fax, se estiver previsão contratual. Se o réu for citado e não houver apresentação de contestação, o juiz decretará a revelia e aplicará seus efeitos na forma prevista no Código de Processo Civil, havendo assim, o julgamento antecipado do mérito. Registre-se que haverá a condenação em honorários advocatícios no patamar de 20% sobre o valor dos depósitos no caso de acolhimento do pedido do autor, bem como na hipótese do réu realizar o levantamento do valor reconhecendo implicitamente o pedido do autor. Em sede de contestação as matérias defensivas são limitadas pelo art. 67, V da Lei 8.245/91, sendo reservada a defesa da matéria fática. Todavia, essa limitação é deveras criticada pela doutrina, que sustenta a impossibilitada de limitação das matérias defensivas do réu12. É possível a reconvenção como modalidade de resposta do réu, por meio da qual, poderá pedir o despejo e a cobrança de valores que tenham sido objeto da consignatória ou da diferença do depósito feito pelo autor. Contudo, há limitação no objeto da reconvenção, não podendo o réu reconvinte se valer de matérias que não sejam objeto da demanda principal (ação de consignação). Se a alegação do réu for de insuficiência do depósito, o autor será intimado para realizar a complementação, assim como previsto no art. 545, CPC. Todavia, o prazo será de 5 dias e o valor da complementação será acrescido de 10% sobre o valor da diferença e a 12 Marcato, Procedimentos, n. 32.10, p. 115. complementação acarretará o julgamento de procedência do pedido, e o autor será condenado ao pagamento de honorários advocatícios no patamar de 20% sobre o valor dos depósitos. No caso de obrigação de trato sucessivo, a lei do inquilinato prevê a possibilidade de consignação incidental das parcelas vincendas e o termo final será a data da prolação da sentença e assim, após a prolação da sentença será necessário o ingresso de nova demanda para a consignação de novas parcelas. O prazo da consignação deverá acontecer no respectivo vencimento. Os recursos interpostos não serão recebidos no efeito suspensivo (apelação contra sentença), sendo, assim, difere-se do procedimento do Código de Processo Civil, que pela regra do art. 1.012 a apelação contra a sentença em ação de consignação será recebida no duplo efeito. REFERÊNCIAS: - NEVES, DANIEL AMORIM ASSUMPÇÃO. MANUAL DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL: VOLÚME ÚNICO. 9ª. ed. rev. [S. l.]: JUSPODIVM, 2017. - GONÇALVES, MARCUS VINICIUS RIOS. DIREITO PROCESSUAL CIVIL: ESQUEMATIZADO. 9ª. ed. SÃO PAULO: SARAIVA EDUCAÇÃO, 2018. - HARTMANN, RODOLFO KRONEMBERG. CURSO COMPLETO DO NOVO PROCESSO CIVIL. 4ª ED. NITERÓI. IMPETUS, 2017.
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