Buscar

PED - Antropologia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 110 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 110 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 110 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PEDAGOGIA
ANTROPOLOGIA
PROFESSOR: NELSON DE SENA
INTRODUÇÃO
SUMÁRIO:
UNIDADE 1:
O QUE É ANTROPOLOGIA?
1.1 Etnocentrismo
1.2 Alteridade
1.3 Relativismo Cultural
1.4 Diversidade Cultural 
UNIDADE 2:
A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
2.1 Da natureza à Cultura
2.2 Símbolos e Sinais
2.3 O determinismo biológico e o determinismo geográfico
2.4 Racismo
2.5 Formação do conceito: Kultur e Civilization
2.6 Cultura um elemento dinâmico
2.7 Antropologia do gênero
2.8 Cultura e sincretismo religioso
UNIDADE 3:
AS POSSIBILIDADES DE INTERFACE ENTRE O DIREITO E A 
ANTROPOLOGIA
3.1 Formas de controle
3.2 Sistema judiciário
3.3 Direitos sociais e as lutas sociais por direitos
3.4 Direito das Minorias
3.5 Diversidade Cultural, família e violência
3.6 Cultura e criminalidade
13
19
24
29
35
44
51
58
65
74
79
84
86
91
94
98
104
105
CRÉDITO DE ATRIBUIÇÃO EDITORIAL: Sergey Uryadnikov / Shutterstock.com
5
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
INTRODUÇÃO
AMIGO ACADÊMICO,
Antes de entrarmos propriamente no conteúdo desta aula é necessário considerarmos algumas 
questões preliminares.
A primeira pergunta que se faz é: 
POR QUE ESTUDAR ANTROPOLOGIA? POR QUE ESTUDAR ANTROPOLOGIA E NÃO ALGUMA 
MATÉRIA ESPECÍFICA DO CURSO? 
Bem existem algumas disciplinas que são essenciais para o desenvolvimento de qualquer aca-
dêmico, seja das exatas, das humanas ou sociais aplicadas. Essas disciplinas são obrigatórias e 
se constituem numa clara tentativa de criar um conceito de cidadania, tão carente em nossa 
sociedade. Assim, além de excelentes profissionais, precisamos também de cidadãos dispostos a 
mudar a história de nosso país. 
E a antropologia é exatamente isso: um olhar sobre o outro. Por que existem tantas diferenças 
culturais? Por que as pessoas possuem religiões e leis tão diferentes umas das outras? Qual so-
ciedade afinal está correta? 
Mas afinal, por que é necessário entender o outro? Por que isso é essencial nos tempos que vive-
mos? Eu serei um profissional melhor se eu estudar essa disciplina? 
Exatamente esse é o objetivo dessa disciplina: entender o outro não como adversário ou inimigo, 
mas como um ser humano com características, que, por sua história lhe são próprias. 
Um bom exemplo disso foi o famoso 11 de setembro de 2001. Todos se lembram dos aviões se cho-
cando sobre as torres, sendo que um dos choques transmitidos ao vivo para o mundo todo. Logo 
descobrimos que os atentados foram realizados por pessoas com uma religião, leis e vivencias 
completamente diferentes das nossas. Ficamos assustados com o tamanho da tragédia. Apren-
demos a ver os islâmicos, os “outros”, como terroristas fanáticos que queriam destruir o mundo. 
Criamos então um inimigo que justificou bombardeios, invasões etc. 
A antropologia propõe que um olhar crítico sobre as praticas do outro, os seus motivos e, a partir 
daí tentar entender por que se deu tal fato. 
6
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO
Por exemplo: 
01_Todos os islâmicos são terroristas? 
02_O islã realmente prega a destruição de quem não é de sua religião? 
03_Quando os Estados Unidos bombardeiam algum outro país, são cristãos que estão bombar-
deando? 
Pois bem, observe a charge abaixo: 
Os dois estão falando a verdade ou os dois mentem? Ou só o islâmico mente? 
FONTE: http://objetivoatualidades.blogspot.com.br/2015/09/aula-262015-estado-islamico-causa-fato.html.
Dito isso, vamos ver agora, o que se entende por antropologia.
INTRODUÇÃO
UNIDADE
O que é Antropologia?
1.1 Etnocentrismo
1.2 Alteridade
1.3 Relativismo Cultural
1.4 Diversidade Cultural 
1
13
19
24
29
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
8
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
ANTROPOLOGIA é a junção de duas palavras gregas, que significam Estudo do homem. Mas em 
que sentido? Afinal a medicina, por exemplo, estuda o homem também. O mesmo acontece com 
a biologia, a história etc. 
Pois bem, a antropologia se interessa pelo homem em alguns aspectos bem específicos: a cultura 
e a sociedade. Ela estuda, principalmente, que toda sociedade age e pensa e formula suas leis, 
enfim, por existem sociedades tão diferentes da minha? 
Entender o outro é talvez o grande objetivo dessa disciplina. Afinal, se isso fosse levado a serio, 
talvez o mundo não tivesse visto duas guerras mundiais, não existiria o racismo, a homofobia o 
preconceito. 
Embora a Antropologia compreenda três dimensões básicas (biológica, sociocultural e filosófica), 
vamos nos deter em seu aspecto cultural pela importância para todas as áreas do saber. 
Observe a charge abaixo: qual cultura está correta? 
FONTE: http://aulasdoaugusto.blogspot.com.br/2010/02/charge-o-olhar-antropologico.html.
Para a antropologia, não existem culturas certas ou erradas, existem apenas culturas diferentes. 
Nós pensamos e agimos, por causa de padrões que apendemos durantes séculos. 
9
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
A pergunta que se faz então é a seguinte: 
QUAL A CAUSA DO PRECONCEITO, QUAL A CAUSA DE TANTAS MORTES DE QUEM NÃO PEN-
SA IGUAL? POR QUE EXISTE TANTO RACISMO NO MUNDO? 
Observe a charge abaixo. 
FONTE: http://sanchezgallegos.blogspot.com.br/2014/11/etnocentrismo-y-relativismo-cultural.html.
Você concorda com a postura de ridicularizar o outro? Você acha que uma das religiões abaixo é 
mais importante que a outra? 
A ANTROPOLOGIA E SUAS ORIGENS
Muitos veem a origem da antropologia, por exemplo, nos relatos de Heródoto na Grécia antiga. 
Mas comumente sua origem “cientifica” data do século XIX. Observe o texto abaixo que elucida 
bem estas origens: 
Para DaMatta, todo antropólogo terá que conviver sempre com gene-
ralizações sobre o específico de uma certa sociedade ou grupo e com a 
necessidade de escolher alternativas (Ibid., p. 87-89). Jamais será possível 
num determinado momento ter-se uma visão completa e definitiva de 
" 
" 
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
10
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
uma determinada cultura. Isso explica porque até o século XVIII a Antro-
pologia não era vista como ciência. Muitas pessoas como cronistas, viajan-
tes, soldados, missionários, comerciantes relataram fatos e deixam dados 
sobre povos e culturas, mas somente nos meados do século XVIII é que a 
Antropologia começa a aparecer como ciência. Normalmente se conside-
ra como primeiros antropólogos os seguintes cientistas: Linneu (que foi o 
primeiro a descrever as raças humanas), Boucher de Perthes (o primeiro 
a relatar achados pré-históricos) e John Lubock que fez os primeiros estu-
dos sobre a Idade da Pedra, estabelecendo as diferenças culturais entre 
o Paleolítico e o Neolítico. Porém, a consagração definitiva da Antropo-
logia como ciência vai se dar somente depois dos estudos de Darwin, o 
qual propôs a teoria da evolução. No séculoXX a Antropologia conhece um 
grande progresso, fruto das descobertas sobre o ser humano e as constan-
tes pesquisas de campo realizadas com bastante rigor científico.
(Disponível em: <https://www.ucb.br/sites/000/14/PDF/Aantropologiaco-
mociencia.pdf>. Acesso em 13 dez. 2016). 
Observe agora o vídeo abaixo, que vai ajudar no entendimento de nosso conteúdo: 
Muito bem, agora iremos realizar nossa atividade final dessa unidade. Leia atentamente o texto 
abaixo e faça uma dissertação sobre o mesmo, tentando utilizar o que vimos acima. 
 
SITE:
 "ANTROPOLOGIA 
CULTURAL (VÍDEO 
1)"
" 
" 
11
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
“Menino teve fígado dilacerado pelo pai, que não admitia que criança gos-
tasse de lavar louça, Alex, de 8 anos, era espancado repetidas vezes para 
aprender a ‘andar como homem’”
Esse texto está disponível no fórum, onde você deverá postar sua percepção a luz do que foi apre-
sentado nesta aula. E você ainda poderá ler esta notícia na íntegra acessando o link: 
E leia mais sobre esse assunto em nosso texto de apoio e aprofundamento de estudos “A antro-
pologia como ciência”, por José Lisboa Moreira Oliveira.
SEJA BEM-VINDO E ATÉ A PRÓXIMA SEMANA!
SITE:
 "MENINO 
TEVE FIGADO 
DILACERADO PELO 
PAI(...)"
" 
" 
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
12
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
Observe a figura: 
FONTE: http://nucleopedagogicodesociologia.blogspot.com.br/2014/07/etnocentrismo-questao-de-inicio-o-
-que.html.
Temos duas posições na charge que chamam a atenção: ambos acham a prática religiosa do ou-
tro motivo de riso. 
VOCÊ ACHA CERTA ESTA POSTURA? 
Na aula de hoje vamos estudar um conceito que trata exatamente disso: entender que sua práti-
ca cultural, nos mais variados aspectos, é melhor que a do outro. Minha religião é a certa. Minha 
família é a correta. Minha opção sexual é a correta... 
A esta prática chamamos de Etnocentrismo. 
13
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
1.1 ETNOCENTRISMO
O etnocentrismo trata-se de uma visão que toma a cultura do outro, como algo menor, sem valor, 
errado, primitivo. Ou seja, a visão etnocêntrica desconsidera a lógica de funcionamento de outra 
cultura, entendendo que somente a sua referencia cultural está correta. 
Observe esta definição: 
Além da fome, da miséria, das doenças, da desigualdade, um dos graves 
problemas que o mundo contemporâneo enfrenta é a intolerância entre 
os povos. A dificuldade em encarar a diversidade humana conduz à nega-
ção dos valores culturais alheios e supervalorização do ‘grupo do eu’, visão 
e atitude que chamamos de etnocentrismo, ou seja, uma visão do mundo 
onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os ou-
tros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, 
nossas definições do que é existência. No plano intelectual, pode ser visto 
como a dificuldade de pensar a diferença; no plano afetivo, como senti-
mentos de estranheza, medo, hostilidade, etc. (ROCHA, 1994, p.7).
Podemos dizer que a dificuldade de convivência entre os povos remonta 
aos primórdios do homem. A história nos revela em todos os seus períodos 
exemplos da percepção negativa de um povo diante de outro. Indepen-
dente de sua origem, africanos, americanos, asiáticos ou europeus, esta 
sempre foi uma atitude comum. Os gregos, por exemplo, chamavam de 
bárbaros aos povos que não partilhavam da cultura helênica; os europeus 
denominavam os nativos africanos e americanos de selvagens e posterior-
mente de primitivos; as comunidades do tronco Tupi que habitavam o lito-
ral brasileiro referiam-se aos grupos que viviam no interior como Tapuias; o 
povo judeu, a maior vítima da intolerância entre os povos na modernidade, 
também designava de gentios outros povos numa referência depreciativa 
a quem não fazia parte do grupo dos ‘eleitos’ (ASSIS; NEPOMUCENO. Aces-
so em: dez. 2016). 
" 
" 
" 
" 
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
14
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
Portanto, o etnocentrismo é uma avaliação que fazemos pautada em juízos de valor daquela prá-
tica cultural que é considerada diferente. Vamos ver alguns exemplos. 
Observe a figura abaixo: 
FONTE: http://sociologia-agroindustria.blogspot.com.br/2010/08/etnocentrismo.html
Certamente você sabe do que se trata: do Nazismo. Pautado por uma ideia extremamente etno-
cêntrica, este regime arrastou o mundo para uma guerra mundial e nos deixou perplexos com os 
campos de concentração espalhados pela Europa, onde milhares de pessoas morreram. 
15
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
Vamos ver outro exemplo: 
O verdadeiro genocídio que sofreram os nativos das Américas. Milhões deles foram mortos e 
escravizados. Tiveram sua cultura totalmente destruída e foi lhes imposto novo modo de ver o 
mundo. 
FONTE: http://mestresdahistoria.blogspot.com.br/2011/02/catequizacao-dos-povos-indigenas.html.
Vamos assistir ao vídeo “Etnocentrismo”, para entender melhor o seu conceito.
Mas, e hoje em dia? Em pleno século XXI existem práticas etnocêntricas? Vamos ver alguns casos 
e trocar algumas ideias. 
VIDEO:
 "ETNOCENTRISMO"
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
16
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
Após todos os casos apresentados, caso você ainda tenha dúvida ou deseja aprofundar mais no 
assunto, leia nosso texto de apoio disponibilizado no AVA. Trata-se de um texto-aula das profes-
soras Cássia Lobão Assis e Cristiane Maria Nepomuceno, sob o título “(Des)encontro de culturas: 
etnocentrismo e relativismo”. Vale a pena conferir.
Muito bem, agora iremos realizar nossa atividade final dessa unidade.
FONTE: https://botadentro.wordpress.com/2016/05/05/porque-o-amor-e-essencial-o-armandinho-ja-sabe-
-disso-e-voce/.
VÍDEO: 
"O MATERIAL 
JORNALÍSTICO (...)"
VÍDEO: 
"JAIR BOLSONARO 
REFORÇA HOMOFOBIA 
(...)"
VÍDEO: 
"É 'ABSURDO' ACHAR 
QUE NÃO EXISTE 
RACISMO (...)"
17
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
FONTE: http://www.juniao.com.br/chargecartum/.
Veremos o conceito de alteridade, um dos mais importantes de nossa disciplina e das ciências de 
um modo geral.
O mundo atual, denominado as vezes, de “pós-moderno”, as vezes de “globalizado”, ao mesmo 
tempo que cria uma “aldeia global”, com variações culturais universalizadas, comopor exemplo, 
os filmes de Hollywood, o show business norte-americano, também universalizou o preconceito 
e a xenofobia dentre outros problemas atuais. Por isso, no conturbado cenário do século XXI, a al-
teridade é, talvez, a palavra chave para a superação dos preconceitos e para a convivência pacifica 
entre os grupos humanos. 
MAS AFINAL O QUE SIGNIFICA ALTERIDADE? 
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
18
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
1.2 ALTERIDADE
Observe a charge abaixo: 
FONTE: http://sarauxyz.blogspot.com.br/2016/03/alteridade.html
Pois bem! Observe agora esse poema: 
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
(ANDRADE, Oswald. Obras completas. v. 6-7. Rio de Janei-
ro: Civilização Brasileira, 1972).
" 
" 
19
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
Tanto o poema quanto a charge falam do mesmo tema: 
COMO EU VEJO AQUILO QUE É COMPLETAMENTE DIFERENTE DO QUE EU PENSO, QUE É DI-
FERENTE DO MEU MODO DE AGIR, DAS MINHAS LEIS, DA MINHA RELIGIÃO ETC.? 
Existem duas maneiras de reagir a isso: agir etnocentricamente, como vimos na outra aula, ou 
agir de outra forma como veremos abaixo: 
No nosso texto base, você perceberá que dentre os vários conceitos possíveis de alteridade, um 
deles fala, que ela se refere “ao conceito que o indivíduo tem segundo o qual os outros seres são 
distintos dele. Contrário a ego”. Pode-se dizer também que vem do latim alteritas. Ser outro, colo-
car-se ou constituir-se como outro”. 
Pois bem, a outra forma, sem ser a de julgar o outro, é tentar entender por que ele pensa assim. 
Cada um pensa e age de determinada formas porque ele culturalmente aprendeu a agir assim. 
Portanto não existem culturas melhores ou piores, apenas diferentes. 
Se você quiser melhor se apropriar do conceito de Alteridade, sugerimos como leitura nosso tex-
to para aprofundamento de estudo sob o título “Conceito de Alteridade” de autoria do sociólogo 
Lucas de Oliveira Rodrigues.
No desenho abaixo, temos uma visão do que acontece quando vemos “um diferente” e olhamos 
de forma etnocêntrica para aquilo que é diferente. Nós vemos o outro e o julgamos de acordo 
com nossos padrões de comportamento. 
O Olhar Etnoc»ntrico do “Outro”
O Outro Como Ele ßReflexo do Outro
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
20
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
LEMBRANDO:
Temos que nos colocar no lugar do outro para poder compreendê-lo. 
Para que você se aprofunde mais sobre a questão do olhar a si e olhar o outro, ouça a entrevista 
com o Prof. Mario Sergio Cortella “Visão de Alteridade Visão do Outro”. 
Você também pode verificar em nosso texto base, que Frei Beto termina com esta colocação 
precisa: 
Só existe generosidade na medida em que percebo o outro como outro 
e a diferença do outro em relação a mim. Então sou capaz de entrar em 
relação com ele pela única via possível – porque, se tirar essa via, caio no 
colonialismo, vou querer ser como ele ou que ele seja como sou - a via do 
amor, se quisermos usar uma expressão evangélica; a via do respeito, se 
quisermos usar uma expressão ética; a via do reconhecimento dos seus 
direitos, se quisermos usar uma expressão jurídica; a via do resgate do real-
ce da sua dignidade como ser humano, se quisermos usar uma expressão 
moral. Ou seja, isso supõe a via mais curta da comunicação humana, que 
é o diálogo e a capacidade de entender o outro a partir da sua experiência 
de vida e da sua interioridade.
" 
" 
21
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
Agora! Observe a charge abaixo: 
FONTE:https://noticias.bol.uol.com.br/fotos/bol-listas/2015/12/12/22-memes-virais-e-outras-coisas-le-
gais-que-bombaram-na-web-e-no-whatsapp-em-2015.htm?cmpid=tw-bol#fotoNav=18
VOCÊ SABE QUEM É ESSA E O QUE ELA TEM A VER COM NOSSA HISTÓRIA? 
Pois bem trata-se de uma das maiores escritoras de todos os tempos, Simone de Beauvoir. Há 
muito tempo atrás, ela afirmou que, “Não se nasce mulher, torna-se mulher”. Ela fazia um exercício 
de alteridade, para tornar as mulheres o que elas realmente são por dentro e não o que a cultura 
as tornava. Tentava mostrar que em uma sociedade machista como a que ela vivia e que vivemos 
até hoje, onde o homem é colocado em uma posição social superior e a mulher é considerada o 
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
22
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
“segundo sexo”, tem de seguir uma conduta já determinada para ser considerada mulher, como: 
ser frágil, delicada, submissa, mãe, esposa, bela, recatada e do lar. Simone de Beauvoir veio, com 
seu pensamento de que “era necessário que as mulheres se “tornassem mulheres”” para enfren-
tarem o preconceito e conquistarem a igualdade de direitos com os homens, sendo livres para 
agir como quiserem, livres dos padrões da sociedade. Olhar as mulheres com alteridade é deixar 
que elas sejam o que são em sua essência e não o que a sociedade espera delas. 
Apesar disso, inúmeras pessoas, numa atitude clara de etnocentrismo, posicionaram-se contra 
a questão do Enem. Diziam ser um absurdo alguém tonar-se mulher. Em um desconhecimento 
claro do que a filósofa disse, diziam ser um absurdo “torna-se mulher”. Que, afinal elas já nasciam 
mulher. Esse pensamento arraigado na sociedade mostra como ainda hoje, o machismo é um 
dos maiores entraves a alteridade. 
Observe as charges abaixo: 
FONTE: https://bloguniversidadelivrepampedia.com/2016/01/18/so-os-homens-podem-por-um-fim-no-machismo/
SITE:
 "ENEM 2015: 
QUESTÃO SOBRE 
FEMINISMO(...)"
23
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
FONTE: https://peramblogando2.wordpress.com/category/mafalda/
FONTE: http://filonamidia.blogspot.com.br/2012/05/desafio-1-ano-2-bimestre.html
Todas elas mostram, de maneira divertida um problema sério: o Brasil ainda é um país com um 
elevadíssimo número de assédios morais e sexuais, ainda é grande a violência contra a mulher, 
ainda recebem salários menores para a mesma função etc. 
Ainda estamos longe do dia que o exercício da alteridade será uma regra e não uma exceção. 
Faça uma pesquisa sobre a violência contra a mulher no Brasil e após, redija um texto posicionan-
do-se sobre este grave problema. 
ATÉ BREVE!
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
24
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 dig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
1.3 RELATIVISMO CULTURAL
Vamos começar com alguns exemplos: 
FONTE: http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2010/09/charge-370/.
A charge acima nos mostra como reagimos quando não se pensa sob uma posição relativista: 
achamos que nossa cultura:
01_Leis;
02_Sistema Econômico;
03_Religião;
04_Crenças, etc.
são melhores que a do outro. Muitas vezes nem percebemos o quanto nós mesmos utilizando 
praticas que são daquela cultura que desprezamos. 
Você já deve ter percebido que que a posição contrária do relativismo cultural, é o etnocentrismo. 
25
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
Em nosso texto de apoio, temos a seguinte definição de relativismo cultural: 
“O relativismo cultural é uma teoria que implica a ideia de que é preciso 
compreender a diversidade cultural e respeitá-la, reconhecendo que todo 
sistema cultural tem uma coerência interna própria” 
(ASSIS; NEPOMUCENO, 2008).
Isto significa que a proposta do relativismo cultural é: 
01_Compreender que a diferença deve ser tomada como sinônimo de diversidade e nunca de 
desigualdade; 
02_Não devemos usar os padrões da nossa própria cultura para julgar os padrões culturais de 
outro grupo; 
03_Perceber que o que caracteriza o homem :
“(...) é sua aptidão praticamente infinita para inventar modos de vida e for-
mas de organização social extremamente diversas” (Texto de apoio).
Deve-se ressaltar que a ideia relativista surge quando se busca uma superação do etnocentrismo.
A ideia de que o mundo é plural e que vivemos em uma grande diversidade cultural levaram aos 
questionamentos dos pressupostos absolutistas, ou seja, daqueles que entendem existir apenas 
uma cultura “certa”. 
No mundo ocidental, por exemplo, ainda temos várias formas etnocêntricas de ver o mundo: 
01_O sistema capitalista é o correto, sendo os outros menosprezados; 
02_Na prática sexual, a heterossexualidade é o “padrão”, sendo o diferente digno de repúdio; 
03_O cristianismo é a religiosidade “correta”, em detrimento de qualquer outra, e assim vai. 
Portanto, devemos ter em mente o seguinte: 
As diferenças entre as sociedades são oriundas das formas encontradas 
pelo homem para se relacionar com a natureza.
" 
" 
" 
" 
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
26
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
Ou seja, as formas de agir, pensar, criar, são oriundas de um determinado padrão cultural a que 
fomos submetidos, não existindo uma visão única e certa, mas visões plurais e muitas vezes com-
plementares. 
Vamos assistir ao vídeo “Colonizado”, do grupo de humor Porta dos Fundos. 
Pois bem, este vídeo, de forma bem-humorada, mostra a relação entre o colonizador e os nossos 
nativos. Como diz uma música bem conhecida: 
[...] nos deram espelhos e vimos um mundo doente.
De fato, o que ocorreu em nosso país foi um “genocídio”. Este termo é utilizado para designar o 
“extermínio parcial ou total de algum grupo étnico, racial ou religioso”. 
Nas Américas o genocídio destruiu culturas inteiras. Todo um modo de vida foi destruído dando 
lugar a outro, “correto” dos europeus: 
01_Religião;
02_Linguagem;
03_Alimentação;
04_Crenças;
05_Vestimentas... 
tudo foi trocado pelos colonizadores.
VIDEO:
 "COLONIZADO"
" 
" 
27
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
 Observe a charge abaixo: 
FONTE: http://www.taquiprati.com.br/cronica/959-dois-presos-e-uma-medida
Foi realmente isto que aconteceu. Os nativos das três Américas tiveram suas terras tomadas, sua 
cultura usurpada e, quando fugiam, diziam que ele era preguiçoso. 
COMO SE EXPLICA HOJE?
01_O índio não era "preguiçoso", ele na verdade, não conhecia a i´deia de trabalho tal qual o europeu.
02_Os africanos eram tão fortes quanto os índios, porém a escravidão gerava muito dinheiro para 
Portugal por causa do tráfico negreiro.
Na verdade, se os europeus tivessem praticado o relativismo cultural, o mundo hoje seria ainda 
mais plural e diverso, como na foto abaixo: cada cultura tem sua maneira de se vestir, alimentar 
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
28
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
etc., sem que isso signifique que uma é a certa ou a errada, pois elas são apenas diferentes. 
Observe o perigo que é, ter uma visão fundamentalista da cultura. Em nome dela, mortes, perver-
sões, assassinatos são tidos como “normais”, por serem feito em nome de uma divindade. 
Certamente você se lembra do ataque a Boate gay nos EUA. Dezenas de mortos. Qual a causa 
disso? Observe o link: 
SITE:
 "O DRAMA DAS 
ESCRAVAS SEXUAIS 
DO ESTADO 
ISLÂMICO"
SITE:
 "ATAQUE EM BOATE 
GAY DEIXA 50 
MORTOS"
29
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
Pois bem, essas práticas revelam como o mundo é muito mais etnocêntrico que relativista e 
como, ainda estamos longe de ver o outro como um diferente e não como um herege. 
Caso queira saber mais sobre o Relativismo Cultural, leia nosso texto de apoio sob o título “Infan-
ticídio indígena, relativismo cultural e direitos humanos: elementos para reflexão”, de autoria de 
Ana Keila Mosca Pinezi. Nele a autora coloca em debate questões relativas a práticas tradicionais, 
dinâmica cultural, relativismo cultural, contato interétnico e direitos universais do homem.
Outra forma para que você se aproprie bem do conceito da temática tratada nesta aula é assistin-
do ao vídeo complementar: “Relativismo Cultural”, postado também em seu AVA.
A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), aprovou em 
2001 a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, um dos mais importantes documentos 
já elaborado por este organismo, no qual, além de assegurada a diversidade pessoal ou coletiva, 
a cultura é compreendida como
[...] conjunto dos traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afe-
tivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abrange, 
além das artes e das letras, os modos de vida, as maneiras de viver juntos, 
os sistemas de valores, as tradições e as crenças.
1.4 DIVERSIDADE CULTURAL
A diversidade cultural é mais que uma concepção teórica, é a constatação de que somente assim 
poderemos ter uma sociedade com menos preconceito, maior tolerância e, principalmente, me-
nos violência. 
Desde os gregos foram feitas várias tentativas de se explicar por que os homens possuem cos-
tumes tão variados. Além disso, era comum chamar de bárbaros (como os romanos) ou gentios 
(como os Judeus) quem não praticava a sua cultura, falava sua religião ou seguia seu deus.
Na modernidade, começamos a perceber que a diversidade cultural era enorme, o que levou 
" 
" 
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
30
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
osd
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
muitos pensadores a formular novas teorias que vissem a diversidade pela ótica do pluralismo e 
do relativismo e não do etnocentrismo. 
Essa nova concepção do mundo fazia uma árdua defesa da diversidade cultural como única prá-
tica para que as identidades culturais fossem preservadas e não aniquiladas, principalmente por 
causa da globalização atual. 
Observe o desenho abaixo e veja como somos múltiplos: 
FONTE: http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/a-diversidade-cultural-brasileira-sala-au-
la.htm.
Apesar de diversos somos parte do mesmo país, da mesma nação. Por isso, a aceitação do outro 
é a única garantia possível de que eu mesmo tenha o meu direito preservado. 
Por exemplo: no inicio de nossa história, os católicos obrigavam os nativos a seguirem sua religião. 
Tempos depois foi a vez dos protestantes sofrerem perseguição religiosa em nosso país. E agora? 
31
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
Como está a intolerância religiosa em nosso país? Quem a pratica? Os grupos afro-descentes pos-
suem os mesmos direitos que as outras religiosidades? 
Observe atentamente a charge abaixo. 
O QUE VOCÊ ACHA DELA?
Fonte: http://ciencia.folhadaregiao.com.br/2012/04/cruzes-da-discordia.html.
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
32
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
Observe agora a belíssima canção da música abaixo, 
“SER DIFERENTE É NORMAL” 
Todo mundo tem seu jeito singular
De ser feliz de, de viver e de enxergar
Se os olhos são maiores ou são orientais
E daí? Que diferença faz?
Todo mundo tem que ser especial
Em oportunidades, em direitos, coisa e tal
Seja branco, preto, verde, azul ou lilás
E daí? Que diferença faz?
Já pensou, tudo sempre igual?
Ser mais do mesmo o tempo todo não é tão legal
Já pensou, sempre tão igual?
Tá na hora de ir em frente
Ser diferente é normal
Ser diferente é normal
Ser diferente é normal
Todo mundo tem seu jeito singular
De crescer, aparecer e se manifestar
Se o peso na balança é de uns quilinhos a mais
E daí, que diferença faz?
Todo mundo tem que ser especial
Em seu sorriso, sua fé e no seu visual
Se curte tatuagens ou pinturas naturais
E daí, que diferença faz?
Já pensou, tudo sempre igual?
Ser mais do mesmo o tempo todo não é tão legal
Já pensou, sempre tão igual?
Tá na hora de ir em frente:
Ser diferente é normal!
(Criação: Adilson Xavier e Vinícius Castro, 2013)
" 
" 
33
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 1 : O QUE É ANTROPOLOGIA?
Esta música é o verdadeiro hino da diversidade cultural. Quem nos dera a humanidade se conven-
cesse disso. O mundo teria bem menos homofobia, machismo, fascismo, violências, preconceito...
SITE:
 "SER DIFERENTE É 
NORMAL (ADILSON 
XAVIER / VINICIUS 
CASTRO)"
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
UNIDADE
A Construção do Conceito 
e Cultura
2
2.1 Da natureza à Cultura
2.2 Símbolos e Sinais
2.3 O determinismo biológico e o determinismo geográfico
2.4 Racismo
2.5 Formação do conceito: Kultur e Civilization
2.6 Cultura um elemento dinâmico
2.7 Antropologia do gênero
2.8 Cultura e sincretismo religioso
35
44
51
58
65
74
79
84
35
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
2.1 DA NATUREZA À CULTURA
Hoje iremos estudar o conceito mais importante de nossa disciplina: o conceito de cultura. 
De início, iremos colocar uma definição que, talvez seja a mais antiga. Foi feita por Edward Bur-
nett Tylor 
[...] cultura é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, 
moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos 
pelo homem como membro de uma sociedade. 
Esta é sem dúvida uma bela definição de cultura: todos nós já a usamos em algum momento.
Os conhecimentos dizem respeito àquilo que tradicionalmente aprendemos com as gerações 
anteriores, com a academia etc.; as crenças são claramente ligadas às culturas, pois uma criança 
que nasce na Arábia certamente será Islâmica e uma criança brasileira certamente será cristã; as 
leis dependem completamente do local onde são produzidas, como por exemplo podemos citar, 
o casamento monogâmico do mundo ocidental e o poligâmico do mundo oriental; os costumes 
são tão diversos quanto são os países do mundo: a alimentação brasileira inclui a carne de vaca, 
enquanto na Índia ela é sagrada. 
Antes de continuar, assista ao vídeo “O que é cultura?” 
" 
" 
VÍDEO: 
"O QUE É CULTURA?"
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
36
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
Enfim, entendemos por cultura, tudo aquilo produzido pelo homem, que não é biológico. Isto 
significa que a cultura varia no tempo e no espaço. 
Ou seja, somente não é cultura aquilo permanece desde as civilizações primitivas até hoje, e que 
são realizadas tanto no oriente como no ocidente: necessidades biológicas, tais como nascer, 
respirar, comer etc. Essas são comuns a todos os agrupamentos humanos em qualquer época e 
lugar de nossa história. O desenho a seguir mostra isso. 
FONTE: http://www.detectivesdelahistoria.es/el-hombre-llego-a-america-mucho-antes-de-lo-pensado/, 2015.
Vamos identificar algumas formas de cultura bem diferentes das nossas:
01_A CORÉIA E A CHINA: onde a população consome carne de cachorro, o que parece irracional 
para a cultura do ocidente; 
FONTE: http://petsonline.com.br/petsonline/curiosidades/.
37
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
02_NA TAILÂNDIA: As mulheres girafas, que espicham os próprios pescoços com aros de ferro 
deixando-os com mais de 30 cm; 
FONTE: http://www.tjfer.com/detail/g6322581244270313730/
03_ÍNDIA: Onde as vacas são veneradas e protegidas como animais sagrados;
FONTE: https://br.pinterest.com/pin/113997434295603428/
 
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
38
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
04_CHINA: Os insetos fazem parte da lista de iguarias caras e apreciadas na gastronomia; 
Fonte: http://istoe.com.br/98419_A+ONU+RECOMENDA+COMA+INSETOS/
05_FRANÇA: Comer Scargot, uma espécie de lesma, é normal. Sendo este um prato requintado 
do país; 
FONTE: https://www.tastingpage.com/cooking/escargot-stuffed-mushrooms39
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
06_Existem culturas em que os homens não podem fazer a barba, principalmente nas religiões 
mulçumana e judaica;
FONTE: https://noticias.terra.com.br/mundo/contra-radicalizacao-islamica-pais-forca-13-mil-homens-a-cor-
tar-barba,beac8ae0dc612d6792e6c71685ccb9d1xlndzvnf.html
Pois bem, vimos como as práticas culturais são as mais variáveis possíveis. São tantas religiões, 
crenças, leis, que mostram como o mundo é verdadeiramente plural e diverso. 
Isto nos leva a outro aspecto da cultura: não existem culturas certas ou erradas, elas são apenas 
diferentes. Cada um que a pratica entende como certa. 
O grande problema é quando não respeitamos a cultura do outro. Na história isso sempre deu 
errado. Como foi o caso do nazismo, do fascismo, das ditaduras miliares etc. 
MAS POR QUE AS PESSOAS POSSUEM CULTURAS TÃO DIFERENTES? 
Durante muitos anos, supunha-se que fatores genéticos ou geográficos, como veremos adiante, 
eram os responsáveis por tal povo possuir uma determinada cultura. Essas teorias eram extrema-
mente preconceituosas, chegando ao cúmulo de dizer que 
[...] os povos dos trópicos eram fadados ao desaparecimento, por causa da 
miscigenação.
 
" 
" 
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
40
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
Em um dos textos de apoio, “A construção da Imagem de Dom Pedro II”, de minha autoria, vemos 
como eram preconceituosos os europeus que vinham por aqui, nos oitocentos. Sem entender 
nossa cultura, diziam coisas absurdas sobre o Brasil. Leia algumas dessas frases, sempre se refe-
rindo ao brasileiro: 
A mistura com o sangue dos negros e mulatos não poderia contribuir 
para o melhoramento da raça portuguesa.
A catinga de milhares de negros
 
Esquálidos habitantes que na imundície se criam
Vagarosos e amolenados pelo calor do clima
Consideram o Rio como o mais imundo dos ajuntamentos de seres hu-
manos debaixo do céu
Revoltante, não é? 
O pior é constatar que depois de tantos anos e de tantas lutas, nós mesmo, às vezes tratamos 
dessa maneira que éramos tratados. Afinal, são comuns em nosso meio, o racismo, a homofobia 
o preconceito. 
Pois bem, devemos respeitar e não julgar quem tem uma cultura diferente da nossa. Afinal são 
inúmeras as manifestações artísticas, as expressões coletivas que não entendemos. 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
" 
41
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
Uma observação deve ser feita: 
Cultura não é sinônimo de conhecimento.
Por exemplo: 
Nordestinos não têm cultura.
Indígenas não têm cultura.
TODAS AS PESSOAS E POVOS POSSUEM CULTURA
Afinal todas elas possuem crenças, linguagens etc. 
Agora vamos a letra de uma música sobre o tema e caso prefira ouvi-la, segue o link: 
"COMIDA"
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comida
A gente quer comida, diversão e arte
VÍDEO: 
"MÚSICA E 
TRABALHO: COMIDA 
(TITÃS)"
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
42
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
A gente não quer só comida
A gente quer saída para qualquer parte
A gente não quer só comida
A gente quer bebida, diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida como a vida quer
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comer
A gente quer comer e quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer pra aliviar a dor
A gente não quer só dinheiro
A gente quer dinheiro e felicidade
A gente não quer só dinheiro
A gente quer inteiro e não pela metade
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comida
A gente quer comida, diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída para qualquer parte
A gente não quer só comida
A gente quer bebida, diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida como a vida quer
A gente não quer só comer
A gente quer comer e quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer pra aliviar a dor
43
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
A gente não quer só dinheiro
A gente quer dinheiro e felicidade
A gente não quer só dinheiro
A gente quer inteiro e não pela metade
Diversão e arte
Para qualquer parte
Diversão, balé
Como a vida quer
Desejo, necessidade, vontade
Necessidade, desejo, eh!
Necessidade, vontade, eh!
Necessidade
A cultura é que dá significado a nossa existência. Por isso, ela é tão importante quanto a comida 
e a bebida.
Como forma de melhor relacionar nossa discussão aos processos de contexto, sugiro que assis-
tam ao vídeo “Pais jogam bebês de torre em ritual para a sorte na Índia”, e a partir do sentimento 
que você sentirá ao assisti-lo, relacione-o com nossa aula. 
ATÉ NOSSA PRÓXIMA AULA!
VÍDEO: 
"PAIS JOGAM 
BEBÊS DE TORRE 
EM RITUAL PARA A 
SORTE NA ÍNDIA"
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
44
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
2.2 SÍMBOLOS E SINAIS
Hoje veremos dois conceitos que, podem à primeira vista parecer estranhos, mas que fazem par-
te de nosso dia a dia, mesmo que não percebamos: Símbolos e Sinais. 
Para muitos antropólogos, a grande diferença entre os homens e os animais, é que os seres hu-
manos são capazes de usar símbolos para sua existência. A possibilidade de criar símbolos é es-
pecífica dos seres humanos. Evidentemente, esta capacidade está ligada a ouras características 
que nos diferem dos animais: o pensamento, a compreensão, o raciocínio etc. 
MAS POR QUE É IMPORTANTE PARA O SER HUMANO A CRIAÇÃO DESSA SIMBOLOGIA? 
Um grande antropólogo, o americano Clifford Geertz argumentou que a cultura não é algo está-
tico e preso dentro das cabeças das pessoas, mas ela e demonstrada através dos símbolos públi-
cos. São por meio deles que os membros de uma sociedade se comunicam, que passam sua visão 
de mundo, seus valores e tudo mais, tanto uns com os outros, como é esse o legado que deixam 
para as futuras gerações. 
Portanto, o símbolo é uma coisa cujo valor ou significado é atribuído pelos seus usuários.
Vamos ver uma definição de símbolo: 
Símbolos são realidades fisicas ou sensoriais às quais os individuos que 
os utilizam lhes atribuem valores ou significados especiifcos. Comumente 
representam ou implicam coisas concretas ou abstratas. Pessoas, gestos, 
palavras, ordens, fórmulas mágicas, crenças, cerimonias, hinos, bandeiras, 
textossagrados, etc, que tenham adiquirido significado específico, repre-
sentando, em um conexto cultural, por meio de atos, atitudes e sentimen-
tos, constituem-se simbolos. 
A simbolização permite ao homem transmitir seus conhecimentos aprendidos e acumulados du-
rante as diferentes gerações. A criação deles consiste, basicamente, na associação de significados 
àquilo que se pode perceber pelos sentidos, ou seja, ver, ouvir, tocar, cheirar. 
" 
" 
45
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
01_Para nós da civilização judaico-cristã ocidental, o preto é a cor do luto, representando tristeza, 
saudade de quem se foi, enquanto que para alguns países orientais, é o amarelo, pois a morte é 
um momento de alegria em razão da libertação do corpo e da alma. 
02_A cruz, que representa o sofrimento de Cristo, é totalmente estranha para um canibal africa-
no. Por outro lado, a palma, como aplauso, é conhecida de quase todas as sociedades.
03_Um simples pedaço de pano, por exemplo, ao ser erguido até o topo de um mastro, refere-se 
à ideia de pátria. 
Pelo que vimos até agora, pode-se perceber que estamos rodeados de símbolos, que vão desde 
o aceno de mãos em uma despedida, até as letras do alfabeto que usamos para falar, escrever e 
perpetuar o conhecimento.
Em nosso texto base, temos uma definição interessante que nos ajudará a compreender melhor 
este tema: 
Há indícios antigos, como o empoar dos cadáveres com ocre vermelho, 
de que o pensar simbolista teve seu princípio nos fins do paleolítico ou 
até mesmo antes. Naquela época, as constelações, os animais, as pedras 
e os elementos da paisagem natural foram os mestres da humanidade. A 
inserção do homem no mundo dos fatos espirituais e morais, por exemplo, 
deu-se por meio do contato com o visível.
" 
" 
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
46
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
As representações começaram desde muito cedo na história da humanidade. Para alguns estu-
diosos essas pinturas rupestres, como a anterior, existente em solo brasileiro, já mostravam a pre-
ocupação do homem primitivo com os símbolos e, por consequência, com sua própria existência.
Uma pergunta importante vai nos ajudar na compreensão desse conteúdo: 
O QUE ENTENDEMOS POR SÍMBOLOS? 
A palavra “símbolo” (do grego symbolon) foi inicialmente utilizada entre os gregos para se referir 
às metades de uma tabuinha que hospedeiro e hóspede guardavam, cada um a sua metade, 
transmitidas depois aos seus descendentes. As duas partes juntas (sumballô) funcionavam para 
reconhecer os portadores e para provar as relações de hospitalidade ou de aliança adquiridas no 
passado. Quando dois amigos se separavam por um período longo, ou para sempre, partiam uma 
moeda, uma plaquinha de barro ou um anel; se após anos alguém das famílias amigas retornas-
se, as partes unidas (symbáleim = juntar, reunir) podiam confirmar que o portador de uma delas 
realmente fazia jus à hospitalidade. 
Era comum nas guerras antigas, que se partissem as mensagens enviadas aos campos de ba-
talhas em duas pares, cada uma com um mensageiro diferente. Assim se um fosse capturado, 
eles não conseguiriam ler as mensagens. Por ouro lado, quando os dois chegavam ao campo de 
batalha, o comandante podia ler a mensagem completa. Era isso que denominavam de símbolos. 
Daí o sentido de juntar, reunir, que vimos acima.
Leia com atenção a definição abaixo: 
Dessa forma, ao representar as duas partes reunidas, o símbolo é, inicial-
mente, “símbolo feito de algo."
Ao ser utilizado, ele passa a ser “símbolo de algo”. O símbolo, em sua origem, é um sinal visível de 
algo que não se encontra ali presente de forma concreta, algo que pode ser nele percebido: no 
exemplo dado, a Amizade dos possuidores das partes. O símbolo separa e une, comporta as duas 
ideias de separação e de reunião; evoca uma comunidade que foi dividida e que se pode reagru-
par. Todo signo comporta uma parcela de signo partido; o sentido do símbolo revela-se naquilo 
que é simultaneamente rompimento e união de suas partes separadas. 
" 
" 
47
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
Observe a charge apresentada a seguir e reflita: 
PELO QUE VIMOS ATÉ AGORA, VOCÊ CONSEGUE SEPARAR A IDEIA DE SÍMBOLO DO SENSO 
COMUM, POR EXEMPLO? 
Vamos nos aprofundar um pouco mais no sentido de símbolo, lendo mais um trecho do nosso 
texto base: 
Por analogia, tal significado foi ampliado até compreender os cupons, senhas ou fichas, que dão 
direito a receber soldos, indenizações ou víveres. O sentido da palavra “símbolo” desenvolveu-
-se bastante, chegando a envolver, por exemplo, oráculos, presságios, fenômenos extraordinários 
considerados provindos dos deuses, emblemas de corporações, crachás e vários tipos de sinais 
de compromisso, como o anel de casamento ou o anel depositado pelos participantes de um 
banquete, garantindo que pagarão corretamente por ele. De fato, poucas palavras adquiriram tão 
vasta significação como a palavra “símbolo”. 
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
48
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
Observe a próxima figura e procure desvendar ou imaginar quantos símbolos ela possui: 
Veja: as alianças, o vestido branco, as bênçãos, a cerimonia etc., são repletos de simbologia, que 
nós reconhecemos bem. O simples fato de uma pessoa usar uma aliança em uma das mãos sig-
nifica seu estado civil. 
Vamos ler outra parte de nosso texto base, para vermos como os símbolos podem ser apropriados: 
O simbolismo hindu, chinês e japonês, por exemplo, penetrou entre nós por meio de artigos co-
merciais, entre eles, vasos, tecidos e peças curiosas do Extremo Oriente. Do mesmo modo, era 
hábito, entre os soldados, marinheiros e viajantes antigos, ao deixar seus lares, levar consigo seus 
símbolos, objetos pelos quais tinham um estimável apreço, que disseminavam seu significado e 
adquiriam outros novos. o circularem, as moedas também difundem as representações simbóli-
cas traduzidas por seu povo ao cunhá-las. 
Observe a imagem a seguir e veja os “símbolos cartográficos” que ela possui. 
49
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
Nossas leis, tribunais, o martelo do juiz, a balança, são símbolos do nosso ordenamento jurídico, 
que carregam princípios e valores culturais para dentro do Direito. 
Vamos aprender sobre eles nesse vídeo: “As deusas da Justiça (Têmis e Iustitia)” pelo Prof.º Ronal-
do Bastos.
VÍDEO: 
"AS DEUSAS 
DA JUSTIÇA
 (TÊMIS E IUSTITIA)"
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
50
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tum
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
A Constituição, em seu artigo 13, aponta os símbolos do nosso país: 
ART. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do 
Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as 
armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos 
próprios (BRASIL, 1988).
Analisando de maneira mais ampla, a Constituição da República é também um símbolo do nosso 
ordenamento jurídico, uma vez que ela é a lei fundamental e suprema de um país, que contém 
nossos princípios e objetivos fundamentais. 
Agora vamos realizar nossa atividade da semana? Leia os dois textos disponibilizados e reflita 
sobre a relação de cada um destes com o conteúdo discutido nesta aula. Lembrando que esta 
atividade não será valorativa.
" 
" 
VÍDEO: 
"POR QUE MORO E 
LAVA JATO NÃO SÃO 
UNANIMIDADE ENTRE 
JURISTAS"
SITE: 
"LAVA-JATO CRIA 
PROCESSO STALINISTA 
DIZ ADVOGADO" 
51
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
 2.3 DETERMINISMO BIOLÓGICO E DETERMINISMO GEOGRÁFICO
Hoje iremos estudar dois conceitos da antropologia bastante antigos. Eles não são mais adequa-
dos para construirmos uma ideia sobre as relações entre os homens, porém, como toda tradição, 
eles possuem força suficiente para formar nossos pensamentos até hoje, são eles o determinismo 
biológico e o determinismo geográfico.
O determinismo biológico acredita que a genética de um ser humano ou a sua “raça”, são capa-
zes de determinar a sua cultura. 
São velhas e persistentes as teorias que atribuem capacidades específicas 
inatas a ‘raças’ ou a outros grupos humanos. Muita gente ainda acredita 
que os nórdicos são mais inteligentes do que os negros; que os alemães 
têm mais habilidade para a mecânica; que os judeus são avarentos e ne-
gociantes; que os norte-americanos são empreendedores e interesseiros; 
que os portugueses são muito trabalhadores e pouco inteligentes; que os 
japoneses são trabalhadores, traiçoeiros e cruéis; que os ciganos são nô-
mades por instinto, e, finalmente, que os brasileiros herdaram a preguiça 
dos negros, a imprevidência dos índios e a luxúria dos portugueses” (LA-
RAIA, 2001, p. 17).
Considerar o determinismo biológico como verdade cria uma série de estereótipos de tipos físi-
cos, como se todas as pessoas de um mesmo tipo genético, agissem de uma determinada forma. 
Esse tipo de pensamento pode levar a doutrinas perigosas, como o nazismo de Hitler, que pensa-
va existir uma “supremacia branca”, grupos racistas, que consideram negros como inferiores, etc.
" 
" 
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
52
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
Assim, como muita gente acredita que homens são determinados a realizarem ocupações espe-
cíficas por serem homens, e mulheres devem realizar determinadas tarefas por serem mulheres, 
utilizando como base para o seu pensamento, o fator biológico, a genética de cada um. Ou seja, 
acreditam que o tipo físico de cada um, vai determinar sua forma de agir, sua cultura: esse é o 
determinismo biológico, um conceito que já foi superado pelos antropólogos atuais. 
53
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
A verificação de qualquer sistema de divisão sexual do trabalho mostra que 
ele é determinado culturalmente e não em função de uma racionalidade 
biológica. O transporte de água para a aldeia é uma atividade feminina no 
Xingu (como nas favelas cariocas). Carregar cerca de vinte litros de água 
sobre a cabeça implica, na verdade, um esforço físico considerável, muito 
maior do que o necessário para o manejo de um arco, arma de uso exclu-
sivo dos homens. Até muito pouco tempo, a carreira diplomática, o quadro 
de funcionários do Banco do Brasil, entre outros exemplos, eram ativida-
des exclusivamente masculinas. O exército de Israel demonstrou que a sua 
eficiência bélica continua intacta, mesmo depois da maciça admissão de 
mulheres soldados (LARAIA, 2001, p. 19).
Houve um tempo em que mulheres não tinham direito a votar, a exercer determinadas profis-
sões, a mulher era considerada digna apenas se se casasse, apenas pelo fato de serem mulheres 
e aos homens cabia “sustentar o lar”, ser durão, grosseiro, hoje em dia, as mulheres exercem todo 
tipo de trabalho, mesmo aqueles considerados “trabalho de homem”, além de poderem assumir 
diferentes estilos de vida, que antes eram atribuídos ao homem, prova de que o fator biológico 
não determina nosso modo de agir. 
Vamos ler o artigo “O papel da mulher na sociedade. 
O outro conceito que vamos aprender nesta aula é o determinismo geo-
gráfico. Essa teoria é parecida com o determinismo biológico, porém aqui, 
não é o fator biológico que vai determinar a cultura do homem e sim o 
fator geográfico. O determinismo geográfico considera que a cultura é 
determinada pelo ambiente físico das pessoas. As condições geográficas, 
como a temperatura, solo, vegetação, etc., determinam a cultura das pes-
soas que vivem no local. Acredita-se que essas forças naturais possam de-
terminar a forma de agir dos homens. A ideia do determinismo geográ-
fico também foi superada ao observarmos que os homens nem sempre 
agiam da mesma forma, por exemplo, “no interior de nosso país, dentro 
dos limites do Parque Nacional do Xingu. Os xinguanos propriamente di-
tos (Kamayurá, Kalapalo, Trumai, Waurá etc.) desprezam toda a reserva de 
" 
" 
" 
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
54
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
proteínas existentes nos grandes mamíferos, cuja caça lhes é interditada 
por motivos culturais, e se dedicam mais intensamente à pesca e caça de 
aves. Os Kayabi, que habitam o Norte do Parque, são excelentes caçadores 
e preferem justamente os mamíferos de grande porte, como a anta, o ve-
ado, o caititu etc. (LARAIA, 2001, p.23).
DOUTRINA DO DETERMINISMO GEOGRÁFICO
01_O homem é um elemento passivo da paisagem;
02_O homem é produto do meio;
03_A Geografia estudaria as características naturais da superfície terrestre e consideraria o efeito 
dessas características sobre o homem e suas atividades.
O Direito também acompanha essa mudança de pensamentos, deixando os resquícios de deter-
minismo biológico presentes na lei para trás. Há pouco tempo atrás, no ano de 2016, uma lei que 
amplia a licença paternidade foi aprovada, aumentando o tempo de 5 para 20 dias. 
Enquanto a licença maternidade é de 120 dias, a licença paternidade era de apenas 5 dias, dire-
cionando os pais à atividade produtiva, e as mães, à atividade reprodutiva, de forma que somente 
estas precisam conciliar vida familiar e profissional. Além disso, a licença concedida aos pais pro-
voca a imposição de papéis estereotipados no âmbito das famílias, dificultando e desestimulan-
do a participação ativa dos homens na criação dos seus filhos.Os homens deviam ter o mesmo 
tempo de licença, para participarem da criação dos filhos da mesma forma que as mulheres, 
" 
SITE: 
"DILMA SANCIONA 
AUMENTO"
55
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
entretanto, podemos observar um avanço do direito ao aumentar a licença-paternidade mesmo 
que seja para 20 dias. Uma vez que o determinismo biológico não é mais considerado, podemos 
deixar para trás a ideia de que cabe à mulher cuidar dos filhos e ao homem trabalhar fora, cada 
pessoa pode agir de acordo com sua individualidade. Com a conscientização dos operadores do 
direito acerca de assuntos antropológicos e de diversidade familiar e cultural, poderemos cons-
truir leis mais justas e inclusivas. 
As diferenças existentes entre os homens, portanto, não podem ser expli-
cadas em termos das limitações que lhes são impostas pelo seu apara-
to biológico ou pelo seu meio ambiente. A grande qualidade da espécie 
humana foi a de romper com suas próprias limitações: um animal frágil, 
provido de insignificante força física, dominou toda a natureza e se trans-
formou no mais temível dos predadores. Sem asas, dominou os ares; sem 
guelras ou membranas próprias, conquistou os mares. Tudo isto porque 
difere dos outros animais por ser o único que possui cultura. Mas que é 
cultura? (LARAIA, 2001, p. 25). 
Pois bem, não é preciso nem dizer que esses dois conceitos estão carregados de etnocentrismo 
e procuravam, na verdade, justificar a riqueza do norte e a pobreza do sul. Ao mesmo tempo jus-
tificavam a colonização e a exploração de nossas riquezas, pois eles estavam apenas “trazendo a 
civilização até esses povos bárbaros.
Dois grandes nomes desse pensamento foram o Conde de Gobineau e o cientista Louis Rodolphe 
Agassiz, célebres por seus posicionamentos sobre a desigualdade das raças. Ambos estiveram no 
Brasil e deixaram escrito esta experiência. E o que leremos é extremamente preconceituoso: 
AGASSIZ: 
Aqueles que põem em dúvida os efeitos perniciosos da mistura de raças e 
são levados por falsa filantropia a romper as barreiras colocadas entre elas, 
deveriam vir ao Brasil. Não lhes seria possível negar a decadência resul-
tante dos cruzamentos que, neste país, se dão mais largamente que em 
qualquer outro. Veriam que esta mistura apaga as melhores qualidades, 
quer do branco quer do negro, quer do índio e produz um tipo mestiço, 
indescritível, cuja energia física e mental se enfraqueceu.
" 
" 
" 
" 
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
56
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
O CONDE DE GOBINEAU, 
célebre teórico do “Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas”, quan-
do avista o Rio de Janeiro e sua natureza, diz achar “tudo isso encantador, 
chocante e milagroso ao extremo... (como) uma bonita donzela inculta e 
selvagem que não sabe nem ler nem escrever”. Apesar de ter se encanta-
do com a beleza geográfica do lugar, achando, “tudo isso encantador, cho-
cante e milagroso ao extremo”, não foge a regra de seus contemporâneos 
e quando descreve os brasileiros, diz que são, “uma população toda mu-
lata, com sangue viciado, espírito viciado e feia de meter medo... nenhum 
brasileiro é de sangue puro... isto produziu nas classes baixas e altas, uma 
degenerescência do mais triste aspecto”. 
Segundo Heitor Lyra, Gobineau não gostou nada do Brasil, e “nada chocou 
tanto a sua sensibilidade e as teorias racistas que defendia como o calde-
amento desordenado e ininterrupto que se processava entre as muitas ra-
ças povoadoras de nosso solo. A mestiçagem brasileira lhe causava verda-
deira repugnância – dizia ser uma população marrom, fraca, amarelada”. 
Ainda, segundo Gobineau, os brasileiros eram, “todos mulatos, a escória do 
gênero humano. Eles foram pervertidos pela escravidão negra”. 
O interessante é, mesmo depois de tanto racismo contra nossa população, nós mesmos as vezes 
fazemos o mesmo. Afinal quem nunca ouviu:
Índio é preguiçoso. Preto não toma banho. Nordestino não sabe votar. 
Mulher não sabe dirigir. Brasileiro é corrupto. 
Pois bem, assim agindo estamos fazendo igual a esses preconceituosos que achavam que o Brasil 
não era viável como nação. 
O determinismo biológico deu origem à teoria da Eugenia, que busca selecionar as pessoas com 
" 
" " 
" " 
" 
57
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
base em sua genética, essa teoria foi base para o nazismo e outras formas de discriminação. Va-
mos aprender sobre ela no vídeo a seguir: “A Ciência Nazista” promovido por Nerdologia 163. 
Vamos ler um texto publicado pela “Revista de História da Biblioteca Nacional” de 01 jan. 2012. E a 
seguir, como nossa atividade avaliativa, proceder a análise deste texto.
VÍDEO: 
"A CIÊNCIA NAZISTA 
| NERDOLOGIA"
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
58
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
2.4 RACISMO
Vamos iniciar ouvindo uma música sobre o tema. Dois grandes nomes de nossa música popular 
fizeram uma canção que ilustra bem o problema do racismo. 
"A MÃO DA LIMPEZA"
(Gilberto Gil e Caetano Veloso).
O branco inventou que o negro
Quando não suja na entrada
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Que mentira danada, ê
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o negro pensava, ê
 
Mesmo depois de abolida a escravidão
Negra é a mão
De quem faz a limpeza
Lavando a roupa encardida, esfregando o chão
Negra é a mão
É a mão da pureza
 
Negra é a vida consumida ao pé do fogão
Negra é a mão
Nos preparando a mesa
Limpando as manchas do mundo com água e sabão
59
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
Negra é a mão
De imaculada nobreza
 
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
Eta branco sujão
A letra da música nos mostra uma triste realidade: a presença de preconceito contra os negros, 
comum em nossa história. Um pensador disse que 
os negros eram os pés e as mãos dos senhores de engenho
Essa realidade mostra como era o trabalho escravo: 
01_Cuidavam do trabalho pesado;
02_Do trabalho domestico;
03_Amamentavam os filhos dos brancos;
04_Cozinhavam etc.. 
Mas mesmo assim, eram tratados como animais, sofrendo castigos, sendo vendidos, desterritoria-
lizados... e mesmo assim, eram tratados como “sem alma”, degenerados etc. 
Vamos iniciar nosso estudo definindo o tema: 
O racismo pode ser definido como uma doutrina segundo a qual todas as manifestações cultu-
rais, históricas e sociais do homem e os seus valores dependem da raça; também segundo essa 
doutrina existe uma raça superior (arianaou nórdica) que se destina a dirigir o gênero humano. 
As concepções racistas constituem um fenômeno antigo (recusa do estranho), porém a sua arqui-
tetura teórica tem início no final do século XIX com o francês Gobineau, considerado o fundador 
da teoria racista. Para ele, ‘as grandes raças primitivas que formavam a humanidade nos seus 
primórdios – branca, amarela, negra – não eram só desiguais em valor absoluto, mas também di-
versas em suas aptidões particulares. A tara da degenerescência estava, segundo ele, ligada mais 
" 
" 
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
60
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
ao fenômeno de mestiçagem do que à posição de cada uma das raças numa escala de valores 
comum a todas; destinava-se, pois, a atingir toda a humanidade, condenada sem distinção de 
raça a uma mestiçagem cada vez mais desenvolvida. 
Já vimos em outras aulas que o Conde de Gobineau esteve no Brasil e como era o seu pensamen-
to sobre os Brasileiros. No nosso texto de apoio, “A construção da imagem de Dom Pedro II: entre 
abolicionistas, viajantes e republicanos”, contamos a história da vinda dele ao país e alguns de 
seus comentários sobre nosso povo: 
O Conde de Gobineau, célebre teórico das “Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas”, 
quando avista o Rio de Janeiro e sua natureza, diz achar 
tudo isso encantador, chocante e milagroso ao extremo... (como) uma bo-
nita donzela inculta e selvagem que não sabe nem ler nem escrever. 
Apesar de ter se encantado com a beleza geográfica do lugar, achando, “tudo isso encantador, 
chocante e milagroso ao extremo”, não foge à regra de seus contemporâneos e quando descreve 
os brasileiros, diz que são, 
Uma população toda mulata, com sangue viciado, espírito viciado e feia 
de meter medo... nenhum brasileiro é de sangue puro... isto produziu nas 
classes baixas e altas, uma degenerescência do mais triste aspecto.
Segundo Heitor Lyra, Gobineau não gostou nada do Brasil, e 
Nada chocou tanto a sua sensibilidade e as teorias racistas que defendia 
como o caldeamento desordenado e ininterrupto que se processava en-
tre as muitas raças povoadoras de nosso solo. A mestiçagem brasileira 
lhe causava verdadeira repugnância – uma população amarelada, gentia, 
marrom, amargas, segundo ele, os brasileiros eram, todos mulatos, a es-
cória do gênero humano. Eles foram pervertidos pela escravidão negra’1. 
1 SENA, Nelson de. A construção da imagem de Dom Pedro II: entre viajantes, abolicionistas e republica-
nos.
" 
" 
" 
" " 
" 
61
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
Como podemos ver, a população brasileira, desde cedo em sua história foi alvo de racismo. Estas 
teorias nefastas pretendiam provar: 
01_Que existem raças; 
02_Que as raças são biológicas e geneticamente diferentes; 
03_Que há raças atrasadas e adiantadas, inferiores e superiores; 
04_Que as raças atrasadas e inferiores não são capazes de desenvolvimento intelectual e estão 
naturalmente destinadas ao trabalho manual, pois sua razão é muito pequena e não conseguem 
compreender as ideias mais complexas e avançadas; 
05_Que as raças adiantadas e superiores estão naturalmente destinadas a dominar o planeta e 
que, se isso for necessário para seu bem, têm o direito de exterminar as raças atrasadas e inferiores; 
06_Que, para o bem das raças inferiores e das superiores, deve haver segregação racial
A) Separação dos locais de moradia;
B) De trabalho;
C) De educação;
D) De lazer etc.;
pois a não segregação pode fazer as inferiores arrastarem as superiores para o seu baixo nível, 
assim como fazer as superiores tentarem inutilmente melhorar o nível das inferiores. 
Parece um absurdo ler isso, não é? Mas, o mais absurdo ainda, é saber que existem pessoas que 
ainda pensam dessa maneira. 
Observe o comercial a seguir “Racismo no avião” (legendado):
VÍDEO: 
"RACISMO NO AVIÃO 
(LEGENDAS)"
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
62
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
REVOLTANTE NÃO É MESMO? 
Infelizmente, o mundo ainda convive com esse pesadelo o tempo todo. Na mídia, a toda hora ve-
mos notícias de pessoas acusadas da prática desse crime horrível. Estas teorias, como bem disse 
uma filósofa, está sempre a serviço da violência, da opressão, da ignorância e da destruição. 
Observe com atenção o que Assis e Kumpel, nossos referenciais teóricos desta unidade, dizem a 
esse respeito:
 
A biologia e a genética afirmam que as diferenças na formação anatômi-
co-fisiológica dos seres humanos não produzem raças. Raça, portanto, é 
uma palavra inventada para avaliar, julgar e manipular diferenças bioló-
gicas e genéticas. As teorias racistas não são científicas; são falsas e irra-
cionais, implicam práticas culturais, econômicas, sociais e políticas para 
justificar a violência contra seres humanos. 
Pois bem, mesmo apesar de tudo isso, ainda estamos longe de vencer o racismo. Veja só algumas 
das notícias sobre o tema e caso queira conferir na íntegra, lendo-as, segue o link de cada uma. 
" 
" 
VÍDEO: 
"FOTÓGRAFO DIZ 
TER SIDO VÍTIMA 
DE RACISMO POR 
MOTORISTA DO UBER"
SITE: 
"BRUNO GAGLIASSO 
AGRADECE A POLÍCIA 
POR IDENTIFICAR (...)" 
63
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
 
Como vimos, trata-se de algo extremamente atual e que deve ser mesmo combatido a todo cus-
to. Agora vejamos as charges e reportagem a seguir: 
 
VÍDEO: 
"ALUNOS ACUSAM 
PROFESSOR DE 
RACISMO E TENTAM 
OCUPAR (...)"
SITE: 
"GRUPO PROTESTA 
EM SHOPPING DE BH 
CONTRA RACISMO (...)"
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
64
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
MP denuncia crimes de racismo e preconceito religioso no PR
Ainda bem que o racismo agora é crime. Leia o próximo texto e verifique: 
SITE: 
"MP DENUNCIA 
CRIMES DE RACISMO 
E PRECONCEITO 
RELIGIOSO NO PR"
SITE: 
"CRIME DE RACISMO 
X 
INJÚRIA RACIAL"
65
M
at
er
ia
l p
ar
a 
u
so
 e
xc
lu
si
vo
 d
os
 a
lu
n
os
 d
a 
R
ed
e 
d
e 
E
n
si
n
o 
D
oc
tu
m
. P
ro
ib
id
a 
a 
re
p
ro
d
u
çã
o 
e 
o 
co
m
p
ar
ti
lh
am
en
to
 d
ig
it
al
, s
ob
 a
s 
p
en
as
 d
a 
le
i.
UNIDADE 2 : A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E CULTURA
2.5 FORMAÇÃO DO CONCEITO: KULTUR E CIVILIZATION 
Depois de tanto falar em cultura, vamos entender como surgiu este conceito? Para isso, vamos 
aprender sua origem, que veio da união dos termos “Kultur” e “Civilization.”
Estes dois termos foram estudados por Norbert Elias, em um livro de grande importância para as 
ciências sociais: "O processo civilizador". Nele o autor constrói uma história dos costumes a partir 
da formação dos estados modernos e como isso influenciou a cultura e a civilização.

Outros materiais

Outros materiais