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9ª Aula - Teoria do Delito

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TEORIA DO DELITO 
CONCEITO DE CRIME: O conceito de crime é o ponto de partida para a compreensão dos principais institutos do Direito Penal. De fato, o crime pode ser conceituado levando em conta três aspectos: material, formal e analítico.
1) Conceito material de crime: É a violação de um bem penalmente protegido. É o critério ou parâmetro sobre o que o direito penal deve punir;
2) Conceito formal de crime: É a conduta proibida por lei decorrente da política criminal adotada. É a visão do legislador sobre quais bens jurídicos devem ser tutelados.
3) Conceito analítico: Para alguns, também é denominado conceito formal e constitui a essência do estudo do crime no direito penal, sem dúvida, a parte mais importante tanto da parte geral como da especial. 
Conceitos dados pelos doutrinadores (conceito analítico de crime)
a) Crime é fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade um pressuposto de aplicação da pena (Damásio de Jesus, Mirabete, Delmanto);
b) Crime é fato típico, antijurídico, culpável e punível (Basileu Garcia, Bataglini);
c) Crime é fato típico e culpável, estando a antijuridicidade dentro da própria tipicidade (Miguel Reale Junior, adotando a teoria dos elementos negativos do tipo).
d) Crime é fato típico, antijurídico e punível, constituindo a culpabilidade o vínculo do crime à pena (Luiz Flávio Gomes)
e) Crime é fato típico, antijurídico e culpável, incluindo os finalistas (Francisco de Assis Toledo, Fragoso, Zaffaroni, Cezar Roberto Bitencourt, Luiz Regis Prado, Claus Roxin) e causalistas (Nelson Hungria, Frederico Marques, Aníbal Bruno, Magalhães Noronha, Manoel Pedro Pimentel). Esse conceito é majoritário no Brasil e no exterior. Sob este prisma, o menor de 18 anos não comete crime, pois falta a culpabilidade (imputabilidade).
Conceito analítico: Boa parte de nossa doutrina tem sublinhado a importância do conceito analítico. Sob o pretexto de investigar quais elementos constitutivos do crime, duas grandes teorias despontam no Brasil, a primeira defendendo que crime é o fato típico, antijurídico (ou ilícito) e culpável (teoria tripartida); a outra sustentando ser tal ilícito o fato típico e antijurídico (ou ilícito) (teoria bipartida). 
Não se pode ignorar a existência de autores asseverando que crime é o fato típico, antijurídico, culpável e punível. Essa visão, contudo, tem pouco prestígio na doutrina, porquanto se assenta em uma premissa frágil: a punibilidade não pode ser considerada elemento do crime, já que lhe é algo exterior. 
Atenção: Prevalece na doutrina o entendimento de que crime é fato típico, antijurídico e culpável.
Infração penal: Abrange crime e contravenção penal. Exemplo de contravenção penal: art. 62 da LCP: embriaguez: “apresentar-se publicamente em estado de embriaguez, de modo que cause escândalo ou ponha em perigo a segurança própria ou alheia. Pena: Prisão simples de 15 dias a três meses, ou multa”.
Contravenção penal: É uma espécie de infração penal de menor potencial ofensivo. Também através da Lei de Introdução ao Código Penal, em seu art. 1º, existe uma distinção sobre a forma de execução da pena. Se for crime, pena de reclusão e detenção e multa. Se for contravenção penal, prisão simples mais multa. 
Crime: É toda ação ou omissão humana que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados.
Essa fórmula leva em conta a relevância do mal produzido aos interesses e valores selecionados pelo legislador como merecedores da tutela penal. Destina-se a orientar a formulação de políticas criminais, funcionando como vetor ao
legislador, incumbindo-lhe a tipificação como infrações penais exclusivamente das condutas que causarem danos ou ao menos colocarem em perigo bens jurídicos penalmente relevantes, assim reconhecidos pelo ordenamento jurídico.
Com efeito, esse conceito de crime serve como fator de legitimação do Direito Penal em um Estado Democrático de Direito. O mero atendimento do princípio da reserva legal se mostra insuficiente. 
Não basta uma lei para qualquer conduta ser considerada penalmente ilícita. Imagine um tipo penal com o seguinte conteúdo: “Sorrir por mais de 10 minutos, ininterruptamente. Pena: reclusão, de 2 a 8 anos, e multa”. Nesta situação, o princípio da reserva legal ou estrita legalidade seria obedecido. Contudo, somente se legitima o crime quando a conduta proibida apresentar relevância jurídico-penal, mediante a provocação de dano ou ao menos exposição à situação de perigo em relação a bens jurídicos penalmente relevantes.
Segundo esse critério, o conceito de crime é o fornecido pelo legislador.
Em que pese o Código Penal não conter nenhum dispositivo estabelecendo o que se entende por crime, tal tarefa ficou a cargo do art. 1.º da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-lei 3.914, de 9 de dezembro de 1941), assim redigido:
“Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
A diferenciação, portanto, é nítida. Quando o preceito secundário cominar pena de reclusão ou detenção, teremos um crime. Tais modalidades de pena podem estar previstas isoladamente, ou ainda alternativa ou cumulativamente com a pena pecuniária.
Em resumo, se constarem as palavras “reclusão” ou “detenção”, será crime, pouco importa a lei em que estiver inserida a figura penal. Ainda que de forma incorreta, nada impediria a inserção de um crime na Lei das Contravenções Penais, caso a conduta criminosa fosse apenada com “reclusão” ou “detenção”.
Por outro lado, se o preceito secundário não apresentar as palavras “reclusão” ou “detenção”, estará se referindo a uma contravenção penal, uma vez que a lei a ela comina pena de prisão simples ou de multa, isoladas, alternativa ou cumulativamente. Da mesma forma, uma contravenção penal pode
ser inserida em qualquer lei, até mesmo no Código Penal, embora essa medida seja esdrúxula e desprovida de técnica.
Destarte, a distinção entre crime e contravenção penal é de grau, quantitativa (quantidade da pena), e também qualitativa (qualidade da pena) e não ontológica. Daí não nos parece correto denominar esta última de “crime anão”, inclusive pela ausência de critérios para tanto. Se tal terminologia fosse correta, não seria equivocado considerar que o homicídio é um “superdelito” e a injúria é um “crime pequenino”. 
Cuida-se, em essência, de espécies do gênero infração penal,
diferenciando-se quanto à gravidade da sanção penal, mediante valores escolhidos pelo legislador. Note-se que tais valores, decisivos para a distinção, não são absolutos e pacificamente aceitos. 
Exemplo: A conduta de praticar ato obsceno em local público constitui crime. Por sua vez, o jogo do bicho configura contravenção penal. E, certamente, caminhar nu em via pública (ato obsceno) reveste-se de menor lesividade quando comparada com a conduta de chefiar bancas do jogo do bicho em uma comunidade (jogo do bicho), com todas as mazelas daí decorrentes.
E o valor eleito pelo legislador para tipificar uma conduta como crime ou contravenção penal pode variar ao longo do tempo. Foi o que aconteceu com o porte ilegal de arma de fogo. Até 19 de fevereiro de 1997, a conduta era definida
como contravenção penal (art. 19 do Decreto-lei 3.688/1941), qualquer que fosse a natureza da arma de fogo. Do dia 20 de fevereiro de 1997 até o dia 21 de dezembro de 2003, foi tipificada como crime pelo art. 10 da Lei 9.437/1997, sujeito às penas de detenção, de um a dois anos e multa. A partir do dia 23 de dezembro de 2003, entrou em vigor o Estatuto do Desarmamento – Lei 10.826/2003, punindo de forma ainda mais rigorosa o porte ilegal, podendo a sanção penal ser aumentada em razão da natureza e da qualidade da arma de fogo.
Crime ou delito: Pena de reclusão ou de detenção, isolada, alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.
Contravenção Penal: Pena de prisãosimples ou multa, isolada, alternativa ou cumulativamente.
SUJEITOS DO CRIME
Sujeitos do crime são as pessoas ou entes relacionados à prática e aos efeitos da empreitada criminosa. Dividem-se em sujeito ativo e sujeito passivo.
Sujeito ativo é a pessoa que realiza direta ou indiretamente a conduta criminosa, seja isoladamente, seja em concurso.
Autor e coautor realizam o crime de forma direta, ao passo que o partícipe e o autor mediato o fazem indiretamente.
O sujeito ativo pode receber variadas denominações, dependendo do momento processual e do critério posto em exame, tais como agente (geral), indiciado (no inquérito policial), acusado (com o oferecimento da denúncia ou queixa), réu (após o recebimento da inicial acusatória), sentenciado (com a prolação da sentença), condenado (após o trânsito em julgado da condenação), reeducando (durante a execução penal), egresso (após o cumprimento da pena), criminoso e delinquente (objeto de estudo das ciências penais, como na criminologia). 
A regra é a de que apenas o ser humano pode ser sujeito ativo de infrações penais, mas também se discute a possibilidade de responsabilidade penal da pessoa jurídica.
Em que pesem as reminiscências históricas, os animais podem funcionar como instrumento do crime, como no caso do cão bravio que cumpre ordem de ataque emanada de seu dono, mas jamais serão sujeito ativo de uma infração penal.
Pessoa Jurídica: Discute-se se a pessoa jurídica pode ser considerada sujeito ativo de crimes. A Constituição Federal admitiu a responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes contra a ordem econômica e financeira, contra a economia popular e contra o meio ambiente, autorizando o legislador ordinário a cominar penas compatíveis com sua natureza, independentemente da responsabilidade individual dos seus dirigentes (CF, arts. 173, § 5.º, e 225, § 3.º).
Sujeito passivo do crime: Pode ser geral (constante), que é o Estado e particular (eventual) que pode ser a pessoa física ou jurídica e ainda o próprio Estado ou coletividade. Em todos os crimes, o Estado é atingido como nos crimes contra a vida, além da pessoa-vítima. Por exemplo: O art. 340 do CP trata da comunicação falsa de crime ou contravenção, sabendo o agente que o fato não se verificou. Quem é o sujeito passivo ? O Estado, pois é o serviço de segurança que fica prejudicado pela falsa comunicação de crime. Em todos os demais crimes, o Estado sempre é o sujeito passivo, sempre estará sendo atingido pelo cometimento de algum crime. 
Objetos do crime: O objeto pode ser jurídico: Objetividade jurídica: O bem ou interesse protegido pela norma penal. Por exemplo, no latrocínio. Crime complexo: primeiro se protege o patrimônio (objeto imediato) depois, o bem vida (mediato). 
Objeto material: É o bem jurídico sobre o qual recai a conduta. Por exemplo: no homicídio, a objetividade jurídica é a vida e o objeto material é também a vida (há repetição do objeto jurídico e material). No crime de falsificação de documento público do artigo 297, do CP, o objeto jurídico é a fé pública e o objeto material pode ser a cédula de identidade, com a colocação de outra fotografia. 
Punibilidade: É a consequência jurídica do crime. Com a violação da norma, surge ao Estado o direito de punir “jus puniendi”. A punibilidade não é requisito, isto é, não integra o conceito de crime para a maioria da doutrina. 
Classificação dos crimes: A classificação dos crimes pode ser legal ou doutrinária.
Classificação legal é a qualificação, ou seja, o nome atribuído ao delito pela lei penal. A conduta de “matar alguém” é denominada pelo art. 121 do Código Penal de homicídio. Na Parte Especial do Código Penal, em regra, os crimes são acompanhados por sua denominação legal (nomen iuris), também chamada de rubrica marginal.
Classificação doutrinária é o nome dado pelos estudiosos do Direito Penal às infrações penais. 
Crimes comuns, próprios e de mão própria: Essa divisão se baseia na qualidade do sujeito ativo.
Crimes comuns ou gerais: são aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa. O tipo penal não exige, em relação ao sujeito ativo, nenhuma condição especial. Exemplos: homicídio, furto, extorsão mediante sequestro, crimes contra a honra, etc. 
Fala-se também em crimes bicomuns, compreendidos como aqueles que podem ser cometidos por qualquer pessoa e contra qualquer pessoa, isto é, não se reclama nenhuma situação especial, seja em relação ao sujeito ativo, seja no tocante ao sujeito passivo. É o caso da lesão corporal e do estelionato, entre tantos outros delitos.
Crimes próprios ou especiais: são aqueles em que o tipo penal exige uma situação fática ou jurídica diferenciada por parte do sujeito ativo. Exemplos: peculato (só pode ser praticado por funcionário público) e receptação qualificada pelo exercício de atividade comercial ou industrial, delito previsto no art. 180, § 1.º, do Código Penal (somente pode ser praticado pelo comerciante ou industrial). Admitem coautoria e participação.
Os crimes próprios dividem-se em puros e impuros. Naqueles, a ausência da condição imposta pelo tipo penal leva à atipicidade do fato (exemplo: prevaricação, pois, excluída a elementar “funcionário público”, não subsiste crime algum), enquanto que nestes a exclusão da especial posição do sujeito ativo acarreta na desclassificação para outro delito (exemplo: peculato doloso, pois, afastando-se a elementar “funcionário público”, o fato passará a constituir
crime de furto ou apropriação indébita, conforme o caso).
Existem também os chamados crimes bipróprios, é dizer, delitos que exigem uma peculiar condição (fática ou jurídica) no tocante ao sujeito ativo e ao sujeito passivo. É o caso do infanticídio, que somente pode ser praticado pela mãe contra o próprio filho nascente ou recém-nascido.
Crimes de mão própria, de atuação pessoal ou de conduta infungível: São aqueles que somente podem ser praticados pela pessoa expressamente indicada no tipo penal. É o caso do falso testemunho (CP, art. 342).
Tais crimes não admitem coautoria, mas somente participação, eis que a lei não permite delegar a execução do crime a terceira pessoa. No caso do falso testemunho, o advogado do réu pode, por exemplo, induzir, instigar ou auxiliar a testemunha a faltar com a verdade, mas jamais poderá, em juízo, mentir em seu lugar ou juntamente com ela.
Crimes simples e complexos: A classificação se refere à estrutura da conduta delineada pelo tipo penal.
Crime simples: é aquele que se amolda em um único tipo penal. É o caso do furto (CP, art. 155).
Crime complexo: é aquele que resulta da união de dois ou mais tipos penais. Fala-se, nesse caso, em crime complexo em sentido estrito. O crime de roubo (CP, art. 157), por exemplo, é oriundo da fusão entre furto e ameaça (no caso de
ser praticado com emprego de grave ameaça – CP, art. 147) ou furto e lesão corporal (se praticado mediante violência contra a pessoa – CP, art. 129).
Crimes materiais, formais e de mera conduta: A divisão diz respeito à relação entre a conduta e o resultado naturalístico, compreendido como a modificação do mundo exterior, provocada pela conduta do agente.
Crimes materiais ou causais: são aqueles em que o tipo penal aloja em seu interior uma conduta e um resultado naturalístico, sendo a ocorrência deste último necessária para a consumação. É o caso do homicídio (CP, art. 121). 
A conduta é “matar alguém”, e o resultado naturalístico ocorre com o falecimento da vítima, operando-se com ele a consumação.
Crimes formais, de consumação antecipada ou de resultado cortado: São aqueles nos quais o tipo penal contém em seu bojo uma conduta e um resultado naturalístico, mas este último é desnecessário para a consumação. Em síntese, malgrado possa se produzir o resultado naturalístico, o crime estará consumado com a mera prática da conduta.
Na extorsão mediante sequestro (CP, art. 159), basta a privação da liberdade da vítima com o escopo de obter futura vantagem patrimonial indevida como condição ou preço do resgate. Ainda que a vantagem não seja obtidapelo agente, o crime estará consumado com a realização da conduta.
No caso da ameaça (CP, art. 147), a vítima pode até sentir-se amedrontada com a promessa de mal injusto e grave, mas isso não é necessário para a consumação do crime.
Na injúria (CP, art. 140), a pessoa contra quem foi dirigida a ofensa pode considerar-se menosprezada. Não se exige, contudo, que isso ocorra. Basta que as palavras proferidas tenham potencialidade para violar a honra subjetiva, isto é, a dignidade e o decoro que a pessoa tem no tocante a si própria. 
Outro exemplo é o crime de extorsão (CP, art. 158). Nos moldes da Súmula 96 do Superior Tribunal de Justiça: “O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida”.
Crimes de mera conduta ou de simples atividade: são aqueles em que o tipo penal se limita a descrever uma conduta, ou seja, não contém resultado naturalístico, razão pela qual ele jamais poderá ser verificado. É o caso do ato obsceno CP, art. 233) e do porte de munição de uso permitido (Lei 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento, art. 14). 
Crime impossível: É aquele impossível de se consumar em razão da ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto (art. 17 do CP). O fato, portanto, é considerado atípico. Ineficácia absoluta do meio é a escolha de um meio de execução que jamais levará o crime à consumação. Ex: Usar arma de brinquedo visando matar alguém; Impropriedade absoluta do objeto. Ex: Quando alguém desfere golpes visando matar pessoa já morta, ou quando uma mulher ingere medicamento abortivo supondo, por engano, estar grávida, etc.
FATO TÍPICO: É o comportamento humano que se enquadra com perfeição aos elementos descritos pelo tipo penal. Para que uma conduta humana seja considerada crime, é necessário que dela possa, inicialmente, afirmar a tipicidade, isto é, que tal conduta se ajuste a um tipo penal de crime. 
A conduta de subtrair dolosamente, para si, coisa alheia móvel, caracteriza o crime de furto, uma vez que se amolda ao modelo delineado pelo art. 155, caput, do Código Penal.
Em sentido contrário, fato atípico é a conduta que não encontra correspondência em nenhum tipo penal. Por exemplo, a ação do pai consistente em manter relação sexual consentida com sua filha maior de idade e plenamente capaz é atípica, pois o incesto, ainda que imoral, não é crime.
São quatro os elementos do fato típico: conduta, resultado naturalístico, relação de causalidade (nexo causal) e tipicidade. Tais elementos estarão presentes, simultaneamente, nos crimes materiais consumados.
Com efeito, se o crime material é aquele em que o tipo penal aloja em seu interior uma conduta e um resultado naturalístico (modificação do mundo exterior, provocada pelo comportamento do agente), exigindo a produção deste último para a consumação, os quatro elementos estarão presentes quando consumado o delito.
De fato, a conduta produz o resultado naturalístico, ligados entre si pela relação de causalidade. E, finalmente, para ter relevância penal deve operar-se o juízo de tipicidade, isto é, subsunção entre a ação ou omissão do agente e o modelo previsto no tipo penal.
Em caso de tentativa, suprimem-se o resultado naturalístico (não produzido por circunstâncias alheias à vontade do agente) e o nexo causal, limitando-se o fato típico aos elementos conduta e tipicidade. 
Nos crimes formais (é aquele que não requer o resultado previsto no tipo para a consumação, bastando a ação ou omissão do agente. Ex: extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP), basta a ação de sequestrar, não se exigindo a vantagem patrimonial) e de mera conduta (é aquele que não precisa e não possui o resultado naturalístico no tipo penal. Ex: Porte ilegal de arma permitida com numeração (art. 14 do estatuto do desarmamento) onde o crime se consuma apenas com o trazer consigo pelo agente), os componentes do fato típico também são a conduta e a tipicidade. 
Vale recordar que nos crimes de mera conduta jamais haverá resultado naturalístico, razão pela qual se subtrai a relação
de causalidade, enquanto nos crimes formais o resultado naturalístico pode até ocorrer, mas não é necessário para a consumação.
Conduta: É o comportamento humano consistente em ação ou omissão, voltada a uma finalidade (o código penal adotou a teoria finalista, incluindo na tipicidade o dolo e culpa). 
A conduta deve ser entendida como a ação ou omissão humana, consciente e voluntária dirigida a uma finalidade. Seus elementos são: exteriorização, consciência e voluntariedade. Faltando um desses elementos, não há que se falar em conduta. 
Formas de conduta: a) Ação: É a atuação positiva e b) Omissão é a ausência de comportamento. Ex: Crime de falso testemunho que pode ser feito por uma ação, por afirmar, ou por omissão, em que o agente “cala a verdade”. No primeiro, afirma que nada viu quando foi testemunha presencial de um crime. No segundo caso, omite-se, permanece calado, quando tinha dever jurídico de falar. 
A conduta pode se exteriorizar por ação ou por omissão.
A ação consiste em um movimento corporal exterior. Reclama do ser humano uma postura positiva, um fazer. Relaciona-se com a maioria dos delitos, por meio de uma norma proibitiva (Exemplos: “matar”, “constranger”, “subtrair”, etc).
Por outro lado, a omissão não se constitui em um mero comportamento estático. É, sim, a conduta de não fazer aquilo que podia e devia ser feito em termos jurídicos, e se refere às normas preceptivas. A omissão é a conduta negativa que consiste na abstenção de um movimento. É o deixar de fazer algo penalmente relevante. 
A omissão pode ser vislumbrada tanto quando o agente nada faz, bem como quando faz algo diferente daquilo que lhe impunha o dever jurídico de agir. Exemplo: pratica o crime de omissão de socorro, definido pelo art. 135 do Código Penal, o agente que permanece inerte diante da pessoa necessitada, assim como aquele que se afasta do local sem prestar-lhe assistência. 
Omissão: Para A teoria normativa; o fundamento da omissão é um ação esperada não feita. O sujeito tinha o dever e podia, no caso, praticar determinada ação (que evitaria o resultado). A omissão é um não-fazer quando haveria obrigação de fazer. 
A omissão pode ser: 1) Imprópria ou crime comissivo por omissão, conforme art. 13,§2º do CP em que normalmente o agente não seria punido por crime determinado, mas, em razão da posição que ocupa, acaba cometendo por omissão. 
Ex: Nenhuma pessoa que assiste passivamente a um crime de homicídio doloso comissivo responde também por homicídio. Todavia, o pai que assiste a tal homicídio de uma filha responde por homicídio na forma da omissão imprópria. Neste caso, essa pessoa assume a posição de “garantidor da situação”, ou simplesmente “garante”. Existe um dever de agir e não simplesmente uma possibilidade de atuação, como menciona o art. 5º, XLIII da CF. 
a) Quando tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (art. 13, §2º, “a” do CP). Neste caso, assume o agente a posição de garante. Cuidado e proteção é a atenção dispensada à pessoa. Ex: Dever de cuidado dos pais em relação aos filhos; da babá em relação à criança. Vigilância é a relação de resguardo da integridade, encontrada por exemplo no salva-vidas, em relação aos banhistas ou da equipe promotora do evento de natação no mar. 
b) Quando de outra forma assumiu a responsabilidade (art. 13,§2º, “b” do CP). Não existe a responsabilidade prévia, mas aquela eventual. Por exemplo, a pessoa que, na estação rodoviária, pede a outra que por alguns minutos tome conta de seu filho. 
c) Quando, com o seu comportamento anterior, criou o risco do resultado (art. 13,§2,”c” do CP). É o caso de em trote acadêmico alguém jogar o outro na piscina (comportamento anterior) que não sabe nadar. Deverá, nesse caso, atuar para evitar o resultado, podendo responder por homicídio doloso, por dolo eventual ou culposo na forma de culpa consciente. O “não fazer” neste caso, para o Direito Penal, tem o mesmo valor do “fazer”. 
2) Própria ou pura: É a omissão prevista nos tipospenais. Ex: Crime de omissão de socorro (art. 135 do CP) e de abandono material (art. 244 do CP).
3) Crime omissivo-comissivo: É um crime omissivo, mas com uma conduta comissiva. Ex: O agente impede que seu subordinado preste socorro a uma pessoa que está passando mal. O ato de impedir é comissivo, um fazer. É uma espécie do crime omissivo próprio. 
Nexo de causalidade: É o elo entre a conduta e o resultado. É a relação de causa e efeito entre a ação ou omissão. Integra o ato típico, existindo a necessidade de verificar se o resultado é imputável ao agente. 
É expressamente previsto no art. 13, primeira parte do CP: “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa”. 
Teoria adotada pelo Código Penal: É a teoria da equivalência dos antecedentes ou teoria da “conditio sine qua non”: tudo que concorre para o evento é considerado como causa. É a previsão do art. 13, “caput”, parte final do CP: “Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. 
Relação de causalidade é o vínculo formado entre a conduta praticada por seu autor e o resultado por ele produzido. É por meio dela que se conclui se o resultado foi ou não provocado pela conduta, autorizando, se presente a tipicidade, a configuração do fato típico.
Prevalece na doutrina brasileira o entendimento de que a expressão “o resultado”, constante no início do art. 13, caput, do Código Penal, alcança somente o resultado naturalístico, isto é, a modificação externa provocada pela
conduta praticada por alguém.
Destarte, o estudo da relação de causalidade tem pertinência apenas aos crimes materiais. Nesses delitos, o tipo penal descreve uma conduta e um resultado naturalístico, exigindo a produção desse último para a consumação. É aí que entra em cena o nexo causal, para ligar a conduta do agente ao resultado material.
Nos crimes de atividade, o resultado naturalístico pode ocorrer (formais) ou não (de mera conduta). De qualquer forma, é dispensável, pois se consumam com a simples prática da conduta ilícita.
Resultado: É a modificação do mundo exterior provocado pelo comportamento humano. Quando A atira em B, provoca o resultado exterior: morte. É a teoria naturalística. Resultado é o mesmo que evento. 
Há duas teorias que se debatem na conceituação do resultado para fins penais: 
1º) Teoria naturalística: Resultado é a modificação no mundo exterior provocada pela ação ou omissão;
2º) Teoria jurídica: Resultado é a lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal. 
Há crime sem resultado ? De acordo com a teoria naturalística, isso ocorre nos crimes de mera conduta (é aquele que não precisa e não possui o resultado naturalístico no tipo penal. Ex: Porte ilegal de arma permitida com numeração, conforme o art. 14 do estatuto do desarmamento) 
Para a teoria jurídica, não há crime sem resultado jurídico, de modo que, se a conduta não provocou uma afetação (lesão ou ameaça de lesão) a algum bem jurídico penalmente tutelado, não houve crime. 
Classificação dos crimes quanto ao resultado naturalístico:
a)Materiais ou de resultado: O tipo penal descreve a conduta e um resultado material, exigindo-se para fins de consumação. 
Exemplos: Homicídio (CP, art. 121), Furto (CP, art. 155), roubo (CP, art. 157), estelionato (CP, art. 171). 
b) Formais: O tipo penal descreve a conduta e o resultado material, porém, não o exige para fins de consumação. Exemplos: Extorsão (CP, art. 158), extorsão mediante sequestro (CP, art. 159), sequestro qualificado pelo fim libidinoso (CP, art. 148, §1º, V). 
c)De mera conduta: O tipo penal não faz nenhuma alusão a resultado naturalístico, limitando-se a descrever a conduta punível independentemente de qualquer modificação no mundo exterior. Exemplos: Omissão de socorro (CP, art. 135), violação de domicílio (CP, art. 150). 
Classificação dos crimes quanto ao resultado jurídico: 
a)De dano ou de lesão: Quando a consumação exige efetiva lesão ao bem tutelado. Exemplos: Homicídio (CP, art. 121), lesão corporal (CP, art. 129), furto (CP, art. 155). 
b) De perigo: Caso a consumação se dê apenas com a exposição do bem jurídico a uma situação de risco. Exemplos: Perigo de contágio venéreo (CP, art. 130), perigo à vida ou saúde de outrem (CP, art. 132).
Tipicidade: É a relação de subsunção entre um fato concreto e um tipo penal previsto abstratamente na lei. Trata-se de uma relação de encaixe, de enquadramento. É o adjetivo que pode ou não ser dado a um fato, conforme ele se enquadre ou não na lei penal. 
A tipicidade, elemento do fato típico, divide-se em formal e material.
Tipicidade formal é o juízo de subsunção entre a conduta praticada pelo agente no mundo real e o modelo descrito pelo tipo penal. É a operação pela qual se analisa se o fato praticado pelo agente encontra correspondência em uma conduta prevista em lei como crime ou contravenção penal. 
A conduta de matar alguém tem amparo no art. 121 do Código Penal. Há, portanto, tipicidade entre tal conduta e a lei penal.
Tipicidade material (ou substancial) é a lesão ou perigo de
lesão ao bem jurídico penalmente tutelado em razão da prática da conduta legalmente descrita.
A tipicidade material relaciona-se intimamente com o princípio da ofensividade (ou lesividade) do Direito Penal, pois nem todas as condutas que se encaixam nos modelos abstratos e sintéticos de crimes (tipicidade formal) acarretam dano ou perigo ao bem jurídico. É o que se dá, a título ilustrativo, nas hipóteses de incidência do princípio da insignificância, nas quais, nada obstante a tipicidade formal, não se verifica a tipicidade material.
A presença simultânea da tipicidade formal e da tipicidade material caracteriza a tipicidade penal.
Elemento subjetivo do tipo: dolo e culpa
Dolo e culpa são integrantes do fato típico quanto ao elemento subjetivo. Existe basicamente a teoria finalista, que insere o dolo e a culpa no tipo, colocando a culpabilidade como puramente normativa, e a teoria causal, que entende o tipo como neutro, estando o dolo e a culpa inseridos na culpabilidade. Assim, além do elemento objetivo, o tipo também exige o elemento subjetivo. 
DOLO: É a vontade livre e consciente direcionada à realização da conduta prevista no tipo penal incriminador. É a vontade de concretizar as características objetivas do tipo. Trata-se de elemento subjetivo implícito da conduta. 
O dolo, no sistema finalista, integra a conduta, e, consequentemente, o fato típico. Cuida-se do elemento psicológico do tipo penal, implícito e inerente a todo crime doloso.
Dentro de uma concepção causal, por outro lado, o dolo funciona como elemento da culpabilidade.
Em consonância com a orientação finalista, adotada pela maioria da doutrina, o dolo consiste na vontade e consciência de realizar os elementos do tipo incriminador.
TEORIAS DO DOLO
Existem três teorias acerca do dolo:
a)Teoria da vontade: Dolo é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado (homicídio – dolo = atirar + produzir a morte);
b)Teoria da representação: Dolo é a vontade de realizar a conduta, prevendo a possibilidade do resultado (atirar no cachorro que está perto de uma pessoa, prevendo que pode acertar esta pessoa, mas não desejando acertá-la). Esse conceito de previsão do resultado e o não-consentimento com o mesmo é atualmente chamado de culpa consciente. 
Para essa teoria, a configuração do dolo exige apenas a previsão do resultado. Privilegia o lado intelectual, não se preocupando com o aspecto volitivo, pois pouco importa se o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Basta que o resultado tenha sido antevisto pelo sujeito. 
Em nosso sistema penal tal teoria deve ser afastada, por confundir o dolo com a culpa consciente.
d)Teoria do assentimento: Dolo é a vontade de realizar a conduta, assumindo o risco da produção do resultado (racha: acelerar o carro na avenida, vendo várias pessoas próximas que possa atropelar, todavia não se importar se atropelar).
Também chamada de teoria do consentimento ou da anuência,complementa a teoria da vontade, recepcionando sua premissa. 
Para essa teoria, há dolo não somente quando o agente quer o resultado, mas também quando realiza a conduta assumindo o risco de produzi-lo.
Dispõe o art. 18, inciso I, do Código Penal:
Art. 18 do CP. Diz-se o crime:
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
Teorias adotadas pelo Código Penal: 
1)Para o dolo direto, teoria da vontade (art. 18, I, 1ª figura)
2)Para o dolo eventual, teoria do assentimento (art. 18, I, 2ª figura). 
O dispositivo legal revela que foram duas as teorias adotadas pelo Código Penal: a da vontade, ao dizer “quis o resultado”, e a do assentimento, no tocante à expressão “assumiu o risco de produzi-lo”.
Elementos do dolo: Verifica-se que o dolo é formado por dois elementos: intelectivo (consciência do ato que está realizando) e volitivo (vontade de realização do tipo penal). 
Espécies de dolo: 
a)Dolo direto: Vontade de praticar a conduta e produzir determinado resultado. Também denominado de dolo determinado, intencional, imediato ou, ainda, dolo incondicionado, é aquele em que a vontade do agente é voltada a determinado resultado. Ele dirige sua conduta a uma finalidade precisa. Exemplo: É o caso do assassino profissional que, desejando a morte da vítima, dispara contra ela um único tiro, certeiro e fatal.
b)Dolo indireto ou indeterminado, por sua vez, é aquele em que o agente não tem a vontade dirigida a um resultado determinado. 
Subdivide-se em dolo alternativo e em dolo eventual.
b.1) Dolo alternativo: O agente prevê uma pluralidade de resultados possíveis e dirige sua conduta na realização de qualquer um deles indistintamente. 
É o que se verifica quando o agente deseja, indistintamente, um ou outro resultado. Sua intenção se destina, com igual intensidade, a produzir um entre vários resultados previstos como possíveis. Exemplo: É o caso do sujeito que atira contra o seu desafeto, com o propósito de matar ou ferir. Se matar, responderá por homicídio. Mas, e se ferir, responderá por tentativa de homicídio ou por lesões corporais ?
Em caso de dolo alternativo, o agente sempre responderá pelo resultado mais grave. Justifica-se esse raciocínio pelo fato de o Código Penal ter adotado em seu art. 18, I, a teoria da vontade. E, assim sendo, se teve a vontade de praticar um crime mais grave, por ele deve responder, ainda que na forma tentada.
b.2) Dolo eventual: É a modalidade em que o agente não quer o resultado, por ele previsto, mas assume o risco de produzi-lo. É possível a sua existência em decorrência do acolhimento pelo Código Penal da teoria do assentimento, na expressão “assumiu o risco de produzi-lo”, contida no art. 18, I, do Código Penal.
Imagine o exemplo de um fazendeiro, colecionador de armas de fogo, que treina tiro ao alvo em sua propriedade rural. Certo dia ele decide atirar com um fuzil de longo alcance. Sabe que os projéteis têm capacidade para chegar até uma estrada próxima, com pequeno fluxo de transeuntes. Prevê que, assim agindo, pode matar alguém. Nada obstante, assume o risco de produzir o resultado, e insiste em sua conduta. Acaba atingindo um pedestre que vem a falecer.
Neste caso, responde por homicídio doloso, pois presente se encontra o dolo eventual.
Situação-problema: Assista ao vídeo UMA HISTÓRIA SEVERINA (bebê anencefálico), disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=65Ab38kWFhE> Dica: leia a notícia do Supremo Tribunal Federal: ADPF n.54 é julgada procedente pelo ministro Gilmar Mendes, disponível em: < http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=204863> 
Pergunta-se: Qual argumento jurídico foi utilizado na decisão proferida na ADPF n. 54 para fins de absolvição pelo crime de aborto (art.124, do Código Penal) às mulheres grávidas de bebês anencefálicos?.
Bibliografia: 
Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Ed. MÉTODO, 2019.
Curso de Direito Penal: Valter Kenji Ishida – São Paulo: Atlas, 2009
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