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DIGESTÃO DE CARBOIDRATOS Prof. Angelita S. C. VerdeBioquímica Metabólica A DIGESTÃO DE CARBOIDRATOS Ocorre por hidrólise (quebra), com liberação de oligossacarídeos e, em seguida, de dissacarídeos e monossacarídeos livres. HIDROLISE DO AMIDO PELAS ENZIMAS AMILASES •A hidrólise do amido é catalisada pelas amilases salivar e pancreática. • Elas catalisam a hidrólise (quebra) das ligações glicosídicas, liberando: dextrinas e, em seguida, uma mistura de glicose, maltose e maltotriose e pequenas dextrinas ramificadas. HIDROLISE DOS DISSACARÍDEOS PELAS ENZIMAS DISSACARIDASES NO INTESTINO As enzimas dissacaridases: maltase, sacarase e lactase, estão localizadas na borda em escova das células da mucosa intestinal (intestino delgado), onde os monossacarídeos resultantes e aqueles provenientes da dieta são absorvidos. Maltose maltase glicose + glicose Sacarose sacarase glicose + frutose Lactose lactase glicose + galactose ABSORÇÃO DOS MONOSSACARÍDEOS – TRANSPORTE DA GLICOSE, DA FRUTOSE E DA GALACTOSE ATRAVÉS DO EPITÉLIO INTESTINAL. •A glicose e a galactose são transportadas pela mesma proteína transportadora (SGLT 1), na mucosa intestinal. •O GLUT 5 permite que a frutose, a glicose e a galactose também sejam transportadas. •A saída de todos os açúcares da célula para os capilares sanguíneos ocorre por meio do transportador facilitador GLUT 2. INTOLERÂNCIA À LACTOSE •Na maioria dos mamíferos e dos seres humanos, a atividade da lactase começa a diminuir depois do desmame e desaparece quase por completo no fim da adolescência, levando a uma intolera ̂ncia a ̀ lactose. • A lactose permanece no lúmen intestinal, onde atua como substrato para a fermentação bacteriana, gerando: • Lactato + CO2 + H2 •Isso gera desconforto abdominal e diarreia após o consumo de quantidades relativamente grandes de leite VISÃO GERAL DA DIGESTÃO E ABSORÇÃO DOS CARBOIDRATOS RESUMO DAS VIAS PARA O CATABOLISMO DOS CARBOIDRATOS, DAS PROTEÍNAS E DA GORDURA DA ALIMENTAÇÃO. INTRODUÇÃO AO METABOLISMO • Os nutrientes, ao serem oxidados, perdem prótons e elétrons (H+ + e−) e têm seus átomos de carbono convertidos a CO2. Os prótons e elétrons são recebidos por coenzimas na forma oxidada, que passam assim à forma reduzida . • A reoxidação das coenzimas é obtida pela transferência dos (H+ + e−) para o oxigênio molecular, que é então convertido a água. • A energia derivada desta oxidação é utilizada para sintetizar um composto rico em energia, a adenosina trifosfato (ATP), a partir de adenosina difosfato (ADP) e fosfato inorgânico (HPO4 2− ). • É a energia química do ATP a que será usada para promover os processos biológicos que consomem energia. • Em resumo, para que a energia derivada da oxidação dos alimentos possa ser usada pelas células, ela deve estar sob a forma de ATP COENZIMAS NAD E FAD AS REAÇÕES DE ÓXIDO-REDUÇÃO CATALISADAS POR DESIDROGENASES QUE TÊM NAD+ E FAD COMO COENZIMAS • O substrato reduzido (SH2) é oxidado, perdendo dois átomos de hidrogênio, e as coenzimas convertem-se às suas formas reduzidas. • O NAD+ recebe dois elétrons e um próton, ficando o segundo próton no meio; • O FAD recebe os dois átomos de hidrogênio. • Estão representadas apenas as partes reativas do NAD+ e FAD, o restante das moléculas sendo simbolizado por R. CICLO DE KREBS OU CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO OU CICLO DO ÁCIDO TRICARBOXÍLICO •Consiste numa sequência de reações que ocorre na mitocôndria e que oxida a porção acetil da acetil-CoA a CO2 e reduz coenzimas que são reoxidadas por meio da cadeia de transporte de elétrons ligada à formação de ATP. •É uma via comum para a oxidação dos carboidratos, dos lipídeos e das proteínas, visto que a glicose, os ácidos graxos e a maior parte dos aminoácidos são metabolizados à acetil-CoA ou a intermediários do ciclo. •O ciclo começa com a reação de condensação entre a porção acetil da acetil-CoA e o oxalacetato, um ácido de 4 carbonos, formando o citrato (6 carbonos). Nas reaço ̃es subsequentes, são liberadas 2 mole ́culas de CO2, e o oxalacetato e ́ regenerado. CICLO DE KREBS OU CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO OU CICLO DO ÁCIDO TRICARBOXÍLICO •O ciclo de Krebs inicia-se com a condensação de acetil-CoA e oxaloacetato, formando citrato, uma reação catalisada pela citrato sintase. •O citrato é isomerizado a isocitrato, por ação da aconitase, com a formação intermediária de cisaconitato . • A isocitrato desidrogenase promove a oxidação de isocitrato a α-cetoglutarato, com redução de NAD+ em NADH e liberação de CO2. •O α-cetoglutarato é transformado a succinil-CoA, graças à atuação da enzima α-cetoglutarato desidrogenase, um complexo enzimático. Esse complexo realiza a reação de descarboxilação oxidativa liberando CO2 e reduz o NAD + em NADH. •A seguir, a succinil-CoA é convertida a succinato e a energia da ligação tioéster é aproveitada para sintetizar a ligação anidrido fosfórico de uma adenosina trifosfato (ATP) a partir de uma adenosina difosfato (ADP) e Pi . A reação é catalisada pela succinil-CoA sintetase. •O succinato é oxidado a fumarato pela succinato desidrogenase, cujo grupo prostético, FAD, é reduzido a FADH2. A succinato desidrogenase é a única enzima do ciclo de Krebs que é parte integrante da membrana interna da mitocôndria; as demais estão em forma solúvel na matriz mitocondrial. •O fumarato é hidratado a malato pela fumarase. •A malato desidrogenase oxida o malato a oxaloacetato, reduzindo NAD+ em NADH e fechando o ciclo. •Como o oxaloacetato é sempre regenerado ao final de cada volta, o ciclo de Krebs pode oxidar acetil-CoA continuamente. CICLO DE KREBS OU CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO OU CICLO DO ÁCIDO TRICARBOXÍLICO •O ciclo de Krebs é uma via eminentemente oxidativa para a acetil-CoA: os átomos de carbono do seu grupo acetila são estequiometricamente convertidos a CO2, e em paralelo a esta oxidação são reduzidos 3 NAD+ e 1 FAD. •A maioria das reações do ciclo de Krebs é reversível, mas o sentido do ciclo é determinado pela irreversibilidade das reações catalisadas pela citrato sintase e α-ceto-glutarato desidrogenase . •Embora produza apenas 1 ATP o ciclo de Krebs contribui para a formação de grande parte do ATP produzido pela célula, pois a energia da oxidação da acetil-CoA é conservada sob a forma de coenzimas reduzidas (NADH e FADH2) e, posteriormente, usada para síntese de ATP. A oxidação das coenzimas é obrigatoriamente feita pela cadeia de transporte de elétrons e, portanto, o ciclo de Krebs só pode funcionar em condições aeróbias. ACETIL Co-A CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO OU CICLO DE KREBS RESULTADO DE 1 VOLTA NO CICLO DE KREBS Para cada molécula de acetil-CoA que é oxidado no Ciclo de Krebs, são produzidos: •3 moléculas de NADH •1 molécula de FADH2 •1 molécula de ATP (ou GTP) e ́ formada por fosforilação em nível do substrato (catalisada pelaenzima succinato-quinase). Esses equivalentes redutores (NADH e FADH2) são transferidos para a cadeia respiratória onde a reoxidação de cada NADH resulta na formação de cerca de 2,5 moléculas de ATP, e a reoxidaça ̃o do FADH2 forma cerca de 1,5 mole ́cula de ATP. CADEIA RESPIRATÓRIA E FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA •As coenzimas reduzidas devem ser reoxidadas por duas razões: 1 - voltando à forma oxidada, possam participar outra vez das vias de degradação dos nutrientes. 2 - é a partir da oxidação destas coenzimas que a energia nelas conservada pode ser empregada pelas células para sintetizar ATP. •As células aeróbias produzem a maior parte do seu ATP por oxidação das coenzimas pelo oxigênio (a chamada “respiração celular”). •Esse processo ocorre nas mitocôndrias e é realizado por uma cadeia de transporte de elétrons (“cadeia respiratória”), à qual está intimamente associada a síntese de ATP. •Esta síntese consiste na fosforilação do ADP (ADP + Pi → ATP) e, por utilizar a energia derivada da oxidação das coenzimas,é denominada fosforilação oxidativa. ESTRUTURA DAS MITOCÔNDRIAS PAPEL DA CADEIA RESPIRATÓRIA DAS MITOCÔNDRIAS NA CONVERSÃO DOS ALIMENTOS EM ATP TRANSFERÊNCIA DE PRÓTONS E ELÉTRONS NA CADEIA RESPIRATÓRIA TRANSFERÊNCIA DE PRÓTONS E ELÉTRONS NA CADEIA RESPIRATÓRIA A oxidação das coenzimas reduzidas processa-se na membrana interna da mitocôndria, da qual fazem parte os componentes da cadeia de transporte de elétrons. A maioria destes componentes agrupa-se em quatro complexos, designados I, II, III e IV, que atravessama membrana interna. Cada complexo é constituído por diversas subunidades proteicas associadas a grupos prostéticos diferentes: FMN (Flavina mononucleotídeo) , FAD, centros ferro-enxofre, grupos heme (presentes nos citocromos) e íons cobre. Estes componentes organizam-se em ordem crescente de potenciais de redução. Sem fazer parte de complexos, aparecem ainda dois componentes móveis da cadeia de transporte de elétrons: a coenzima Q (CoQ), que conecta os Complexos I e II ao Complexo III, e o citocromo c, que conecta o Complexo III ao Complexo IV. TRANSPORTE DE ELETRONS Dois elétrons do NADH são transferidos para o Complexo I, do Complexo I para CoQ, depois para o Complexo III, citocromo c, Complexo IV e finalmente para o oxigênio. Elétrons presentes no succinato (FADH2) têm uma entrada especial na cadeia de transporte de elétrons: são transferidos ao Complexo II e deste para CoQ; deste ponto em diante, seguem o caminho comum: Complexo III, citocromo c, Complexo IV e oxigênio. Estas transferências são possíveis porque todos os compostos presentes nos complexos, mais a CoQ e o citocromo c, podem apresentar-se nos estados reduzido e oxidado — ao receberem um elétron do componente anterior da cadeia, reduzem-se; transferindo o elétron para o componente seguinte, oxidam-se e estão aptos a receber elétrons novamente. COMPLEXO 1 • O Complexo I possui 46 cadeias polipeptídicas associadas à molécula de FMN (flavina mononucleotídeo) e até 9 centros Fe-S (ferro-enxofre). • Nessa etapa ocorre a oxidação do NADH e a entrada dos elétrons na membrana interna da mitocôndria, de onde só sairão para serem doados ao oxigênio, no final da cadeia. •O Complexo I catalisa a transferência de elétrons do NADH pra CoQ e atua como uma bomba de prótons. COMPLEXO 2 OU COMPLEXO SUCCINATO UBIQUINONA ÓXIDO REDUTASE OU SUCCINATO REDUTASE •É um componente tanto do ciclo de Krebs, quanto da cadeia de transporte de elétrons. •A enzima acopla a oxidação do succinato a fumarato na matriz mitocondrial, com a redução da coenzima Q na membrana interna da mitocôndria. É o segundo ponto de entrada de elétrons na cadeia, em direção ao oxigênio. •Os elétrons e os prótons do succinato são transferidos para o FAD, que se reduz a FADH2; os elétrons do FADH2 passam pelos centros Fe-S e, finalmente, são doados à CoQ. Como os centros Fe-S não recebem prótons, os prótons presentes no FADH2 são devolvidos à matriz mitocondrial. O Complexo II não contribui para a formação do gradiente de próton COENZIMA Q A coenzima Q recebe os elétrons provenientes dos Complexos I e II. Ela os transfere ao complexo 3. COMPLEXO III OU CITOCROMO BC1 OU UBIQUINONA-CITOCROMO C ÓXIDO- REDUTASE Catalisa a transferência de elétrons ao citocromo c, acompanhada de bombeamento de prótons da matriz para o espaço intermembranoso. COMPLEXO IV •O Complexo IV, ou citocromo c oxidase, é a última enzima das cadeias de transporte de elétrons. • Catalisa a passagem de elétrons do citocromo c para o oxigênio, formando água, acoplada ao bombeamento de prótons para o espaço intermembranoso. BOMBEAMENTO DE PRÓTONS PARA O ESPAÇO INTERMEMBRANOSO A translocação de prótons através da membrana interna da mitocôndria é feita pelos Complexos I, III e IV. Através de experimentos foi possível demonstrar que a transferências de elétrons envolvendo cada um desses complexos são acompanhadas de deslocamento de prótons através da membrana das vesículas e que, portanto, são esses complexos as bombas de prótons geradoras do gradiente. Entretanto, o exato mecanismo do bombeamento de prótons ainda é objeto de controvérsia. Alguns transportadores de elétrons, ao serem reduzidos, captam prótons da matriz mitocondrial e, ao transferirem elétrons para o componente seguinte da cadeia, liberam prótons no espaço intermembranas. Ou seja, a bomba de prótons e o centro de óxido-redução constituem uma entidade única, cujo estado de óxido-redução induz protonação ou desprotonação. Esta possibilidade é consistente com o bombeamento de prótons pelos Complexos I, III e IV. Para cada NADH que se oxida, ou seja, para cada par de elétrons transportados pelos Complexos I, III e IV, há síntese de 3 ATP ou 2,5 ATPs. Pode-se chegar a esta mesma conclusão medindo-se o número de moléculas de ATP formadas e o número de átomos de oxigênio consumidos na oxidação de diferentes substratos; o quociente entre estes valores é chamado razão P/O — entre fosfato (phosphate, em inglês) incorporado em ATP e oxigênio utilizado. A razão P/O é uma medida da eficiência da fosforilação oxidativa. Quando o substrato é o NADH, cujos elétrons passam pelos três complexos enzimáticos até chegarem ao oxigênio, a razão P/O é 3 ou 2,5; no caso do succinato, os elétrons são transferidos para o FAD e, a seguir, para a coenzima Q; como o complexo I é “saltado”, o gradiente de prótons formado é menor e a razão P/O do succinato é 2 ou 1,5. FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA O retorno dos prótons ao interior da mitocôndria é um processo espontâneo, a favor do gradiente eletroquímico, que libera energia capaz de levar à síntese de ATP. A membrana interna da mitocôndria é impermeável a prótons em toda a sua extensão, exceto em locais específicos, constituídos pelo complexo sintetizador de ATP, a ATP sintase. É somente por este canal que os prótons podem atravessar a membrana, de volta à matriz. A ATP sintase catalisa a formação de ATP quando os prótons atravessam a enzima, em direção ao interior da mitocôndria. INIBIDORES DA CADEIA DE TRANSPORTE DE ELÉTRONS Há drogas capazes de atuar especificamente sobre cada um dos complexos da cadeia de transporte de elétrons, impedindo o prosseguimento da transferência de elétrons .O resultado desta ação inibitória é a paralisação do transporte de elétrons e das vias metabólicas que dependem da cadeia para a reoxidação de coenzimas. Sem o transporte de elétrons não se forma o gradiente de prótons e, conseqüentemente, não há síntese de ATP. Estas drogas são, portanto, potencialmente letais.
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