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Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex RESPIRAÇÃO CELULAR GLICÓLISE A via glicolítica, também conhecida como glicólise, é a base do metabolismo celular, sendo a via mais conservada nos seres vivos (realizada em todos os seres vivos) e, a nível de evolução, apresenta caráter homólogo. Essa via é a única fonte de energia metabólica em alguns tecidos e células de mamíferos. A glicólise consiste no processo através do qual uma molécula de glicose é degradada por uma sequência de 10 reações e forma 2 moléculas de piruvato. Via comum de degradação dos carboidratos; Acontece no citoplasma celular; Degradação em anaerobiose. Durante as reações sequenciais da glicólise, é válido ressaltar, que parte da energia livre liberada é conservada na forma de ATP e NADH. É importante ressaltar que a saída de glicose do meio extracelular para entrada na célula acontece via GLUT. Nesse sentido, deve-se destacar que o único GLUT que é, exclusivamente, insulinodependente é o GLUT-4, presente no músculo esquelético, tecido adiposo e coração. FASE PREPARATÓRIA OU DE INVESTIMENTO As cinco reações que compõem esta fase têm por objetivo aumentar o conteúdo de energia livre dos intermediários a partir da energia investida pelo consumo de duas moléculas de ATP: uma delas consumida na primeira reação e a outra na terceira. 2 fosforilações; Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex Quebra de uma hexose em 2 trioses; ATP é investido para formar compostos com maior energia livre de hidrólise. REAÇÃO 1 Na primeira reação a glicose será transformada em glicose-6-fosfato. O grupo hidroxila do carbono 6 (C6) da molécula de glicose é fosforilado a partir da doação do grupo fosfato por uma molécula de ATP, formando a glicose-6-fosfato. Essa reação irreversível é catalisada por quinases, estando a hexoquinase presente na maioria dos tecidos e a glicoquinase presente no fígado. Em suma, haverá o investimento de uma molécula de ATP: o fosfato é tirado do ATP, formando ADP, e é adicionado no carbono 6 da glicose. Pode-se dizer que essa primeira reação acontece para que haja o aprisionamento da glicose no interior da célula. REAÇÃO 2 A glicose-6-fosfato é convertida em frutose- 6-fosato por ação da fosfo-hexose- isomerase (fosfoglicoisomerase) . Nesse momento, acontecerá apenas uma isomerização, rearranjo da molécula, porque a fórmula química de ambas é mesma. REAÇÃO 3 A frutose-6-fosfato é fosforilada no carbono 1 por ação da fosfofrutoquinase (PFK-1) em uma reação irreversível, novamente com o consumo de um ATP, formando uma hexose com dois grupos fosfatos, a frutose1,6-bisfosfato. Essa etapa é o ponto principal de regulação da via glicolítica e enzima PFK-1é a principal também de toda a glicólise. Dessa forma, as formas de modulação da via (acelerar ou retardar), tem como mecanismo principal atuar em cima da PFK-1. Portanto, se essa enzima é inibida, a via glicolítica não acontece; se for estimulada, a via glicolítica é hiper estimulada. REAÇÃO 4 A frutose-1,6-bisfosfato é quebrada por ação da enzima aldolase, havendo a liberação de duas moléculas contendo três carbonos cada uma: diidrooxiacetona fosfato e o gliceroaldeído-3-fosfato. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex REAÇÃO 5 A molécula de diidrooxiacetona fosfato é isomerizada originando outra molécula de gliceroaldeído-3-fosfato. Esta conversão possibilita que todos os carbonos da glicose sejam oxidados a piruvato já que somente o gliceroaldeído-3-fosfato é o substrato da próxima enzima. FASE DE PAGAMENTO As seguintes fases são importantes para conservar a energia liberada na forma de ATP e Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo (NADH). O NAD é uma coenzima que funciona como aceptor / carreador de elétrons, pois capta os elétrons perdidos da glicose na via glicolítica, ficando na forma reduzida, e os encaminham até a fosforilação oxidativa para gerar energia. Conservação da energia livre na forma de ATP e NADH; Formação de duas moléculas de piruvato; Cada uma das etapas acontecerá duas vezes. REAÇÃO 6 Cada uma das moléculas de gliceroaldeído- 3-fosfato anteriormente formadas é fosforilada por fosfato inorgânico formando 1,3-bifosfoglicerto. Esta etapa dá-se por uma reação de oxirredução catalisada pela gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase, havendo a redução de uma molécula livre de NAD+, a qual passa a ser NADH +H(forma reduzida). Em suma, é tirado uma molécula H da molécula de gliceroaldeído-3-fosfatoo e adicionada ao NAD. REAÇÃO 7 O grupo fosfato da molécula de gliceraldeído 3-fosfato é transferido ao ADP produzindo ATP graças a ação da fosfoglicerato quinase. Nesse momento, o ATP (2 moléculas, já que o processo acontece duas vezes) será produzido para pagar o ATP utilizado na via preparatória. Após a reação número 7, a dívida é zerada e todo o ATP produzido posteriormente será lucro, saldo positivo. REAÇÃO 8 A enzima fosfoglicerato mutase catalisa o deslocamento do grupo fosfato do carbono 3 do 3-fosfolicerato para o carbono 2, formando o composto intermediário 2- fosfoglicerato. Nesse momento, haverá o rearranjo molecular por meio da realocação do fosfato. Como a forma molecular Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex permanece a mesma, consistirá em um processo de isomerização. REAÇÃO 9 A enzima enolase promove a desidratação do 2-fosfoglicerato originando um composto rico em energia chamado fosfoenolpiruvato (PEP). É válido citar que o flúor inibe a enzima enolase. Como a cárie é formada por ácido decorrente do metabolismo de bactérias, que usa a via glicolítica como reação metabólica. Se a enzima enolase é inativada, a glicólise para e o ácido que irá corroer o esmalte do dente não é formado. REAÇÃO 10 Por fim, na reação irreversível catalisada pela enzima piruvato quinase, forma-se o piruvato e ATP a partir da adição do grupo fosfato em uma molécula de ADP. Nesse momento, haverá a segunda formação de ATP por meio da fosforilação a nível do substrato. CONSIDERAÇÕES Ao longo da via glicolítica houve três reações que são irreversíveis: a reação 1, intermediada pela enzima hexoquinase; a reação 3, intermediada pela enzima PFK-1; e a reação 10, que é intermediada pela enzima piruvato quinase. Para que seja possível a modulação (retardar ou acelerar) a via glicolítica, é necessário atuar em uma das reações listadas. No geral, as modulações acontecem em cima da PFK- 1. Ao fim da via glicolítica, são formados os seguintes produtos: 2 ATP de saldo; 2 NADH; 2 piruvatos. Pode-se perceber, ainda, que todos os intermediários da glicólise são fosforilados. Os grupos fosfato dessas moléculas têm importantes funções como: Impedir que os intermediários se difundam pela membrana celular e deixem a célula, já que a membrana plasmática é impermeável a moléculas de carga negativa; São essenciais na conservação da energia metabólica pois os compostos fosfóricos de alta energia doam grupos fosfato ao ADP para formar ATP; A ligação dos grupos fosfato aos sítios ativos das enzimas atuantes no processo fornecem energia de ligação de modo a diminuir a energia de atuação necessária ao funcionamento da enzima, além de aumentar a especificidade das reações enzimáticas. ENZIMAS REGULATÓRIAS DA GLICÓLISE O fluxo de glicólise através da via glicolítica é regulado para manter constante a concentração de ATP, bem como as Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex quantidadesadequadas dos intermediários glicolíticos que possuem destinos biossintético. Um exemplo é que a glicose-6-fosfato pode fluir tanto para a glicólise como para outras vias que incluem a síntese de glicogênio e a via das pentoses fosfato. As enzimas reguladoras da glicólise são aquelas que participam das reações irreversíveis: hexoquinase, fosfofrutoquinase-1 (PFK1) e piruvato quinase. HEXOQUINASE A hexoquinase é modulada negativamente (inibida alostericamente) pelo próprio produto de sua reação: a glicose-6-fosfato. No fígado, esta reação é catalisada pela glicoquinase a qual não sofre essa mesma modulação pela glicose-6-fosfato. Seu modulador positivo é o fosfatoinorgânico (AMP) em altas concentrações. O AMP ativa a hexoquinase porque seus altos níveis indicam que muito ATP foi quebrado. FOSFOFRUTOCINASE-1 A atividade da PFK1 aumenta quando o suprimento de ATP da célula está baixo ou quando há um excesso de ADP e AMP (produtos da hidrólise do ATP). Por outro lado, a PFK1 é inibida quando a quantidade de ATP é suficiente para atender a demanda metabólica da célula e quando esta dispõe de outros combustíveis como ácidos graxos. Outro importante modulador positivo da PFK1 é a frutose-2,6-bisfosfato formada a partir da frutose-6-fosfato na reação catalisada pela fosfofrutoquinase2 (PFK2). Esta reação é revertida por uma enzima presente no mesmo complexo enzimático da PFK2 chamada frutose 2,6-bisfosfatase. A PFK2 está ativa quando desfosforilada e inativa quando fosforilada, já o contrário ocorre com a frutose 2,6-bisfosfatase. Em estados pós prandiais de hiperglicemia tem- se a liberação de insulina. Ao atuar em seu sítio ativo, este hormônio induz uma cascata de sinalização que desfosforila a PFK2, tornando-a ativa, ao passo que inativa a frutose 2,6-bisfosfatase. Desse modo, tem- se o aumento na concentração de frutose- 2,6-bisfosfato formada que modula positivamente a PFK1 estimulando a via glicolítica. Já em estados de jejum, a sinalização celular deflagrada pelo hormônio glucagon induz a fosforilação da PFK2 e sua inativação, de modo a diminuir os níveis de frutose-2,6- bisfosfato e frear a via glicolítica. PIRUVATO CINASE Assim como a PFK1, a piruvato quinase é modulada positivamente pelo ADP, e negativamente pelo ATP e NADH. Em linhas gerais, essa enzima é inibida alostericamente por ATP, acetil-CoA e ácidos graxos de cadeias longas, mas o Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex acúmulo de frutose-1,6-bifosfato aciona a sua ativação. O acúmulo de alanina, que pode ser transformada em piruvato em um único passo enzimático, inibe a piruvato quinase alostericamente diminuindo a velocidade de produção do piruvato na glicólise. DESTINO DO PIRUVATO As duas moléculas de piruvato formadas a partir da glicólise de uma molécula de glicose pode seguir diferentes caminhos a depender da célula e de suas necessidades. CONDIÇÕES AERÓBIAS Em condições aeróbias, o piruvato origina o acetato que segue para o Ciclo de Ácido Cítrico e é oxidado até CO2 e H2O. neste processo, graças a presença de O2, o NADH formado pela desidrogenação do gliceroaldeído-3-fosfato é reoxidado a NAD+. FERMENTAÇÃO LÁTICA Sob condições de hipóxia como durante a prática de exercício físico, a ausência de oxigênio impede a regeneração do NAD+. Neste caso, a regeneração do NAD+ dá-se pela formação do lactato a partir do piruvato que é reduzido pela ação da enzima lactato desidrogenase, recebendo os elétrons captados pelo NADH. O mesmo processo, chamado fermentação lática, ocorre nos eritrócitos já que estes não dispõem de mitocôndria. Aqui, o piruvato será o aceptor final de elétrons. FERMENTAÇÃO ALCÓOLICA Outra via que pode ser seguida pelo piruvato é a da reação catalisada pela piruvato descarboxilase que vai gerar aldeído acético. Este, ao receber os elétrons captados pelo NADH, reduz-se e forma o etanol. Assim, ao ser oxidado, o NAD+ pode voltar à via glicolítica garantindo sua continuidade. Esse processo é chamado de fermentação alcóolica e não ocorre no organismo humano. Nesse processo, o aldeído acético é o aceptor final de elétrons. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex CICLO DE KREBS O Ciclo do ácido Cítrico, também chamado Ciclo de Krebs, corresponde à segunda etapa da via de oxidação da glicose, ocorrendo na mitocôndria após a formação do piruvato pela via glicolítica. Este Ciclo não é importante somente para vias catabólicas de obtenção de energia, mas apresenta também um papel anabólico pela formação de intermediários empregados como precursores biossintéticos de várias substâncias. O complexo enzimático da piruvato desidrogenase, composto por três enzimas e cinco coenzimas, está localizado na mitocôndria das células eucariotas. Uma série de intermediários químicos permanece ligados à superfície das enzimas à medida que o substrato é transformado em seu produto. O complexo da piruvato desidrogenase resulta num processo irreversível de descarboxilação oxidativa que atua sobre o piruvato formando a molécula inicial do Ciclo de Krebs: Acetil-Coa. PRODUÇÃO DO ACETIL- COA A síntese de Acetil-CoA pode acontecer utilizando açúcares, ácidos graxos e a maioria dos aminoácidos. Esse complexo consiste na ação de três enzimas distintas e 5 cofatores. Esse processo é uma oxidação irreversível, na qual o grupo carboxila é removido do piruvato na forma de uma molécula de CO2 e os dois carbonos remanescentes tornam- se o grupo acetil do Acetil-CoA. E1- PIRUVATO DESIDROGENASE Enzima – piruvato desidrogenase; Coenzima – Tiamina (vit. B1). 21- DIIDROLIPOIL TRNSACETILASE Enzima – diidrolipoil trnsacetilase ; Coenzimas – coenzima A (CoA-SH) / Pantotenato (vit. B5) e Lipoato. E3- DIIDROLIPOIL DESIDROGENASE Enzima – diidrolipoil desidrogenase; Coenzimas – FAD – riboflavina (vit. B2) e NAD+ - niacina – vit. B3. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex FASES DO CICLO DE KREBS Para dar início ao Ciclo faz-se necessária a formação da molécula de AcetilCoA. Esta é proveniente da remoção do grupo carboxila na forma de CO2 do piruvato, vindo da via glicolítica, de forma que os dois carbonos remanescentes na molécula se tornam o grupo acetil do acetil-CoA. Essa reação ocorre com a redução de um NAD+, a molécula aceptora de elétrons. O Ciclo do Ácido Cítrico conta com oito reações sendo em quatro delas ocorre com a liberação de energia que é armazenada na forma de NADH e FADH2. REAÇÃO 1 O Acetil-CoA transfere seu grupo acetil para o oxalacetato (composto por quatro carbonos), por meio de uma reação de condensação, formando o citrato por ação da enzima citrato sintase. A Coenzima A, deixada livre após a reação, pode ser reciclada em outras reações inclusive em outra descarboxilação do piruvato para formar Acetil-CoA. Importante ponto de regulação do ciclo; REAÇÃO 2 O citrato é transformado em isocitrato, também composto por seis carbonos. Durante esse processo há a formação de um intermediário. Esse processo é uma reação de isomerização, com formação de intermediários, utilizando reações de hidratação e desidratação. REAÇÃO 3 O isocitrato é desidrogenado, ocorrendo a liberação de CO2 e a formação de um composto com cinco carbonos chamado α cetoglutarato. Esta reação ocorre graças a enzima isocitrato desidrogenase que utiliza NAD+ para aceptar elétrons. Outra forma Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex desta mesma enzima pode ser encontrada tanto na matriz mitocondrial quanto no citosol, sendo, no entanto, dependentede NADP. Sua função é importante para a regeneração da forma reduzida no NADPH utilizado em reações anabólicas. Reação irreversível; Primeiro NADH e CO2 produzidos; Possui duas isoformas – NAD + (mitocondrial) – NADP + (citosólica e mitocondrial – rotas mitocondriais); Reação de oxirredução; Ponto de regulação. REAÇÃO 4 Mais um CO2 é liberado da molécula do α cetoglutarato, formando o succinil-CoA pela ação do complexo enzimático α cetoglutarato desidrogenase. O elétron liberado é aceptado pelo NAD+ e a energia de oxidação do α cetoglutarato é conservada pela formação de uma ligação tio éster do succinil-CoA. Descarboxilação oxidativa irreversível, catalisada pelo complexo enzimático α cetoglutarato desidrogenase; Enzima tem mecanismo e estrutura semelhante ao complexo da piruvato desidrogenase; Liberação do 2º NADH e CO2; Ponto de regulação. REAÇÃO 5 A ligação de alta energia da molécula de succinil-CoA é rompida, formando o succinato, e a energia liberada é empregada na formação de um GTP (guanosina trifosfato) a partir de GDP (guanosina difosfato) e fosfato inorgânico. O GTP tem o mesmo nível energético do ATP, logo, a formação de GTP equivale à formação de ATP, já que o GTP pode transferir seu grupo fosfato ao ADP. O GTP formado é convertido em ATP; A síntese de ATP (ou GTP) é um exemplo de fosforilação a nível de substrato. REAÇÃO 6 O succinato formado é oxidado a fumarato pela enzima succinato desidrogenase cujo grupo prostético FAD é reduzido a FADH2. A enzima succinate dehydrogenase, apesar de ser uma enzima do ciclo de Krebs, Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex também compõe o complexo 2 da cadeia respiratória. REAÇÃO 7 O fumarato é, então, hidratado na reação catalisada pela enzima fumarase originando o malato. REAÇÃO 8 Por fim, o malato é oxidado a oxalacetato por ação da enzima malato desidrogenase ligada ao NAD. Gera o 3º e último NADH do ciclo; Regenera o oxalacetato. CONSIDERAÇÕES Assim, a última das reações do Ciclo do Ácido Cítrico culmina na formação do produto com o qual o ciclo se iniciou: o oxalacetato. Dessa forma, a regeneração deste intermediário permite sua reação com uma nova molécula de AcetilCoA, dando continuidade ao Ciclo. A maioria das reações do Ciclo é reversível, no entanto, o sentido do ciclo é determinado pela irreversibilidade das reações catalisadas pelas enzimas citrato sintase e α cetoglutarato desidrogenase. Esta última reação mantem as concentrações de α cetoglutarato baixas e, indiretamente, as de isocitrato. Assim, apesar do equilíbrio da reação favorecer a formação de citrato, este não se acumula na mitocôndria enquanto ocorrer a oxidação de isocitrato. No ciclo de Krebs, entra: 1 acetato (2C). Ao fim de cada ciclo de Krebs – considerando a formação do Acetil-CoA como parte, (acontece 2 vezes a cada molécula de glicose), tem-se como produto: 3 CO2; 4 NADH + H+ (7,5 ATP); 1 FADH2 (1,5 ATP); 1 GTP; Deve-se lembrar, ainda, que o Ciclo de Krebs é pivô do metabolismo intermediários. Dessa forma, pode-se dizer que esse ciclo é anfibólico. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex REAÇÕES ANAPLERÓTICAS As reações anapleróticas consistem em reações enzimáticas nas quais os intermediários são desviados para outras vias e as reações em que eles são repostos devem estar em equilíbrio dinâmico. Dessa forma, as concentrações dos intermediários do ciclo do ácido cítrico permanecem quase constantes. Em suma, reações anapleróticas repões os intermediários do ciclo do ácido cítrico, servindo para regular os desiquilíbrios do ciclo. O BALANÇO ENERGÉTICO DO CICLO DE KREBS A energia liberada após uma volta completa no Ciclo é armazenada na redução de três NAD+ e um FAD+, além da síntese direta de ATP ou GTP. Além disso, duas moléculas de CO2 são liberadas ao longo do Ciclo. Apesar de formar diretamente apenas uma molécula de ATP, o grande fluxo de elétrons nos quatro passos de oxidação do Ciclo, ao formarem NADH e FADH2, vão originar grande quantidade de energia durante a fosforilação oxidativa. Nesta etapa, a passagem de dois elétrons do NADH para o oxigênio culmina na formação de mais ou menos 2,5 moléculas de ATP enquanto a passagem de dois elétrons do FADH2 para o oxigênio forma 1,5 molécula de ATP. Sendo assim, levando em consideração que duas moléculas de piruvato são geradas a partir de uma de glicose e ambas entram no Ciclo do Ácido Cítrico, calcula-se que cerca de 28 ATPs formados na fosforilação oxidativa são provenientes de processos ocorridos a partir da transformação de piruvato a AcetilCoA. Outra importante função da fosforilação oxidativa é a oxidação das coenzimas reduzidas no Ciclo do Ácido Cítrico. Logo, este ciclo, bem como a reação de conversão do piruvato a Acetil-CoA, só ocorrem em condições aeróbias, ao contrário da glicólise. FUNÇÃO ANABÓLICA DO CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO Como mencionado anteriormente, o Ciclo do Ácido Cítrico não se restringe à função catabólica, mas também fornece substratos que são utilizados como precursores em vias biossintéticas, constituindo uma via dia anfibólica, que ser vê tanto para processos Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex catabólicos quanto para anabólicos. São exemplos: o oxalacetato e o α cetoglutarato formam, respectivamente, o aspartato e o glutamato; o succinil-CoA é precursor do grupo heme das hemoglobinas. Caso ocorra a retirada de algum desses intermediários do ciclo, sua concentração pode ser reestabelecida por reações compensatórias chamadas reações anapleróticas (ou de preenchimento). A mais importante delas, que ocorre nos tecidos hepático e renal, é a catalisada pela enzima piruvato carboxilase a qual atua sobre o piruvato formando oxalacetato. Outras dessas reações são aquelas que envolvem a degradação de aminoácidos que produz intermediários do Ciclo de Krebs. A REGULAÇÃO DO CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO As enzimas reguladoras do Ciclo têm seus efeitos alterados por efetores alostéricos e por modificação covalente de modo a manter constante a velocidade do Ciclo e a concentração de intermediários. A regulação do Ciclo propriamente dito ocorre em três momentos: na formação de citrato a partir do Acetil-CoA por ação da enzima citrato sintase, na reação da isocitrato desidrogenase, e na reação da α cetoglutarato desidrogenase. Outro ponto regulatório extremamente importante que ocorre antes do Ciclo propriamente dito é a conversão de piruvato a Acetil-CoA pelo complexo piruvato desidrogenase. Este complexo é inibido por altas concentrações de ATP, por Acetil-CoA e NADH, ou seja, pelos próprios produtos da reação catalisada pelo complexo. Por outro lado, a modulação alostérica positiva do complexo ocorre por altas concentrações de AMP, CoA e NAD+, os quais estão acumulados quando pouco acetato flui para o Ciclo do Ácido Cítrico. O complexo piruvato desidrogenase também está sujeito à modulação covalente através da fosforilação catalisada por uma quinase específica associada ao complexo, chamada piruvato quinase desidrogenase. Quando fosforilado, o complexo torna-se inativo. Outra enzima do complexo, chamada piruvato desidrogenase fosfatase, remove o grupo fosfato reativando a o complexo. Em estados hiperglicêmicos ocorre a liberação de insulina que, ao atuar sobre seus receptores celulares induz uma cascata de sinalização que estimula a piruvato desidrogenase fosfatase, promovendo a desfosforilação do complexo e, portanto, sua ativação. A disponibilidade de substratos para acitrato sintase varia com as circunstâncias metabólicas, podendo limitar a velocidade de formação do citrato. Quando a relação NADH/NAD+ está elevada, as reações de desidrogenação são inibidas. O acúmulo de produtos das reações inibe todos os três passos limitantes da velocidade do ciclo: a succinil-CoA inibe a α cetoglutarato desidrogenase, o citrato bloqueia a citrato sintase, o ATP inibe tanto a citrato sintase quanto a isocitrato desidrogenase. O mais importante ponto de regulação do Ciclo de Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex Krebs ocorre na reação catalisada pela isocitrato desidrogenase sobre a qual atuam dois moduladores alostéricos: o ADP, com efeito positivo, e o NADH com efeito negativo. Altos níveis de ADP refletem a necessidade energética da célula, estimulam a enzima, levando à oxidação do citrato. O aumento na velocidade do ciclo culmina na maior formação de coenzimas reduzidas e, consequentemente, na ativação da fosforilação oxidativa. À medida que a concentração de ADP diminui, a velocidade da fosforilação oxidativa também decresce, havendo aumento na concentração do NADH, modulador alostérico negativo da isocitrato desidrogenase. FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA A fosforilação oxidativa corresponde ao último estágio do metabolismo aeróbico produtor de energia, sendo o ponto de convergência da degradação de carboidratos, lipídios e aminoácidos. O processo de oxidação desses compostos leva à produção de Acetil-CoA a qual é totalmente oxidada a CO2 no Ciclo de Krebs, sendo este o ponto máximo de oxidação dos átomos de carbono que compõem carboidratos, proteínas e lipídios. Esse processo consiste na redução do O2 e H2O com os elétrons doados pelas coenzimas aceptoras de elétrons NADH e FADH2, as quais sofreram redução ao longo dos processos de oxidação. A obtenção de energia na forma de ATP dá-se a partir do fluxo desses elétrons por uma cadeia de transportadores ligados à membrana mitocondrial interna. OXIDAÇÃO DAS COENZIMAS A reoxidação das coenzimas é de extrema importância pois, ao voltar à forma oxidada, estas podem participar novamente das vias de degradação dos nutrientes. Além disso, é através desse processo que a energia nelas conservada pode ser reaproveitada pelas células a partir da síntese de ATP. Como anteriormente mencionado, o processo de oxidação das coenzimas aceptoras de elétrons ocorre pela transferência destes elétrons ao oxigênio. Ao receber o elétron, o oxigênio se liga a prótons presentes no meio, formando H2O. A diferença de potenciais de óxido-redução entre a coenzima reduzida e o oxigênio faz com que neste processo seja liberada grande quantidade de energia que será designada para a produção de ATP. No entanto, caso os elétrons das coenzimas fossem passados diretamente ao oxigênio, essa energia seria dissipada na forma de calor, inutilizável pela célula. Sendo assim, a estratégia adotada para aproveitar essa energia consiste em transformá-la em um gradiente de prótons. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex CADEIA TRANSPORTADORA DE ELÉTRONS A obtenção do gradiente de prótons é conseguida pela transferência indireta dos elétrons das coenzimas para o oxigênio através da passagem por vários compostos que constituem uma cadeia transportadora de elétrons. Os compostos constituintes da cadeia são posicionados de forma crescente de acordo com seus potenciais de óxido-redução. Desta forma, os elétrons partem da coenzima reduzida – que apresenta potencial de óxido-redução menor que os componentes da cadeira – e percorrem uma sequência de transportadores com potenciais crescentes até chegarem ao oxigênio, que apresenta o maior potencial. Ao mesmo tempo que ocorre o fluxo de elétrons, é estabelecida uma diferença de concentração de prótons de cada um dos lados da membrana onde ocorre o transporte (gradiente de prótons). A energia contida neste gradiente é, então, utilizada na fosforilação do ADP, formando ATP, e, por utilizar a energia derivada da oxidação de coenzimas, é denominada fosforilação oxidativa. Os componentes da cadeia transportadora de elétrons organizam-se na membrana mitocondrial interna em quatro complexos (I, II, III, IV). Além destes, dois importantes componentes estão dispostos para conectar os complexos entre si: coenzima Q (CoQ) que conecta os Complexos I e II ao Complexo III, e o Citocromo C que conecta o Complexo III ao Complexo IV. Com exceção da coenzima Q, todos os outros componentes do transporte de elétrons são proteínas que estão associados a grupos prostéticos como FAD, FMN (flavina mononucleotídeo) e centros ferro- enxofre. A transferência de elétrons pelos quatro complexos, além do CoQ e do citocromo c, é possível pois todos eles são capazes de ser reduzidos e oxidados. As sim, ao receberem um elétron do componente anterior da cadeia, reduzem-se; transferindo o elétron para o componente seguinte, oxidam-se e estão aptas a receber elétrons novamente. Os centros ferro enxofre (Fe-S), presentes nos três primeiros Complexos, são formados de íons ferro e enxofre podendo apresentar-se em diversas configurações. Sua ligação às cadeias polipeptídicas se dá através de ligação de resíduos de cisteína. Os centros Fe-S atuam unicamente transportando os elétrons recebidos pelo íon Fe cuja valência é alterada de Fe3+ para Fe2+. Os prótons não são recebidos pelos centros Fe-S, sendo transferidos da membrana interna da mitocôndria para o espaço intermembranas, criando uma diferença de concentração de prótons entre esses espaços e o chamado gradiente de prótons. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex COMPLEXO 1 Também chamado de NADH-coenzima Q redutase, o Complexo I está associado a uma molécula de FMN e 6 ou 7 centros ferro-enxofre. A FMN se comporta como a FAD, sendo capaz de receber 2 prótons e 2 elétrons, passando a forma reduzida (FMNH2). O doador de elétron para a redução de FMN é o NADH proveniente de reações metabólicas anteriores, como por exemplo: oxidação de glicealdeído-3-fosfato (glicólise), conversão do piruvato a Acetil- CoA, isocitrato, alfa cetoglutarato e malato (Ciclo de Krebs) etc. Assim, os elétrons do FMNH2 são transferidos para os centros Fe-S até deixarem o Complexo I, sendo entregues à Coenzima Q. Os prótons provenientes de NADH+ são transferidos para o espaço intermembranas. Apresenta 6 centros de ferro- enxofre – essencial para o transporte de elétrons; Formado por 42 proteínas, entre elas, uma flavoproteína contendo FMN (flavina mononucleotídeo); Catalisa dois processos simultâneos obrigatoriamente acoplados: 1. Transferência exergônica para a ubiquinona de um íon hidreto do NADH e de um próton da matriz; 2. Transferência endergônica de quatro prótons da matriz para o espaço intermembranas. COMPLEXO 2 Também chamado de succinato-coenzima Q redutase, o Complexo II conta com a participação da enzima succinato desidrogenase, a única enzima do Ciclo de Krebs presente na membrana e não na matriz mitocondrial. Essa enzima catalisa a reação de formação do fumarato a partir do succinato com a consequente redução do FAD, que passa a ser FADH2. Além desta enzima, também participam do Complexo II alguns centros Fe-S e o citocromo b560, pelos quais passam os elétrons provenientes do FADH2 até estes serem doados à coenzima Q. Ao contrário do que ocorre no Complexo I, os prótons do FADH2 são devolvidos à matriz mitocondrial e, portanto, não contribuem para a formação do gradiente de prótons. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex É a mesma enzima presente no Ciclo de Krebs; A enzima que reduz o FAD é a mesma que o oxida; Contém um grupamento heme – sítio de ligação para a ubiquinona – o aceptor final de elétrons na reação catalisada pelo complexo II; Não há bombeamento de prótons através da membrana. COENZIMA Q Também chamada de ubiquinona, a Coenzima Q apresenta características hidrofóbicas que permitem sua mobilidade pela membrana. Ela é capaz de receber 2 prótons e 2 elétrons, passando a forma provenientes dos Complexos I e II. Outras vias de transferências de elétrons também utilizam a Coenzima Q, como no metabolismo dos triacilgliceróis. Neste caso, o substrato é oxidado por uma desidrogenase, que é uma flavoproteína, com consequente redução de FAD a FADH2. Os elétrons de diferentes procedências, seja do Complexo I, Complexo II ou das flavoproteínas, percorrem um caminho comum até o oxigênio a partir da Coenzima Q do qual fazem parte centros de Fe-S, átomos de cobre e vários citocromos. Lipossolúvel; Pode receber até dois elétrons, tornando-se ubiquinol; Confere elétrons do complexo I ao complexo III ou do complexo II ao complexo III. CITOCROMOS Os citocromos são proteínas transportadoras de elétrons que contêm heme como grupo prostético, podendo ser do grupo a, b ou c. O íon ferro, presente no grupo heme, é responsável pela transferência de elétrons destas proteínas ao alternarem entre os estados de oxidação Fe2+ e Fe3+. O citocromo c é uma proteína solúvel periférica, ao contrário dos outros citocromos, que são proteínas transmembrana, e está situado na face externa da membrana mitocondrial interna. Seu pequeno tamanho e mobilidade permitem-lhe cumprir sua função de conectar o Complexo III ao Complexo IV. O citocromo C recebe apenas um elétron por vez; Presente no espaço intermembrana. COMPLEXO III Também chamado citocromo C oxi- redutase, o Complexo III é constituído por dois citocromos b, por um centro Fe-S e pelo citocromo c. A transferência dos elétrons da Coenzima Q para os componentes do Complexo III e deste para o citocromo c são acompanhadas de movimento de prótons: os citocromos e os centros Fe-S recebem apenas elétrons enquanto os prótons presentes na coenzima Q reduzida são liberados no espaço intermembrana. Acopla a transferência de elétrons do ubiquinol (QH2) para o Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex citocromo c com o transporte vetorial de prótons da matriz para o espaço intermembrana. COMPLEXO IV Também chamado de citocromo c oxidase, o Complexo IV é composto por dois citocromos do tipo a e dois íons cobre, cada um deles associado a um citocromo. Os íons cobrem participam do transporte de elétrons pois, assim como os íons Fe, alteram seu estado de oxidação Cu2+ e Cu1+. O complexo IV é responsável pela doação de quatro elétrons para a molécula de oxigênio, que, ligando-se a prótons do meio, converte-se em 2 moléculas de H2O, a chamada “água metabólica”. A retirada de prótons da matriz mitocondrial contribui para o estabelecimento do gradiente de prótons. Além disso, o Complexo IV bombeia ativamente prótons para o espaço intermembrana, contribuindo ainda mais para o gradiente. FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA A fosforilação oxidativa funciona com base no chamado Modelo Quimiosmótico descrito por Peter Mitchell. A energia derivada do transporte de elétrons é convertida em uma força próton motriz que bombeia os prótons para o exterior da matriz mitocondrial (contragradiente), conferindo um processo endergônico. A diferença de concentração de prótons entre os meios estabelece uma diferença de pH entre a matriz e o exterior, que, somada ao gradiente elétrico, geram um potencial de membrana da ordem de 0,1 a 0,2 V. A energia conservada nesse gradiente eletroquímico é chamada de força próton motriz. O movimento dos prótons de volta ao interior da matriz mitocondrial é um processo passivo, a favor do gradiente eletroquímico, que libera energia (força próton motriz) capaz de levar à síntese de ATP. A membrana interna é impermeável aos prótons, de modo que não podem voltar a matriz sem a ajuda dos sítios específicos da membrana interna constituídos pelo complexo sintetizador de ATP: a ATP sintase. A ATP SINTASE Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex A ATP Sintase é uma ATPase do tipo F que catalisa a formação de ATP a partir de ADP e Pi. É constituída de duas porções, cada uma delas formada por várias cadeias polipeptídicas. A porção esférica, chamada fator de acoplamento (F1), contém os sítios de síntese de ATP. A outra porção, chamada FO (sensível à oligomicina), forma um canal embebido na membrana interna através do qual os prótons retornam à matriz mitocondrial. A ATP Sintase é o único ponto da membrana permeável aos prótons, cuja concentração no espaço intermembrana é maior do que na matriz mitocondrial. Logo, a volta dos prótons ao interior da mitocôndria é termodinamicamente favorável. Cerca de 50kJ.mol-1 são consumidos para síntese de ATP, logo, estimasse que seja necessária a passagem de quatro prótons pela ATP sintase para cada ATP sintetizado. Essa ATPase apresenta três sítios catalíticos idênticos que podem se apresentar, cada um, em três conformações distintas: aberta (open), frouxa (loose), apertada (tight). Antes do início de um novo ciclo catalítico, cada um dos três sítios apresenta-se em uma conformação, estando o primeiro deles no estado aberto, o segundo frouxo e o terceiro apertado, contendo este um ATP sintetizado referente do ciclo anterior. Etapa 1: Ligação de ADP e Pi ao sítio de conformação frouxa; Etapa 2: Alteração conformacional nos três sítios provocada pela passagem de prótons através da porção FO da ATP sintase de modo que o primeiro sítio passa para a conformação frouxa, o segundo para a conformação apertada e o terceiro para a aberta; Etapa 3: O ATP é sintetizado no sítio onde havia ADP e Pi, que agora está na conformação apertada. Assim, o sítio de conformação aberta libera o ATP formado. Desse modo, o ciclo termina com o mesmo quadro existente no início, diferenciando apenas pois cada um dos sítios apresenta agora a conformação inicialmente exibida pelo sítio anterior. O mecanismo de ação da ATP sintase também pode ser explicado pela chamada catálise rotacional: a porção F1 é composta por três subunidades beta e três subunidades alfa. Etapa 1: Uma subunidade beta começa o processo estando na conformação β-ADP, que liga ADP e Pi do meio; Etapa 2: A subunidade então muda de conformação, assumindo a forma β-ATP a qual se liga fortemente ao ATP, estabilizando-o; Etapa 3: Por fim, a subunidade beta muda para a conformação β-vazia, com baixa afinidade pelo ATP. Uma nova rotação se inicia quando a subunidade assume a forma β-ADP. A força para a rotação da porção FO é conseguida pela passagem de prótons do espaço intermembrana à matriz mitocondrial. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex MODULAÇÃO DA FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA Para promover o ajuste da produção de ATP de acordo com a demanda celular naquele momento, o transporte de elétrons e a síntese de ATP são intimamente acopladas, ou seja, só há oxidação de coenzimas se houver síntese de ATP, e vice- versa. Dentre os substratos utilizados no processo, o ADP é o único que atinge concentrações limitantes na célula, sendo, assim, o regulador do processo. O controle da fosforilação oxidativa depende, então, do balanço energético, ou seja, da relação ATP/ADP. Se esta é maior que 1, refletindo um balanço energético positivo, acadeira respiratória é freada. Por outro lado, caso a relação NADH/NAD esteja maior que 1, refletindo um balanço energético negativo, o sistema transportador de elétrons é ativado, de modo que o fluxo de prótons pela ATP sintase é acelerado bem como a oxidação das coenzimas. Assim, a velocidade das vias que dependem da reciclagem de coenzimas oxidadas pela cadeia respiratória também é regulada pela razão ATP/ADP. AS LANÇADEIRAS DE NADH A membrana interna da mitocôndria é impermeável a NAD+ e NADH, o que impede que o NADH citosólico seja diretamente oxidado pela cadeia transportadora de elétrons. Sendo assim, o sistema de lançadeiras consegue driblar a impermeabilidade da membrana ao transferir os elétrons do NADH para um composto citosólico que, reduzido, é capaz de atravessar a membrana mitocondrial interna ou que é capaz de transferir esses elétrons para um componente da membrana. LANÇADEIRA DO MALATO ASPARTATO Ocorre nas células hepáticas, renais e cardíacas. Nesse processo, o NADH citosólico reduz oxalacetato na reação catalisada pela malato desidrogenase citosólica. O malato formado adentra a mitocôndria onde é oxidado pela malato desidrogenase mitocondrial, que também utiliza o NAD como coenzima. Desse modo, tem-se a produção de um NADH mitocondrial a partir de NADH citosólico. O oxalacetato, por sua vez, não pode atravessar a membrana, mas, ao receber um grupamento amino do glutamato, vai à aspartato, o qual atravessa a membrana e, no citosol, regenera o oxalacetato. LANÇADEIRA DO GLICEROL-3- FOSFATO Ocorre no músculo esquelético e no cérebro. Nesse processo, o NADH citosólico reduz diidrooxiacetona fosfato na reação catalisada pela glicerol 3-fosfato desidrogenase, formando glicerol 3-fosfato. Este se difunde até a face externa da membrana mitocondrial interna onde está localizada outra glicerol 3-fosfato desidrogenase acoplada à FAD. A diidrooxiacetona é então regenerada, produzindo FADH2 que entrega seus elétrons à coenzima Q. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex INIBIDORES E DESACOPLADORES A inibição da cadeia respiratória consiste no impedimento da transferência de elétrons, ao bloquear um dos complexos da cadeia, com consequente queda da força próton motriz e da produção de ATP. Um transportador reduzido, incapaz de passar adiante seus elétrons, é também incapaz de receber elétrons do transportador antecedente. Assim, todos os transportadores da cadeia anteriores ao ponto de atuação da droga estarão reduzidos. Além disso, diminui-se o consumo de oxigênio já que o transporte de elétrons é freado. Rotenona (inseticida): inibidora do Complexo I; Malonato: inibidor competitivo da succinato desidrogenase (Complexo II); Antimicina A: inibidor do Complexo III ; Cianeto e Monóxido de Carbono: inibidores do Complexo IV; Oligomicina: bloqueia a porção F0 da ATP sintase. Os desacopladores podem ser naturais, como as UCP 1 ou termogenina, ou artificiais, como o dinitrofenol (DNP). Independentemente do tipo, todos os desacopladores desfazem o gradiente de prótons uma vez que fornecem uma alternativa para sua saída até a matriz mitocondrial, de modo que a energia é dissipada na forma de calor. A produção de ATP também é reduzida, como no caso dos inibidores da cadeia respiratória, mas, ao contrário destes, os desacopladores aumentam o consumo de oxigênio já que a queda na produção de ATP (ATP/ADP < 1) estimula a via glicolítica e o Ciclo de Krebs, bem como o transporte de elétrons na cadeia respiratória. Dessa forma, a demanda por oxigênio para receber esse fluxo de elétrons é maior. Respiração celular Glicólise Fase preparatória ou de investimento Reação 1 Reação 2 Reação 3 Reação 4 Reação 5 Fase de pagamento Reação 6 Reação 7 Reação 8 Reação 9 Reação 10 Considerações Enzimas regulatórias da glicólise Hexoquinase Fosfofrutocinase-1 Piruvato cinase Destino do piruvato Condições aeróbias Fermentação lática Fermentação alcóolica Ciclo de Krebs Produção do acetil-coa e1- PIRUVATO DESIDROGENASE 21- diidrolipoil trnsacetilase e3- diidrolipoil desidrogenase Fases do ciclo de krebs Reação 1 Reação 2 Reação 3 Reação 4 Reação 5 Reação 6 Reação 7 Reação 8 Considerações Reações anapleróticas O BALANÇO ENERGÉTICO DO CICLO de krebs FUNÇÃO ANABÓLICA DO CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO A REGULAÇÃO DO CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO Fosforilação oxidativa Oxidação das coenzimas Cadeia transportadora de elétrons Complexo 1 Complexo 2 cOENZIMA Q cITOCROMOS cOMPLEXO III cOMPLEXO IV fOSFORILAÇÃO OXIDATIVA a ATP SINTASE Modulação da fosforilação oxidativa AS LANÇADEIRAS DE NADH LANÇADEIRA DO MALATO ASPARTATO LANÇADEIRA DO GLICEROL-3-FOSFATO INIBIDORES E DESACOPLADORES
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