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ATIVIDADE FINAL (UND 3)

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Resumo: A SOCIOLOGIA DO MUNDO RURAL E AS QUESTÕES DA SOCIEDADE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
 Segundo Florestan Fernandes, o processo de mudança social da sociedade brasileira é profundamente marcado pelo encontro entre o que caracteriza o “antigo regime” e a “instauração de um novo padrão civilizatório na sociedade brasileira”.
 O antigo regime corresponde às forças sociais angariadas do sistema colonial, ou seja, as relações de dominação e subordinação envolvendo metrópoles e colônias durante a época moderna. Ele significa, externamente, a dependência em relação ao capitalismo internacional e, internamente, sua reprodução através de formas de dominação patrimonialistas e de relações “arcaicas” de produção, fundamentalmente firmadas no ambiente rural. A mudança social tem como objetivo, excluir este antigo regime e fazer com que a civilização adentre nas novas tecnologias, com bases cientificas.
Florestan Fernandes fala sobre uma “dependência dentro da dependência”. A qual existe uma consequência, que se transpõe na comutação da economia fundiária numa consequência produtora de remanescentes. Para que o capital possa reproduzir na economia urbana o trabalhador assalariado, é necessário que exista na economia agrária o capital que reproduz o trabalhador semi livre. 
Os empresários rurais têm uma posição privilegiada nesta estrutura, pois enquanto eles ganham seus excedentes agrícolas, do outro lado a maioria dos trabalhadores e agricultores não partilha desses excedentes. Mesmo assim, os estratos possuidores rurais não se importam com essa situação, porque eles continuam sendo os privilegiados, com sua própria condição econômica, sociocultural e política. Esta familiaridade é responsável pelo atraso das transformações. Porém, o que está em jogo, além de uma questão de ritmo é a resistência da sociedade.
É o que explica o fato sobre o antigo regime, onde ele tenha se eternizado, sob formas variadas, para além dos grandes acontecimentos da história brasileira, como a independência nacional, a abolição da escravidão e a proclamação da República.
O resultado deste embate, para a sociedade, se expressa na polarização entre interesses distintos: por um lado, os interesses e os valores dos grupos tradicionais acostumados à estabilidade social, e por outro lado, os interesses associados à construção das estruturas alternativas, autenticamente nacionais e democráticas, típicas de uma sociedade de classes.
Em segundo lugar, o embate dito se manifesta em meio aos próprios grupos, que eram reconhecidos como modernizantes, que reprimem técnicas, instituições e valores, não ajustados com as exigências da sociedade competitiva.
Aqui temos um plano em que o autor Florestan Fernandes considera “os modos de pensar, de sentir e de agir”, onde não basta apenas introduzir máquinas e capital modernizado nos processos de produção. A consequência disso é a fragilidade do próprio processo de transformações e a mudança dos que seriam os agentes causadores do progresso social.
Espontaneamente, não é o caso de não conhecer as importantes mudanças sociais, que são vividas pela sociedade brasileira em décadas anteriores do Século XX e início do século XXI, e sim no sentido apontado por Florestan Fernandes, sentido da industrialização e da urbanização, e também sobre como tais processos atingiram o mundo rural na contemporaneidade.
Pode se disser que a mudança social, que vai em direção de uma sociedade moderna capaz de se refazer, acaba gerando uma diversidade de formas de organização social, no caso o campo e a cidade. O mundo rural, aqueles que são formadas por lugares de vida de pequenos grupos familiares e de vizinhança e que dispõem do alimento da própria natureza, não ira desaparecer com o efeito da urbanização. Então, a sociedade moderna, industrial e urbana é complexa. 
Podemos ver que a questão agrária no Brasil não está resolvida. Em algumas regiões, se ver quanto a propriedade da terra é guardada pelos seus donos. Já houve relatos de “senhores rurais” que acabaram praticando assassinato contras algumas pessoas que invadiram suas terras. 
Nos dias de hoje o meio rural é repleto de associações e organizações, que possuem membros de diversos grupos sociais, como extrativistas, agricultores, pescadores, assentados da reforma agrária e dentro desses grupos existem, mulheres, idosos e jovens, possuindo uma diversidade enorme de objetivos. 
Por fim, com a analise da sociologia, podemos dizer que sem o processo histórico-social não se constrói a história dos homens.
Resumo: CAMPO E CIDADE, RURAL E URBANO NO BRASIL CONTEMPORANEO
O campo e a cidade enfrentaram varias mudanças e transformações em meio do século XX, isso ocasionou em meados dos anos 1990 uma nova base de analise e reflexões sobre a cidade e campo, onde grande parte de pesquisadores já consideravam esse assunto como concluído.
RURAL E URBANO, CAMPO E CIDADE: pressupostos teóricos
Para entender o rural e o urbano com relação do contemporâneo é necessário compreender o campo e a cidade. O Campo e cidade são algo compactado, com uma relação histórica em seu meio, essas duplas, campo-cidade e rural-urbano são incapazes de serem compreendidos separadamente, pois campo e cidade, rural e urbano, partem de um pensamento marxista, possível de se ver no modo de produção capitalista, o ápice do processo de divisão técnica, social e territorial do trabalho.
Nos últimos séculos foi observado as constantes transformações e mudanças para a atividade agrícola, na humanização e mecanização do espaço geográfico, onde houve uma considerável mudança de qualidade, que resultou à constituição de um meio geográfico, no qual podemos chamar de meio técnico – científico – informacional. Essa característica não esta presente apenas na vida urbana, com tambem esta presente na vida rural.
Antes, nos anos 1950, a sociedade brasileira era quase totalmente rural. Atualmente no Brasil isso foi invertido e segundo dados do IBGE, mostram que a sociedade brasileira é predominantemente urbana. Essa transformação do perfil demográfico se deu pela constante migração campo-cidade. Como resultado desse intenso processo de migração campo-cidade, aconteceu o grande crescimento das cidades, onde o crescimento era desordenado, por conta da massa populacional que crescia muito rápido, assim gerou a formação das periferias urbanas.
Houve também conseqüências razoáveis, como o crescente desenvolvimento dos meios de transportes e comunicações, a incorporação da ciência, da tecnologia e da informação para o setor agropecuário nacional, ocasionando a maior complexidade e heterogeneidade do meio rural, assim melhorando a organização socioeconômica dos sujeitos que compõem esse meio. 
PERSPECTIVAS DE ANÁLISES DO RURAL E DO URBANO, DO CAMPO E DA CIDADE
Para se pensar um pouco sobre o assunto, é importante citar a o desenvolvimento tecnológico que ocorreu a partir da revolução industrial, onde o homem foi deixado um pouco de lado em relação as condições naturais, dessa forma acentuou as diferenças entre campo e cidade.
O campo e cidade são compreendidos como rural e urbano. Esses conteúdos, ruralidade e urbanidade podem extrapolar seus espaços de origem, então buscar uma definição pode impossibilitar uma analise mais completa da realidade, onde tal possui uma multiplicidade de sentidos. 
 As relações entre cidade e campo podem ser interpretadas a partir do território. A importância que o conceito de território assume no período atual demonstra a necessidade que os cientistas sociais e, em particular os geógrafos, tem para tentar abranger as relações de poder, a multidimensionalidade e as diferentes escalas que os eventos assumem. Assim serão capazes de adentrar mais a fundo nesse assunto e conseguir mais explicações sobre o mesmo, pois isso se trata de um fato histórico-social que retorna á atualidade. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Visto que as mudanças e transformações idealizadas pelos processos de urbanização, globalização e de reestruturação produtiva não aconteceram ao mesmo tempo e também não ocorreram com a mesmaintensidade em todos os lugares, as diferenças e a heterogeneidade são grandes nos espaços urbanos e rurais. “Assim, as relações de complementaridade entre campo e cidade se intensificaram, mas cada parcela do espaço geográfico mantém suas particularidades”.
Resumo: O MAPA DA VIOLÊNCIA LETAL INTENCIONAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Um estudo científico da violência com análises criminais de complexidade, utilizando a ferramenta estatística analítica como meio de ampliar o argumento subjetivo para revelar as características essenciais das vítimas. Dentre estas características estão as suas origens, o lugar onde foram vitimadas e outros aspectos fundamentais. A implicação deste contexto é para se entender o processo da violência que termina em mortes matadas da população nascida, de passagem e/ou residente no Rio Grande do Norte, durante um período de 8 anos (2011 a 2018). As mortes causadas pela conduta violenta letal intencional são contabilizadas pela Metodologia Metadados, interpolando diversas fontes, que juntas, mapeiam de forma concatenada os números dessa violência.
A obra detalha o quadro da violência no estado ao lançar luz sobre as vidas humanas que existem atrás das estatísticas e traçar um perfil das vítimas por gênero, faixa etária, escolaridade, estado civil, etnia e situação financeira; além de expor dados sobre quais os meios mais empregados para a prática dos crimes, locais de maior incidência dos casos e macrocausas por detrás dessa violência. Ao final, o levantamento traz um ranking de crimes por bairros de Natal, Mossoró e Parnamirim e revela o cenário da criminalidade em 11 municípios potiguares mais violentos.
REFERENCIAL ESTATÍSTICO 
A partir de uma percepção de que políticas públicas de segurança nunca foram o mote para se dar início a qualquer estratégia de segurança pública, entendemos que a violência e a criminalidade homicida precisam ser percebidas de várias formas, por isso adotamos os seguintes métodos no mapeamento estatístico. Adotando o ano como fator de comparação e a métrica sendo o número absoluto de vítimas, nas tabelas, analisamos no sentido horizontal cada subtipo estudado, verificando na coluna % Total a parcela percentual que cada subtipo, em seus respectivos períodos, possui dentro do cômputo geral.
Nesse prisma, esse estudo é desenvolvido e direcionamos esforços, para que produzam impacto na sociedade potiguar, e no Brasi. O objetivo aqui tratado é a contribuição para recriação de uma sociedade de paz, e para isso, o presente material visa subsidiar todas as entidades governamentais e nãogovernamentais e à própria sociedade civil norte-rio-grandense, com informações científicas e diagnósticos sobre a criminalidade violenta letal intencional.
MODELAGENS ANALÍTICAS
O presente estudo, fruto de um amplo relatório de pesquisa realizado pelo Grupo de Pesquisa Observatório da Violência do RN, Instituto Marcos Dionísio Medeiros Caldas, procura trazer o mapeamento das CVLIs (Condutas Violentas Letais Intencionais) do Rio Grande do Norte, durante o período de 2011 a 2018, apontando o perfil vitimológico das mortes violentas e sua espacialidade.
O perfil das vítimas de homicídio e congêneres no RN vem sendo o mesmo há 8 (oito) anos: homens, jovens, pobres, pardos e negros, mortos por armas de fogo (com calibres cada vez maiores), com pouca escolaridade e desempregados ou trabalhando em ocupações subqualificadas. Uma juventude exposta à violência, na qual é vitimada e também vítima (SOARES FILHO, 2007). Conforme aponta a grande “mídia” e seus vulgarizadores nas redes sociais, o volume maior de casos de violência que chegam à população são os casos de crimes contra o patrimônio (roubos, assaltos, furtos, etc.), assim como o tráfico de drogas ilícitas. Devido a isso, a população clama por mais presença policial ostensiva. 
Uma parte significativa destas mortes é “desconhecida”. São execuções, em geral pelo uso de arma de fogo, que seguem uma mesma dinâmica. O vácuo é exemplar: mata-se impunemente, ou quase isso; mata-se um tipo (ideal tipo weberiano) específico de sujeito e quase sempre da mesma forma. Mas, isso não é apanágio deste rincão, parte significativa dos homicídios do Brasil segue o mesmo caminho
Do Homicídio ao CVLI
O Mapa aponta ainda que essa violência continua a ter o jovem como principal ator e vítima. Outrossim, mostra um “deslocamento dos polos dinâmicos da violência rumo a locais com menor presença do Estado na área da Segurança Pública”. Uma amostra do quadro é que a taxa de homicídios de jovens pulou de 41,7 em 100 mil habitantes para 52,9 por 100 mil habitantes (dados de 2008). (WAISLFISZ, 2011: 06). Esse deslocamento do crescimento e deslocamento dos homicídios para cidades médias no Brasil, aponta, em certa medida, para as causas destes fatores. Principalmente porque a ideia de que a violência urbana é um sintoma de problemas subjacentes também precisa ser levada a sério.
Afinal, quem mata? A maioria das pessoas que matam nas cidades brasileiras é homem, jovem, pobre e mora nas periferias. Como agem? Agem “no meio da rua, usando revólver, motivados por questões frívolas, principalmente nos finais de semana, no período da noite, sem ser punido pela polícia, nem denunciado pela comunidade” (OLIVEIRA, 2002: 54- 55). Mas, um alerta! pois esse monte de generalidades quando repetido indiscriminada e indistintamente, sem que se aprofunde sobre os fatos, atrapalha mais do que ajuda a entender o perfil da violência nas cidades. Isto porque, Da maneira como são apresentados, os dados acabam servindo principalmente para apontar para a sociedade o grupo que se deve temer e, se possível, eliminar do convívio. (...) Duas consequências principais acabam surgindo: em primeiro lugar, as instituições repressivas do Estado podem atuar de maneira focada, prendendo ou matando as pessoas que pertencem a este grupo, que moram nos locais apontados pelas tabelas, se vestem de determinada maneira, falam um linguajar específico, com a pele de determinada cor. Em segundo lugar, a sociedade fica sabendo a quem temer, contra quem se precaver, os lugares a evitar, com quem não conviver. (...) Combatemos, odiamos, menosprezamos, portanto, o grupo de pessoas que os dados nos mostram como perigosas e que ameaçam nossa vida.
Nos casos em que ocorrerem mortes durante confronto entre criminosos e/ou suspeitos e policiais militares ou civis, registradas como CVLI, a informação no subgrupo deve referenciar tal circunstância, para efeito de avaliação e transparência das condutas de atuação das forças de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Norte. O marco classificatório da CVLI será considerado conforme a solicitação dos exames periciais pela autoridade policial, podendo ser revisto, desde que formalmente justificado. A unidade de contagem terá por base o número de vítimas falecidas e, para efeito da localização geográfica da CVLI, é considerado o local da execução da ação ou conduta análoga, em sendo a consumação incidida naquele ambiente ou em unidade de socorro médico. Nos casos de encontro de cadáver com sinais de violência em que não seja possível precisar o local da execução do crime, será considerado o local da constatação do fato.
O MAPEAMENTO DA VIOLÊNCIA LETAL INTENCIONAL NO PERÍODO DE 2011-2018 NO RIO GRANDE DO NORTE
PERFIL PESSOAL 
GÊNERO 
A vitimização quanto ao gênero no RN, acompanha tanto a tendência mundial quanto a brasileira, onde mais de 93% das mortes violentas ocorrem com pessoas do gênero masculino. No RN as taxas de vitimização masculinas crescem continuamente, subindo em mais de 60% entre 2011 e 2014, já no período entre 2015 e 2018, registrou um aumento menor, de pouco mais de 18%.
A variação total da mortandade, no que concerne ao gênero, foi de 80,1% no caso dos homens e 53,5% no caso das mulheres no período total estudado, 2011-2018. Além da maior exposição das vítimas masculinas, uma das macrocausas apontadas para o fenômeno é o fato de que são os homens os maiores perpetradores de violência, assim como maiores atores presentes em“gangues”, grupos de rixa, da mesma forma no caso de pequenos e médios delinquentes. A maior exposição de uma “masculinidade” violenta, a episódios, locais e eventos de riscos, aumenta o gradiente de mortandade desse gênero.
ETNIA 
Há um padrão nacional implícito que se repete em determinadas nações com altas taxas de desigualdade socioeconômicas e padrões raciais excludentes – como os Estados Unidos da América, que apesar de apresentarem médias de cerca de 8 CVLIs por 100 mil habitantes, (The Human Security and Cities Project) está muito acima dos países desenvolvidos –, o RN tem em sua população parda e negra a maioria absoluta, cerca de 86%, das vítimas de CVLI. Mesmo as variações das taxas de homicídios anuais sempre apresentam maior crescimento entre essas populações, somente entre os pardos chegamos a um crescimento vertiginoso de 395% no período de 2011 a 2018.
ESTADO CIVIL
 O estado civil da maioria das vítimas de CVLIs no Rio Grande do Norte – seguindo novamente o padrão nacional e internacional e já apontado exaustivamente em outros trabalhos deste Observatório – está intimamente ligado ao gênero e, como veremos, à faixa etária (jovens): majoritariamente constituída de solteiros (mais de 72%). Os homens solteiros (e jovens), tendem a se expor – voluntariamente ou não – a maiores situações de probabilidade de vitimização (tanto quanto ao deslocamento em certos espaços de sociabilidade e quanto ao horário). O que mostra a atenção no mapa deste ano, notadamente no período 2011-2018, foi o aumento de informações “ignoradas” na coleta das vítimas de CVLIs por parte dos órgãos estatais responsáveis (ITEP e saúde pública), chegando a 166% de aumento.
IDADE 
Os jovens são as maiores vítimas de CVLIs no RN. Jovens de 18 a 24 anos constituem a maior parcela vitimizada, sendo 32,5% do total. Na sequência observamos que as duas faixas de jovens adultos, de 25 a 29 somanda a faixa de 30 a 34, atingem a marca de 28,3% e da faixa dos 35 a 64 anos, essa taxa chega a impressionantes 22,7% do total. Ainda assim, o RN apresenta uma significativa presença de vítimas maiores de 35 anos, o nos permite perceber que o percentual total de diferença entre essas faixas varia pouco.
Fundamental frisar que os jovens vivenciam um processo de transição para a vida adulta, cada vez mais tardio em nosso momento civilizatório, quando então sua agressividade (pulsão) tem o caráter positivo de habilitá-los a se autonomizarem e a ocuparem um lugar no espaço social. Isto posto, uma das características marcantes nos adolescentes atuais é a incerteza do emprego, assim como o exercício e a vivência da agressividade e da violência. Num mundo de incertezas e de fragmentações, a violência surge como discurso, deveras autônomo.
Desta forna, nos deparamos com uma forma de sociabilidade (ou anti?), a violência, que se configura como um dispositivo de controle, aberto e contínuo. Ela seria a relação social de excesso de poder que impede o reconhecimento do outro – indivíduo, classe, gênero ou raça – mediante o uso da força ou da coerção, provocando algum tipo de dano, um dilaceramento de sua cidadania, e configurando o oposto das possibilidades da sociedade democrática contemporânea. Envolve também uma polivalente gama de dimensões materiais, corporais e simbólicas agindo de modo específico na coerção com dano que se efetiva.
PERFIL SÓCIO ECONÔMICO E CULTURAL 
RENDA ESTIMADA
 A variável renda é também um elemento fundamental na construção do perfil da vítima das CVLIs no Rio Grande do Norte. Acompanhando a dinâmica nacional, são as pessoas sem renda ou com renda até 2 salários mínimos as mais vimitadas. Mais de 90% das vítimas de CVLIs se enquadram nas classes E, D e C (sendo esta última a minoria da classe estatística apontada). No grupo de renda mais alta (acima de 08 salários mínimos) representam menos de 1% do total. Ou seja, quanto maior a renda, menor a chance de vitimização e maior a proteção quanto à violência homicida. Efetivamente, são os mais carentes e de menor renda – popularmente denominados de mais fragilizados economicamente – extrato de onde saem a absoluta maioria das vítimas e, são os mais abastados e de maior renda o extrato de menor vitimização no Rio Grande do Norte.
ESCOLARIDADE 
Na variável escolaridade, importa mostrar a sua correlação com as demais varíáveis já mostradas, principalmente renda e ocupação. Quanto menor a escolaridade e mais precária a ocupação, maior a vitimização.
Oposto a isso, quanto maior a escolaridade e menos precarizada a ocupação, menor a vitimização. Os índices de escolaridade do ensino fundamental e médio abarcam 46,3% do total. Somando com o extrato “ignorado” – que também aponta para formação escolar precarizada e incompleta – mais de 97% das vítimas de CVLIs não possuem nível superior.
No que tange à variação das vítimas de CVLIs no período quanto à sua escolaridade, os dados apontam aumento significativo entre os indivíduos com formação “ignorada/indefinida” em pouco mais de 16%, enquanto o extrato com formação “superior” mostrou aumento significativo de 185%. Ainda assim, dado a magnitude dos dados brutos, quanto maior a renda, menores as chances de vitimização letal dos indivíduos.
PERFIL DEMOGRÁFICO 
REGIÃO DE ORIGEM 
A maior parte das vítimas de CVLIs no Rio Grande do Norte é nordestina (74%), notadamente potiguar ou mesmo dos estados vizinhos, como mostraremos no tópico subsequente. O dado abaixo (Tabela 11) aponta para um alto número de vítimas de origem não identificada, quadro corriqueiro nos registros oficiais também em relação a outras variáveis, como já apontamos em Revistas Obvium.
CAPITAL DE REFERÊNCIA 
A maior parte das vítimas identificadas de CVLIs no Rio Grande do Norte eram potiguares, de Natal (média de pouco mais de 70% do total), seguida das vítimas não identificadas (média que aumenta a cada ano) e de vítimas de capitais vizinhas, como João Pessoa, Fortaleza e Recife. Entram no rol vítimas oriundas de São Paulo e Rio de Janeiro, capitais com grandes colônias de potiguares e com grande intercâmbio econômico, social e cultural com o RN. Nada que indique, porém, em termos de dados empíricos e comprovados, correlações com as redes de tráfico de drogas ou de outras formas de criminalidade.
ESTADO DE ORIGEM 
Seguindo a mesma lógica anterior, quanto aos estados de origem, a maioria é oriunda do Rio Grande do Norte, seguido das vítimas não identificadas. As demais, seguindo o quadro de vítimas vêem de estados vizinhos, como Paraíba, Ceará e Pernambuco. Como no caso das capitais, também entram no rol vítimas oriundas dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, entes federativos, como dissemos anteriormente, com grandes colônias de potiguares e com grande intercâmbio econômico, social e cultural com o RN.
ESTADO DE RESIDÊNCIA
 Quando se trata do estado de residência das vítimas de CVLIs no RN, temos um quadro absolutamente regionalizado. Ou seja, as vítimas identificadas – as não identificadas quanto a essa variável são maioria absoluta – habitavam no RN, na PB ou no CE. Isto aponta, consequentemente, que temos uma dinâmica homicida regionalizada e cuja lógica, tem que ser pensada, em certos parâmetros, também de forma regional. Longe do quadro das teorias sem base em dados empíricos e verificáveis, os dados apontam que as vítimas – quiçá os algozes da mesma maneira – participam de uma rede inteiramente local.
LOCAL DO CRIME 
Como já apontamos em outros estudos deste Observatório a questão da localização criminal, ou seja, o “geoprocessamento” dos CVLIs deve ser tratado com a máxima cautela, assim como os demais elementos apresentados. Isto porque, tende-se a imputar a certos espaços, principalmente os periféricos, o estigma de serem locais “perigosos”, não deixando perceber que, numa sociedade de padrões criminais contemporâneos, todas as áreas dos grandes aglomerados urbanos possuem taxas de criminalidade alta, sendo o diferenciador a notificação alta (no caso dos homicídios de demais CVLIs) ou com extrema subnotificação, como a maioria dos crimes. Isto posto, caberessaltar a preocupação em sempre procurar permitir a visualização cuidadosa e a percepção de que existem áreas mais fragilizadas que merecem, por isso, enfrentamento múltiplo e complexo. O que até agora pouco foi feito, em termos de combate aos CVLIs.
VISÃO CRIMINAL 
A visão criminal liga-se a análise dos instrumentos utilizados pelos perpetradores das CVLIs para a consecução dos crimes. Em geral, utilza-se as seguintes variáveis: arma ou meio empregado (principal); e arma ou meio empregado auxiliar (secundário). Em geral, seguindo a perspectiva nacional, a arma de fogo é, em absoluto, o principal instrumento.
Uma modalidade específica e problemática de violência nos dias atuais é a violência urbana. Principalmente quando temos nos dias atuais uma formação de uma cultura do medo. Numa sociedade consumista e objetalizável, o consumo torna-se o ponto central. Há os que não podem seguir o ritmo do consumo e desenvolvem alguma possibilidade de assumir suas impossibilidades. Outros transformam a fragilidade que suas frustrações impõem num feroz potencial de agressividade. Uns protegem-se usando a violência; outros a usarão para tentar se inserir. O medo geral no qual estamos submersos nas cidades implica necessariamente numa queda da qualidade de vida e na própria deterioração do humano em si (MORAIS, 1981). Levando em conta seus números de habitantes, as cidades modernas podem ser vistas como pequenos espaços para tanta gente, concentrando tanto as relações humanas que acabam levando-as ao seu ponto de atrito e hostilidade.
MUNICÍPIOS MOTORES DA VIOLÊNCIA HOMICIDA 
O estudo dos municípios motores da violência no estado do Rio Grande do Norte foi baseado num critério analítico-estatístico que considerou os índices de violência letal do período 2011-2018, separando e classificando aqueles que contribuíram com vitimização acima de 1% para o cômputo geral dos homicídios registrados.
VÍTIMAS OCULTAS E TRAUMAS DA VIOLÊNCIA HOMICIDA NO RN Em importante estudo sobre a violência no Brasil, Gláucio Ary Dillon Soares e outros pesquisadores no Rio de Janeiro estudaram aquilo que denominaram de "Vítimas Ocultas". “Ocultas” porque são invisíveis para a sociedade civil e para o poder público. É pouco o que se conhece sobre parentes e amigos que perderam seus familiares por mortes violentas; não sabemos quem são e, muito menos, como reagem e sentem a perda das pessoas amadas. Sem essas informações, nada podemos sugerir e, por isso, pouco pode ser feito ou cobrado aos executivos federais, estaduais e municipais. Segundo os cientistas as mortes violentas, particularmente os homicídios, não se distribuem aleatoriamente pela população. Suas vítimas situam-se preferencialmente em segmentos muito específicos: jovens de sexo masculino, muitos deles negros, pobres e com baixa escolaridade, moradores de nossas cruéis periferias urbanas. Essa concentração faz com que muitas pessoas precisem conviver cotidianamente com a violência e, não raro, sofram perda violenta não de uma, mas de várias pessoas queridas.
A violência já faz parte do nosso cotidiano: é uma presença real, agravada pelo destaque que recebe na mídia. Não obstante, como ela está presente dia a dia, mês após mês, entra ano, sai ano, existe uma real possibilidade de banalização.

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