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Suporte Básico de Vida em Cardiologia Emergências Clínicas e Cardiológicas Assistência ao Politraumatizado Acidentes com Animais Peçonhentos Assistência ao Afogado Emergências Psiquiátricas Cesar Augusto dos Santos Junior; Adriano Bertola Vanzan; Vladimir Fernandes Chaves; Flávio Sampaio David; Carlos Eduardo Sá Ferreira; Espedito Rocha de Carvalho Junior; Sérgio Corrêa da Silva; Fernanda de Castro Cerqueira; Sergio Gottgtroy de Araújo; Simone de Oliveira Costa; Robson Fernando de Castro Torres; José Henriques Marques Neto; Rivelino Adriano Silva; Carlos José Cesário de Souza; Victor Pinheiro de Carvalho. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP Manual Básico de Atendimento Pré-hospitalar 2ª EDIÇÃO Atualizada - 2018 Autores: Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 1 Dedicatória Aos militares que participaram da elaboração da 1ª edição do Manual CEPAP - 2014: Comandante: Ten. Cel. BM QOC Aurélio de Carvalho Sub-Comandante: Maj BM QOS/Méd Zoraia Oliveira Colaboradores: Ten. Cel. BM QOS- Enf Márcia Fernandes Mendes Araújo Maj BM QOS/Méd Maria Fernanda Lattanzi Bezerra de Melo Maj BM QOS/Méd Adriano Bertola Vanzan Cap BM QOS/Enf Vladimir Fernandes Chaves Cap BM QOS/Enf Flávio Sampaio David Cap BM QOS/Méd Carlos Otávio Santos Silva Cap BM QOS/Enf Gilson Clementino Hanzsman Cap BM QOS/Méd Roberto Fernandes Outeiro Júnior CapBM QOS/Méd Antônio Carlos Rodrigues Justo Cap BM QOS/Méd Andréia Pereira Escudeiro Ten BM QOS/Enf Cristiane Pontes Ten. BM QOA Sérgio Corrêa da Silva Ten. BM QOA Carlos Eduardo Sá Ferreira Sub Ten BM Q11 Robson Esteves Sub Ten BM Q11 Edmilton de Souza Sub Ten BM Q11 Luiz Carlos Siqueira Sub Ten BM Q11 Rubens Ferreira Lopes Sub Ten BM Q11 Simone de Oliveira Costa Sub Ten BM Q11 Danieli Bello Chimer da Silva Sub Ten BM Q11 Sandro Lucas da Silva Sub Ten BM Q11 José Henriques Marques Neto Sub Ten BM Q11 Robson Fernandes Castro Torres Sub Ten BM Q06 Flavio Henrique Cesário de Souza Sub Ten BM Q06 Valmir Rufino Vieira Sub Ten BM Q11 Valcir José de Almeida Sub Ten BM Q06 José Marcos Menezes Sub Ten BM Q11 Rivelino Adriano da Silva Sub Ten BM Q11 Leandro Lessa de Vasconcellos 3º Sgt BM Q11 Ana Paula Lopes 3º Sgt BM Q11 Alexander Simonato 3º Sgt BM Q11 Silvana Raquel Ferreira Q. de Olivieira ************************************************* Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 2 2ª Edição - 2018: Comandante: Ten Cel BM QOC Cesar Augusto dos Santos Junior Colaboradores: Ten Cel BM QOS/Enf Gilson Clementino Hanszman Maj BM QOS/Enf Cristiane Costa Marinho Pereira Cap BM QOA Walter Evangelista de Souza Ten BM QOA Evaldo Freitas Soares Sub Ten BM QBMP06/AxE Regina Célia Evangelista Silva Sub Ten BM QBMP11/TEM Elaine de Souza Cabral de Oliveira Sub Ten BM QBMP06/AxE Alexandre Belarmino Sub Ten BM QBMP11/TEM André Carlos Silva Anselmo 2 ̊ SGT BM QBMP11/TEM Alexander Simonato 2 ̊ SGT BM QBMP06/AxE José Luciano Sucupira Otero 2 ̊ SGT BM QBMP11/TEM Ana Paula Lopes das Neves 2 ̊ SGT BM QBMP11/TEM Silvana Raquel da Silva Ferreira CB BM QBMP06/AxE Mércia Jesus da Silva Conrado Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 3 CAPÍTULO I: SUPORTE BÁSICO DE VIDA 06 1 - CENA 07 2 - RCP EM ADULTOS E USO DO DEA/AED 12 3 - RCP EM CRIANÇAS 20 4 - RCP EM BEBÊS 27 5 - ASFIXIA EM CRIANÇAS 29 6 - ASFIXIA EM BEBÊS 32 7 - ASFIXIA EM ADULTOS 34 8 - ASFIXIA EM GESTANTES 35 CAPÍTULO II: EMERGÊNCIAS CLÍNICAS E CARDIOLÓGICAS 37 1 - ALTERAÇÕES DO ESTADO MENTAL 37 1.1 - Acidente Vascular Encefálico (AVE) 43 1.2 - Cefaléia / Enxaqueca 45 1.3 - Crise Convulsiva / Epilepsia 46 1.4 - Depressão Aguda / Tentativa de Suicídio 49 1.5 - Ataque de Pânico / Síndrome da Hiperventilação 49 1.6 - Hipoglicemia 50 2 - ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES 52 Desconforto Torácico 52 Hipertensão Arterial 56 3 - ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS 57 3.1 – Obstrução da Via Aérea 57 3.2 – Asma 58 3.3 – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) 59 3.4 – Causas Inflamatórias 61 3.5 – Populações Especiais 61 3.6 – Outras Causas 62 4 – DISTÚRBIOS CAUSADOS PELO CALOR E FRIO 62 ÍNDICE Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 4 4.1 – Hipotermia 63 4.2 – Distúrbios Causados pelo Calor 66 5 - INTOXICAÇÃO POR DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS 68 CAPITULO III: ASSISTÊNCIA AO POLITRAUMATIZADO NO APH 74 1 - ETAPAS INICIAIS DO SOCORRO – PERGUNTAS NORTEADORAS 74 2 - EXAME DO POLITRAUMATIZADO 79 3 - HEMORRAGIA E CHOQUE 86 4 - TRAUMATISMO CRÂNIO ENCEFÁLICO E RAQUIMEDULAR 92 5 - TRAUMA DE TÓRAX 93 6 - TRAUMA ABDOMINAL 97 7 - TRAUMA PÉLVICO E DE EXTREMIDADES 99 8 - TRAUMA EM SITUAÇÕES ESPECIAIS 106 8.1 Trauma na Gestante 106 8.2 Trauma na Criança 107 8.3 Trauma no Idoso 110 8.4 Queimaduras 112 9 - INCIDENTES COM MULTIPLAS VÍTIMAS 117 10 - MOBILIZAÇÃO E TRANSPORTE DE ACIDENTADOS 123 CAPITULO IV: ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS 134 1 - VENENOSOS X PEÇONHENTOS 134 2 - OFIDÍSMO 134 3 - ARANEÍSMO 137 4 - ESCORPIONISMO 142 CAPITULO V: ASSISTÊNCIA AO AFOGADO 145 1 - DADOS SOBRE AFOGAMENTO 145 2 - DEFINIÇÃO 146 3 - CLASSIFICAÇÃO E SOCORRO DO AFOGADO 146 4 - CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE E TRATAMENTO DO AFOGADO 149 Corpo de Bombeiros Militar do Estadodo Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 5 CAPITULO VI: EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS 152 1 - INTRODUÇÃO 152 2 - AVALIAÇÃO DA CENA NO ATENDIMENTO AOS PORTADORES DE TRANSTORNO MENTAL 154 3 - AVALIAÇÃO DA VÍTIMA DURANTE O ATENDIMENTO AOS PORTADORES DE TRANSTORNO MENTAL 155 4 - CONTENÇÃO FÍSICA E MECÂNICA DA VÍTIMA COM TRANSTORNO MENTAL 155 5 - REAVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DA VÍTIMA COM TRANSTORNO MENTAL 156 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 157 Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 6 Capítulo I Suporte Básico de Vida No Brasil, o mal súbito é conhecido como um problema de saúde inesperado, sendo responsável pela morte de milhares de pessoas por ano. Os óbitos podem acontecer, muitas vezes, porque os cuidados imediatos não foram realizados corretamente. Destaca-se que dominar o conhecimento acerca do primeiro atendimento é fundamental para salvar vidas. Podemos afirmar que o primeiro atendimento em um caso de mal súbito possuí dois objetivos: evitar o agravamento do quadro e manter a vítima em condições de sobrevida até a chegada do socorro especializado. Cabe ressaltar que a situação mais grave de mal súbito é o colapso da vítima, com perda de consciência e ausência dos sinais vitais, ou seja, a Parada Cardiorrespiratória (PCR). Podemos afirmar, também, que qualquer sintoma clínico que resulta na perda ou queda do nível de consciência, como é o caso de uma crise convulsiva, ou de um desmaio, ou de uma grave dificuldade respiratória, é considerado um mal súbito. Destacamos que a contextualização do atendimento pré- hospitalar para as principais alterações clínicas serão abordadas posteriormente e neste capítulo, abordaremos o atendimento inicial à vítima que apresenta um quadro de PCR. Sublinhamos que aplicação da RCP (Reanimação Cardiopulmonar) de boa qualidade aumenta as chances de sobrevida de uma vítima em Parada Cardiorrespiratória (PCR). Neste contexto, cabe ressaltar que a maior causa de PCR súbita é a Fibrilação Ventricular (F.V. - atividade elétrica caótica que não gera função de bomba para o coração). A Fibrilação Ventricular, quando não tratada corretamente, pode levar a vítima ao óbito. O Suporte Básico de Vida (SBV) é o conjunto de procedimentos técnicos e medidas coordenadas que visam manter os órgãos vitais viáveis (cérebro e coração), até que seja iniciado o Suporte Avançado de Vida (SAV). Apesar de sua nomenclatura ser básica, ele é o pilar que antecede o SAV. A Desfibrilação Precoce deve sempre ser priorizada em eventos de PCR. No protocolo de RCP/DEA do CBMERJ recomenda-se que todo Bombeiro Militar (BM) deve utilizar o Desfibrilador Externo Automático (DEA), assim que Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 7 disponível. Buscando assim, obter êxito no procedimento e manter acesa a chama do lema “VIDAS ALHEIAS E RIQUEZAS SALVAR”. Em uma situação de PCR as manobras de RCP podem fazer toda a diferença para a vítima. Portanto, quanto mais precoce e eficaz for o atendimento, maiores serão as chances de sucesso. Isso é possível devido à presença de oxigênio residual no organismo da vítima depois de estabelecida a PCR. Ao iniciar a RCP precocemente (em até 4 minutos de sua ocorrência), as chances do cérebro sofrer danos serão menos prováveis. Após estes 4 minutos, as chances de recuperação sem sequelas neurológicas diminuem muito e, acima de 6 minutos, há uma maior probabilidade de danos irreparáveis devido à falta de oxigenação (hipóxia). Torna-se fundamental adotar os seguintes procedimentos: • Checar se o local é seguro; • Acionar precocemente o Sistema Médico de Emergência (SME); • Iniciar as compressões nos primeiros 10 segundos do início da PCR; • Comprimir o tórax com força e rapidez entre 100 e 120 compressões por minuto, deprimindo-o entre 5 e 6 cm. • Permitir o retorno total do tórax a cada compressão; • Minimizar interrupções nas compressões (não passar de 10 segundos cada intervalo das compressões); • Administrar as ventilações de forma eficaz; • Evitar ventilações em excesso; • Utilizar precocemente o DEA. 1 - CENA A avaliação da cena é a etapa na qual o Socorrista deve observar criteriosamente a segurança no local de atuação da sua equipe. Se houver risco na cena, a vítima só deverá ser abordada quando o risco for neutralizado. Nunca entre em um local que não esteja seguro Se o local em que você estiver não parecer seguro, saia imediatamente! Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 8 Ø Perguntas preliminares: a) A cena está segura? É importante reconhecer os possíveis riscos assim como as medidas a serem tomadas para a abordagem correta e segura da vítima. É necessário evitar ou eliminar os prováveis agentes causadores de lesões ou agravos à saúde, tais como fogo, explosão, eletricidade, fumaça, água, gás tóxico, tráfego, desmoronamentos, ferragens cortantes, materiais perigosos etc. Caso o controle desta situação esteja fora de sua governabilidade, acione imediatamente a ajuda necessária, por exemplo: Polícia Militar, equipes de resgate especializadas e concessionárias de energia elétrica, entre outras. b) O que aconteceu e como aconteceu? É indispensável para a tomada correta de decisão, que o Socorrista faça uma avaliação global do local do evento, incluindo a avaliação física da cena, dos transeuntes, dos familiares e da vítima. Em muitas situações a vítima parece bem, o que nos leva a subestimar a sua gravidade. Mas se levarmos em consideração o motivo que causou o evento clínico poderemos suspeitar de uma provável gravidade. Ø Cuidados na abordagem da vítima: Bio-proteção: Ao aproximar-se da vítima, o Socorrista deverá ter sempre em mente a sua própria segurança e utilizar Equipamento de Proteção Individual (EPI), pois o contato direto com sangue, urina, fezes, saliva, pode causar vários danos à saúde. Em caso de contato acidental com o sangue ou secreções da vítima, o socorrista deve proceder da forma a seguir: a) Se houver contato direto com a pele, lave-a com água corrente e sabão. Verifique se não há rachaduras, ressecamentos ou lesões no local. Caso haja, procure orientar-se com o profissional de saúde responsável pelo protocolo de acidente com material biológico de sua Unidade. b) Se houver contato direto com os olhos ou mucosas, lave-os imediatamente com água corrente abundante e siga o protocolo para acidente com material biológico de sua Unidade. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 9 Figura 1: Cadeia da sobrevivência AHA / (Fonte)American heart association® ATENÇÃO(1) Caso tenha sangue ou vômito na boca da vítima, aspire às vias aéreas; (2) Evite respiração boca a boca. Prefira os dispositivos de barreira para ventilação (máscara de bolso e dispositivo Bolsa-Válvula-Máscara – “AMBU”); (3) Utilize EPI em todos os atendimentos!!! Ø Cadeia de Sobrevivência A Cadeia ou corrente da sobrevivência (figura 1) representa elos importantes na sequência do atendimento, onde cada um desses elos representa procedimentos fundamentais no processo de atendimento à parada cardiorrespiratória. Nas diretrizes de 2015, estão representadas duas cadeias: Parada Cardiorrespiratória Intra- Hospitalar (PCRIH) e Parada Cardiorrespiratória Extra-Hospitalar (PCREH). / Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 10 Os profissionais de saúde deverão, simultaneamente, avaliar a responsividade, a respiração e o pulso carotídeo. FONTE: American heart association® Ø Abordagem Inicial a) Avaliação do nível de consciência Para avaliar a responsividade, posicione a vítima em decúbito dorsal (barriga para cima), segure-a pelos ombros com o objetivo de contê-la caso a mesma queira se levantar, e chame-a: “Senhor (a), está me ouvindo?” Ao mesmo tempo em que é avaliada a responsividade, o socorrista deverá observar se há movimentos respiratórios. Caso a vítima não responda e não respire, ou apresente respiração ineficaz tipo gasping (“peixe fora d’água”), solicite ajuda e inicie as manobras de RCP. Se a vítima apresentar movimentos respiratórios dentro de um padrão aceitável, o socorrista deverá atentar para a abertura das vias aéreas, permanecendo com a mão na testa (região frontal de crânio) e elevando o queixo da vítima (técnica descrita a seguir) e oferecer oxigênio suplementar através do uso de máscara facial com reservatório a um fluxo suficiente para manter a saturação de O2 acima de 92%. Caso haja necessidade de deixar a vítima para realizar algum procedimento, deve-se colocá-la em Posição Lateral de Segurança (P.L.S.). Essa técnica será descrita ainda neste capítulo. Com a sequência CAB, as compressões torácicas serão iniciadas o mais precocemente possível e o atraso nas ventilações será mínimo. O tempo necessário para aplicar o primeiro ciclo de 30 compressões torácicas, dura em média 18 segundos. C A B Compressões Torácicas Abrir as Vias Aéreas Boa Ventilação Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 11 b) Algoritmo de PCR em adultos para profissionais da saúde de SBV – atualização de 2015 FONTE: American heart association® Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 12 2 - RCP NO ADULTO E O USO DO DEA/AED A Reanimação Cardiopulmonar (RCP) consiste em comprimir o tórax e ventilar uma pessoa em Parada Cardiorrespiratória (PCR) na proporção 30 compressões X 02 ventilações, utilizando dispositivo de barreira e ininterruptamente caso não possua um dispositivo de barreira. Na abordagem de uma vítima, devemos sempre avaliar riscos próximos a esta pessoa, observando se há algo que possa colocar a vida do socorrista e de sua equipe em risco iminente. Após a checagem, devemos abordar a vítima segurando pelo ombro e perguntando “você está bem?” (Figura 1). Figura 1: Abordagem da Vítima / Nível de consciência Após avaliar que a mesma se encontra inconsciente, devemos olhar o tórax abrindo as vestes e observar se há respiração normal além de checar o pulso simultaneamente, este procedimento pode ser observado na (figura 2 e figura 3). ETAPAS AÇÃO 1 Posicionar a vítima na posição decúbito dorsal (de barriga para cima) em uma superfície rígida e plana 2 Retirar as vestes da vítima 3 Colocar a região hipotenar da mão (“calcanhar de sua mão”), posicionando a outra mão sobre a primeira entrelaçando os dedos para maior firmeza e posicionar sobre o tórax da vítima, ou seja, na metade inferior do esterno que coincide com a linha intermamilar. 4 Comprimir com os braços retos a uma profundidade próxima a 5 a 6 cm e uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto. 5 Após cada compressão, devemos deixar o tórax voltar à posição normal. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 13 Figura 2: Visão do profissional de saúde. Figura 3:Visão do Leigo, não profissional. Ao observar que a vítima não responde, não respira e não tem pulso, acione um serviço de emergência (192 ou 193) e solicite um DEA/AED. Figura 4: Pedido de ajuda / Acionamento do Socorro. Ø RCP - ADMINISTRAÇÃO DAS COMPRESSÕES E VENTILAÇÕES Após avaliar a “responsividade” da vítima e constatar que a mesma não responde, não respira e não tem pulso (checagem por profissionais de saúde), devemos acionar o sistema médico de emergência e solicitar um desfibrilador – DEA/AED (Figura 4). Logo em seguida a solicitação de ajuda, devemos iniciar as manobras de Reanimação CardioPulmonar (RCP) imediatamente, iniciando pelas compressões no tórax. A RCP se compõe em duas etapas principais: compressões e ventilações, na Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 14 Figura 5: Marcação do local da compressão. Figura 6: Técnica de compressão torácica. Figura 8: Técnica de compressão torácica e ventilação assistida com uso de bolsa-válvula- máscara qual devemos comprimir o tórax com certa força e rapidez promovendo um bombeamento de sangue oxigenado para os órgãos vitais, como o coração e o cérebro. Devemos comprimir o tórax, promovendo uma RCP de alta qualidade para manter uma boa perfusão de oxigênio já que este coração não está bombeando normalmente. Deve-se apoiar o “calcanhar da mão” na metade inferior do osso esterno do paciente e apoiando a outra mão sobre a primeira entrelaçando os dedos para uma maior segurança nas manobras (figuras 5, 6, 7 e 8). Os braços do socorrista deverão estar em um ângulo a 90º sobre o tórax do paciente e deprimindo este tórax a uma profundidade de 5 a 6 centímetros. Destacamos que, caso por algum motivo o socorrista não conseguir entrelaçar os dedos, este poderá segurar com sua segunda mão o punho, onde dará também firmeza para comprimir. Figura 7: Técnica de compressão torácica e ventilação assistida com uso de bolsa-válvula- máscara Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 15 Caso a RCP seja realizadasem um dispositivo de barreira, o socorrista poderá realizar apenas as compressões no tórax do paciente e revezando com outro socorrista a cada dois minutos. Lembramos que, com dois socorristas e sem dispositivo de ventilação, enquanto um realiza as compressões o segundo poderá deixar a via aérea aberta segurando e inclinando a cabeça mas, caso esteja sozinho, deverá apenas comprimir. Após as 30 compressões, caso haja um dispositivo de ventilação, devemos abrir as vias aéreas a fim de liberar a passagem de ar com a retirada da base da língua. A técnica consiste em inclinação da cabeça e elevação do queixo (Figuras 9 e 10). Destaca-se que se o socorrista administrar uma ventilação e o tórax não se elevar, deve então deixar a cabeça retornar à posição normal. Em seguida, abra as vias aéreas novamente, inclinando a cabeça e elevando o queixo. Depois, administre outra ventilação. Certifique-se de que o tórax se eleve. Não interrompa as compressões por mais de 10 segundos para administrar ventilações. Se o tórax não se elevar em 10 segundos, comece a comprimi-lo com força e rapidez novamente. Apesar da ventilação boca a boca oferecer poucos riscos, é contra indicada quando houver presença de sangue, secreções, fluidos ou ferimentos na boca, sendo entendido como situações que podem vir a oferecer riscos ao socorrista. Durante a RCP, a chance de contrair uma doença é pequena, ainda assim, alguns locais de Figura 10: Técnica de hiperextensão da cabeça. Figura 9: Técnica de hiperextensão da cabeça. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 16 trabalho exigem que os socorristas usem máscara de ventilação. Às máscaras são feitas de material sintético flexível que se encaixam sobre a boca e o nariz da pessoa doente ou lesionada (figura 11 e 12). Talvez seja necessário montar a máscara antes de usá-la. Se a máscara tiver uma extremidade afunilada, coloque a parte estreita da máscara no alto do nariz. Posicione a parte larga de modo a cobrir a boca da vítima (em caso de crianças pequenas a máscara será aplicada em posição invertida). Figura 11: Pocket Mask (Máscara de Bolso) Caso você tenha a mão um dispositivo como bolsa de ventilação e esteja em dupla com outro socorrista, posicione-se atrás da cabeça da vítima para adequar a máscara a face e administrar as ventilações (Figura 13). ETAPA AÇÃO 1 Coloque a máscara sobre a boca e o nariz da pessoa. 2 Incline a cabeça e eleve o queixo enquanto pressiona a máscara contra o rosto da pessoa. É importante produzir uma vedação impermeável entre o rosto da pessoa e a máscara enquanto o queixo é elevado para manter abertas as vias aéreas. 3 Administre 2 ventilações (sopre por 1 segundo em cada). Aguarde que o tórax se eleve a cada ventilação administrada. Figura 13: Bolsa de Ventilação (bolsa-válvula-máscara) Figura 12: Ventilação sob máscara Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 17 Ø DESFIBIRLAÇÃO EXTERNA AUTOMÁTICA: Com estas etapas manteremos uma RCP executando os ciclos de 30 compressões x 02 ventilações, ou sem dispositivo de ventilação, apenas com as compressões sem parar até a chegada do DEA/AED. Um DEA/AED é uma máquina com um microprocessador integrado que pode aplicar choques no coração e ajudá-lo a voltar a funcionar normalmente. Se você iniciar a RCP imediatamente e após alguns minutos usar um DEA/DAE, terá maior chance de salvar uma vida. Os AEDs/DEAs são seguros, precisos e fáceis de usar. O DEA/DAE determina se a pessoa necessita de um choque e avisa para administrá-lo se necessário. Avisa inclusive quando é necessário certificar-se de que ninguém esteja tocando a vítima. As pás usadas para administrar o choque têm um diagrama que indica como posicioná-las no tórax pessoa. Siga o diagrama. As formas mais comuns de ligar um DEA/AED são pressionar o botão “ON” (Ligar) ou erguer a tampa do DEA/AED. Uma vez ligado o DEA/AED, ele indicará tudo o que você precisa fazer. Use o DEA/AED somente se a pessoa não responder e não estiver respirando ou apresentar gasping. Se você tiver acesso a um DEA/DAE, use-o IMEDIATAMENTE. Certifique- se de que ninguém esteja tocando a vítima antes de pressionar o botão “SHOCK” (Choque) (figura 15). Se não localizar um DEA/AED rapidamente, inicie a RCP Comprimindo com Força e rapidez. Etapa Ação 1 Ligar o DEA/DAE 2 Seguir os avisos visuais e sonoros, 3 Coloque os eletrodos no tórax do paciente conforme as (figuras 14 e 15) Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 18 Após a administração do choque, inicie imediatamente as compressões torácicas interrompendo apenas 10 segundos no máximo para executar as duas ventilações e faça a RCP até o DEA/AED sinalizar para interromper a RCP, para que ele possa novamente analisar e se necessário indicar outro choque. Mas, se o mesmo falar: “choque não indicado”, inicie imediatamente às manobras de RCP até a chegada do serviço médico de emergência, caso seja um profissional da saúde avaliar pulso. a) Cuidados na colocação das pás/eletrodos • Retirar excesso de pelos no tórax do paciente Caso a vítima tenha muito pelo no tórax, deve-se retirar com dispositivos de barbear ou até mesmo com as pás, cuidado para não rasgá-la (ideal ter uma reserva) • Secar o tórax Devemos secar todo tórax da vítima a fim de que o choque não se espalhe pela superfície e também para as pás colarem na pele. • Retirar adesivos de medicamentos Caso haja adesivos de medicamentos colados na pele, estes deverão ser retirados. • Cuidados com marcapasso implantado Se este paciente possuir um marcapasso implantado no local da posição das pás, deve-se colar o eletrodo cerca de 4 a 5 centímetros para o lado e para baixo, pois se colocar as pás em cima do aparelho, este poderá ser inutilizado. Figura 14: RCP após o Choque. Figura 15: Posições dos socorristas durante a aplicação do choque. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 19 Após a RCP e o choque, se a pessoa estiver respirando mas não estiver respondendo, vire-a de lado e aguarde que alguém com treinamento mais avançado assuma o socorro (Se for uma equipe de SME realizar avaliação e considerar remoção). Coloque a pessoa em posição lateral de segurança (Figuras 16 e 17), pois manterá as vias aéreas desobstruídas caso a pessoa vomite. Se a pessoa parar de respirar ou apresentar somente gasping, vire-a na posição decúbito dorsal e avalie a necessidade de RCP. Enquanto a pessoa que retornou aos batimentos aguarda o suporte avançado, devemos manter o desfibrilador ligado todo o tempo, mesmo que a cada dois minutos ele continue falando, pois este o manterá informado e monitorando o paciente todo o tempo.b) Resumo de Habilidades de RCP/adulto com DEA: Etapa Ação 1 Certifique-se de que o local é seguro. 2 Segure no ombro e chame. Verifique se a pessoa responde. Se a pessoa não responder, avance para a Etapa 3. 3 Peça ajuda. Peça à pessoa que o atender que telefone para o serviço médico de emergência e busque um DEA/DAE. Se ninguém puder ajudar, telefone para o número do serviço médico de emergência/ urgência e busque um DEA/DAE. 4 Verifique a respiração. Certifique-se de que a pessoa esteja sobre uma superfície firme e plana. Verifique a respiração. Se a pessoa não estiver respirando ou apresentar somente gasping, administre a RCP. Sem responder e sem respiração = RCP Figura 16: Socorrista executando a técnica de lateralização - PLS Figura 17: Vítima na posição lateral de segurança Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 20 3 - RCP EM CRIANÇAS RCP em criança e uso do DEA/AED: RCP é o ato de comprimir o tórax com força e rapidez e administrar ventilações. A RCP é administrada a alguém cujo coração tenha parado de bombear o sangue. 5 Comprima e administre ventilações executando 30 compressões e 2 ventilações. Compressões: Retire as roupas que atrapalharem. Coloque o “calcanhar de uma mão” sobre a metade inferior do esterno. Coloque o calcanhar da outra mão sobre a primeira mão. Comprima em linha reta de cinco a seis centímetros de profundidade, a uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto no mínimo. Após cada compressão deixe o tórax retornar à sua posição normal. Comprima o tórax 30 vezes. Ventilações: Após 30 compressões, abra as vias aéreas com inclinação da cabeça e elevação do queixo. Com as vias aéreas abertas, faça uma ventilação normal. Use um dispositivo de barreira para empregar as ventilações. Caso não o tenha, comprima de forma ininterrupta. Administre duas ventilações (sopre por 1 segundo em cada). Aguarde que o tórax se eleve a cada ventilação administrada. DEA/DAE: Use-o assim que o tiver à mão. Ligue-o erguendo a tampa ou pressionando o botão “ON” (Ligar). Siga os avisos. 6 Continue. Continue executando séries de compressões e ventilações até que a pessoa comece a respirar ou se mexer ou até que alguém com treinamento mais avançado chegue e assuma o socorro. Etapa Ação 1 Certifique-se de que a criança está deitada com as costas sobre uma superfície firme e plana. 2 Retire as roupas que atrapalharem. 3 Coloque o “calcanhar de uma mão” sobre a metade inferior do esterno. 4 Comprima em linha reta cerca de cinco centímetros, a uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto no mínimo. 5 Após cada compressão, deixe o tórax retornar à sua posição normal. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 21 Uma criança é alguém com mais de um ano de idade e que ainda não chegou à puberdade. Se estiver em dúvida se a pessoa é um adulto ou uma criança, considere-a adulta. Uma criança “responsiva” é aquela que se mexe, fala, pisca ou reage de alguma outra forma quando você a toca e pergunta se está bem. Uma criança que não “responde”, que não faz nada quando você a toca e pergunta se está bem, é considerada inconsciente. Comprimir o tórax com força e rapidez é a parte mais importante da RCP. Comprimindo o tórax você bombeia sangue para o cérebro e o coração. As pessoas muitas vezes não comprimem com força suficiente por temerem ferir a criança. Uma lesão é improvável, mas é melhor do que a morte. É melhor comprimir forte demais do que insuficientemente. Use uma única mão para as compressões. Se não conseguir comprimir 5 cm com uma mão, use as duas. Uma mão não é melhor do que duas, nem o contrário. Faça o que for necessário para comprimir o tórax cerca de 5 cm de profundidade.Não diferente do adulto, devemos, assim que observar uma criança caída ao solo, abordá- la segurando pelo ombro, como mostra a (figura 18). Em seguida devemos observar se há respiração normal, caso seja um profissional de saúde verificará pulso também. (figuras 19 e 20). Em seguida devemos pedir ajuda do serviço médico de emergência e solicitar um DEA/AED (figura 21). Caso não haja como pedir ajuda no momento ou está distante de um telefone, inicie imediatamente as manobras de RCP, pois a maioria das crianças para por problemas respiratórios e a RCP será fundamental neste primeiro momento. Após 5 ciclos de RCP, dirija-se a um telefone ou ache alguém para solicitar um DEA/AED e volte a executar as manobras de reanimação. Figura 18 Figura 19 Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 22 As compressões são importantes na RCP e executá-las da maneira correta é cansativo. Quanto mais cansado(a) você estiver, menos eficazes serão as compressões. Se mais alguém souber aplicar RCP, faça revezamento. Reveze a cada 2 minutos mais ou menos, movendo-se rapidamente para minimizar ao máximo a pausa nas compressões. Lembrem-se, mutuamente, de comprimir 5 cm de profundidade a uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto e permitir que o tórax retorne à sua posição normal após cada compressão (figuras 22 e 23). Ø Administrar ventilações Crianças, em geral, têm coração saudável. Normalmente o coração da criança para porque ela não consegue ou está tendo dificuldade para respirar. Em consequência disso, além das compressões, é muito importante administrar ventilações a uma criança (figura 23). As ventilações precisam fazer com que o tórax da criança se eleve. A elevação do tórax indica que a criança recebeu ar suficiente. As compressões formam a parte mais importante da RCP. Se você também puder administrar ventilações, ajudará a criança ainda mais. Antes de administrar ventilações, abra as vias aéreas. Figura 20 Figura 21 Figura 22 Figura 23 Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 23 Ø Aplicação do DEA/AED O DEA/DAE determina se a criança necessita de um choque e lhe avisa para administrá-lo se necessário. Avisa inclusive quando é necessário certificar-se de que ninguém esteja tocando a criança. As pás usadas para administrar o choque têm um diagrama que indica como posicioná-las na criança. Siga o diagrama. Se não houver pás pediátricas ou um botão/interruptor pediátrico, use as pás de adulto. Se a criança tiver mais de 8 anos, use pás adultas (se estiver em dúvida se a criança tem mais de 8 anos, presuma que ela tem e use as pás adultas). Ao colocar as pás no tórax, deve-se ter cuidado para uma pá não tocar na outra. Se a criança for muito pequena, talvez seja necessário colocar uma pá no tórax e a outra nas costas da criança (figura 24). ETAPA AÇÃO 1 Ligar o DEA/DAE. 2 Verifique se há pás pediátricas ou um botão ou interruptor pediátrico 3 Use as pás pediátricas ou acione o botão ou interruptor pediátrico. 4 Seguir os avisos visuais e sonoros. ETAPA AÇÃO 1 Enquanto mantém as vias aéreas abertas, comprima o narizfechando-o. 2 Inspire normalmente e cubra a boca da criança com a sua boca. 3 Administre 2 ventilações (sopre por 1 segundo em cada). Verifique se o tórax começa a elevar-se a cada ventilação administrada. Figura 24 Figura 25 Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 24 Se for usar uma máscara de ventilação e se esta máscara tiver uma extremidade afunilada, coloque a parte estreita da máscara no alto (ponte) do nariz. Posicione a parte larga para cobrir a boca. Podemos usar como referência a técnica usada no capítulo anterior, pois é a mesma (figura 25). Figura 26: Fluxograma da utilização do DEA/AED em crianças. (fonte:American heart association®) Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 25 Ø Revisão do atendimento da criança em PCR Se houver outra pessoa com você durante a RCP ou se você puder gritar por ajuda e pedir a alguém que o ajude, peça a ela que telefone para o número do serviço médico de emergência/urgência enquanto você comprime com força e rapidez e administra as ventilações. Você executa as compressões e ventilações enquanto a Etapa Ação 1 Certifique-se de que o local é seguro. 2 segure pelo ombro e chame para certificar se a criança responde. Se a criança não responder, avance para a Etapa 3. 3 Solicite ajuda. Veja se alguém pode ajudá-lo (a). Peça a essa pessoa que telefone para o número do serviço médico de emergência/urgência e busque um DEA/DAE. 4 Verifique a respiração e cheque se a criança está respirando ou se apresenta gasping. Sem respiração e sem responder e/ou apenas gasping = EXECUTAR RCP Certifique-se de que a criança esteja sobre uma superfície firme e plana. 5 Administre a RCP executando 5 séries de 30 compressões e 2 ventilações e em seguida telefone para o número do serviço médico de emergência/ urgência e busque um DEA/DAE. Compressões: - Retire as roupas que atrapalharem. - Coloque o “calcanhar de uma mão” sobre a metade inferior do esterno. - Comprima em linha reta cerca de 5 cm de profundidade, a uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto. - Após cada compressão, deixe o tórax retornar à sua posição normal. - Comprima o tórax 30 vezes. Ventilações: - Após 30 compressões, abra as vias aéreas com inclinação da cabeça e elevação do queixo. - Abertas as vias aéreas, faça uma ventilação normal. - Comprima o nariz para cerrá-lo. Cubra a boca da criança com a sua boca. Administre 2 ventilações (sopre por 1 segundo em cada). Aguarde que o tórax se eleve a cada ventilação administrada. DEA/DAE: - Use-o assim que o tiver à mão. - Ligue-o erguendo a tampa ou pressionando o botão “ON” (Ligar). Use pás pediátricas ou o botão/interruptor pediátrico. (Use pás de adulto se não houver pás pediátricas disponíveis). - Siga os avisos. 6 Continue. Continue executando séries de compressões e ventilações até que a criança comece a respirar ou se mexer ou até que alguém com treinamento mais avançado chegue e assuma o socorro. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 26 outra pessoa telefona e busca o DEA/AED. A tabela abaixo resume as diferenças entre RCP em adultos e crianças: Após 5 ciclos de RCP, telefone para o número do serviço médico de emergência/urgência e busque um DEA/DAE, se isso ainda não tiver sido feito. Assim que o DEA/DAE estiver à mão, use-o. Depois de telefonar para o número de emergência/urgência, continue executando séries de 30 compressões e 2 ventilações até que a criança comece a responder ou que alguém com treinamento mais avançado chegue e assuma o socorro. Permaneça na linha até que o atendente/operador do SME lhe diga que pode desligar. O atendente/operador fará perguntas sobre a emergência. E também poderá dar instruções sobre como socorrer a criança até que alguém com treinamento mais avançado chegue e assuma o socorro. Responder às perguntas do atendente/operador não retardará a chegada do socorro. Se for possível leve o telefone com você para falar com o atendente/ operador ao lado da criança. O que é diferente O que fazer em um adulto O que fazer em uma criança Quando telefonar para o serviço médico de emergência/urgência Telefonar depois de verificar se há resposta. Telefonar após aplicar 5 séries de compressões e ventilações, caso esteja sozinho. Usar um DEA/DAE Use pás para adultos. Procure um botão ou interruptor pediátrico. • Use pás para crianças. Se não houver pás para crianças, use as de adultos. Se usar pás de adulto, certifique-se de que elas não se toquem. Profundidade da compressão Comprimir no mínimo 5 cm de profundidade. Comprimir cerca de 5 cm de profundidade. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 27 4 - RCP EM BEBÊS Um bebê é alguém com menos de 1 ano de idade. Na abordagem de uma criança com idade inferior a 1 ano, você espera que este se mexa, emita sons, pisque ou reaja de alguma outra forma quando você o estimula e grita seu nome. Um bebê que não “responde”, não faz nada quando você o toca e grita, considerar em PCR. Caso o Bombeiro esteja acompanhado, um militar telefona para o Serviço Médico de Emergência enquanto o outro inicia RCP. Caso o Bombeiro esteja sozinho, realizar 5 ciclos de 30 compressões X 2 ventilações e, só depois, solicita o apoio. Comprimir o tórax com força e rapidez é a parte mais importante da RCP. Comprimindo o tórax, você bombeia sangue para o cérebro e o coração. As pessoas muitas vezes não comprimem com força suficiente por temerem ferir o bebê. Uma lesão é improvável, mas, caso ocorra, será melhor do que a morte. É melhor comprimir forte demais do que insuficientemente. Se possível, coloque o bebê sobre uma superfície firme e plana acima do chão (caso não seja possível utilize o chão mesmo), como uma mesa. Isso facilita a administração da RCP. Ø Abordagem do Bebê As compressões são importantes na RCP e executá-las da maneira correta é cansativo. Quanto mais cansado(a) você estiver, menos eficazes serão as compressões. Se mais alguém souber aplicar RCP, reveze. Reveze a cada 2 minutos mais ou menos, movendo-se rapidamente para minimizar ao máximo a pausa nas compressões. Lembrem-se mutuamente de comprimir cerca de 4 cm de profundidade, a uma frequência de, pelo menos, 100 compressões por minuto e permitir que o tórax retorne à sua posição normal após cada compressão (figura 27). Se profissional da saúde, verifique o pulso braquial não menos que 5 segundos e não mais que 10 segundos (figura 27). Se ausente, inicie a RCP Bata no pezinho do bebê e chame, observe se respira normalmente, peça ajuda e inicie RCP. Figura 27: Sequência de atendimento a um bebê. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de EducaçãoProfissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 28 imediatamente. Lembrando que se pulso ausente, mas a frequência estiver abaixo de 60 batimentos por minuto, inicie imediatamente a RCP (figura 28). Bebês em geral têm coração saudável. Normalmente o coração do bebê para porque ele não consegue ou está tendo dificuldade para respirar. Em consequência disso, além das compressões, é muito importante administrar ventilações a um bebê. As ventilações precisam fazer com que o tórax do bebê se eleve. A elevação do tórax indica que o bebê recebeu ar suficiente. As compressões formam a parte mais importante da RCP. Se você também puder administrar ventilações, ajudará o bebê ainda mais (figura 28). Antes de administrar ventilações, abra as vias aéreas. Siga as seguintes etapas para abrir as vias aéreas. Ao inclinar a cabeça do bebê, não a empurre demais para trás, porque isso pode bloquear as vias aéreas. Evite pressionar a parte mole do pescoço ou abaixo do queixo. Se você administrar uma ventilação em um bebê e o tórax não se elevar, abra novamente as vias aéreas permitindo que a cabeça retorne a posição normal. Em seguida, abra as vias aéreas novamente, inclinando a cabeça e elevando o queixo e administre outra ventilação. Certifique-se de que o tórax se eleve. Não interrompa as compressões por mais de 10 segundos para administrar ventilações. Se o tórax não se elevar em até 10 segundos, comece a comprimi-lo com força e rapidez novamente. Caso você possua uma máscara de ventilação, coloque a parte afunilada para o queixo do bebê, pois se adaptará melhor evitando fuga durante as ventilações. Figura 28: RCP no bebê Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 29 Caso haja dois ou mais socorristas da área de saúde, a RCP poderá ser realizada com ciclos de 15 compressões para 2 ventilações, sendo que agora quem comprimir, deverá segurar o tórax da criança com os polegares, como mostra a figura 30. 5 - ASFIXIA EM CRIANÇAS A asfixia é provocada por alimento ou outro objeto preso na via área ou na garganta. O objeto impede que o ar chegue aos pulmões. Algumas asfixias são leves e outras graves. Se for grave, aja rápido. Retire o objeto para que a criança possa respirar. Ø Socorrendo uma Criança em Asfixia Etapa Ação 1 Se desconfiar que a criança está asfixiada, pergunte: “Você está sentindo dificuldade para respirar?”. Se ela acenar que sim, diga-lhe que você vai ajudar. 2 Fique atrás da pessoa. Abrace a pessoa de modo que suas mãos fiquem na parte da frente do corpo dela. Figura 29: Ventilação em bebê com o auxilio da máscara de ventilação Figura 30: Dois socorristas realizando RCP em bebê. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 30 3 Feche uma das mãos. 4 Coloque o lado do polegar da mão fechada ligeiramente acima do umbigo da criança e bem abaixo do esterno. 5 Agarre a mão fechada com a outra mão e faça compressões rápidas para cima no abdômen. 6 Faça compressões até que o objeto seja expulso e a pessoa possa respirar, tossir ou falar ou até que pare de responder. Se a criança em asfixia for obesa e você não puder abraçar totalmente a cintura, execute compressões torácicas, em vez de abdominais (Figura 33). Siga as mesmas etapas, exceto pelo local onde posicionar seus braços e mãos. Coloque seus braços por baixo das axilas da criança e suas mãos na metade inferior do esterno. Puxe diretamente para trás para aplicar as compressões torácicas. Figura 31: Sinais de obstrução de Via aérea. Figura 32: Manobra de desobstrução de via aérea. Figura 33: Manobra de desobstrução em criança obesa. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 31 Ø Como Socorrer uma Criança em Asfixia Que Deixa de Responder Se você fizer compressões numa criança, mas não conseguir remover o objeto que está bloqueando as vias aéreas, a criança irá parar de responder. Comprimir o tórax pode fazer com que o objeto seja expelido. Se a criança deixar de responder, siga estas etapas: Etapa Ação 1 Deite a criança sobre uma superfície firme e plana. 2 Segure pelo ombro e chame. 3 Peça ajuda. 4 Verifique a respiração. 5 Administrar 30 compressões. 6 Após 30 compressões, abra as vias aéreas. Se vir um objeto na boca, retire-o. 7 Administre 2 ventilações. 8 Repita a execução de séries de 30 compressões e 2 ventilações, Inspecionando a boca quanto a objetos após cada série. 9 Após 5 séries de 30 compressões e 2 ventilações, telefone para o serviço médico de emergência/urgência e busque um DEA/DAE. 10 Administre séries de 30 compressões e 2 ventilações, Inspecionando a boca quanto a objetos após cada série de compressões, até que a criança comece a responder ou que alguém com treinamento mais avançado chegue e assuma o socorro. Figura 34: Abra bem a boca da criança e procure o objeto. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 32 6 - ASFIXIA EM BEBÊS A asfixia é provocada por alimento ou outro objeto preso na via área ou na garganta. O objeto impede que o ar chegue aos pulmões. Algumas asfixias são leves e outras, graves. Se for grave, aja rápido. Retire o objeto para que o bebê possa respirar. Em caso de engasgo com líquidos (leite por exemplo) proceder da mesma forma que sólidos. Ação: Use a tabela a seguir para determinar se o bebê está em asfixia leve ou grave e o que fazer. Se o bebê Bloqueio nas vias aéreas E você deve • Conseguir emitir sons • Conseguir tossir alto Leve • Permanecer ao lado e deixá- lo tossir • Se estiver preocupado com a respiração do bebê, telefone para o número do serviço médico de emergência/ urgência mais próximo. • Não conseguir respirar ou tossir sem som ou não conseguir emitir sons Grave • Agir rapidamente • Siga as etapas de socorro para bebês em asfixia Figura 35 Figura 36 Figura 37 Figura 38 Figura 39 Figura 40 Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 33 Um bebê que receber pancadas nas costas e compressões torácicas deve ser examinado por um profissional de saúde. Se você der pancadas nas costas e fizer compressões torácicas no bebê e ainda assim, não conseguir remover o objeto que está bloqueando as vias aéreas, o bebê deixará de responder. Comprimir o tórax pode fazer com que o objeto seja expelido. Se o bebê deixar de responder, siga estas etapas: ETAPA AÇÃO 1 Coloque o bebê com o rosto voltado para cima sobre uma superfície firme e plana acima do chão, como uma mesa. (figura 39) 2 Estimule o pezinho 3 Peça por ajuda. 4 Verifiquea respiração. 5 Comprima o tórax 30 vezes. 6 Após 30 compressões, abra as vias aéreas. Se vir um objeto na boca, retire-o. 7 Administre 2 ventilações. (figura 40) 8 Repita a execução de séries de 30 compressões e 2 ventilações, Inspecionando a boca quanto a objetos após cada série de compressões. 9 Após 5 séries de 30 compressões e 2 ventilações, telefone para o serviço médico de emergência/urgência. 10 Administre séries de 30 compressões e 2 ventilações, Inspecionando a boca quanto a objetos após cada série de compressões, até que o bebê comece a responder ou que alguém com treinamento mais avançado chegue e assuma o socorro. ETAPA AÇÃO 1 Segure o bebê com o rosto voltado para baixo com as pernas em seu cotovelo. Sustente a cabeça e a mandíbula do bebê com a mão. (figura 37) 2 Dê até 5 pancadas nas costas com o “calcanhar da outra mão”, entre as escápulas do bebê. (figura 37) 3 Se o objeto não for expelido após 5 pancadas nas costas, vire o bebê de frente, sustentando a cabeça. (figura 38) 4 Administre até 5 compressões torácicas, usando 2 dedos da outra mão para comprimir o tórax da mesma maneira que em RCP. (figura 38) 5 Repita as 5 pancadas nas costas e as 5 compressões torácicas até que o bebê consiga respirar, tossir ou chorar ou deixe de responder. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 34 7 - ASFIXIA NO ADULTO Etapa Ação 1 Se desconfiar que alguém esteja asfixiado, pergunte: “Está com dificuldade para respirar?”. Se a pessoa acenar que sim, diga-lhe que você vai ajudar. (figura 41) 2 Fique atrás da pessoa, abrace- a de modo que suas mãos fiquem na parte da frente do corpo dela. (figura 42) 3 Feche uma das mãos. 4 Coloque a mão fechada com o lado do polegar ligeiramente acima do umbigo da pessoa e bem abaixo do esterno. 5 Agarre a mão fechada com a outra mão e faça compressões rápidas para cima no abdômen da pessoa. 6 Faça compressões até que o objeto seja expulso e a pessoa possa respirar, tossir ou falar ou até que pare de responder. Figura 42 Figura 41 Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 35 8 - ASFIXIA NA GESTANTE Se alguém estiver asfixiado e for obeso ou estiver nos últimos estágios de gravidez e você não conseguir envolver totalmente a cintura da vítima com seus braços, administre compressões no tórax em vez de no abdômen. Siga as mesmas etapas, exceto pelo local onde posicionar seus braços e mãos. Coloque seus braços por baixo das axilas e suas mãos na metade inferior do esterno. Puxe diretamente para trás para aplicar as compressões torácicas. Em todas as vítimas que deixam de responder ou se tornam inconscientes, você deverá posicioná-las ao solo com cuidado para não se ferirem, pedir ajuda e imediatamente aplicar séries de 30 compressões torácias durante dois minutos. Após, cheque se o corpo estranho saiu e se esta voltou a respirar, caso contrário inicie imediatamente as manobras de RCP até a chegada do socorro ou se esta acordar. Etapa Ação 1 Verifique se ela necessita de RCP. Administre a RCP, se necessário e se souber fazer isso. Se não souber como executar RCP, faça somente compressões torácicas. 2 Verifique se encontra objetos na boca a cada série de 30 compressões. 3 Continue a RCP até que ela fale, se mexa ou respire, ou até que alguém com treinamento mais avançado chegue e assuma o socorro. Figura 43 Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 36 Resumo de RCP e DEA/AED para adultos, crianças e bebês. Não ultrapassando 6 cm Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 37 Capítulo II Emergências Clínicas e Cardiológicas: Na primeira avaliação de um paciente vítima de uma urgência (necessita de resolução em um curto espaço de tempo) ou de uma emergência (necessita de resolução imediata) clínica, o socorrista deverá fazer algumas perguntas básicas sobre a doença atual e histórico do paciente. Para isso temos métodos mnemônicos que facilitam essa abordagem: OPQRST (Sobre a doença atual): O início: o que você estava fazendo quando a dor começou? Ela começou de repente ou aos poucos? Paliação/ provocação: Alguma coisa faz a dor parar, melhorar ou piorar? Qualidade: descreva a dor (queimação, facada, incômodo, penetrante) Região/ irradiação/ referida: você pode apontar o lugar onde a dor está? Ela permanece localizada ou se move? Severidade (intensidade): Que nota você dá para a dor em uma escala de 1 a 10, sendo 1 uma dor leve e 10 a maior dor que já sentiu? Tempo/ duração: Há quanto tempo está sentido isso? SAMPLER (Sobre o passado médico): Sinais e sintomas Alergias Medicamentos Passado médico (história) relevante Líquidos e lanches ingeridos (quando e o que?) Eventos que precederam o quadro atual Risco (fatores de risco). 1 - ALTERAÇÕES DO ESTADO MENTAL A alteração do estado mental de um paciente é um sinal frequente no contexto pré-hospitalar, denotando patologias potencialmente graves, e deve ser reconhecida prontamente pelo socorrista. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 38 Podem ser consideradas alterações no estado mental qualquer diminuição do estado de alerta de uma pessoa, dificuldade de cognição (percepção) ou um comportamento que se desvie do normal. Essas alterações podem ser diferentes de pessoa para pessoa, podendo variar de confusão mental até um déficit cognitivo significativo ou coma. O socorrista deve estar atento para os sintomas e o comportamento do paciente, assim como exame físico e exame auxiliares como glicemia capilar. A avaliação neurológica tem suas peculiaridades e será detalhado a seguir. Avaliação neurológica inicial: - Nível de Consciência: Em uma primeira abordagem, avalia-se a função cerebral e outras alterações neurológicas que possam ameaçar a vida. O nível de consciência (NC) deve ser sempre verificado. Um paciente com atenção limitada ou com discurso desconexo deve ser avaliado quanto a presença de hipoglicemia, desidratação, comprometimento cardiovascular, acidente vascular encefálico (AVE) ou traumatismo craniano. É interessante, se possível, identificar alguém próximo à vítima ou que tenha assistido ao ocorrido e que possa dar alguma informação para a formulação da hipótese diagnóstica. A maneira mais rápida e simples de avaliar o NC do paciente é o processo AVDN: 1. A Alerta a pessoa, local e dia Alerta e orientado (AOx3): Sabe dizer o próprio nome (pessoa), local e tempo Alerta e orientado (AOx2): Sabe dizer o próprio nome (pessoa) e local Alerta e orientado (AOx1): Sabe precisar somente o próprio nome (pessoa) 2. V Responsivo ao estímulo verbal3. D Responsivo à dor 4. N Não responsivo Ao classificar a resposta ao estímulo, deve-se graduar a vítima de acordo com a melhor resposta obtida. Por exemplo, um paciente desmaiado e que geme em Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 39 resposta a um chamado efusivo do socorrista teria um escore “V” na escala AVDN. A resposta ao estímulo tátil, como a compressão do leito ungueal, o escore seria “D”. A Ausência de resposta a estímulos verbais e táteis o escore seria “N”. Outra classificação de nível de consciência de uma vítima de trauma ou doença clínica grave é escala de coma de Glasgow (GSC, do inglês Glasgow Coma Scale). A GCS avalia as respostas da vítima quanto à abertura ocular e as melhores respostas verbal e motora. O cálculo do escore da GCS pode ser avaliado na tabela a seguir. Um escore de 8 ou menos costuma indicar a necessidade de manejo agressivo da via aérea, para sua proteção da broncoaspiração, devido ao rebaixamento do NC. Embora o maior escore possível seja 15, isso não significa que o paciente tenha capacidade mental plena. A avaliação da vítima não deve ser baseada somente em escalas, mas no conjunto do exame físico e história clínica. Escala de Coma de Glasgow (GCS) Abertura ocular Escore Melhor resposta verbal Escore Melhor resposta motora Escore Espontânea 4 Orientado e conversando 5 Obedece a comandos 6 Ao comando verbal 3 Confuso 4 Localiza a dor 5 À dor 2 Palavras desconexas 3 Movimentos incoordenados 4 Ausência de resposta 1 Gemidos ou sons incompressíveis 2 Flexão anormal (decorticação) 3 Ausência de resposta 1 Extensão anormal (descerebração ) 2 Ausência de resposta 1 Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 40 A avaliação do NC é de extrema importância para verificar se as condições neurológicas e de perfusão do paciente estão normais, permitindo que problemas potencialmente mais graves e/ou fatais sejam identificados precocemente. A avaliação do Nível Consciência na vítima idosa Com o envelhecimento da população há o surgimento de doenças que alteram, de forma crônica, o nível de consciência do idoso podendo dificultar a primeira avaliação. É comum encontrarmos idosos confusos, desorientados, agressivos e sem entender solicitações simples. Estes sintomas podem ser decorrentes de patologias crônicas como as síndromes demenciais (doença de Alzheimer, demência vascular, entre outras). É muito importante, ao avaliar a vítima idosa com alteração do NC, conversar com familiares ou pessoas próximas para obter informações sobre o seu estado neurológico prévio. O contrário também é importante pois não podemos diante de uma vítima idosa e confusa concluir que esse é o seu estado normal por algum quadro demencial. Mesmo o idoso que já tenha uma alteração cognitiva prévia pode ter o quadro exacerbado por outra patologia. Podemos encontrar, por exemplo, um idoso com quadro de infecção urinária mais sonolento, confuso, agitado e/ou agressivo, podendo, inclusive, ser vítima de quedas. Estes sintomas também podem estar presentes na desidratação, hipoglicemia, hiperglicemia, hiponatremia (sódio baixo no sangue), infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), pneumonia, (entre outras patologias). Importante: toda vítima com alteração de seu nível de consciência deve ser levada para uma unidade de saúde e ser avaliada pelo médico com exames clínico e neurológico completo, além de exame laboratorial para identificação do fator desencadeante e tratar de modo adequado para prevenir agravos à saúde da vítima. - Motricidade: É importante avaliar se o paciente mobiliza os 4 membros, pois a assimetria pode ser indicativa de lesão neurológica cerebral focal, como um acidente vascular cerebral ou lesão de um nervo periférico ocasionando a falta de movimento do membro. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 41 O paciente que obedece e executa comandos como: “aperte a minha mão”; “segure esse objeto”; “coloque a ponta do dedo no nariz”; “levante a perna direita”, mostra uma boa condição de lucidez e de domínio corporal. Se o paciente não obedece às ordens solicitadas por déficit motor ou tem dificuldade em realizá-las, pode indicar a uma série de patologias como doenças desmielinizantes, acidentes vasculares, tumores cerebrais, entre outros. Portanto, a preservação dos movimentos coordenados, incluindo a marcha, no paciente são sempre bons indicadores de normalidade no sistema nervoso. - Sensibilidade: Esta é uma avaliação importante nos pacientes com suspeita de lesão cerebral, lesão da coluna vertebral ou lesão de nervo periférico. Quando há lesão neurológica de uma determinada região do corpo, como um segmento da coluna vertebral, o paciente normalmente refere que há perda total da sensibilidade da região correspondente e/ou percepção de formigamento, dormência, agulhamento, ou choque. - Avaliação Pupilar As pupilas dão uma impressão útil sobre o estado neurológico do paciente. No estado neurológico normal, as pupilas são iguais, redondas e rapidamente reativas à estimulação pela luz direta. Em pacientes com nível de consciência rebaixado ou em coma, a pupilas podem ser uma forma importante de avaliação da gravidade da lesão neurológia. O início da avaliação pupilar é determinado pela observação do diâmetro, da forma e da simetria com a pupila contralateral. Pupilas assimétricas podem indicar de lesão focal cerebral (ex: AVC, tumor cerebral). Pupilas com diâmetros pequenos (puntiformes) e simétricas podem ser indicativas de lesão difusa cerebral (ex: intoxicação por organofosforato). Pupilas com diâmetros aumentados e simétricos podem denotar sofrimento cerebral (hipóxia) ou intoxicação por drogas (cocaína). A avaliação da pupila à reação da luz direta é outro meio de complementar o exame neurológico. A pupila reage à luz normalmente diminuindo seu diâmetro. A luz, ao incidir sobre uma das pupilas, a faz contrair simultaneamente com a pupila contralateral em um paciente sem lesão neurológica significativa. Qualquer alteração Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 42 da reação da pupila à luz é decorrente de lesão cerebral, principalmente se as pupilas estão dilatadas e não reativas, denotando dano grave ao cérebro. Não podemos esquecer que há pacientes que foram submetidos à cirurgia ocular e que devido a isto podem ter alterações na forma pupilar. Na dúvida, se possível, devemos sempre nos informar se a vítima foi submetida a alguma cirurgia ocular. - Manifestações Clínicas 1. Estado mental alterado: confusão mental, mudanças de comportamento, entre outros. 2. Delirium: Alteração aguda na cognição, temporária, com períodos de maior e menor intensidade, podendo estar associada a alucinações e delírios. Pode ser confundida com demência, porém esta apresenta alteração crônica da função cerebral. 3. Síncope: É a perda súbita e transitória da consciênciae do tônus postural por baixa da perfusão cerebral, com recuperação espontânea. 4. Tonteira/ vertigem: Tonteira é uma queixa inespecífica que pode corresponder à sensação de quase síncope e vertigem é uma sensação anormal de movimento. Podem estar associadas a tinido, zumbido ou ruído nos ouvidos. 5. Convulsão: Pode ser generalizada (envolvendo perda de consciência), associada a movimentos tônico-clônicos, incontinência urinária e fecal e mordedura da língua, ou pode ser uma convulsão focal que afete apenas uma parte do corpo, sem perda de consciência, mas com possível redução da consciência. 6. Cefaléia: Dor na dor na cabeça que deve ser caracterizada como aguda (possibilidade: de AVC hemorrágico, tumor cerebral) ou crônica (possibilidade: enxaqueca, cefaléia tensional, dor miofacial). 7. Ataxia/ distúrbio da marcha: Perda de controle muscular e coordenação dos movimentos, causando instabilidade do tronco, marcha instável, movimentos oculares anormais ou diplopia (visão dupla). 8. Déficit neurológico focal: qualquer perda localizada da função neurológica, como fraqueza, dormência ou perda do movimento em parte de um membro ou em todo ele, ou em um lado do corpo ou da face. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 43 9. Outros sintomas: amnésia (esquecimento), movimentos corporais involuntários, distúrbios visuais e/ou auditivos, náuseas e vômitos, disfagia (dificuldade de engolir), paresias e paralisias, distúrbios de sensibilidade, dores radiculares (dor de origem nervosa com sensação de formigamento ou compressão), perda ou relaxamento esfincterianos (sem controle voluntário urinário e fecal), distúrbios do sono. São várias as patologias que podem cursar com alterações neurológicas. Detalharemos a seguir as mais frequentes no ambiente pré-hospitalar. 1.1 - Acidente Vascular Encefálico (AVE): O acidente vascular encefálico (AVE), também conhecido como acidente vascular cerebral (AVC) é caracterizado pela interrupção aguda do fluxo de sangue para determinada região do encéfalo, causando a morte dos neurônios (células do sistema nervoso). Os AVEs são classificados em isquêmicos e hemorrágicos. No AVE isquêmico um trombo ou êmbolo causa obstrução de um vaso, diminuindo o fluxo de sangue para o cérebro. No AVE hemorrágico há a ruptura do vaso sanguíneo, de determinada região cerebral, causando extravasamento de sangue para o tecido cerebral, ventrículos cerebrais ou na cavidade subaracnóide (espaço entre as membranas que revestem o cérebro). Os sintomas do AVC podem ocorrer isoladamente; entretanto, em geral os pacientes exibem uma série de sintomas, que podem ser sutis ou graves. Algumas vezes, os sintomas são incapacitantes, e o paciente não consegue fazer coisas simples como telefonar para pedir ajuda, devido a alteração do estado mental, a afasia (dificuldade na fala) ou a hemiplegia (paralisia em um lado do corpo), entre outros. Sinais e Sintomas: 1. Fraqueza ou formigamento de início súbito na face, no braço ou na perna, especialmente de um lado do corpo. 2. Confusão mental ou perda de consciência. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 44 3. Alteração da fala ou compreensão. 4. Alteração na visão, em um ou ambos os olhos. 5. Alteração do equilíbrio ou coordenação dos movimentos, tonteira ou alteração no andar. 6. Cefaléia súbita, por vezes intensas, e sem causa aparente (normalmente relacionado ao AVC hemorrágico). 7. Náuseas e vômitos. A determinação do tempo do início do AVC é de extrema importância para determinar a indicação de tratamento. Consideramos o momento inicial do quadro a última vez em que a vítima foi vista em seu estado normal. O tempo é determinante para o tratamento. Existem algumas escalas que facilitam a identificação de uma vítima de AVE e que também podem ser usadas para o acompanhamento do paciente já no ambiente hospitalar. Uma das mais utilizadas é a escala de Cincinnati (Cincinnati Stroke Scale). Escala de Cincinnati Sinais e Sintomas Como testar Normal Anormal Queda facial Pede-se para o paciente mostrar os dentes ou sorrir. Ambos os lados da face se movem igualmente. Um lado da face não se move tão bem quanto o outro. Debilidade dos braços O paciente fecha os olhos e mantém os braços estendidos. Ambos os braços movem-se igualmente ou não se movem. Um braço não se move ou cai, quando comparado ao outro. Fala anormal Pede-se para o paciente dizer “o rato roeu a roupa do rei de roma” Usa as palavras corretas, com pronúncia clara. Pronuncia palavras ininteligíveis, usa palavras incorretas ou é incapaz de falar. Existem outros diagnósticos que devem ser lembrados no diagnóstico diferencial, como: enxaqueca, intoxicação aguda por álcool ou outras drogas, paralisia de Bell, dissecção da artéria carótida ou da artéria vertebral, anormalidades eletrolíticas, esclerose múltipla, infecções no sistema nervoso central, transtorno Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP 45 psiquiátrico, entre outros. Lembrando que esses diagnósticos necessitam de exames complementares no hospital. O ataque isquêmico transitório (AIT) pode ter os mesmos sinais de sintomas de um AVC, porém observa-se resolução do quadro dentro de 24h, sendo, na maioria das vezes, em até uma hora. De acordo com a National Stroke Association, cerca de 10% desses pacientes irão sofrer AVC em 90 dias, e cerca de 50%, em 2 dias. O AIT é um sinal de alerta que não deve ser ignorado. entretanto, precede apenas 1 em cada 8 casos de AVC. Tratamento: A prioridade imediata no contexto pré-hospitalar é considerar a possibilidade da vítima estar sofrendo um AVC isquêmico e transportá-la, o mais rápido possível para um centro hospitalar para tratamento imediato (período de até 4,5h do início do evento), e assim, tentar reverter as complicações, reduzindo a mortalidade e morbidade do AVC isquêmico, onde neste período, poderá receber tratamento trombolítico (Alteplase) ou tromboembolectomia (extração do trombo da artéria cerebral). Estes pacientes deverão ser levados para unidades hospitalares especializadas em AVC. 1. Na primeira avaliação, devemos seguir o ABC da vida, observando a via aérea e a ventilação do paciente principalmente. 2. Administrar oxigênio se a saturação estiver abaixo de 94%. 3. Manter o paciente na posição de Fowler ou decúbito dorsal com ligeira elevação da cabeça. 4. Não reduzir a pressão arterial, exceto se ela se mantiver acima de 220x120mmHg, quando na presença ou sob orientação da equipe saúde habilitada. 5. A temperatura deve ser reduzida se estiver acima do normal, pois pode aumentar a lesão cerebral isquêmica. 1.2 - Cefaléia/ Enxaqueca A cefaléia pode ocorrer isolada ou associada a outro sintomas, e pode ser decorrente de inúmeras patologias como infecções, crise hipertensiva, acidente Posição de Fowler Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar -
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