Buscar

1 APS- Genética e Citogenética

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

24
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
 
Aspectos genéticos da obesidade e fatores determinantes do excesso de peso em adolescentes.
Araraquara
2017
Aspectos genéticos da obesidade e fatores determinantes do excesso de peso em adolescentes.
Trabalho Integrado de curso
para a obtenção da nota do 
primeiro semestre do curso 
de Farmácia apresentado
à Universidade Paulista - UNIP
Orientador: (Fernanda Lopes Kinouchi)
Araraquara
2017
RESUMO
A obesidade é um grave problema de saúde pública na sociedade atual. Inúmeras são as pesquisas científicas direcionadas ao estudo das causas do desenvolvimento da obesidade. Em busca da compreensão aprofundada e radical das causas da obesidade na adolescência, abordei as causas genéticas da obesidade e alguns fatores determinantes para seu desenvolvimento como: hábitos e estilo de vida do individuo, modificações genéticas causadoras das síndromes associadas à obesidade, estado nutricional dos pais que são passados para seus filhos logo na infância e fatores ambientais. Infere-se que a grande associação entre excesso de peso nos adolescentes e o estado nutricional dos pais, esta relacionada com inúmeros fatores. Dessa forma, a presença de um fator de risco, como, por exemplo, a predisposição genética, pode ser amenizada por um fator de proteção, como hábitos alimentares saudáveis. Portanto concluímos que é de suma importância, no futuro, que os testes genéticos possam rastrear a população para predizer o nível de risco individual para o desenvolvimento da doença, pois, a partir daí, juntamente com bons hábitos dos indivíduos, teremos resolvido definitivamente este grande problema de Saúde Pública, que tem insistido em tornar-se, a cada década, mais prevalente.
Palavras-chave: obesidade, genética e adolescência.
ABSTRACT
Obesity is a serious public health problem in today's society. Numerous scientific studies are directed to the study of the causes of the development of obesity. In search of an in-depth and radical understanding of the causes of obesity in adolescence, I approached the genetic causes of obesity and some determinants for its development such as: habits and lifestyle of the individual, genetic modifications causing the syndromes associated with obesity, nutritional status of the parents Which are passed on to their children as early as childhood and environmental factors. It is inferred that the great association between overweight in adolescents and the nutritional status of parents is related to many factors. Thus, the presence of a risk factor, such as genetic predisposition, can be mitigated by a protective factor such as healthy eating habits. Therefore, we conclude that it is of the utmost importance in the future that genetic tests can trace the population to predict the individual risk level for the development of the disease, since then, together with good habits of the individuals; we will have solved definitively this great Public health problem, which has insisted on becoming, every decade, more prevalent.
Key words: obesity, genetics and adolescence.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Mapa genético da obesidade.....................................................................13
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Síndromes genéticas associadas à obesidade.........................................14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
DNA – Ácido Desoxirribonucleico
UCP’S – Proteínas Desacoplantes
NPY – Neuropeptídio Y
PCR – Reação em cadeia da polimerase
SBB – Síndrome de Bardet-Biedl
SAL – Síndrome de Alström
OHA – Osteodistrofia de Albright
PHP – Pseudohipoparatireoidismo
PPHP – Pseudopseudohipoparatireoidismo
PTH – Resistência ao parahormônio
TSH – Hormônio estimulador da tireoide
AMPc – Monofosfato de adenosina cíclico
SNC – Sistema nervosa central
SPW – Síndrome de Prader-Willi
SAN – Síndrome de Angelman
IMC – Índice de massa corpórea
SBFL – Síndrome de Börjeson-Forssman-Lehmann
DCNT – Doenças crônicas não transmissíveis 
SUMÁRIO
1	 INTRODUÇÃO.................................................................................................10
2	 GENÉTICA DA OBESIDADE......................................................................11
2.1	 SÍNDROMES GENÉTICAS ASSOCIADAS À OBESIDADE..........................14
2.1.2	 Síndrome de herança autossômica recessiva.................................................15
2.1.3	 Síndrome de Bardet-Biedl................................................................................15
2.1.4	 Síndrome de Alström.......................................................................................15
2.1.5	 Síndrome de Cohen........................................................................................16
2.2	 Síndrome de herança autossômica dominante...............................................16
2.2.1	 Osteodistrofia de Albright................................................................................16
2.3	 Síndrome de herança complexa.....................................................................17
2.3.1	 Síndrome de Prader-Willi................................................................................17
3	 Síndrome de herança ligada ao cromossomo X.............................................19
3.3.1	 Síndrome de Börjeson-Forssman-Lehmann...................................................19
3.3.2	 Síndrome de MEHMO.....................................................................................19
3	 RELAÇÃO DA OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA E O ESTADO NUTRICIONAL DOS PAIS........................................................................................20
4	CONCLUSÃO.................................................................................................22
REFERÊNCIAS...............................................................................................23
1	INTRODUÇÃO
A obesidade é distúrbio neuroendócrino caracterizado por uma excessiva acumulação de gordura corporal, sendo considerada uma doença crônica e multifatorial, no início da adolescência é apontado como um dos momentos mais preocupantes. Na adolescência, especificamente, o problema da obesidade tende a intensificar, por encontrar-se num estágio de desenvolvimento e crescimento acompanhado de mudanças morfológicas e fisiológicas complexas, nas quais as dietas com alto valor energético e o estilo de vida sedentário são apontadas como as principais razões deste aumento (MONTEIRO et al., 1995).
É considerada uma epidemia mundial e uma das maiores preocupações de saúde pública. No Brasil, as mudanças demográficas, socioeconômicas e epidemiológicas ao longo do tempo permitiram que ocorresse a denominada transição nos padrões nutricionais, com a diminuição progressiva da desnutrição e o aumento da obesidade. As consequências da obesidade para a saúde são muitas, e variam do risco aumentado de morte prematura a graves doenças não letais, mas debilitantes e que afetam diretamente a qualidade de vida destes indivíduos (FRUTUOSO; BOVI; GAMBARDELLA, 2011).
No Brasil, estudos epidemiológicos genéticos publicados sobre obesidade e sobrepeso na adolescência nos indicam uma taxa de crescimento tanto em crianças como em adolescentes, casos preocupantes, pois muitos problemas estão associados ao excesso de adiposidade.
Este aumento vem ocorrendo devido a influência de fatores externos/ambientais e também estão associados a hábitos alimentares e estilo de vida, aliando tudo isso ao sedentarismo. Análise de segregação de núcleos familiares, nos mostram uma forte relação entre excesso de peso dos pais e obesidade em adolescentes, associando fatores genéticos. (PONTES; AMORIM; LIRA, 2013).
Diferenças no estado nutricional podem ser decorrentes tanto de influência genética, quanto do meio ambiente, e da interação entre ambos. A correspondência entre sobrepeso dos pais e de filhos é grande e decorre da participação da hereditariedade e a do meio-ambiente (FRANCISCHI et al., 2001).
Sendo assim, diversos estudos têm sido realizados com o objetivo de identificar a relação do excessode peso e aspectos genéticos através dos mecanismos de regulação do apetite; variações do metabolismo basal; no efeito termo gênico dos alimentos; na atividade física espontânea e na regulação da utilização metabólica dos nutrientes energéticos. Estudos determinam que os genes interveem na manutenção de peso e gorduras corporais estáveis ao longo do tempo, (MARTINEZ, FRUHBECK, 1996).
Este trabalho tem como objetivo abordar a associação entre o excesso de peso em adolescentes e os aspectos genéticos da obesidade e identifica possíveis fatores determinantes. 
2. Revisão Bibliográfica
2.1	Genética da obesidade 
Existem diversos métodos de investigação de fatores genéticos da obesidade. Um deles seria correlacionar um gene com um fenótipo, mas como a densidade de DNA codificante (<5%) é baixa, torna-se difícil a investigação, e pela magnitude do material genético existente do genoma humano, e também as influências entre genes e fatores externos/ambientais. (COMUZZIE; ALLISON, 1998).
Estudos sobre a síndrome mendeliana também indicam que a obesidade pode ser uma característica de doenças autossômicas dominantes, recessivas e ligadas ao cromossomo X. Porém, outros estudos experimentais, também permitiram identificar alguns genes associados com a obesidade, através do genótipo de animais geneticamente obesos ou do cruzamento de animais selecionados pelo fenótipo e mediante animais carentes ou que expressam de forma elevada os receptores adrenérgicos b3, proteínas desacoplantes (UCP'S), fatores de transcrição e diferenciação, neuropeptídio Y (NPY), etc. (BRAY; BOUCHARD, 1997).
Os genes implicados na obesidade podem ser ascendentes ou descendentes de acordo com as estratégias de identificação. Na abordagem ascendente trata-se de estabelecer uma relação ou "ligação" entre uma caractéristica genética dentro de uma família e a transmissão do gene/genes, ou seja, do genótipo correlacionado com o fenótipo. Na metodologia descendente, parte do fenótipo e analisa os genes entre diversos núcleos e grupos familiares para verificar o grau de hereditariedade desse caráter. Este estudo dispõe de algumas limitações devido aos métodos de avaliação da obesidade e à natureza epidemiológica destas investigações com base em critérios estatísticos e não individuais (ORERA, 1997).
Para se determinar genes relacionados com a obesidade ou outras doenças vinculadas geneticamente, faz-se uma análise do DNA humano incluindo técnicas de clonagem e sequenciamento de genes ou fragmentos de DNA, hibridação de ácidos nucléicos, utilização de enzimas de restrição (endonucleases), fracionamentos por eletroforese (Southern), amplificação por reações em cadeia com polimerases (PCR), ou análise de produtos do gene (proteínas), entre outras. (ROMEO, 1995).
A técnica de incorporar um gene ou fragmento de DNA no interior da célula, poderia permitir o tratamento genético da obesidade. Como exemplo dessa possibilidade, esta técnica deu-se na indução da produção de leptina em músculo, depois da incorporação do seu gene nesse tecido. A leptina, então sintetizada e isolada pelo tecido adiposo, funciona como um sinalizador de saciedade, atuando sobre o hipotálamo, regulando o apetite e o metabolismo e, consequentemente, controlando a gordura corporal. Os resultados são satisfatórios, pois revelam uma redução significativa do apetite depois da injeção de DNA, assim como também uma diminuição do peso corporal. Estes resultados confirmam que a leptina funcional pode ser produzida pelo músculo e liberada na circulação sanguínea; reforçando a hipótese de que a leptina contribui aos efeitos de regulação do peso e da massa gorda corporal, podendo constituir-se numa via de aplicação da terapia gênica no tratamento da obesidade (ROMEO, 1995).
O mapa genético descreve a ordem dos genes ou de componentes do DNA (marcadores), assim como os espaços não codificantes em cada cromossomo (ROMEO, 1995).
As metodologias para traçar a genética da obesidade incluem: hibridação in situ, remoção de uma parte ou restrição de regiões cromossômicas e isolamento de cromossomas artificiais em leveduras. O traçado do mapa genético da obesidade supõe identificar os loci onde residem os distintos caracteres envolvidos na etiologia da obesidade.
Nos estudos de Síndrome Mendeliana, indica que todos os cromossomas do genoma humano contêm loci relacionados com a obesidade, exceto o cromossoma Y. Por outro lado, a participação dos diversos genes no desenvolvimento da obesidade pode afetar o controle do apetite, o gasto energético e a regulação termogênica, assim como a utilização metabólica de substratos combustíveis e sinalização (BRAY; BOUCHARD, 1997). 
2.2	Síndromes Genética Associadas à Obesidade
O aumento na prevalência de excesso de peso e a obesidade podem ser atribuídos ao sedentarismo e à mudanças de hábitos alimentares, com a introdução de alimentos hipercalóricos, ricos em lipídeos e carboidratos. Entretanto, a etiologia da obesidade é complexa e resulta da interação entre genes, ambiente e estilo de vida. São citadas oito síndromes nas quais houve importante avanço no entendimento dos mecanismos genéticos do excessivo ganho de peso (DELRUE; MICHAUD, 2004).
2.2.1	Síndrome de Herança Autossômica Recessiva 
2.2.2	Síndrome de Bardet-Biedl 
A síndrome de Bardet-Biedl (SBB) tem uma frequência estimada de <1/100.000 por nascimento. A herança desta síndrome é considerada como um transtorno autossômico recessivo associado à obesidade, causada por redução na expressão de genes paternos localizados na região 15q11-13. È caracterizada por hipotonia neonatal com dificuldade de sucção, baixa estatura, mãos e pés pequenos, distúrbio do sono, dismórfismos faciais, retinopatia pigmentar, hipogonadismo, polidactilismo e retardo mental de leve a moderado e comportamento obsessivo-compulsivo. A base genética desta síndrome é complexa, pois há o envolvimento de pelo menos oito loci cromossômicos (DOLLFUS et al., 2005).
A etiologia da obesidade é desconhecida. Ela tem início nos primeiros anos de vida e compromete principalmente o tronco e membros proximais. Aproximadamente 75% dos pacientes são obesos na vida adulta. Resistência insulínica foi observada em 45% dos indivíduos. Grace et al. (2003), comparando pacientes com SBB e um grupo controle com grau de obesidade semelhante não encontrou diferenças em relação ao metabolismo energético ou composição corporal, concluindo que a SBB não está associada a anormalidades específicas do metabolismo energético.
2.2.3	Síndrome de Alström 
A síndrome de Alström (SAL) é uma rara doença de com caráter genético de desordem autossômica recessiva resultante de mutação no gene ALMS1 do cromossomo 2p, que acomete diversas partes do corpo, caracterizada por cegueira progressiva, surdez neurossensorial, obesidade infantil, hipertrigliceridemia, hipogodanismo, resistência à insulina, hiperisulinemia levando à diabetes tipo 2. A ausência de retardo mental e anomalias nas extremidades auxiliam no diagnóstico diferencial com outras síndromes associadas à obesidade. Embora essas crianças apresentassem peso adequado ao nascimento, observou-se rápido ganho de massa corporal nos três primeiros anos, com média de início aos 18 meses. A hiperfagia e o aumento de peso são observados no primeiro ano de vida progredindo para obesidade infantil. Um estudo mostrou que 98% dos pacientes eram obesos na infância. Na adolescência, o peso tende a diminuir, já a resistência à insulina persiste. Os casos de diabetes melito geralmente são descritos após este período (DELRUE; MICHAUD, 2004). 
2.2.4	Síndrome de Cohen 
A síndrome de Cohen condição de herança autossômica recessiva, caracterizada por falha do desenvolvimento na lactância/infância e obesidade troncular na adolescência, hipotonia de início prematuro, atrasos no desenvolvimento, microcefalia em desenvolvimento durante o primeiro ano de vida, retardo psicomotor moderado a profundo, distrofia retinocoroidal e miopia progressivas, neutropenia, infecções recorrentes e úlceras aftosas em alguns, boa disposição e hiperextensibilidadedas juntas. Frequentemente apresenta características faciais peculiares, como pálpebras arqueadas e altas ou em formato de onda, hipoplasia maxilar, incisivos frontais proeminentes, palato ogival, depressão infranasal curta, cabelos espessos, e linha do cabelo baixa (ATABECK et al., 2004).
O locus para esta síndrome foi localizado no cromossomo 8q22. Seu mecanismo patogênico, porém é desconhecido. O peso médio ao nascimento é 2.800 g. Durante a infância, há exagerado ganho de peso, principalmente na região do tronco. Os membros geralmente são magros, quando comparados ao corpo. A frequência de obesidade nesta síndrome é incerta, variando de 17-30% (ATABECK et al., 2004).
2.3	Síndrome de Herança Autossômica Dominante 
2.3.1	Osteodistrofia de Albright
 A osteodistrofia hereditária de Albright (OHA) caracteriza-se por obesidade, baixa estatura, face arredondada, pescoço curto, calcificações subcutâneas, encurtamento, alargamento e encurvamento dos ossos longos das mãos e pés (braquidactilia, que geralmente afeta o 4º e 5º dedos), atrasos da idade óssea, alterações dentárias, auditivas e olfativas, estas devidas à hipoplasia do andar médio da face e grau variável de atraso mental. 
A OHA é uma doença de transmissão autossómica dominante, que resulta de uma mutação inactivadora no gene GNAS, que codifica uma proteína (sub-unidade α, ou isoforma Gα) que faz parte das proteínas G, as quais se localizam nos eritrócitos e são activadas na presença hormonal. A mutação inativadora no gene GNAS pode estar localizada no alelo materno ou paterno, pelo que a expressão de Gα é feita através do alelo não inativado, resultando numa diminuição das atividades das proteínas G.
O tratamento da hipocalcemia, associada a esta doença, consiste na administração crônica de suplementos de cálcio e vitamina D. A dose administrada deve ser monitorada no plasma e urina, de modo a evitar hipercalciúria. Deve ser feito um acompanhamento médico dos doentes ao longo do tempo. (Miltenberger-Miltenyi, 2011)
Desta forma, é possível que desregulação de vias autonômicas no SNC possa ser a causa da obesidade. Há diversos receptores acoplados à proteína G que agem no controle hipotalâmico do balanço energético (DELRUE; MICHAUD, 2004).
2.4	Síndrome de Herança Complexa
2.4.1	Síndrome de Prader-Willi
A síndrome de Prader-Willi (SPW) é uma doença neurocomportamental que apresenta defeito de natureza genética, com incidência estimada em 1:25.000 nascimentos. É considerada a forma mais comum de obesidade sindrômica. Sendo caracterizada por hipotonia neonatal com dificuldades de sucção e deglutição, pequena estatura e baixo peso. Entre dois a quatro anos, surgem a hiperfagia e obesidade. A maioria apresenta baixa estatura (BITTEL; BUTLER, 2005).
A SPW é causada por redução ou ausência na expressão de genes paternos dentro do segmento 15q11-13, como resultado de microdeleção (70% dos casos), dissomia uniparental materna ocorre em aproximadamente (25% dos casos) e os pacientes tem um defeito no centro de imprinting (<5%). A causa da hiperfagia permanece incerta. A deficiência de hormônio de crescimento, hipogonadismo hipogonadotrópico e hiperfagia severa sugere disfunção hipotalâmica. O peptídeo grelina estimula a ingestão de alimentos. A SPW apresenta níveis séricos de grelina aumentados. Isto pode explicar a associação com alimentação compulsiva e descontrolada (BITTEL; BUTLER, 2005).
2.4.2	Síndrome de Angelman
A síndrome de Angelman (SAN) é um distúrbio com prevalência estimada é de 1:10.000 a 1:20.000 crianças. Seus portadores apresentam atraso no crescimento cefálico, que resulta em microcefalia aos 2 anos de idade e, conforme crescem, muitos se caracterizam por prognatismo, com queixo proeminente, boca larga, com o lábio superior fino, a língua protusa e os dentes espaçados. A cabeça mais achatada no sentido anteroposterior também é comum. Muitos adultos desenvolvem obesidade devido a uma ingesta calórica grande (adoram comer) e uma relativa relutância em caminhar ou participar de atividades esportivas, mas também surge como efeito colateral de anticonvulsivante, retardo mental grave, sintomas autísticos, comprometimento ou ausência da fala, epilepsia, comportamento expansivo com riso fácil, frequente e inadequado. Entre os portadores de deleções que incluem o gene P, é comum a hipopigmentação da pele, dos olhos e da retina e uma alta proporção de estrabismo. O gene P, necessário para pigmentação normal, fica próximo ao gene UBE3A e codifica um transportador de membrana para pequenas moléculas, provavelmente envolvido no transporte de tirosina, precursora de melanina, nos melanócitos19. Nas crianças que já andam, chama a atenção: hipotonia muscular, movimentos trêmulos e imprecisos, e andar desequilibrado e atáxico (CLAYTON-SMITH; LAAN, 2003).
A grande maioria dos casos da síndrome de Angelman é causada por quatro mecanismos genéticos distintos, definidos como classes de mutação I a IV, todos resultando em uma ausência de expressão do gene UBE3A materno, localizado na região 15q13 que, por sua vez, pode ser resultante de: uma deleção maior (70% dos casos - Classe I), dissomia uniparental paterna (2% dos casos - Classe II), defeito de imprinting (4% - Classe III), ou mutações intragênicas (5-10% - Classe IV). Em uma quinta classe V, são incluídos aqueles casos impossíveis de serem enquadrados nas classes anteriores. Estudos mostram que 1/3 dos pacientes com mutações Classe IV e 47-64% dos pacientes classes II e III apresentam índice de massa corpórea (IMC) acima do percentual 95%. Por outro lado, aqueles com deleção Classe I geralmente não apresentam IMC aumentado. É possível que o gene UBE3A possa regular o balanço energético. Este gene codifica a E6- AP ubiquitina-proteína-ligase, que participa da ubiquinação de proteínas, um processo que marca proteínas destinadas à degradação (CLAYTON-SMITH; LAAN, 2003). 
2.5	Síndrome de Herança ligada ao Cromossoma X 
2.5.1	Síndrome de Börjeson-Forssman-Lehmann 
A síndrome de Börjeson-Forssman-Lehmann (SBFL) Síndrome rara, hereditária de transmissão recessiva, ligada ao cromossoma X, mais frequente (e só completa) no sexo masculino. Caracterizada por microcefalia, atraso mental grave, grande obesidade do tronco, acúmulo de tecido subcutâneo em face, infiltração mixedematosa do tecido subcutâneo, hipogonadismo com reduzido desenvolvimento dos órgãos sexuais, hipometabolismo, epilepsia. Como hipopituitarismo e hipoplasia do nervo óptico têm sido relatados, foi sugerido que um defeito do desenvolvimento do sistema nervoso central poderia ter o potencial de afetar os núcleos hipotalâmicos envolvidos no controle de energia. O fenótipo clássico só está presente na vida adulta. A SBFL é causada por mutações no gene situado na região Xq26.3, que codifica a proteína PHF6. Embora a PHF6 pareça funcionar como um fator de transcrição, seu papel na gênese da síndrome permanece obscuro. (VISOOTSAK et al., 2004). 
2.5.2	Síndrome MEHMO 
A síndrome MEHMO (mental retardation, epileptic seizures, hypogonadism, hypogenitalism, microcephaly, and obesiy – retardo mental, convulsões epilépticas, hipogonadismo, hipogenitalismo, microcefalia e obesidade) é uma síndrome genética associada à obesidade (LESHINSKY-SILVER et al., 2002).
O gene responsável pela síndrome parece estar localizado na região Xp22.13-Xp21.1. Há evidências de que se trata de uma doença mitocondrial ligada ao X, devido à atividade reduzida de enzimas do complexo respiratório mitocondrial I, III e IV. A ciência que estuda os tecidos biológicos, determina que no músculo esquelético apresenta infiltração gordurosa e proliferação mitocondrial. As deficiências do DNA mitocondrial que codificam complexos da cadeia respiratória, com níveis normais de enzimas mitocondriais codificadas por genes nucleares, e a morfologia das mitocôndrias sugere que um defeito nuclear conduza à função mitocôndrial anormal. A expectativa de vida é menos de 2 anos e o ganho de peso inicia cedo. Embora as alterações hipotalâmicas sejam sugeridas para o fundamento da obesidade,os mecanismos fisiopatológicos ainda não são bem definidos (LESHINSKY-SILVER et al., 2002). 
3	Relação da obesidade na adolescência e o estado nutricional dos pais. 		
De acordo com a literatura a obesidade trata-se de uma doença resultante de um desequilíbrio nutricional por conta de um balanço energético positivo que se dá, por sua vez, na medida em que o indivíduo consome mais energia do que é capaz de gastar. Assim, tem se um acúmulo de energia que, por ação do hormônio insulina, é convertida a gordura. É fator de risco para o desenvolvimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), dentre elas as cardiovasculares, as quais se caracterizam como a principal causa de morte no mundo (LIBERATORE; SANTOS, 2006).
Tendo em vista esta dinâmica fisiológica, a literatura científica aponta que o desenvolvimento de obesidade está fortemente associado ao estilo de vida, mais exclusivamente, no que se refere à prática de atividade física e alimentação. Nesse sentido, sabe-se que quanto mais ativa é a vida de uma pessoa, menores são as chances desta se tornar obesa. E quanto mais rica é a alimentação do indivíduo em açúcares, lipídeos e alimentos industrializados, também são maiores as chances deste indivíduo tornar-se obeso (ENES; SLATER, 2010). 
O estado nutricional dos pais tem forte influência nos fatores relacionados ao sobrepeso e a obesidade em adolescentes quando comparados a filhos de pais saudáveis.(FRUTUOSO; BOVI; GAMBARDELLA, 2011). Estudo conduzido por Morton et al. (2012), mostrou que famílias que têm hábitos alimentares saudáveis e praticam atividade física regular, mostra que o nível de atividade física dos adolescentes parece estar diretamente relacionado com a prática de atividade física dos pais
No que se refere à obesidade infantil, autores destacam que ela está fortemente associada ao desmame precoce e a introdução inadequada de alimentos. Fazem-se necessário, no entanto, considerar que a excessiva jornada de trabalho das mães e o tempo gasto no transporte até o local de trabalho podem contribuir para o desmame precoce das crianças e, consequentemente, introdução inadequada de alimentos na dieta. Além destes fatores, ainda são apontados: o peso pré-gestacional materno, o fumo durante a gestação e o estado nutricional na infância. Sobre a obesidade no público adolescente, os autores afirmam que isso se deve ao consumo de lanches em excesso e à enorme suscetibilidade desta população à propaganda consumista (LIBERATORE; SANTOS, 2006).
Além do estilo de vida inadequado, houve uma tendência da população de um modo geral nesses últimos anos, em substituir as principais refeições por lanches rápidos, conhecidos como fast-food. Ainda de acordo com os autores, o horário de se realizar as principais refeições bem como a seleção dos alimentos consumidos é passado de pais para filhos (LOPES; PRADO; COLOMBO, 2010). 
A alta prevalência de excesso de peso encontrada nos estudos realizados com adolescentes brasileiros pode ser relacionada ao processo de transição nutricional, pelo qual a população tem passado. Estudos com adolescentes dos Estados Unidos comprovaram que o nível socioeconômico é outro fator determinante, que também apresentou grande relação com o excesso de peso nesses adolescentes, pois aqueles que apresentam menor renda familiar e menor escolaridade dos pais, menores rendimentos e moradia em área de baixa renda foram associados positivamente ao excesso de peso de adolescentes, pois a baixa escolaridade paterna e materna restringe a oportunidade de empregos com melhores remunerações, ocasionando uma menor renda anual das famílias, o que influencia no local de moradia (TERRES et al., 2006). 
O aspecto genético tem forte impacto na modulação do estado nutricional de pais e filhos, porém necessita-se de maior elucidação dos mecanismos envolvidos. Estudo realizado no Japão encontrou provas que sugerem uma transmissão paterna da obesidade induzida por alta consumação de gordura, a qual pode ocorrer através da impressão genômica e está relacionada com a expressão dos genes Peg3 e Igf2 (MORITA et al., 2014).
Assim entende-se que a grande relação entre excesso de peso nos adolescentes e o estado nutricional dos pais, esta relacionada com inúmeros fatores. Dessa forma, a presença de um fator de risco, como, por exemplo, a predisposição genética, pode ser amenizada por hábitos alimentares saudáveis (DALCASTAGNÉ, 2008).
Por fim, os estudos demonstram que adolescentes filhos de pais com excesso de peso têm maior risco de apresentarem sobrepeso ou obesidade, quando comparados a filhos de pais saudáveis. Esse risco é maior quando ambos os pais são obesos. Não está definida na literatura qual a porcentagem de participação dos fatores ambientais e genéticos nesta associação, porém sabe-se que ambos têm seu papel (DALCASTAGNÉ, 2008). 
4	CONCLUSÃO
A aplicação de diferentes tecnologias, cada vez mais sofisticadas, vem permitindo o avanço no conhecimento sobre a obesidade. Como discutido neste trabalho, diversos estudos demonstram de forma evidente a participação do componente genético na incidência da obesidade e que o ambiente tem a capacidade de influenciar diretamente na suscetibilidade do seu desenvolvimento, seja por meio de hábitos e estilo de vida, ou seja por modificações genéticas causadoras das síndromes, seja por fatores nutricionais dos adolescentes influenciáveis pelos pais. É esperado que, no futuro, os testes genéticos possam rastrear a população para predizer o nível de risco individual para o desenvolvimento da doença, pois, a partir daí, juntamente com bons hábitos do indivíduo, teremos resolvido definitivamente este grande problema de Saúde Pública, que tem insistido em tornar-se, a cada década, mais prevalente.
REFERÊNCIAS
ATABECK ME, KESKIN M, KURTOGLU S, KUMANDAS S. Cohen syndrome with insulin resistance and seizure. Pediatr Neurol 30:61-3, 2004.
BITTEL DC, BUTLER MG. Prader-Willi syndrome: clinical genetics, cytogenetics and molecular biology. Expert Rev Mol Med 7(14):1-20, 2005.
BRAY G, BOUCHARD C. Genetics of human obesity: research directions. FASEB J 1997; 11:937-45.      
CHENG LA, MENDONÇA G, FARIAS JÚNIOR JC. Physical activity in adolescents: analysis of the social influence of parents and friends. J Pediatr 2014; 90(1):35-41.
CLAYTON-SMITH J, LAAN L. Angelman syndrome: a review of the clinical and genetic aspects. J Med Genet 40:87- 95, 2003.
COMUZZIE AG, ALLISON DB. The search for human obesity genes. Science 1998; 280:1374-7.       
DALCASTAGNÉ, G. et al. A influência dos pais no estilo de vida dos filhos e sua relação com a obesidade infantil. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo, v. 2, n. 7, p. 44-52, jan./fev. 2008.
DELRUE MA, MICHAUD JL. Fat chance: genetic syndromes with obesity. Clin Genet 66: 83-93, 2004.
DOLLFUS H, VERLOES A, BONNEAU D, COSSEE M, PERRINSCHMITT F, BRANDT C, FLAMENT J, MANDEL JL: Update on Bardet-Biedl syndrome. J Fr Ophtalmol 28(1):106-12, 2005.
ENES, C. C.; SLATER, B. Obesidade na adolescência e seus principais fatores determinantes. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 163-171, 2010.
FRANCISCHI RP, PEREIRA LO, LANCHA JR AH. Exercício, comportamento alimentar e obesidade: revisão dos efeitos sobre a composição corporal e parâmetros metabólicos. Rev Paul Educ Fís 2001;15:117-40.
FRUTUOSO MFP, BOVI TG, GAMBARDELLA AMD. Adiposidade em adolescentes e obesidade materna. Rev. Nutr. 2011; 24(1):5-15.
GRACE C, BEALES P, SUMMERBELL C, JEBB SA, WRIGHT A, PARKER D, KOPELMAN P. Energy metabolism in BardetBiedl syndrome. Int J Obes Relat Metab Disord 27:1319-24, 2003.
LESHINSKY-SILVER E, ZINGER A, BIBI CN, BARASH V, SADEH M, LEV D, SAGIE TL. MEHMO (Mental retardation, Epileptic seizures, Hypogenitalism, Microcephaly, Obesity): a new X-linked mitochondrial disorder. Eur J Hum Genet 10(4): 226- 30, 2002.
LIBERATORE JÚNIOR, R. D. R.; SANTOS, L. R. Crianças e adolescentes obesos: estamos capacitados para atendê-los? Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v. 24, n. 1, p. 52-56, 2006.LOPES, P. C. S.; PRADO, S. R. L. A.; COLOMBO, P. Fatores de risco associados à obesidade e sobrepeso em crianças em idade escolar. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 63, n. 1, p. 73-78, jan./fev. 2010.
MARTINEZ JA, FRUHBECK G. Regulation of energy balance and adiposity: a model with new approaches. J Physiol Biochem 1996; 52:255-8.     
MONTEIRO CA, MONDINI L, SOUZA ALM, POPKIN BM. Da desnutrição para a obesidade: a transição nutricional no Brasil. In: Monteiro CA, editor. Velhos e novos males da saúde no Brasil – a evolução do país e de suas doenças. São Paulo: Hcitec-NUPENS/USP, 1995:247-55.
MORITA S, HORII T, KIMURA M, ARAI Y, KAMEI Y, OGAWA Y, et al.. Paternal Allele Influences High Fat Diet-Induced Obesity. PLoS ONE 2014; 9(1):e85477.
MORTON KL, WILSON AH, PERLMUTTER LS, BEAUCHAMP MR. Family leadership styles and adolescent dietary and physical activity behaviors: a cross-sectional study. Int J Behav Nutr Phys Act 2012; 9(1):48.
ORERA M. Aspectos genéticos de la obesidade. In: Moreno B, Monereo S, Álvarez J. Obesidad: presente y futuro. Madrid: Biblioteca Aula Médica; 1997. p.51-69.      
PONTES LM; AMORIM RJ; LIRA PIC. Prevalência e fatores associados ao excesso de peso em adolescentes da rede pública de ensino de João Pessoa, Paraíba. Rev AMRIGS 2013; 57(2):105-111.
ROMEO CM. Genética humana. Bilbao: Universal Deusto; 1995. 
TERRES NG, PINHEIRO RT, HORTA BL, PINHEIRO KAT, HORTA LL. Prevalência e fatores associados ao sobrepeso e à obesidades em adolescentes. Rev Saude Publica 2006; 40(4):627-633.
VISOOTSAK J, ROSNER B, DYKENS E, SCHWARTZ C, HAHN K, WHITE SM, SZEFFEL R, GRAHAM JM. Clinical and behavioral features of patients with Borjeson-ForssmanLehmann syndrome with mutations in PHF6. J Pediatr 145(6):819-25, 2004.

Outros materiais