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CLEBSON PANTOJA PIMENTEL 1. CITOPLASMA O citoplasma (figura 1) das células eucariota é formado por uma solução coloidal, viscosa e de aspecto relativamente uniforme, que contém água (80%), íons diversos, aminoácidos e proteínas. No citoplasma estão localizados o núcleo e as organelas celulares membranosas (Ex.: retículo endoplasmático, o complexo de Golgi, os lisossomos, as mitocôndrias, os peroxissomos) e, ainda, as inclusões lipídicas, os grânulos de glicogênio e os ribossomos (organela não membranosa). Estas estruturas são responsáveis pelas funções celulares, como digestão, respiração, secreção, síntese e transporte de proteínas. No citoplasma estão também os elementos do citoesqueleto, responsáveis por várias atividades dinâmicas das células, e os centríolos, estruturas geradoras dos microtúbulos. Figura 1. Esquema de uma célula mostrando as principais estruturas que constituem o citoplasma. CLEBSON PANTOJA PIMENTEL 1.1. RIBOSSOMOS Os ribossomos (figura 2) são organelas complexas que funcionam como local para a produção de cadeias polipeptídicas. Esta organela foi descoberta em 1953 por George Emil Palade, razão pela qual foram inicialmente conhecidos como grânulos de Palade. O estudo que possibilitou a descoberta dos ribossomos foi de grande importância, visto que, no ano de 1974 o biologista celular George Emil Palade, juntamente com o citologista norte-americano Albert Claude e com o bioquímico e citologista belga Christian Duve, foram agraciados com o prêmio Nobel de fisiologia e medicina. Os ribossomos são pequenas organelas não membranosas que funcionam como fábrica de proteínas, tanto em células procariontes como em células eucariontes. São constituídos por proteínas e rRNA. Os ribossomos são comumente designados de acordo com o seu coeficiente de sedimentação, unidade svedberg(S): 70S para os ribossomos de procariontes (bacterianos) e 80S para os ribossomos de células eucariontes. Tanto os ribossomos das células procariontes como de eucariontes são compostos por duas subunidades distintas (uma subunidade maior e um menor), cada uma contendo proteínas características e RNA ribossomal. O fato de as células conterem muitos ribossomos reflete a importância da síntese protéica no metabolismo da célula. Figura 2: ribossomos e suas subunidades, menor e maior. Nos ribossomos de células procariontes, a subunidade menor (30S), é formada por 21 proteínas e rRNA 16S; enquanto que a subunidade maior (50S) é constituída por 34 proteínas e rRNA 5S e 23S. Nas células eucariontes a subunidade menor (40S) é formada por 33 proteínas e um rRNA 18S; enquanto que a subunidade maior (60S) é constituída por 49 proteínas e rRNAs 5S; 5,8S e 28S. Alguns rRNA da subunidade maior são chamados de ribozimas, uma vez que, tem atividade enzimática e catalisam a formação de ligações peptídicas. As subunidades ribossomais maior e menor são produzidas no núcleo celular pelo nucléolo. Após a produção, as subunidades ribossomais prontas, migram para o citoplasma através do complexo de poros nuclear. Nos citoplasma, as subunidades ribossomais menores a maiores, ficam separadas e não formam ribossomos até que a síntese protéica seja iniciada. CLEBSON PANTOJA PIMENTEL Figura 3. Comparação entre ribossomos de procarionte e eucarionte. Vários ribossomos podem se reunir a uma fita de mRNA formando um complexo Ribossomos-mRNA, o qual é chamado de polirribossomo ou polissomo (figura 4). A leitura feita, por vários ribossomos ao mesmo tempo, de um mesmo mRNA, possibilita que uma determinada célula possa produzir uma grande quantidade de uma determinada proteína. Isso ocorre em certas células, tas como células do pâncreas, que em determinado momento, necessitam produzir uma grande quantidade de proteínas com ação de enzimas e hormônios, os quais são utilizados em vários processos celulares como a digestão. Figura 4. Polirribossomos, união de vários ribossomos a uma fita de RNAm. CLEBSON PANTOJA PIMENTEL Os ribossomos são encontrados livres no citosol e aderidos na face citoplasmática do retículo endoplasmático rugoso. Os ribossomos livres no citosol são responsáveis pela síntese de proteínas que terão como destino o próprio citosol, os cloroplastos, mitocôndrias, peroxissomos ou o núcleo celular. Enquanto que os ribossomos aderidos ao retículo endoplasmático rugoso são responsáveis pela síntese de proteínas que terão como destino o complexo de golgi, lisossomos, a membrana plasmática ou então meio extracelular, através da exocitose (figura 5). Figura 5. Destinos das proteínas produzidas nos ribossomos livres no citoplasma e aderidos à face citoplasmática do retículo endoplasmático rugoso. 1.2. RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO O retículo endoplasmático (RE) é a maior organela encontrada na maioria das células, ocupando cerca de 10% do volume celular. O R.E é formado por uma rede de membranas interconectadas na forma de tubos ou cisternas. Dois tipos de retículo endoplasmático são observados: liso (ou agranular) e rugoso (ou granular), os quais apresentam características morfológicas e funcionais distintas. O retículo endoplasmático liso ou agranular (REL OU REA) (figura 6) é caracterizado pela ausência de ribossomos aderidos à sua membrana e apresenta-se como uma rede de delgados túbulos que se anastomosam entre si. A maioria das células não possui grande quantidade de REL. No entanto, em células onde há intenso metabolismo lipídico, e detoxificação, essa organela é abundante. Nas células dos ovários o REL é responsável pela produção de hormônios sexuais femininos (Ex:estrogênio e projesterona) e nas células dos testículos o REL produz hormônio sexual masculino (testosterona). Nas células do fígado (hepatócitos) o REL contém enzimas que permite que seja detoxificado uma série de substancia tóxica como álcool, medicamentos, e outras drogas. A detoxificação consiste em transformar substâncias tóxicas em compostos hidrossolúveis, os quais possam ser eliminados através da urina. CLEBSON PANTOJA PIMENTEL Nas células musculares o REL é chamado de retículo sarcoplasmático. Neste tipo de célula o REL é responsável pelo seqüestro e armazenamento de cálcio, elemento fundamental no processo de contração muscular. O retículo endoplasmático rugoso (Figura 7), ou granular (RER ou REG), é contínuo com a carioteca ou membrana nuclear. Esta organela é caracterizada pela presença de polirribossomos aderidos ao lado citoplasmático de sua membrana. Esta organela apresenta formas variadas, freqüentemente em forma de túbulos achatados e longos ou bem dilatados, podendo estar localizada em vários pontos da célula ou concentrada em determinadas áreas do citoplasma. Figura 7. Observe que o RER é contínuo com a carioteca. Note a presença de polirribossomos e a síntese de proteínas. Figura 6. Retículo endoplasmático liso (REL) em cor laranja. Note a ausência de ribossomos. CLEBSON PANTOJA PIMENTEL O RE rugoso, em parceria com os polirribossomos, tem um importante papel na síntese, modificação e transporte de proteínas. As proteínas são capturadas pelo RER, por receptores presentes na sua membrana, assim que começam a ser sintetizadas pelo complexo de ribossomos e RNAm. As proteínas sintetizadas podem ter dois destinos: como proteínas transmembranares ou proteínas hidrossolúveis. As proteínas transmembranares podem permanecer na membrana do retículo ou serem destinadas à membrana plasmática e à membrana de outras organelas. Por outro lado, proteínas hidrossolúveis, quando sintetizadas, podem ser direcionadas para o complexo de Golgi ou encaminhadas ao lúmen de alguma organela, ou secretadas no meio extracelular. A Figura 8 abaixo mostra as vias secretoras, as quais compreendem o transporte de lipídeos, proteínas e polissacarídeos aos destinos finais e o empacotamento das macromoléculas em diferentes vesículas de transporte. Figura 8: As vias secretoras iniciam com o transporte de proteínas/lipídeos/hormônios do retículo endoplasmático para o complexo de Golgi, através de vesículas de transporte que se fundem com a face cis (face de entrada), no interior com complexo de golgi as moléculas sofrem modificações adicionais, e em seguida saem pela face traz (face de saída) dentro de vesículas de secreção. A partir do momento que são secretadas, as moléculas poderão tem diferentes destinos: podem integrar os lisossomos, serem adicionadas a membrana plasmática ou serem exportadas para o meio extracelular. CLEBSON PANTOJA PIMENTEL 1.3. COMPLEXO DE GOLGI O complexo de Golgi, também denominado complexo golgiense, aparelho de Golgi ou simplesmente Golgi (figura 9) foi descrito em 1898, pelo biólogo italiano Camilo Golgi. Esta organela é formada por vesículas e túbulos achatados empilhados e organizados, chamados de cisternas (cerca de 4 a 8 cisternas). As cisternas voltadas para o retículo endoplasmático são convexas (cisternas cis, face cis ou face de entrada). As centrais são denominadas cisternas medianas, e as mais próximas ao sítio de secreção são côncavas (cisternas trans, face trans ou face de saída). O complexo de Golgi apresenta como principais funções o processamento adicional de lipídeos e proteínas (denominados de glicosilação, sulfatação e fosforilação), formação de lisossomos, produção do acrossoma dos espermatozóides, além da separação e secreção (endereçamento) de moléculas sintetizadas. Logo o complexo de golgi faz parte da via biossintética secretora (RE síntese; Golgi processamento e seleção; vesículas transporte), já descrita. Figura 9. Via de secreção de moléculas a parte do REG. CLEBSON PANTOJA PIMENTEL 1.4. LISOSSOMOS Os lisossomos (figura 10) são estruturas geralmente esféricas, delimitados por uma membrana, que apresentam uma grande variação no seu tamanho. A membrana dos lisossomos são formados no complexo de Golgi, e em seu interior se encontram acumuladas mais de 40 enzimas hidrolítica com propriedade de digerir uma grande gama de substratos, incluindo ácidos nucléicos (nucleases), proteínas (proteases), glicídios ou carboidratos (glicosidases), lipídeos ( lípases). O interior dos lisossomos apresenta as hidrolases, as quais realizam suas funções em pH ótimo 5, e, assim, o interior dos lisossomos é ácido. A acidificação é realizada por bombas de H+, que gastam ATP. As suas enzimas são glicoproteínas provenientes do Golgi, que saem da sua face trans em vesículas específicas. A compartimentalização destas enzimas impede a lise indiscriminada dos conteúdos celulares. A principal função do lisossomo é a digestão intracelular, permitindo, assim, que a célula seja capaz de degradar partículas, macromoléculas, microrganismos ou outras células provenientes da endocitose. Além disso, os lisossomos agem na eliminação de organelas sem função ou partes danificadas da própria célula, por um processo denominado autofagia. A formação dos autolisossomos se inicia quando uma porção de RE envolve uma organela que deve ser destruída, formando uma vesícula em seu redor. Esta vesícula é posteriormente acidificada e funde-se com um lisossomo primário, que inicia a degradação. Na heterofagia, os lisossomos fundem-se com endossomos (provenientes da endocitose) ou fagossomos (provenientes da fagocitose). Figura 10. Ciclo de ação dos lisossomos. CLEBSON PANTOJA PIMENTEL 2. HIPÓTESE ENDOSSIMBIÓTICA (LYNN MARGULIS) A teoria simbiótica (ou endossimbiótica), proposta por Lynn Margulis, busca explicar a origem das mitocôndrias e dos cloroplastos, as únicas organelas, além do núcleo, que possuem genoma próprio. Esta hipótese defende que as mitocôndrias, provavelmente, são derivadas de células procariotas aeróbias, que foram englobadas por células eucariotas há milhões de anos. Tais bactérias desenvolveram uma relação de simbiose com as células eucariotas hospedeira, as quais agora tinham uma fonte mais eficiente de energia. Já a bactéria conseguia proteção e nutrientes da célula hospedeira. Essa associação teria perdurado ao longo do tempo, e as bactérias teriam dado origem às mitocôndrias. Os cloroplastos, provavelmente, descendem de cianobactérias (procariontes autótrofos), em um processo muito semelhante àquele que ocorrera com as mitocôndrias. Nesse caso, a cianobactéria realizava fotossíntese e produzia matéria orgânica para a célula eucariota hospedeira. Em troca, a cianobactéria adquiria proteção e matéria prima para a fotossíntese (figura 11). Figura 11. Teoria simbionte que explica a origem de mitocôndria e cloroplasto. A Hipótese Endossimbiótica é apoiada pelos seguintes fatos ou evidências: Mitocôndrias e Cloroplastos são similares às bactérias; Estes reproduzem por divisão binária Contem o seu DNA circula e sem proteínas histonas, semelhantes aos das bactérias; Tem ribossomos próprios semelhantes aos das bactérias; Os seus Ribossomos e rRNA são mais semelhantes aos das bactérias do que aos dos eucarióticas. CLEBSON PANTOJA PIMENTEL 2.1. MITOCÔNDRIAS As mitocôndrias (Figuras 12 e 13) estão presentes no citoplasma das células eucarióticas, sendo caracterizadas por uma série de propriedades morfológicas, bioquímicas e funcionais. Geralmente, são estruturas cilíndricas, podendo ser esféricas, ovóides e alongadas, com aproximadamente 0,5 a 1 µm de circunferência e cerca de 7 micrômetros de comprimento. Figura 12. Esquema e imagem de uma mitocôndria mostrando a membrana externa, a membrana interna, às cristas mitocondriais, o espaço intermembranar e a matriz mitocondrial. Figura 13. Observe que a matriz da mitocôndria contém ribossomos, DNA próprio. Logo essa organela realiza a replicação bem como a síntese de determinadas proteínas. CLEBSON PANTOJA PIMENTEL As mitocôndrias localizam-se em sítios intracelulares onde há maior necessidade de energia, pois sua função principal é a produção de ATP. Uma célula hepática normal pode conter de 1.000 a 1.600 mitocôndrias, enquanto alguns ovócitos podem conter até 300 mil. Possuem organização estrutural e composição lipoproteica características, e contêm um grande número de enzimas e coenzimas que participam das reações de transformação da energia celular. Cada mitocôndria possui uma membrana externa lisa e pouco seletiva, e uma membrana interna pregueada, muito seletiva. A membrana interna é rica em cardiolipina (um fosfolipídeo que contém 4 cadeias de ácidos graxos, em vez das duas usuais). Este fosfolipídio em alta concentração torna a membrana interna quase totalmente impermeável a íons, elétrons e prótons; ou seja, altamente seletiva. A membrana interna apresenta uma série de invaginações para o interior da mitocôndria, gerando as cristas mitocondriais, onde estão presentes os componentes da cadeia respiratória responsáveis pela síntese de ATP. Existe um espaço entre as membranas interna e externa chamado espaço intermembranar ou intermembranoso. Um segundo gerado pela membrana interna é denominado de matriz mitocondrial. Na matriz mitocondrial há grânulos contendo fosfolipoproteínas ligado ou não aos íons magnésio e cálcio. Também há na matriz moléculas de DNA circular, RNAt, RNAm, ribossomos. O mDNA contém informações para a produção de 13 proteínas mitocondriais, do RNAr 16S e 12S e genes para 22 RNAt. O genoma das mitocôndrias apresenta é formada por uma molécula de DNA circular, semelhante àquelas encontradas nas bactérias. Com base nessas evidências, surge a teoria endossimbiótica. A mitocôndria é considerada a usina da célula, uma vez que esta é capaz de processar oxigênio e glicose e convertê-los em energia na forma de ATP, por meio do ciclo de Krebs e da cadeia respiratória. 3. PEROXISSOMOS Os peroxissomos (Figura 14) são organelas de formato esférico ou oval, possuem entre 0,2 a 1,0 micrômetro de diâmetro, são revestidas por apenas uma membrana e não contêm DNA e nem ribossomos, e todas as suas proteínas devem ser importadas do citosol. Os peroxissomos apresentam em seu interior mais de 50 enzimas oxidativas, especilamente a urato oxidase, catalase e D-aminoácido-oxidase e as enzimas responsáveis pela beta oxidação dos ácidos graxos. Os peroxissomos assemelham-se ao retículo endoplasmático porque se autorreplicam sem possuir genomas próprios, como mitocôndrias e cloroplastos. Os peroxissomos estão presentes em quase todas as células animais, e são responsáveis por um conjunto de reações de oxidação que levam a degradação de ácido úrico, aminoácidos, purinas, metanol e ácidos graxos de cadeia longa. O metabolismo de ácidos graxos é um exemplo importante uma vez que representa a fonte principal de energia metabólica. CLEBSON PANTOJA PIMENTEL A degradação dos ácidos graxos de cadeia longa ocorre por um processo chamado de beta-oxidação, formando acetilcoenzima A (acetil-CoA) e peróxido de hidrogênio (H2O2). A acetil-CoA é usada pela célula para suas próprias necessidades ou é exportada para outras células. O peróxido de hidrogênio detoxifica vários agentes nocivos tal como o etanol, e mata microorganismos como vírus e bactérias. O excesso de peróxido de hidrogênio é degrada pela enzima catalase (ou peroxidase) em água e oxigênio. Os peroxissomos também estão envolvidos na biossíntese de lipídios do aminoácido lisina. Nas células animais o colesterol e dolicol são sintetizados nos peroxissomos e no RER. No fígado os peroxissomos então envolvidos na síntese de ácidos biliares, os quais são derivados do colesterol. Nas plantas os peroxissomos são às vezes chamados de glioxissomos, e realizam dois papeis importantes: Em primeiro lugar os peroxissomos presentes nas sementes realizam a conversão de ácidos graxos em carboidratos, através de um conjunto de reações denominadas de Ciclo do Glioxilato. Em segundo lugar, os peroxissomos das folhas então envolvidos na fotorrespiração, que serve para metabolizar produtos secundários formados durante a fotossíntese. O CO2 é formado em carboidratos durante a fotossíntese por meio de uma série de reações conhecidas como ciclo de Calvin. Figura 14. Peroxissomos
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