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CRIMINOLOGIA 1º. SEMESTRE - TURMA 2020.2 PROF. CLODOVIL MOREIRA SOARES História DA CRIMINOLOGIA (PARTE I) Embora, diante de várias teorias e posicionamentos, não se possa afirmar o momento exato do surgimento, sabemos que a criminologia sempre existiu. É claro que de maneira “elementar, rudimentar e tosca”, como afirma o Ilustre Professor Eduardo Viana: “É intuitiva a afirmação de que o fenômeno crime exerce algum tipo de atração sobre os homens; bem por isso se diz que a criminologia sempre existiu, ainda que de maneira elementar, rudimentar e tosca. Precisamente por isso, Goppinger aponta a criminologia tem uma curta história, porém um longo passado, daí porque pela justa razão, há permanente risco em se recuar muito no tempo em busca de um estudo com verniz criminológico.” 1. História DA CRIMINOLOGIA: por onde começar? 2. A HISTÓRIA DA CRIMINOLOGIA: Como começar? • A) CRONOLOGICAMENTE; • B) SEGUINDO SUAS RAZÕES E IMPULSOS HISTÓRICOS; • C) LEVANDO EM CONTA A FUNÇÃO DOS ELEMENTOS POLÍTICOS E ECONÔMICOS PRESENTES EM DETERMINADO MOMENTO; • D) ENTENDENDO-A COMO UMA CONSEQÜÊNCIA DE QUAL É O CONCEITO DE ESTADO QUE A SUSTENTA (SE É GERADO POR CONSENSO DE ESTADO OU POR CONFLITO), E DA MANEIRA COMO SE PRODUZ O CONHECIMENTO; • E) DETECTANDO SUAS MARCAS NO TECIDO SOCIAL, NAS INSTITUIÇÕES, NAS POLÍTICAS PÚBLICAS; E, POR ÚLTIMO, MAS NÃO MENOS IMPORTANTE: • F) OLHANDO SUA RELAÇÃO COM OS DIREITOS HUMANOS. ( LOLA ANYAR DE CASTRO E RODRIGO CODINO) 3. HISTÓRIA DA CRIMINOLOGIA: AS INFLUÊNCIAS E VERTENTES ao longo do caminho VIMOS QUE EM SÍNTESE A CRIMINOLOGIA É O ESTUDO DAS DETERMINAÇÕES DO CRIME. NO ENTANTO A ABORDAGEM, OU DISCURSO, POSTO, OS ELEMENTOS EM DESTAQUE (ESTUDO – DETERMINAÇÕES E CRIME) SOFRERÁ A INFLUÊNCIA DA PRÓPRIA HISTÓRIA DO PODER, DA ORDEM, DO CONTROLE, DA DOMINAÇÃO, DA LEGITIMAÇÃO, OU SEJA É NESSA ANÁLISE QUE SEGUIREMOS DESCOBRINDO AS VINCULAÇÕES COM ÁS ÉPOCAS SOCIAIS E POLÍTICAS NAS QUAIS, ESSES SABERES CRIMINOLÓGICOS, NASCERAM E SE DESENVOLVERAM. 3.1 . OBSERVAÇÕES A EVOLUÇÃO HISTÓRICA • No plano contemporâneo, a Criminologia decorreu de longa evolução, marcada, muitas vezes, por atritos teóricos irreconciliáveis, conhecidos por “disputas de escolas” e discursos criminológicos, nem sempre sucessivos cronologicamente. • O estudo da criminalidade e do crime é um fenômeno recente relacionado ao surgimento das ciências sociais. Mas, remonta às práticas religiosas do século XII. Na Idade Média, entre os séculos XII e XVII, pessoas que violavam crenças, normas ou costumes sociais eram torturadas para confessar seus pecados e crimes. • O estudo das teorias criminológicas tem sido um caminho apaixonante,iremos descobrindo as vinculações com ás épocas sociais e políticas nas quais nasceram e se desenlvoveram, e suas determinações econômicas e políticas. Na verdade, é o mesmo caminha das ideias e das sociedades influentes no mundo ocidental. Pra pensar: • “O PODER PUNITIVO É COMO BIFE Á MILANESA COM BATATAS FRITAS, ISTO É, NINGUÉM SE PERGUNTA POR QUE EXISTE, PARECE QUE SEMPRE ESTEVE ALI. MAS NÃO É ASSIM” • (EUGÊNIO RAÚL ZAFFARONI) FASES DO PENSAMENTO CRIMINOLÓGICO ANTIGUIDADE MITÓLOGICA FASE PRÉ CIENTIFICA PSEUDOCIÊNCIAS FASE CIENTÍFICA MODERNA CRIMINOLOGIA 4. ANTIGUIDADE REMOTA • A. ENTRE OS HINDUS, FENÍCIOS, SÍRIOS, HEBREUS E OUTROS, NADA DE CONCRETO, APENAS OS “TABU”, REGRAS DE PROTEÇÃO DO GRUPO; • B. CÓDIGO DE HAMURABI (1.728 – 1.686 a.C.); • C. LEGISLAÇÃO DE MOISÉS (Séc. XVI a.C); • D. CONFÚNCIO (551-478 a. C): “tem cuidado de evitar crimes para depois não ver-te obrigado a castigá-los. 5. ANTIGUIDADE grega • A. Protágoras (485 – 415 a.C)- caráter preventivo da pena; • B. Sócrates (470 – 399 a.C) – ensinar os criminosos a não reincidirem – instrução e formação de caráter; • C. Hipócrates (460 – 377 a.C.) – todo crime é fruto da loucura; • D. Platão (427-347 a.C) – a ambição, cobiça e cupidez dão origem a criminalidade; • E. Aristóteles (388 – 322 a.C) – a criminalidade decorre das causas econômicas e a miséria causa rebelião e delito. • A. PRECURSOR: SANTO AGOSTINHO (354-430 d.C) – pena como defesa social, caráter intimidativo e ressocialização do delinquente; Justiça Distributiva; Pobreza gera criminalidade e defendia o furto famélico. • B. IDADE MÉDIA – ANTES DA INQUSIÇÃO (476 d.C) • SEVERIDADE E BARBÁRIE: PENA DE MORTE; DECAPITAÇÃO, MORTE POR FOME, MUTILAÇÕES. IMERSÃO NO AZEITE; • FORMAS COMUNAIS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS: – PROVAS ORDÁLIAS; – PERDÃO DIVINO; – VINGANÇA PRIVADA E RARAMENTE COMPOSIÇÃO ENTRE VÍTIMA E ALGOZESES. 6. IDADE MÉDIA • C. IDADE MÉDIA – A INQUISIÇÃO – AS CRUZADAS TERIAM INICIO NESSES SÉCULOS QUE VÃO DO XI AO XIII , MAS CONTINUARAM POSTERIORMENTE, MEDIANTE A ADOÇÃO DE OUTRAS FORMAS; – O MODELO DA INQUISIÇÃO SURGIU NO ANO DE 1.215, NO QUARTO CONCÍLIO DE LATRÃO, ESTABELECENDO-SE A PRIMEIRA AGÊNCIA BUROCRATIZADA DOMINANTE DESTINADA À APLICAÇÃO DE CASTIGOS E A DEFINIÇÃO DE VERDADES; – INTIMA LIGAÇÃO ENTRE A IGREJA E O “ESTADO”; – MALEUS MALEFICARUM (MARTELO DA BRUXAS) – 1484 - CAÇA AOS HEREGES E POSTERIORMENTE CAÇA AS BRUXAS, AMBOS TEM PACTO COMO DEMÔNIO; – SEQÜESTRO DA VÍTIMA, O CRIME É UMA OFENSA A IGREJA E AO SOBERANO; – A CONFISSÃO TORNA-SE A PRINCIPAL PROVA, ROTINEIRAMENTE OBTIDA MEDIANTE TORTURA; – TEM O SEU DECLÍNIO NO INÍCIO DO SÉC. XIV COM A FORMAÇÃO E UNIFICAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS; 6. IDADE MÉDIA – EXPANSÃO UTLRA -MARITIMA - COLONIZAÇÃO; – TRÊS FORMAS DE PUNIR ADEQUADAS, OU UTÉIS, AO MODELO ECONÔMICO: • GALÉS (remar no s porões dos navios até morrer); • DEGREDO ( condenados deveriam colonizar os novos territórios); • INTERNAÇÃO NA CASA DE RASPAGEM (locais de trabalhos manufaturados, raspagem do pau brasil); 7. ABSOLUTISMO – MERCANTILISMO (SÉC XVI) ⁍ LEI DOS CERCAMENTOS NA INGLATERRA: MIGRAÇÃO DOS POBRES DOS CAMPOS PARA AS CIDADES. ⁍ CRIMINALIZAÇÃO DA VAGABUNDAGEM – OS POBRES E DESPOSUÍDOS PASSRAM A SER SOLUÇÃO ( PARA A PRODUÇÃO MERCANTIL) E O PROBLEMA (DEVERIAM ESTÁ SOB CONTROLE); ⁍ SEGUNDO FOUCAULT NESSE PERÍODO SURGEM DOIS MODELOS: 1. MODELO LEPROSÁRIO : SEGREGATIVO E EXCLUDENTE; 2. MOLDEO DA PESTE: DISCIPLINAR E INCLUSIVO. PARA DEFINR ENTRE AMBOS ESSAVA-SE A TÉCNICA DA MEDICINA SOCIAL: A. EXPULSA INTERNANDO POBRES “CULPADOS” E B. INCLUI DISCIPLINADOS POBRES “INOCENTES”. – ENCICLOPÉDIA : ESPECIALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO; – DOMÍNIO DA RAZÃO X SABER RELIGIOSO; – ASCENSÃO DA BURGUESIA – ACUMULAÇÃO DE CAPITAIS; – QUESTIONAMENTO DO PODER DA MONARQUIA ABSOLUTISTA; – NECESSIDADE DE MAIS PESSOAS PARA PRODUÇÃO E COMÉRCIO: SURGE O DISCURSO PELA HUMANIZAÇÃO DAS PENAS; – AS REVOLUÇÕES LIBERAIS NA AMÉRICA E NA EUROPA. 8. ILUMINISMO – LIBERALISMO JURÍDICO – REVOLUÇÃO TÉCNICO CIENTIFICA 9. NO NASCIMENTO CRIMINOLOGIA PRÉ- CIENTÍFICA (PRECURSORES) E A CRIMINOLOGIA CIENTÍFICA • Argumenta-se que no nascimento científico da Criminologia ganha destaque com os postulados da Escola Clássica, muito embora antes dela já houvesse estudos acerca da criminalidade. • Na etapa de nascimento científico da Criminologia existiam dois enfoques muito nítidos: de um lado os clássicos, influenciados pelo Iluminismo, com seus métodos dedutivos e lógico-formais, e, de outro lado, os empíricos, que investigavam a gênese delitiva por meio de técnicas fracionadas, tais como as empregadas pelos fisionomistas, antropólogos, biólogos etc., os quais substituíram a lógica formal e a dedução pelo método indutivo experimental (empirismo). O apogeu do Iluminismo deu-se na Revolução Francesa, com o pensamento liberal e humanista • VOLTAIRE Teceram inúmeras críticas à legislação criminal que vigorava na Europa em meados do século XVIII MONTESQUIEU Aduzia a necessidade de individualização da pena, de redução das penas cruéis, proporcionalidade etc. • ROUSSEAU EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CRIMINOLOGIA • O QUASE INICIO DA CRIMINOLOGIA: • 1. É BEM VERDADE QUE A CRIMINOLOGIACOMO CIÊNCIA AUTÔNOMA EXISTE HÁ POUCO TEMPO, MAS TAMBÉM É INDISCUTÍVEL QUE ELA OSTENTA UM GRANDE PASSADO, UMA ENORME FASE PRÉ-CIENTÍFICA. QUANDO ELA NASCEU? • A. Considerado o fundador da Criminologia moderna Cesare Lombroso, com a publicação em 1876 de seu livro O homem delinquente; • B. Posteriormente o antropólogo francês Paul Topinard, em 1879, emprega pela primeira vez a palavra “Criminologia”; • C. Alguns defendem a tese de que foi Rafaelle Garófalo que, em 1885, usou o termo como nome de um livro científico, dando-lhe conotação internacional; • D. Ainda existem importantes opiniões de que a Escola Clássica, com Francesco Carrara (Programa de Direito Criminal/1859), traçou os primeiros aspectos do pensamento criminológico; • E. Por derradeiro, releva frisar que, numa perspectiva não biológica, o belga Adolphe Quetelet, integrante da Escola Cartográfica, ao publicar seu Ensaio de física social (1835) seria um expoente da Criminologia inicial, projetando estudos estatísticos relevantes sobre criminalidade. 11. Principais escolas Criminológicas • I. ESCOLA CLÁSSICA; • II. ESCOLA POSITIVISTA; • III. ESCOLA CARTOGRÁFICA; • IV. TERCEIRA ESCOLA ITALIANA; • V. ESCOLA DE LYON; • VI. ESCOLA CORRECIONALISTA; • VII. ESCOLA DE POLÍTICA CRIMINAL OU MODERNA ALEMÃ; • VIII. NOVA DEFESA SOCIAL; Movidos por uma pretensão de cientificidade INTERVENÇÃO, TRANSFORMAÇÃO E DOMÍNIO I. ESCOLA CLÁSSICA Cesare Bonesana, Marquês de Beccaria (1738-1794), um aristocrata milanês, é considerado o principal representante do Iluminismo Penal. ¤ Nasceu entre o final do Séc. XVII e a metade do séc. XVII, como reação ao totalitarismo do Estado Absolutista, filiando-se ao movimento revolucionário e libertário do iluminismo. Viva-se o “século das luzes”. As ideias consagradas pelo Iluminismo acabaram por influenciar a redação do célebre livreto de Cesare Beccaria, intitulado Dos delitos e das penas (1764), com a proposta de humanização das ciências penais. ¤ Além de Beccaria, despontam como grandes intelectos dessa corrente Francesco Carrara (dogmática penal); Giovanni Carmignani, Jeremy Bentham (Inglaterra) e Feuerbach (Alemanha). ¤ BECCARIA DEFENDEU: - A codificação e a existência de leis simples; - O Princípio da legalidade; - A irretroatividade da lei; - O livre arbítrio; - Equivalência entre o delito e a pena; - Humanização das penas; - Garantias processuais; https://pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo CESARE BECCARIA • Para ele, só as leis poderiam fixar as penas, não sendo permitido ao juiz aplicar sanções arbitrariamente. • Defendeu o fim do confisco e das penas infamantes, que recaem sobre a família do condenado, como ainda o fim das penas cruéis e da capital. • Seus postulados foram desenvolvidos pelos italianos, FRANCESCO CARRARA, JEREMIAS BENTHAM, ROMANGNOSI, e ROSSI. – Todos eles tinham em comum a utilização do método racionalista e dedutivo-logico, vale acrescentar que, em regra, eram jusnaturalistas. Significa dizer que, aceitavam que normas absolutas e naturais prevalecessem sobre as normas de direito posto. - OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ESCOLA CLÁSSICA SÃO: A) BUSCOU CONSTRUIR OS LIMITES DO PODER DE PUNIR DO ESTADO; B) O CRIME É UM ENTE JURÍDICO, NÃO É UMA AÇÃO, MAS SIM UMA INFRAÇÃO (CARRARA); C) A PENAL DEVE SER CERTA, PROPORCIONAL, CONHECIDA E JUSTA. A PUNIBILIDADE DEVE SER BASEADA NO LIVRE-ARBÍTRIO; C) A PENA DEVE TER NÍTIDO CARÁTER DE RETRIBUIÇÃO PELA CULPA MORAL DO DELINQUENTE (MALDADE), DE MODO A PREVENIR O DELITO COM CERTEZA, RAPIDEZ E SEVERIDADE E RESTAURANDO A ORDEM EXTERNA SOCIAL; D) MÉTODO DE RACIOCÍNIO LÓGICO-DEDUTIVO. JEREMY BENTHAM • O PANÓTICO (O corpo dócil); • Discute a questão da utilidade da pena (sanções pecuniárias); • Rejeita o carácter humanista da pena, prevista em Beccaria; • Utilitarismo, doutrina de felicidade das maiorias; • Teoria da escolha racional. II. ESCOLA POSITIVA ❖ A chamada Escola Positiva deita suas raízes no início do século XIX na Europa, Nesse período, estudos sociológicos e biológicos ganhavam destaques a partir de doutrinas evolucionistas como, Darwin e Lamarck e ainda sociológicas como Comte e Spencer. É a partir desça acidentada evolução que nasce, portanto, o Positivismo Criminológico, mais conhecido como Escola Positiva. ❖ Pode-se afirmar que a Escola Positiva teve três fases: antropológica (Lombroso), sociológica (Ferri) e jurídica (Garófalo). A. Cesare Lombroso. ¤ Os estudos científicos de Lombroso assumiam feição multidisciplinar, pois emprestaram informes da psiquiatria com a análise da degeneração dos loucos morais, bem como lançaram mão de dados antropológicos para retirar o conceito de atavismo e da não evolução, desenvolvendo o conceito de criminoso nato. ¤ Para ele, não havia delito sem múltiplas causas, incluindo-se aí variáveis ambientais e sociais, como, por exemplo, o clima, o abuso de álcool, a educação, o trabalho etc. EXPLICAÇÃO PATÓLOGICA DA CRIMINALIDADE MÉTODO INDUTIVO- EXPERIMENTAL ◙ Por isso, afirmou que o crime não era uma entidade jurídica, mas sim um fenômeno biológico, razão pela qual o método indutivo-experimental deveria ser o empregado. ◙ A Escola positiva recebeu esse nome pelo método e NÃO por aceitar a filosofia o positivismo de Augusto Comte. Registre-se, por oportuno, que suas pesquisas foram feitas na maioria em manicômios e prisões, alegando que o criminoso era um ser atávico, um ser que regredia ao primitivismo, um verdadeiro selvagem (ser bestial) que nasce criminoso, cuja degeneração é-lhe causada pela epilepsia que ataca seus centros nervosos. ◙ DE ACORDO COM LOMBROSO AS CAUSAS DO CRIME RESIDEM EM UM TRIPÉ, QUE FOI CHAMADO DE TRÍPTICO LAMBROSIANO: 1- Regressão atávica – figura do criminoso nato; 2- Taras degenerativas – já tem características criminais, mas vem a desenvolvê-las futuro, ao longo da vida; 3- Fatores externos – são causas meramente desencadeadoras de algo que já existe na personalidade e aspecto biológico da pessoa, não é elemento determinante para o crime é só desencadeante. A. LOMBROSO E O DETERMINISMO BIOLÓGICO FATORES EXÓGENOS FATORES EXÓGENOS FATORES ENDÓGE NOS Embora Lombroso não tenha afastado os fatores exógenos da gênese criminal, entendia ele que eram apenas aspectos motivadores dos fatores endógenos; assim, o clima, a vida social etc. apenas desencadeariam a propulsão interna para o delito, pois o criminoso nascia criminoso (determinismo biológico). B. Enrico Ferri (1856-1929) ❖ Genro e discípulo de Lombroso, foi o criador da chamada “Sociologia Criminal”. ❖ Para ele, a criminalidade deriva de fenômenos antropológicos, físicos e culturais. ❖ Negou com veemência o livre-arbítrio (mera ficção) como base da imputabilidade; entendeu que a responsabilidade moral deveria ser substituída pela responsabilidade social e que a razão de punir é a defesa social (a prevenção geral é mais eficaz que a repressão). Classificou os criminosos em natos, loucos, habituais, de ocasião e por paixão. B. Enrico Ferri (1856-1929) C. Raffaele Garófalo (1851-1934), • Jurista de seu tempo, afirmou que o crime estava no homem e que se revelava como uma degeneração deste; • Criou o conceito de temeribilidade ou periculosidade, a qual seria o propulsor do delinquente e a porção de maldade que deve se temer em face deste; • Fixou por derradeiro a necessidade de se fazer outra intervenção penal – a medida de segurança; • Em suas obras preocupava-se com a definição psicológica do crime, eis que defendia a teoria do “crime natural”, para definir os comportamentos que afrontam os sentimentos básicos e universais de piedade e probidade em uma sociedade. - CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMINOSOS SEGUNDO GARÓFALO CRIMINOSOS natos (instintivos) fortuitos (de ocasião) defeito moral especial (assassinos, violentos, ímprobos e cínicos) DEFENDIA A PENA DE MORTE PRINCIPAIS POSTULADOS DA ESCOLA POSITIVA a) direito penal é obra humana; b) a responsabilidade social decorre do determinismo social;c) o delito é um fenômeno natural e social (fatores biológicos, físicos e sociais); d) a pena como instrumento de defesa social (prevenção geral); e) método indutivo-experimental; e f) os objetos de estudo da ciência penal são o crime, o criminoso, a pena e o processo. • Em 1846, propôs a organização de censos. Em tal obra, enxerga o crime como produto da organização social, estudando as características que podem influenciar na prática do crime, tais como as estações, o clima, o sexo e a idade. Afirma que para a obtenção de resultados mais autênticos, as circunstâncias em que se encontram os homens devem ser similares, ou seja, igualmente favoráveis. Ao final da pesquisa, concluiu que: – i) a idade é a característica que mais influi na prática do crime – o auge da força física e das paixões do homem encontrar-se-ia na idade dos 25 anos; – (ii) as mulheres, provavelmente por sua fraqueza, comentem mais crimes contra a propriedade do que crimes contra a pessoa; III. ESCOLA CARTOGRÁFICA Adolphe Jaques QUETÉLET (1796 – 1874) – (iii) no verão se cometem mais crimes contra a pessoa e menos crimes contra a propriedade; – (iv) o clima parece ter influência sobretudo nos crimes contra as pessoas; – (v) os profissionais liberais estariam mais envolvidos em crimes contra a pessoa, enquanto as classes trabalhadora e doméstica estariam mais envolvidas em crimes contra o patrimônio. • Para ele, a educação e a pobreza não são significativas no estudo da prática do crime. A origem do crime reside na sociedade – e não no indivíduo. Ou seja, quem comete o crime é um instrumento que executa o que a sociedade gestou. (ACABA ANUNCINADO AS ESCOLAS SOCILÓGICAS) III. ESCOLA CARTOGRÁFICA Adolphe Jaques QUETÉLET (1796 – 1874) IV. TERZA SCUOLA ITALIANA (Ou Escola do Positivismo Crítico) • A Terza Scuola Italiana, cujos expoentes foram Manuel Carnevale, Bernardino Alimena e João Impallomeni, fixou os seguintes postulados criminológicos: a) distinção entre imputáveis e inimputáveis; b) responsabilidade moral baseada no determinismo (quem não tiver capacidade de se levar pelos motivos deverá receber uma medida de segurança); c) crime como fenômeno social e individual; d) pena com caráter aflitivo cuja finalidade é a defesa social. V. ESCOLA DE LYON • Principais representantes: Emile Durkheim e Alexandre Lacassange, esse último atribui-se a frase: “Cada Sociedade têm os criminosos que merece”. a) Voltava os estudos para as influências sociais e econômicas sobre os criminosos e os indicies de criminalidade; b) Sua tese central afirma que o criminoso é como um micróbio ou vírus, algo inócua, até que o adequado ambiente o faz eclodir. Vale dizer a predisposição pessoal e meio social fazem o criminoso; c) O meio social cria o ambiente adequado a prática de crimes. VI. ESCOLA CORRECIONALSITA • Surgiu na Alemanha, em 1839, através da dissertação de Karl Roder, intitulada de Comentatio na poena malum esse debeat, que tinha por fundamento a filosofia krausista. • Apesar de o surgimento ter se dado na Alemanha, foi na Espanha que apareceram os principais seguidores por meio de Sanz del Rio. • A característica precípua da Escola Correcionalista é a correção do delinquente, por meio da pena. • Os correcionalistas entendem que os delinquentes são anormais, e, portanto, são incapazes de uma vida comum em sociedade. São considerados como um perigo para o convívio social. VI. ESCOLA CORRECIONALSITA • A principal característica dessa escola está relacionada ao fim único da pena. Destarte, tem-se o seguinte: • a) a pena idônea é a privação da liberdade; • b) a pena deve ser indeterminada – sem prévia fixação do tempo de sua duração; • c) o arbítrio judicial deve ser ampliado no que se refere à individualização da pena; • d) a função penal deve ser vista como preventiva e de tutela social; e • e) a responsabilidade penal deve ser entendida como responsabilidade coletiva, solidária e difusa VII. ESCOLA DE POLÍTICA CRIMINAL OU MODERNA ALEMÃ (POSITIVISTA) • Tal corrente foi também denominada Escola Sociológica Alemã, cujos principais expoentes foram Franz Von Lizst, Adolphe Prins e Von Hammel, aliás, criadores da União Internacional de Direito Penal em 1888. • Em seu Programa de Marburgo afirma ser o direito penal um instrumento de luta contra o delito, a pena teria efeitos de prevenção especial: intimidação, neutralização e correção. VIII. ESCOLA DE POLÍTICA CRIMINAL ou MODERNA ALEMÃ a) método indutivo-experimental para a Criminologia; b) distinção entre imputáveis e inimputáveis (pena para os normais e medida de segurança para os perigosos); c) crime como fenômeno humano-social e fato jurídico – decorrente dos motivos de sua conduta; d) função finalística da pena – prevenção especial; e) eliminação ou substituição das penas privativas de liberdade de curta duração. IX. ESCOLA SOCIOLÓGICA FRANCESA • PRINCIPAIS REPRESENTANTES: GABRIEL TARDE E RENÉ GARRAUD. • O DELINQUENTE É UM TIPO PROFISSIONAL QUE PRECISA DE UM LONGO PERÍODO DE APRENDIZAGEM, EM UM MEIO PARTICULAR (CRIMINAL), COM TÉCNICAS PARTICULARES DE INTERNCOMUNICAÇÃO E CONVIVÊNCIA. NESSE SENTIDO APRESENTA CONOTAÇÃO PSICOLÓGICA. • CRÊ NO EFEITO DISSUASIVO DA PENA, POR ISSO É PARTIDÁRIO DA PENA CAPITAL,A QUAL DEVE SER UTIL A UMA JUSTIÇA PROFISSIONALIZADA E TÉCNICA. • A RESPONSABILIDADE PENAL ESTAVA ASSENTADA EM DOIS FUNDAMENTOS: IDENTIDADE PESSOAL (EU) E A SEMELHANÇA SOCIAL (CORPO SOCIAL). A PRIMEIRA DIZ RESPEITO AO INDIVÍDUO, SEUS HÁBITOS, CONHECIMENTOS, PRECONCEITOS, QUE SOFREM MODIFICAÇÕES COM O PASSAR DO TEMPO, ENQUANTO A SEMELHANÇA SOCIAL CONSISTE NO CONJUNTO DE NORMAS RELIGIOSAS, MORAIS, CULTURAIS, ÉTICAS E POLÍTICAS DE UM DETERMINADO GRUPO. X. ESCOLA TÉCNICO-JURÍDICA • Apresentada por Arturo Rocco em 1910, a chamada escola Técnico –Jurídica teve sua aula inaugural na Universidade de Sassari, expondo a problemática no estudo do Direito Penal. • A Escola Técnico-jurídica seria mais uma renovação metodológica do que uma escola, pois teve como objetivo maior o critério jurídico do Direito Penal, com seu maior objeto, o crime, que é um fenômeno jurídico. • As principais características dessa escola são: o crime é uma relação puramente jurídica, de conteúdo individual e social; a pena é uma consequência e reação do crime, tendo como função a prevenção geral e especial, aplicada aos imputáveis; a medida de segurança preventiva deve ser aplicada aos inimputáveis; a vontade do delinquente é livre e recusa o emprego da filosofia no campo penal XI. A ESCOLA OU MOVIMENTO DE DEFESA SOCIAL • A “NOVA” DEFESA SOCIAL – MARC ANCEL – Discurso reformista, articulando o Direito Penal, a Criminologia e a Ciência Penitenciária; – Prevenção do crime e tratamento do delinquente. – Desjuridização – reação contra o tecnicismo jurídico e dogmatismo neoclássico; – Distanciamento da idéia de retribuição para uma ideia de ressocialização. – Crime como manifestação da personalidade do autor. • – Justiça Penal como ação social, o objetivo é a proteção eficaz da Sociedade por meio de estratégias não necessariamente penais; – Equilíbrio entre doutrina penal e criminológica. – Pena e Medida de Segurança, Culpabilidade e Periculosidade, seriam duas faces da mesma moeda. – Ênfase positiva na ressocialização, em oposição à negativa de neutralização. – O juiz faz “prognose criminológica” e valorização da atividade pericial. – Penas indeterminadas com sentido “corretivo” ou “curativo”. XI. A ESCOLA OU MOVIMENTO DE DEFESA SOCIAL REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO • ANITUA, Gabriel Ignácio. História dos Pensamentos Criminológicos; tradução Sérgio Lamarão. – Rio de janeiro: Revan – ICC, 2008. (Pensamentos Criminológicos, 15) • ANYAR DE CASTRO, Lola, CODINO, Rodrigo. MANUAL DE CRIMINOLOGIA SOCIOPOLÍTICA; tradução Amina Vergara. 1ª. Ed. – Rio de Janeiro: Revan, 2017. • BATISTA, Vera Malaguti. Introdução critica à criminologia brasileira. Rio de Janeiro : Revan, 2015. • HERCULANO, Alexandre. Criminologia(Estudo Direcionado). Salvador: Editora JusPodivm, 2020 • PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Manual esquemático de criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 2012. SHECARIA, Sergio Salomão, Criminlogia, Editora Revista dos Tribunais; • VIANA, Eduardo. Criminologia. 6. ed. – Salvador: Editora JusPodivm, 2018. Bons Estudos! Aproveitem bem! Até a próxima aula! Professor Clodovil Moreira Soares.
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