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Princípios de , ANALISE 1 NSTRU,MEN'í~L .,1tt' ' . ~'- 1 ' 1 ·• li . :1 5! Edi ' . ' " . . Douglas A. Skoog Stanford Unlversity F. James Holler /~/ Princ,ípJos de I ! ' .... , \ / ----ÁNÃllSE I ,,.,,-- -- ' ' ' ' ' ' . INSTRUMENTAL 59 Edição Tradução: Profa. Ora. Ignez Caracelli (LaCrEMM - DQ - UFSCar) Prof. Dr. Paulo Celso Isolani (IQ- USP) Profa. Ora. Regina Helena de Almeida Santos (IQSC- USP) Profa. Ora. Regina Helena Porto Francisco (IQSC- USP) Coordenação Profa. Ora. Ignez Caracelli & Prof. Dr. Julio Zukerman-Schpector (LaCrEMM - DQ - UFSCar) Consultoria, supervisão e revisão técnica desta edição: Dr. Celio Pasquini Professor do Instituto de Química da UNICAMP Editora Oficial da ll'=I SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUfMICA 2002 \ \ \ \ \ \ \ \ \ ,---- .... ,, .... ,, .... ,.,,---- ........ , // ', ,,,, ' / ' /'' ', -----... // ', ,/ \ •·" ~, / \ / \ ✓ '\> I I \ ~ I ' I . -, \ ' \ · / <\,lct ; ' / 1 1 ~ _.,. ' / ... ____ ', / \ 1 ' / ' / 1 \ Introdução à Químicà'E-letr~analítica \ A química eletroanalítica compreende um conjunto de métodos analíticos quantitativos baseados nas propriedades elétricas de uma solução do analito quando ele está tomando parte de uma célula eletroquímica 1. As técnicas eletroanalíti- cas são capazes de fornecer limites de detecção excepcional- mente baixos e uma abundância de informações que caracte- rizam e descrevem eletroquimicamente determinados siste- mas. Tais informações incluem a estequiometria e a velocida- de de transferência de carga interfacial, a velocidade de trans- ferência de massa, a extensão de adsorção e de quimissorção e as velocidades e constantes de equilíbrio de reações quími- cas. Os métodos eletroanalíticos têm algumas vantagens ge- rais sobre outros tipos de procedimentos discutidos neste li- vro. Primeiro, as medidas eletroquímicas são freqüentemente especificas para um estado de oxidação particular de um ele- mento. Por exemplo, os métodos eletroanalíticos tornam pos- sível a determinação da concentração de cada espécie em uma mistura de cério(l/1) e cério(IV), enquanto que a maio- ria dos outros métodos analíticos é capaz de revelar apenas a concentração total de cério. Uma segunda vantagem impor- 1 Alguns trabalhos de referência em eletroquímica e suas aplicações in- cluem: A. J. Bard and L. R. Faulkner, Electrochemical Methods. New York: Wiley, 1980; D. T. Sawyer, A. Sobkowiak and J. L. Roberts, Electrochemistry for Chemists, 2nd. ed. New York: Wiley, 1995; J. Koryta and J. Dvorak, Prin- cipies of Electrochemistry. New York: Wiley, 1987: lahoratory Techniques in Electroanalytical Chemistry, 2nd. ed., P. T. Kissinger and W. R. Heine- man, Eds, New York: Marcel Dekker, 1996; Z. Galus, Fundamentais of Electrochemical Analysis, 2nd. ed. New York: Ellis Horwood, 1994. A clás- sica, e ainda útil, monografia que trata de química eletroanalftica é J. J. Lin- gane, Electroanalytical Chemistry, 2nd. ed. New York: lnterscience, 1958. tante é que a sua instrumentação é relativamente barata. 0 equipamento eletroquímico mais caro talvez custe cerca de $ 20 mil dólares e o preço de um instrumento típico com múltiplas finalidades se situa entre$ 4 mil e$ 5 mil dólares. Ao contrário, muitos equipamentos para espectroscopia custam entre$ 50 mil e $ 250 mil dólares ou mais. Um ter- ceiro aspecto de alguns métodos eletroquímicos, que pode ser uma vantagem ou uma desvantagem, é que eles forne- cem informação sobre atividades em vez de sobre as con- centrações das espécies químicas. Geralmente, em estudos fisiológicos, as atividades dos íons, como cálcio e potássio, têm mais significado do que as suas concentrações. O uso inteligente dos vários métodos eletroquímicos que são descritos nos três capítulos que seguem a este requer uma compreensão da teoria básica e dos aspectos práticos da ope- ração de células eletroquímicas de corrente contínua (cc). Es- te capítulo é dedicado a esses assuntos2. 22A CÉLULAS ELETROQUÍMICAS Uma célula eletroquímica cc consiste de dÓis condutores elétricos chamados eletrodos, imersos em soluções apropria- das de eletrólitos. Para que surja uma corrente em uma cé- lula, é necessário (1) que os eletrodos estejam conectados externamente, por meio de um condutor metálico, (2) que as duas soluções de eletrólito estejam em contato para per- mitir o movimento de íons uma para a outra e (3) que uma 2 Para revisões resumidas sobre os progressos dos equipamentos para ele· troquímica, veja S. Borman, Anal. Chem., 1987, 59. 347A: J. Osteryoung. Science, 1982,218, 261. 1 \ reação de transferên~ia de elétrons possa ocorrer em cada dos eletrodos. A Figura 22-1 mostra um exemplo d urn , . • 1 e uma célula eletroqu1m1ca s1mp es. Ela _consiste de um eletrodo de ·nco mergulhado em uma soluçao de sulfato de zinco e um ~;etrodo d: cobr: e~ uma solução de sulfato de cobre. As duas soluçoes estao _hgadas por uma ponte salina que consis- te em um tubo c_he10 de uma solução que é saturada com cloreto de potássio_ ou algum outro eletrólito. As duas extre- ·dades do tubo sao dotadas de terminais porosos que _ mi . d , per ·tem O movimento e 10ns através deles mas imped mi . . 'f d d em que O líqmdo s~Ja s! ona o e uma solução de eletrólito pa- ra a outra. A fmahdade da ponte é isolar O conteúdo das duas meia:células enquanto ma~tém o ~ontato elétrico en- tre elas. O isolamento é necessáno para impedir a reação di- reta entre os íons cobre e o eletrodo de zinco. A célula da Fi- ura 22-1 contém duas das chamadas junções líquidas sen- g ' rf 1- ' do uma na mte ace entre a so uçao de sulfato de zinco e a ponte salina e a segunda _está na out~~ extremidade da pon- te salina na qual a soluçao do eletrohto da ponte entra em contato com a solução de sulfato de cobre. Como veremos mais tarde, um pequeno potencial de junção é gerado em ca- da uma dessas interfaces, e ele pode tornar-se importante e influenciar a exatidão da análise. 22A-1 Condução em uma Célula A carga é conduzida por três processos distintos nas várias partes da célula mostrada na Figura 22-1: 1. Nos eletrodos de zinco e cobre, assim como no condutor externo, os elétrons atuam como transportadores mo- vendo-se a partir do zinco, através do condutor, até oco- bre. 2. Dentro das soluções, o fluxo de elétrons envolve a mi- gração tanto de cátions como de ânions. Na meia-célula Capítulo 22 Introdução à Química Eletroanalítica 503 da esquerda, íons zinco migram para lon?e. do eletrodº• enquanto que os íons sulfato e hidrogemo sulfato se aproximam dele; no outro compartimento, íons cobre se aproximam do eletrodo e os ânions se afastª!'11 dele. Dentro da ponte salina,_a eletricid~d~ é cond~zida P;~~ migração de íons potássio para a d1re1ta e de 10ns cio_ to para a esquerda. Assim, todos os íons das três soluçoes participam do fluxo de eletricidade. . 3. Um terceiro processo ocorre nas superfícies dos d~1s ele- trodos. Aqui uma reação de oxidação ou ~e _r_e~uçao for- nece um mecanismo pelo qual a conduçao 10mca da so- lução é acoplada à condução eletrônica do eletrodo para gerar o circuito completo para o fluxo de cargas. Os pro- cessos nos dois eletrodos são descritos pelas equações Zn(s)=:; Zn2+ + 2e- (22-1) Cu2+ + 2e- =:;Cu(s) (22-2) 22A-2 Estrutura da Solução: A Camada Dupla É importante observar que as medidas eletroquímicas en- volvem sistemas heterogêneos porque um eletrodo pode apenas doar ou receber elétrons de uma espécie que esteja presente em uma camada de solução imediatamente adja- cente ao eletrodo. Assim, esta camada pode ter uma compo- sição significantemente diferente da composição do restan- te da solução. Por exemplo, vamos considerar a estrutura da solução imediatamente adjacente a um eletrodo quando um poten- cial positivo é inicialmente aplicado ao eletrodo. Imediata- mente após a aplicação do potencial, haverá um pico mo- mentâneo de corrente,que decai rapidamente até zero se nenhuma espécie reativa estiver presente na superfície do Voltímetro ( 1,100V 1 e- Ponte salina Solução saturada de KCI Eletrodo de Zn ZnS04 Zn(s) # zn2+(aq) + 2e- 0202+ = 0,0I 0 Ânodo Disco poroso Fig , . 1 - · com ponte salina. ura 22-1 Uma célula eletroqu1m1ca ga vamca Cu 2+(aq) + 2e- # Cu(s) ªcu2+=0,0I0 Cátodo CuS04 solução 0,0100 M r 504 Princípios de Análise Instrumental eletrodo. Essa corrente é uma corrente de carga que cria um excesso (ou uma deficiência) de carga negativa na superfície dos dois eletrodos. Entretanto,como conseqüência da mobi- lidade iônica, as camadas de solução imediatamente adja- centes aos eletrodos adquirem carga oposta. Esse efeito es- tá ilustrado na Figura 22-2a. A superfície do eletrodo metá- lico é mostrada com um excesso de carga positiva como conseqüência de um potencial positivo aplicado. A camada carregada de solução consiste de duas partes: ( 1) uma cama- da interna compacta (do adi), na qual o potencial diminui li- nearmente com a distância até a superfície do eletrodo, e (2) uma camada difusa (d1 a d2) que decresce exponencialmen- te (veja Figura 22-2b). Esse conjunto de cargas na superfície do eletrodo e na solução adjacente a esta superfície é cha- mado de camada dupla elétrica. 22A-3 Correntes Faradaicas e Não-Faradaicas Dois tipos de processos podem conduzir correntes através de uma interface eletrodo/solução. Um tipo envolve uma transferência direta de elétrons via uma reação de oxidação em um eletrodo e uma reação de redução no outro. Proces- sos desse tipo são chamados processos faradaicos porque são governados pela lei de Faraday, que estabelece que a quantidade de produto de uma reação química em um ele- trodo é proporcional à corrente; as correntes resultantes são chamadas de correntes faradaicas. Sob certas condições, uma célula mostra um intervalo de potenciais no qual os processos faradaicos são impedidos em um ou em ambos os eletrodos por razões termodinâmi- cas ou cinéticas. Nesse caso, a condução de correntes alter- nadas pode ocorrer continuamente. Com essas correntes, a inversão da relação de carga ocorre em cada meio-ciclo à medida que os íons negativos primeiramente e íons positi- vos em seguida são atraídos alternadamente para a superfí- cie do eletrodo. Energia elétrica é consumida e convertida em calor pelo atrito associado ao movimento iônico. Assim, cada superfície de eletrodo comporta-se como se fosse uma placa de um capacitar, cuja capacitância pode ser grande (de várias centenas a vários milhares de microfaradays por cm2) . A corrente capacitiva aumenta com a freqüência e _ 20_300 A- Restante da Eletrodo solução + 1 1 1 - - 1 + -1 + 1 + 1 - 1 1 - 1 + - + 1 - + 1 1 1 - + - 1 + 1 1 1 + + + - 1 - 1 + 1 + 1 + 1 - 1 - - 1 - + 1 + - + 1 - + 1 1 1 + - 1 1 + - 1 1 1 - 1 + 1 - 1 + +: - + - + 1 + - 1 1 1 + do ~ u e: " õ o.. com a área do eletrodo; controlando essas variá . e • _ . • < Veis , vel uranjar cond1çoes tais que essenc,alment ,e Pos . ' 1 t ' t e 10da si. rente alternada na ce u a e ransportada atrav, a co , _ es da. r. cedo eletrodo por esse processo nao-faradaic interr d d ·r o. a. Para compreen era I erença básica entre · - f d · · · umac te faradaica e uma nao- ara atea, imagine U"' 1, ºtre . . .. , e etr n. J·ando de um ctrcUtto externo para uma superfíc' on Via , . . ie do 1 • do. Quando o eletron atmge a mterface da solu _ e etro. acontecer somente uma de duas alternativas. EI Çao, PO(! rf, · d I t d e Poct e manecer na supe ,c1e o e e ro o e aumentar a e Per. . . carga mada dupla, o que const1t~1 uma corrente não-faract ~ªca. outra alternativa é ele deixar a superfície do el a1ca,i\ , . 1 etroct transferir para uma espec,e em so ução, tornanct o e Se f d · o-se parte de uma corrente ara a,ca. assim 22A-4 Transferência de Massa em Células corn a Passagem de Corrente Como um eletrodo pode conseguir informações . f' d I - apenas d uma camada mmto ma e so uçao na superfície d e do (do a d 1 na Figura 22-2a), uma corrente faradaicº eletro. · ' d d , · a requer transferência contmua e massa e espec,es reativa d d f ,. sa 80 lução como um to o para a super 1c1e do eletrodo ,, , · . t f • . . ires me canismos proporcionam essa rans erencia de mas . · vecção migração e difusão. A convecção envolve O msa. co~-, . 1 - ecan1s-mo de movimento da so uçao como resultado de agita . ou do fluxo da solução que passa pela superfície do el Çao . _ , . d , etro. do. A m1graçao e~ m 1 ov1me~t? e 1ons através da solução causado por atraçao e etrostatica entre os íons e O elet d d A d 'f _ , . d ro o carrega o. 1 usao e o movimento e espécies devid gradiente de concentração. Uma abordagem detalhada~ªº ses mecanismos de transferência de massa encontra-se:~ Seção 22E-3. 22A-5 Células Galvânicas e Eletrolíticas A reaçã~ resultante que ocorr: na célula mostrada na Figu- ra 22-1 e a soma das duas reaçoes de meia-célula mostradas nas Equações 22-1 e 22-2. Isto é: Zn(s) + Cu2+ =;Zn2+ + Cu(s) --- - d- - -~ d2 --- d---- Figura 22-2 Camada dupla elétrica formada na su~er· (a) (b) f , · · 1 aphca· 1c1e do eletrodo como resultado de um potencia do. tencial que aparece nesta célula é uma med·d d O Pº - 1 a a ten-. para esta reaçao ocorrer em busca do e - 1 íb . dênc1a d F qm I no. As- . conforme mostra_ o na igura 22-1, quando as ativida- sifíl•dos íons cobre e zmco forem de O 0100 M um p 1 . 1 deS á t d ' , o enc1a 1100 y aparecer , mos ran o que a reação est, 1 d de , f - a onge 0 ·iíbrio Con arme a reaçao prossegue O potenc· 1 1 equ1 1 • . , 1a orna- ada vez menor e, finalmente, atinge O valor O 000 V se c do O sistema chega ao equilíbrio. ' quanCélulas, como a mostrada na Figura 22-1 que est~ d . . , . , ao ope- rando de m~d~ a prAo um e~e~g1a :letnca, são chamadas de ,1 tas galvamcas. o contrano, celulas eletrolíticas co ce u . , . p nso- .,, energia eletnca. or exemplo a célula em di·s -me .. , , . , ' cussao aderia ser eletroht1ca se conectassemos O terminal negati- p de uma fonte cc ao eletrodo de zinco e O termi·nal . . vo pos1t1- vo ao eletrodo de cobre. Se a saída dessa fonte fosse um ouco maior do que 1,1 V, as reações nos dois eletrodos se- ~am invertidas e a reação resultante da célula seria: Cu(s) + Zn 2+ =;Cu2+ + Zn(s) uma célula na qual a inversão da direção da corrente sim- plesmente inverte as reações nos dois eletrodos é chamada de célula quimicamente reversível. 22A-6 Ânodos e Cátodos Por definição, o cátodo de uma célula eletroquímica é o ele- trodo no qual ocorre a redução e o ânodo é o eletrodo no qual ocorre a oxidação. Essas definições se aplicam tanto a células galvânicas como eletrolíticas. Para a célula galvânica mostrada na Figura 22-1, o eletrodo de cobre é o cátodo e o eletrodo de zinco é o ânodo. Quando essa mesma célula opera como célula eletrolítica, o eletrodo de cobre torna-se o ânodo e o eletrodo de zinco torna-se o cátodo. ;letrodo de Pt (ânodo) ! H2(aq) ""' W(aq) + e· HCI O,OIM saturada com AgCI Eletrodo de prata (cátodo) Capítulo 22 Introdução à Química Eletroanalítica 505 22A-7 Célula sem Junções Líquidas A interface entre duas soluções contendo diferen,t~s eletró- litos ou diferentes concentrações do mesmo eletrohto é eh~- , 'd F .. t mente células eletroqm-mada de junção liqm a. requen e , · • · · - li'qui·das Por exemplo, a m1cas contem uma ou mais 1unçoes · . célula mostrada na Figura 22-1 tem duas junções líq~tdas, uma entre a solução de sulfato de zinco e uma extremidade da ponte salina e a outra entre a solução de sulfato d~ cobre e a ponte salina. Junções líquidas são algumas vezes impor- tantes em medidas eletroquímicas devido a um peq~eno po- tencial de junção que surge nessas interfaces e que 1?fluen- cia a magnitude total dos potenciais de célula m~d1d~s. A causa e o efeito dos potenciais de junção são d1scut1dos mais detalhadamente na Seção 22B-2e no Capítulo 23. Algumas vezes é possível e vantajoso prepar~r cél~l~s nas quais os eletrodos compartilham um eletrólito, ehm1- nando assim o efeito de potenciais de junção. Um exemplo de uma célula desse tipo está representado na Figur~ 22-3. Nesse caso, a reação no cátodo de prata pode ser escnta co- mo: AgCl(s) + e· =;Ag(s) + Cl"(aq) O hidrogênio é consumido no ânodo de platina: H, (g)=; 2W (aq) + 2e· A reação completa da célula é então obtida multiplicando- se cada termo da primeira equação por 2 e fazendo-se a so- ma. Isto é: 2AgCl(s) + H2(g) =; 2Ag(s) + 2W(aq) + 2Cl- (aq) A reação direta entre hidrogênio e cloreto de prata sólido é tão lenta que o eletrólito comum pode ser usado sem impli- car em perda significante da eficiência da célula devido à reação direta entre componentes da célula. AgCl(s) ,.. A g+(aq) + CJ" (aq) Ag\aq) +e·,.. Ag(s) Figura 22-3 Uma célula galvânica sem junção líquida. 1 1 506 Princípios de Análise Instrumental A reação do cátodo nessa célula é de interesse porque pode ser considerada como sendo o resultado de um pro- cesso de duas etapas descritos pelas equações: AgCl(s)!:;Af + CI- Ag• +e-!:;Ag(s) A dissolução do cloreto de prata pouco solúvel ocorre no primeiro passo, proporcionando uma concentração essen- cialmente constante de íons prata que são então reduzidos no segundo passo. A reação anódica nessa célula é também um processo de duas etapas que podem ser formuladas como: H2(g)::; H2(aq) H2(aq)::;2W +2e- Aqui, o hidrogênio gasoso é borbulhado através da superfí- cie de um eletrodo de platina de modo que a concentração do gás na superfície seja mantida em um nível constante. Observe que, neste caso, o eletrodo inerte de platina não participa diretamente da reação, serve somente como recep- tador de elétrons. A célula na Figura 22-3 se comporta como uma célula galvânica que desenvolve um potencial de cerca de 0,46 V. Esta célula também é quimicamente reversível e pode ser operada como uma célula eletrolítica através da aplicação de um potencial externo um pouco maior do que 0,46 V. 22A-8 Representação Esquemática das Células Para simplificar a descrição das células, os químicos geral- mente usam uma notação abreviada. Por exemplo, as células mostradas nas Figuras 22-1 e 22-3 podem ser descritas como Zn I ZnSO4Cazn2• = 0,0100)11 CuSOiacu2+ = 0,0100) 1 Cu Pt,Hz(p = 1 atm) 1 H+(0,01 M), Ci-(0,01 M),AgCl(sol. sat.) 1 Ag Por convenção, o ânodo e a informação sobre a solução que está em contato com ele sempre são escritos à esquerda. Li- nhas verticais simples representam limites entre fases atra- vés das quais podem surgir diferenças de potencial. Assim, no primeiro exemplo, uma parte do potencial da célula é a diferença de potencial no limite de fases entre o eletrodo de zinco e a solução de sulfato de zinco. Pequenas diferenças de potencial também surgem nas junções líquidas. Assim, duas linhas verticais são inseridas entre as soluções de sulfa- to de zinco e de cobre e correspondem a duas junções nas duas extremidades da ponte salina. O cátodo é então repre- sentado simbolicamente por outra linha vertical separando a solução do eletrólito do eletrodo de cobre. Como o poten- cial de uma célula depende das atividades dos componentes da célula, é prática comum indicar os dados de atividade ou de concentração dos constituintes da célula entre parênte- ses. Na segunda célula, há somente dois limit porque o eletrólito é comum a ambos os elet e~ entre fas presentação abreviada dessa célula seria: ro os. lJllla r:~ Pt J H2 (sol. sat.), HCI (0,01 M), Ag+ (1 ,8 x 10_8 M) J Neste caso, a concentração de hidrogênio mo( Ag solução saturada. Na ausência de dados de p ec~lar é a d 'd ressao a cons1 era-se 1,00 atm. A concentração molar d , Parcial indicada foi calculada a partir da constante d O 10n Prat~ solubilidade do cloreto de prata. 0 Produto de 22B POTENCIAIS EM CÉLULAS ELETROANALÍTICAS Métodos eletroanalíticos podem estar baseados na . de (1) corrente em uma célula eletroquímica em medida fixo ou (2) potencial de uma célula enquanto a corrPotenciaJ enteéfi xada em um valor constante. Entretanto, em geral 1• · d 1 , · • ern um expenmento e e etroqmm1ca, o pesquisador pode lar somente o potencial da célula em um nível desc?ndtro. • . eia o e medir a corrente resultante ou vice-versa. Escolher e 1 . , 1 . d I ontro. ar uma vanave 1mpe e qua quer controle independente d outra. a Nesta seção, consideramos primeiro a termodinâm' d 'l 1 1 ' · 1 ica as ce u as e etroqmm1cas e a re ação entre as atividad dos participantes das reações típicas da célula e o poten/~ obse_r~ado ~a cé~ula. Descreveremos, e_ntão, a causa dos;. tencia1s de 1unçao encontrados na maiorià das células ele- troquímicas. Na Seção 22C, consideramos os potenciais dos cátodos e ânodos individuais que compõem as células. 22B-1 A Termodinâmica dos Potenciais de Célula É importante compreender que o potencial de uma célula eletroquímica está relacionado com as atividades dos rea- gentes e produtos da reação da célula e indiretamente com suas concentrações molares. Faremos uma aproximação, considerando as atividades iguais às concentrações molare~ mas deve-se sempre ter em mente que essa suposição pode gerar erros no potencial calculado. A relação entre a ativi- dade e uma espécie química e sua concentração é apresen· tada no Apêndice 2. Lembremos que a atividade ªx da espécie X é dada por: ªx = Yx[X] (Z2·3) Aqui, Yx é o coeficiente de atividade do soluto X e o termo entre colchetes é a concentração molar de X. Em alguns exemplos, por conveniência assumiremos, que o coeficien!e de atividade se aproxima da unidade e que a concentraçao molar e a atividade da espécie são idênticas. Esta seção trata do modo como as atividades dos r~a- gentes e dos produtos afetam o potencial de uma célula~ e: t , · emauza roqmm1ca. Usaremos como exemplo a célula esqu da na Figura 22-3 na qual a reação da célula é: 2AgCl(s) + H 1 (g)~2Ag(s) + 2cr + 2H• (Z2-4) 4 tante de equilíbrio K desta reação é dada por-.A cons · 2+ 2_ 2 K= ªH "ªc1 ·a11ç PH, ·a!gc1 d são as atividades das várias espécies indicadas pelos on eª é - · 1 d · subscritos e PH, a pressao pareia o hidrogênio em atmos- fera~º Apêndice 2, está indicado que a atividade de um só- uro é a unidade, quando ele está presente em excesso (idO p - 1 00) p . é aA = aAgCI - , . ortanto, pode ser usada a se-(•sto ' 8 . t·f· d . te equação s1mp 1 1ca a: gu1n 2+ 2 _ K= ªH · a c1 (22-5) É conveniente definir uma segunda grandeza, Q, tal que: Q = (aH+)T(aci-)7 (PH, ); (22-6) 0 subscrito i indica que os termos entre parênteses repre- entam atividades instantâneas e não atividades de equilí- ~rio. Portanto, a grandeza Q não é uma constante mas varia continua.mente até que o equilíbrio seja atingido; ponto es- te em que a grandeza Q torna-se igual a K e os subscritos i são retirados. Da termodinâmica, pode-se mostrar que a mudança na energia livre ôG de uma reação de célula (isto é, o trabalho máximo que pode ser obtido a temperatura e pressão cons- tantes) é dada por: Q !).G = RTlnQ- RTlnK = RTI~ K (22-7) onde Ré a constante dos gases (8,316 J · mo1-1-K-1) e Té a temperatura em kelvins; ln refere-~e ao Iogaritm~ na_base e. Essa relação implica que a magmtude da _ene~g1a h:re do sistema depende de quão distante do equ1líbno o sistema está. Também pode ser mostrado que o potencial da célula Ectlula está relacionado com a energia livre através da rela- ção: ôG = - nFEcélula (22-8) onde Fé o faraday (96.485 coulombs por mo! de elétrons) e n é o número de mols de elétrons associados ao processo de oxidação/redução (neste exemplo, n = 2). , A substituição das Equações 22-6 e 22-8 em 22-7, apos rearranjo, conduz a: RT RT Eé11 =--InQ+-InK c u a nF nF = - RT ln (aH+ ):(ac1- ): + RT ln K nF (pH,) nF (22-9) O último termo nesta equação é uma constªnte, c~amadaPotencial-padrão de eletrodo, ~élula• da célula. 1st0 é . d _ à Química Eletroanalftica Capítulo 22 lntro uçao' RT E o - -InK célula - nF 507 (22-10) - 1 O E uação 22-9 leva a: A substituição da Equaçao 22- na q 2 )2 _ 0 _ RT ln (a,t ) ; (ac1- ; E célula - E célula nF (pll,) (22-11) . d - é . 1 ao potencial de cé-observe que o potenc1al-pa rao 1gua • t · ·dades e pres-lula quando os reagentes e os produtos tem a ,vi sões unitárias. _ e A Equação 22-11 é uma forma da equaçao de 1:1e_rst, qlu físico-qu1m1co a e-recebeu este nome em homenagem ªº. . 1920 mão Walther Nernst (1864-1941) que foi premiado em com o Nobel. , • 1 t a Esta equação tem ampla aplicação em qu1m1ca e e ro - nalítica. 22B-2 Potenciais de Junções Líquidas Quando duas soluções de eletrólitos de diferentes composi-ções são colocadas em contato uma com a outra, surge um potencial na interface. Este potencia_! de ju'!ç~o é causado por uma distribuição desigual de cát10ns e amons ªº. longo dos limites de contato devido a diferenças nas velocidades de difusão dessas espécies. Considere a junção líquida no sistema: HCI (1 M) 1 HCI (0,01 M) Os íons hidrogênio e cloreto tendem a difundir através de~-sa fronteira indo da solução mais concentrada para a mais diluída, sendo que a força motriz que direciona esse movi-mento é proporcional à diferença de concentração. A velo-cidade na qual os vários íons difundem sob influência de uma força fixa varia consideravelmente (isto é, as mobilida-des são diferentes). No exemplo, os íons hidrogênio são vá- rias vezes mais móveis do que os íons cloreto. Como conse-qüência, há uma tendência de que os íons hidrogênio difun- dam mais rápido que os íons cloreto; uma separação de car-gas é o resultado final (veja a Figura 22-4). O lado mais di-luído da fronteira torna-se positivamente carregado devido à difusão mais rápida dos íons hidrogênio; o lado mais con-centrado, portanto, adquire uma carga negativa devido ao excesso dos íons cloreto mais lentos. A carga que aparece tende a neutralizar as diferenças nas mobilidades dos dois íons e, como conseqüência, o equilíbrio é logo atingido. A diferença de potencial de junção resultante dessa separação de cargas pode atingir valores como 30 mV ou mais. Em um sistema simples, tal como o mostrado na Figura 22-4, a magnitude do potencial de junção pode ser calculada . conhecendo-se as mobilidades dos dois íons envolvidos. En- tretanto, dificilmente uma célula de importância analítica tem uma composição suficientemente simples para permitir esse cálculo3• 3 Para mé todos de aproximação de potenciais de junção. veja A. J. Bard and L. R. Faulkner, Electrochemical Methods, p. 62-72. N ew York: Wiley, 1980. 1 li 1 r 508 Princípios de Análise Instrumental 1 HCI 1 IM 07 1 1 1 HCI : O.OIM 1 1 1 Figura 22-4 Representação esquemática de uma junção líquida mostrando a fonte de um potencial de junção Ei. O comprimento das flechas corresponde à mobilidade relativa dos dois íons. Foi verificado, de forma experimental, que a magnitude do potencial de junção pode ser grandemente reduzida pe- la introdução de uma solução de eletrólito concentrada (uma ponte salina) entre as duas soluções. A eficiência da ponte salina melhora, não somente à medida que a concen- tração do sal aumenta mas também conforme as mobilida- des dos íons do sal se aproximam umas das outras em mag- nitude. Uma solução saturada de cloreto de potássio é par- ticularmente eficiente sob ambos os pontos de vista; sua concentração é um pouco acima de 4 M à temperatura am- biente e, o que é igualmente importante, as mobilidades dos seus íons diferem em apenas 4%. Quando o íon cloreto in- terfere, uma solução concentrada de nitrato de potássio po- de ser usada em substituição. Com tais pontes salinas, o po- tencial de junção resultante tem valores tipicamente da or- dem de alguns poucos milivolts ou menos, uma quantia des- prezível em muitos casos, mas não em todas as medidas ana- líticas. 22C POTENCIAIS DE ELETRODOS É útil pensar na reação de uma célula eletroquímica como parte de duas reações de meia-célula, cada uma delas com um potencial de eletrodo característico associado a ela. Co- mo será mostrado mais tarde, esses potenciais de eletrodo medem a força motriz das duas semi-reações quando, por convenção, ambas são escritas como reações de redução. As- sim, as duas reações de meia-célula ou de eletrodos para a célula mostrada na Figura 22-3 são: 2AgCl(s) + 2e-=::; 2Ag(s) + 2c1- 2H+ +2e- =::; H2(g) Consideramos que os potenciais de eletrodos EAgCI e EH+ são conhecidos para as duas semi-reações. Para se obter a reação da célula, a segunda semi-reação é subtraída d . meira para resultar em: a Pr,. 2AgCl(s) + H2 =::; 2Ag(s) + 2W + 2Cr Analogamente o potencial da célula Ecélula é obtid ' . 1 d d , o Sub traindo O potencial de e etro o a segunda reação d · · 1 d · · Isto é· 0 Po-tencia a primeira. • Ecélula = EAgCI - EH+ Uma forma mais geral dessa relação é: Ecélula = Ecátodo - E ânodo (22-12) onde Ecátodo e E â~o~o são os, P?tenciais de eletrodos para as semi-reações catod1ca e anod1ca. 22C-1 Natureza dos Potenciais de Eletrodo o potencial de uma célula eletroquímica é a diferença entr o potencial do cátodo e o do ânodo, e é importante ter um: idéia clara de o que significa o potencial de um eletrodo: é urna medida da energia de um elétron do eletrodo. Para um condutor metálico imerso em uma solução de um eletrólito todo excesso de carga reside na sua superfície, e é possívei ajustar a densidade de carga nessa superfície ajustando a saída de uma fonte externa de energia ligada ao êondutor. À medida que a fonte externa força os elétrons para a su- perfície de um eletrodo, os elétrons acumulam-se em uma região e a energia aumenta devido à repulsão coulombiana. Resulta um aumento do potencial negativo. Se o circuito ex- terno retira elétrons em quantidade suficiente do eletrodo a superfície terá carga positiva e se desenvolve um potencial positivo. Também é possível variar a energia do elétron, e portanto o potencial, de um eletrodo metálico, variando-se a composição da solução na qual ele está imerso. Por exem- plo, há um potencial em um eletrodo de platina imerso em uma solução contendo ferrocianeto e ferricianeto como re- sultado do equilíbrio: Fe(CNt + e- =::;Fe(CN)~- Se a concentração de Fe(CN)t for muito maior que a de Fe(CN){', o primeiro doa elétrons para o metal, atribuindo carga negativa à superfície do metal. Nessas condições, o po· tendal do eletrodo é negativo. Por outro lado, se Fe(CN)[ estiver presente em excesso, elétrons são removidos do ele- trodo, causando a formação de camada superficial de íons na solução e deixando uma carga positiva na superfície?º eletrodo. O eletrodo de platina exibe, então, um potencial positivo. Deve-se enfatizar que não existe um método para deter- minar o valor absoluto do potencial de um único eletrodo, uma vez que os dispositivos de medida de voltagem det~r- minam apenas diferenças de potencial. Um condutor do dis- . · , E tanto positivo e conectado ao eletrodo em questão. ntre ' para medir uma diferença de potencial o segundo condutor ' -r da deve ser colocado em contato com a solução do eletro ito meia-célula em questão. Esse último contato inevitavelmen· Capítulo 22 Introdução à Química Eletroanalítica 509 volve uma interface sólido-solução e . te en . ' I I assim atua como Segunda meia-ce u a na qual a reação , . condutor é fabricad o de folha de platina, que foi platiniza- da, um processo no qual o metal é revestido_com ~~a cam~- da finamente dividida de platina por r~duç?o qmm1ca .r~p~- da ou eletroquímica de H2PtCl6. A platma fmamente d1v 1d1- da na superfície do eletrodo não reflete luz como ~az a pla- tina polida e, por isso, o eletrodo parece preto. Assim •. a pla- tina finamente dividida é chamada de negro de platma. O negro de platina proporciona umagrande área superficial para assegurar que a reação urna fl qu1m1ca também deve ocorrer se hou ver uxo de carga. Um potencial á unda re - A · ser as- soeiado a es~a seg . açao. ss1~, um valor absoluto a- o Potencial de meia-c élula desejado não é d'd P ra d . me I o· em vez disso, o que se ~e e é a ~1ferença entre o potenci;I de . teresse e o potencial de meia-célula para O cont t in . . d d'd d a o entre 0 dispos1t1~0 ~ ~e I a e vo lt~gem e a solução. Nossa mab1hdade em medir potenciais ab 1 . ,1 1 _ , so utos para Ocessos de me1a-ce u a nao e um p roblema , . pr . . . . , seno porque S Potenc1ars relativ os de me,a-celula medi'do o • . , s contra um eletrodo de referencia comum, tam bém são bastant ' t . · · J · eu e1L c .. es potenciais re ativos podem ser combinado d i.,;,-, • d ,1 1 , . s para ar o Potencial real a ce u a; al em disso podem ser u d . ' sa os para calcular c~nstantes de equilíbrio de processos de oxida- ção/reduçao. . Para desenvolver uma listagem útil de potenc1· · 1 · prossiga rapidamente na superfície do eletrodo. Como des- tacado anteriormente, o fluxo de hidrogênio serve simples- mente para manter a solução adjacente ao eletrodo satura- da com relação ao gás. . . . ais re ati- vos de meia-célula ou potenciais de eletrodo e' n , . • . . , ecessano um eletrodo de referencia cmdadosamente defini'do . . ,que se- ja aceito ~or to?ª. a comumdade de químicos. o eletrodo-pa- drão de h,drogem? (!'-PH), o~ o eletrodo normal de hidrogê- nio (ENH), const1tm esta meia-célula. ZZC-2 O Eletrodo-Padrão de Hidrogênio (EPH) Eletrodos de gás hidrogênio foram largamente usados nos estudos iniciais de eletroquímica, não apenas como eletro- dos de referência mas também como eletrodos indicadores para a determinação de pH. A composição desse tipo de eletrodo pode ser representada como Pt,H2(p atm) 1 H+(aH+ = x) Como sugerido pelo termo entre parênteses, o potencial na superfície da platina depende da atividade do íon hidrogê- nio da solução e da pressão parcial do hidrogênio usado pa- ra saturar a solução. A meia-célula mostrada à esquerda na Figura 22-5 ilus- tra os componentes de um eletrodo de hidrogênio típico. O Voltímetro O eletrodo de hidrogênio pode atuar como ânodo ou cátodo, dependendo da meia-célula com a qual esteja aco- plado por meio da ponte salina, como mostrado na Figura 22-5. O hidrogênio é oxidado a íons hidrogênio quando o eletrodo é um ânodo. A reação inversa ocorre quando ele é um cátodo. Então, sob condições adequadas, o eletrodo de hidrogênio é eletroquímicamente reversível. O potencial de um eletrodo de hidrogênio depende da temperatura, da atividade do íon hidrogênio e da pressão do hidrogênio na superfície do eletrodo. Valores para essas va- riáveis experimentais devem ser cuidadosamente definidos para a meia-célula que serve como referência. Especifica- ções para o eletrodo-padrão de hidrogênio requerem que a atividade do íon hidrogênio seja igual a um e que a pressão parcial do hidrogênio seja exatamente uma atmosfera. Por convenção, o potencial desse eletrodo foi associado ao valor de exatamente zero em todas as temperaturas. 22C-3 Eletrodos de Referência Práticos Embora o eletrodo-padrão de hidrogênio seja de funda- mental importância, a dificuldade de preparar a superfície do eletrodo e de controlar as atividades dos reagentes tor- Ponte salina 7 Gás H2 Figura 22-~ Definição do potencial-padrão de eletro- do para M-+(aq) + 2e· !:; M(s). 1 À 1 1 1 510 Princípios de Análise Instrumental nam o seu uso quase impraticável, de modo que ele rara- mente é utilizado pelos químicos para medidas rotineiras. Em vez dele, eletrodos de referência que são de preparo simples, mais resistentes e de uso mais fácil são normalmen- te usados em substituição aos eletrodos de gás hidrogênio. Um dos mais comuns é o eletrodo de prata/cloreto de prata. Esse eletrodo pode ser preparado pela aplicação de um po- tencial oxidante a um fio de prata imerso em solução diluí- da de ácido clorídrico. Uma fina cobertura de cloreto de prata é formada e adere fortemente ao fio. O fio é, então, imerso em solução saturada de cloreto de potássio. Uma ponte salina conecta a solução de cloreto de potássio ao sis- tema de eletrodo que está sendo estudado. O potencial des- se eletrodo é cerca de 0,2 V positivo com relação ao poten- cial-padrão de hidrogênio. A semi-reação do eletrodo é: AgCl(s) + e- =::;CI- + Ag(s) Um segundo eletrodo de referência amplamente usado é o eletrodo calomelano saturado (ECS), que consiste em um depósito de mercúrio em contato com a solução que es- tá saturada com cloreto de mercúrio(!) ( calomelano) e tam- bém com cloreto de potássio. Um fio de platina mergulhado no mercúrio proporciona o contato elétrico com o outro condutor e uma ponte salina até o segundo eletrólito com- pleta o circuito. O potencial dessa referência é cerca de 0,24 V positivo. A reação do eletrodo é: Descrições mais detalhadas dos sistemas de eletrodos de referência de prata/cloreto de prata e de calomelano po- dem ser encontradas na Seção 23A. 22C-4 Definição do Potencial de Eletrodo Potenciais de eletrodo são definidos como potenciais de cé- lula para uma célula que consiste do eletrodo em questão atuando como um cátodo e o eletrodo-padrão de hidrogê- nio atuando como um ânodo. Deve-se enfatizar que, apesar do seu nome, um potencial de eletrodo é, na realidade, o po- tencial de uma célula eletroquímica que contém como âno- do um eletrodo de referência cuidadosamente definido. Ele poderia ser chamado mais apropriadamente de "potencial de eletrodo relativo" (mas raramente é). Observe que essa célula pode ser galvânica ou eletrolítica, dependendo da energia do elétron do eletrodo em questão. Assim, quando essa energia for maior do que a do eletrodo-padrão de hi- drogênio, o potencial do eletrodo será negativo; quando a energia do elétron do eletrodo em questão for menor do que a do eletrodo-padrão de hidrogênio, o potencial do ele- trodo será positivo. A célula na Figura 22-5 ilustra a definição do potencial de eletrodo para a semi-reação: M2+ + 2e- =::; M(s) Neste caso, a meia-célula da direita ( o cátod ) M o con . uma tira de metal em contato com uma sol _ siste ,1 d ( , d ) uça0 d 11e A meia-cé}u!a da esqu'?r. a_ o ano o ~ 0 eletrodo. e ~ 1,_ de hidrogemo. Por defm1çao, o potencial E ob Pa<1r~ dispositivo de medida de voltagem é o potenc· s1ervad0 nº 2+ A • 'd ia de I o do para O par MIM . qm, cons1 eramas que e etro. 1. - os Pot das junções na ponte sa ma sao nulos. Se assu . enciai . . d d , M2+ munos s bém que a at1V1da e o 10n em solução é tall\ . 1 é h d d exata . igual 1,00, o potencia c ama o e potencial- lllente · , d · d Padr-eletrodo para o sistema e e es1gna o pelo símbol ªº do é O potencial-padrão do eletrodo para uma sem· 0 f:l. Isto ' i-reaç potencial do eletrodo quando todos os reagentes e ao é o têm atividade igual a um. Produ10s Se M na figura for cobre e se a atividade do ío . . n cobre solução for igual a 1,00, o compartimento à direita na ' d d '1 1 1 • · com"" ta-se como um cato o e uma ce u a ga vamca e O rvr. observado é +0,337 V como mostrado na figura APotencial · rea · espontânea da célula é: Çao . Cu2+ + H2(g)=::;Cu(s) + 2W Como o eletrodo de cobre é o cátodo, o potencial med'd . . 1 d 1 I oe por definição, o potencia e e etrodo para a meia-célul~ Cu/Cu2+. Observe que o eletrodo de cobre é positivo e relação ao eletrodo de hidrogênio; isto é, elétrons fluemom circuito externo do ânodo negativo de hidrogênio para O ~~ todo de cobre. Por esta razão, o potencial de eletrodo tem si- nal positivo e escrevemos: Cu2+ + 2e- =::; Cu(s) Eº= +0,337V Se M, na Figura 22-5, for cádmio em vez de cobre, e se aso- lução tiver atividade do íon cádmio igual a 1,00,o potencial observado é de -0,403 V. Nesse caso, o cádmio atua como o ânodo da célula galvânica de modo que os elétrons se deslo- cam do cádmio parao eletrodo de hidrogênio. Por essa ra- zão, o potencial tem sinal negativo. A reação espontânea da célula é: e pode ser escrita: Cd2+ +2e- =::; Cd(s) Eº =-0,403V Um eletrodo de zinco em uma solução de íons zinco com atividade unitária exibe potencial de -0,763 V quandº acoplado ao eletrodo-padrão de hidrogênio. Como ele é 0 ânodo em uma célula galvânica, seu potencial de eletrodo também é negativo. O . . quatro s potenciais-padrão de eletrodos para as . meias-células descritas podem ser arranjados na ºrdern- Cu2+ + 2e- =::; Cu(s) Eº= +0,337V 2W + 2e- =::; H,(g) Eº= 0,000V Cd2+ + 2e- =::; Cd(s) Eº= -0,403V Zn2++2e- =::;Zn(s) Eº =-0,763V As magnitudes des~es potenciais-padrão de eletrodos ostram as forças relatJvas das quatro espécies iônicas co- ~o receptoras de elétrons (agentes oxidantes), isto é, em as decrescentes como agentes oxidantes: cu2+ > H+ ~~ ~ > Cdz+ > Zn zc-5 convenção de Sinais para Potenciais de 2 Eletrodos raivez não seja surpreendente que a escolha do sinal dos potenciais de eletrodos tenha ge~ado muita controvérsia e º fusão ao longo do desenvolvimento da eletroqu' • CO U •- 1 t . 1m1ca. Em t 953, a mao n er~ac1onal ~e Química Pura e Aplica- da (IUPAC - ln~ernatJonal Umon of Pure and Applied Chemistry), reumda em Estocolmo, tentou resolver essa ontrovérsia. A convenção de sinal adotada nesse encontro ~oi chamada de convenção da IUPAC ou de Estocolmo; é a onvenção usada atualmente pela maioria dos químicos. e Qualquer convenção de sinais deve estar baseada no processo de meia-célu~a es~rito de um único modo_ isto é, inteiramente como ox1daçao ou como redução. De acordo com a convenção da IUPAC, o termo potencial de eletrodo (ou mais exata_mente potencial d~ eletrodo relativo) está re- servado exclusivamente para semi-reações escritas como re- duções. Não há objeção ao uso do termo potencial de oxida- ção para indicar um processo de eletrodo escrito no sentido oposto, mas um potencial de oxidação nunca deve ser cha- mado de potencial de eletrodo. O sinal do potencial de eletrodo é determinado pelo si- nal verdadeiro do eletrodo de interesse quando acoplado ao eletrodo-padrão de hidrogênio em uma célula galvânica. Assim, um eletrodo de zinco ou de cádmio se comportará como o ânodo a partir do qual os elétrons fluem através do circuito externo até o eletrodo-padrão de hidrogênio. Esses eletrodos metálicos são, portanto, os terminais negativos de tais células galvânicas e seus potenciais de eletrodos estão associados a valores negativos. Assim: Zn2+ + 2e- =; Zn(s) Eº = - 0, 763V Cd2+ + 2e- =; Cd(s) Eº= - 0,403V O potencial do eletrodo de cobre, por outro lado, é dado com sinal positivo porque o cobre se comporta como o cáto- do na célula galvânica construída com esse eletrodo e o ele- trodo de hidrogênio; elétrons vão para o eletrodo de c??re através do circuito externo. Ele é então o terminal pos1t1vo da célula galvânica e, para o cobre, podemos escrever: Cu2+ + 2e- =; Cu(s) Eº= +0,337V É importante tornar a enfatizar que os potenciais de eletro- do e seus sinais se aplicam a semi-reações escritas como r~- duções. Tanto zinco como cádmio são oxidados pelo íons hi- ~rogênio; as reações espontâneas são então as de oxidaç~o. E.evidente, portanto, que o sinal do potencial ~e eletrodo m- d~cará se a reação de redução é ou não esp~ntane~ com re!~- Çao ao eletrodo-padrão de hidrogênio. Assim, o smal positt- Capítulo 22 Introdução à Química Eletroanalítica 511 . 1 d d cobre significa que a rea-vo do potencial para o e etro o e ção Cu2+ + H 2 (g) !:; 2W + Cu(s) . . b d' -es normais O potencial de ocorre para a dlfe1ta so con iço · . . . eletrodo negativo para o zinco, por outro lado, s1gmf1ca que a reação análoga zn 2+ + Hi{g) =; 2W + Zn(s) não ocorre a menos que seja forçada atr~vés_ da aplicação de um potencial externo. Além disso, 0 eqmlíbno favorece ª es- pécie da esquerda. 22C-6 Efeito da Atividade sobre o Potencial do Eletrodo Vamos considerar a semi-reação: pP + qQ + L L + ne- =; rR + sSL L onde as letras maiúsculas representam as fórmulas das espé- cies em reação (sejam carregadas ou não), e- representa o elétron e as letras minúsculas em itálico indicam o número de mols de cada espécie (incluindo elétrons) que participa da reação de meia-célula. Empregando os mesmos argu- mentos usados no caso da célula prata/cloreto de prata na Seção 22B-1, obtemos E= Eº - RT ln (aR)~ ·(as)i' .... . nF (ap)f · (a0 ):' .. .. · Na temperatura ambiente (298 K), o conjunto de constantes antes do logaritmo tem unidades de joules por coulomb ou volt. Portanto: RT _ 8,316J mol-1 K-1 x298K nF - nx96487C mol-1 2,568 X 10-2 J C-1 = 2,568 X 10-2 V n n Para converter o logaritmo da base natural para a base dez, multiplica-se por 2,303, e a equação pode ser escrita como: E_ Eº 0,0592 1 (aR)' • (asY L L - --n- og(ap)P ·(aoY'L L (22-13) Por conveniência, também tiramos os subscritos i que ti- nham sido inseridos para lembrar que os termos entre pa- rênteses representam concentrações de não-equilíbrio. Des- ta forma, os subscritos não serão usados. Entretanto, o leitor deve estar alerta para o fato de que os quocientes que apa- recem nesse tipo de equação não são constantes de equilí- brio, apesar de sua semelhança aparente. A Equação 22-13 é uma expressão geral da equação de Nernst, que pode ser aplicada tanto a reações de meia-célu- la como a reações de célula. SU Princípios de Análise Instrumental 22C-7 O Potencial-padrão de Eletrodo, /fJ Um exame da Equação 22-13 revela que a constante~ é igual ao potencial de meia-célula quando o termo logarítmi- co é zero. Essa condição ocorre quando o quociente das ati- vidades é igual à unidade e isto ocorre quando as atividades de todos os reagentes e produtos são unitárias. Assim, o po- tencial-padrão é geralmente definido como o potencial de eletrodo de uma reação de meia-célula (contra o EPH) quando todos os reagentes e produtos estiverem presentes com atividades unitárias. O potencial-padrão do eletrodo é uma constante física importante e fornece uma descrição quantitativa da força motriz relativa da reação da meia-célula. Quatro fatos rela- cionados com esta constante devem ser mantidos em men- te. (1) O potencial do eletrodo depende da temperatura; pa- ra que ele tenha significado, a temperatura na qual ele foi determinado deve ser especificada. (2) O potencial-padrão do eletrodo é uma grandeza relativa, uma vez que realmen- te ele é o potencial de uma célula eletroquímica na qual o ânodo foi cuidadosamente especificado como eletrodo de referência - o eletrodo-padrão de hidrogênio - cujo poten- cial foi designado como sendo de zero volt. (3) O sinal de um potencial-padrão é idêntico ao do condutor em contato com a meia-célula de interesse em uma célula galvânica, cu- ja outra metade é o eletrodo-padrão de hidrogênio. (4) O potencial-padrão é uma medida da força motriz da semi- reação. Desta forma, é independente da notação empregada para expressar o processo. Assim, o potencial para o proces- so Ag+ + e- =; Ag(s) Eº= +O, 799V embora dependente da concentração de íons prata, é o mes- mo, qualquer que seja o modo como escrevemos a semi-rea- ção, como acima ou como: lOOAg+ + lOOe- =; lOOAg(s) Eº= +O, 799V Por garantia, a equação de Nernst deve ser consistente com a semi-reação da forma como foi escrita. Para a primeira de- las, será: E = O 199 - O, 0592 Iog - 1 - ' 1 e para a segunda: E= 0,799 - O,OS92 log l 100 (aAg)'oo = 0,799 - º;:2 [ \,00 log a:,] Potenciais-padrão de eletrodo estão disponíveis para numerosas semi-reações. Muitos foram determinados dire- tamente a partir de medidas de voltagem de células nas quais um eletrodo de hidrogênio ou outro eletrodo de refe- rência constituía metade da célula. Entretant _ .--O • d o, e p calcular valores de e ·· a partir e estudos de e . ossív 'd - / d - d d 9Utlíb . eJ sistemas de ox1 açao re uçao e e ados term . rio d - M . Od1na' e que relacionamessas reaçoes. mtos dos valor lllic0 b 'd . 4 es enc s dos na literatura foram o tt os assim. Ontra. Para ilustrar, a Tabela 22-1 contém alguns padrão de eletrodos. Uma tabela mais completºtenciais. encontrada no Ap!ndice 3. As espécie~ na partes~ Peº?e ser querda das equaçoes na Tabela 22-1 sao mais fa .1P riores. · · d 1 1 ci men1 <luzidas como indica o pe o va or bastante pos·t· e re ' • 1 1vo d · portanto, são os agentes oxidantes mais eficientes e f:!l; cando-se para baixo, no lado esquerdo da tabela · DesJo. d 1 , . , cacta e cie é um receptor e e etrons menos efetivo que 8Pé-. , 1 1 . a ante( As reações de meia-ce u a na parte inferior da t b 1or. a ela têm 4 Fontes abrangentes de potenciais-padrão de eletrodos incluc Electrode Potentials in Aq11eo11.1· Sollllions, A. J. Bard. R. Par;0 0;/ 1 ~ 11 dard dan Eds New York: Marcel Dekker. 1985; G. Milazzo and s e" 1 J,Jor. · · . . · aro i r, h of Standard Electrode Poten1tals. New York: W1ley-Interscience 197 ." le.r Antelman and F. J. Harris. Chemical Electrode Potentials. Ne; y 7 · M.s. 82 AI ·1 - - . ork· Pie num Press, 19 . gumas comp1 açoes estao organizadas em ord · · bélica dos elementos e outras estão tabeladas de acordo com 05 v elm alfa. ~ ª~~ TABELA 22-1 Potenciais-padrão de Eletrodo* Reação Cl 2 (g)+2e- =:;: 2Cl- 0 2(g) + 4W + 4e- =:;: 2Hp Cu2+ + 2e- =:;: Cu(s) AgCl(s)+e- =:;: Ag(s)+Cr Ag(SzO.,t +e- =:;: Ag(s)+2Sp;- Agl(s)+e- =:;: Ag(s) + 1- PbSO/s) + 2e- =:;: Pb(s) + so~- Cd2+ + 2e- =:;: Cd(s) Zn 2+ +2e- =:;: Zn(s) * Para mais detalhes, veja Apêndice 3. J!l, a 25ºC, V +1,359 +1 ,229 +1 ,087 +1,065 +0,799 +0,771 +0,536 +0,337 +0,268 +0,222 +0,010 0,000 -0,151 -0,350 -0,403 -0,763 uca tendên_cia a oco~rer como estão escritas. Por outro la- Pº ndem a ir no sentido oposto, como oxidações. Os agen-do te · f t· - -' redutores mais e e ivos sao, entao, as espécies que a pare- ies baixo e à esquerda nas equações da tabela. ceJll ª ·1 - d t · · vma comp1 açao _e po enc1a1s-padrão fornece ao quí- . ·nformação relativa à extensão e direção das reações (lltCO 1 . d lé nsferênc1a e e trons entre as espécies tabeladas ~~ . base na Tabela 22-1, por exemplo, vemos que O zinco é com .d d . . facilmente ox1 a o que o cádmio e concluímos que (llatS . · I _ , peça de zinco imersa em so uçao de 10ns cádmio causa- uflldª posição de cádmio metálico; ao contrário, cádmio tem ráe . d . , . ca tendência are um 10ns zmco. A Tabela 22-1 também Pººira que ferro(III) é um agente oxidante melhor do que (110S • _ , n triiodeto. Assim, em uma soluçao contendo uma mis- 0 10 em equilíbrio de íons ferro(III), iodeto, ferro(II) e triio-1ura , 1 . . deto, podemos prever que o u timo par lfá predominar. zzC-8 Medidas de Potenciais de Eletrodo Embora o ele~rodo-padrão de hidrogênio seja o eletrodo de referência universal, deve-se compreender que, como des- rito, pode nunca ser de fato construído em um laboratório. ~le é um eletrodo hipotético com relação ao qual os poten- ciais determinados experimentalmente podem ser referidos somente através de cálculos adequados. A razão para que este eletrodo, como foi definido, não possa ser preparado, é que falta aos químicos o conhecimento de como produzir uma solução de íons hidrogênio com atividade exatamente igual a um. Não existe uma teoria adequada que permita o cálculo do coeficiente de atividade do íon hidrogênio em uma solução cuja força iônica seja um, como requerido pela definição (veja Apêndice 2). Assim, a concentração de HCI ou de outro ácido necessária para dar a atividade unitária do íon hidrogênio não pode ser calculada. Apesar disso, da- dos para soluções mais diluídas de ácidos, para as quais os coeficientes de atividade são conhecidos, podem ser usados para cálculos de potenciais hipotéticos com ativi?~de unit_á- ria. O exemplo a seguir ilustra como os potenc1a1s-padrao podem ser obtidos deste modo. L L L.LLL..LL.. L..L. L.. ~ LLLLL L LLLLLLLLLLLL L t EXEMPLO 22-1 L t D. A. Maclnnes5 verificou que uma célula s_imilar à mos- L Irada na Figura 22-3 desenvolve um potencial de 0,52053 t V.A célula é descrita por: t Pt,H2(1,00 atm) 1 HC1(3,215 x t 10-3 M),AgCl(sol. sat.) 1 Ag t Calcule o potencial-padrão de eletrodo para a semi-rea- l ção: L L L AgCl(s)+e- ::::; Ag(s)+Cr L LA · , d , , qu1, o potencial de eletrodo para o cato O e :---_ 1 D · 187 New York: : A. Maclnnes, The Principies of Electroche1111stry, P· · Reinhold. 1939. L L L L L L _ , Química Eletroanalítíca Capítulo 22 Jntroduçao a E = Eº . -0,0592logao- = c.iloclo i\gCI Eº -O 0592 log')' c1-c110 AgCI ' 513 L . . d d ci- A segunda t onde 'Yc1- é o coeficiente de attv1da e o . :· L reação de meia-célula é L L L L L L L L e L L L L L L L L L P.2 o 0,05921 11, E =E =-og- ânoc10 1-1, 1 a . H P.2 0 0592 1 M, =E~, =____:,___og- . l "( H"CIK I L .. L O potencial medido é a diferença entre estes potenc1a1s t (Equação 22-12): L L L L L L L L E célul:i = ( E1scl - o, º59210g ')' CI e HCI) - 0,000-0,05921og- 1 ·- 1 ' - ( P."2 ) ')' fl"C HCI C Combinando os dois termos logarítmicos, obtém-se L L L L L 'Y H + 'Y CL-c' HCl Ecélul:i = E1gcl - o, 0592 log p ll2 H, t Os coeficientes de atividade de H+ e c1- podem ser calcu- L lados a partir da Equação a2-3 (Apêndice 2), consideran- t do a força iônicaµ igual a 3,215 x 10-3_ Os valores são, res- t pectivamente, 0,945 e 0,939. A substit~ição d~sses coefi- L cientes de atividade e dos dados expenmenta1s nas equa-t ção fornece, após rearranjo: L L L L L L L L L E1gc1 = O, 5203 + O, 0592 log (3,215 X 10-J)2(0,945)(0,939) 1,00112 = 0,2223 == 0,222V t (A média desta e de outras medidas similares em outras L concentrações de HCI foi 0,222 V) 22C-9 Cálculo dos Potenciais de Meia-célula a partir de Valores de IfJ Algumas aplicações típicas da equação de Nernst no cálcu- lo de potenciais de meia-célula estão ilustradas nos exem- plos que se seguem. 1~ J.. 514 Princípios de Análise Instrumental ~LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL t EXEMPLO 22-2 L t Qual é o potencial de eletrodo da meia-célula que consis- L te de um eletrodo de cádmio imerso em uma solução de t Cd2+ 0,0150 M? L Na Tabela 22-1, encontramos: L L L L Cd2+ + e· =; Cd(s) Eº =-0,403V L Vamos considerar que acd2+ == [Cd2+] e escrever L L L E= Eº_ 0,0592 10 _1 _ t 2 g [Cd2+] L t Substituindo a concentração de Cd2+ nesta equação, ob- L tém-se L L L L L L E= -0,403- 0,0592 lo _1 _ 2 g0,0150 = -0,457V 1 O sinal do potencial obtido nesses cálculos indica a dire- ção da reação quando a meia-célula está acoplada ao eletro- do-padrão de hidrogênio. O fato de ser negativo mostra que a reação ocorre espontaneamente. Observe que o potencial calcula- do é um número negativo maior do que o próprio potencial- padrão do eletrodo. Isto vem de considerações sobre a lei de ação das massas, porque a semi-reação, como está escrita, tem menos tendência a ocorrer com a menor concentração de íons cádmio. ~LLLLLLLLL LLLLLLLLLL L LLLLLLLLLL t EXEMPLO 22-3 L t Calcule o potencial para um eletrodo de platina imerso L em uma solução preparada por saturação de uma solução C 0,0150 M de KBr com Br2. Neste caso, a semi-reação é: L L Bri(/) + 2e· =; 2Br· Eº = 1,065V L L L Observe que o termo(/) na equação indica que a solução C aquosa é mantida saturada pela presença de excesso de L Br2 líquido. Então, o processo completo é a soma de dois C equilíbrios: L L Bri(l)=; Br2(sol. sat. aq) L L Br2(sol. sat. aq) +2e- =; 2Br· L [ Considerando que [Br-] = asn a equação de Nernst para L o processo completo será: L t E= 1 065 - 0,0592 lo [Br-)2 L ' 2 g 100 L ' L L Neste caso, a atividade do Br2 no líquido puro , C te e igual a 1,00 por definição. Assim, e constan. L L L L L L L 0,0592 E= 1,065-- 2 -tog(0,0150)2 = 1, 173V L .LLLLLLLLLLLLLLL LLLLLLL L t EXEMPLO 22-4 L L LLi_ l..l._ l... L Calcule o potencial de um eletrodo de platina 1·rn L ers0 L solução que é 0,0150 M em KBr e 1,00 x 10-3 Me 8 em L Neste caso, a semi-reação usada no exemplam r2, L d - 1 · l - - prece L ente nao se ap 1ca porque aso uçao nao está mais· · satura L da em Br2. A Tabela 22-1 , entretanto, contém a sem· · L _ 1-rea. L çao: L L L L Eº = 1,087V L O termo (aq) implica que todo o Br2 presente está nas . C lução e que 1,087 V é o potencial de eletrodo da semi-r/. L ção quando as atividades de Br- e de Br2 em solução sã~ C iguais a 1,00 mol/L. Todavia, a solubilidade de Br 2 em L água a 25ºC é de somente cerca de O, 18 mol/L. Assim, 0 C potencial obtido de 1,087 V é baseado em um sistema hi- L patético que não pode ser observado experimentalmente. C Entretanto, esse potencial é útil porque fornece os meios L pelos quais potenciais de sistemas não-saturados podem C ser calculados. Então, se considerarmos que as atividades L dos solutos são iguais às suas concentrações molares, ob- C temos: L L L L L L L L L L L E= 1,087 - 0,0592 log [Br· ]2 2 [Br2 ] = I, 087 o, os92 'ºº < 1, 50 x 10- 2 ) 2 2 e, l,OO x l0-3 = 1,106V C Aqui, a atividade de Br2 é 1,00 x 10-3 em vez de 1,00, co- L mo era no caso da solução saturada com excesso de Brz(0 ~ presente. 22C-10 Potenciais de Eletrodos na Presença de Precipitação e de Complexação Como evidenciado no próximo exemplo, reagentes que rea· gem com os participantes de um processo de eletrodo tem efeito marcante sobre o potencial desse processo. L-L- L.-L-~ L LL L LL L LL L L L L L L LL L LL L LLLLL C EXEMPLO 22-5 L L ~ L Calcule o potencial de um eletrodo de prata e_m_ um: do L lução saturada com iodeto de prata e com at1vidad 3 )( C íon iodeto exatamente igual a 1,00 (Kps para Agi == 8• 1 10-11). ◄ L L L L L Ag• + e- :=; Ag(s) Eº= +O, 799V E= +o, 799 - O, 0592 log-l- ª Ac' L C podemos calcula: ªAs+ a partir da constante produto de L solubilidade. Assim, L L L L L [ Substituindo a equação de Nernst: L [ E=+o,799- 0,0592log5:_ L 1 Kp, L C Esta equação pode ser reescrita: C E== +0,799 + 0,0592 log Kps -0,0592 log a,- (22-14) L • • L Se substitmrmos a,- por 1,00 e usarmos 8,3 x 10-11 para C Kps, o produto de solubilidade para o Agi a 25ºC, obte- L mos: L L E==+ 0,799 + 0,0592 log 8,3 x 10-17 -0,0592 log 1,00 L --0151 V L - , L Este exemplo mostra que o potencial de meia-célula pa- ra a redução do íon prata torna-se menor na presença de íons iodeto. Qualitativamente, esse é o efeito esperado, por- que a diminuição da concentração de íons prata diminui a tendência para a sua redução. A Equação 22-14 relaciona o potencial de um eletrodo de prata à atividade do íon iodeto de um solução que tam- bém está saturada com iodeto de prata. Quando a atividade do íon iodeto for unitária, o potencial será a soma de duas constantes. Este é, então, o potencial-padrão de eletrodo da semi-reação: Agl(s) + e- :=; Ag(s) + i- E° =-0,151 V onde E1g, = +O, 799 + O, 0592 log Krs A relação de Nernst para o eletrodo de prata em uma solu- ção saturada de iodeto de prata pode, então, ser escrita co- mo E= E° -0,0592 log a1- = - 0,151 - 0,0592 log a1- Assim, quando em contato com uma solução saturada com iodeto de prata, o potencial do eletrodo de prata pode ser descrito tanto em termos de atividade do íon prata (com o potencial-padrão de eletrodo para a semi-reação simples de prata) como em termos de atividade do íon iodeto (com o potencial-padrão do eletrodo da semi-reação de prata/iode- to de prata). Geralmente, este último é mais conveniente. O potencial de um eletrodo de prata em uma solução contendo um íon que forma um complexo solúvel com o íon prata pode ser tratado de modo análogo ao precedente. Por exemplo, em uma solução contendo íons prata e tiossulfato, ocorre a formação de complexo Capítulo 22 Introdução à Química Eletroanalítica 515 onde Kr é a constante de formação do complexo. A semi-rea- ção de um eletrodo de prata nesse tipo de solução pode ser escrita como Ag(SPJ)~- + e- :=; Ag(s) + 2sp;- o potencial-padrão de eletrodo para esta semi-reação será o potencial de eletrodo quando tanto o complexo como o ânion complexante tiverem atividade única. Usando a mes- ma aproximação do exemplo anterior, verificamos que 1 Eº =+o,799+0,0592 log- (22-15) Kr Dados para o potencial do eletrodo de prata na presen- ça de determinados íons são encontrados no Apêndice 3 e na Tabela 22-1. Informação similar também é fornecida pa- ra outros sistemas de eletrodos. Esses dados geralmente simplificam o cálculo dos potenciais de meia-célula. 22C-11 Algumas Limitações ao Uso de Potenciais- padrão de Eletrodos Potenciais-padrão de eletrodos são de grande importância na compreensão de processos eletroanalíticos. Entretanto, há algumas limitações inerentes ao uso desses dados que de- vem ser claramente analisadas. Substituição das Concentrações por Atividades Por uma questão de conveniência, as concentrações molares - e não mais as atividades - das espécies reativas são geral- mente empregadas nos cálculos que usam a equação de Nernst. Infelizmente, considerar que essas grandezas são idênticas é válido apenas em soluções diluídas. Com o au- mento _d~s concentrações dos eletrólitos, espera-se que os potenc1a1s calculados com base nas concentrações molares se desviem dos valores obtidos experimentalmente. Para ilustrar, o potencial-padrão de eletrodo para a se- mi-reação é +0,771 V. Desprezando as atividades, poderíamos prever que um eletrodo de platina imerso em uma solução que contenha 1 mol/L de cada um dos íons Fe2+ e Fe3+, além de ácido perclórico, teria um potencial numericamente igual ao seu valor relativo ao potencial-padrão de hidrogênio. Na verdade, entretanto, um potencial de +0,732 V é observado exp7ri~entalmente quando a concentração do ácido per- clonco e 1 M. A razão para essa discrepância pode ser vista se escrevermos a equação de Nernst na forma 516 Princípios de Análise Instrumental y Fe2+[Fe2+] E= E° - 0,0592 log y Fe3+[Fe3+] onde YFe2• e YFe~• são respectivamente os coeficientes de ati- vidade. Os coeficientes de atividade das duas espécies são menores do que a unidade neste sistema devido à alta força iônica gerada pelo ácido perclórico e pelos sais de ferro. Mais importante ainda é o fato de o coeficiente de atividade do íon ferro(l11) ser menor que o do íon ferro(II). Em con- seqüência, a razão entre os coeficientes de atividades como aparecem na equação de Nernst seria maior que a unidade e o potencial de meia-célula seria menor do que o potencial- padrão. Dados de coeficientes de atividade para íons em so- luções dos tipos comumente encontrados em titulações de oxidação/redução e em trabalhos eletroquímicos são bas- tante limitados. Conseqüentemente, em muitos cálculos, as concentrações molares são mais usadas que as atividades. Erros consideráveis podem resultar deste fato. Entretanto, esses cálculos são ainda relevantes porque as variações rela- tivas nos valores freqüentemente estão próximas dos valo- res corretos e a direção das mudanças é exata. E/ eito de Outros Equilíbrios A aplicação de potenciais-padrão de eletrodo é mais com- plicada devido à ocorrência de reações de solvatação, disso- ciação, associação e formação de complexos envolvendo es- pécies de interesse. Um exemplo desse problema é encon- trado no comportamento do potencial do par ferro(IIl)/fer- ro(II). Como observado anteriormente, uma mistura equi- molar desses dois íons em ácido perclórico 1 M tem poten- cial de eletrodo de +0,73 V. A substituição por ácido clorí- drico na mesma concentração altera o potencial observado para +0,70 V. Um valor de +0,6 V é observado em ácido fos- fórico 1 M. Essas diferenças surgem porque o ferro(l11) for- ma complexos mais estáveis com íons cloreto e fosfato do que o ferro(II) . Como resultado, a concentração real do fer- ro(III) não-complexado nessas soluções é menordo que a concentração do ferro(II) não-complexado e o efeito é um deslocamento no potencial observado. Fenômenos como esses podem ser considerados somen- te se o equilíbrio envolvido for conhecido e as constantes para o processo estiverem disponíveis. Entretanto, muitas vezes, faltam essas informações. O químico é , então, forçado a desprezar esses efeitos e esperar que erros sérios não de- turpem os resultados calculados. Potenciais Fonnais Para compensar parcialmente os efeitos de atividades e de erros resultantes de reações secundárias, como descrito na seção anterior, Swift propôs a substituição de uma grandeza chamada potencial formal Eº' no lugar do potencial-padrão de e letrodo nos cálculos de oxidação/redução.6 O potencial formal de um sistema é o potencial de meia-célula com relação ao eletrodo-padrão de hidrogênio 6 E. H . Swift, A System o/Chemical Analysis, p. 50. San Francisco: Freeman, quando as concentrações dos reagentes e do rem 1 M e as concentrações de quaisquer out s Produtos f d 1 - f "d d rosco o tes a so uçao orem cm a osamente espec·r· nstitu· · . , ,cada in por exemplo, o potenct~l formal para a redu _ s. Assj 11 ; ro(III) é +0,732 V em ácido perclórico 1 M Çao do r ' ácido clorídrico 1 M. Usar esses valores no I e +O,?oo Ver. cial-padrão de eletrodo na equação de N ugar do Pot:llt Ih d A • ernst pr n. me or concor ancia entre os potenciais exp . 0du21· . enme . ra calculados, uma vez que a concentração do I nta,se _ . e etról't os luçao se aproxima daquela na qual O poten . 1 1 0 na s~ • . _ c,a fo v, medido. A aphcaçao dos potenciais formais a . rtnaJ fo· d .f • • s1stem 1 1 erem muito no tipo e na co~centração do eletrór as que entretanto, levar a erros maiores do que os tto Pode . . encont , com o uso de potenciais-padrão. A tabela do A , r~dos contém potenciais formais selecionados e tamb ?end1ce 3 ciais-padrão; nos próximos capítulos, usaremos em Poten. for mais apropriado. aquele% Velocidade de Reações Deve-se observar que a existência de uma semi-rea - 1 . . d I d ~~ uma tabe a de potenciais e e etro o não implica ne • • A • d I d cessa. namente na ex1stencia e um e etro o real cujo pot . d , 1 . _ M . enc1al correspon a aque a sem1-reaçao. u1tos dos dados a sentados nessas t~belas fora":1 ob~idos a_partir de cálc~~~; baseados em medidas de eqmlíbno ou termicas em vez d medidas reais de potenciais de um sistema de eletrodo. Pa~ ra algumas semi-reações, nenhum eletrodo é conhecido;as- sim, o potencial-padrão de eletrodo para o processo Eº =-0,49V foi obtido indiretamente. A reação de eletrodo não é rever- sível e a velocidade na qual o dióxido de carbono combina- se para formar ácido oxálico é extremamente lenta. Ne- nhum sistema de eletrodo cujo potencial varie de modo es- perado segundo a relação entre as atividades dos reagentes e produtos é conhecido. Todavia, o potencial é útil para fina- lidades de cálculos. 22D CÁLCULO DE POTENCIAIS DE CÉLULA A PARTIR DE POTENCIAIS DE ELETRODOS Um uso importante dos potenciais-padrão de eletrod? ~ 0 cálculo do potencial obtido a partir de uma célula galvan'.c~ ou o potencial necessário para operar uma célul~ eletrohll: ca. Esses potenciais calculados (às vezes denominados p~ tenciais termodinâmicos) são teóricos já que se referemª:: lulas nas quais essencialmente não há corrente. fatoresª a . . d , rrente n c10na1s evem ser considerados quando ha uma co . . de cé lula. Além disso, e les não consideram os potenciais 05 junção dentro da célula. Normalmente, estes são ~equen o suficiente para serem desprezados sem erros sénos. JZ) a e - 22- • orno mostrado anteriormente (na Equaçao b' aç㺠força eletromotriz de uma célula é obtida pela com ,n de potenciais de meia-célula como a seguinte: Ecélula = Ecátodo - Eânodo ◄ onde Eãn?dº e ~cátodo são os _potenciais de eletrodo para as 5 sem1-reaçoes que constituem a célula. dua . 'I I h' , . considere a ce u a 1potet1ca: zn / ZnSO4Cazn2+ = 1,00) li CuSO4(acu2• = 1,00) 1 Cu 0 processo co?1pleto da célula envolve a oxidação de zinco elementar a zmco(I~) _e a redução ?e cobre(II) ao estado etálico. Como as at1V1dades dos dois íons são especificad m .á. .. as corno sendo umt nas, os p~tenc1a1s-padrão são também os tenciais de eletrodo. O diagrama da célula especifica po . é , d que 0 eletrodo de zmco o ano o. Assim, usando dados de J:!) da Tabela 22-1: Ecélula = +0,337-(-0,763) = +1 ,lO0V 0 sinal positivo do potencial indica que a reação Zn(s) + Cu2+ ➔ Zn2+ + Cu(s) ocorre espontane~ment~ e que é uma célula galvânica. A célula seguinte, CUJO diagrama é: Cu I Cu2+(acu2+ = 1,00) li Zn2+ (a202. = 1,00) / Zn implica que o eletrodo de cobre é agora o ânodo. Assim, Ecélula = -0,736- ( +0,337) = -1,100 V o sinal negativo indica a não-espontaneidade da reação Cu(s) + Zn2+➔ Cu2+ + Zn(s) A aplicação de um potencial externo maior que 1,100 V é necessária para fazer a reação ocorrer. ~~~LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL L EXEMPLO 22-6 L [ Calcule os potenciais para a seguinte célula empregando [ (a) concentrações e (b) atividades: [ Zn I ZnSO4Ccznso4), PbSO4Csol. sat.) 1 Pb t onde CznS04 = 5,00 X 10-4; 2,00 X 10-3; 1,00 X 10-2; 2,00 X L 10-2 e 5,00 X 10-2. L L L (a) Em uma solução neutra, ocorrerá pouca forma- [ ção de HS04 e, por isso, podemos considerar que L L L L L L L L L L L L L L L L L l L L l L L [So~-1 = Cznso, = 5, 00 X 10-4 As semi-reações e os potenciais-padrão são Eº= -0,350V Eº= -0, 763V O potencial do eletrodo de chumbo é dado por: 0,0592 10-4 EPb = -0,350- 2 log5,00 x = -0,252V L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L Capítulo 22 Introdução~ Química Eletroanalítica 517 e . , -4 A concentração do íon zinco é tambem 5,00 x 1 O , 0,0592 Ezn = -0, 763 -~ log 5, OO X 10-4 = -0,860V Uma vez que o eletrodo de Pb foi especificado co- mo cátodo, Ecélula = -0,252 - (-0,860) = 0,608 Potenciais de célula em outras concentrações po- dem ser obtidos do mesmo modo. Seus valores es- tão dados na coluna (a) da Tabela 22-2. C (b) L Para obter os coeficientes de atividade dos íons Zn2+ e so.t, devemos primeiramente calcular a força iônica com auxílio da Equação a2-2 (Apên- dice 2). Neste caso, consideramos que as concen- trações de Pb2+, H+ e OH- são desprezíveis com relação às concentrações de Zn2+ e soJ-. Assim, a força iônica é: L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L L µ = ![5,00 X 10-4 X (2)2 + 5,00 X 10-4 X (2)2] 2 = 2,00 X 10-3 Na Tabela a2-1, encontramos que, para soJ-, a.A= 0,4 e para Zn2+, a.A= 0,6. Substituindo esses valo- res na Equação a2-3, obtém-se para o íon sulfato: 1 0,509 X 22 x ,J2,00 X 10-3 - ogYso =-----'-;==== ' 1+3,28x0,4..j2,00xl0-3 = 8,59 X J0-2 Yso, =0,820 ªso, = 0,820 X 5,00 X 10---1 = 4,)0 X 10-4 C Repetindo os cálculos, empregando a.A= 0,4 para Zn2+, L obtém-se: . L L Yzn = 0,825 C ªzn = 4,13 X 10-4 C A equação de Nernst para o eletrodo de Pb torna- se L L L L 0,0592 EPb = -0, 350 - --x log 4 10 x 10-4 2 , L L = -0,250 L C Para o eletrodo de zinco: L L L L L L L L e L L Ezn = -0, 763- _0,_05_9_2 X log--1 __ 2 4, 13 X 10-4 = -0,863 E célula = -0,250 - (-0,863) = 0,613 V 518 Princípios de Análise Instrumental t TABELA 22-2 Potenciais Calculados para uma Célula Baseados em (a) Concentrações e (b) Atividades (ver E L ~~) ~ L L L L L L L L L L L L L L L Força Iônica µ (a) E(calc) (b) E(calc) (a) E(exp)* 5,00x 10--4 2,00x 10-3 1,00 X 10-2 2,00x 10-2 5,00 X 10-2 2,00x 10-3 0,608 0,613 0,61 1 ----- 8,00x 10-3 0,572 0,582 0.583 4,00x 10-2 0,531 0,549 0,553 8,00 X 10-2 0,513 0,537 0,542 2,00x 10-1 0,490 0,521 0,529 • Dados experimentais de 1. A. Cowperthwaite e V. K. LaMer,J. Amer. Chem. Soe .. 1931, 53, 4333. Valores para outras concentrações estão listadas na coluna (b) da Tabela 22-2. É interessantecomparar os potenciais de célula calcula- dos mostrados nas colunas (a) e (b) da Tabela 22-2 com os resultados experimentais mostrados na última coluna. Cla- ramente, o uso de atividades proporciona melhora signifi- cante dos resultados para as forças iônicas altas. 22E CORRENTES EM CÉLULAS ELETROQUÍMICAS Somente um tipo geral de método eletroanalítico está ba- seado em medidas feitas na ausência de corrente apreciável. São os métodos potenciométricos, tratados no Capítulo 23. Os vários outros métodos, considerados nos Capítulos 24 e 25, envolvem correntes elétricas e medidas de corrente. En- tão, precisamos considerar o comportamento das células quando correntes significativas estão presentes. Como observado anteriormente, a eletricidade é trans- portada dentro de um célula pelo movimento de íons. Com correntes pequenas, a lei de Ohm é geralmente obedecida e podemos escrever E= IR, onde E é a diferença de potencial em volts responsável pelo movimento dos íons, / é a corren- te em amperes e R é a resistência em ohms do eletrólito à corrente. A resistência depende dos tipos e das concentra- ções dos íons em solução. Quando eletricidade cc é transportada através de uma célula eletroquímica, o potencial de célula medido normal- mente se afasta do valor obtido a partir dos cálculos termo- dinâmicos como os mostrados na Seção 22B. Esse afasta- mento pode estar associado a inúmeros fenômenos incluin- do resistência ôhmica e vários efeitos de polarização, como sobrevoltagem de transferência de carga, sobrevoltagem de reação, sobrevoltagem de difusão e sobrevoltagem de crista- lização. Geralmente, esses fenômenos têm efeito de reduzir o potencial de uma célula galvânica ou aumentar o poten- cial necessário ao desenvolvimento de corrente em uma cé- lula eletrolítica. 22E-1 Potencial Ôhmico, Queda Ôhmica Para desenvolver uma corrente em uma célula galvânica ou eletrolítica, uma força motriz na forma de um potencial é necessária para vencer a resistência dos íons que se mo , d E vern em direção ao ânodo e ao cato o. xatamente como na e dução metálica, essa força segue a lei de Ohm e é iguai°;· produto da corrente em amperes pela resistência da célul~ em ohms. Geralmente? esta força é chamada de potencia/ ôhmico ou queda ôhmzca. O efeito da queda ôhmica é aumentar o potencial ne. cessário para operar uma célula e diminuir o potencial me- dido de uma célula galvânica. Portanto, a queda ôhmica é sempre subtraída do potencial teórico da célula. Isto é,7 Ecélula = Ecátodo - &nodo - / R (22-16) ~LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL t EXEMPLO 22-7 L t A célula abaixo tem resistência de 4,00 n. Calcule seu po- L tencial quando é produzida uma corrente de 0,100 A. L L Cd I Cd2+ (0,0100 M) li Cu2+ (0,0100 M) 1 Cu L t A substituição na equação de Nernst revela que o po- L tendal do eletrodo de Cu é de 0,278 V, enquanto que do t eletrodo de Cd é -0,462 V. Assim, o potencial termodinâ- L mico da célula é: L L L L E= Ecu-ECd = 0,278- (-0,462) = 0,740 V t e o potencial para produzir a corrente desejada é t Ecélula = 0,740- IR L = 0,740- (0,100 x 4,00) = 0,340 V Observe que o potencial dessa célula cai drasticamente quando há corrente na célula. ~LLLLLLLL L LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL t EXEMPLO 22-8 L t Calcule o potencial necessário para gerar uma corrente L de 0,100 A na direção inversa àquela da célula mostrada t no Exemplo 22-7. L 7A . d' . 1 d i·unção é qu1 e na 1scussão a seguir, assumiremos que o potencia e desprezível em relação aos outros potenciais. L L L L L L L L E= Ecd-Ecu = - 0,462 -0,278 = -0,740 y Ecéluln = -0,740- (0,100 X 4,00) =- l ,140V Aqui, um potencial externo maior que 1 140 V , f d · 2 , e neces- sário para azer epos1tar o Cd + e dissolv C . . er o u na veloci- dade requerida para uma corrente de 0,lOO A. 22E-2 Polarização Vários métodos eletroanalíticos importantes estão basea- dos em curvas de corrente-voltagem que - b 'd d · - d sao o t1 as pela medida a vanaçao e corrente em uma c 'I I f -. 1 A e u a em unçao do seu potencia . Equação 22-16 prevê que em t · • d , po encia1s de eletro o constantes, deve existir uma rei - 1-açao mear entre a voltagem da célula e a corrente. Na verdade d · d 1-. d _ . , esv1os a 1- neanda e sao,~tto e_ncontrados; sob essas circunstâncias, diz-se que a ce u a esta polarizada. A polarização pode sur- gir em um ou ambos os eletrodos. Como uma introdução a essa discussão, é melhor consi- derar as ~urvas de corrente-voltagem para um eletrodo 0 • Jarizado ideal e um não-polarizado ideal. A polarização ~m um único eletrodo pode ser estudada acoplando-o a um ele- trodo que não se polariza prontamente. Esse eletrodo é ca- racterizado por uma grande área e por estar baseado em uma reação de meia-célula que seja rápida e reversível. De- talhes sobre os eletrodos não-polarizados serão encontra- dos nos próximos capítulos. Células e Eletrodos Polarizados e Não-polarizados Ideais O eletrodo polarizado ideal é aquele no qual a corrente per- manece constante e independente do potencial em um in- tervalo considerável. A Figura 22-6a é uma curva de corren- te-voltagem para um eletrodo que se comporta idealmente A B I u // e // ~ 1---~.-L---- -'-"""--- o /'.,,. Potencial do eletrodo u / (a) Capítulo 22 Introdução à Química Eletroanalítica 519 na região entre A e B. A Figura 22-6b descreve a relação corrente-voltagem de um eletrodo despolariza~o que se comporta idealmente na região entre A e B. Aqm, o poten- cial é independente da corrente. A Figura 22-7 é uma curva de corrente-voltagem para uma célula com eletrodos que têm comportamento não-po- larizado ideal entre os pontos A e B. Devido à resistência in- terna da célula, a curva de corrente-voltagem tem inclina- ção finita igual a R (Equação 22-16), em vez de inclinação infinita como o eletrodo não-polarizado ideal mostrado na Figura 22-6b. Fora do intervalo A e B, ocorre polarização em um ou em ambos os eletrodos, resultando em desvios do comportamento ideal de linha reta. A metade superior da curva dá a relação corrente-voltagem quando a célula está operando como célula .eletrolítica. A metade inferior des- creve seu comportamento como célula galvânica 8 • Observe que, quando a polarização surge em uma célula eletrolítica, um potencial maior é necessário para que seja possível atin- gir uma determinada corrente. Analogamente, a polarização de uma célula galvânica produz um potencial que é mais baixo do que o esperado. Fontes de Polarização A Figura 22-8 representa três regiões de uma meia-célula onde a polarização pode ocorrer. Essas regiões incluem o próprio eletrodo, um filme superficial de solução imediata-· mente adjacente ao eletrodo e a solução como um todo. Pa- ra essa meia-célula, a reação completa do eletrodo é: Ox+ ne- =;Red Qualquer um dos vários passos intermediários mostra- dos na figura pode, entretanto, limitar a velocidade na qual 8A convenção atual da IUPAC é seguida aqui atribuindo-se sinal negativo às correntes catódicas. Infelizmente. essa convenção não foi adotada no início do desenvolvimento de algumas técnicas. Assim. por razões históri- cas, nem sempre a convenção de sinais da IUPAC será seguida. I I u e / / A ~ t-------+---- - - ci u I / / / (b) Potencial do eletrodo B Figura 22-6 Curvas de corrente-voltagem para eletrodo ideal (a) polarizado e (b) não-polarizado. As linhas tracejadas mostram des- vios do comportamento ideal nos eletrodos reais. 520 Princípios de Análise Instrumental + ~ e Célula elc1rolí1ica B ~ o ~----~------ º u Célula galvânica Figura 22-7 Curva de corrente-voltagem para uma célula mos- trando comportamento não-polarizado ideal entre A e B (linha contínua) e comportamento polarizado (linha tracejada). a reação total ocorre e também a magnitude da corrente. Um desses passos na reação, chamado de transferência de massa, envolve o movimento de Ox do corpo da solução pa- ra o filme
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