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Contabilidade Empresarial 
 
 
 
Professor Antonio Roberto da Costa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
BLOCO 1: ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA DA CONTABILIDADE ................................... 3 
BLOCO 2: O PATRIMÔNIO E SUAS VARIAÇÕES ................................................................. 9 
BLOCO 3: OPERAÇÕES COM MERCADORIAS ................................................................ 20 
BLOCO 4: VARIAÇÕES PATRIMONIAIS.......................................................................... 33 
BLOCO 5: CONTABILIDADE DE CUSTOS.........................................................................48 
BLOCO 6 OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS........................................................................... 67 
 
 
 
 
 
 
 
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BLOCO 1 ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA DA CONTABILIDADE 
Olá, aluno(a), 
A partir deste material, vamos estudar o que chamamos de Contabilidade Empresarial. 
Os conceitos que fazem parte desta etapa de nossos estudos referem-se à Estrutura 
Conceitual Básica da Contabilidade. Vamos então começar pela Origem da 
Contabilidade. 
 
1.1 A origem da contabilidade 
A contabilidade surgiu baseada em princípios filosóficos e em regras estabelecidas 
previamente e não por lei constitucional ou fiscal como muitos acreditam. Ela foi 
utilizada como método de organização de valores, mensuração do crescimento do 
patrimônio e de resultados alcançados, assim mantendo o dono e os usuários 
informados das suas necessidades. 
A evolução da contabilidade se deu de tal forma que se confunde com o 
desenvolvimento da humanidade. Estudos sobre as civilizações na Antiguidade 
mostram que o homem primitivo sempre cuidou das suas riquezas por meio da 
contagem e do controle de seu rebanho. Pesquisadores detectam sinais de existências 
das contas trazendo-nos os primeiros exemplos de contabilidade a 4000 a.C, 
aproximadamente, na civilização sumério-babilônica. 
O aperfeiçoamento da contabilidade se deu de acordo com as influências e 
conveniências de cada período histórico. Exemplos de grandes marcos históricos que 
desencadearam a progressão das ciências contábeis são o surgimento da moeda e da 
escrita, o descobrimento do continente americano e a invenção da máquina a vapor. O 
desenvolvimento econômico e as mudanças tanto sociopolíticas como culturais de 
cada época estiveram interligados com a progressão da história da contabilidade. 
Com o aumento da complexidade das atividades econômicas, o homem também 
precisou aperfeiçoar o método de avaliação da sua situação patrimonial. 
A evolução da contabilidade pode ser delimitada a partir de duas grandes escolas: 
a. Italiana: se espalhou na Europa após o surgimento do método das partidas dobradas 
no século XIV, sendo divulgada em 1494 com a obra de Luca Pacioli, Summa de 
Arithmetica, Geometria proportioni et propornalità. A escrituração teve relevância a 
 
 
 
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partir do surgimento dessa escola, da qual também surgiram os registros patrimoniais 
e métodos de avaliação. 
b. Americana: dela vêm os princípios fundamentais da contabilidade com as regras de 
toda a escrituração e análise contábil. 
No Brasil, a contabilidade tem legislação própria e surgiu por volta de 1754, quando 
ainda era colônia de Portugal. A formação do profissional da área contábil foi iniciada 
com a autorização da criação do curso Aula de Comércio, sob a supervisão da junta de 
comércio em Lisboa. Conforme o tempo foi passando, a contabilidade se aprimorou 
até que se chegou à Lei 6.404/76 das sociedades por ações, que existe até a 
atualidade, como também à Lei 11.638/07 que insere o Brasil nas normas 
internacionais da contabilidade. 
 
1.2 Objetivos e usuários da contabilidade 
O objetivo principal da contabilidade é se apresentar como fonte fundamental de 
informações em nível econômico e financeiro por meio dos relatórios que compõem 
demonstrações contábeis. 
Outro objetivo importante é que a contabilidade se trata de um instrumento de gestão 
de controle de uma empresa para mensurar seus resultados financeiros, e, por sua vez, 
a análise desses resultados permite que a organização possa projetá-los em 
investimentos de recursos. 
Mais um objetivo é que a contabilidade visa informar e permitir a cada usuário a 
avaliação da situação econômica financeira da empresa, por exemplo, para os sócios, 
gerentes, administradores, fornecedores, bancos, governos, ou seja, todos os 
stakeholder internos e externos da empresa, com a elaboração das demonstrações 
contábeis, como Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Balanço Patrimonial, 
que são os principais relatórios usados para as tomadas de decisões. 
 
1.3 Fundamentos da contabilidade 
1.3.1 Postulados 
De acordo com Padoveze (2012), os postulados são elementos vitais e básicos que 
estruturam a contabilidade atual. São eles: 
 
 
 
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a. Entidade: diz respeito à contabilidade de uma entidade, empresa, de modo que sua 
escrituração não deve ser confundida com a de seus proprietários. 
b. Continuidade: diz que a empresa deve ser avaliada com a hipótese de que não será 
extinta. Sendo assim, se houver o encerramento de uma empresa, o critério de 
avaliação de seus bens ativos será realizado de forma diferenciada. 
 
1.3.2 Princípios 
A contabilidade é uma ciência prática e com o decorrer dos anos, critérios e opções 
foram desenvolvidos para se tentar chegar a uma melhor forma de controle 
patrimonial. Portanto, os princípios são a prática dos critérios mais bem aceitos pelos 
contadores. 
 
1.3.3 Denominador comum monetário 
Diz este princípio que a avaliação de itens e a contabilidade devem ser realizadas sob 
uma mesma moeda. Como exemplo, uma dívida contraída em dólares será expressa na 
escrituração comercial em reais, mas continuará controlada em dólares; ou no caso de 
a empresa ter no seu ativo uma obra de arte que lhe foi doada, esta deve ser avaliada 
em reais. 
 
1.3.4 Competência de exercícios 
É aplicado na contabilização tanto das receitas quanto das despesas de uma empresa. 
É uma dupla de princípios que regularizam os resultados, que são: 
• Princípio da realização. 
• Princípio do confronto das despesas com as receitas. 
Já que é vital compreender tais princípios para a plena compreensão das peças 
contábeis, faremos uma breve explicação. Para uma despesa ou receita, há dois 
momentos a serem considerados na contabilização dos fatos referentes a elementos 
patrimoniais: momento econômico (ocorrência ou geração) e momento financeiro 
(efetivação através do pagamento ou recebimento). 
 
 
 
 
 
 
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1.3.5 Conceito de exercício social 
Exercício contábil é o período de um ano em que se faz a apuração do resultado. Não 
necessariamente tem de coincidir com o ano civil, mas deve ter 12 meses de duração 
determinados pela empresa. Assim, as despesas e as receitas são contabilizadas no 
ano em que forem geradas. 
 
1.3.6 Realização da receita 
Este princípio consiste em como se deve considerar realmente a receita, isto é, como é 
realizada ou efetuada. 
Autores admitem que se deve considerar a receita de um produto no momento em 
que o vendemos. Por outro lado, há consenso entre os contadores de que se deve 
considerar a receita de venda do produto apenas quando ele tiver sido entregue ao 
cliente, levando em consideração algumas condições básicas, como: 
• avaliação de mercado objetiva para o preço do produto; 
• realização de todos os esforços de produção; 
• condições de avaliar as despesas relativas ao produto a ser vendido. 
 
1.3.7 Confronto das despesas com as receitas 
Trata-se das receitas realizadas a serem confrontadas no mesmo período das despesas 
que a geraram, ou seja, a apuração do resultado de período consideradas as receitas 
realizadas com diminuição das despesas sacrificadas para sua obtenção. 
 
1.3.8 Custo como base de valor 
Princípio que diz respeito às aquisições de ativos quedeverão ser contabilizados pelo 
seu valor de compra ou aquisição. 
 
1.3.9 Exemplo de mercadoria em estoque 
Trata-se dos bens que a empresa adquire com a finalidade básica de posterior revenda 
de lucros com essa revenda. 
 
 
 
 
 
 
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1.3.10 Princípio de custo como base 
Diz que os bens adquiridos devem ser registrados pelo preço de compra (aquisição), ou 
seja, preço de custo. 
 
1.3.11 Convenções 
Trata-se de restrições aos princípios contábeis e também são normas de caráter 
prático a serem observadas como guias, o que facilita a vida do contador. 
 
1.3.12 Objetividade 
Significa que o contador quando realizar uma escrituração de um fato, precisa se 
alicerçar nos elementos objetivos, tirando a subjetividade no lançamento contábil. 
 
1.3.13 Conservadorismo 
Diz respeito a uma convenção e, na dúvida, o contador deve optar pela forma mais 
conservadora de escrituração. Por exemplo, na dúvida lançar todas as despesas, 
porém, não lançar com as receitas se houver dúvidas. 
 
1.3.14 Materialidade 
Esta convenção está ligada à análise do custo/benefício da informação. 
 
1.3.15 Consistência ou uniformidade 
Aqui, o contador deve aplicar critério de uniformidade no tempo. Se ele adotou 
determinado critério de avaliação de um ativo ou passivo, deverá adotar o mesmo ao 
longo dos anos constantemente. 
 
1.4. Noções básicas (patrimônio, bens, direitos e obrigações) 
1.4.1 Patrimônio 
Trata-se do conjunto de bens, direitos e obrigações que pertence a uma entidade. 
 
1.4.2 Bens 
Qualquer coisa que possa satisfazer uma necessidade do homem e seja suscetível de 
avaliação econômica, ou seja, ter preço. Os bens são classificados em: 
 
 
 
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• Tangíveis: têm existência física. Por exemplo: carro, dinheiro, casa etc. 
• Intangíveis: são chamados de abstratos ou imateriais, por não terem existência 
física. Por exemplo: marcas e patentes, direitos autorais, etc. 
 
1.4.3 Direitos 
São bens sobre os quais exercemos domínio, mas não estão sobre a posse de terceiros 
e aparecem no patrimônio como valores a receber. Por exemplo: clientes ou duplicatas 
a receber, títulos a receber, etc. 
 
1.4.4 Obrigações 
São bens que se encontram sobre nossa posse e o domínio sobre eles é exercido por 
terceiros. Aparecem no patrimônio como valores a pagar. Por exemplo: duplicatas a 
pagar, títulos a pagar etc. 
 
1.5 Estática patrimonial (ativo, passivo, patrimônio líquido, situação do patrimônio 
líquido, formação e variações do patrimônio) 
 
1.5.1 Formação do patrimônio 
Para se constituir uma empresa, é preciso que se tenha, inicialmente, um Capital. A 
palavra Capital é usada para representar o conjunto de elementos que o proprietário 
da empresa possui para iniciar suas atividades. Observe exemplos nos quadros a 
seguir: 
 
Quadro 1 − Balanço patrimonial/Representação de patrimônio: exemplo de formação 
de um patrimônio que inicia suas atividades com $100.000 em dinheiro 
 
ATIVO PASSIVO 
Bens 
Caixa 100.000 
Patrimônio Liquido 
Capital social 100.000 
 
Total 100.000 Total 100.000 
 Fonte: elaborado pelo autor 
 
 
 
 
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Quadro 2 − Balanço patrimonial/Representação de patrimônio: exemplo de compra de 
mesas e cadeiras, à vista, para uso da empresa, no valor de $50.000 
 
ATIVO PASSIVO 
Bens 
Caixa 50.000 
Móveis e utensílios 50.000 
 
Patrimônio Líquido 
Capital social 100.000 
Total 200.000 Total 100.000 
 Fonte: elaborado pelo autor 
 
Quadro 3 − Balanço patrimonial/Representação de patrimônio: Exemplo de depósito 
de $30.000 no banco Mercosul S.A 
 
ATIVO PASSIVO 
Bens 
Caixa 20.000 
Bancos conta movimento 30.000 
Móveis e utensílios 50.000 
 
Patrimônio Líquido 
Capital social 100.000 
 Fonte: elaborado pelo autor 
 
Referência 
PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 
 
 
BLOCO 2 O PATRIMÔNIO E SUAS VARIAÇÕES 
 
2.1 Método das partidas dobradas 
Segundo Padoveze (2012), o método universalmente usado em todos os sistemas 
contábeis para se efetuar uma partida de diário (lançamento contábil) é o Método das 
Partidas Dobradas. Ele consiste em que para cada lançamento a débito (ou 
débitos) corresponde um crédito (ou créditos) de igual valor. Ou seja, 
 
 
 
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para cada débito, há um crédito de igual valor, e vice-versa. 
Para cada somatório de débitos, há sempre um somatório de créditos de igual valor, e 
vice-versa. 
 
DÉBITO: Todo valor que ENTRAR numa conta. 
CRÉDITO: Todo valor que SAIR de uma conta. 
 
No registro dos fatos contábeis, sempre haverá duas contas: uma debitada e uma 
creditada, pois é o que caracteriza o “Sistema das Partidas Dobradas”. 
Veja alguns exemplos de registro de operações em razonetes. Para entender o método 
das Partidas Dobradas, você deverá analisar algumas das operações em empresa! 
 
Exemplos: 
a. Abertura de uma empresa: 
Duas pessoas resolveram abrir uma sociedade anônima, com capital totalmente 
integralizado em dinheiro no ato, no valor de $20.000. Esse capital está dividido em 
2.000 ações de $10,00 cada uma. Com a entrada de dinheiro para a sociedade, 
o Ativo Caixa foi aumentado (debita-se Caixa) e o Patrimônio Líquido também foi 
aumentado (credita-se Capital). 
DÉBITO: Caixa........................................ = 20.000,00 
CRÉDITO: Capital Social......................... = 20.000,00 
 
b. A empresa adquiriu um terreno por $5.000, pagando à vista. 
DÉBITO: Terreno.............................. = $5.000 
CRÉDITO: Caixa................................. = $5.000 
 
c. Compra de mercadorias: 
Foram adquiridas a prazo mercadorias pelo valor de $4.000. 
DÉBITO: Estoque de Mercadorias......................... = $4.000 
CRÉDITO: Títulos a Pagar (ou Fornecedores)....... = $4.000 
E assim por diante... 
 
 
 
 
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2.2 Escrituração contábil 
2.2.1 Livro razão 
Segundo Ribeiro (2013), no passado as contas eram registradas nas páginas de um 
livro manuscrito chamado RAZÃO. Depois foram registradas em fichas ou folhas 
soltas. Atualmente, com o sistema eletrônico, são registradas na memória dos 
computadores ou em registros especiais, pelo sistema de processamento eletrônico de 
dados. Contudo, em seu conjunto, são mantidas em arquivo, e continuam com a 
mesma denominação Razão. Para cada conta, deve existir pelo menos uma ficha de 
Razão. 
 
2.2.2 Razonete 
Para efeito didático, representamos uma conta por uma conta em t, ou razonete em t, 
ou simplesmente, razonete. 
 
2.2.3 Débitos e créditos 
A diferença entre o total de débitos e o total de créditos feitos em uma conta em 
determinado período é denominada SALDO. 
Se o valor dos débitos for maior que o valor dos créditos, a conta terá saldo DEVEDOR. 
Caso ocorra o contrário, a conta terá saldo CREDOR. 
Na terminologia contábil, essas palavras têm significados antagônicos. Contudo, débito 
pode representar elementos positivos, por isso cuidado com as terminologias. 
Crédito na linguagem coloquial significa: situação positiva, possuir crédito na 
praça, poder comprar a prazo, etc. 
Na terminologia contábil, a palavra crédito também possui significado oposto. As 
mesmas observações que fizemos para a palavra débito aplicam-se à palavra crédito. 
 
2.2.4 Livro diário 
Ainda segundo Ribeiro (2013), o livro Diário é obrigatório, exigido pelo Código 
Comercial Brasileiro em seu artigo no. 11, que é um livro essencialmente cronológico 
para registrar, em ordem de dia, mês e ano, todas as operações contabilizáveis 
verificadas na existência de uma pessoa jurídica. 
 
 
 
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O registro de uma operaçãono livro Diário denomina-se partida de diário ou 
lançamento contábil. Ao conjunto dos lançamentos, denominamos escrituração 
contábil. 
 
2.2.5 Lançamentos contábeis 
Fazer um lançamento contábil é simplesmente, no caso de débitos, fazer um 
lançamento a débito ou um débito, ou ainda, debitar a conta. 
O mesmo acontece com os lançamentos de crédito: simplesmente fazer um 
lançamento a crédito ou um crédito, ou ainda, creditar a conta. 
SALDO, como já vimos, é a diferença de débitos e créditos efetuados em uma conta. 
Os elementos essenciais de um lançamento contábil são: 
• local e data; 
• conta(s) devedora(s); 
• conta(s) credora(s); 
• histórico; 
• valor. 
 
2.3 Plano de contas 
Segundo Marion (2009), o Plano de Contas é o elenco sistematizado e metódico de 
todas as contas movimentadas por uma empresa, ou seja, nada mais é do que 
uma relação ordenada das contas contábeis a serem utilizadas pela contabilidade para 
fazer a escrituração contábil e os registros contábeis da empresa. Cada empresa deve 
ter o seu próprio Plano de Contas, de acordo com suas características próprias. Para a 
elaboração do Plano de Contas, que servirá como instrumento de orientação e base 
para o registro das operações contábeis, há alguns critérios que o contador deverá 
obedecer: 
• todos os elementos da mesma natureza deverão ser reunidos em uma única 
conta; 
• os nomes das contas devem identificar com clareza os elementos que as 
representam; 
 
 
 
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• ter obediência ao critério de liquidez para ordenar as Contas do Ativo segundo 
a ordem decrescente de liquidez, isto é, as contas que representam dinheiro, 
ou mais facilmente transformáveis em dinheiro, vêm em primeiro lugar, 
seguidas das demais, na ordem decrescente de conversibilidade; 
• as Contas do Passivo devem obedecer à ordem decrescente de exigibilidade. 
Primeiramente, vêm aquelas que representam obrigações, cujo pagamento 
tem prioridade; 
• as contas de Capital a Integralizar, Ajustes de Avaliação Patrimonial, Prejuízos 
Acumulados, Reservas de Lucros e Ações em Tesouraria devem constar do 
grupo do Patrimônio Líquido; 
• as Contas Retificadoras do Ativo e do Passivo devem constar do mesmo grupo 
das contas retificadas; 
• as Contas de Despesas devem constar de grupos que identifiquem as despesas 
dos setores da empresa ou natureza departamental; 
• as Despesas e Receitas não operacionais devem constar de grupos distintos 
das receitas e despesas operacionais, ou seja, aquelas decorrentes da atividade 
objeto da empresa. 
 
2.3.1 Codificação das contas 
Cada conta, grupo ou subgrupo recebe um código a ser definido por cada 
empresa. Essa definição é de livre escolha da empresa. A atribuição de códigos às 
contas depende do tamanho da empresa e do equipamento utilizado para 
contabilização. 
Deve ser realizado um estudo das necessidades da organização e da capacidade do 
equipamento em função da utilização de dígitos para a conta, inclusive o de controle. 
A codificação deve levar em conta a estrutura do Plano de Contas previamente 
definido. Veja a seguir um “modelo” de um Plano de Contas: 
 
 
 
 
 
 
 
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a. CONTAS PATRIMONIAIS 
 1. ATIVO 2. PASSIVO 
10 ATIVO CIRCULANTE 20 PASSIVO CIRCULANTE 
 10.1 Caixa 20.1 Fornecedores 
 10.2 Bancos Conta Movimento 20.2 Duplicatas a Pagar 
 10.3 Aplicações Financeiras 20.3 Contas a Pagar 
 10.4 Clientes 20.4 COFINS a Recolher 
 10.5 Duplicatas a Receber 20.5 PIS a Recolher 
 10.6 Promissórias a Receber 20.6 ICMS a Recolher 
 10.7 Ações de Outras Empresas 20.7 FGTS a Recolher 
 10.8 Estoque de Mercadorias 20.8 INSS a Recolher 
 10.11 Estoque de Material de 
Expediente 
 20.9 Salários a Pagar 
 10.12 Juros Passivos a Vencer 20.10 Dividendos a Pagar 
 10.13 Prêmios de Seguros a Vencer 20.11 Impostos e taxas a Recolher 
 20.12 Provisão para a Contribuição Social 
 
 
 ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE 
11 ATIVO REALIZÁVEL A LONGO 
PRAZO 
 21 PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 
 11.1 Duplicatas a Receber 21.1 Duplicatas a Pagar 
 11.2 Promissórias a Receber 21.2 Promissórias a Pagar 
 
12 INVESTIMENTOS 22 RESULTADOS DE EXERCÍCIOS 
FUTUROS 
 12.1 Participações em Outras 
Empresas 
 
13 IMOBILIZADO 22.1 Aluguéis Ativos a Vencer 
 13.1 Imóveis 22.2 Outras Receitas a Vencer 
 13.2 Computadores 22.3 Custos ou Perdas Correspondentes 
 13.3 Instalações 
 
 
 
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 13.4 Móveis e Utensílios 23 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
 13.5 Veículos 23.1 Capital 
 13.6 Depreciação Acumulada 23.2 Reservas de Lucros 
14 INTANGÍVEIS 23.3 Lucros ou Prejuízos Acumulados 
 14.1 Marcas e Patentes 
 14.2 Amortização Acumulada 
 Fonte: elaborado pelo autor 
 
b. CONTAS DE RESULTADO 
 3. DESPESAS 4. RECEITAS 
30 DESPESAS OPERACIONAIS 40 RECEITAS OPERACIONAIS 
 30.1 Água e Esgoto 40.1 Receitas de Vendas de Mercadorias 
 30.2 Aluguéis Passivos 40.2 Receitas de Prestação de Serviços 
 30.3 Amortização 40.3 Aluguéis Ativos 
 30.4 Café e Lanches 40.4 Juros Ativos 
 30.5 Combustíveis 40.5 Receitas Eventuais 
 30.6 Salários e Encargos 
 30.7 Depreciação 41 RECEITAS NÃO OPERACIONAIS 
 30.8 Descontos Concedidos 41.1 Ganhos em transações do Ativo 
Permanente 
 30.9 Despesas Bancárias 
 30.10 Férias e Encargos 
 30.11 13o. Salário e Encargos 
 30.12 Fretes e Carretos 
 30.13 Impostos e Taxas 
 30.14 Luz e Telefone 
 Fonte: elaborado pelo autor 
 
2.4 Balanço patrimonial 
O Balanço Patrimonial (BP) é uma das mais importantes demonstrações contábeis, 
por permitir apurar (atestar) a situação patrimonial e financeira de uma entidade em 
 
 
 
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determinado momento. Sob o aspecto contábil, o patrimônio é composto do ativo e 
passivo. Denominamos ativo o conjunto de bens e direitos, e passivo o conjunto das 
obrigações. 
 
2.4.1 Ativo 
O ativo compreende os bens e os direitos da entidade expressos em moeda, No 
sentido contábil, são todas as coisas, com expressão monetária, que pertencem à 
empresa e estão em sua posse direta ou indireta. Os bens dividem-se em: 
numerários, de venda, de renda e fixos. Representa os direitos quando a propriedade 
do bem é passada para outra pessoa, sem que se tenha recebido o valor 
correspondente. 
É o que ocorre quando vendemos mercadorias a prazo, emprestamos dinheiro, 
etc. São dívidas de terceiros para com nossa empresa. Todos os elementos 
componentes do ativo acham-se discriminados no lado esquerdo do Balanço 
Patrimonial. 
 
2.4.2 Passivo 
O passivo compreende basicamente as obrigações a pagar, isto é, as quantias que a 
empresa deve a terceiros, representadas por dívidas da empresa para com terceiros. 
São exemplos: Títulos a Pagar, Contas a Pagar, Impostos a Recolher, Empréstimos a 
Pagar, Fornecedores, Hipotecas a Pagar das obrigações assumidas normalmente por 
uma entidade. Todos os elementos componentes do Passivo são discriminados no lado 
direito do BP, formado pelos valores das origens dos investimentos, isto é, as 
obrigações assumidas pela empresa com terceiros. 
 
2.4.3 Patrimônio líquido 
Define-se patrimônio líquido como a diferença entre o valor do ativo (bens mais 
direitos) e o do passivo (obrigações) de uma entidade, em determinado momento. 
Na constituição de uma empresa, os sócios investem capital, que, no decorrer das 
atividades empresariais, vai sofrendo mutações para mais ou para menos, de acordo 
com os lucros ou prejuízos que se forem verificando. Desse modo, o balanço é o 
 
 
 
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resultado patrimonial de uma determinada empresa em um determinado momento 
que será constituído pelo ativo, passivo e patrimônio líquido. 
Observe a seguir um exemplo da composição de um balanço patrimonial: 
BALANÇO PATRIMONIAL 
ATIVO $ PASSIVO $ 
Bens 
 Mercadorias 70 
 Móveis e Utensílios 100 
 Máquinas 30200 
Direitos 
 Contas a Receber 100 
 Aluguéis a Receber 50 
 Títulos a Receber 150 
 300 
Total 500 
 Obrigações 
 Fornecedores 50 
 Contas a Pagar 30 
 Aluguéis a Pagar 70 
 150 
Patrimônio Líquido 
Capital Social 300 
Lucros Acumulados 50 
 350 
____________________________ 
Total 500 
 Fonte: elaborado pelo autor 
 
2.5 Variações do patrimônio líquido (receita, despesa e resultado) 
Segundo Iudícibus e Marion (2016), os Fatos Contábeis caracterizam-se pelas 
modificações nos elementos do patrimônio, sendo contabilizados através das Contas 
Patrimoniais ou das Contas de Resultado. São classificados em: 
• permutativos, qualitativos ou compensativos; 
• modificativos ou quantitativos; 
• mistos. 
A seguir, você conhecerá os conceitos e exemplos das variações patrimoniais. 
 
2.5.1 Fato permutativo 
É aquele que modifica o patrimônio apenas nos seus componentes, isto é, apenas 
qualitativamente, sem alterar a situação líquida da empresa. Pode ocorrer troca entre 
os elementos do ativo, entre os elementos do passivo e entre ambos ao mesmo 
tempo. 
 
 
 
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Exemplos: 
• recebimento de venda a prazo (haverá um aumento de caixa e uma diminuição 
de contas a receber); 
• compra de móveis e utensílios a prazo (aumento de ativo e de passivo); 
• pagamento de dívida com terceiro (diminuição de ativo e de passivo). 
 
2.5.2 Fato modificativo 
É o fato que modifica o patrimônio quantitativamente, alterando a situação líquida da 
empresa. 
O fato modificativo pode ser diminutivo, quando diminui a situação líquida, ou 
aumentativo, quando aumenta a situação líquida. Ou seja, fatos modificativos 
acarretam alterações, para mais ou para menos, no patrimônio líquido. Envolvem as 
contas patrimoniais e as contas de resultado (despesas e receitas). Por 
exemplo: pagamento de conta de água e luz, ou venda de mercadorias. 
 
2.5.3 Fato modificativo misto 
Este fato combina, ao mesmo tempo, um fato permutativo e um fato modificativo. 
Portanto, ele altera tanto os componentes do patrimônio quanto a sua situação 
líquida, ou seja, altera quantitativa e qualitativamente o patrimônio. Por isso, 
causam alterações no ativo ou no passivo e no patrimônio líquido. Por exemplo: venda 
de um bem do ativo com lucro. 
 
2.6 Variações do patrimônio líquido (período contábil, regime de caixa e de 
competência) 
 
2.6.1 Regime de competência 
No regime de competência de exercícios, as receitas de um exercício são aquelas 
ganhas num período (não importando se tenham sido recebidas dentro do 
exercício) e as despesas de um exercício são aquelas incorridas num período (não 
importando se forem pagas dentro desse período). 
 
 
 
19 
 
Esse regime tem como fundamento contabilizar as despesas e as receitas no mês ou 
exercício em que efetivamente ocorreram, independentemente de seu pagamento, ou 
recebimento respectivamente. 
A título de exemplo, os salários dos empregados do mês de outubro é despesa desse 
mês, muito embora possam ser pagos no quinto dia útil de novembro. Pelo mesmo 
procedimento, as receitas auferidas em determinado mês são registradas como 
rendimento daquele mês, embora seu recebimento venha a ocorrer nos meses 
seguintes. 
Denominamos esse procedimento de apropriação de despesas no mês de 
competência, independentemente de seu pagamento. 
 
2.6.2 Regime de caixa 
O regime de caixa é aquele em que são consideradas receitas e despesas do 
exercício aquelas efetivamente recebidas e/ou pagas dentro desse período. 
Nesse regime, somente serão consideradas despesas aquelas que, 
independentemente do seu período de referência, forem pagas dentro do 
exercício considerado período base de apuração do resultado. Como receitas, somente 
serão consideradas aquelas cujos recebimentos efetivamente ocorrerem. Esse regime 
tem como fundamento contabilizar as despesas somente no momento de seu 
pagamento e as receitas no momento de seu recebimento. 
Esse regime é condenado por nossa legislação, por não refletir a realidade do 
resultado do exercício. Portanto, esse regime é uma “norma contábil pela qual 
os ingressos são atribuídos ao exercício em que são recebidos e os custos ao 
exercício em que são pagos”. 
 
Referências 
IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2016. 
MARION, J. C. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 
PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 
RIBEIRO, O. M. Contabilidade geral. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 
 
 
 
 
20 
 
BLOCO 3 OPERAÇÕES COM MERCADORIAS 
 
3.1 O inventário e as metodologias contemporâneas de controle de estoques – Just 
In Time e Kanban 
 
3.1.1 Definição do just in time 
Conforme Slack, Chambers e Johnston (2002), o sistema Just In Time (JIT) tem como 
objetivo a produção de bens e serviços no momento necessário, impedindo, desse 
modo, que a fabricação antecipada resulte em estoque. 
A aplicação dessa técnica visa diminuir o tempo de produção, aprimorar a 
produtividade e qualidade dos produtos produzidos, aumentar a capacidade disponível 
em grandes investimentos adicionais, entre outros. 
A Figura 1 ilustra o fluxo tradicional, bem como o JIT, e ajuda a analisar as diferenças 
entre os dois sistemas de manufatura. 
 
Figura 1 – Fluxo tradicional e Fluxo do JIT 
 
 
Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2002) 
 
Vejamos mais algumas diferenças entre o sistema JIT e o tradicional. Apesar do fluxo 
tradicional e do JIT visarem à alta eficiência no processo produtivo, eles adotam 
 
 
 
21 
 
percursos diferentes para conseguir isso. O modelo tradicional visa à eficiência 
protegendo cada etapa da produção de possíveis distúrbios por meio do estoque 
amortecedor. Já o modelo do JIT tem foco oposto, pois o estoque amortecedor deixa 
de existir. 
Devemos avaliar o JIT nos seguintes níveis: a. ferramentas e técnicas; b. filosofia. As 
ferramentas e técnicas geralmente são práticas que dão apoio: 
• à eliminação de desperdícios e aprimoramento contínuo; 
• ao plano para manufatura; às operações com foco definido que diminuam a 
complexidade; 
• à utilização de máquinas simples e pequenas que sejam robustas e flexíveis; 
• à diminuição do tempo de set up e de troca para acrescentar a flexibilidade; 
• à inclusão de todos os funcionários na melhoria da operação, entre outros. 
 
Por sua vez, no que tange à filosofia, segundo Slack, Chambers e Johnston (2002), a 
abordagem JIT deve ser entendida como aquela que dá uma visão clara que orienta as 
ações dos gestores na execução de atividades diferentes. Trata-se de uma série de 
metodologias desenvolvidas pelos japoneses. Sua filosofia, somada a um conjunto de 
técnicas, está baseada em fazer as coisas simples, de forma cada vez melhor, 
eliminando os desperdícios das etapas do processo. O Quadro 1 apresenta a filosofia, o 
conjunto de técnicas e o método de planejamento e controle do JIT. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Quadro 1 - JIT como filosofia, técnicas e método de planejamento 
O JUST IN TIME (JIT) COMO UMA FILOSOFIA DE PRODUÇÃO 
Eliminar desperdícios 
Envolvimento de todos 
Aprimoramento contínuo 
O JUST IN TIME É UM CONJUNTO DE TÉCNICAS PARA A GESTÃO DA PRODUÇÃO 
Práticas básicas de trabalho 
Projeto para manufaturaFoco na produção 
Máquinas pequenas e simples 
Arranjo físico e fluxo 
Manutenção produtiva total 
(TPM) 
Redução de set-up 
Envolvimento total das pessoas 
Visibilidade 
Fornecimento Just In Time 
O JIT COMO UM MÉTODO DE PLANEJAMENTO E 
CONTROLE 
Programação puxada 
Controle Kanban 
Programação nivelada 
Modelos mesclados 
Sincronização 
Fonte: Slack; Chambers; Johnston (2002) 
 
Observa-se que eliminar o desperdício é algo enfatizado na filosofia do JIT. O 
desperdício é determinado como algo que não agrega valor. Temos como exemplo: 
produtos com defeito, perda de tempo na produção, transporte demorado, 
superprodução, entre outros. Identificar esses desperdícios é o primeiro passo para 
eliminá-los. Nesse sentido, a filosofia JIT busca envolver todos os funcionários e 
procedimentos da empresa, e ainda incentivar a resolução de problemas por meio de 
equipes, melhoria e rotatividade dos cargos e multi-habilidades, sendo vista como o 
Gerenciamento da Qualidade Total (Total Quality Management - TQM, sigla em inglês). 
A seguir, na Figura 2 está uma representação de algumas práticas básicas de trabalho 
do JIT: 
 
 
 
 
23 
 
Figura 2 – Práticas básicas de trabalho JIT 
 
Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2002) 
 
As práticas básicas de trabalho demonstradas na Figura 2 formam a preparação da 
organização e dos colaboradores para a implantação do JIT, delegando 
responsabilidades às pessoas envolvidas. Além da redução do tempo gasto desde o 
término de produção de um determinado lote, temos ainda o envolvimento total das 
pessoas, visibilidade, fornecimento e técnicas de planejamento e controle JIT (SLACK; 
CHAMBERS; JOHNSTON, 2002). 
Dessa forma, para implantar a filosofia JIT nas organizações é preciso que haja muito 
comprometimento por parte dos gestores, os quais deverão convencer os outros 
funcionários das vantagens da transformação cultural que representa essa 
implementação. 
 
3.1.2 Kanban 
O Kanban é um sistema geralmente controlado por cartões, que é um dos modos mais 
utilizados pelas organizações, e também pode ser controlado pelo contêiner, neste 
caso, sem a utilização de cartões. 
Segundo Aguiar e Peinado (2007), o Kanban auxilia os funcionários a planejar a 
produção e controlar o estoque. Desse modo, de acordo com a quantidade de cartões 
disponíveis nos quadros são tomadas as decisões, realizando-se set up de 
equipamentos e até mesmo as paradas para manutenção. 
O cartão ou sinalizador Kanban geralmente é utilizado no início da linha da produção e 
faz a comunicação de todo o sistema. Ele deve ter o mínimo de informações para o 
funcionamento do sistema. O quadro Kanban deve estar localizado próximo ao 
 
 
 
24 
 
estoque do setor do fornecedor (peças no setor do processo produtivo), devendo ser 
um lugar de fácil acesso e visualização. Vejamos a seguir na Figura 3 um exemplo de 
quadro Kanban. 
 
Figura 3 – Ilustrativo do quadro Kanban 
 
Fonte: adaptado de Aguiar e Peinado (2007) 
 
Ao ver os cartões no quadro Kanban, tanto o fornecedor interno quanto o externo 
saberão quantos contêineres foram removidos do estoque. Assim, será fabricada 
somente a quantidade de contêineres apresentadas nos cartões do quadro, de modo 
que nenhum contêiner de peças a mais poderá ser produzido. 
A rapidez do consumo na linha de montagem, com o tempo de reposição necessário 
ao novo suprimento dos lotes, está diretamente atrelada ao número de cartões 
Kanban. O ideal é que ocorra a junção perfeita entre a produção e o consumo, sendo 
que menor será o tempo gasto no processo quanto maior for o equilíbrio entre o 
consumo e a produção. 
O Kanban pode ser de três tipos: transporte (movimentação), produção e fornecedor 
externo. O de transporte é utilizado para avisar ao fornecedor interno que ele deve 
enviar certa quantidade de recursos para a próxima máquina. Os cartões são afixados 
nos produtos e direcionados a outro local, onde são removidos e voltam à etapa inicial. 
Já o Kanban de produção é usado para avisar a determinado processo produtivo que 
tal item deve ser produzido, em certa quantidade, para ser enviado ao próximo 
processo ou estoque. Os cartões circulam entre o setor fornecedor e a produção, 
sendo afixados nas peças logo depois da produção e removidos quando estas vão para 
 
 
 
25 
 
o consumidor. Em seguida, volta ao processo para liberar a produção e reposição dos 
itens consumidos. 
O tipo de Kanban do fornecedor externo é usado para avisar ao fornecedor que é 
necessário enviar material ou componente para determinado estágio da produção. Por 
outro lado, a programação nivelada procura garantir que o volume de produção, assim 
como sua composição (mix) seja constante no tempo. Já os modelos mesclados 
ocorrem devido à impossibilidade de equilibrar o processo de produção por meio de 
pequenos lotes que atendam às necessidades da demanda, uma vez que os tempos do 
processo produtivo para cada produto não são idênticos e as taxas de produção são 
inadequadas. 
 
3.2 Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) 
Segundo Marion (2009), a DRE é um relatório contábil, obrigatório por lei no Brasil, e 
tem como objetivo demonstrar detalhadamente as receitas e despesas que foram 
utilizadas para apuração do Lucro ou Prejuízo do exercício. 
 
3.2.1 Apuração do Resultado 
Conforme Padoveze (2012), para apurar os resultados da empresa, a contabilidade 
deve comparar as despesas com a receita (vendas). O lucro ocorre quando a receita é 
maior do que a despesa e o prejuízo quando a receita é menor do que a despesa. 
• Despesas: são os gastos necessários à manutenção da atividade. 
• Receita: trata-se da recuperação das despesas acrescida de uma margem de 
lucro. 
Observação: ativo e despesas são contas de natureza devedora, enquanto o passivo e 
as receitas são contas de natureza credora. 
A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) sempre é desenvolvida 
simultaneamente com o Balanço Patrimonial, e consiste em um breve relatório de 
operações que a empresa realizou durante um período de tempo determinado. O valor 
considerado mais importante aos interessados na DRE são os resultados do período, 
podendo ser lucro ou prejuízo. Com os dois relatórios desenvolvidos (DRE e Balanço 
Patrimonial), a contabilidade alcança a finalidade de demonstrar a situação tanto 
patrimonial como econômica da empresa. 
 
 
 
26 
 
Conforme Ribeiro (2013), pode-se afirmar que para a apuração do lucro ou prejuízo de 
um exercício, não basta somente a conta de Resultado, mas também é necessária a 
Demonstração do Resultado do Exercício. Veja a seguir um exemplo de DRE de acordo 
com a Lei 11638/07: 
 
Quadro 2 - Exemplo de Demonstração de Resultado do Exercício (de acordo com a lei 
11638/07) 
 
Receita bruta das vendas e serviços 
( - ) Deduções das vendas 
( - ) Devoluções de vendas 
( - ) Abatimentos sobre vendas 
( - ) Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS 
( - ) Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS 
( - ) Programa de Integração Social - PIS 
( - ) Contribuição para Financiamento da Seguridade Social - COFINS 
( = ) Receita líquida das vendas e serviços 
( - ) Custo das mercadorias vendidas e serviços 
( = ) Lucro bruto (ou prejuízo bruto) 
( - ) Despesas operacionais 
( - ) Administrativas 
( - ) Vendas 
(+/-) Resultado financeiro líquido (Despesas financeiras menos receitas financeiras) 
(+/-) Outras receitas e despesas operacionais 
( = ) Resultado (lucro) operacional (ou prejuízo operacional) 
(+/-) Resultados não operacionais 
( + ) Receitas não operacionais 
( - ) Despesas não operacionais 
( = ) Lucro (ou prejuízo) antes do imposto de renda e contribuição social 
( - ) Provisão para o imposto de renda e contribuição social 
( = ) Lucro (ou prejuízo) depois do imposto de renda e contribuição social 
( - ) Participações 
( - ) Debêntures 
( - ) Empregados 
( - ) Administradores 
( - ) Partesbeneficiárias 
( - ) Outras participações 
( = ) Lucro líquido (ou prejuízo líquido) do exercício 
Fonte: DRE de acordo com a Lei 11638/07 
 
 
 
27 
 
 
3.3 Controle de estoque 
Conforme Bernardo (2017) é muito importante atentar-se para a gestão dos estoques, 
pois é por meio dela que se dá o planejamento, o controle e a armazenagem de 
mercadorias. Além disso, os preços dos estoques devem ser calculados com seus 
respectivos custos. 
 
3.3.1 Primeiro que Entra – Primeiro que Sai (PEPS) 
Perceba que, nesse critério, o material empregado na produção é financiado pelos 
preços mais antigos, enquanto os itens de preço mais recente permanecem em 
estoque. Como o próprio nome diz: o Primeiro a Entrar no estoque é o Primeiro a Sair 
do estoque. Assim, o Custo da Mercadoria Vendida (CMV) reflete o valor das 
mercadorias compradas há mais tempo, e o que resta em estoque final demonstra o 
valor das mercadorias mais recentes (SOUZA, 2016). Veja a seguir na Tabela 1 a 
movimentação do estoque segundo esse método: 
 
Tabela 1 – Exemplo de PEPS 
 
 Fonte: elaborado pelo autor (2018) 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
3.3.2 Último que Entra – Primeiro que Sai (UEPS) 
Observe que ocorre proporcionalmente o inverso nesse método. Ele avalia o estoque 
por meio do processo no qual o último produto que entra no estoque é o primeiro que 
sai do estoque. Assim, o CMV obtido retrata o valor das mercadorias adquiridas mais 
recentemente, e o estoque final reflete o valor das mercadorias compradas mais 
antigamente (SOUZA, 2016). 
A Tabela 2 mostra um exemplo da movimentação pelo método UEPS: 
 
Tabela 2 – Exemplo de UEPS 
 
 Fonte: elaborado pelo autor (2018) 
 
3.3.3 Média Ponderada 
Conforme Bernardo (2017), para esse método, o estoque é avaliado por meio da 
divisão entre o custo final financeiro pela quantidade final do estoque. Não se esqueça 
de que isso ocorre a cada movimentação de entrada. É chamada média ponderada, 
pois, a cada nova compra por um custo unitário diferente do que consta no estoque, o 
custo médio é alterado. 
Em virtude de o modelo de gestão de controle de estoques, atualmente adotado pelas 
empresas no mercado, ser realizado por um sistema informatizado, a movimentação 
financeira acaba sendo feita somente no final do período (mensal), valorizando cada 
 
 
 
29 
 
movimentação. Dessa forma, caracteriza-se Média Ponderada (SOUZA, 2016). A Tabela 
3 apresenta um exemplo da movimentação pela média ponderada. 
 
Tabela 3 – Exemplo de Média Ponderada Móvel 
 
 Fonte: elaborado pelo autor (2018) 
 
A legislação brasileira só permite a utilização dos métodos PEPS e Média Ponderada 
para fins de controle do estoque. Portanto, o método UEPS não é permitido por lei. O 
método mais utilizado no Brasil é o da Média Ponderada, pois permite que as 
mercadorias estocadas sejam valoradas pela média do custo de aquisição. 
 
3.4 Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) e Custo do Produto Vendido (CPV) 
 
3.4.1 Inventário permanente 
De acordo com Marion (2009), “desde que o Controle de Estoque forneça 
permanentemente o valor dos estoques com a certeza da existência das quantidades 
correspondentes, diz-se que o regime de Controle de Estoque é Permanente”. 
De uma forma mais prática: é a “famosa” Ficha de Controle de Estoque, ou seja, ocorre 
quando há o controle de forma contínua do Estoque de Mercadorias, dando baixa em 
cada venda pelo custo dessas mercadorias vendidas (CMV). 
 
 
 
 
30 
 
3.4.2 Inventário periódico 
É o inventário levantado no fim de cada período contábil (levanta-se a quantidade de 
mercadorias e considera-se a quantidade apurada como estoque final). Geralmente 
adotado quando o permanente é inviável. Por isso, é comum observar em empresas 
comerciais uma placa ou faixa, colocada na fachada da loja, no fim de ano: “Fechada 
para inventário”. 
 
Observação: Para apurar o valor do Estoque Final, prevalece o critério do “Custo ou 
Mercado, dos dois o menor”. Para encontrar o valor do CMV, pode-se utilizar o 
Inventário Periódico ou o Inventário Permanente, os quais estudaremos mais adiante. 
 
3.4.3 Custo dos Produtos Vendidos (CPV) 
Conforme Ribeiro (2013), nas empresas industriais deve haver um controle dos fatores 
utilizados na produção, como material, mão de obra e gastos gerais da fabricação, para 
que assim seja estabelecido o valor dos estoques dos produtos em elaboração, 
produtos acabados e também o custo dos produtos vendidos (CPV). 
O resultado entre o estoque de início, somado aos custos de matérias-primas 
utilizadas, mão de obra e custos indiretos de fabricação e diminuído os impostos não 
recuperáveis e o estoque final, é o Custo dos Produtos Vendidos (CPV). Simplificando, 
o resultado na empresa industrial é realizada conforme a equação: 
 
Lucro Bruto = Vendas Líquidas – CPV 
 
O valor de um produto fabricado que permanece em estoque é composto de: 
• Matéria-prima 
• Mão de obra direta 
• Gastos gerais de fabricação 
• Embalagens e outros materiais diretos 
 
Os Gastos Gerais de Fabricação (GGF) correspondem aos Custos Indiretos de 
 
 
 
31 
 
Fabricação (CIF), ou seja, àqueles relativos à energia elétrica consumida na produção, a 
depreciação de máquinas e equipamentos industriais, a aluguel da fábrica etc. 
Vejamos um exemplo prático: foram extraídas as seguintes informações do Balancete 
de uma empresa qualquer, em um certo período: 
1. Estoque inicial de matéria-prima $1.000. 
2. Estoque inicial de produtos em elaboração $500. 
3. Estoque inicial de produtos acabados $2.000. 
4. Estoque final de matéria-prima $1.500. 
5. Estoque final de produtos em elaboração $1.000. 
6. Estoque final de produtos acabados $500. 
7. Gastos gerais de fabricação incorridos no período $5.000. 
8. Mão de obra direta incorrida no período $6.000. 
9. Compras não registradas no período $10.000. 
10. Vendas $50.000. 
11. Despesas Administrativas/Vendas $15.000. 
 
Efetuando o cálculo do CPV, por meio de fórmulas: 
1. Qual o custo de produção do período? 
R: Custo de Produção = MP (Estoque Inicial de Matéria-Prima + Compras – Estoque 
Final de Matéria-Prima) + MOD + GGF = (1.000 + 10.000 – 1.500) + 6.000 + 5.000 = 
20.500 
 
2. Qual o custo de produção acabada do período? 
R: CPA = EIPE + MP + MOD + GGF – EFPE = 500 + (1.000 + 10.000 – 1.500) + 6.000 + 
5.000 – 1.000 = 20.000 
 
3. Qual o custo dos produtos vendidos? 
CPV = EIPA + CPA – EFPA = 2.000 + 20.000 – 500 = 21.500 
Onde: 
 
MP = Matéria-Prima 
MOD = Mão de Obra Direta 
 
 
 
32 
 
GGF = Gastos Gerais de Fabricação ou CIF = Custos Indiretos de Fabricação 
EIPE = Estoque Inicial de Produtos em Elaboração 
EFPE = Estoque Final de Produtos em Elaboração 
CPA = Custo de Produção Acabada 
EIPA = Estoque Inicial de Produtos Acabados 
EFPA = Estoque Final de Produtos Acabados 
 
3.5 Descontos e abatimentos 
Conforme Iudícibus e Marion (2016), (...) os descontos e abatimentos obtidos 
consistem nos descontos obtidos do fornecedor no momento da compra das 
mercadorias, os quais vêm destacados na própria nota fiscal de compra. 
 
Exemplo: Compra de mercadorias, à vista, do fornecedor ESSEA S. A. Conforme Nota 
Fiscal 530, no valor de $4.000, houve um desconto destacado de $400 (10%). 
Registro no livro diário: 
 DB Compras de mercadorias............. $4.000 
 CR Diversos 
 a Caixa........................................... $3.600 
 a Descontos Obtidos...................... $400 
 
Outro fato que altera o valor das vendas são os descontos ou abatimentos concedidos, 
em que a empresa poderá oferecer, destacando-os nas notas fiscais de venda. 
 
Exemplo: Venda de mercadorias a R. J. Ltda., conforme Nota Fiscal 2050 no valor de 
$8.000, foi concedido um desconto de $800,00 (10%). 
Registro no livro diário: 
 
DB Diversos 
CR a Vendas de mercadorias.................. $8.000 
 Caixa..................................................$7.200 
 Descontos Concedidos...................... $800 
 
 
 
 
33 
 
Referências 
AGUIAR, G. de F. PEINADO, J. Compreendendo o Kanban: um ensino interativo 
ilustrado. Da Vinci, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 133-146, 2007. 
BERNARDO, R. A. B. Gestão estratégica de custos. São Paulo: Unisa, 2017. 
IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 
2016. 
MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 
PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 
RIBEIRO, O. M. Contabilidade geral. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 2 ed. São Paulo: 
Atlas, 2002. 
SOUZA, O. Contabilidade geral. Disponível em: 
<https://www.pontodosconcursos.com.br/Aluno/Aluno/VisualizarArquivo/85198?aula
id=79840&nomeArquivoLegado=aula0_contabilidade_TE_PF>. Acesso em: 9 jun. 2017. 
 
BLOCO 4 VARIAÇÕES PATRIMONIAIS 
 
4.1 Constituição de empresas comerciais 
Segundo Iudícibus e Marion (2016), o comércio é um setor muito importante para a 
economia de qualquer país, e é nítido que sua evolução continuará ocorrendo de muitas 
formas. Em termos conceituais, Iudícibus e Marion (2009) destacam os termos 
comércio, comerciante e consumidor como: 
 
“Comércio” ou “operação comercial” é a troca de mercadorias por dinheiro ou 
por outras mercadorias. 
(...) 
É papel do “comerciante” aproximar os vendedores dos “consumidores”, que 
terão à disposição os bens e serviços que podem satisfazer as suas 
necessidades. (IUDÍCIBUS; MARION, 2009). 
 
Para esses autores, as entidades mercantis (ou comerciais) podem ser atacadistas ou 
varejistas, dependendo da função que exercem. As empresas atacadistas não vendem 
diretamente ao consumidor final e têm como principais clientes empresas industriais e 
 
 
 
34 
 
agrícolas que utilizam suas mercadorias como matéria-prima e, muitas vezes, agregam 
mais trabalho e produzem um novo produto. Já as varejistas atuam no comércio de bens 
de consumo que, em geral, vão diretamente para o consumidor final. 
O empresário precisa procurar um escritório de contabilidade para providenciar a 
legalização de sua empresa. A legalização consiste no registro da empresa em vários 
órgãos públicos, para que ela adquira personalidade jurídica. Mas o que é personalidade 
jurídica? A formação de uma Pessoa Jurídica (PJ) constitui-se através do(a): 
 
• interesse dos sócios, acionistas ou do titular (empresário individual); 
• necessidade de mercado (aspectos tributários e legais). 
 
Para Iudícibus e Marion (2009), a existência da PJ pressupõe da vontade de seus 
constituintes e de certas particularidades. Para que um empresário individual seja 
considerado PJ, conhecido como firma mercantil individual ou firma individual, precisa 
desenvolver atividade mercantil (comércio ou indústria). Já o indivíduo que presta 
serviços caracteriza-se como autônomo e paga tributação diversa da exigida pela PJ. As 
demais PJs, constituídas por dois ou mais indivíduos, caracterizam-se pela formação de 
sociedades. A constituição de uma PJ ocorre somente após a efetivação dos seguintes 
registros: 
 
a. Contrato social, estatuto social ou requerimento: no caso de empresas com atividade 
mercantil (indústria e/ou comércio), o registro é efetuado na Junta Comercial. Nas 
atividades de prestação de serviços, denominadas atividades civis, o registro é efetuado 
no Cartório de Registro de Títulos e Documentos. Já as sociedades por ações (S.A.) são 
registradas na Junta Comercial, por força do art. 2o., parágrafo 1o., da Lei no. 6.404/76, 
conhecida como Lei das S.A. e revogada pela Lei no. 11.638/07, conhecida como Nova 
Lei das S.A. Exceção para o registro de sociedades de advogados, realizado 
especificamente na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); 
 
b. Registro Federal: realizado na Receita Federal, por meio do Cadastro Nacional de 
Pessoas Jurídicas (CNPJ), antigo Cadastro Geral de Contribuintes (CGC), e obrigatório 
para todas as PJs; 
 
 
 
35 
 
 
c. Registro Estadual: realizado na Receita Estadual e obrigatório apenas para as 
atividades de comércio, indústria e serviços, tributadas no âmbito do imposto estadual, 
designado de Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e 
Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação 
(ICMS); 
 
d. Registro Municipal: realizado na Prefeitura Municipal e constante do alvará de 
localização e funcionamento para permitir o exercício da atividade em determinado 
local. São exigidas algumas licenças, como a do Corpo de Bombeiros, a da Saúde Pública 
etc., que exigem vistoria; 
 
e. Registros Especiais: necessários para algumas atividades específicas, como é o caso, 
por exemplo, de Instituições Financeiras (Banco Central), auditoria (CVM), turismo 
(Embratur, Instituto Brasileiro de Turismo), Representações Comerciais (CORE), 
Conselho Regional dos Representantes Comerciais, Conselho Regional de Engenharia e 
Agronomia (CREA), etc. 
 
4.1.1 Classificação das empresas 
Há alguns critérios para classificar as empresas de acordo com: 
• Aspecto econômico: no qual elas podem ser do setor primário, setor secundário e 
setor terciário. 
• Aspecto administrativo: no qual elas podem ser empresas públicas, empresas 
privadas e empresas mistas. 
• Aspecto jurídico: no que tange à questão societária, podem ser: firma Individual, 
sociedade comercial e sociedade civil. 
 
• Firma individual: é chamada assim porque não é sociedade, é uma 
empresa de uma só pessoa. O empresário (pessoa física) e a empresa 
(pessoa jurídica) têm uma identificação bastante forte. O empresário é 
responsável pelos seus bens pessoais e atos da empresa de forma 
ilimitada. O nome da firma será o do dono. 
 
 
 
36 
 
• Sociedade comercial: é a firma instituída por duas ou mais pessoas, 
com o fim de explorar uma atividade industrial e/ou comercial. As 
sociedades comerciais são reguladas pelo Direito Comercial e estão 
sujeitas à falência. As espécies mais comuns de sociedade comercial são: 
sociedade por cotas de responsabilidade limitada e sociedade por ações. 
• Sociedade civil: é a firma instituída por duas ou mais pessoas, tendo 
por objetivo apenas a prestação de serviços. As sociedades civis são 
reguladas pelo Código Civil. Não podem praticar atos de comércio e não 
estão sujeitas à falência. 
 
A atividade mercantil ou civil exercida por duas ou mais pessoas em conjunto configura 
a forma coletiva ou societária, com personalidade jurídica distinta das pessoas físicas 
dos sócios. 
Temos ainda as sociedades com e sem fins lucrativos: 
• Sociedade com fins lucrativos: visa ao lucro, que é distribuído para os sócios. 
• Sociedade sem fins lucrativos: o lucro gerado deve ser reinvestido para a sua própria 
melhoria. 
 
Caro(a) aluno(a), a seguir são apresentadas as obrigações legais das sociedades: 
 
A Lei no. 10.406/02 (Novo Código Civil), art. 966, considera empresário aquele que 
exerce profissionalmente uma atividade econômica organizada para a produção ou para 
a circulação de bens ou serviços. O art. 967 do Novo Código Civil determina como 
empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de 
empresário sujeito a registro e as demais como simples. 
As sociedades por ações, independentemente do seu objeto, são sempre comerciais, 
por força de disposição legal (Lei no. 6.404, art. 2o., parágrafo 1o., revogada pela Lei no. 
11.638/07). 
De acordo com o Novo Código Civil, considera-se empresária a sociedade por ações e 
simples a cooperativa (parágrafo único do art. 982). As duas modalidades de Sociedade 
por Ações são as Companhias Abertas (negociam suas ações na Bolsa de Valores) e as 
Companhias Fechadas (não negociam ações na Bolsa de Valores). A Sociedade por 
 
 
 
37 
 
Ações, ou simplesmente Companhia ou Sociedade Anônima,terá o Capital dividido em 
ações e a responsabilidade dos acionistas (proprietários das ações) será limitada ao 
preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. As ações são títulos de 
propriedade, representativos das cotas-partes em que se divide o Capital Social, 
representando a menor parte em que é dividido esse capital. O proprietário de uma 
ação torna-se acionista da companhia, sendo-lhe conferida uma parcela de participação 
no controle, no ativo e nos lucros da companhia, bem como no seu passivo. 
 
Os tipos de sociedades existentes no Brasil são: 
• sociedade simples; 
• sociedade em conta de participação; 
• sociedade limitada; 
• sociedade anônima ou companhia; 
• sociedade em comandita simples; 
• sociedade cooperativa. 
 
As mais comuns são a sociedade limitada e a sociedade anônima. As estatísticas 
possibilitam afirmar que cerca de 95% das sociedades existentes no Brasil são de um 
desses dois tipos. 
 
4.1.2 Atividade comercial no direito empresarial 
Conforme Iudícibus e Marion (2009), o Novo Código Civil (NCC), instituído pela Lei 
10.406/02, trouxe diversas modificações e passou a regular o Direito de Empresa. Como 
já foi mencionado, o art. 966 considera empresário “quem exerce profissionalmente 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços”. 
Por outro lado, a mesma Lei considera o não empresário aquele que exerce profissão 
intelectual, de natureza científica ou artística, ainda que seja com o concurso de 
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de 
empresa. São exemplos de não empresários: médico (consultório), advogado ou 
 
 
 
38 
 
dentista. Caso o médico se una a outros, constituindo um hospital, teremos uma 
atividade empresarial (IUDÍCIBUS; MARION, 2009). 
Antes da promulgação do novo Código Civil, a divisão de sociedades constituía-se em 
Comercial, para as atividades mercantis, ou Civil, quando eram relacionadas com a 
prestação de serviços. Na atualidade, as sociedades dividem-se em empresária e 
simples. 
 
4.2 Inadimplência, créditos e liquidação duvidosa 
Conforme Ribeiro (2009), o Balanço Patrimonial e algumas contas que apresentam saldo 
credor devem ser agrupadas no ativo, uma vez que representam valores retificativos de 
elementos que integram os seus grupos, conforme segue: 
 
Contas retificadoras do ativo circulante 
• títulos descontados; 
• provisão para crédito de liquidação duvidosa; 
• provisão para ajuste de estoque ao valor de mercado. 
 
4.2.1 Inadimplência 
A inadimplência acontece quando há o descumprimento de uma obrigação, geralmente 
financeira, como o não pagamento de bens ou serviços até sua data de vencimento, ou, 
do ponto de vista jurídico, é o descumprimento dos termos de um contrato (total ou 
parcial), feitos em acordo com outras partes. 
 
4.2.2 Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) 
Para Ribeiro (2013), quando uma empresa vende a prazo, ela corre o risco de receber ou 
não o dinheiro devido pelo cliente. Certamente, ela não irá receber 100% do valor em 
haver, ocorrendo, assim, a inadimplência. A Provisão para Créditos de Liquidação 
Duvidosa (PCLD) existe para reconhecer essa parcela que a empresa não receberá de 
forma onerosa em seu resultado, representando uma "perda" de valor nos seus títulos a 
receber, afetando o seu Patrimônio Líquido. Ou seja, é a parcela estimada pela empresa 
que não será recebida em decorrência dos maus pagadores. Por exemplo: cheques sem 
fundo, cartões de crédito sem saldo, clientes que não pagarão etc. A PCLD é uma conta 
 
 
 
39 
 
de natureza credora, fazendo parte do ativo circulante, grupo de disponibilidades. É 
uma conta redutora, ou seja, entra com saldo negativo no ativo, deduzindo os valores a 
receber dos clientes (conta duplicatas a receber). 
 
A contabilização deve ser feita da seguinte maneira: 
D - Despesas com PCLD (despesas administrativas (DRE)) 
C - PCLD (conta retificadora, saldo credor (Ativo)) 
 
OBS: A empresa deve considerar os fatores de risco conhecidos, para que se possa 
estimar, criteriosamente, a expectativa de perdas com contas a receber. Isso pode ser 
feito através da determinação do valor das perdas já conhecidas com base nos clientes 
em concordata, falência ou dificuldades financeiras, ou ainda, com o estabelecimento 
de um valor adicional de provisão para cobrir perdas prováveis, mesmo que ainda não 
conhecidas, tomando-se como base a taxa de inadimplência ocorrida nos anos 
anteriores. 
 
Exemplo: 
Percentual médio de perdas ocorridas nos três últimos exercícios, em relação ao saldo 
da conta Clientes na data do balanço de encerramento: 3% 
 
Empresa titular de R$ 5.000.000,00 em Duplicatas a receber 
Valor da provisão: 
 R$ 5.000.000,00 x 3% = R$ 150.000,00 
 
Sendo assim: 
D - Despesa com PCLD....R$ 150.000,00 
C - PCLD...........................R$ 150.000,00 
 
4.3 As variações patrimoniais: depreciação 
4.3.1 Depreciação 
 
 
 
40 
 
Conforme Ribeiro (2013), a depreciação expressa a perda de valor que os valores 
imobilizados de utilização sofrem no tempo, por força de seu emprego na gestão. Em 
outras palavras, depreciação refere-se à diminuição do valor dos bens corpóreos ou 
tangíveis, que integram o ativo imobilizado, em decorrência de desgaste ou perda de 
utilidade pelo uso, ação da natureza ou obsolescência. É uma despesa da empresa por 
representar o consumo de um bem do ativo, embora não haja desembolso financeiro. O 
lançamento contábil será de uma conta de despesa contra uma conta redutora do ativo: 
 
D – Despesas com depreciação (Resultado) 
C – Depreciação acumulada (Ativo) 
 
Para Ribeiro (2013), o cálculo do ativo imobilizado, muitas vezes, é feito por percentuais 
estipulados pela legislação fiscal, todavia contabilmente o procedimento correto é 
estimar a vida útil do ativo imobilizado e utilizar percentual correspondente a essa vida 
útil, de forma a refletir efetivamente o desgaste dos bens. Por exemplo, se um bem tem 
vida útil estimada de 5 anos, será depreciado 20% ao ano (isto é, estará totalmente 
depreciado em 5 anos). Existem outros métodos de cálculo que não serão abordados 
aqui, pois sua utilização no Brasil é muito restrita. 
O cálculo da depreciação deve ser feito a partir do valor de custo do bem deduzido do 
valor residual. Esse valor residual corresponde ao valor do bem após o fim da vida útil, 
ou seja, após utilizar o bem, este poderia ser vendido por um “valor residual”. Vamos 
ver um exemplo: 
 
Custo do bem: 50.000 
Vida útil estimada: 4 anos 
Valor residual: 10.000 
 
Com esses dados, a depreciação seria feita por 4 anos (vida útil estimada) e pelo valor 
de R$ 40.000,00 (custo de R$ 50.000,00 ̶ R$ 10.000,00 de valor residual), ou seja, R$ 
10.000,00 de depreciação ao ano. 
 
 
 
 
41 
 
O registro contábil será feito como despesas, tendo por contrapartida a conta de 
depreciação acumulada: 
 
D – Despesas com depreciação (resultado): R$ 10.000,00 
C – Depreciação acumulada (ativo): R$ 10.000,00 
 
Não se deve confundir a vida útil estimada pela empresa (4 anos no nosso exemplo) 
com a vida econômica, que pode ser superior. Talvez, o bem possa ter duração maior, 
mas para a empresa a vida útil foi definida como 4 anos. 
 
A tabela a seguir apresenta as de taxas aplicáveis de depreciação aos bens de ocorrência 
mais usual: 
 
Taxas aplicáveis de depreciação aos bens de ocorrência 
 
Taxa 
anual 
Anos de 
vida útil 
Edifícios 4% 25 
Máquinas e equipamentos 10% 10 
Instalações 10% 10 
Móveis e utensílios 10% 10 
Veículos 20% 5 
Computadores periféricos 20% 5 
Fonte: Ribeiro (2009) 
 
 
 4.3.2 Fórmula de cálculo 
 
Depreciação =
Valor do bem
Vida útil 
=
100%
Vida útil
=
100%
10 a. a
= 10% a. a 
 
Se for proporcional ao número de meses, calcular a.m. 
 
 
 
 
42 
 
4.3.3 Métodos, cálculo e taxas de depreciação 
 
Existem váriosmétodos para determinar a depreciação: 
 
a. Método linear (cotas constantes) 
A depreciação por este método é calculada dividindo-se o valor original pelo tempo de 
vida útil do bem. É representado pela seguinte fórmula: 
 
D =
Valor original (Valor de aquisição)
Período de vida útil do bem
 
 
 
Exemplo 1: 
Aquisição de um veículo em 13/11/03 pelo valor de R$ 435.500,00 
 
D =
R$ 435.500,00
60 meses
= R$7.258,33/MÊS 
 
 Ou 
 
D =
R$ 435.500,00 x 20% a. a
12 meses
= R$7.258,33/MÊS 
 
 
Exemplo 2: 
A empresa Assessoria S.A. adquiriu os seguintes bens em 01/01/2010 
 
Veículos 
Custo: R$ 6.000,00 
Valor residual estimado: R$ 0,00. 
Vida útil estimada: 5 anos. 
 
 
 
 
 
43 
 
 
Resolução pelo método de depreciação linear 
 
Mês/ano Valor Taxa Dep. Período Dep. Acum. Valor Residual 
2010 R$ 6.000,00 20% R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 4.800,00 
2011 R$ 6.000,00 20% R$ 1.200,00 R$ 2.400,00 R$ 3.600,00 
2012 R$ 6.000,00 20% R$ 1.200,00 R$ 3.600,00 R$ 2.400,00 
2013 R$ 6.000,00 20% R$ 1.200,00 R$ 4.800,00 R$ 1.200,00 
 
2014 R$ 6.000,00 20% R$ 1.200,00 R$ 6.000,00 0,0 
Fonte: Ribeiro (2009) 
 
b. Método de unidades produzidas 
Este método é baseado numa estimativa do número total de unidades que devem ser 
produzidas pelo bem a ser depreciado. A alíquota varia em função das unidades 
produzidas no período. 
O valor original é o valor de aquisição do bem, e dependendo da forma de atualização 
desse valor, pode conter os aumentos e as reavaliações sofridas desde sua aquisição. A 
fórmula utilizada para determinar o valor da depreciação é: 
 
Depreciação = Valor Original do Bem Atualizado x Taxa de depreciação 
 
Exemplo: 
Ativo 30.000,00 
Vida útil em anos 5,00 
Expectativa de produção 5.000,00 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
Unidades produzidas 
Ano Unidades 
Produzidas 
Taxa Base de 
cálculo 
Depreciação Depreciação 
acumulada 
1 1000,00 20% 30.000,00 6.000,00 6.000,00 
2 1500,00 30% 30.000,00 9.000,00 15.000,00 
3 750,00 15% 30.000,00 4.500,00 19.500,00 
4 750,00 15% 30.000,00 4.500,00 24.000,00 
5 1000,00 20% 30.000,00 6.000,00 30.000,00 
Fonte: TOTVS AS. 
<http://interno.totvs.com/mktfiles/tdiportais/helponlineprotheus/p12/portuguese/sigaatf_unidades_pro
duzidas.htm> Acesso em: 6 set. 2018. 
 
c. Método de horas de trabalho 
Segundo Ribeiro (2009), baseia-se na estimativa de vida útil do bem, representada em 
horas de trabalho. O método a ser utilizado depende da política de cada empresa. O 
mais adotado pelas empresas é o método linear de cotas constantes, com taxas de 
depreciação linear (cotas constantes). As taxas normalmente utilizáveis e admitidas 
fiscalmente estão apresentadas na tabela a seguir: 
 
Taxas utilizadas 
Contas Prazos admitidos Taxas anuais 
Edificações 25 anos 4% a.a. 
Instalações 10 anos 10% a.a. 
Maquinismos 10 anos 10% a.a. 
 
Tratores 4 anos 25% a.a. 
 
Veículos 5 anos 20% a.a. 
 
Móveis e utensílios 10 anos 10% a.a. 
 
Computadores 5 anos 20% a.a. 
Caminhões F. 
Estrada 
4 anos 25% a.a. 
 
Fonte: Ribeiro (2009) 
http://interno.totvs.com/mktfiles/tdiportais/helponlineprotheus/p12/portuguese/sigaatf_unidades_produzidas.htm
http://interno.totvs.com/mktfiles/tdiportais/helponlineprotheus/p12/portuguese/sigaatf_unidades_produzidas.htm
 
 
 
45 
 
 
A mesma legislação fiscal aceita também a opção da empresa como uma aceleração na 
depreciação dos bens móveis, em função do número de horas diárias de operação, 
como segue: 
 
Coeficiente 
Um turno de 8 horas 1,0 
Dois turnos de 8 horas (16 h) 1,5 
Três turnos de 8 horas (24 h) 2,0 
 
Assim, se uma empresa trabalha normalmente 8 horas diárias, a taxa admitida de 
depreciação das máquinas é de 10% ao ano. Se trabalhar em dois turnos (16 horas), 
pode usar a taxa de 15% ao ano, e, se trabalha três turnos (24 horas), a taxa admitida é 
de 20% ao ano. 
 
4.4 As variações patrimoniais: amortização 
Segundo Padoveze (2012), lógica semelhante à depreciação aplica-se a casos de 
amortização. Deve ser aplicada a bens amortizáveis, tais como benfeitorias em imóveis 
de terceiros, classificados no ativo imobilizado e a direitos amortizáveis, normalmente 
classificados no ativo intangível. Estão nesta categoria direitos autorais, patentes, 
direitos de uso de marca e outros ativos intangíveis com vida útil definida. Quando os 
direitos não têm vida útil definida, não estão sujeitos a amortização, devendo-se, no 
entanto, verificar se esse ativo será recuperável de alguma forma (necessidade de ajuste 
por impairment). O lançamento da amortização é parecido com o da depreciação, com o 
reconhecimento da despesa e uma conta redutora do ativo que está sendo amortizado. 
 
D – Despesas com amortização (resultado) 
C – Amortização acumulada (ativo) 
 
Conforme Ribeiro (2013), a amortização corresponde, portanto, à perda do valor do 
capital aplicado de direitos da propriedade industrial, ou comercial, em ativos 
intangíveis. Assim, são amortizáveis os ativos permanentes intangíveis de duração 
 
 
 
46 
 
limitada, ou seja, o Fundo de Comércio (Goodwill), o ponto comercial, os direitos 
autorais, as patentes e o direito de exploração. 
Os bens intangíveis, geralmente sujeitos a amortização, são classificados no Ativo 
Imobilizado sendo os mais comuns: 
• marcas e patentes; 
• direitos autorais; 
• benfeitorias em bens arrendados; 
• despesas pré-operacionais; 
• gastos de reorganização; 
• etc. 
 
Segundo a Equipe de Professores da FEA/USP (2010), além dos procedimentos de 
depreciação e amortização, é importante mencionar que os ativos são recursos 
controlados pela empresa e que irão gerar benefícios futuros para ela, seja nas 
operações ou nas vendas. Quando isso não ocorre, significa que não há, de fato, um 
ativo. Nesse caso, o valor registrado como ativo fica sujeito a um ajuste, para que esteja 
registrado ao seu valor efetivamente recuperável. 
Valor recuperável é o maior entre o valor do ativo quando utilizado nas operações (valor 
em uso) e o valor líquido de venda (valor justo menos despesas para vender). O valor 
em uso normalmente é estimado de acordo com o fluxo de caixa estimado descontado a 
valor presente. A empresa compara o saldo contábil do ativo (custo menos depreciação) 
com seu valor recuperável, e se verificar que este não poderá ser recuperado, deve fazer 
um ajuste (perda por desvalorização). Registra, portanto, uma despesa contra uma 
conta redutora do ativo, calculada pela diferença entre o valor contábil (custo menos 
depreciação), conhecida também como perda por impairment: 
 
D – Perda por desvalorização do ativo (resultado) 
C – Provisão para perda por desvalorização (ativo) 
 
4.5 As variações patrimoniais: exaustão 
Segundo Ribeiro (2013), a exaustão caracteriza a perda de valor que sofrem as 
imobilizações suscetíveis de exploração e que se esgotam no correr do tempo, por 
 
 
 
47 
 
exemplo, a reservas minerais e vegetais (bosques, florestas, jazidas etc.) corresponde a 
perda de valor decorrente da exploração de recursos minerais ou florestais ou de bens 
aplicados nessa exploração. O lançamento contábil característico da exaustão é: 
 
D – Despesas de exaustão 
C – Exaustão acumulada 
 
A exaustão é efetuada, de acordo com a quantidade que se espera extrair, conforme 
exemplos a seguir: 
 
a. Exaustão mineral 
 
𝐸 =
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎í𝑑𝑜/𝑡𝑜𝑛
Qualidade/ton
 
 
= x% extraído no mês ou ano 
 valor contábil corrigido 
* o percentual obtido no mês ou ano 
= despesa exaustão do mês ou ano 
 
b. Exaustão florestal 
A exaustão florestal também é efetuada de acordo com a quantidade esperada de 
madeira que será extraída no período de corte. A quantidade deve ser calculada em 
função do total de madeira esperada nos cortes ou dos respectivos frutos.𝐸 =
Total extraído/Quantidade
Quantidade total esperada
 
 
 
= x% quantidade extraída no mês ou ano 
 Valor contábil corrigido 
* o percentual obtido no mês ou ano 
 
 
 
48 
 
= despesa exaustão do ano 
 
Sumário da depreciação, exaustão e amortização 
Depreciação Amortização Exaustão 
É efetuada nos bens 
tangíveis, sujeitos ao 
desgaste pelo uso, ação 
da natureza ou 
obsolescência. 
É efetuada nos bens 
intangíveis aplicados na 
aquisição de direitos de 
propriedade industrial 
ou comercial. 
É efetuada em recursos 
minerais e florestais de 
acordo com a quantidade 
esperada, que será 
extraída. 
Fonte: elaborado pelo autor 
 
Referências 
EQUIPE DE PROFESSORES DA FEA/USP. Contabilidade introdutória. São Paulo: Atlas, 
2010. 
IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2016. 
IUDÍCIBUS, S; MARION, J. C. Contabilidade comercial – Atualizado conforme Lei 
11.638/07 e MP 449/08. São Paulo: Atlas, 2009. 
PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 
RIBEIRO, O. M. Contabilidade geral. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 
RIBEIRO, O. M. Contabilidade fundamental. São Paulo: Saraiva, 2009. 
TOTVS SA. Depreciação gerencial – unidades produzidas. Disponível em: 
<http://interno.totvs.com/mktfiles/tdiportais/helponlineprotheus/p12/portuguese/siga
atf_unidades_produzidas.htm> Acesso em: 6 set. 2018. 
 
 
BLOCO 5 CONTABILIDADE DE CUSTOS 
5.1 Evolução da Contabilidade de Custos 
Segundo Martins (2010), técnicas mais atuais de administração foram desenvolvidas e 
informações de custo começaram a dar apoio ao planejamento, controle e decisões na 
área da administração nas últimas décadas. A responsabilidade de analisar e 
interpretar informações quantitativas ficou cada vez mais nas mãos da Contabilidade 
de Custos com a finalidade de oferecer instrumentos à administração para o 
gerenciamento da organização. O desenvolvimento em várias áreas, como por 
http://interno.totvs.com/mktfiles/tdiportais/helponlineprotheus/p12/portuguese/sigaatf_unidades_produzidas.htm
http://interno.totvs.com/mktfiles/tdiportais/helponlineprotheus/p12/portuguese/sigaatf_unidades_produzidas.htm
 
 
 
49 
 
exemplo a computação eletrônica e a pesquisa operacional, contribui para que 
informações sejam oferecidas com mais rapidez e também para que problemas sejam 
solucionados com mais facilidade. 
Por volta de 1750 na Inglaterra, na época da Revolução Industrial nasce a 
Contabilidade de Custos. Sua principal função era registrar os custos que tornavam o 
contador apto a avaliar inventários e ter uma melhor noção das receitas e balanços, 
porém, ainda há muito o que se desenvolver. 
De acordo com Iudícibus (1998), a contabilidade financeira é: 
(...) uma ciência que utiliza uma série de técnicas para manter um controle 
permanente do patrimônio da empresa. Com ela, temos uma eficiente 
ferramenta para a geração de informações gerenciais, fiscais, econômicas e 
financeiras de uma entidade. 
As entidades com fins lucrativos, como indústria, comércio e serviços, 
precisam apurar, em decorrência das normas contábeis e fiscais, os 
respectivos custos, para determinarem o resultado. (IUDÍCIBUS, 1998). 
 
 
O sucesso ou fracasso de uma empresa está totalmente relacionado a informações de 
seus produtos e de como seus custos são formados. Antes de tomar qualquer decisão, 
é necessário que o gestor tenha como suporte um conjunto de informações. 
Até a Revolução Industrial, a Contabilidade Financeira era praticamente a única e 
estava bem estruturada para dar auxílio às empresas comerciais. Naquela época, para 
afinar os resultados periódicos e o Balanço Final era preciso aperfeiçoar os estoques 
físicos, pois na realização da apuração monetária, o contador identificava o valor pago 
pelos itens em estoque, dando maior valor à mercadoria (BERNARDO, 2017). 
A atividade do contador foi ganhando complexidade, pois não possuía mais acesso aos 
dados de valorização do estoque e seu valor de compra tão facilmente. 
O objetivo de toda e qualquer organização é, sempre que possível, maximizar o 
retorno sobre os seus ativos, que, como consequência positiva, garante a 
sobrevivência da empresa, tentando ampliar a diferença entre comprar e vender, 
utilizando conceitos metodológicos e científicos, culminando para o melhor resultado 
possível. 
 
 
 
 
50 
 
5.2 Classificação dos Custos 
Com relação aos produtos, podem ser diretos ou indiretos: 
 
• Custos diretos: são aqueles que aplicados diretamente no produto e de fácil 
identificação. Exemplo: Matéria-Prima, Material de Embalagem e Mão de Obra 
Direta. 
 
• Custos indiretos: segundo Ribeiro (2014), compreendem os gastos gerais de 
fabricação (GGF) ou custos indiretos de fabricação (CIF), aplicados 
indiretamente no produto. Exemplo: combustíveis e lubrificantes das 
máquinas, material de limpeza utilizado nas máquinas, mão de obra indireta, 
depreciação das máquinas, aluguel, energia elétrica da fábrica etc. 
 
Com relação ao volume de produção do período, os custos podem ser fixos ou 
variáveis. Segundo Ribeiro (2014), 
os custos fixos são aqueles que independem do volume de produção do período, 
isto é, qualquer que seja a quantidade produzida, esses custos não se alteram. 
Assim, por exemplo, tanto faz a empresa produzir uma ou dez unidades de um ou 
mais produtos em um mês, pois os custos fixos serão os mesmos nesse mês. 
Exemplo: aluguel da fábrica, depreciação das máquinas, salários e encargos do 
pessoal da fábrica. (RIBEIRO, 2014) 
Já os custos variáveis: 
são aqueles que variam em função das quantidades produzidas, como ocorre, por 
exemplo, com a matéria-prima e material de embalagem. Exemplo: se na 
fabricação de uma mesa são gastos 5 metros de madeira, para se fabricarem 10 
mesas serão precisos 50 metros de madeira, por exemplo. Quanto maior for a 
quantidade fabricada, maior será o consumo de matéria-prima. (RIBEIRO, 2014) 
 
5.3 Métodos de Custeio 
Método de custeio: é o sistema ou as técnicas utilizadas para apropriar os custos aos 
respectivos produtos. Cada método de custeio possui uma forma específica de 
apropriação dos custos (LUNELLI, 2017). 
 
 
 
51 
 
Trata-se da maneira como as empresas agregam ao preço de venda seus custos de 
produção. Devem-se separar os custos fixos dos custos variáveis, conforme as 
classificações estudadas, e determinar o seu peso dentro do preço de venda do 
produto. 
 
5.3.1 Método de Custeio por Absorção ou Funcional 
O custeio por absorção é obrigatório por lei no Brasil para todas as empresas, e é o 
critério que abrange todos os gastos relacionados à elaboração do produto, sejam eles 
diretos ou indiretos, no apuramento do custo da produção. Contudo, tanto os custos 
fixos quanto os variáveis são englobados na apuração, mas nenhuma despesa é 
acrescentada a esse valor. O que define esse sistema é a relação custo-produção. Os 
princípios de contabilidade geralmente aceitos são aplicados nesse método e, 
portanto, é aceito pela legislação fiscal. Para entender melhor, observe a Figura 1. 
 
Figura 1 – Método de Custeio por Absorção 
 
Fonte: adaptado de Lima, Egito, Silva (2004) 
 
5.3.2 Método de Custeio Variável ou Direto 
Agora abordaremos o método de custeio variável, que como o próprio nome sugere, é 
aquele que inclui na apuração só os gastos variáveis em função da produção ou das 
vendas. Além desses custos, as despesas variáveis, como as comissões dos vendedores, 
 
 
 
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as despesas decorrentes de entrega, entre outras, são consideradas como custo do 
processo produtivo. Já os custos fixos são tratados como despesas do exercício na 
demonstração do seu resultado. 
É importante estar atento, pois esse método é utilizado para fins gerenciais devido ao 
auxílio no processo de tomada de decisão. Não é válido para aplicação nos balanços de 
uso externo e nem é

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