Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Contabilidade Empresarial Professor Antonio Roberto da Costa 2 SUMÁRIO BLOCO 1: ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA DA CONTABILIDADE ................................... 3 BLOCO 2: O PATRIMÔNIO E SUAS VARIAÇÕES ................................................................. 9 BLOCO 3: OPERAÇÕES COM MERCADORIAS ................................................................ 20 BLOCO 4: VARIAÇÕES PATRIMONIAIS.......................................................................... 33 BLOCO 5: CONTABILIDADE DE CUSTOS.........................................................................48 BLOCO 6 OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS........................................................................... 67 3 BLOCO 1 ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA DA CONTABILIDADE Olá, aluno(a), A partir deste material, vamos estudar o que chamamos de Contabilidade Empresarial. Os conceitos que fazem parte desta etapa de nossos estudos referem-se à Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade. Vamos então começar pela Origem da Contabilidade. 1.1 A origem da contabilidade A contabilidade surgiu baseada em princípios filosóficos e em regras estabelecidas previamente e não por lei constitucional ou fiscal como muitos acreditam. Ela foi utilizada como método de organização de valores, mensuração do crescimento do patrimônio e de resultados alcançados, assim mantendo o dono e os usuários informados das suas necessidades. A evolução da contabilidade se deu de tal forma que se confunde com o desenvolvimento da humanidade. Estudos sobre as civilizações na Antiguidade mostram que o homem primitivo sempre cuidou das suas riquezas por meio da contagem e do controle de seu rebanho. Pesquisadores detectam sinais de existências das contas trazendo-nos os primeiros exemplos de contabilidade a 4000 a.C, aproximadamente, na civilização sumério-babilônica. O aperfeiçoamento da contabilidade se deu de acordo com as influências e conveniências de cada período histórico. Exemplos de grandes marcos históricos que desencadearam a progressão das ciências contábeis são o surgimento da moeda e da escrita, o descobrimento do continente americano e a invenção da máquina a vapor. O desenvolvimento econômico e as mudanças tanto sociopolíticas como culturais de cada época estiveram interligados com a progressão da história da contabilidade. Com o aumento da complexidade das atividades econômicas, o homem também precisou aperfeiçoar o método de avaliação da sua situação patrimonial. A evolução da contabilidade pode ser delimitada a partir de duas grandes escolas: a. Italiana: se espalhou na Europa após o surgimento do método das partidas dobradas no século XIV, sendo divulgada em 1494 com a obra de Luca Pacioli, Summa de Arithmetica, Geometria proportioni et propornalità. A escrituração teve relevância a 4 partir do surgimento dessa escola, da qual também surgiram os registros patrimoniais e métodos de avaliação. b. Americana: dela vêm os princípios fundamentais da contabilidade com as regras de toda a escrituração e análise contábil. No Brasil, a contabilidade tem legislação própria e surgiu por volta de 1754, quando ainda era colônia de Portugal. A formação do profissional da área contábil foi iniciada com a autorização da criação do curso Aula de Comércio, sob a supervisão da junta de comércio em Lisboa. Conforme o tempo foi passando, a contabilidade se aprimorou até que se chegou à Lei 6.404/76 das sociedades por ações, que existe até a atualidade, como também à Lei 11.638/07 que insere o Brasil nas normas internacionais da contabilidade. 1.2 Objetivos e usuários da contabilidade O objetivo principal da contabilidade é se apresentar como fonte fundamental de informações em nível econômico e financeiro por meio dos relatórios que compõem demonstrações contábeis. Outro objetivo importante é que a contabilidade se trata de um instrumento de gestão de controle de uma empresa para mensurar seus resultados financeiros, e, por sua vez, a análise desses resultados permite que a organização possa projetá-los em investimentos de recursos. Mais um objetivo é que a contabilidade visa informar e permitir a cada usuário a avaliação da situação econômica financeira da empresa, por exemplo, para os sócios, gerentes, administradores, fornecedores, bancos, governos, ou seja, todos os stakeholder internos e externos da empresa, com a elaboração das demonstrações contábeis, como Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Balanço Patrimonial, que são os principais relatórios usados para as tomadas de decisões. 1.3 Fundamentos da contabilidade 1.3.1 Postulados De acordo com Padoveze (2012), os postulados são elementos vitais e básicos que estruturam a contabilidade atual. São eles: 5 a. Entidade: diz respeito à contabilidade de uma entidade, empresa, de modo que sua escrituração não deve ser confundida com a de seus proprietários. b. Continuidade: diz que a empresa deve ser avaliada com a hipótese de que não será extinta. Sendo assim, se houver o encerramento de uma empresa, o critério de avaliação de seus bens ativos será realizado de forma diferenciada. 1.3.2 Princípios A contabilidade é uma ciência prática e com o decorrer dos anos, critérios e opções foram desenvolvidos para se tentar chegar a uma melhor forma de controle patrimonial. Portanto, os princípios são a prática dos critérios mais bem aceitos pelos contadores. 1.3.3 Denominador comum monetário Diz este princípio que a avaliação de itens e a contabilidade devem ser realizadas sob uma mesma moeda. Como exemplo, uma dívida contraída em dólares será expressa na escrituração comercial em reais, mas continuará controlada em dólares; ou no caso de a empresa ter no seu ativo uma obra de arte que lhe foi doada, esta deve ser avaliada em reais. 1.3.4 Competência de exercícios É aplicado na contabilização tanto das receitas quanto das despesas de uma empresa. É uma dupla de princípios que regularizam os resultados, que são: • Princípio da realização. • Princípio do confronto das despesas com as receitas. Já que é vital compreender tais princípios para a plena compreensão das peças contábeis, faremos uma breve explicação. Para uma despesa ou receita, há dois momentos a serem considerados na contabilização dos fatos referentes a elementos patrimoniais: momento econômico (ocorrência ou geração) e momento financeiro (efetivação através do pagamento ou recebimento). 6 1.3.5 Conceito de exercício social Exercício contábil é o período de um ano em que se faz a apuração do resultado. Não necessariamente tem de coincidir com o ano civil, mas deve ter 12 meses de duração determinados pela empresa. Assim, as despesas e as receitas são contabilizadas no ano em que forem geradas. 1.3.6 Realização da receita Este princípio consiste em como se deve considerar realmente a receita, isto é, como é realizada ou efetuada. Autores admitem que se deve considerar a receita de um produto no momento em que o vendemos. Por outro lado, há consenso entre os contadores de que se deve considerar a receita de venda do produto apenas quando ele tiver sido entregue ao cliente, levando em consideração algumas condições básicas, como: • avaliação de mercado objetiva para o preço do produto; • realização de todos os esforços de produção; • condições de avaliar as despesas relativas ao produto a ser vendido. 1.3.7 Confronto das despesas com as receitas Trata-se das receitas realizadas a serem confrontadas no mesmo período das despesas que a geraram, ou seja, a apuração do resultado de período consideradas as receitas realizadas com diminuição das despesas sacrificadas para sua obtenção. 1.3.8 Custo como base de valor Princípio que diz respeito às aquisições de ativos quedeverão ser contabilizados pelo seu valor de compra ou aquisição. 1.3.9 Exemplo de mercadoria em estoque Trata-se dos bens que a empresa adquire com a finalidade básica de posterior revenda de lucros com essa revenda. 7 1.3.10 Princípio de custo como base Diz que os bens adquiridos devem ser registrados pelo preço de compra (aquisição), ou seja, preço de custo. 1.3.11 Convenções Trata-se de restrições aos princípios contábeis e também são normas de caráter prático a serem observadas como guias, o que facilita a vida do contador. 1.3.12 Objetividade Significa que o contador quando realizar uma escrituração de um fato, precisa se alicerçar nos elementos objetivos, tirando a subjetividade no lançamento contábil. 1.3.13 Conservadorismo Diz respeito a uma convenção e, na dúvida, o contador deve optar pela forma mais conservadora de escrituração. Por exemplo, na dúvida lançar todas as despesas, porém, não lançar com as receitas se houver dúvidas. 1.3.14 Materialidade Esta convenção está ligada à análise do custo/benefício da informação. 1.3.15 Consistência ou uniformidade Aqui, o contador deve aplicar critério de uniformidade no tempo. Se ele adotou determinado critério de avaliação de um ativo ou passivo, deverá adotar o mesmo ao longo dos anos constantemente. 1.4. Noções básicas (patrimônio, bens, direitos e obrigações) 1.4.1 Patrimônio Trata-se do conjunto de bens, direitos e obrigações que pertence a uma entidade. 1.4.2 Bens Qualquer coisa que possa satisfazer uma necessidade do homem e seja suscetível de avaliação econômica, ou seja, ter preço. Os bens são classificados em: 8 • Tangíveis: têm existência física. Por exemplo: carro, dinheiro, casa etc. • Intangíveis: são chamados de abstratos ou imateriais, por não terem existência física. Por exemplo: marcas e patentes, direitos autorais, etc. 1.4.3 Direitos São bens sobre os quais exercemos domínio, mas não estão sobre a posse de terceiros e aparecem no patrimônio como valores a receber. Por exemplo: clientes ou duplicatas a receber, títulos a receber, etc. 1.4.4 Obrigações São bens que se encontram sobre nossa posse e o domínio sobre eles é exercido por terceiros. Aparecem no patrimônio como valores a pagar. Por exemplo: duplicatas a pagar, títulos a pagar etc. 1.5 Estática patrimonial (ativo, passivo, patrimônio líquido, situação do patrimônio líquido, formação e variações do patrimônio) 1.5.1 Formação do patrimônio Para se constituir uma empresa, é preciso que se tenha, inicialmente, um Capital. A palavra Capital é usada para representar o conjunto de elementos que o proprietário da empresa possui para iniciar suas atividades. Observe exemplos nos quadros a seguir: Quadro 1 − Balanço patrimonial/Representação de patrimônio: exemplo de formação de um patrimônio que inicia suas atividades com $100.000 em dinheiro ATIVO PASSIVO Bens Caixa 100.000 Patrimônio Liquido Capital social 100.000 Total 100.000 Total 100.000 Fonte: elaborado pelo autor 9 Quadro 2 − Balanço patrimonial/Representação de patrimônio: exemplo de compra de mesas e cadeiras, à vista, para uso da empresa, no valor de $50.000 ATIVO PASSIVO Bens Caixa 50.000 Móveis e utensílios 50.000 Patrimônio Líquido Capital social 100.000 Total 200.000 Total 100.000 Fonte: elaborado pelo autor Quadro 3 − Balanço patrimonial/Representação de patrimônio: Exemplo de depósito de $30.000 no banco Mercosul S.A ATIVO PASSIVO Bens Caixa 20.000 Bancos conta movimento 30.000 Móveis e utensílios 50.000 Patrimônio Líquido Capital social 100.000 Fonte: elaborado pelo autor Referência PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. BLOCO 2 O PATRIMÔNIO E SUAS VARIAÇÕES 2.1 Método das partidas dobradas Segundo Padoveze (2012), o método universalmente usado em todos os sistemas contábeis para se efetuar uma partida de diário (lançamento contábil) é o Método das Partidas Dobradas. Ele consiste em que para cada lançamento a débito (ou débitos) corresponde um crédito (ou créditos) de igual valor. Ou seja, 10 para cada débito, há um crédito de igual valor, e vice-versa. Para cada somatório de débitos, há sempre um somatório de créditos de igual valor, e vice-versa. DÉBITO: Todo valor que ENTRAR numa conta. CRÉDITO: Todo valor que SAIR de uma conta. No registro dos fatos contábeis, sempre haverá duas contas: uma debitada e uma creditada, pois é o que caracteriza o “Sistema das Partidas Dobradas”. Veja alguns exemplos de registro de operações em razonetes. Para entender o método das Partidas Dobradas, você deverá analisar algumas das operações em empresa! Exemplos: a. Abertura de uma empresa: Duas pessoas resolveram abrir uma sociedade anônima, com capital totalmente integralizado em dinheiro no ato, no valor de $20.000. Esse capital está dividido em 2.000 ações de $10,00 cada uma. Com a entrada de dinheiro para a sociedade, o Ativo Caixa foi aumentado (debita-se Caixa) e o Patrimônio Líquido também foi aumentado (credita-se Capital). DÉBITO: Caixa........................................ = 20.000,00 CRÉDITO: Capital Social......................... = 20.000,00 b. A empresa adquiriu um terreno por $5.000, pagando à vista. DÉBITO: Terreno.............................. = $5.000 CRÉDITO: Caixa................................. = $5.000 c. Compra de mercadorias: Foram adquiridas a prazo mercadorias pelo valor de $4.000. DÉBITO: Estoque de Mercadorias......................... = $4.000 CRÉDITO: Títulos a Pagar (ou Fornecedores)....... = $4.000 E assim por diante... 11 2.2 Escrituração contábil 2.2.1 Livro razão Segundo Ribeiro (2013), no passado as contas eram registradas nas páginas de um livro manuscrito chamado RAZÃO. Depois foram registradas em fichas ou folhas soltas. Atualmente, com o sistema eletrônico, são registradas na memória dos computadores ou em registros especiais, pelo sistema de processamento eletrônico de dados. Contudo, em seu conjunto, são mantidas em arquivo, e continuam com a mesma denominação Razão. Para cada conta, deve existir pelo menos uma ficha de Razão. 2.2.2 Razonete Para efeito didático, representamos uma conta por uma conta em t, ou razonete em t, ou simplesmente, razonete. 2.2.3 Débitos e créditos A diferença entre o total de débitos e o total de créditos feitos em uma conta em determinado período é denominada SALDO. Se o valor dos débitos for maior que o valor dos créditos, a conta terá saldo DEVEDOR. Caso ocorra o contrário, a conta terá saldo CREDOR. Na terminologia contábil, essas palavras têm significados antagônicos. Contudo, débito pode representar elementos positivos, por isso cuidado com as terminologias. Crédito na linguagem coloquial significa: situação positiva, possuir crédito na praça, poder comprar a prazo, etc. Na terminologia contábil, a palavra crédito também possui significado oposto. As mesmas observações que fizemos para a palavra débito aplicam-se à palavra crédito. 2.2.4 Livro diário Ainda segundo Ribeiro (2013), o livro Diário é obrigatório, exigido pelo Código Comercial Brasileiro em seu artigo no. 11, que é um livro essencialmente cronológico para registrar, em ordem de dia, mês e ano, todas as operações contabilizáveis verificadas na existência de uma pessoa jurídica. 12 O registro de uma operaçãono livro Diário denomina-se partida de diário ou lançamento contábil. Ao conjunto dos lançamentos, denominamos escrituração contábil. 2.2.5 Lançamentos contábeis Fazer um lançamento contábil é simplesmente, no caso de débitos, fazer um lançamento a débito ou um débito, ou ainda, debitar a conta. O mesmo acontece com os lançamentos de crédito: simplesmente fazer um lançamento a crédito ou um crédito, ou ainda, creditar a conta. SALDO, como já vimos, é a diferença de débitos e créditos efetuados em uma conta. Os elementos essenciais de um lançamento contábil são: • local e data; • conta(s) devedora(s); • conta(s) credora(s); • histórico; • valor. 2.3 Plano de contas Segundo Marion (2009), o Plano de Contas é o elenco sistematizado e metódico de todas as contas movimentadas por uma empresa, ou seja, nada mais é do que uma relação ordenada das contas contábeis a serem utilizadas pela contabilidade para fazer a escrituração contábil e os registros contábeis da empresa. Cada empresa deve ter o seu próprio Plano de Contas, de acordo com suas características próprias. Para a elaboração do Plano de Contas, que servirá como instrumento de orientação e base para o registro das operações contábeis, há alguns critérios que o contador deverá obedecer: • todos os elementos da mesma natureza deverão ser reunidos em uma única conta; • os nomes das contas devem identificar com clareza os elementos que as representam; 13 • ter obediência ao critério de liquidez para ordenar as Contas do Ativo segundo a ordem decrescente de liquidez, isto é, as contas que representam dinheiro, ou mais facilmente transformáveis em dinheiro, vêm em primeiro lugar, seguidas das demais, na ordem decrescente de conversibilidade; • as Contas do Passivo devem obedecer à ordem decrescente de exigibilidade. Primeiramente, vêm aquelas que representam obrigações, cujo pagamento tem prioridade; • as contas de Capital a Integralizar, Ajustes de Avaliação Patrimonial, Prejuízos Acumulados, Reservas de Lucros e Ações em Tesouraria devem constar do grupo do Patrimônio Líquido; • as Contas Retificadoras do Ativo e do Passivo devem constar do mesmo grupo das contas retificadas; • as Contas de Despesas devem constar de grupos que identifiquem as despesas dos setores da empresa ou natureza departamental; • as Despesas e Receitas não operacionais devem constar de grupos distintos das receitas e despesas operacionais, ou seja, aquelas decorrentes da atividade objeto da empresa. 2.3.1 Codificação das contas Cada conta, grupo ou subgrupo recebe um código a ser definido por cada empresa. Essa definição é de livre escolha da empresa. A atribuição de códigos às contas depende do tamanho da empresa e do equipamento utilizado para contabilização. Deve ser realizado um estudo das necessidades da organização e da capacidade do equipamento em função da utilização de dígitos para a conta, inclusive o de controle. A codificação deve levar em conta a estrutura do Plano de Contas previamente definido. Veja a seguir um “modelo” de um Plano de Contas: 14 a. CONTAS PATRIMONIAIS 1. ATIVO 2. PASSIVO 10 ATIVO CIRCULANTE 20 PASSIVO CIRCULANTE 10.1 Caixa 20.1 Fornecedores 10.2 Bancos Conta Movimento 20.2 Duplicatas a Pagar 10.3 Aplicações Financeiras 20.3 Contas a Pagar 10.4 Clientes 20.4 COFINS a Recolher 10.5 Duplicatas a Receber 20.5 PIS a Recolher 10.6 Promissórias a Receber 20.6 ICMS a Recolher 10.7 Ações de Outras Empresas 20.7 FGTS a Recolher 10.8 Estoque de Mercadorias 20.8 INSS a Recolher 10.11 Estoque de Material de Expediente 20.9 Salários a Pagar 10.12 Juros Passivos a Vencer 20.10 Dividendos a Pagar 10.13 Prêmios de Seguros a Vencer 20.11 Impostos e taxas a Recolher 20.12 Provisão para a Contribuição Social ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE 11 ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 21 PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 11.1 Duplicatas a Receber 21.1 Duplicatas a Pagar 11.2 Promissórias a Receber 21.2 Promissórias a Pagar 12 INVESTIMENTOS 22 RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS 12.1 Participações em Outras Empresas 13 IMOBILIZADO 22.1 Aluguéis Ativos a Vencer 13.1 Imóveis 22.2 Outras Receitas a Vencer 13.2 Computadores 22.3 Custos ou Perdas Correspondentes 13.3 Instalações 15 13.4 Móveis e Utensílios 23 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 13.5 Veículos 23.1 Capital 13.6 Depreciação Acumulada 23.2 Reservas de Lucros 14 INTANGÍVEIS 23.3 Lucros ou Prejuízos Acumulados 14.1 Marcas e Patentes 14.2 Amortização Acumulada Fonte: elaborado pelo autor b. CONTAS DE RESULTADO 3. DESPESAS 4. RECEITAS 30 DESPESAS OPERACIONAIS 40 RECEITAS OPERACIONAIS 30.1 Água e Esgoto 40.1 Receitas de Vendas de Mercadorias 30.2 Aluguéis Passivos 40.2 Receitas de Prestação de Serviços 30.3 Amortização 40.3 Aluguéis Ativos 30.4 Café e Lanches 40.4 Juros Ativos 30.5 Combustíveis 40.5 Receitas Eventuais 30.6 Salários e Encargos 30.7 Depreciação 41 RECEITAS NÃO OPERACIONAIS 30.8 Descontos Concedidos 41.1 Ganhos em transações do Ativo Permanente 30.9 Despesas Bancárias 30.10 Férias e Encargos 30.11 13o. Salário e Encargos 30.12 Fretes e Carretos 30.13 Impostos e Taxas 30.14 Luz e Telefone Fonte: elaborado pelo autor 2.4 Balanço patrimonial O Balanço Patrimonial (BP) é uma das mais importantes demonstrações contábeis, por permitir apurar (atestar) a situação patrimonial e financeira de uma entidade em 16 determinado momento. Sob o aspecto contábil, o patrimônio é composto do ativo e passivo. Denominamos ativo o conjunto de bens e direitos, e passivo o conjunto das obrigações. 2.4.1 Ativo O ativo compreende os bens e os direitos da entidade expressos em moeda, No sentido contábil, são todas as coisas, com expressão monetária, que pertencem à empresa e estão em sua posse direta ou indireta. Os bens dividem-se em: numerários, de venda, de renda e fixos. Representa os direitos quando a propriedade do bem é passada para outra pessoa, sem que se tenha recebido o valor correspondente. É o que ocorre quando vendemos mercadorias a prazo, emprestamos dinheiro, etc. São dívidas de terceiros para com nossa empresa. Todos os elementos componentes do ativo acham-se discriminados no lado esquerdo do Balanço Patrimonial. 2.4.2 Passivo O passivo compreende basicamente as obrigações a pagar, isto é, as quantias que a empresa deve a terceiros, representadas por dívidas da empresa para com terceiros. São exemplos: Títulos a Pagar, Contas a Pagar, Impostos a Recolher, Empréstimos a Pagar, Fornecedores, Hipotecas a Pagar das obrigações assumidas normalmente por uma entidade. Todos os elementos componentes do Passivo são discriminados no lado direito do BP, formado pelos valores das origens dos investimentos, isto é, as obrigações assumidas pela empresa com terceiros. 2.4.3 Patrimônio líquido Define-se patrimônio líquido como a diferença entre o valor do ativo (bens mais direitos) e o do passivo (obrigações) de uma entidade, em determinado momento. Na constituição de uma empresa, os sócios investem capital, que, no decorrer das atividades empresariais, vai sofrendo mutações para mais ou para menos, de acordo com os lucros ou prejuízos que se forem verificando. Desse modo, o balanço é o 17 resultado patrimonial de uma determinada empresa em um determinado momento que será constituído pelo ativo, passivo e patrimônio líquido. Observe a seguir um exemplo da composição de um balanço patrimonial: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO $ PASSIVO $ Bens Mercadorias 70 Móveis e Utensílios 100 Máquinas 30200 Direitos Contas a Receber 100 Aluguéis a Receber 50 Títulos a Receber 150 300 Total 500 Obrigações Fornecedores 50 Contas a Pagar 30 Aluguéis a Pagar 70 150 Patrimônio Líquido Capital Social 300 Lucros Acumulados 50 350 ____________________________ Total 500 Fonte: elaborado pelo autor 2.5 Variações do patrimônio líquido (receita, despesa e resultado) Segundo Iudícibus e Marion (2016), os Fatos Contábeis caracterizam-se pelas modificações nos elementos do patrimônio, sendo contabilizados através das Contas Patrimoniais ou das Contas de Resultado. São classificados em: • permutativos, qualitativos ou compensativos; • modificativos ou quantitativos; • mistos. A seguir, você conhecerá os conceitos e exemplos das variações patrimoniais. 2.5.1 Fato permutativo É aquele que modifica o patrimônio apenas nos seus componentes, isto é, apenas qualitativamente, sem alterar a situação líquida da empresa. Pode ocorrer troca entre os elementos do ativo, entre os elementos do passivo e entre ambos ao mesmo tempo. 18 Exemplos: • recebimento de venda a prazo (haverá um aumento de caixa e uma diminuição de contas a receber); • compra de móveis e utensílios a prazo (aumento de ativo e de passivo); • pagamento de dívida com terceiro (diminuição de ativo e de passivo). 2.5.2 Fato modificativo É o fato que modifica o patrimônio quantitativamente, alterando a situação líquida da empresa. O fato modificativo pode ser diminutivo, quando diminui a situação líquida, ou aumentativo, quando aumenta a situação líquida. Ou seja, fatos modificativos acarretam alterações, para mais ou para menos, no patrimônio líquido. Envolvem as contas patrimoniais e as contas de resultado (despesas e receitas). Por exemplo: pagamento de conta de água e luz, ou venda de mercadorias. 2.5.3 Fato modificativo misto Este fato combina, ao mesmo tempo, um fato permutativo e um fato modificativo. Portanto, ele altera tanto os componentes do patrimônio quanto a sua situação líquida, ou seja, altera quantitativa e qualitativamente o patrimônio. Por isso, causam alterações no ativo ou no passivo e no patrimônio líquido. Por exemplo: venda de um bem do ativo com lucro. 2.6 Variações do patrimônio líquido (período contábil, regime de caixa e de competência) 2.6.1 Regime de competência No regime de competência de exercícios, as receitas de um exercício são aquelas ganhas num período (não importando se tenham sido recebidas dentro do exercício) e as despesas de um exercício são aquelas incorridas num período (não importando se forem pagas dentro desse período). 19 Esse regime tem como fundamento contabilizar as despesas e as receitas no mês ou exercício em que efetivamente ocorreram, independentemente de seu pagamento, ou recebimento respectivamente. A título de exemplo, os salários dos empregados do mês de outubro é despesa desse mês, muito embora possam ser pagos no quinto dia útil de novembro. Pelo mesmo procedimento, as receitas auferidas em determinado mês são registradas como rendimento daquele mês, embora seu recebimento venha a ocorrer nos meses seguintes. Denominamos esse procedimento de apropriação de despesas no mês de competência, independentemente de seu pagamento. 2.6.2 Regime de caixa O regime de caixa é aquele em que são consideradas receitas e despesas do exercício aquelas efetivamente recebidas e/ou pagas dentro desse período. Nesse regime, somente serão consideradas despesas aquelas que, independentemente do seu período de referência, forem pagas dentro do exercício considerado período base de apuração do resultado. Como receitas, somente serão consideradas aquelas cujos recebimentos efetivamente ocorrerem. Esse regime tem como fundamento contabilizar as despesas somente no momento de seu pagamento e as receitas no momento de seu recebimento. Esse regime é condenado por nossa legislação, por não refletir a realidade do resultado do exercício. Portanto, esse regime é uma “norma contábil pela qual os ingressos são atribuídos ao exercício em que são recebidos e os custos ao exercício em que são pagos”. Referências IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2016. MARION, J. C. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. RIBEIRO, O. M. Contabilidade geral. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 20 BLOCO 3 OPERAÇÕES COM MERCADORIAS 3.1 O inventário e as metodologias contemporâneas de controle de estoques – Just In Time e Kanban 3.1.1 Definição do just in time Conforme Slack, Chambers e Johnston (2002), o sistema Just In Time (JIT) tem como objetivo a produção de bens e serviços no momento necessário, impedindo, desse modo, que a fabricação antecipada resulte em estoque. A aplicação dessa técnica visa diminuir o tempo de produção, aprimorar a produtividade e qualidade dos produtos produzidos, aumentar a capacidade disponível em grandes investimentos adicionais, entre outros. A Figura 1 ilustra o fluxo tradicional, bem como o JIT, e ajuda a analisar as diferenças entre os dois sistemas de manufatura. Figura 1 – Fluxo tradicional e Fluxo do JIT Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2002) Vejamos mais algumas diferenças entre o sistema JIT e o tradicional. Apesar do fluxo tradicional e do JIT visarem à alta eficiência no processo produtivo, eles adotam 21 percursos diferentes para conseguir isso. O modelo tradicional visa à eficiência protegendo cada etapa da produção de possíveis distúrbios por meio do estoque amortecedor. Já o modelo do JIT tem foco oposto, pois o estoque amortecedor deixa de existir. Devemos avaliar o JIT nos seguintes níveis: a. ferramentas e técnicas; b. filosofia. As ferramentas e técnicas geralmente são práticas que dão apoio: • à eliminação de desperdícios e aprimoramento contínuo; • ao plano para manufatura; às operações com foco definido que diminuam a complexidade; • à utilização de máquinas simples e pequenas que sejam robustas e flexíveis; • à diminuição do tempo de set up e de troca para acrescentar a flexibilidade; • à inclusão de todos os funcionários na melhoria da operação, entre outros. Por sua vez, no que tange à filosofia, segundo Slack, Chambers e Johnston (2002), a abordagem JIT deve ser entendida como aquela que dá uma visão clara que orienta as ações dos gestores na execução de atividades diferentes. Trata-se de uma série de metodologias desenvolvidas pelos japoneses. Sua filosofia, somada a um conjunto de técnicas, está baseada em fazer as coisas simples, de forma cada vez melhor, eliminando os desperdícios das etapas do processo. O Quadro 1 apresenta a filosofia, o conjunto de técnicas e o método de planejamento e controle do JIT. 22 Quadro 1 - JIT como filosofia, técnicas e método de planejamento O JUST IN TIME (JIT) COMO UMA FILOSOFIA DE PRODUÇÃO Eliminar desperdícios Envolvimento de todos Aprimoramento contínuo O JUST IN TIME É UM CONJUNTO DE TÉCNICAS PARA A GESTÃO DA PRODUÇÃO Práticas básicas de trabalho Projeto para manufaturaFoco na produção Máquinas pequenas e simples Arranjo físico e fluxo Manutenção produtiva total (TPM) Redução de set-up Envolvimento total das pessoas Visibilidade Fornecimento Just In Time O JIT COMO UM MÉTODO DE PLANEJAMENTO E CONTROLE Programação puxada Controle Kanban Programação nivelada Modelos mesclados Sincronização Fonte: Slack; Chambers; Johnston (2002) Observa-se que eliminar o desperdício é algo enfatizado na filosofia do JIT. O desperdício é determinado como algo que não agrega valor. Temos como exemplo: produtos com defeito, perda de tempo na produção, transporte demorado, superprodução, entre outros. Identificar esses desperdícios é o primeiro passo para eliminá-los. Nesse sentido, a filosofia JIT busca envolver todos os funcionários e procedimentos da empresa, e ainda incentivar a resolução de problemas por meio de equipes, melhoria e rotatividade dos cargos e multi-habilidades, sendo vista como o Gerenciamento da Qualidade Total (Total Quality Management - TQM, sigla em inglês). A seguir, na Figura 2 está uma representação de algumas práticas básicas de trabalho do JIT: 23 Figura 2 – Práticas básicas de trabalho JIT Fonte: Slack, Chambers e Johnston (2002) As práticas básicas de trabalho demonstradas na Figura 2 formam a preparação da organização e dos colaboradores para a implantação do JIT, delegando responsabilidades às pessoas envolvidas. Além da redução do tempo gasto desde o término de produção de um determinado lote, temos ainda o envolvimento total das pessoas, visibilidade, fornecimento e técnicas de planejamento e controle JIT (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002). Dessa forma, para implantar a filosofia JIT nas organizações é preciso que haja muito comprometimento por parte dos gestores, os quais deverão convencer os outros funcionários das vantagens da transformação cultural que representa essa implementação. 3.1.2 Kanban O Kanban é um sistema geralmente controlado por cartões, que é um dos modos mais utilizados pelas organizações, e também pode ser controlado pelo contêiner, neste caso, sem a utilização de cartões. Segundo Aguiar e Peinado (2007), o Kanban auxilia os funcionários a planejar a produção e controlar o estoque. Desse modo, de acordo com a quantidade de cartões disponíveis nos quadros são tomadas as decisões, realizando-se set up de equipamentos e até mesmo as paradas para manutenção. O cartão ou sinalizador Kanban geralmente é utilizado no início da linha da produção e faz a comunicação de todo o sistema. Ele deve ter o mínimo de informações para o funcionamento do sistema. O quadro Kanban deve estar localizado próximo ao 24 estoque do setor do fornecedor (peças no setor do processo produtivo), devendo ser um lugar de fácil acesso e visualização. Vejamos a seguir na Figura 3 um exemplo de quadro Kanban. Figura 3 – Ilustrativo do quadro Kanban Fonte: adaptado de Aguiar e Peinado (2007) Ao ver os cartões no quadro Kanban, tanto o fornecedor interno quanto o externo saberão quantos contêineres foram removidos do estoque. Assim, será fabricada somente a quantidade de contêineres apresentadas nos cartões do quadro, de modo que nenhum contêiner de peças a mais poderá ser produzido. A rapidez do consumo na linha de montagem, com o tempo de reposição necessário ao novo suprimento dos lotes, está diretamente atrelada ao número de cartões Kanban. O ideal é que ocorra a junção perfeita entre a produção e o consumo, sendo que menor será o tempo gasto no processo quanto maior for o equilíbrio entre o consumo e a produção. O Kanban pode ser de três tipos: transporte (movimentação), produção e fornecedor externo. O de transporte é utilizado para avisar ao fornecedor interno que ele deve enviar certa quantidade de recursos para a próxima máquina. Os cartões são afixados nos produtos e direcionados a outro local, onde são removidos e voltam à etapa inicial. Já o Kanban de produção é usado para avisar a determinado processo produtivo que tal item deve ser produzido, em certa quantidade, para ser enviado ao próximo processo ou estoque. Os cartões circulam entre o setor fornecedor e a produção, sendo afixados nas peças logo depois da produção e removidos quando estas vão para 25 o consumidor. Em seguida, volta ao processo para liberar a produção e reposição dos itens consumidos. O tipo de Kanban do fornecedor externo é usado para avisar ao fornecedor que é necessário enviar material ou componente para determinado estágio da produção. Por outro lado, a programação nivelada procura garantir que o volume de produção, assim como sua composição (mix) seja constante no tempo. Já os modelos mesclados ocorrem devido à impossibilidade de equilibrar o processo de produção por meio de pequenos lotes que atendam às necessidades da demanda, uma vez que os tempos do processo produtivo para cada produto não são idênticos e as taxas de produção são inadequadas. 3.2 Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) Segundo Marion (2009), a DRE é um relatório contábil, obrigatório por lei no Brasil, e tem como objetivo demonstrar detalhadamente as receitas e despesas que foram utilizadas para apuração do Lucro ou Prejuízo do exercício. 3.2.1 Apuração do Resultado Conforme Padoveze (2012), para apurar os resultados da empresa, a contabilidade deve comparar as despesas com a receita (vendas). O lucro ocorre quando a receita é maior do que a despesa e o prejuízo quando a receita é menor do que a despesa. • Despesas: são os gastos necessários à manutenção da atividade. • Receita: trata-se da recuperação das despesas acrescida de uma margem de lucro. Observação: ativo e despesas são contas de natureza devedora, enquanto o passivo e as receitas são contas de natureza credora. A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) sempre é desenvolvida simultaneamente com o Balanço Patrimonial, e consiste em um breve relatório de operações que a empresa realizou durante um período de tempo determinado. O valor considerado mais importante aos interessados na DRE são os resultados do período, podendo ser lucro ou prejuízo. Com os dois relatórios desenvolvidos (DRE e Balanço Patrimonial), a contabilidade alcança a finalidade de demonstrar a situação tanto patrimonial como econômica da empresa. 26 Conforme Ribeiro (2013), pode-se afirmar que para a apuração do lucro ou prejuízo de um exercício, não basta somente a conta de Resultado, mas também é necessária a Demonstração do Resultado do Exercício. Veja a seguir um exemplo de DRE de acordo com a Lei 11638/07: Quadro 2 - Exemplo de Demonstração de Resultado do Exercício (de acordo com a lei 11638/07) Receita bruta das vendas e serviços ( - ) Deduções das vendas ( - ) Devoluções de vendas ( - ) Abatimentos sobre vendas ( - ) Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS ( - ) Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS ( - ) Programa de Integração Social - PIS ( - ) Contribuição para Financiamento da Seguridade Social - COFINS ( = ) Receita líquida das vendas e serviços ( - ) Custo das mercadorias vendidas e serviços ( = ) Lucro bruto (ou prejuízo bruto) ( - ) Despesas operacionais ( - ) Administrativas ( - ) Vendas (+/-) Resultado financeiro líquido (Despesas financeiras menos receitas financeiras) (+/-) Outras receitas e despesas operacionais ( = ) Resultado (lucro) operacional (ou prejuízo operacional) (+/-) Resultados não operacionais ( + ) Receitas não operacionais ( - ) Despesas não operacionais ( = ) Lucro (ou prejuízo) antes do imposto de renda e contribuição social ( - ) Provisão para o imposto de renda e contribuição social ( = ) Lucro (ou prejuízo) depois do imposto de renda e contribuição social ( - ) Participações ( - ) Debêntures ( - ) Empregados ( - ) Administradores ( - ) Partesbeneficiárias ( - ) Outras participações ( = ) Lucro líquido (ou prejuízo líquido) do exercício Fonte: DRE de acordo com a Lei 11638/07 27 3.3 Controle de estoque Conforme Bernardo (2017) é muito importante atentar-se para a gestão dos estoques, pois é por meio dela que se dá o planejamento, o controle e a armazenagem de mercadorias. Além disso, os preços dos estoques devem ser calculados com seus respectivos custos. 3.3.1 Primeiro que Entra – Primeiro que Sai (PEPS) Perceba que, nesse critério, o material empregado na produção é financiado pelos preços mais antigos, enquanto os itens de preço mais recente permanecem em estoque. Como o próprio nome diz: o Primeiro a Entrar no estoque é o Primeiro a Sair do estoque. Assim, o Custo da Mercadoria Vendida (CMV) reflete o valor das mercadorias compradas há mais tempo, e o que resta em estoque final demonstra o valor das mercadorias mais recentes (SOUZA, 2016). Veja a seguir na Tabela 1 a movimentação do estoque segundo esse método: Tabela 1 – Exemplo de PEPS Fonte: elaborado pelo autor (2018) 28 3.3.2 Último que Entra – Primeiro que Sai (UEPS) Observe que ocorre proporcionalmente o inverso nesse método. Ele avalia o estoque por meio do processo no qual o último produto que entra no estoque é o primeiro que sai do estoque. Assim, o CMV obtido retrata o valor das mercadorias adquiridas mais recentemente, e o estoque final reflete o valor das mercadorias compradas mais antigamente (SOUZA, 2016). A Tabela 2 mostra um exemplo da movimentação pelo método UEPS: Tabela 2 – Exemplo de UEPS Fonte: elaborado pelo autor (2018) 3.3.3 Média Ponderada Conforme Bernardo (2017), para esse método, o estoque é avaliado por meio da divisão entre o custo final financeiro pela quantidade final do estoque. Não se esqueça de que isso ocorre a cada movimentação de entrada. É chamada média ponderada, pois, a cada nova compra por um custo unitário diferente do que consta no estoque, o custo médio é alterado. Em virtude de o modelo de gestão de controle de estoques, atualmente adotado pelas empresas no mercado, ser realizado por um sistema informatizado, a movimentação financeira acaba sendo feita somente no final do período (mensal), valorizando cada 29 movimentação. Dessa forma, caracteriza-se Média Ponderada (SOUZA, 2016). A Tabela 3 apresenta um exemplo da movimentação pela média ponderada. Tabela 3 – Exemplo de Média Ponderada Móvel Fonte: elaborado pelo autor (2018) A legislação brasileira só permite a utilização dos métodos PEPS e Média Ponderada para fins de controle do estoque. Portanto, o método UEPS não é permitido por lei. O método mais utilizado no Brasil é o da Média Ponderada, pois permite que as mercadorias estocadas sejam valoradas pela média do custo de aquisição. 3.4 Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) e Custo do Produto Vendido (CPV) 3.4.1 Inventário permanente De acordo com Marion (2009), “desde que o Controle de Estoque forneça permanentemente o valor dos estoques com a certeza da existência das quantidades correspondentes, diz-se que o regime de Controle de Estoque é Permanente”. De uma forma mais prática: é a “famosa” Ficha de Controle de Estoque, ou seja, ocorre quando há o controle de forma contínua do Estoque de Mercadorias, dando baixa em cada venda pelo custo dessas mercadorias vendidas (CMV). 30 3.4.2 Inventário periódico É o inventário levantado no fim de cada período contábil (levanta-se a quantidade de mercadorias e considera-se a quantidade apurada como estoque final). Geralmente adotado quando o permanente é inviável. Por isso, é comum observar em empresas comerciais uma placa ou faixa, colocada na fachada da loja, no fim de ano: “Fechada para inventário”. Observação: Para apurar o valor do Estoque Final, prevalece o critério do “Custo ou Mercado, dos dois o menor”. Para encontrar o valor do CMV, pode-se utilizar o Inventário Periódico ou o Inventário Permanente, os quais estudaremos mais adiante. 3.4.3 Custo dos Produtos Vendidos (CPV) Conforme Ribeiro (2013), nas empresas industriais deve haver um controle dos fatores utilizados na produção, como material, mão de obra e gastos gerais da fabricação, para que assim seja estabelecido o valor dos estoques dos produtos em elaboração, produtos acabados e também o custo dos produtos vendidos (CPV). O resultado entre o estoque de início, somado aos custos de matérias-primas utilizadas, mão de obra e custos indiretos de fabricação e diminuído os impostos não recuperáveis e o estoque final, é o Custo dos Produtos Vendidos (CPV). Simplificando, o resultado na empresa industrial é realizada conforme a equação: Lucro Bruto = Vendas Líquidas – CPV O valor de um produto fabricado que permanece em estoque é composto de: • Matéria-prima • Mão de obra direta • Gastos gerais de fabricação • Embalagens e outros materiais diretos Os Gastos Gerais de Fabricação (GGF) correspondem aos Custos Indiretos de 31 Fabricação (CIF), ou seja, àqueles relativos à energia elétrica consumida na produção, a depreciação de máquinas e equipamentos industriais, a aluguel da fábrica etc. Vejamos um exemplo prático: foram extraídas as seguintes informações do Balancete de uma empresa qualquer, em um certo período: 1. Estoque inicial de matéria-prima $1.000. 2. Estoque inicial de produtos em elaboração $500. 3. Estoque inicial de produtos acabados $2.000. 4. Estoque final de matéria-prima $1.500. 5. Estoque final de produtos em elaboração $1.000. 6. Estoque final de produtos acabados $500. 7. Gastos gerais de fabricação incorridos no período $5.000. 8. Mão de obra direta incorrida no período $6.000. 9. Compras não registradas no período $10.000. 10. Vendas $50.000. 11. Despesas Administrativas/Vendas $15.000. Efetuando o cálculo do CPV, por meio de fórmulas: 1. Qual o custo de produção do período? R: Custo de Produção = MP (Estoque Inicial de Matéria-Prima + Compras – Estoque Final de Matéria-Prima) + MOD + GGF = (1.000 + 10.000 – 1.500) + 6.000 + 5.000 = 20.500 2. Qual o custo de produção acabada do período? R: CPA = EIPE + MP + MOD + GGF – EFPE = 500 + (1.000 + 10.000 – 1.500) + 6.000 + 5.000 – 1.000 = 20.000 3. Qual o custo dos produtos vendidos? CPV = EIPA + CPA – EFPA = 2.000 + 20.000 – 500 = 21.500 Onde: MP = Matéria-Prima MOD = Mão de Obra Direta 32 GGF = Gastos Gerais de Fabricação ou CIF = Custos Indiretos de Fabricação EIPE = Estoque Inicial de Produtos em Elaboração EFPE = Estoque Final de Produtos em Elaboração CPA = Custo de Produção Acabada EIPA = Estoque Inicial de Produtos Acabados EFPA = Estoque Final de Produtos Acabados 3.5 Descontos e abatimentos Conforme Iudícibus e Marion (2016), (...) os descontos e abatimentos obtidos consistem nos descontos obtidos do fornecedor no momento da compra das mercadorias, os quais vêm destacados na própria nota fiscal de compra. Exemplo: Compra de mercadorias, à vista, do fornecedor ESSEA S. A. Conforme Nota Fiscal 530, no valor de $4.000, houve um desconto destacado de $400 (10%). Registro no livro diário: DB Compras de mercadorias............. $4.000 CR Diversos a Caixa........................................... $3.600 a Descontos Obtidos...................... $400 Outro fato que altera o valor das vendas são os descontos ou abatimentos concedidos, em que a empresa poderá oferecer, destacando-os nas notas fiscais de venda. Exemplo: Venda de mercadorias a R. J. Ltda., conforme Nota Fiscal 2050 no valor de $8.000, foi concedido um desconto de $800,00 (10%). Registro no livro diário: DB Diversos CR a Vendas de mercadorias.................. $8.000 Caixa..................................................$7.200 Descontos Concedidos...................... $800 33 Referências AGUIAR, G. de F. PEINADO, J. Compreendendo o Kanban: um ensino interativo ilustrado. Da Vinci, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 133-146, 2007. BERNARDO, R. A. B. Gestão estratégica de custos. São Paulo: Unisa, 2017. IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2016. MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2009. PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. RIBEIRO, O. M. Contabilidade geral. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002. SOUZA, O. Contabilidade geral. Disponível em: <https://www.pontodosconcursos.com.br/Aluno/Aluno/VisualizarArquivo/85198?aula id=79840&nomeArquivoLegado=aula0_contabilidade_TE_PF>. Acesso em: 9 jun. 2017. BLOCO 4 VARIAÇÕES PATRIMONIAIS 4.1 Constituição de empresas comerciais Segundo Iudícibus e Marion (2016), o comércio é um setor muito importante para a economia de qualquer país, e é nítido que sua evolução continuará ocorrendo de muitas formas. Em termos conceituais, Iudícibus e Marion (2009) destacam os termos comércio, comerciante e consumidor como: “Comércio” ou “operação comercial” é a troca de mercadorias por dinheiro ou por outras mercadorias. (...) É papel do “comerciante” aproximar os vendedores dos “consumidores”, que terão à disposição os bens e serviços que podem satisfazer as suas necessidades. (IUDÍCIBUS; MARION, 2009). Para esses autores, as entidades mercantis (ou comerciais) podem ser atacadistas ou varejistas, dependendo da função que exercem. As empresas atacadistas não vendem diretamente ao consumidor final e têm como principais clientes empresas industriais e 34 agrícolas que utilizam suas mercadorias como matéria-prima e, muitas vezes, agregam mais trabalho e produzem um novo produto. Já as varejistas atuam no comércio de bens de consumo que, em geral, vão diretamente para o consumidor final. O empresário precisa procurar um escritório de contabilidade para providenciar a legalização de sua empresa. A legalização consiste no registro da empresa em vários órgãos públicos, para que ela adquira personalidade jurídica. Mas o que é personalidade jurídica? A formação de uma Pessoa Jurídica (PJ) constitui-se através do(a): • interesse dos sócios, acionistas ou do titular (empresário individual); • necessidade de mercado (aspectos tributários e legais). Para Iudícibus e Marion (2009), a existência da PJ pressupõe da vontade de seus constituintes e de certas particularidades. Para que um empresário individual seja considerado PJ, conhecido como firma mercantil individual ou firma individual, precisa desenvolver atividade mercantil (comércio ou indústria). Já o indivíduo que presta serviços caracteriza-se como autônomo e paga tributação diversa da exigida pela PJ. As demais PJs, constituídas por dois ou mais indivíduos, caracterizam-se pela formação de sociedades. A constituição de uma PJ ocorre somente após a efetivação dos seguintes registros: a. Contrato social, estatuto social ou requerimento: no caso de empresas com atividade mercantil (indústria e/ou comércio), o registro é efetuado na Junta Comercial. Nas atividades de prestação de serviços, denominadas atividades civis, o registro é efetuado no Cartório de Registro de Títulos e Documentos. Já as sociedades por ações (S.A.) são registradas na Junta Comercial, por força do art. 2o., parágrafo 1o., da Lei no. 6.404/76, conhecida como Lei das S.A. e revogada pela Lei no. 11.638/07, conhecida como Nova Lei das S.A. Exceção para o registro de sociedades de advogados, realizado especificamente na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); b. Registro Federal: realizado na Receita Federal, por meio do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), antigo Cadastro Geral de Contribuintes (CGC), e obrigatório para todas as PJs; 35 c. Registro Estadual: realizado na Receita Estadual e obrigatório apenas para as atividades de comércio, indústria e serviços, tributadas no âmbito do imposto estadual, designado de Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); d. Registro Municipal: realizado na Prefeitura Municipal e constante do alvará de localização e funcionamento para permitir o exercício da atividade em determinado local. São exigidas algumas licenças, como a do Corpo de Bombeiros, a da Saúde Pública etc., que exigem vistoria; e. Registros Especiais: necessários para algumas atividades específicas, como é o caso, por exemplo, de Instituições Financeiras (Banco Central), auditoria (CVM), turismo (Embratur, Instituto Brasileiro de Turismo), Representações Comerciais (CORE), Conselho Regional dos Representantes Comerciais, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), etc. 4.1.1 Classificação das empresas Há alguns critérios para classificar as empresas de acordo com: • Aspecto econômico: no qual elas podem ser do setor primário, setor secundário e setor terciário. • Aspecto administrativo: no qual elas podem ser empresas públicas, empresas privadas e empresas mistas. • Aspecto jurídico: no que tange à questão societária, podem ser: firma Individual, sociedade comercial e sociedade civil. • Firma individual: é chamada assim porque não é sociedade, é uma empresa de uma só pessoa. O empresário (pessoa física) e a empresa (pessoa jurídica) têm uma identificação bastante forte. O empresário é responsável pelos seus bens pessoais e atos da empresa de forma ilimitada. O nome da firma será o do dono. 36 • Sociedade comercial: é a firma instituída por duas ou mais pessoas, com o fim de explorar uma atividade industrial e/ou comercial. As sociedades comerciais são reguladas pelo Direito Comercial e estão sujeitas à falência. As espécies mais comuns de sociedade comercial são: sociedade por cotas de responsabilidade limitada e sociedade por ações. • Sociedade civil: é a firma instituída por duas ou mais pessoas, tendo por objetivo apenas a prestação de serviços. As sociedades civis são reguladas pelo Código Civil. Não podem praticar atos de comércio e não estão sujeitas à falência. A atividade mercantil ou civil exercida por duas ou mais pessoas em conjunto configura a forma coletiva ou societária, com personalidade jurídica distinta das pessoas físicas dos sócios. Temos ainda as sociedades com e sem fins lucrativos: • Sociedade com fins lucrativos: visa ao lucro, que é distribuído para os sócios. • Sociedade sem fins lucrativos: o lucro gerado deve ser reinvestido para a sua própria melhoria. Caro(a) aluno(a), a seguir são apresentadas as obrigações legais das sociedades: A Lei no. 10.406/02 (Novo Código Civil), art. 966, considera empresário aquele que exerce profissionalmente uma atividade econômica organizada para a produção ou para a circulação de bens ou serviços. O art. 967 do Novo Código Civil determina como empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro e as demais como simples. As sociedades por ações, independentemente do seu objeto, são sempre comerciais, por força de disposição legal (Lei no. 6.404, art. 2o., parágrafo 1o., revogada pela Lei no. 11.638/07). De acordo com o Novo Código Civil, considera-se empresária a sociedade por ações e simples a cooperativa (parágrafo único do art. 982). As duas modalidades de Sociedade por Ações são as Companhias Abertas (negociam suas ações na Bolsa de Valores) e as Companhias Fechadas (não negociam ações na Bolsa de Valores). A Sociedade por 37 Ações, ou simplesmente Companhia ou Sociedade Anônima,terá o Capital dividido em ações e a responsabilidade dos acionistas (proprietários das ações) será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. As ações são títulos de propriedade, representativos das cotas-partes em que se divide o Capital Social, representando a menor parte em que é dividido esse capital. O proprietário de uma ação torna-se acionista da companhia, sendo-lhe conferida uma parcela de participação no controle, no ativo e nos lucros da companhia, bem como no seu passivo. Os tipos de sociedades existentes no Brasil são: • sociedade simples; • sociedade em conta de participação; • sociedade limitada; • sociedade anônima ou companhia; • sociedade em comandita simples; • sociedade cooperativa. As mais comuns são a sociedade limitada e a sociedade anônima. As estatísticas possibilitam afirmar que cerca de 95% das sociedades existentes no Brasil são de um desses dois tipos. 4.1.2 Atividade comercial no direito empresarial Conforme Iudícibus e Marion (2009), o Novo Código Civil (NCC), instituído pela Lei 10.406/02, trouxe diversas modificações e passou a regular o Direito de Empresa. Como já foi mencionado, o art. 966 considera empresário “quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. Por outro lado, a mesma Lei considera o não empresário aquele que exerce profissão intelectual, de natureza científica ou artística, ainda que seja com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. São exemplos de não empresários: médico (consultório), advogado ou 38 dentista. Caso o médico se una a outros, constituindo um hospital, teremos uma atividade empresarial (IUDÍCIBUS; MARION, 2009). Antes da promulgação do novo Código Civil, a divisão de sociedades constituía-se em Comercial, para as atividades mercantis, ou Civil, quando eram relacionadas com a prestação de serviços. Na atualidade, as sociedades dividem-se em empresária e simples. 4.2 Inadimplência, créditos e liquidação duvidosa Conforme Ribeiro (2009), o Balanço Patrimonial e algumas contas que apresentam saldo credor devem ser agrupadas no ativo, uma vez que representam valores retificativos de elementos que integram os seus grupos, conforme segue: Contas retificadoras do ativo circulante • títulos descontados; • provisão para crédito de liquidação duvidosa; • provisão para ajuste de estoque ao valor de mercado. 4.2.1 Inadimplência A inadimplência acontece quando há o descumprimento de uma obrigação, geralmente financeira, como o não pagamento de bens ou serviços até sua data de vencimento, ou, do ponto de vista jurídico, é o descumprimento dos termos de um contrato (total ou parcial), feitos em acordo com outras partes. 4.2.2 Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) Para Ribeiro (2013), quando uma empresa vende a prazo, ela corre o risco de receber ou não o dinheiro devido pelo cliente. Certamente, ela não irá receber 100% do valor em haver, ocorrendo, assim, a inadimplência. A Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) existe para reconhecer essa parcela que a empresa não receberá de forma onerosa em seu resultado, representando uma "perda" de valor nos seus títulos a receber, afetando o seu Patrimônio Líquido. Ou seja, é a parcela estimada pela empresa que não será recebida em decorrência dos maus pagadores. Por exemplo: cheques sem fundo, cartões de crédito sem saldo, clientes que não pagarão etc. A PCLD é uma conta 39 de natureza credora, fazendo parte do ativo circulante, grupo de disponibilidades. É uma conta redutora, ou seja, entra com saldo negativo no ativo, deduzindo os valores a receber dos clientes (conta duplicatas a receber). A contabilização deve ser feita da seguinte maneira: D - Despesas com PCLD (despesas administrativas (DRE)) C - PCLD (conta retificadora, saldo credor (Ativo)) OBS: A empresa deve considerar os fatores de risco conhecidos, para que se possa estimar, criteriosamente, a expectativa de perdas com contas a receber. Isso pode ser feito através da determinação do valor das perdas já conhecidas com base nos clientes em concordata, falência ou dificuldades financeiras, ou ainda, com o estabelecimento de um valor adicional de provisão para cobrir perdas prováveis, mesmo que ainda não conhecidas, tomando-se como base a taxa de inadimplência ocorrida nos anos anteriores. Exemplo: Percentual médio de perdas ocorridas nos três últimos exercícios, em relação ao saldo da conta Clientes na data do balanço de encerramento: 3% Empresa titular de R$ 5.000.000,00 em Duplicatas a receber Valor da provisão: R$ 5.000.000,00 x 3% = R$ 150.000,00 Sendo assim: D - Despesa com PCLD....R$ 150.000,00 C - PCLD...........................R$ 150.000,00 4.3 As variações patrimoniais: depreciação 4.3.1 Depreciação 40 Conforme Ribeiro (2013), a depreciação expressa a perda de valor que os valores imobilizados de utilização sofrem no tempo, por força de seu emprego na gestão. Em outras palavras, depreciação refere-se à diminuição do valor dos bens corpóreos ou tangíveis, que integram o ativo imobilizado, em decorrência de desgaste ou perda de utilidade pelo uso, ação da natureza ou obsolescência. É uma despesa da empresa por representar o consumo de um bem do ativo, embora não haja desembolso financeiro. O lançamento contábil será de uma conta de despesa contra uma conta redutora do ativo: D – Despesas com depreciação (Resultado) C – Depreciação acumulada (Ativo) Para Ribeiro (2013), o cálculo do ativo imobilizado, muitas vezes, é feito por percentuais estipulados pela legislação fiscal, todavia contabilmente o procedimento correto é estimar a vida útil do ativo imobilizado e utilizar percentual correspondente a essa vida útil, de forma a refletir efetivamente o desgaste dos bens. Por exemplo, se um bem tem vida útil estimada de 5 anos, será depreciado 20% ao ano (isto é, estará totalmente depreciado em 5 anos). Existem outros métodos de cálculo que não serão abordados aqui, pois sua utilização no Brasil é muito restrita. O cálculo da depreciação deve ser feito a partir do valor de custo do bem deduzido do valor residual. Esse valor residual corresponde ao valor do bem após o fim da vida útil, ou seja, após utilizar o bem, este poderia ser vendido por um “valor residual”. Vamos ver um exemplo: Custo do bem: 50.000 Vida útil estimada: 4 anos Valor residual: 10.000 Com esses dados, a depreciação seria feita por 4 anos (vida útil estimada) e pelo valor de R$ 40.000,00 (custo de R$ 50.000,00 ̶ R$ 10.000,00 de valor residual), ou seja, R$ 10.000,00 de depreciação ao ano. 41 O registro contábil será feito como despesas, tendo por contrapartida a conta de depreciação acumulada: D – Despesas com depreciação (resultado): R$ 10.000,00 C – Depreciação acumulada (ativo): R$ 10.000,00 Não se deve confundir a vida útil estimada pela empresa (4 anos no nosso exemplo) com a vida econômica, que pode ser superior. Talvez, o bem possa ter duração maior, mas para a empresa a vida útil foi definida como 4 anos. A tabela a seguir apresenta as de taxas aplicáveis de depreciação aos bens de ocorrência mais usual: Taxas aplicáveis de depreciação aos bens de ocorrência Taxa anual Anos de vida útil Edifícios 4% 25 Máquinas e equipamentos 10% 10 Instalações 10% 10 Móveis e utensílios 10% 10 Veículos 20% 5 Computadores periféricos 20% 5 Fonte: Ribeiro (2009) 4.3.2 Fórmula de cálculo Depreciação = Valor do bem Vida útil = 100% Vida útil = 100% 10 a. a = 10% a. a Se for proporcional ao número de meses, calcular a.m. 42 4.3.3 Métodos, cálculo e taxas de depreciação Existem váriosmétodos para determinar a depreciação: a. Método linear (cotas constantes) A depreciação por este método é calculada dividindo-se o valor original pelo tempo de vida útil do bem. É representado pela seguinte fórmula: D = Valor original (Valor de aquisição) Período de vida útil do bem Exemplo 1: Aquisição de um veículo em 13/11/03 pelo valor de R$ 435.500,00 D = R$ 435.500,00 60 meses = R$7.258,33/MÊS Ou D = R$ 435.500,00 x 20% a. a 12 meses = R$7.258,33/MÊS Exemplo 2: A empresa Assessoria S.A. adquiriu os seguintes bens em 01/01/2010 Veículos Custo: R$ 6.000,00 Valor residual estimado: R$ 0,00. Vida útil estimada: 5 anos. 43 Resolução pelo método de depreciação linear Mês/ano Valor Taxa Dep. Período Dep. Acum. Valor Residual 2010 R$ 6.000,00 20% R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 4.800,00 2011 R$ 6.000,00 20% R$ 1.200,00 R$ 2.400,00 R$ 3.600,00 2012 R$ 6.000,00 20% R$ 1.200,00 R$ 3.600,00 R$ 2.400,00 2013 R$ 6.000,00 20% R$ 1.200,00 R$ 4.800,00 R$ 1.200,00 2014 R$ 6.000,00 20% R$ 1.200,00 R$ 6.000,00 0,0 Fonte: Ribeiro (2009) b. Método de unidades produzidas Este método é baseado numa estimativa do número total de unidades que devem ser produzidas pelo bem a ser depreciado. A alíquota varia em função das unidades produzidas no período. O valor original é o valor de aquisição do bem, e dependendo da forma de atualização desse valor, pode conter os aumentos e as reavaliações sofridas desde sua aquisição. A fórmula utilizada para determinar o valor da depreciação é: Depreciação = Valor Original do Bem Atualizado x Taxa de depreciação Exemplo: Ativo 30.000,00 Vida útil em anos 5,00 Expectativa de produção 5.000,00 44 Unidades produzidas Ano Unidades Produzidas Taxa Base de cálculo Depreciação Depreciação acumulada 1 1000,00 20% 30.000,00 6.000,00 6.000,00 2 1500,00 30% 30.000,00 9.000,00 15.000,00 3 750,00 15% 30.000,00 4.500,00 19.500,00 4 750,00 15% 30.000,00 4.500,00 24.000,00 5 1000,00 20% 30.000,00 6.000,00 30.000,00 Fonte: TOTVS AS. <http://interno.totvs.com/mktfiles/tdiportais/helponlineprotheus/p12/portuguese/sigaatf_unidades_pro duzidas.htm> Acesso em: 6 set. 2018. c. Método de horas de trabalho Segundo Ribeiro (2009), baseia-se na estimativa de vida útil do bem, representada em horas de trabalho. O método a ser utilizado depende da política de cada empresa. O mais adotado pelas empresas é o método linear de cotas constantes, com taxas de depreciação linear (cotas constantes). As taxas normalmente utilizáveis e admitidas fiscalmente estão apresentadas na tabela a seguir: Taxas utilizadas Contas Prazos admitidos Taxas anuais Edificações 25 anos 4% a.a. Instalações 10 anos 10% a.a. Maquinismos 10 anos 10% a.a. Tratores 4 anos 25% a.a. Veículos 5 anos 20% a.a. Móveis e utensílios 10 anos 10% a.a. Computadores 5 anos 20% a.a. Caminhões F. Estrada 4 anos 25% a.a. Fonte: Ribeiro (2009) http://interno.totvs.com/mktfiles/tdiportais/helponlineprotheus/p12/portuguese/sigaatf_unidades_produzidas.htm http://interno.totvs.com/mktfiles/tdiportais/helponlineprotheus/p12/portuguese/sigaatf_unidades_produzidas.htm 45 A mesma legislação fiscal aceita também a opção da empresa como uma aceleração na depreciação dos bens móveis, em função do número de horas diárias de operação, como segue: Coeficiente Um turno de 8 horas 1,0 Dois turnos de 8 horas (16 h) 1,5 Três turnos de 8 horas (24 h) 2,0 Assim, se uma empresa trabalha normalmente 8 horas diárias, a taxa admitida de depreciação das máquinas é de 10% ao ano. Se trabalhar em dois turnos (16 horas), pode usar a taxa de 15% ao ano, e, se trabalha três turnos (24 horas), a taxa admitida é de 20% ao ano. 4.4 As variações patrimoniais: amortização Segundo Padoveze (2012), lógica semelhante à depreciação aplica-se a casos de amortização. Deve ser aplicada a bens amortizáveis, tais como benfeitorias em imóveis de terceiros, classificados no ativo imobilizado e a direitos amortizáveis, normalmente classificados no ativo intangível. Estão nesta categoria direitos autorais, patentes, direitos de uso de marca e outros ativos intangíveis com vida útil definida. Quando os direitos não têm vida útil definida, não estão sujeitos a amortização, devendo-se, no entanto, verificar se esse ativo será recuperável de alguma forma (necessidade de ajuste por impairment). O lançamento da amortização é parecido com o da depreciação, com o reconhecimento da despesa e uma conta redutora do ativo que está sendo amortizado. D – Despesas com amortização (resultado) C – Amortização acumulada (ativo) Conforme Ribeiro (2013), a amortização corresponde, portanto, à perda do valor do capital aplicado de direitos da propriedade industrial, ou comercial, em ativos intangíveis. Assim, são amortizáveis os ativos permanentes intangíveis de duração 46 limitada, ou seja, o Fundo de Comércio (Goodwill), o ponto comercial, os direitos autorais, as patentes e o direito de exploração. Os bens intangíveis, geralmente sujeitos a amortização, são classificados no Ativo Imobilizado sendo os mais comuns: • marcas e patentes; • direitos autorais; • benfeitorias em bens arrendados; • despesas pré-operacionais; • gastos de reorganização; • etc. Segundo a Equipe de Professores da FEA/USP (2010), além dos procedimentos de depreciação e amortização, é importante mencionar que os ativos são recursos controlados pela empresa e que irão gerar benefícios futuros para ela, seja nas operações ou nas vendas. Quando isso não ocorre, significa que não há, de fato, um ativo. Nesse caso, o valor registrado como ativo fica sujeito a um ajuste, para que esteja registrado ao seu valor efetivamente recuperável. Valor recuperável é o maior entre o valor do ativo quando utilizado nas operações (valor em uso) e o valor líquido de venda (valor justo menos despesas para vender). O valor em uso normalmente é estimado de acordo com o fluxo de caixa estimado descontado a valor presente. A empresa compara o saldo contábil do ativo (custo menos depreciação) com seu valor recuperável, e se verificar que este não poderá ser recuperado, deve fazer um ajuste (perda por desvalorização). Registra, portanto, uma despesa contra uma conta redutora do ativo, calculada pela diferença entre o valor contábil (custo menos depreciação), conhecida também como perda por impairment: D – Perda por desvalorização do ativo (resultado) C – Provisão para perda por desvalorização (ativo) 4.5 As variações patrimoniais: exaustão Segundo Ribeiro (2013), a exaustão caracteriza a perda de valor que sofrem as imobilizações suscetíveis de exploração e que se esgotam no correr do tempo, por 47 exemplo, a reservas minerais e vegetais (bosques, florestas, jazidas etc.) corresponde a perda de valor decorrente da exploração de recursos minerais ou florestais ou de bens aplicados nessa exploração. O lançamento contábil característico da exaustão é: D – Despesas de exaustão C – Exaustão acumulada A exaustão é efetuada, de acordo com a quantidade que se espera extrair, conforme exemplos a seguir: a. Exaustão mineral 𝐸 = 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎í𝑑𝑜/𝑡𝑜𝑛 Qualidade/ton = x% extraído no mês ou ano valor contábil corrigido * o percentual obtido no mês ou ano = despesa exaustão do mês ou ano b. Exaustão florestal A exaustão florestal também é efetuada de acordo com a quantidade esperada de madeira que será extraída no período de corte. A quantidade deve ser calculada em função do total de madeira esperada nos cortes ou dos respectivos frutos.𝐸 = Total extraído/Quantidade Quantidade total esperada = x% quantidade extraída no mês ou ano Valor contábil corrigido * o percentual obtido no mês ou ano 48 = despesa exaustão do ano Sumário da depreciação, exaustão e amortização Depreciação Amortização Exaustão É efetuada nos bens tangíveis, sujeitos ao desgaste pelo uso, ação da natureza ou obsolescência. É efetuada nos bens intangíveis aplicados na aquisição de direitos de propriedade industrial ou comercial. É efetuada em recursos minerais e florestais de acordo com a quantidade esperada, que será extraída. Fonte: elaborado pelo autor Referências EQUIPE DE PROFESSORES DA FEA/USP. Contabilidade introdutória. São Paulo: Atlas, 2010. IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2016. IUDÍCIBUS, S; MARION, J. C. Contabilidade comercial – Atualizado conforme Lei 11.638/07 e MP 449/08. São Paulo: Atlas, 2009. PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. RIBEIRO, O. M. Contabilidade geral. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. RIBEIRO, O. M. Contabilidade fundamental. São Paulo: Saraiva, 2009. TOTVS SA. Depreciação gerencial – unidades produzidas. Disponível em: <http://interno.totvs.com/mktfiles/tdiportais/helponlineprotheus/p12/portuguese/siga atf_unidades_produzidas.htm> Acesso em: 6 set. 2018. BLOCO 5 CONTABILIDADE DE CUSTOS 5.1 Evolução da Contabilidade de Custos Segundo Martins (2010), técnicas mais atuais de administração foram desenvolvidas e informações de custo começaram a dar apoio ao planejamento, controle e decisões na área da administração nas últimas décadas. A responsabilidade de analisar e interpretar informações quantitativas ficou cada vez mais nas mãos da Contabilidade de Custos com a finalidade de oferecer instrumentos à administração para o gerenciamento da organização. O desenvolvimento em várias áreas, como por http://interno.totvs.com/mktfiles/tdiportais/helponlineprotheus/p12/portuguese/sigaatf_unidades_produzidas.htm http://interno.totvs.com/mktfiles/tdiportais/helponlineprotheus/p12/portuguese/sigaatf_unidades_produzidas.htm 49 exemplo a computação eletrônica e a pesquisa operacional, contribui para que informações sejam oferecidas com mais rapidez e também para que problemas sejam solucionados com mais facilidade. Por volta de 1750 na Inglaterra, na época da Revolução Industrial nasce a Contabilidade de Custos. Sua principal função era registrar os custos que tornavam o contador apto a avaliar inventários e ter uma melhor noção das receitas e balanços, porém, ainda há muito o que se desenvolver. De acordo com Iudícibus (1998), a contabilidade financeira é: (...) uma ciência que utiliza uma série de técnicas para manter um controle permanente do patrimônio da empresa. Com ela, temos uma eficiente ferramenta para a geração de informações gerenciais, fiscais, econômicas e financeiras de uma entidade. As entidades com fins lucrativos, como indústria, comércio e serviços, precisam apurar, em decorrência das normas contábeis e fiscais, os respectivos custos, para determinarem o resultado. (IUDÍCIBUS, 1998). O sucesso ou fracasso de uma empresa está totalmente relacionado a informações de seus produtos e de como seus custos são formados. Antes de tomar qualquer decisão, é necessário que o gestor tenha como suporte um conjunto de informações. Até a Revolução Industrial, a Contabilidade Financeira era praticamente a única e estava bem estruturada para dar auxílio às empresas comerciais. Naquela época, para afinar os resultados periódicos e o Balanço Final era preciso aperfeiçoar os estoques físicos, pois na realização da apuração monetária, o contador identificava o valor pago pelos itens em estoque, dando maior valor à mercadoria (BERNARDO, 2017). A atividade do contador foi ganhando complexidade, pois não possuía mais acesso aos dados de valorização do estoque e seu valor de compra tão facilmente. O objetivo de toda e qualquer organização é, sempre que possível, maximizar o retorno sobre os seus ativos, que, como consequência positiva, garante a sobrevivência da empresa, tentando ampliar a diferença entre comprar e vender, utilizando conceitos metodológicos e científicos, culminando para o melhor resultado possível. 50 5.2 Classificação dos Custos Com relação aos produtos, podem ser diretos ou indiretos: • Custos diretos: são aqueles que aplicados diretamente no produto e de fácil identificação. Exemplo: Matéria-Prima, Material de Embalagem e Mão de Obra Direta. • Custos indiretos: segundo Ribeiro (2014), compreendem os gastos gerais de fabricação (GGF) ou custos indiretos de fabricação (CIF), aplicados indiretamente no produto. Exemplo: combustíveis e lubrificantes das máquinas, material de limpeza utilizado nas máquinas, mão de obra indireta, depreciação das máquinas, aluguel, energia elétrica da fábrica etc. Com relação ao volume de produção do período, os custos podem ser fixos ou variáveis. Segundo Ribeiro (2014), os custos fixos são aqueles que independem do volume de produção do período, isto é, qualquer que seja a quantidade produzida, esses custos não se alteram. Assim, por exemplo, tanto faz a empresa produzir uma ou dez unidades de um ou mais produtos em um mês, pois os custos fixos serão os mesmos nesse mês. Exemplo: aluguel da fábrica, depreciação das máquinas, salários e encargos do pessoal da fábrica. (RIBEIRO, 2014) Já os custos variáveis: são aqueles que variam em função das quantidades produzidas, como ocorre, por exemplo, com a matéria-prima e material de embalagem. Exemplo: se na fabricação de uma mesa são gastos 5 metros de madeira, para se fabricarem 10 mesas serão precisos 50 metros de madeira, por exemplo. Quanto maior for a quantidade fabricada, maior será o consumo de matéria-prima. (RIBEIRO, 2014) 5.3 Métodos de Custeio Método de custeio: é o sistema ou as técnicas utilizadas para apropriar os custos aos respectivos produtos. Cada método de custeio possui uma forma específica de apropriação dos custos (LUNELLI, 2017). 51 Trata-se da maneira como as empresas agregam ao preço de venda seus custos de produção. Devem-se separar os custos fixos dos custos variáveis, conforme as classificações estudadas, e determinar o seu peso dentro do preço de venda do produto. 5.3.1 Método de Custeio por Absorção ou Funcional O custeio por absorção é obrigatório por lei no Brasil para todas as empresas, e é o critério que abrange todos os gastos relacionados à elaboração do produto, sejam eles diretos ou indiretos, no apuramento do custo da produção. Contudo, tanto os custos fixos quanto os variáveis são englobados na apuração, mas nenhuma despesa é acrescentada a esse valor. O que define esse sistema é a relação custo-produção. Os princípios de contabilidade geralmente aceitos são aplicados nesse método e, portanto, é aceito pela legislação fiscal. Para entender melhor, observe a Figura 1. Figura 1 – Método de Custeio por Absorção Fonte: adaptado de Lima, Egito, Silva (2004) 5.3.2 Método de Custeio Variável ou Direto Agora abordaremos o método de custeio variável, que como o próprio nome sugere, é aquele que inclui na apuração só os gastos variáveis em função da produção ou das vendas. Além desses custos, as despesas variáveis, como as comissões dos vendedores, 52 as despesas decorrentes de entrega, entre outras, são consideradas como custo do processo produtivo. Já os custos fixos são tratados como despesas do exercício na demonstração do seu resultado. É importante estar atento, pois esse método é utilizado para fins gerenciais devido ao auxílio no processo de tomada de decisão. Não é válido para aplicação nos balanços de uso externo e nem é
Compartilhar