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Análise biomecânica de membros superiores, inferiores e tronco

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BIOMECÂNICA DO ESPORTE E 
DO EXERCÍCIO 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Renata Wolf 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A análise biomecânica tem como principais objetivos indicar a forma 
correta de realizar um exercício, como facilitá-lo ou dificultá-lo sem 
necessariamente modificar a sobrecarga, o volume ou a frequência, além de 
apontar os principais riscos de lesão de cada movimento. 
Portanto, a proposta desta aula é realizar várias análises biomecânicas 
no intuito de verificar as características de cada exercício e os riscos para as 
estruturas ósseas – tanto dos membros superiores e inferiores quanto do tronco. 
TEMA 1 – ANÁLISE BIOMECÂNICA DE EXERCÍCIOS UNIARTICULARES – 
MEMBROS SUPERIORES 
Nesta parte da aula, realizaremos uma análise biomecânica detalhada de 
exercícios uniarticulares de membros superiores. A finalidade é verificar as 
características de cada exercício e riscos para as estruturas das articulações 
envolvidas. 
1.1 Flexão de cotovelo 
O exercício de flexão de cotovelo é feito para fortalecer os músculos: 
bíceps braquial, braquial e braquiorradial. O movimento consiste em aproximar 
o antebraço do braço. Pode ser realizado com halteres, com uma barra, com 
elásticos e na polia. Neste caso, será utilizada a flexão de cotovelo com halteres 
na posição em pé. 
 Posição inicial do movimento: posição anatômica com halteres nas mãos. 
 Plano e eixo de movimento: a flexão ocorre no plano sagital e no eixo 
transversal. 
 Alavanca: esse movimento representa uma alavanca de terceira classe, 
em que o antebraço é a barra rígida, a articulação do cotovelo é o eixo de 
rotação, a força de esforço é realizada pelos músculos flexores de 
cotovelo, sendo o vetor de força para cima. A força de resistência é dada 
pela gravidade e pelos halteres, sendo o vetor da força para baixo. 
 Braço de torque: na posição inicial, em que a força de resistência passa 
pela articulação do cotovelo, não é gerado torque. Ao início do movimento, 
o torque é gerado. O maior braço de torque ocorre quando o cotovelo se 
 
 
3 
encontra em 90°. Ao final do movimento, o braço de torque é menor, 
gerando menor torque na articulação. 
 Lesões: as principais que podem ocorrer são a epicondilite e outras na 
região da coluna lombar. A não estabilização da articulação do cotovelo 
na realização do movimento pode levar a movimentos indesejados, o que 
pode provocar inflamação dos tendões ao longo do tempo. O uso de 
sobrecargas muito altas pode ser um motivo para que a articulação não 
seja estabilizada e ainda sobrecarregar a articulação que realiza o 
movimento. Ao longo do tempo, os tendões inflamam, causando a 
epicondilite. A estabilização do core também é essencial para a boa 
realização do movimento. A sobrecarga na rosca direta é posicionada 
anteriormente ao corpo do praticante durante sua execução, o que pode 
aumentar movimentos da coluna lombar usados para compensar a 
sobrecarga muito alta, principalmente o movimento de hiperextensão da 
coluna lombar. Assim, há má distribuição de sobrecarga pelos discos 
intervertebrais, aumentando o risco de lesões (Oliveira et al., 2006). 
1.2 Extensão de cotovelo 
O exercício de extensão de cotovelo serve para fortalecer o músculo 
tríceps braquial. O movimento consiste em afastar o antebraço do braço e pode 
ser realizado com halteres, na polia, com elásticos ou com uma barra. Neste 
caso, será utilizada a extensão de cotovelo na polia alta na posição em pé. 
 Posição inicial do movimento: posição em pé, com os antebraços em 
pronação, cotovelo flexionado e com a barra da polia nas mãos. 
 Plano e eixo de movimento: a extensão ocorre no plano sagital e no eixo 
transversal. 
 Alavanca: esse movimento representa uma alavanca de terceira classe, 
em que o antebraço é a barra rígida, a articulação do cotovelo é o eixo de 
rotação, a força de esforço é realizada pelo tríceps braquial, sendo que o 
vetor é para baixo. A força de resistência é dada pela máquina da polia, 
sendo que o vetor da força é para cima. 
 Braço de torque: na posição inicial, em que o cotovelo se encontra 
flexionado em um ângulo de 90°, ocorre o maior braço de torque do 
exercício. Ao final do movimento, o braço de torque é quase zero, pois o 
 
 
4 
cotovelo está totalmente estendido e a força de resistência passa 
diretamente na articulação do cotovelo, quase não gerando torque. 
 Lesões: a principal lesão relacionada ao exercício de extensão de 
cotovelo é a epicondilite. Flexionar o cotovelo em um grau maior que 90° 
na volta da ação concêntrica do movimento sobrecarrega a articulação do 
cotovelo, principalmente os tendões. Além disso, uma sobrecarga muito 
alta também aumenta o estresse sofrido pelos tendões. 
1.3 Abdução de ombro 
O exercício de abdução de ombro é empregado para fortalecer os 
músculos supraespinhoso e deltoide. O movimento consiste em afastar o 
segmento do braço da linha mediana do corpo e pode ser realizado com halteres, 
na polia, com elásticos. Neste caso, será utilizada a abdução de ombro com 
halteres na posição em pé. 
 Posição inicial do movimento: posição em pé, com braços estendidos ao 
lado do corpo, as palmas das mãos voltadas para dentro (já em 
movimento de pronação) e com os halteres nas mãos. 
 Plano e eixo de movimento: a abdução ocorre no plano frontal e no eixo 
sagital. 
 Alavanca: esse movimento representa uma alavanca de terceira classe, 
em que o braço é a barra rígida, a articulação do ombro é o eixo de 
rotação, a força de esforço é realizada pelo supraespinhoso e o deltoide, 
e o vetor da força é para cima. A força de resistência é dada pela força de 
gravidade mais o peso do halter, e o vetor da força é para baixo. 
 Braço de torque: na posição inicial, em que o braço está estendido ao lado 
do corpo e a força de resistência passa diretamente pela articulação do 
ombro, não há torque. O maior braço de torque ocorre quando o ombro 
está a 90° de abdução, ao final do movimento. 
 Lesões: o aumento súbito da sobrecarga pode levar a lesões nos tendões 
e ligamentos da articulação do ombro. Movimentos repetitivos do braço 
em abdução pode provocar a síndrome do impacto do ombro, uma das 
maiores causas geradoras de dor e disfunção em se tratando de ombro, 
de caráter crônico, cujo principal sintoma a dor, que piora à noite e ao 
 
 
5 
levantar o braço, além de crepitação local, fraqueza e dificuldade nas 
atividades de vida diária. 
TEMA 2 – ANÁLISE BIOMECÂNICA DE EXERCÍCIOS MULTIARTICULARES – 
MEMBROS SUPERIORES 
Nesta parte da aula, será apresentada uma análise biomecânica 
detalhada de exercícios multiarticulares de membros superiores. A finalidade é 
verificar as características de cada exercício e riscos para as estruturas das 
articulações envolvidas. 
2.1 Adução horizontal do ombro 
A adução horizontal do ombro é empregada para fortalecer, 
principalmente, a musculatura dos músculos do peitoral. O exercício mais 
conhecido para este fim é o supino, que envolve a articulação do ombro, a 
articulação do cotovelo e a cintura escapular e que pode ser realizado com 
halteres e com uma barra. Neste caso, será utilizado o supino com barra. 
 Posição inicial do movimento: deitado em um banco, com o ombro 
flexionado a 90°, antebraço em pronação, com as mãos segurando a 
barra. 
 Plano e eixo de movimento: a adução horizontal do ombro ocorre no plano 
transversal e no eixo longitudinal. O movimento de extensão do cotovelo 
ocorre no plano sagital e no eixo transversal. O movimento de retração e 
protração da escápula ocorre no plano transversal e no eixo longitudinal. 
 Alavanca: os movimentos de todas as articulações envolvidas 
representam alavancas de terceira classe. A principal articulação 
envolvida é a do ombro, na qual o braço é a barra rígida, a articulação do 
ombro é o eixo de rotação, a força de esforço é realizada pelo peitoral 
maior e deltoide, e o vetorda força de esforço é para cima. A força de 
resistência é dada pela força de gravidade mais o peso da barra, e o vetor 
da força é para baixo. Devido ao movimento de extensão do cotovelo, o 
tríceps também é muito recrutado nesse exercício. 
 Braço de torque: na posição inicial, em que o ombro está em 90° de flexão 
e o cotovelo se encontra totalmente estendido, com a barra nas mãos, a 
força de resistência passa diretamente pelas articulações do ombro e 
 
 
6 
cotovelo; sendo assim, não há torque em nenhuma das articulações. As 
escápulas estão neutras. O maior braço de torque ocorre ao final do 
movimento, quando o ombro se encontra em abdução horizontal, e o 
cotovelo em 90° de flexão. 
 Lesões: o aumento súbito da sobrecarga pode levar a lesões nos tendões 
e ligamentos da articulação do ombro. Quando sobrecargas muito 
elevadas são utilizadas, há o risco de ruptura total de tendões. Uma lesão 
um pouco mais rara é a ruptura do músculo peitoral maior, também devido 
à alta sobrecarga. Podem ocorrer também a luxação do ombro e a ruptura 
do manguito rotador. 
2.2 Retração das escápulas 
A retração das escápulas serve para fortalecer, principalmente, a 
musculatura da parte posterior do tronco. Um dos exercícios mais conhecidos 
para esse fim é a remada horizontal, a qual envolve as articulações da cintura 
escapular, do ombro e do cotovelo. Ele é realizado principalmente em máquinas, 
mas também pode ser feito com elásticos. Neste caso, será utilizada a remada 
horizontal fechada na máquina. 
 Posição inicial do movimento: sentado, com os joelhos semiflexionados a 
frente. O ombro flexionado a 90°, o cotovelo quase totalmente estendido, 
com a palma da mão voltada para dentro segurando as alças do 
equipamento. 
 Plano e eixo de movimento: a retração das escápulas ocorre no plano 
transversal e no eixo longitudinal. O movimento de flexão do cotovelo 
acontece no plano sagital e no eixo transversal, e o de extensão do ombro, 
no plano sagital e no eixo transversal. 
 Alavanca: os movimentos de todas as articulações envolvidas nesse 
exercício representam alavancas de terceira classe. A principal 
articulação envolvida é a do ombro; nela, a própria escápula é a barra 
rígida, a articulação acromioclavicular é o eixo de rotação, a força de 
esforço é realizada pelo trapézio e os romboides, e o vetor da força de 
esforço é para dentro. A força de resistência é dada pela força da própria 
máquina, e o vetor da força é para fora. Devido ao movimento de flexão 
do cotovelo, os músculos da flexão dele também são muito exigidos nesse 
 
 
7 
exercício. Além disso, por causa do movimento de extensão do ombro, o 
latíssimo do dorso também é muito ativado. 
 Braço de torque: o maior braço de força ocorre no início do movimento 
para a articulação da escápula, e logo depois para a articulação do ombro. 
Para o cotovelo, o maior torque ocorre a 90° de flexão. 
 Lesões: o aumento súbito da sobrecarga pode levar a lesões nos tendões 
e ligamentos da articulação do ombro. Assim como ocorre no exercício de 
rosca direta, a sobrecarga é posicionada anteriormente ao corpo do 
praticante durante sua execução, o que pode aumentar movimentos da 
coluna lombar usados para compensar a sobrecarga muito alta, 
principalmente o de hiperextensão da coluna lombar. Assim, há má 
distribuição de sobrecarga pelos discos intervertebrais, elevando o risco 
de lesões (Oliveira et al., 2006). 
TEMA 3 – ANÁLISE BIOMECÂNICA DE EXERCÍCIOS UNIARTICULARES – 
MEMBROS INFERIORES 
Nesta parte da aula, faremos uma análise biomecânica detalhada de 
exercícios uniarticulares de membros inferiores. O intuito é identificar as 
características de cada exercício e riscos para as estruturas das articulações 
envolvidas. 
3.1 Extensão de joelho 
O exercício de extensão de joelho é empregado para fortalecer os 
músculos do quadríceps (reto femoral, vasto lateral, vasto intermédio e vasto 
medial). O movimento, que consiste em voltar o joelho para a posição anatômica, 
pode ser realizado em máquinas e com caneleiras. Neste caso, será utilizada a 
extensão de joelho na máquina sentado. 
 Posição inicial do movimento: sentado, com os joelhos em flexão; a 
sobrecarga é aplicada na parte mais distal da perna. 
 Plano e eixo de movimento: a extensão ocorre no plano sagital e no eixo 
transversal. 
 Alavanca: esse movimento representa uma alavanca de terceira classe, 
em que a perna é a barra rígida, a articulação do joelho é o eixo de 
rotação, a força de esforço é realizada pelo quadríceps, e o vetor da força 
 
 
8 
é para cima. A força de resistência é dada pela máquina, e o vetor da 
força é para baixo. 
 Braço de torque: na posição inicial, em que o joelho se encontra flexionado 
em um ângulo de 90°, não há torque. O maior braço de torque ocorre a 
45° de flexão de joelho. 
 Lesões: durante o movimento de extensão do joelho, ocorrem forças de 
cisalhamento, principalmente na região anterior da tíbia em relação ao 
fêmur, as quais são estabilizadas principalmente pelo ligamento cruzado 
anterior. Altas sobrecargas nessa articulação podem forçar 
demasiadamente esse ligamento e gerar alguma lesão. Se mal 
executado, o exercício pode provocar, em longo prazo, a síndrome 
patelofemoral. Praticantes que desenvolveram condromalácia patelar 
devem evitar realizar o movimento em máxima amplitude e com altas 
sobrecargas. 
3.2 Flexão plantar 
O exercício de flexão plantar é empregado para fortalecer os músculos 
gastrocnêmio lateral, gastrocnêmio medial e sóleo. O movimento consiste em 
levar a ponta dos pés em direção ao solo. Pode ser realizado em pé ou sentado, 
em máquinas ou apenas com um estepe, com sobrecarga adicional ou apenas 
com o próprio peso do corpo com halteres. Neste caso, será utilizada a flexão 
plantar em pé no estepe sem sobrecarga adicional, chamado de panturrilha em 
pé. 
 Posição inicial do movimento: posição em pé, joelho estendido e tornozelo 
em leve dorsiflexão, com a ponta dos pés no estepe. O corpo deve 
permanecer verticalizado o tempo todo, e as articulações, alinhadas entre 
elas. 
 Plano e eixo de movimento: a flexão ocorre no plano sagital e no eixo 
transversal. 
 Alavanca: esse movimento representa uma alavanca de segunda classe, 
em que os segmentos da coxa e da perna são a barra rígida, a articulação 
do tornozelo é o eixo de rotação, a força de esforço é realizada 
principalmente pelo gastrocnêmio medial e lateral, e o vetor da força é 
 
 
9 
para cima. A força de resistência é dada pela força da gravidade, ou seja, 
o próprio peso corporal, e o vetor da força é para baixo. 
 Braço de torque: o maior braço de torque ocorre quando a articulação do 
tornozelo fica em 90° de flexão. 
 Lesões: o desalinhamento corporal pode levar a lesões. Projetar a pelve 
para frente, executando o movimento de retroversão dela e fazendo com 
que se perca a lordose lombar, pode gerar maior sobrecarga nos discos 
intervertebrais devido à má distribuição da sobrecarga na coluna 
vertebral. O desalinhamento do corpo pela flexão do tronco aumenta a 
sobrecarga na coluna lombar, podendo ocasionar lesões nessa região. 
TEMA 4 – ANÁLISE BIOMECÂNICA DE EXERCÍCIOS MULTIARTICULARES – 
MEMBROS INFERIORES 
Nesta parte da aula, será realizada uma análise biomecânica detalhada 
de exercícios multiarticulares de membros inferiores. O objetivo é verificar as 
características de cada exercício e riscos para as estruturas das articulações 
envolvidas. 
4.1 Agachamento 
O exercício de agachamento serve para fortalecer os músculos do 
quadríceps femoral, glúteo médio, glúteo máximo, isquiotibiais, abdômen e 
lombar. O movimento, que consiste em agachar, começa pelo quadril e pode ser 
realizado sem sobrecarga adicional, com peso livre e em máquinas. Neste caso, 
será utilizado o agachamento com peso livre. 
 Posição inicial do movimento: em pé, pés paralelos na largura dos 
ombros,joelhos estendidos. A coluna vertebral, o quadril, os joelhos e os 
tornozelos devem estar alinhados. 
 Plano e eixo de movimento: o movimento de flexão e extensão do quadril 
ocorre no plano transversal e no eixo longitudinal; o de flexão e extensão 
do joelho também acontece no plano sagital e no eixo transversal. A 
coluna vertebral permanece neutra durante o exercício. 
 Alavanca: os movimentos de todas as articulações envolvidas nesse 
movimento representam alavancas de terceira classe. Na articulação do 
quadril, o segmento da coxa é a barra rígida, a articulação coxofemoral é 
 
 
10 
o eixo de rotação, a força de esforço é realizada pelo glúteo máximo, 
glúteo médio e os músculos do quadríceps. O vetor da força é para cima, 
e a força de resistência é dada pela força da gravidade mais a sobrecarga 
na barra. Na articulação do joelho, o segmento da perna é a barra rígida, 
a articulação do joelho é o eixo de rotação, a força de esforço é realizada 
pelo quadríceps. O vetor da força é para cima e a força de resistência é 
dada pela força da gravidade mais a sobrecarga da barra. 
 Braço de torque: na posição inicial, a linha da força de resistência passa 
por todas as articulações, assim não é gerado torque. Ao início do 
movimento, começa a ser criado um braço de torque para a articulação 
do quadril, e o maior braço de torque é no final da fase excêntrica e no 
início da fase concêntrica. O braço de torque gerado para a articulação do 
joelho é pequeno, no entanto muitas forças de cisalhamento se dão nessa 
articulação. Ocorre um braço de torque também na região lombar da 
coluna vertebral. 
 Lesões: o aumento súbito da sobrecarga pode levar a lesões na 
articulação do joelho e na coluna vertebral, principalmente na região 
lombar. A não estabilização da articulação do joelho durante o exercício 
pode provocar lesões graves. A fraqueza da musculatura dessa 
articulação pode ocasionar um movimento em valgo (valgismo dinâmico) 
durante a fase concêntrica do agachamento. O movimento em valgo dos 
joelhos é o deslocamento medial do joelho, uma combinação de adução 
do fêmur e rotação interna da tíbia. Joelho valgo tem sido associado à 
limitada mobilidade de tornozelo limitado e fraqueza dos abdutores e 
rotadores externos (obturador interno e externo, piriforme, quadrado 
lombar, glúteo mínimo e glúteo médio). Medidas corretivas devem ser 
implementadas para recuperar a mobilidade de tornozelo e a estabilidade 
do quadril no processo do valgismo dinâmico. Esse movimento pode 
causar dores patelofemorais e lesões no ligamento cruzado anterior. 
Movimentos compensatórios da coluna vertebral também podem ocorrer. 
Indivíduos com deficiência na mobilidade, estabilidade articular ou 
controle neuromuscular muitas vezes geram compensações de 
movimento. O avanço do joelho além da ponta dos pés no agachamento 
pode ser perigoso para praticantes iniciantes ou com pouca força 
muscular no quadríceps. Esse movimento aumenta o braço de torque da 
 
 
11 
articulação e aumenta as forças de cisalhamento, podendo gerar lesões. 
A compensação de movimento é a maneira de o corpo buscar o caminho 
de menor resistência para executar um movimento em particular. Por 
exemplo, se a pessoa executa um agachamento com inclinação de tronco 
excessiva, este é um sinal de que ela não possui amplitude na flexão de 
quadril. Para realizar o padrão de movimento desse praticante, o tronco 
se inclina à frente na tentativa de “ajudar” os flexores de quadris a 
realizarem a flexão. A retificação da coluna lombar também é um 
movimento incorreto durante o agachamento. A retificação muda a 
estrutura da coluna vertebral, diminuindo a capacidade de geração de 
força e de distribuição dela da maneira correta, com risco de lesões sérias 
na coluna, como a hérnia de disco. 
4.2 Afundo 
O exercício afundo é empregado para fortalecer os músculos do 
quadríceps femoral, glúteo médio, glúteo máximo e isquiotibiais. O movimento, 
que consiste em flexionar o joelho da perna da frente, enquanto a de trás 
acompanha o movimento, pode ser realizado sem sobrecarga adicional, com 
peso livre e em máquinas. Neste caso, será utilizado o afundo sem sobrecarga 
adicional. 
 Posição inicial do movimento: o exercício é realizado de maneira 
unilateral. Uma perna estará à frente do corpo, e a outra, posterior ao 
corpo. A perna anterior está com o pé inteiro em contato com o chão e o 
joelho estendido. A perna posterior está com a ponta do pé em contato 
com o solo. Os braços podem estar ao lado do corpo ou as mãos podem 
ser apoiadas na cintura, para dar maior estabilidade. 
 Plano e eixo de movimento: o movimento afundo envolve as articulações 
do quadril e do joelho. O movimento de flexão e extensão do quadril ocorre 
no plano sagital e no eixo transversal O movimento de flexão e extensão 
do joelho também acontece no plano sagital e no eixo transversal. 
 Alavanca: os movimentos de todas as articulações envolvidas 
representam alavancas de terceira classe. Na articulação do quadril, o 
segmento da coxa é a barra rígida, a articulação coxofemoral é o eixo de 
rotação, a força de esforço é realizada pelo glúteo máximo, glúteo médio 
 
 
12 
e os músculos do quadríceps. O vetor da força é para cima, e a força de 
resistência é dada pela força da gravidade mais a sobrecarga na barra. 
Na articulação do joelho, o segmento da perna é a barra rígida, a 
articulação do joelho é o eixo de rotação, a força de esforço é realizada 
pelo quadríceps. O vetor da força é para cima e a força de resistência é 
dada pela força da gravidade mais a sobrecarga da barra. 
 Braço de torque: o braço de torque é diferente para a perna anterior e para 
a perna posterior. Na perna anterior, o maior braço de torque para o joelho 
ocorre no fim do movimento excêntrico e no início do movimento 
concêntrico, quando a flexão de joelho atinge 90°. Há um pequeno braço 
de torque para a articulação do quadril. O glúteo é ativado para a extensão 
de quadril, porém tem menor ativação comparado com o quadríceps. Na 
perna posterior, o maior braço de momento para a articulação do joelho é 
a mais ou menos 45° de flexão. Há um pequeno braço de momento para 
o quadril da perna posterior. Também há um braço de torque para a 
articulação do tornozelo da perna posterior, e ele é maior quando a 
articulação se encontra a 90° de flexão. 
 Lesões: uma amplitude de movimento exagerada no afundo é capaz de 
provocar problemas graves nos joelhos. Encostar o joelho no chão, sem 
o controle de movimento adequado, pode irritar os fluidos da patela, 
causando dor, inchaço, hematomas e até fraturas. O aumento súbito da 
sobrecarga pode levar a lesões nos joelhos e na coluna vertebral, se a 
sobrecarga for axial, ou seja, em uma barra nas costas ou na máquina 
Smith. Nesse caso, uma sobrecarga muito alta pode gerar uma força de 
compressão patelofemoral muito alta, além de compressão nas vértebras. 
Movimentos do tronco durante a execução do exercício também podem 
gerar braços de força para a região lombar da coluna vertebral e ocasionar 
lesões. 
TEMA 5 – ANÁLISE BIOMECÂNICA DE EXERCÍCIOS DO TRONCO 
Nesta parte da aula, realizaremos uma análise biomecânica detalhada de 
exercícios para o tronco. O objetivo é conhecer as características de cada 
exercício e riscos para as estruturas das articulações envolvidas. 
 
 
 
13 
5.1 Flexão lateral do tronco 
O exercício de flexão lateral do tronco tem como finalidade fortalecer 
unilateralmente os músculos oblíquos do abdômen e os músculos extensores da 
coluna, como o quadrado lombar e os eretores espinhais (espinhais, longuíssimo 
do dorso e iliocostal). Por isso, pode ser utilizado para o fortalecimento dos 
músculos da parte posterior do tronco, principalmente quando o praticante não 
tem condições de realizar exercício de extensão da coluna. Pode ser feito em 
pé, com halteres ou na polia, no banco delombar ou deitado lateralmente, com 
ou sem sobrecarga adicional. Neste caso, o exercício escolhido foi flexão lateral 
do tronco com halter. 
 Posição inicial do movimento: posição em pé, joelho estendido, quadril 
alinhado com a coluna e com o joelho. Os braços devem estar estendidos 
ao lado do corpo. Apenas um halter é necessário, e ele deve ser segurado 
pela mão do mesmo lado que a flexão lateral ocorrerá. 
 Plano e eixo de movimento: a flexão lateral ocorre no plano frontal e no 
eixo sagital. 
 Alavanca: esse movimento representa uma alavanca de terceira classe, 
em que o próprio tronco é a barra rígida, a articulação intervertebral da 
lombar é o eixo de rotação, a força de esforço é realizada pelos oblíquos 
abdominais e pelos extensores da coluna, e o vetor da força é para cima. 
A força de resistência é dada pela força da gravidade, ou seja, o próprio 
peso corporal, e o vetor da força é para baixo. 
 Braço de torque: o maior braço de torque ocorre no maior grau de flexão 
lateral do tronco. 
 Lesões: esse exercício gera compressão do disco intervertebral desigual 
na coluna lombar. Ocorre um deslizamento das apófises articulares: do 
lado da convexidade, a apófise articular da vértebra superior se eleva, 
enquanto do lado da concavidade ela desce. Por isso, os músculos do 
tronco devem ser fortes para poder realizar o exercício. Se uma 
sobrecarga muito alta for utilizada, pode gerar uma hérnia de disco. 
 
 
 
 
 
14 
 5.2 Flexão de tronco 
O exercício de flexão de tronco é feito no intuito de fortalecer, 
principalmente, o músculo reto abdominal. Pode ser realizado deitado, sem 
sobrecarga ou com adição de sobrecarga, com acessórios, como o bosu e a bola 
suíça, e em máquinas. Neste caso, o exercício escolhido foi o abdominal deitado 
sem sobrecarga adicional. 
 Posição inicial do movimento: deitado, quadril semiflexionado, joelho 
semiflexionado com os pés apoiados no chão. Os braços podem estar 
cruzados no peito ou as mãos podem ser apoiadas atrás da cabeça. 
 Plano e eixo de movimento: a flexão ocorre no plano sagital e no eixo 
transversal. 
 Alavanca: esse movimento representa uma alavanca de terceira classe, 
em que o segmento do tronco é a barra rígida, a articulação intervertebral 
da coluna lombar é o eixo de rotação, a força de esforço é realizada 
principalmente pelo reto abdominal, e o vetor da força é para cima. A força 
de resistência é dada pela força da gravidade, ou seja, o próprio peso 
corporal, e o vetor da força é para baixo. 
 Braço de torque: o maior braço de torque ocorre quando no início do 
movimento, logo que as escápulas começam a sair do contato com o solo. 
 Lesões: o exercício provoca compressão do disco intervertebral na coluna 
lombar, na sua parte anterior, além de gerar maior sobrecarga no músculo 
da lombar, podendo ocasionar lesões. Esse movimento é limitado pela 
tensão máxima dos ligamentos, assim muita sobrecarga conduz ao risco 
de alguma lesão nos ligamentos da coluna lombar. A região cervical da 
coluna vertebral deve ser estabilizada, para que não ocorra hiperextensão 
ou flexão dessa região, o famoso movimento chicote, que pode ocasionar 
lesões nas vértebras cervicais. 
NA PRÁTICA 
Por meio da análise biomecânica bidimensional, como você, profissional 
de educação física, identificaria quais músculos são os principais acionados em 
cada exercício? E qual a importância de identificá-los? 
 
 
 
15 
FINALIZANDO 
A análise biomecânica bidimensional é essencial para um profissional de 
educação física, uma vez que mostra a execução correta do movimento, o 
posicionamento do corpo na parte inicial e final do exercício, quais forças agem 
sobre as articulações e como os músculos agem em resposta a elas. 
A prática de exercícios físicos – tanto os de recreação quanto os de 
treinamento físico – precisa da orientação de professores de educação física; 
sem que isso ocorra, há um grande risco de lesões nas articulações. Por isso, é 
necessário utilizar a biomecânica em todos os exercícios (os de baixa 
complexidade e os de alta complexidade, os uniarticulares e os multiarticulares). 
Portanto, nesta aula foi possível entender que a análise biomecânica 
bidimensional pode ser realizada de maneira mais simples, mas já efetiva, para 
garantir melhor execução do movimento, menor risco de lesão e maiores ganhos 
relacionados ao treinamento como força, condicionamento físico, estética ou 
performance. 
 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
HAMIL, J.; KNUTZEN, K. M.; DERRICK, T. R. Bases biomecânicas do 
movimento humano. 4. ed. Barueri: Manole, 2016. 
KAPANDJI, A. I. Fisiologia Articular 3 – Tronco e coluna vertebral. 5. ed. 
Barueri: Manole, 2000. 
OLIVEIRA, A. et al. Exercício rosca bíceps: influência do tempo de execução e 
da intensidade da carga na atividade eletromiográfica de músculos lombares. 
Rev Port Cien Desp., v. 6, n. 2, p. 170-178, 2006.

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