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Dinâmica de Aconselhamento Sensibilização

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Anexo I - Dinâmica de sensibilização para a prática de aconselhamento
Objetivo: Propiciar que o grupo vivencie alguns aspectos do aconselhamento respondendo coletivamente a perguntas relacionadas com a prática do aconselhamento e seu contexto no serviço.
Grupo de no máximo 26 pessoas
Tempo: aproximadamente uma hora
Infraestrutura necessária: ambiente amplo (suficiente para o grupo mover-se em pé) com cadeiras móveis.
Atividade: Solicite que o grupo ocupe o espaço destinado a atividade. Todos ficarão em pé.
Para que o grupo entenda a dinâmica faça a primeira pergunta a título de aquecimento. Solicite por exemplo que se dividam na sala segundo município de residência. Os grupos devem estar bem definidos na sala com fronteiras fáceis de serem identificadas. Deixe que as pessoas de um mesmo município se encontrem espontaneamente sem sua ajuda.
Cada pergunta e sua distribuição na sala concentrando-se numa ou outra característica deve ser interpretada pelo coordenador que relaciona as características das respostas com aspectos da prática de aconselhamento.
As perguntas são propostas e as pessoas devem responder segundo seu pensamento e percepção naquele momento – Coibir a interferência do grupo em seu posicionamento na sala. Os outros tendem a interferir segundo seus conhecimentos sobre aquele profissional, principalmente os colegas do mesmo município. 
Podemos brincar dizendo que as respostas são “de foro intimo” e que devemos respeitar as respostas de cada um como deveríamos fazer no aconselhamento. Apontar o respeito, a aceitação, o acolhimento, o respeito à diversidade como posturas necessárias na brincadeira bem como no aconselhamento.
Perguntas norteadoras:
Bloco perfil profissional e do serviço 
Município de origem
Observar que municípios ou serviços estão menos ou mais representados. Pessoas que vêm sozinhas, representando seu município ou serviço vivenciarão maior dificuldade na implantação do TRD HIV. 
Categoria profissional
Em geral os grupos têm uma maioria de enfermeiros. Esta categoria tem se mostrado muito aberta à implantação do TRD HIV e é ela quem mais realiza o TRD HIV no estado.
Descontrair o grupo apontando características das categorias profissionais representadas como facilitadoras ou desafios na pratica do aconselhamento. Lembrar que o destaque de características é apenas um recurso para refletir e as características são generalizantes e caricaturais. Exemplo: biomédicos, bioquímicos, biólogos costumam trabalhar com amostras biológicas e tem pouco ou nenhum contato com pacientes. Enfermeiros “adoram” protocolos e rotinas pré-estabelecidas. Psicólogos tendem a valorizar todo tipo de demanda e perdem o foco do trabalho em DST/AIDS. 
Anos de saúde – proponha as seguintes categorias distribuídas no espaço: 15 anos ou mais, 10 a 15 anos; 5 a 10 anos; 4 a 5 anos; até 1 ano.
Anos de trabalho em DST/AIDS: mesmas categorias
Anos de experiência na realização do aconselhamento em DST/AIDS: mesmas categorias – reforçar que neste momento vale a autopercepção sobre sua prática profissional. Na seqüência de perguntas 3,4 e 5 fica claro que embora muitas pessoas tenham muito tempo trabalhando na saúde, este numero reduz-se drasticamente quando pensamos em aconselhamento e isso deve ser considerado neste momento. Aproveite para contratar com o grupo o apoio dos mais experientes no desenrolar das atividades futuras e faça um combinado com os menos experientes que aproveitem ao máximo o tempo destinado às discussões de aconselhamento para tirarem dúvidas e proporem questões sem inibição. 
Têm pelo menos uma reunião de equipe por mês em seu serviço? 
Divida o grupo entre sim e não. Trabalhar a necessidade de existência deste espaço para promover discussão de casos e aprimorar a pratica de aconselhamento na unidade, bem como propor um espaço de acolhimento das demandas emocionais dos profissionais.
Atualmente entregam os resultados de HIV aos usuários num prazo de até 15 dias?
Dividir em sim e não – apontar que estudos mostram que quanto maior tempo para entrega maior a proporção de usuários que desistem de pegar seu resultado. Além disso, reforçar o aspecto de sofrimento provocado pelo serviço que demora muito para entregá-lo.
 Você conhece a taxa de retorno de seu serviço? Ou seja, a proporção de pacientes/usuários que receberam seus resultados? 
Destacar que a meta de entrega de resultados positivos é 100% e que o parâmetro de perda aceitável de negativos é de 10% - ou seja - a meta é entregar 90% dos resultados com resultado negativo. Destaque também a importância de que todos aconselhadores do serviço devem conhecer esta informação. O uso da abordagem consentida está relacionado com a taxa de entrega de exames aos usuários.
Bloco “contato com vulneráveis”
Você conhece/eu uma pessoa portadora do HIV? I
Inclui parentes, amigos, vizinhos, conhecidos – “paciente do serviço não vale”. Na sala separar quem conhece/eu dos outros e depois, na seqüência separar aqueles que já perderam alguém com HIV/AIDS. Refletir sobre a interferência ou não na pratica do aconselhamento da vivência da perda e proximidade de alguém que vive com HIV.
Você conhece/eu alguém que sofreu violência por não ser heterossexual? 
Inclui parentes, amigos, vizinhos, conhecidos – “paciente do serviço não vale”. Depois que o grupo se separar em sim e não, voltar-se para o grupo do não e complementar: “e se eu disser que a vivência de discriminação também é uma violência alguém muda de grupo?” Percebe-se com esta consigna que muitos participantes não incluem a discriminação na categoria de violência e que a maioria identifica a violência física como determinante para posicionar-se na sala. Apontar, o que em geral acontece, que muitos conhecem pessoas que não são heterossexuais e que sofreram discriminação e relacionar isto com a prática de aconselhamento. Será fácil aos usuários expressarem que não são heterossexuais? A importância do não julgamento e acolhimento da diversidade. Apontar que utilizamos a categoria não heterossexual para ressaltar que neste conjunto existe uma enorme diversidade que seria reduzida caso a consigna fosse dada utilizando-se apenas o termo homossexual, por exemplo.
Você conhece/eu alguém que faz uso problemático de droga?
Inclui parentes, amigos, vizinhos, conhecidos – “paciente do serviço não vale”. Depois que o grupo se separar em sim e não, voltar-se para o grupo do não e complementar: “e se eu disser que droga inclui álcool”? E mais adiante “e se eu disser que droga inclui remédios psicotrópicos controlados, “bolinhas”“? Percebe-se com esta consigna que muitos participantes não incluem o álcool e os remédios psicotrópicos na categoria de “drogas”. Em geral grande contingente conhece/eu alguém nesta situação.
Você realiza alguma ação de redução de danos em seus atendimentos? Depois que o grupo se separar em sim e não, voltar-se para o grupo do sim e complementar: “o seu atendimento de usuários de drogas está fortemente marcado pela postura de encaminhamento a serviços de tratamento?” Neste momento muitos que afirmaram fazer redução de danos mudam-se para o grupo do não. Neste momento esclarecemos com poucas palavras do que se trata a proposta de RD e destacamos que no aconselhamento pré e pós teste o importante também é relacionar o uso de uma droga na sua relação com a possibilidade de prevenir DST, por exemplo, usando preservativo. Observação: caso pessoas perguntem o quer dizer RD criar mais uma categoria no espaço = não sei.
Bloco de questões pessoais
Você teve mais de um(a) parceiro(a) na vida?
Você teve relações sexuais sempre com preservativo? 
Você diz ou disse nos seus atendimentos que as pessoas deveriam usar preservativo em todas suas relações sexuais?
Na seqüência das perguntas 13, 14 e 15 o grupo em sua maioria movimenta-se do sim para o não e depois novamente para o sim deixando evidente que seu discurso está totalmente distanciado de sua pratica. Este tem sido um momento que os profissionais destacam quando comentam a atividade. Um momento em que são flagrados em sua “incoerência”.Quem atualmente tem parceiro fixo? Depois que o grupo se separar em sim e não, voltar-se para o grupo do não e complementar: “algum de vocês tem uma amizade colorida”? Lembre-se de deixar o clima leve e de forma simpática brincar dizendo que no aconselhamento é importante que a pessoa seja o mais franca possível e que todos do grupo se comprometem com o sigilo guardando segredo sobre tudo que ouviram ou viram na sala. O intuito desta pergunta é chamar atenção para a tendência das pessoas atuarem de forma preconceituosa quando assumem que os usuários são todos heterossexuais perguntando sobre a esposa ou namorada aos homens e sobre maridos e namorados às mulheres. Além disso, parceiros fixos incluem todas as pessoas com as quais mantêm relações sexuais e que têm algum tipo de vínculo, este critério inclui outros tipos de relações, pessoas “casadas” com mais de uma pessoa, pessoas que mantêm relações sexuais com amigos etc. Importante observar a forma de abordar a questão no aconselhamento. 
 Você usou preservativo em sua última relação sexual? Depois que o grupo se separar em sim e não, voltar-se para o grupo do sim e complementar: “nesta relação consideramos uso consistente inclusive no sexo oral, usaram também na prática do sexo oral?” Neste momento alguns se deslocam para o grupo do não.
Você já conversou com algum parceiro sobre o uso do preservativo na relação?
Você já fez pacto de uso de preservativo fora da relação estável?
Você já se sentiu em risco de adquirir uma DST/HIV?
Você já fez teste anti-HIV? Depois que o grupo se separar em sim e não, voltar-se para o grupo do sim e complementar: “Só fique no grupo do sim quem fez o teste por uma situação de risco de caráter sexual, por exemplo, esta situação de risco que declararam que viveram na pergunta anterior” Neste momento alguns se deslocam para o grupo do não. Relacionar a relação entre viver situação de risco e decidir se testar por conta dela... uma longa distância.
Você já usou o preservativo feminino? Depois que o grupo se separar em sim e não, voltar-se para o grupo e comentar: “Lição de casa – experimentar o preservativo, independentemente de manter relações sexuais, ao menos (para as mulheres) inseri-lo no próprio corpo, experimentar o processo de colocação”. Notar que muitos profissionais de saúde nunca experimentaram o preservativo feminino e alimentam muitas fantasias e preconceitos em relação a ele.
Você já utilizou gel lubrificante numa relação sexual? Depois que o grupo se separar em sim e não, voltar-se para o grupo e comentar: “Lição de casa – experimentar o gel lubrificante!” Se sentir que há um clima propício pode-se fazer a provocação – sozinho ou acompanhado, aludindo à pratica da masturbação, assunto que será abordado na discussão posterior sobre a normatividade na sexualidade.
Dividir a turma em dois grupos: grupo 1 – Pessoas para quem manter relações sexuais é uma parte muito importante da vida. Para estar bem “necessita” estar sexualmente ativo (a) Grupo 2 – pessoas para quem o sexo é uma parte da vida, também importante, mas não primordial. O sexo está relacionado com ter oportunidade com alguém especial. Correlacionar a resposta refletindo a relação das características destes dois grupos com a abordagem do aconselhamento.
Registrando suas impressões
Terminada a atividade dê um intervalo de 10 minutos para o grupo e depois solicite que registrem suas impressões sobre a atividade, sentimentos, pensamentos, reflexões. E também registrem neste momento o que entendem que seja o aconselhamento em DST/AIDS. Dê 15 minutos para que realizem esta etapa.

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