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METODOLOGIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

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20/02/2020 Metodologia na Educação de Jovens e Adultos
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METODOLOGIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS 
E ADULTOS
Luciana Peixoto Cordeiro
Pretendemos que você construa uma visão crítica sobre a metodologia no processo de ensino e de
aprendizagem, partindo do princípio de que as salas de aula na educação de jovens e adultos são formadas
por um perfil de heterogeneidade. Segundo Zabalza (2003) “[...] as aulas são contextos de ação
caracterizados por uma forte complexidade” ou seja, “[...] as possibilidades de ação não são únicas e a forma
de abordá-las não depende de possíveis estratégias previstas de antemão. Os professores movem-se em
um espaço incerto e mutável.” (p. 11). Isso conduz a pensar na necessidade da capacidade do professor em
refletir sobre isso e fazer uso de uma metodologia que seja atrativa e interessante, consciente de que sua
ação estará dotada de incerteza e imprevisibilidade.
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Dessa forma, Zabala afirma que
 
As atividades de ensino devem promover aprendizagens mais significativas e funcionais possíveis, que
tenham sentido e desencadeiem uma atitude favorável para realizá-las, que permitam o maior número de
relações entre os distintos conteúdos, que constituam estruturas de conhecimento, por um lado e, por
outro, devem facilitar a compreensão de uma realidade que nunca se apresenta compartimentada (1998,
p.186).
 
Isso nos indica que os conteúdos e as informações que são organizados e trabalhados precisam ser
disponibilizados num enfoque globalizador. De acordo com Zabala, enfoque globalizador pode ser
entendido:
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[...] como a opção que determina que as unidades didáticas, embora sejam de uma determinada disciplina,
tenham como ponto de partida situações globais (conflitos ou questões sociais, situações comunicativas,
problemas de qualquer tipo, necessidades expressivas), nas quais os distintos conteúdos de aprendizagem
– das diferentes disciplinas ou saberes – são necessários para sua resolução ou compreensão (1998,
p.186).
Faz-se necessário, então, desenvolver ambientes de ensino e de aprendizagem em condições para o
desenvolvimento da autonomia dos sujeitos, jovens ou adultos, levando-os a aprender a aprender, pois,
segundo Demo, isso é a "[...] base da autonomia emancipatória" (1995, p. 98).
Delors (1999) afirma que aprender a conhecer pode ser considerado, simultaneamente, tanto como um
meio, quanto como uma finalidade. "Meio, porque se pretende que cada um aprenda a compreender o
mundo que o rodeia [...] e finalidade, porque seu fundamento é o prazer de compreender, de conhecer, de
descobrir" (p.91).
É importante, também, que o professor assuma a função de criar situações para momentos de
questionamentos, desacomodações, propondo situações-problema, desafios a serem vencidos pelos
alunos, para que possam construir conhecimento e, consequentemente, aprender a aprender.
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Como podemos perceber, a metodologia a ser utilizada nos diversos ambientes de aprendizagem de EJA
não pode estar atrelada a um processo de ensino e de aprendizagem que se embase na transmissão de
conteúdos. A metodologia a ser adotada deve possibilitar que o aluno construa e reconstrua
conhecimentos, que questione, pergunte, crie, pense e realize a transposição do que aprende para a sua
vida pessoal e de trabalho.
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A função do professor é, entre outras, garantir a riqueza do processo de ensino e de aprendizagem, o que
significa,
[...] a manutenção de um diálogo permanente, de acordo com o que acontece em cada momento, propor
situações-problema, desafios, desencadear reflexões, estabelecer conexões entre o conhecimento
adquirido e os novos conceitos, entre o ocorrido e o pretendido, entre o conhecimento e a prática laboral
de tal modo que as intervenções sejam adequadas ao estilo do aluno, a suas condições intelectuais e
emocionais e à situação contextual (MORAES, 1997, p.152).
Para que esse momento ocorra, o professor precisa gerenciar esse processo, articulando objetivos,
conteúdos, métodos e avaliação. É importante salientar que a utilização de métodos de ensino está
estritamente vinculada à concepção metodológica do processo educativo. Dessa forma, quando nos
remetemos aos métodos de ensino e de aprendizagem, não podemos reduzi-los meramente ao domínio e
aplicação de procedimentos e técnicas de ensino, pois, conforme Libâneo (2002), o método deve expressar
uma compreensão de forma global do processo educativo na sociedade, levando em conta os fins sociais e
pedagógicos do ensino, as exigências e desafios da realidade social, a expectativa de formação dos alunos,
a relevância social dos conteúdos. É necessário, então, desenvolver os conteúdos de ensino por meio de
metodologias ativas, possibilitando que o aluno seja o protagonista do processo de aprendizagem.
Nesse sentido, o professor, enquanto gestor do processo de ensino e de aprendizagem, precisa ser o
mediador dessa situação. Para Vasconcelos (2002, p.83), "Na relação pedagógica, a atividade primeira,
comumente, é do professor, não na perspectiva de ficar nele, mas de provocar, de propiciar a atividade do
aluno" (grifo do autor). Sendo assim, podemos verificar que o professor não é aquele que deposita o
conhecimento na cabeça do aluno (Educação Bancária). O autor reforça que "[...] quem constrói é o sujeito,
mas a partir da relação social, mediada pela realidade" (p.84).
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Na educação problematizadora, o conhecimento é um processo que se realiza por meio do contato do
sujeito com o mundo vivenciado, o qual é considerado como dinâmico, sempre em transformação. Esse
modelo de educação possibilita a construção de um conhecimento que é crítico, realizado a partir do
desvelamento da realidade, de forma reflexiva, o que conduz os sujeitos a sentirem a necessidade de
transformarem o mundo.
Portanto, a ação do professor deve ter como propósito provocar, dispor e interagir. Agora vamos conhecer
o que Vasconcellos (2002) entende sobre essas três ações:
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PROVOCAR
 
colocar o pensamento do aluno em movimento; 
 por "os neurônios" para funcionar; 
propiciar que o aluno pense sobre a questão;
 propor atividades de conhecimento;
provocar situações em que os interesses possam emergir e o aluno possa atuar. 
 
DISPOR 
 
dar condições paraque o aluno tenha acesso a elementos novos, para possibilitar a elaboração de 
respostas aos problemas suscitados, para a contradição entre sua representação e a realidade;
 dar indicações, oferecer subsídios, dispor de elementos para “combustível” (“arte” do professor: 
elementos certos, no momento certo).
 
INTERAGIR
 solicitar expressão, acompanhar percurso, de construção; 
 
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No cotidiano do processo de ensino e de aprendizagem, nos diversos ambientes de aprendizagem, essa
postura metodológica (Metodologia Ativa), pode ser articulada com a adoção de algumas estratégias
como: problematização, exposição dialogada, trabalho de grupo, pesquisa, seminário, experimentação,
debates, jogos educativos, dramatização, produção coletiva, estudo do meio, etc.
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Para concluir, destacamos que a metodologia de ensino norteia o contexto da prática educativa, podendo
ser estabelecida a partir da concepção de ensino, enquanto atividade de pesquisa contínua e permanente,
em relação ao currículo, aos projetos educativos e ações educativas. Esse movimento possibilita aos
professores não somente identificar, mas também compreender as diferentes faces do processo
educacional, bem como estudar formas de atuar e intervir em cada realidade.
O que queremos salientar com o estudo da metodologia é que, conforme ela for concebida e desenvolvida,
serão oportunizadas (ou não) condições favoráveis à aprendizagem dos alunos jovens e adultos.
Faz-se necessário neste processo conhecer a realidade dos alunos jovens e adultos, não infantilizar as
aulas, ter um planejamento de forma contextualizada, que contemple as vivências culturais dos educandos,
estabelecer uma relação horizontal entre professor e aluno, abrindo espaço para uma prática dialógica e
possibilitar o desenvolvimento da criticidade. Esse processo supõe compartilhar conhecimentos, de modo
que o professor, enquanto ensina, também aprende com seus alunos.
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REFERÊNCIAS
DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC; UNESCO, 
1999. 
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2002.
MORAES, Maria Cândido. O paradigma educacional emergente. Campinas, SP: Papirus, 1997.
FREIRE, Paulo Reglus Neves. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1982.
ZABALA, Antoni. Os enfoques didáticos. In: O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 1998.
ZABALZA, Miguel. Planificação e desenvolvimento curricular na escola. 5.ed. Porto: Edições Asa, 2000.
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