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1. (Fuvest) Em seu contexto de origem, o quadro acima corresponde a uma a) denúncia política das guerras entre as populações indígenas brasileiras. b) idealização romântica num contexto de construção da nacionalidade brasileira. c) crítica republicana à versão da história do Brasil difundida pela monarquia. d) defesa da evangelização dos índios realizada pelas ordens religiosas no Brasil. e) concepção de inferioridade civilizacional dos nativos brasileiros em relação aos indígenas da América Espanhola. 2. (Fuvest) Com base na leitura da obra A cidade e as serras, de Eça de Queirós, publicada originalmente em 1901, é correto concluir que, nela, encontra-se a) o prenúncio de uma consciência ecológica que iria eclodir com força somente em finais do século XX, mas que, nessa obra, já mostrava um sentido visionário, inspirado pela invenção dos motores a vapor. b) uma concepção de hierarquia civilizacional entre as regiões do mundo, na qual, a Europa representaria a modernidade e um modelo a seguir, e a América, o atraso e um modelo a ser evitado. c) a construção de uma associação entre indivíduo e divindade, já que, no livro, a natureza é, fundamentalmente, símbolo de uma condição interior a ser alcançada por meio de resignação e penitência. d) a manifestação de um clima de forte otimismo, decorrente do fim do ciclo bélico mundial do século XIX, que trouxe à tona um anseio de modernização de sociedades em vários continentes. e) uma valorização do meio rural e de modos de vida a ele associados, nostalgia típica de um momento da história marcado pela consolidação da industrialização e da concentração da maior parte da população em áreas urbanas. 3. (Fuvest) Em 14 de maio de 1930, um jornalista argentino compôs a seguinte crônica, referindo-se à abolição da escravidão no Brasil: Hoje almoçando na companhia do senhor catalão cujo nome não vou dizer por razões que os leitores podem adivinhar, ele me disse: – 13 de maio é festa nacional... Ah! É mesmo? Continuei botando azeite na salada. – Festa da abolição da escravatura. – Ah, que bom. E como o assunto não me interessava especialmente, dedicava agora minha atenção a dosar a quantidade de vinagre que colocava na verdura. – Semana que vem fará 42 anos que foi abolida a escravidão. Dei tamanho pulo na cadeira, que metade da vinagreira foi parar na salada... – Como disse? – repliquei espantado. – Sim, 42 anos, sob a regência de dona Isabel de Bragança, aconselhada por Benjamin Constant. Dona Isabel era filha de Dom Pedro II. – Quarenta e dois anos? Não é possível... – 13 de maio de 1888, menos 1930: 42 anos... – Quer dizer que... – Que qualquer negro de 50 anos que você encontrar hoje pelas ruas foi escravo até os 8 anos de idade; o negro de 60 anos, escravo até os 18 anos. – Não será possível! O senhor deve estar enganado. Não será o ano de 1788... Olhe: acho que o senhor está enganado. Não é possível. – Bom, se não acredita em mim, pode averiguar por aí. Roberto Arlt. Águas_fortes cariocas. Rio de Janeiro: Rocco, 2013. Tradução: Gustavo Pacheco. a) Identifique e explique o estranhamento do cronista argentino. b) Aponte e explique duas características do processo de abolição da escravidão no Brasil. 4. (Fuvest) No Brasil, do mesmo modo que em muitos outros países latino-americanos, as décadas de 1870 e 1880 foram um período de reforma e de compromisso com as mudanças. De maneira geral, podemos dizer que tal movimento foi uma reação às novas realidades econômicas e sociais resultantes do desenvolvimento capitalista não só como fenômeno mundial, mas também em suas manifestações especificamente brasileiras. Emília Viotti da Costa, “Brasil: a era da reforma, 1870-1889”. In: Leslie Bethell, História da América Latina, v. 5. São Paulo: Edusp, 2002. Adaptado. A respeito das mudanças ocorridas na última década do Império do Brasil, cabe destacar a reforma a) eleitoral, que, ao instituir o voto direto para os cargos eletivos do Império, ao mesmo tempo em que proibiu o voto dos analfabetos, reduziu notavelmente a participação eleitoral dos setores populares. b) religiosa, com a adoção do ultramontanismo como política oficial para as relações entre o Estado brasileiro e o poder papal, o que permitiu ao Império ganhar suporte internacional. c) fiscal, com a incorporação integral das demandas federativas do movimento republicano por meio da revisão dos critérios de tributação provincial e municipal. d) burocrática, que rompeu as relações de patronato empregadas para a composição da administração imperial, com a adoção de um sistema unificado de concursos para preenchimento de cargos públicos. e) militar, que abriu espaço para que o alto-comando do Exército, vitorioso na Guerra do Paraguai, assumisse um maior protagonismo na gestão dos negócios internos do Império. 5. (Fuvest) Há meses os jornais londrinos – The Times, The Economist, The Examiner, Saturday Review – têm repetido a mesma ladainha sobre a Guerra Civil americana. Enquanto insultam os estados livres do Norte, defendem-se ansiosamente contra a suspeita de simpatizarem com os estados escravistas do Sul. Seus argumentos extenuantes são basicamente os seguintes. A guerra entre Norte e Sul é uma guerra de tarifas, entre um sistema protecionista e um sistema de livre_ comércio, e a Inglaterra, claro, está do lado do livre-comércio. Ademais, a guerra não está sendo travada sobre qualquer questão de princípio; ela não se refere ao problema da escravidão, mas, sim, centra_se nos desejos de soberania do Norte. Karl Marx, A Guerra Civil norte-americana. Publicado originalmente em 25 de outubro de 1861, no jornal Die Presse. Adaptado. a) Com base no texto, explique os fundamentos econômicos e políticos da Guerra Civil norte- americana. b) Com base no texto e na imagem, na qual aparece, com destaque, o ativista Martin Luther King, relacione o movimento político a que ela se refere com os resultados da Guerra Civil. 6. (Fuvest) Leia este texto e responda ao que se pede. Em operação militar aeronaval, que se estendeu pela madrugada de quinta-feira e pela manhã de ontem, fuzileiros navais e soldados do Exército argentino ocuparam as Ilhas Malvinas (Falkland para os ingleses), as Geórgias e Sandwich do Sul, pondo fim, de forma abrupta, a negociações diplomáticas que vinham sendo mantidas nos últimos dias entre os dois países. O presidente argentino, general Leopoldo Galtieri, justificou a invasão afirmando que o Reino Unido se havia apossado desses territórios “por meios predatórios”. E acrescentou que “a Argentina não se curvará diante de um desenvolvimento intimidador das Forças Armadas britânicas, que estão ameaçando com um uso indiscriminado da força”. Em meio ao clima de euforia que tomou conta do país, após o sucesso da operação de ocupação das Malvinas, Galtieri anunciou uma medida excepcional: foram postas em liberdade todas as 107 pessoas detidas durante um recente ato de protesto da Confederação Geral do Trabalho. O Estado de S. Paulo, 03/04/1982. Adaptado. a) Caracterize o regime político vigente na Argentina à época em que ocorreu o conflito com o Reino Unido (meses de abril a junho de 1982). b) Indique duas mudanças – uma de natureza política e uma de natureza econômica – provocadas pela derrota da Argentina nessa guerra. c) Levando em conta que, além de outras motivações, a guerra a que se refere o texto implicou também aspectos geopolíticos, discorra sobre a importância estratégica das ilhas envolvidas nesse conflito. 7. (Fuvest) Em certos aspectos, os gregos da Antiguidade foram sempre um povo disperso. Penetraram em pequenos grupos no mundo mediterrânico e, mesmo quando se instalaram e acabaram por dominá-lo, permaneceram desunidos na sua organização política. No tempo de Heródoto, e muito antes dele, encontravam-se colônias gregas não somente em toda a extensão da Grécia atual, como também no litoral do Mar Negro, nas costas da atualTurquia, na Itália do sul e na Sicília oriental, na costa setentrional da África e no litoral mediterrânico da França. No interior desta elipse de uns 2500km de comprimento, encontravam-se centenas e centenas de comunidades que amiúde diferiam na sua estrutura política e que afirmaram sempre a sua soberania. Nem então nem em nenhuma outra altura, no mundo antigo, houve uma nação, um território nacional único regido por uma lei soberana, que se tenha chamado Grécia (ou um sinônimo de Grécia). FINLEY M. I. O mundo de Ulisses. Lisboa: Editorial Presença, 1972. Adaptado. Com base no texto, pode-se apontar corretamente a) a desorganização política da Grécia antiga, que sucumbiu rapidamente ante as investidas militares de povos mais unidos e mais bem preparados para a guerra, como os egípcios e macedônios. b) a necessidade de profunda centralização política, como a ocorrida entre os romanos e cartagineses, para que um povo pudesse expandir seu território e difundir sua produção cultural. c) a carência, entre quase todos os povos da Antiguidade, de pensadores políticos, capazes de formular estratégias adequadas de estruturação e unificação do poder político. d) a inadequação do uso de conceitos modernos, como nação ou Estado nacional, no estudo sobre a Grécia antiga, que vivia sob outras formas de organização social e política. e) a valorização, na Grécia antiga, dos princípios do patriotismo e do nacionalismo, como forma de consolidar política e economicamente o Estado nacional. 8. (Fuvest) A charge satiriza uma prática eleitoral presente no Brasil da chamada “Primeira República”. Tal prática revelava a a) ignorância, por parte dos eleitores, dos rumos políticos do país, tornando esses eleitores adeptos de ideologias políticas nazifascistas. b) ausência de autonomia dos eleitores e sua fidelidade forçada a alguns políticos, as quais limitavam o direito de escolha e demonstravam a fragilidade das instituições republicanas. c) restrição provocada pelo voto censitário, que limitava o direito de participação política àqueles que possuíam um certo número de animais. d) facilidade de acesso à informação e propaganda política, permitindo, aos eleitores, a rápida identificação dos candidatos que defendiam a soberania nacional frente às ameaças estrangeiras. e) ampliação do direito de voto trazida pela República, que passou a incluir os analfabetos e facilitou sua manipulação por políticos inescrupulosos. 9. (Fuvest) O Plano Colômbia inicial consistia antes de tudo em uma ajuda militar destinada à erradicação das plantações de droga. Os programas de fumigação não tiveram início com ele: existiram desde 1994. Isto não impediu um crescimento ainda maior da superfície cultivada. Com o Plano Colômbia, e sobretudo a partir de 2001, esses programas adquiriram nova dimensão. Entretanto, não parece que eles tenham tido, tampouco, mais sucesso. Daniel Pécaut, “Lógicas econômicas, militares e políticas na ‘guerra’ colombiana”. In: C. Brigagão & D. Proença Jr. (orgs.). Paz e terrorismo. São Paulo: Hucitec, 2004, p. 255. a) Qual foi o papel desempenhado pelos Estados Unidos da América na implementação do “Plano Colômbia”? b) A afirmação do autor de que o “Plano Colômbia” e outros programas semelhantes a ele, aparentemente, não tiveram grande sucesso se justifica? Explique. 10. (Fuvest) Os indígenas foram também utilizados em determinados momentos, e sobretudo na fase inicial [da colonização do Brasil]; nem se podia colocar problema nenhum de maior ou melhor “aptidão” ao trabalho escravo (...). O que talvez tenha importado é a rarefação demográfica dos aborígines, e as dificuldades de seu apresamento, transporte, etc. Mas na “preferência” pelo africano revela-se, mais uma vez, a engrenagem do sistema mercantilista de colonização; esta se processa num sistema de relações tendentes a promover a acumulação primitiva de capitais na metrópole; ora, o tráfico negreiro, isto é, o abastecimento das colônias com escravos, abria um novo e importante setor do comércio colonial, enquanto o apresamento dos indígenas era um negócio interno da colônia. Assim, os ganhos comerciais resultantes da preação dos aborígines mantinham-se na colônia, com os colonos empenhados nesse “gênero de vida”; a acumulação gerada no comércio de africanos, entretanto, fluía para a metrópole; realizavam-na os mercadores metropolitanos, engajados no abastecimento dessa “mercadoria”. Esse talvez seja o segredo da melhor “adaptação” do negro à lavoura ... escravista. Paradoxalmente, é a partir do tráfico negreiro que se pode entender a escravidão africana colonial, e não o contrário. Fernando A. Novais. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial. São Paulo: Hucitec, 1979, p. 105. Adaptado. Nesse trecho, o autor afirma que, na América portuguesa, a) os escravos indígenas eram de mais fácil obtenção do que os de origem africana, e por isso a metrópole optou pelo uso dos primeiros, já que eram mais produtivos e mais rentáveis. b) os escravos africanos aceitavam melhor o trabalho duro dos canaviais do que os indígenas, o que justificava o empenho de comerciantes metropolitanos em gastar mais para a obtenção, na África, daqueles trabalhadores. c) o comércio negreiro só pôde prosperar porque alguns mercadores metropolitanos preocupavam-se com as condições de vida dos trabalhadores africanos, enquanto que outros os consideravam uma “mercadoria”. d) a rentabilidade propiciada pelo emprego da mão de obra indígena contribuiu decisivamente para que, a partir de certo momento, também escravos africanos fossem empregados na lavoura, o que resultou em um lucrativo comércio de pessoas. e) o principal motivo da adoção da mão de obra de origem africana era o fato de que esta precisava ser transportada de outro continente, o que implicava a abertura de um rentável comércio para a metrópole, que se articulava perfeitamente às estruturas do sistema de colonização. Gabarito: Resposta da questão 1: [B] O pintor Victor Meirelles pertence à Escola Romântica de Pintura. Um dos principais admiradores de sua obra foi o Imperador Pedro II, que se tornou seu mecenas em um projeto de construção da identidade nacional através de símbolos da nossa origem, como a figura dos indígenas. O quadro Moema, acima retratado, enquadra-se nesse contexto. Resposta da questão 2: [E] [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] O romance A cidade e as serras é a continuação do conto Civilização, de Eça de Queiroz. Em ambos, o autor critica os males da civilização, defendendo os valores da natureza. [Resposta do ponto de vista da disciplina de Português] Durante a Segunda Revolução Industrial, contexto do livro A cidade e as serras, houve uma grande expansão da industrialização nas cidades, proporcionando a chegada de novas tecnologias e causando certo caos na vida urbana. Para se contrapor a esses problemas trazidos pela industrialização, na obra de Eça de Queirós está presente a grande valorização da vida no campo e a busca utópica pelo lugar ideal que seria o meio rural. Resposta da questão 3: a) O cronista argentino estranha o fato de a abolição da escravatura ter acontecido há tão pouco tempo, em pleno século XIX. O Brasil foi o último país da América a libertar os escravos. b) Nossa abolição foi lenta, contando com leis que começaram a ser aprovadas em 1850 e terminando apenas em 1888, e não foi planejada uma adequada inclusão dos negros recém- libertos na sociedade brasileira, o que acabou por marginalizar a população negra no Brasil. Resposta da questão 4: [A] A Reforma Eleitoral que a questão retrata é a ocorrida em 1881. Ela estabeleceu a eleição direta para cargos legislativos e a exclusão dos analfabetos do pleito. No modelo anterior, o voto era censitário e incluía os analfabetos. Nesse sistema, por critériode renda, os eleitores paroquiais elegiam os eleitores de província e estes elegiam os deputados. No sistema estabelecido a partir de 1881, os eleitores paroquiais e os analfabetos foram excluídos, o que levou a uma diminuição drástica do número de eleitores no Império. Resposta da questão 5: a) Segundo o texto, o choque entre o protecionismo do Norte industrializado e o livre- cambismo do Sul agroexportador. b) O fim da Guerra de Secessão trouxe consigo o fim da escravidão, mas não inseriu os negros sulistas nos direitos civis. Essa inserção foi a base da luta de King na década de 1960. Resposta da questão 6: a) Ditadura Militar altamente conservadora. Atuou entre 1976 e 1983. b) Natureza política: fim do regime militar, desmoralizado após a derrota; Natureza econômica: agravamento da crise econômica argentina, devido aos gastos na guerra. c) Importância para a Argentina: manter a unidade interna frente aos outros países; Importância para o Reino Unido: manutenção do domínio sobre o Atlântico Sul. Resposta da questão 7: [D] A Grécia Antiga nunca chegou a ser uma Nação ou um Império (termo muito usado na Antiguidade). A Grécia era o que chamamos de organização em cidades-Estados. Sendo assim, cada povo grego, em cada cidade-Estado, vivia a sua maneira, de modo descentralizado ou disperso, como classifica o autor do texto que acompanha a questão. Resposta da questão 8: [B] A imagem retrata a prática do voto de cabresto: os poderosos coronéis utilizavam de táticas de coação para manipular as eleições, obrigando seu “rebanho” a votar em candidatos por eles (coronéis) escolhidos. Resposta da questão 9: a) Os EUA e a Colômbia realizaram o Plano Colômbia. Na década de 1990, a Colômbia estava em grave crise que ameaçava a unidade do país. De um lado, narcotraficantes dominando algumas áreas gerando instabilidade institucional, exportando drogas, principalmente para os USA. De outro lado, as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) desejavam criar um governo revolucionário. A diplomacia da Colômbia, com respaldo do governo dos EUA, elaborou o Plano Colômbia que acabou beneficiando, de certa forma, os dois lados. Aumentou a influência dos USA na América do Sul. Os narcotraficantes e os guerrilheiros colombianos foram desmobilizados. b) Por um lado, o Plano Colômbia conseguiu reduzir as áreas de produção de maconha e coca e desmobilizou os cartéis melhorando a segurança do país. Por outro lado, alguns cartéis colombianos transferiram para o México aumentando o tráfico e a violência na fronteira com os EUA. Resposta da questão 10: [E] Questão de interpretação de texto, pois o autor deixa claro e explicito que o tráfico negreiro é parte do sistema mercantilista e responsável por promover acúmulo de capitais na metrópole. Para o autor “é a partir do tráfico negreiro que se pode entender a escravidão africana colonial, e não o contrário”. Vale a pena lembrar que o processo de colonização denominado como de “exploração” baseia-se no monopólio e nas práticas mercantilistas, preocupadas em gerar riquezas para a metrópole.
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