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EM_V01_LITERAUTURA_LIVRO DE ATIVIDADES_PROFESSOR

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©Shutterstock/Ollyy
Livro do Professor
Volume 1
Livro de 
atividades
Literatura
©Editora Positivo Ltda., 2017 
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio, sem autorização da Editora.
Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) 
(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)
F224 Farias Jr., Homero G. de.
 Literatura : livro de atividades : livro do professor / Homero G. 
de Farias Jr. – Curitiba : Positivo, 2017.
 v. 1 : il.
 ISBN 978-85-467-1496-4
 1. Ensino médio. 2. Literatura – Estudo e ensino. I. Título. 
CDD 373.33
Homero G. de Farias Jr. 
01
Introdução ao estu
do 
da literatura
apresenta 
expressividade, 
complexidade e 
densidade
promove a reflexão
é uma forma de 
conhecimento
retrabalha 
a língua corrente
sempre se extrai 
um sentido dela
apresenta 
novas visões 
sobre o mundo
dialoga linguagem 
com realidade
literatura
Conceito de literatura e texto literário
Linguagem literária
Literariedade e plurissignificação
Na literatura, as palavras significam mais do que o sentido literal, pois têm caráter múltiplo, pelo fato de ser recorrente a linguagem metafórica, 
figurada. Diferentemente dos textos jornalísticos ou científicos, que são bem mais objetivos, os literários carregam alta carga semântica. O que 
caracteriza um texto literário, portanto, é o trabalho com a linguagem, de maneira que esta conte com uma expressividade específica, denomi-
nada literariedade.
Origem da literatura
Inicialmente, a literatura existiu na modalidade oral e passou a ser registrada muito tempo depois, com a invenção da escrita.
Funções da literatura
Dar acesso a conhecimento, ser fonte de divertimento, fazer pensar.
O TEXTO LITERÁRIO
É o trabalho com a linguagem para que esta dialogue 
esteticamente com a realidade.
Modo de expressão por meio do qual se pode despertar reflexão.
Possibilita novas visões sobre os mundos social, físico e 
psicológico.
Sempre se pode extrair um sentido, mesmo sendo ele 
culturalmente ou historicamente distante do leitor.
Utiliza a língua corrente, que é retrabalhada de modo que forme 
uma realidade paralela.
É uma forma de conhecer o mundo, pois, primeiro, registra 
situações próximas àquelas em que os leitores estão situados, 
depois as transmite.
Os textos literários se diferenciam dos demais produzidos na 
sociedade por várias razões, entre elas sua expressividade e 
densidade.
2 Volume 1
lastimado: que é objeto de lástima, sofrimento, pena. 
caboclo: mestiço de branco com índio; pessoa do campo, de modos simples.
comissura: união, encontro de duas partes.
madrepérola: parte interna, brilhante e colorida, das conchas.
atrocidades: crueldades.
desertamos: abandonamos alguma obrigação.
Atividades
1. Como observou Erico Verissimo, os escritores, por meio de palavras, acendem lâmpadas para “fazer luz sobre a rea-
lidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão”. Essa frase foi retirada do texto a seguir. Leia-o.
Solo de clarineta
Às vezes, tarde da noite, homens batiam à porta da farmácia ou da nossa residência, trazendo nos braços, 
ferida e sangrando, alguma vítima das brutalidades dos capangas do chefe político local ou alguém que 
fora “lastimado” numa briga Capoeira ou no Barro Preto. Lembro-me de que certa noite – eu teria uns 
catorze anos, quando muito – encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de 
operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia 
Municipal haviam “carneado”. Eu terminara de jantar e o que vi de relance inicial me deixou de estômago 
embrulhado. A primeira coisa que me chamou a atenção foi um polegar decepado, que se mantinha pen-
durado à mão esquerda da vítima apenas por um tendão. O ferimento mais horrível de todos era o talho, 
provavelmente de navalha, que rasgara uma das faces do caboclo duma comissura dos lábios até à orelha. 
Tinha-se a impressão de que o homem estava sorrindo de tudo aquilo. Seus olhos conservaram-se abertos 
e de sua boca não saía o menor gemido. Um golpe, provavelmente de adaga, lhe havia descolado parte 
do couro cabeludo. Pelo talho do ventre escapava-se a madrepérola dos intestinos. Foi a primeira vez na 
vida que senti de perto o cheiro de sangue e de carne humana dilacerada. Apesar do horror e da náusea, 
continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, 
por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar 
essa vida? Por incrível que pareça, o homem sobreviveu.
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que 
o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, 
fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos 
assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma 
lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, 
como um sinal de que não desertamos de nosso posto.
VERISSIMO, Erico. Solo de clarineta: memórias. 20. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 64-65. v. 1.
a) No trecho, as ideias de luz e de escuridão são empregadas de forma metafórica. Que relações podem ser estabe-
lecidas entre essas duas metáforas?
No texto, a luz, demonstrada na ação de segurar a lâmpada, simboliza a lucidez diante da realidade; a escuridão seria 
ignorância dos fatos. Iluminar, portanto, seria um ato de civilidade, ao denunciar a realidade, ou, ao menos, dá-la a conhecer.
b) Quando o autor afirma que o escritor faz luz sobre a realidade, que sentido atribui à escrita literária? Qual é a função 
da literatura para Erico Verissimo?
Fazer luz sobre a realidade é denunciá-la, revelá-la, ou seja, ao escritor cabe denunciar aquilo que lhe parecer em desacordo com 
as condições de dignidade do ser humano.
Literatura 3
 Quando um texto apresenta características literárias, diferencia-se de outros produzidos na sociedade, embora possa 
tratar dos mesmos temas. Para observar essa característica, leia os textos a seguir e responda às questões de 2 a 5.
Duas crianças morrem após comer comida de lixão em Pernambuco 
Duas crianças morreram e outras cinco pessoas passaram mal depois de ingerirem comida estragada 
em um lixão na zona rural do município de Catende, na zona da mata pernambucana, neste sábado, 26.
[...] as duas crianças, Raiana Maria da Silva, de 1 ano e 6 meses, e Letícia Maria da Silva, de 7 anos, mor-
reram logo após consumirem alimentos retirados do lixão da cidade – leite em pó, macarrão instantâneo e 
pão. As outras cinco pessoas – três crianças de 3, 10, 13 anos e dois jovens de 17 e 22 anos – foram enca-
minhadas ao Hospital Regional de Palmares, na região. Todos já receberam alta médica, após a realização 
de lavagem estomacal. Eles passam bem e não apresentaram sintomas de intoxicação. [...]
A dona de casa Rosineide da Silva, mãe de uma das vítimas, disse ao delegado que queria fazer um lan-
che para todos, mas não tinha nada em casa. Viu, então, os alimentos do lixão que tinham sido deixados 
em cima do muro e os preparou. [...]
LACERDA, Angela. Duas crianças morrem após comer comida de lixão em Pernambuco. O Estado de São Paulo, 28 jul. 2014. Disponível em: 
<http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,duas-criancas-morrem-apos-comer-comida-de-lixao-em-pernambuco,1535226>. Acesso em: 6 
ago. 2015. 
2. Sobre o que tratam os dois textos? Selecione a alternativa que informa o tema adequadamente.
a) Alimentação saudável
X b) Catadores de lixo
c) Espécies animais
d) Reciclagem
3. Cada texto tem um objetivo. Preencha as lacunas abaixo, no comentário sobre a função desempenhada por cada um 
dos textos.
 O texto de Manuel Bandeira tem como uma de suas principais funções promover a reflexão do leitor : 
inicialmente,não informa a respeito de quem revira o lixo, 
depois, surpreende o leitor ao informar que se trata de um homem . No texto de Angela Lacerda, a prin-
cipal função é informar sobre um acontecimento localizado numa cidade do estado de Pernambuco, 
onde crianças morreram em razão da ingestão de alimento retirado de um lixão .
O bicho 
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
BANDEIRA, Manuel. O bicho. In: ______. Meus poemas 
preferidos. 10. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005. p. 90. 
(Prestígio).
4 Volume 1
4. Aponte, a seguir, as diferenças de composição entre os textos, relacionando as colunas.
a) Manuel Bandeira
b) Angela Lacerda
( a ) Escrito em verso.
( b ) Inicia-se com um lide, que resume as informações.
( b ) Escrito em prosa. 
( a ) Apresenta ritmo.
( a ) Retrabalha a linguagem corrente.
( a ) Não apresenta caráter informativo.
( b ) Texto claro e objetivo.
5. Qual dos textos apresenta literariedade? Justifique.
O texto de Manuel Bandeira apresenta literariedade, pois mostra uma nova visão sobre um problema do mundo de modo expressivo:
embora não contenha rima nem forma fixa, tem ritmo e musicalidade. 
 (ENEM) O poema a seguir, de Manoel de Barros, é base para as questões 6 e 7. Leia-o atentamente.
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito 
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade 
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato 
de canto.
Porque eu não sou da informática:
Eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In: PINTO, 
Manuel da Costa. Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. 
São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.
Literatura 5
6. É próprio da poesia de Manoel de Barros valorizar seres e coisas considerados, em geral, de menor importância no 
mundo moderno. No poema de Manoel de Barros, essa valorização é expressa por meio da linguagem 
a) denotativa, para evidenciar a oposição entre elementos da natureza e da modernidade.
b) rebuscada, com neologismos que depreciam elementos próprios do mundo moderno.
c) hiperbólica, para elevar o mundo dos seres insignificantes.
X d) simples, porém expressiva no uso de metáforas para definir o fazer poético do eu lírico.
e) referencial, para criticar o instrumentalismo técnico e o pragmatismo da era da informação digital.
7. Considerando o papel da arte poética e a leitura do poema de Manoel de Barros, afirma-se que 
a) informática e invencionática são ações que, para o poeta, correlacionam-se: ambas têm o mesmo valor na sua poesia.
X b) arte é criação e, como tal, consegue dar voz às diversas maneiras que o homem encontra para dar sentido à própria vida.
c) a capacidade do ser humano de criar está condicionada aos processos de modernização tecnológicos.
d) a invenção poética, para dar sentido ao desperdício, precisou se render às inovações da informática.
e) as palavras no cotidiano estão desgastadas, por isso à poesia resta o silêncio da não comunicabilidade.
 (IBMEC) Utilize o texto a seguir para responder às questões de 8 a 11.
Dinossauros em tempos difíceis
A sobrevivência da espécie (dos escritores) e da cultura é uma boa causa
Minha vocação nasceu com a ideia de que o trabalho literário é uma responsabilidade que não se limita 
ao lado artístico: ela está ligada à preocupação moral e à ação cívica. Até o presente, esses fatores animaram 
tudo o que escrevi e, por isso, vão fazendo de mim, nesta época da realidade virtual, um dinossauro que 
usa calças e gravata, rodeado de computadores. [...] 
Em nossa época se escrevem e publicam muitos livros, mas ninguém à minha volta – ou quase ninguém, 
para não discriminar os pobres dinossauros – acredita mais que a literatura sirva de grande coisa, a não ser 
para evitar que as pessoas se aborreçam muito no ônibus ou no metrô, e para que, adaptada para o cinema 
e a televisão, a ficção literária – se for sobre marcianos, horror, vampirismo ou crimes sadomasoquistas, 
melhor – se torne televisiva ou cinematográfica.
Para sobreviver a literatura tornou-se light – é erro traduzir essa noção por “leve”, porque, na verdade, 
ela significa “irresponsável” e, muitas vezes, idiota. [...] 
Se o objetivo é apenas o de entreter e fazer com que os seres humanos passem momentos agradáveis, 
perdidos na irrealidade, emancipados da sordidez cotidiana, do inferno doméstico ou da angústia econô-
mica, em descontraída indolência intelectual, as ficções da literatura não podem competir com as ofere-
cidas pelas telas, seja de cinema ou de TV. As ilusões forjadas com a palavra exigem a participação ativa 
do leitor, um esforço de imaginação, e, às vezes – quando se trata de literatura moderna –, complicadas 
operações de memória, associação e criação, algo de que as imagens do cinema e da televisão dispensam 
os espectadores. E, por isso, os espectadores se tornam cada vez mais preguiçosos, mais alérgicos a um 
entretenimento que requeira esforço intelectual. Digo isso sem a menor intenção beligerante contra os 
meios audiovisuais, e a partir de minha condição confessa de apreciador de cinema – vejo dois ou três 
filmes por semana – que também desfruta com prazer um bom programa de TV (essa raridade). Mas, 
justamente por isso, com o conhecimento de causa necessário para afirmar que nenhum dos filmes que vi, 
e me divertiram tanto, me ajudou a compreender o labirinto da psicologia humana como os romances de 
Dostoievski – ou os mecanismos da vida social como os livros de Tolstoi e de Balzac, ou os abismos e os 
pontos altos que podem coexistir no ser humano, como me ensinaram as sagas literárias de um Thomas 
Mann, um Faulkner, um Kafka, um Joyce ou um Proust.
As ficções apresentadas nas telas são intensas por seu imediatismo e efêmeras por seus resultados. Pren-
dem-nos e nos desencarceram quase de imediato – das ficções literárias nos tornamos prisioneiros pela 
6 Volume 1
vida toda. Dizer que os livros daqueles escritores entretêm seria injuriá-los, porque, embora seja impossí-
vel não ler tais livros em estado de transe, o importante de sua boa literatura é sempre posterior à leitura 
– um efeito deflagrado na memória e no tempo. Ao menos é o que acontece comigo, porque, sem elas, 
para o bem ou para o mal, eu não seria como sou, não acreditaria no que acredito nem teria as dúvidas e 
as certezas que me fazem viver.
(Mario Vargas Llosa, in: O Estado de S. Paulo, 1996)
8. Dos fragmentos seguintes, aponte aqueles que também atribuem à literatura uma função cívica e transformadora.
 I. As palavras escritas frequentemente escoiceiam as verdades oficiais, como cavalos alados. Mordem os 
torturadores, atacam os corruptos e os burocratas, conduzidas pela ética de quem as organiza. Além 
disso, elas nos fazem sonhar; abrem portas, janelas, cofres, alçapões e caixas de Pandora; permitem 
que as flores nasçam em pleno asfalto; transformam o naufrágio da velhice num tempo de ventura, 
quando restam apenas o homem e a alma.
 (Rodolfo Konder in O Estado de S. Paulo, 8/3/1999)
 II. Pertenço àqueles que ainda acreditam que livros impressos têm um futuro e que todos os receios ‘a 
propos’ de seu desaparecimento são apenas o exemplo derradeiro de outros medos ou de terrores 
milenaristas em torno do fim de alguma coisa, inclusive do mundo.
 (UmbertoEco in Folha de S. Paulo, 14/12/2003).
 III. Heráclito disse – e já repeti isso em demasia – que ninguém desce duas vezes o mesmo rio. Ninguém 
desce duas vezes o mesmo rio, porque suas águas mudam. Mas o mais terrível é que nós não somos 
menos fluidos do que o rio. Cada vez que lemos um livro, o livro mudou, a conotação das palavras é 
outra. Ademais, os livros estão impregnados do passado.
 (Jorge Luis Borges. Cinco Visões Pessoais. p. 20. Editora UNB)
 IV. Oh! Bendito o que semeia
 Livros... livros à mão cheia...
 E manda o povo pensar!
 O livro caindo n’alma
 É germe – que faz a palma,
 É chuva – que faz o mar.
 (Castro Alves. Obra Completa. Ed. Nova Aguilar.)
X a) I e IV
b) II e III 
d) II e IV
e) III e IV
c) I e III
9. Assinale a alternativa que melhor corresponde à ideia central do texto de Mario Vargas Llosa.
a) Os meios audiovisuais diminuíram o poder da palavra escrita.
b) O papel cívico da literatura está na complexidade do conteúdo da obra e dispensa o leitor.
c) O avanço da tecnologia audiovisual contribuiu para a morte da literatura.
X d) A literatura que não mobiliza o leitor torna-se estéril.
e) A literatura light possibilita a fuga da realidade objetiva.
Literatura 7
10. “[...] os mecanismos da vida social como os livros de Tolstoi e de Balzac, ou os abismos e os pontos altos que podem 
coexistir no ser humano, como ensinaram as sagas literárias de um Thomas Mann [...].”
 Segundo o fragmento, a natureza humana é
a) insegura e instável.
b) introspectiva e desequilibrada. 
c) solitária e imprevisível.
d) efêmera e contrastante.
X e) complexa e ambígua.
11. A metáfora que dá título ao texto refere-se
a) ao papel secundário dos livros na sociedade imagética.
b) ao anacronismo dos escritores clássicos.
X c) aos escritores que negam a literatura de entretenimento, de caráter efêmero.
d) ao desprestígio dos autores consagrados.
e) aos escritores que tentam emocionar seus leitores.
12. (ENEM) Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus textos.
Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; falo somente do que falo: a vida seca, 
áspera e clara do sertão; falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e 
na míngua. Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria 
no Nordeste.
 Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,
X a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para determinados leitores.
b) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser imparcial para que seu texto seja lido.
c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da perspectiva do leitor.
d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social para todos os leitores.
e) a linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o leitor.
13. (UFU – MG) Assinale a alternativa INCORRETA.
a) Enquanto a linguagem do historiador, do cientista se define como denotativa, a linguagem do autor literário se 
define como conotativa.
b) A literatura não existe fora de um contexto social, já que cada autor tem uma vivência social.
X c) A obra literária não permite aos leitores gerar várias ideias e interpretações, pois trabalha a linguagem de forma 
exclusivamente objetiva.
d) A linguagem poética é constituída por uma estrutura complexa, pois acrescenta ao discurso linguístico um signifi-
cado novo, surpreendente.
e) Para o entendimento de um texto literário, é necessário o conhecimento do código linguístico e uma pluralidade de 
códigos: retóricos, míticos, culturais, que se encontram na base da estrutura artístico-ideológica do texto. 
8 Volume 1
02
Verso e prosa
Verso e prosa
De maneira geral, o texto literário pode ser escrito em forma de ver-
sos ou em prosa.
Verso Prosa
Temas e conteúdos
organização das palavras 
em versos, ou seja, em linhas 
descontínuas
organização das palavras 
em frases e parágrafos
Gêneros poéticos (lírico, épico e 
dramático)
Gêneros 
poéticos
Épico: narrações de acontecimentos importantes 
para um povo, centrados em um herói.
Dramático: textos escritos para serem utilizados em 
representação cênica.
Lírico: textos de caráter subjetivo, centram-se na 
interioridade do eu lírico.
liberdade de tempo 
e espaço
pluralidade e 
sucessividade 
dramática
sequências 
textuais 
predominantes: 
diálogo e narração 
outras sequências 
textuais: descrição 
e dissertação
número limitado 
de personagens
continuidade pela 
permanência de 
personagens
novela
número reduzido de 
personagens
unidade de espaço
sequências 
textuais 
predominantes: 
diálogo e narração
pouca descrição 
pouca dissertação
unidade de tempo
unidade dramática
conto
Prosa de ficção (conto, novela, romance e crônica)
Literatura 9
Atividades
1. Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade e verifique quais são as relações entre os elementos da realidade 
mostrados no texto e os sentidos que os versos exprimem.
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
ANDRADE, Carlos Drummond de. No meio do caminho. In: ______. Antologia poética. 40. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 196.
 Que relação é estabelecida de modo novo por meio do elemento “pedra”, trazido da realidade física? Os itens a seguir 
tentam responder a essa pergunta. Julgue cada um deles. 
 I. O poema utiliza-se do elemento físico “pedra”, repetindo a mesma frase, pois há no caminho escolhido pelo eu 
lírico várias pedras e para cada uma que surge ele diz “no meio do caminho tinha uma pedra”.
número ilimitado 
de personagens
maior liberdade na 
abordagem do tempo 
na narrativa
sequências 
textuais: narração, 
dissertação e 
descrição
estrutura: diálogo 
e narração
pluralidade e 
simultaneidade 
dramática
as ações podem 
ocorrer em diferentes 
espaços
romance
número reduzido de 
personagens
unidade de espaço
sequências 
textuais: narração, 
dissertação e 
descrição
estrutura: pode ser 
só dialogada, só 
narrativa ou só 
descritiva
unidade de tempo
unidade dramática: 
cotidiano
crônica
10 Volume 1
 II. O texto, por meio da repetição da palavra “pedra” (elemento da realidade física), instaura outros sentidos para ela, 
tais como dureza, dificuldade, obstáculo.
 III. O caminho refere-se, literalmente, à rota na qual o eu lírico supostamente está e, literariamente, se comunica com 
a vida ou a história de vida do ser humano, que, vez ou outra, pode se envolver em problemas.
 Assinale, a seguir, a alternativa que julga adequadamente os itens anteriores.
a) São verdadeiros os itens I e II. 
b) São falsos os itens I e III.
c) São falsos os itens II e III.
X d) São verdadeiros os itens II e III.
 (CEFET – MG) Leia o texto a seguir para responder às questões de 2 a 5.
Eu era mudo e só 
Sentou na minha frente e pôs-se a ler um livro à luz do abajur. Já está preparada para dormir: o macio 
roupão azul sobre a camisola, a chinela de rosinhas azuis, o frouxo laçarote de fita prendendo os cabelos 
alourados, a pele tão limpa, tão brilhante, cheirando a sabonete provavelmente azul, tudo tão vago, tão 
imaterial. Celestial.
− Você parece um postal. O mais belo postal da coleção Azul e Rosa. Quando eu era menino, adorava 
colecionar postais.
Ela sorriu e eu sorrio também ao vê-la consertar quase imperceptivelmente a posição das mãos. Agora o 
livro parece flutuar entre seus dedos tipo Gioconda. Acendo um cigarro. Tia Vicentina dizia sempre que eu 
era muito esquisito. “Ou esse seu filho é meiolouco, mana, ou então...” Não tinha coragem de completar 
a frase, só ficava me olhando, sinceramente preocupada com meu destino. Penso agora como ela ficaria 
espantada se me visse aqui nesta sala que mais parece a página de uma dessas revistas da arte de decorar, 
bem-vestido, bem barbeado e bem casado, solidamente casado com uma mulher divina-maravilhosa, 
quando borda, o trabalho parece sair das mãos de uma freira e quando cozinha!... Verlaine em sua boca 
é aquela pronúncia, a voz impostada, uma voz rara. E se tem filho então, tia Vicentina? A criança nasce 
uma dessas coisas, entende? Tudo tão harmonioso, tão perfeito. “Que gênero de poesia a senhora prefere?”, 
perguntou o repórter à poetisa peituda e a poetisa peituda revirou os olhos, “O senhor sabe, existe a poesia 
realista e a poesia sublime. Eu prefiro a sublime!”. Pois aí está, tia Vicentina.
− Sublime.
− Você falou, meu bem? – perguntou Fernanda sem desviar os olhos do livro.
− Acho que gostaria de sair um pouco.
− Para ir onde?
“Tomar um chope”, eu estive a ponto de dizer. Mas a pergunta de Fernanda já tinha rasgado minha von-
tade. A primeira pergunta de uma série tão sutil que quando eu chegasse até à rua já não teria vontade de 
tomar chope, não teria vontade de fazer mais nada. Tudo estaria estragado e o melhor ainda seria voltar. 
[...]
TELLES, Lygia Fagundes. Eu era mudo e só. In: ______. Antes do baile verde. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 145-146.
2. Analise as seguintes afirmativas sobre recursos de composição usados no texto acima.
 I. “Você falou, meu bem? – perguntou Fernanda sem desviar os olhos do livro” – inserção do conto no gênero dra-
mático. 
 II. “Penso agora como ela ficaria espantada se me visse aqui nesta sala que mais parece a página de uma dessas 
revistas da arte [...]” – emprego de metalinguagem.
 III. “Não tinha coragem de completar a frase, só ficava me olhando, sinceramente preocupada com meu destino.” – 
presença de narrador-personagem. 
Literatura 11
 IV. “Mas a pergunta de Fernanda já tinha rasgado minha vontade.” – utilização de linguagem conotativa.
 V. “Tia Vicentina dizia sempre que eu era muito esquisito.” – ocorrência de discurso indireto.
 Estão corretos apenas os itens
a) I, II e III.
b) I, II e V.
c) I, III e IV.
d) II, IV e V. 
X e) III, IV e V.
3. Comente as características do texto de Lygia Fagundes Telles partindo dos elementos narrativos história, enredo, 
personagem, ação e espaço e caracterizando a maneira como o conto foi narrado.
O trecho do texto de Lygia Fagundes Telles mostra uma cena do relacionamento entre um casal, de forma bastante sutil e poética, 
visto que o narrador compara a cena com a de um cartão-postal, como se dissesse que a cena descrita e narrada no texto nada
mais é que aparência: nela, impera a plasticidade do ambiente e do casal nele expresso. Mas o texto, embora apresente a psicologia 
do personagem principal, o faz narrando ao leitor uma sequência de fatos ficcionais. Trata-se de uma narrativa da psicologia interna do 
personagem. O que se passa fora é descrito e narrado após ser filtrado pelo personagem. Assim, ficamos (nós, leitores) sabendo mais 
do que propriamente “acontece”, pois é sabido o que se deseja e não se realiza. O espaço é restrito à sala descrita pelo narrador e o 
tempo é pontual, ou seja, refere-se a um momento específico. Não há progressão temporal no texto.
4. Assinale a alternativa que informa adequadamente o gênero de ficção no qual o texto de Lygia Fagundes Telles pode 
ser classificado.
a) Romance
b) Novela
X c) Conto
d) Crônica
5. O texto “Eu era mudo e só” mantém relações com o mundo real, mas apresenta um mundo imaginário, construído 
com informações extraliterárias. Dessa forma, embora seja um texto ficcional, apresenta, por exemplo, elementos da 
realidade social, psicológica e, também, física. Com isso em mente, complete os itens conforme os elementos pre-
sentes no texto e sua relação mais próxima com a realidade.
( 1) Realidade social
( 2) Realidade psicológica
( 3) Realidade física
( 1 ) O rapaz e sua esposa lendo.
( 3 ) O roupão.
( 2 ) O protagonista lembrando de sua tia.
( 3 ) O abajur.
( 2 ) O protagonista mencionando o poeta Verlaine.
( 2 ) O desejo de sair para tomar um chope. 
( 2 ) A admiração do narrador por sua esposa.
12 Volume 1
6. Mário de Andrade, no Prefácio Interessantíssimo de seu livro Pauliceia desvairada, escreveu que “versos não se escre-
vem para leitura de olhos mudos. Versos cantam-se, urram-se, choram-se”. Julgue os itens a seguir, que interpretam 
essa afirmação.
( F ) Quando Mário de Andrade utiliza a expressão “olhos mudos”, está se referindo à dificuldade em se compreende-
rem textos literários.
( V ) Textos escritos em versos são textos que apresentam musicalidade, ou seja, ritmo e sonoridade própria, por isso 
Mário de Andrade afirma que versos devem ser cantados.
( F ) Os textos escritos em prosa, mesmo a literária, são literais e objetivos, por isso se distanciam da poesia. Podem, 
assim, ser lidos por “olhos mudos”.
( V ) A prosa se estrutura em parágrafos, e a poesia, em versos. Entretanto é possível encontrar textos em prosa que 
não narram uma história, mas mostram a intensidade de uma cena, uma paisagem ou uma emoção.
( V ) Para manifestações discursivas denotativas, é mais comum a utilização de textos em prosa.
Leia o texto a seguir para responder à questão 7.
Aspiração 
Doçura da pobreza assim...
Perder tudo que é seu, até o egoísmo de ser seu,
Tão pobre que possa apenas concorrer pra multidão...
Dei tudo que era meu, me gastei no meu ser,
Fiquei apenas com o que tem de toda a gente em mim...
Doçura da pobreza assim...
Nem me sinto mais só, dissolvido nos homens iguais!
Eu caminhei. Ao longo do caminho,
Ficava no chão orvalhado da aurora,
A marca emproada dos meus passos.
Depois o Sol subiu, o calor vibrou no ar
Em partículas de luz doirando e sopro quente.
O chão queimou-se e endureceu.
O sinal dos meus pés é invisível agora...
Mas sobra a Terra, a Terra carinhosamente muda,
E crescendo, penando, finando na Terra,
Os homens sempre iguais...
E me sinto maior, igualando-me aos homens iguais!...
ANDRADE, Mário de. Aspiração. In: ______. Poesias completas. Belo Horizonte: Villa Rica, 1993. p. 255. (Obras Completas de Mário de 
Andrade; 2).
Literatura 13
7. Informe, a seguir, as características presentes no texto de Mário de Andrade que permitam explicar por que essa é 
uma composição poética em verso.
Há, no texto de Mário de Andrade, um princípio de narratividade, mas o eu lírico utiliza esse momento para explicitar suas intenções 
líricas: abandonar sua própria voz em benefício do outro, que é o que almeja. O empobrecimento a que o texto se refere é interno, é 
o de deixar de pensar em si para se aceitar como ser humano: “O chão queimou-se e endureceu. / O sinal dos meus pés é invisível 
agora...”. A busca por intensificar os sentimentos e desejos do eu lírico é uma das características que permitem classificar essa 
composição como um poema em verso, pois esse recurso permite, além da possibilidade de o ritmo marcar pontos de tensão no 
texto, uma musicalidade própria, que se torna uma experiência particular para o leitor.
 Leia o seguinte trecho, de William Shakespeare (1564-1616), poeta e dramaturgo inglês. Depois, responda às ques-
tões de 8 a 10.
PRIMEIRO RÚSTICO: Quem é que constrói mais solidamente do que o pedreiro, o fazedor de navios, 
o carpinteiro?
SEGUNDO RÚSTICO: O construtor de forcas, pois essa armação sobrevive a mil ocupantes.
PRIMEIRO RÚSTICO: Aprecio a tua argúcia, em boa fé. Vai bem a forca – mas vai bem como? Vai bem 
para aqueles que vão. Ora, vais mal dizendo que a forca é mais sólida do que a Igreja – ergum, a forca pode 
ir-te bem. Outra vez, vamos.
SEGUNDO RÚSTICO: “Quem é que constrói mais solidamente do que o pedreiro, o fazedor de navios, 
o carpinteiro?”
PRIMEIRO RÚSTICO: Sim, responde-me, e encerra essa canseira.
SEGUNDO RÚSTICO: Claro, agora sei dizer.PRIMEIRO RÚSTICO: Dize pois.
SEGUNDO RÚSTICO: Santa missa, não sei.
PRIMEIRO RÚSTICO: Deixa de malhar o cérebro por causa disso, pois o asno obtuso não andará mais de-
pressa à força de pancadas. E quando te fizerem essa pergunta outra vez, responde: “o coveiro”. As moradas que 
ele faz duram até o Juízo Final. Vamos, vai até Yaughan, e traze-me um caneco de bebida. (Sai o segundo rústico)
Veem-se Hamlet e Horácio entrando no cemitério.
PRIMEIRO RÚSTICO (Cava e canta.):
Quando eu amava, amava, e jovem era eu,
 Parecia-me excelente,
Fazer os dias curtos em proveito meu,
 Oh, não me parecia conveniente.
HAMLET: Não tem esse tipo consciência de seu mister, que assim canta abrindo a cova?
HORÁCIO: O hábito lhe deu a isso um caráter indiferente.
HAMLET: É isso mesmo, a mão que pouco trabalha tem o tato mais delicado.
SHAKESPEARE, William. Hamlet. São Paulo: Abril Cultural, 1976. p. 201-203.
rústico: camponês. Refere-se, neste contexto, a cada 
um dos coveiros.
argúcia: esperteza.
malhar: surrar.
obtuso: estúpido.
mister: ofício, ocupação.
14 Volume 1
8. Quando Hamlet chega ao cemitério, sobre o que conversam os rústicos? O que esse assunto tem a ver com a ativi-
dade que estão desempenhando?
Os dois homens estavam falando sobre a própria atividade, a de “construir” covas. “Coveiro”, que se refere ao profissional que exerce a 
atividade que os personagens estão desempenhando, é a resposta à pergunta proposta por um dos personagens.
9. Sobre a forma de composição da cena, informe a razão pela qual há registro de falas em versos e em prosa.
Enquanto os rústicos conversam entre si, e Hamlet com Horácio, as falas são registradas em prosa por se tratar da construção de um 
diálogo. Quando o primeiro rústico começa a cantar, entretanto, o registro feito é em versos, uma vez que, nesse caso, não se trata de 
um diálogo, mas do registro da letra da canção que o coveiro está entoando.
10. A que gênero poético pertence o fragmento transcrito anteriormente? Julgue os itens a seguir que respondem a essa 
pergunta, que apresentam justificativas para ela e que apontam características próprias do gênero.
 I. O trecho lido é um exemplo do gênero dramático.
 II. Embora o gênero dramático seja, convencionalmente, incluído na poesia, este foi escrito principalmente em prosa.
 III. Há, no trecho, partes escritas em verso, onde podem ser encontradas rimas.
 IV. O importante é que se estabeleça que o gênero dramático é, como classificou Aristóteles, a palavra representada.
 V. Os textos desse gênero textual servem para que sejam utilizados em encenações de peças teatrais.
 Assinale a alternativa que informa quais dos itens acima estão corretos.
a) Estão corretos os itens I, II e IV.
b) Estão corretos os itens III e V.
c) Nenhum item está correto.
X d) Todos os itens estão corretos. 
 (VUNESP) As questões 11 e 12 a seguir tomam por base a “Tragédia em um ato”, assinada pelo escritor, tradutor e 
desenhista Millôr Fernandes e publicada pela primeira vez em “O Pif-Paf” (O Cruzeiro, 1945).
O capitalismo mais reacionário
Tragédia em um ato
Personagens: o patrão e o empregado
Época: atual
Ato Único
EMPREGADO – Patrão, eu queria lhe falar seriamente. Há quarenta anos que trabalho na empresa e até 
hoje só cometi um erro.
PATRÃO – Está bem, meu filho, está bem. Mas de agora em diante tome mais cuidado. (Pano rápido)
In: FERNANDES, Millôr. Trinta anos de mim mesmo. Rio de Janeiro: Nórdica, 1974. p. 15.
Literatura 15
11. Essa tragédia-relâmpago de Millôr Fernandes, denominada “O capitalismo mais reacionário”, mobiliza o campo da 
sugestividade e, num clima de aparente humorismo, libera todo um universo de conceitos, situações e costumes 
subentendidos. Releia o texto apresentado e, na sua interpretação, responda:
a) O que está subentendido no discurso direto do patrão?
Embora aparentemente o patrão se mostre compreensivo, o que ocorre, na verdade, demonstrada pela sua fala, é uma advertência 
severa ao empregado. O patrão considerou o empregado como descuidado e desatento. A advertência é, entretanto, desnecessária 
se forem considerados os quarenta anos de dedicação diante de um erro cometido.
b) Por que este texto pode ser entendido como crítica de costumes?
Millôr faz uma crítica ao comportamento do capitalista, o que remete ao título: o patrão, de acordo com o texto, é o típico 
representante do capitalismo mais reacionário, primitivo e atrasado.
12. A tragédia, no sentido clássico, é uma obra fortemente dramática, inspirada na lenda ou na história, e que põe em 
cena personagens envolvidos em situações que desencadeiam desgraças. Em sua função poética, destina-se tam-
bém a infundir o terror e a piedade. Considerando essa definição, releia o texto de Millôr Fernandes e, a seguir,
a) interprete por que apenas esse diálogo entre os dois personagens poderia caracterizar uma tragédia, segundo o autor.
O diálogo travado está focado no conflito que se estabelece no relacionamento entre patrão e empregado. Temos a representação de 
uma situação que poderá desencadear a adversidade; para o espectador sensível, essa cena pode infundir a piedade, a compaixão e 
a indignação.
b) interprete um sentido conotativo da expressão “meu filho”, nas palavras do personagem patrão.
De modo figurativo, essa expressão pode ser entendida como a manifestação da postura paternalista que é assumida pelo patrão.
13. Leia o fragmento a seguir.
ATO PRIMEIRO 
Credor – (entrando em uma repartição pública; para o Porteiro) – Está o Sr. Inspetor? 
Porteiro – Está; mas não se lhe pode agora falar. 
Credor – Por quê? 
Porteiro – Está muito ocupado! 
Credor – Em quê? 
Porteiro – Tem gente aí com ele. 
Credor – Quem é? 
Porteiro – Um Major!
SANTO, Qorpo. Um credor da Fazenda Nacional. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000287.pdf>. Acesso 
em: 12 fev. 2016.
 Que elementos permitem afirmar que se trata de um texto dramático?
A informação de que se trata do primeiro ato (Ato primeiro) – em geral, os textos dramáticos são divididos em atos; a indicação dos 
personagens a quem corresponde cada uma das falas (nessa cena, o Credor e o Porteiro); a rubrica, entre parênteses, indicando o 
que o personagem faz enquanto diz determinada fala.
16 Volume 1

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