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CRIME CULPOSO

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CRIME CULPOSO
Dentro de uma concepção finalista da conduta, culpa é ume elemento normativo, pois sua aferição depende da análise do caso concreto.
Em regra, os crimes culposos esta previstos por tipos penais abertos, permitindo ao magistrado valorar a culpa na conduta do agente. Nada impede, contudo, a definição das condutas culposas num tipo penal fechado (CP, art. 180, §3º).
Historicamente, culpa sempre foi muito criticada, tida como inútil a aplicação da pena em crimes culposos por diversos autores.  Na Itália, alguns autores verificavam que essa modalidade não provém de uma conduta contrária ao Direito, mas de uma atitude que não se podia prever, cuja pena se tornaria ineficaz diante da não periculosidade desses agentes.
Com o advento da Escola Positiva,a punição da culpa passou a ser reclamada por necessidade social, por ser a sanção uma reação constante, independente da vontade.
Atualmente, acha-se encerrada essa discussão, uma vez que o interesse público impõe consequências penais àqueles que lesam ou expõe a perigo bens penalmente tutelados, intencionalmente ou apenas por agir com negligência, imprudência ou imperícia.
Por óbvio que, diante do menos desvalor da conduta, os crimes culposos são apenados de modo mais brando do que os dolosos.
Para que se facilite a compreensão, o conceito de culpa pode ser fracionado por diversos elementos, que a compõe, tornando mais tranquila a assimilação da matéria.
Assim, crime culposo é o que se verifica quando o agente, deixando de observar o dever objetivo de cuidado, por imprudência, negligencia ou imperícia, realiza voluntariamente uma conduta que produz resultado naturalístico indesejado, não previsto, nem querido, mas objetivamente previsível, e excepcionalmente previsto e querido, que podia, com a devida atenção, ter evitado.
1. ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO.
Diante do conceito apresentado, é possível extrair os seguintes elementos:
1.1. Conduta Voluntária.
A culpa é a vontade do agente, limitada à prática de uma conduta perigosa, por ele aceita e desejada. Pode ser praticada por ação ou omissão, que não se destina à produção do resultado material, porém, conhecia a sua possibilidade de ocorrência.
1.2. Violação do dever objetivo de cuidado.
A vida em sociedade retira do homem o direito de fazer tudo o que desejar, quando e onde, do modo que quiser. Os interesses das outras pessoas bem como a vida em comunidade lhes impõem limites intransponíveis.
Assim, o dever objetivo de cuidado trata-se de um comportamento imposto pelo ordenamento jurídico a todas as pessoas, visando o regular e pacífico convívio social.
O crime culposo, nesse contexto, ocorre quando o agente, com uma prática de uma conduta descuidada, desrespeita tal norma, por imprudência, negligência ou imperícia, as três modalidades de culpa existentes em nosso ordenamento.
a) Imprudência: é a forma positiva (in agendo) que consiste na atuação do agente sem observância das cautelas necessárias. É uma ação, intempestiva e irrefletida.
b) Negligência: é a inação, modalidade negativa de culpa (in omitendo), consistente na omissão em relação à conduta que se devia praticar.
c) Imperícia: também chamada de culpa profissional, é a culpa que ocorre no exercício de arte, profissão ou ofício. Não se confunde com o erra profissional, onde o agente age conforme manda o dever objetivo de cuidado, contudo, a falha é da ciência, não devendo ser responsabilizado.
1.3. Resultado naturalístico involuntário.
Trata-se de elementar do tipo penal, ou seja, é a modificação do mundo exterior com a prática da conduta culposa.
Todo crime culposo, por consequência, integra o grupo dos crimes materiais. O sistema penal brasileiro não admite crimes culposos de mera conduta.
1.4. Nexo causal.
Como ocorre nos demais crimes materiais, verifica-se a relação de causa e efeito da conduta culposa praticada em consonância com o resultado naturalístico involuntário.
Aplica-se a teoria conditio sine qua non, CP, art. 13, verificando que o resultado material ocorrido, ainda que involuntário, não teria ocorrido se o agente houvesse observado as normas de cuidado objetivo.
1.5. Tipicidade.
Sendo elemento do fato típico nos crimes materiais consumados, a tipicidade precisa ser verificada também nos crimes culposos, fazendo-se um juízo de subsunção da conduta praticada no mundo real e a descrição típico contida na lei penal.
1.6. Previsibilidade objetiva.
É a possibilidade de uma pessoa comum, com inteligência mediada, prever a possibilidade de ocorrência do resultado. É o chamado homem médio (homo medius).
Portanto, verifica-se que a previsibilidade do resultado é objetiva, por levar em conta o fato concreto e um elemento padrão (homem médio) de aferição, e não o agente.
Importante anotar que o estudo em questão se faz perante a teoria do crime: fato típico + ilicitude + culpabilidade. Assim, quando se analisa o crime em seara de fato típico e ilicitude, observam-se as condições do fato, com a análise sob um paradigma padronizado, o homem médio. As condições específicas do agente serão analisadas em seara de culpabilidade.
1.7. Ausência de previsão.
Em regra, o delito culposo ocorre porque o agente não consegue enxergar aquilo que o homem médio consegue prever, atingindo, assim, o resultado material involuntário.
Excepcionalmente, há a previsão do resultado (culpa consciente).
2. ESPÉCIES DE CULPA.
2.1. Culpa inconsciente e culpa consciente.
Baseia-se na previsão do agente acerca do resultado naturalístico, provocado por sua conduta.
Culpa inconsciente, sem previsão ou ex ignorantia é aquela em que o agente não prevê o resultado objetivamente previsível.
Culpa consciente, com previsão ou ex lascívia é a que ocorre quando o agente, após prever o resultado, objetivamente previsível, realiza a conduta acreditando em sua habilidade, acreditando que não ocorrerá.
Essa espécie de culpa representa o estágio mais avançado da culpa, aproximando-se do dolo eventual. Na culpa consciente o sujeito não quer o resultado, nem assume o risco de produzi-lo. Ele espera, sinceramente, que não ocorra, apesar de saber que é possível. No dolo eventual o agente não somente prevê o resultado, mas, apesar de não querer, o aceita como uma das alternativas possíveis. A diferença reside no subjetivo do agente.
2.2. Culpa própria e culpa imprópria.
Baseia-se na intenção de produzir o resultado naturalístico.
Culpa própria é a que se verifica quando o agente não quer o resultado, nem assume o risco de produzi-lo. É a culpa propriamente dita.
Culpa imprópria, também chamada de culpa por extensão, por equiparação ou por assimilação, é aquela em que o sujeito, após prever o resultado, realiza a conduta por erro inescusável quanto à ilicitude do fato.
A gente incide em erro, supondo uma situação fática que, se existisse, tornaria a ação lícita. Contudo, como esse erro poderia ter sido evitado pela prudência de um homem médio, responderá pelo delito na modalidade culposa. Na verdade, a conduta do agente em produzir o resultado naturalístico revela o dolo, contudo, por razões de política criminal, e punido na modalidade culposa, pois, se soubesse da real situação de fato, não teria agido.
Essa espécie de culpa é a única que comporta a tentativa, justamento por seu caráter híbrido, a culpa imprópria possui um dolo tratado como culpa, admitindo-se a tentativa.
2.3. Culpa mediata ou indireta.
É a espécie de culpa que ocorre quando o sujeito produz o resultado indiretamente a título de culpa.
Essa culpa consiste em fato com relação estreita e realmente eficiente no tocante ao resultado naturalístico, não podendo se confundir com a mera condição ou ocasião do ocorrido.
2.3. Culpa presumida.
Também chamada de culpa in re ipsa, tratava-se de espécie de culpa admitida pela legislação penal anterior ao Código Penal vigente.
Foi abolida do atual ordenamento por constituiu uma verdadeira responsabilidade penal objetiva.
3. GRAUS DE CULPA.
No passado, buscou-se dividir a culpa em graus, quanto à sua intensidade. Assim, seria culpa grave aquela onde qualquer agenteera capaz de prever o resultado; leve aquela que ocorreria nos casos em que um homem de inteligência mediana poderia antever os resultados; e, por fim, levíssima, aquela em que o resultado se afigura perceptível somente à pessoas de excepcional cautela e inteligência, aproximando-se do caso fortuito.
O Direito Penal brasileiro refuta a divisão da culpa em graus. Ou há a culpa, e, por corolário, a responsabilização do agente; ou não há culpa, sendo o fato irrelevante.
4. COMPENSAÇÃO DE CULPAS.
O Direito Penal não admite a compensação de culpas. Diante do caráter público da sanção penal como consequência da conduta ilícita, a culpa do agente não pode ser anulada pela culpa da vítima.
Essa compensação tem incidência apenas no direito privado. Em seara penal, a culpa da vítima apenas funciona como circunstancia favorável ao acusado, sopesada pelo magistrado na fixação da pena (CP, art. 59, caput).
Somente há exclusão da culpa do agente quando há a culpa exclusiva da vítima. Denota-se que houve observância ao dever objetivo de cuidado pelo agente, que agiu prudentemente, sem negligencia ou imperícia.
5. CONCORRÊNCIA DE CULPAS.
É o que se verifica quando duas ou mais pessoas concorrem, contribuem culposamente, para a produção do resultado naturalístico.
Respondem pelo resultado em face da teoria da conditio sine que non, CP, art. 13, contudo, não havendo coautoria ou participação, em razão da ausência de vínculo subjetivo.
6. CARÁTER EXCEPCIONAL DO CRIME CULPOSO.
Nos termos do CP, art. 18, há consagrado em nosso ordenamento o princípio da excepcionalidade do crime culposo, ou seja, ninguém poderá ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Assim, a modalidade culposa deve ser prevista pela lei. Havendo silêncio legislativo, não há que se falar em crime, restando ao crime somente a modalidade dolosa.
7. EXCLUSÃO DA CULPA.
Exclui-se a culpa do agente na produção do resultado material nos casos de:
a) Caso fortuito ou força maior: são acontecimentos imprevistos, imprevisíveis e inevitáveis, que escapam do controle da vontade do homem.
b) Erro profissional: a culpa pelo resultado naturalístico não é do homem, que fez tudo o que estava ao seu alcance, mas da ciência, que se mostrou inapta para enfrentar determinadas situações.
c) Risco tolerado: por diversas maneiras, necessárias para a evolução do homem e da própria humanidade, podem ser efetuadas atividades que proporcionam riscos calculados para bens jurídicos penalmente protegidos. Assim, esses fatos se tornam impuníveis diante da aceitação da sociedade.
d) Princípio da confiança: como o dever objetivo de cuidado se dirige a todas as pessoas, pode-se esperar que cada um se comporte de forma prudente e razoável, necessária para a coexistência pacífica em sociedade.
Presume-se a boa-fé do todo o indivíduo, no cumprimento das regras jurídicas impostas pelo Direito. Assim, não haverá culpa nos crimes eventualmente produzidos pela conduta ilícita praticada por outrem.

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