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DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO – 2020 – 1° BIMESTRE Laís Borri RECEITA PÚBLICA GENERALIDADES Atividade financeira do Estado; Serviços Públicos; Orçamento; Recursos. LEGISLAÇÃO CF; LC 101/2000; Lei n° 4320/64. CONCEITO LEGAL A lei orçamentária conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidade universalidade e anuidade, compreenderá todas as receitas. CONCEITO DOUTRINÁRIO É a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições, vem acrescer o seu vulto como elemento novo e positivo. CARACTERÍSTICAS Entradas/Ingresso integra-se de modo permanente ao patrimônio do Estado, tem com fim custear as despesas públicas. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À REGULARIDADE: Receitas ordinárias: periódicas, constante, se renovam de ano a ano, exemplo: IPTU e IPVA; Receitas extraordinárias: esporádicas, às vezes excepcionais, não se renovam ano a ano, por exemplo em situações de calamidade pública e guerras. QUANTO À ORIGEM: originárias: exploração da atividade econômica do próprio Estado, exemplo aluguel de imóvel público; Derivadas: provenientes da economia privada, representadas pelo tributo, pelos ingressos parafiscais, extrafiscais e tributários, e pelas multas e penalidades. Tributo é receita derivada instituída pelas entidades de direito público, compreendido os impostos, as taxas e contribuições, destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou específicas exercidas. QUANTO À NATUREZA: orçamentária: previstas no orçamento de modo que serão consideradas quando da fixação das despesas públicas. ARO- operações por antecipação de receita, são receitas orçamentárias, todas as arrecadas, ainda que não previstas no orçamento. Extraorçamentária: não fazem parte do orçamento, não serão consideradas quando da fixação das despesas públicas. CLASSIFICAÇÃO DE SELIGMAN PREÇO QUASE-PRIVADO: atividade financeira do Estado de interesse exclusivamente privado, somente guardada pertinência com interesse público por estar sendo desenvolvida por um ente desta natureza; PREÇO PÚBLICO: proveniente da exploração de atividade que, embora possua algum interesse público, se destaca pelo interesse particular predominante, é a contraprestação por serviço; CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA: decorre de vantagem para uma determinada COLETIVIDADE ou categoria de indivíduos ainda com o interesse público preponderante, exemplo obra pública; TAXA: proveniente da atividade em que o interesse público prepondera o interesse particular, é mensurável para cada indivíduo, é a contraprestação por serviço essencial prestado. IMPOSTOS: resultante, exclusivamente, do interesse público, meramente acidental a vantagem percebida pelo particular, os serviços são prestados pelo governo, portanto não é possível medir. CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA RECEITA CORRENTE: art. 11 da Lei 4.320/64 §1° receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. Possuem destinação específica, tais despesas sempre aparecem. A classificação de tais receitas de divide em: 1. Receitas tributárias: impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimo compulsório e contribuições especiais; 2. Receita patrimonial; 3. Receita industrial; 4. Receita de serviços; 5. Transferências correntes: valores que a União destina para Estados e Municípios, ou que Estados passam para Municípios, com frequência, para fim específico ex: programa de médicos. MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO – 2020 – 1° BIMESTRE Laís Borri 6. Outras receitas correntes: dívida ativa. RECEITAS DE CAPITAL: art. 11 § 2° provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. Possuem finalidade diversa das despesas correntes, por exemplo, destinam-se a construção. Classificação: 1. Operações de crédito: empréstimos; 2. Alienação de bens; 3. Amortização de empréstimos: quem deve paga a dívida principal e não os juros; 4. Transferência de capital: União envia dinheiro para a construção de um hospital, não acontece sempre. ETAPAS 1. Previsão; 2. Lançamento: verificação da procedência do crédito pela autoridade fiscal; 3. Arrecadação: destinação; 4. Pagamento: entrega efetiva do dinheiro. DESPESAS PÚBLICAS CONCEITO Aplicação de certa quantia em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente dentro de uma autorização legislativa para cargo do governo. Pressupõe o dispêndio de dinheiro. Deve ser antecedida por previsão orçamentária. FUNÇÃO ECONÔMICA Estado liberal; Estado providência; Preocupação com gastos públicos; Aumento dos gastos. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA as despesas são classificadas segundo a regularidade: Ordinárias: suprir as necessidades públicas permanentes (previstas na LOA); Extraordinárias: não previstas (estado de guerra ou calamidade pública). TERRITÓRIO: Internas: no próprio país; Externas: fora do país. COMPETÊNCIA CONSTITUICIONAL: de cada entidade política: despesas municipais, estaduais e federais. ECONÔMICA: Despesas-compra (real): adquire produtos e serviços, cria rendimento; Despesas-transferência: transfere o poder de compra. O Estado fornece subsídios, subvenções ou auxilio-financeiro. Mudança de mãos dos rendimentos já criados. DEFINITIVAS OU NÃO DEFINITIVAS: Despesas definitivas ou efetivas: diminuição do patrimônio; Despesas não definitivas: mutação patrimonial, exemplo, venda de um prédio público, o poder público já possuía tal valor. CLASSIFICAÇÃO LEGAL: Despesas correntes: não trazem acréscimo ao patrimônio público: 1. despesas de custeio: manutenção e funcionamento dos serviços públicos, inclusive as destinadas a atender obras de conservação e adaptação de imóveis; 2. transferências correntes: despesas sem contraprestação direta em bens ou serviços, inclusiva para contribuições e subvenções destinadas à atender à manifestação de outras entidades de direito público ou privado. Despesas de capital: 1. Investimentos: aumentam a capacidade produtiva (incremento no PIB). 2. Inversões financeiras: aquisição de imóveis ou bens de capital já em utilização; aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie; constituição ou aumento o capital de entidades ou empresas que visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros, exemplo, compra de prédio que já estava em uso pelo poder público, ou seja, transforma despesa de custo em inversão financeira 3. Transferência de capital: dotações para investimentos ou inversões financeiras para outras pessoas de direito público ou privado e amortização da dívida pública. ETAPAS 1. EMPENHO: reserva do orçamento para cumprir o contrato ou pagar o serviço; 2. LIQUIDAÇÃO:apurar o quanto é devido e quem é o credor; MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight MariaJúlia Highlight DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO – 2020 – 1° BIMESTRE Laís Borri 3. ORDEM DE PAGAMENTO E PAGAMENTO. ADIANTAMENTO Art. 68 da Lei 4.320/64 Aplicável aos casos de despesas expressamente definidos em lei e consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria para o fim de realizar despesas, que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação. Como nem sempre é possível respeitar o processo das despesas públicas, os adiantamentos são realizados, é o que acontece com os cartões coorporativos. REGIME CONTÁBIL DA DESPESA Lei 4.320/64 Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil. Vai de 01/01 até 31/12. Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: I - as receitas nele arrecadadas; II - as despesas nele legalmente empenhadas. RESTOS A PAGAR Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro distinguindo-se as processadas das não processadas. Parágrafo único. Os empenhos que sorvem a conta de créditos com vigência plurienal, que não tenham sido liquidados, só serão computados como Restos a Pagar no último ano de vigência do crédito. Se dividem em: RESTOS A PAGAR PROCESSADOS: :despesas empenhadas e liquidadas, mas não pagas até 31/12, ou seja, já sei o valor, quem vai receber, e qual o título da dívida, mas não foi paga até o fim do ano. RESTOS A PAGAR NÃO PROCESSADOS: despesas empenhadas, mas não liquidadas nem pagas até 31/12, ou seja, não sei o valor, quem vai receber, e não vão ser pagar até o fim do ano. DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica. São pagas em exercícios posteriores, quando forem requisitadas, mas não constituem operação orçamentária. ANULAÇÃO DA DESPESA Art. 38. Reverte à dotação a importância de despesa anulada no exercício; quando a anulação ocorrer após o encerramento dêste considerar-se-á receita do ano em que se efetivar. O orçamento tem natureza autorizativa, portanto não impõe obrigação ao gestor, desta forma, o dinheiro que não for utilizado volta para o orçamento e poderá ser usado posteriormente mediante autorização. PREVISÃO E ARRECADAÇÃO Lei 101/2000 Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. Os gestores devem fazer a cobrança dos tributos de sua competência, exemplo: um prefeito não pode determinar que naquela cidade não será cobrado o IPTU. Com relação aos impostos sobre as grandes fortunas, o artigo 153 da CF atribui a competência da União para instituir tal imposto, portanto, é necessário que seja criado por processo legislativo, para depois a cobrança ser feita. RENÚNCIA DE RECEITA Lei 101/2000 Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: Trata-se de diminuição das arrecadações tributárias, é possível que a renúncia seja feita desde que esteja condizente com as metas, acompanhada de medidas compensatórias e estimativa de impacto. A renúncia compreende: anistia, remissão, subsídio, crédito presumido. PAGAMENTOS DECORRENTES DE CONDENAÇÕES JUDICIAIS DA FAZENDA PÚBLICA Art. 100 da CF Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. MariaJúlia Highlight DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO – 2020 – 1° BIMESTRE Laís Borri Os pagamentos são feitos através de precatórios, autorizados após o trânsito em julgado de sentença condenatória e de liquidação. O pagamento é feito pela ordem de apresentação dos ofícios, que possuem ordem de preferência entre eles. § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária, tenham 60 anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório. O triplo do valor fixado se refere às REQUISIÇÕES DE PEQUENO VALOR (RPV) que no âmbito da União correspondem à 60 salários mínimos, serão pagos no prazo de dois meses, segundo estabelece o art. 535 § 3° II da CF. Os precatórios emitidos até 1 de julho deverão ser pagos até o final do ano seguinte, já os emitidos depois do dia 1 de julho, o pagamento deverá ser realizado até o final do ano subsequente. CONTROLE DE DESPESAS PÚBLICAS CONCEITO Atividade de verificar se os resultados alcançados com a despesa pública correspondem à determinação legal de sua realização, portanto analisa se os resultados estão de acordo com a legalidade. ORIGEM Documentos como a Magna Carta (1215) e outros, como a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). CF art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. ESPÉCIES CONTÁBIL: reporta-se ao exame da contabilidade, segundo a técnica de controle numérico e registro sistemático das verbas arrecadas e despendidas; FINANCEIRA: verificação deentrada e saída de dinheiro. ORÇAMENTÁRIA: aplicação dos recursos conforme as leis orçamentárias, correta execução do orçamento. OPERACIONAL: relacionada à verificação do cumprimento das metas, resultados e eficiência da gestão. PATRIMONIAL: refere-se à própria execução orçamentária. As alterações patrimoniais devem ser objetos de fiscalização permanente para sua preservação e atendimento das finalidades públicas. FORMAS DE CONTROLE LEGALIDADE: requisitos necessários à realização da despesa; LEGITIMIDADE: analisa-se o mérito do ato, no tocante a desvio de finalidade; ECONOMICIDADE: verificação do custo benefício. CLASSIFICAÇÃO LEGAL Lei 4.320/64 art. 75 estabelece três tipos de controle: o da legalidade dos atos; o da fidelidade funcional dos agentes públicos; o do cumprimento do programa de trabalho: LEGALIDADE: os gastos devem estar de acordo com a lei; FIDELIDADE FUNCIONAL: os serviços devem ser prestados de acordo com os princípios. CUMPRIMENTO DE PROGRAMA DE TRABALHO: fazer aquilo que era previsto. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA Quanto ao órgão que exerce o controle: administrativo, legislativo ou judicial. Quanto a localização do controlador: interno, externo e social. Interno: feito pelo administrativo, dentro de sua própria estrutura. Externo: realizado pelo Legislativo e Judiciário, ocorre fora do âmbito do órgão. CF art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: (...) Social: também é um controle externo, realizado pela sociedade, com o advento de leis que permitem maior informação por parte da população, exemplo Lei 12.527/2011 que regula o acesso à informações, Lei Compl. 131/2009 que prevê a disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, tornou-se mais fácil realizar tal controle. DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO – 2020 – 1° BIMESTRE Laís Borri Quanto ao momento em que se efetua o controle: prévio antes, concomitante durante, em caso de descoberta de irregularidade, ocorre a sustação do ato de execução e posterior depois, possível que em tal momento ocorra a responsabilização do gestor caso seja encontrada ilegalidade ou abuso. Quanto a extensão do controle: controle de legalidade e controle de mérito. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. Determina que a responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente. INSTRUMENTOS DE CONTROLE DENÚNCIA AO TCU: A CF garante ao cidadão, partido político, associação ou sindicato, denunciar irregularidade ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. DENÚNCIA À CGU: A Lei 10.683/2003 em seu art. 18 da poderes à Controladoria-Geral da União, no exercício de sua competência, dar o devido andamento às representações ou denúncias fundamentadas que receber, relativas a lesão ou ameaça de lesão ao patrimônio público, velando por seu integral deslinde. AÇÃO POPULAR: instituída na CF art. 5° LXXIII “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”. OUTROS: Controle sobre as aquisições realizadas pelo Governo; impugnação de Editais de Licitação; audiências públicas; participação em conselhos gestores de políticas públicas (Conselho do Fundo da Educação Básica (Fundeb), Conselho de Alimentação Escolar, Conselho Municipal de Saúde, etc. TRIBUNAIS DE CONTAS Órgão constitucional dotado de autonomia administrativa e financeira sem subordinação com os três poderes. É órgão de auxílio e de orientação ao Poder Legislativo (CF, art. 71). Não exerce atividade jurisdicional. Mas julga as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos com eficácia de título executivo: CF art. 71, § 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo (“extrajudicial”). TCU E CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE: Súmula 347 do STF: o Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público. Súmula Vinculante n°3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. TRIBUNAIS DE CONTAS NOS ESTADOS, DF E MUNICÍPIOS RESPONSABILIZAÇÃO FISCAL EM FACE DA LC 101/2000 Geração de despesas (arts. 15 e 16) Antes da criação, expansão e aperfeiçoamento de ações que impliquem aumento de despesa, deve haver: 1. estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes; 2. declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação ao PPA, LDO e LOA. LIMITES PARA DESPESA COM PESSOAL (art. 19): I -União: 50% ; II - Estados: 60%; III- Municípios: 60% . VEDAÇÃO DE CONTRAIR OBRIGAÇÃO EM FIM DE MANDATO: LC 101/2000 Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. REPARTIÇÃO CONSTITUICIONAL DA RECEITA TRIBUTÁRIA O direito tributário trata das normas do fisco com o contribuinte, já o direito financeiro trata das regras que disciplinam o orçamento público, ou seja, as receitas e despesas, controle de finanças, repartição da receita tributária, etc. CARACTERISTICAS FEDERAÇÃO: baseada no princípio federativo, a repartição das receitas tributárias existe para garantir a autonomia financeira dos entes da República, União, Estados e Municípios. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA: fixada na CF, cada ente da federação possui competência tributária para criar tributos. PARTICIPAÇÃO DOS ENTES MENORES: participação na receita obtida pelos entes maiores. Municípios participam da receita dos Estados e da União, os Estados participam da receita da União. Municípios não dividem sua receita, e a União não obtém receita de nenhum dos outros entes. DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO – 2020 – 1° BIMESTRE Laís Borri UNIÃO A União possui maior poder de tributar, na CF art. 153 são instituídos sete impostos que podem ser cobrados, além das CONTRIBUIÇÃO ESPECIAS, art. 149 CF, e dos EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS art. 148 CF. Com a maior arrecadação, é garantido os mecanismos de repartição tributária dos entres menores, desta forma, Estados e Municípios podem obter recursos financeiros para o exercício de suas atribuições constitucionais com autonomia. MUNICÍPIOS A arrecadação municipal advém dos seguintes tributos: IPTU, ISS, ITBI, taxas municipais, contribuições de melhorias e contribuição de iluminação pública. Gera uma arrecadação pequena, insuficiente para as tarefas que o Município deve cumprir, de tal forma, depende da repartição dos entes maiores, como Estado e União. Não repartem sua receita tributária com outros entes, assim existem impostos que não se submetem a repartição da receita tributária, são eles o IPTU, ITBI e o ISS. Portanto as receitas repartidas são necessárias para que cada ente cumpra suas atribuições determinadas pela CF com autonomia. REPARTIÇÃO HORIZONTAL No texto constitucional são previstos 13 impostos, sendo 7 de competência da União, 3 dos Estados e 3 dos Munícipios.O DF possui 6 impostos, pois cumula as competências de Estado e de Município. A CF estabeleceu cinco espécies de tributos: impostos; taxas; contribuições de melhorias; empréstimos compulsórios e contribuições especiais. Tradicionalmente, apenas os impostos estão sujeitos à repartição de receita, porém atualmente existe a repartição da CIDE-Combustíveis, contribuição especial, art. 177 § 4° da CF. INSTITUIÇÃO E COBRANÇA DOS TRIB UTOS IMPOSTOS DA UNIÃO No art. 153 da CF, estão previstos os impostos da União: Imposto de Importação (II); Imposto de Exportação (IE); Imposto de Renda (IR); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Impostos sobre Operação de crédito, câmbio e seguros (IOF); Imposto sobre a propriedade Territorial Rural (ITR) e Imposto sobre as Grandes Fortunas (IGF) sendo que este existe apenas a previsão legal. IMPOSTOS DOS ESTADOS A CF em seu art. 155 institui os impostos estaduais: Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD); Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e prestação de alguns Serviços (ICMS) e Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS O art. 156 da CF prevê a criação de três impostos: Imposto sobre a Propriedade Territorial e predial Urbana (IPTU); Imposto sobre a Transmissão onerosa de Bens Imóveis entre vivos (ITBI) e Imposto sobre os Serviços de qualquer natureza exceto sobre aqueles já alcançados pelo ICMS (ISS/ ISSQN). REPARTIÇÃO DA RECEITA REPARTIÇÃO DIRETA: os recursos são repassados sem intermediários, vai do ente maior para o ente menor, exemplo: IPVA: 50% vai para o município de emplacamento e 50 % vai para o Estado; IOF – OURO: o ouro como joia é taxado com IPI e ICMS, porém quando é usado como ativo financeiro é taxada apenas com o IOF OURO e 30% é do Estado e 70% do Município. REPARTIÇÃO INDIRETA: os recursos primeiro vão para um fundo de participação, para depois serem distribuídos. A CF cria quatro fundos: FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS – recebe 21,5 % do IR e IPI. FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS – recebe 22,5 % do IR e IPI – 1 % do IR e IPI até dezembro e 1% do IR e IPI até julho, percentual criados por emendas constitucionais. FUNDO COMPENSATÓRIO AS EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS: 10% do IPI vai para dos Estados, que repassam 25% aos municípios. FUNDO DE FINANCIAMENTO AO SETOR PRODUTIDO DO NORTE, NORDESTE E CENTRO OESTE: 3% do IR e IPI, atende ao principio da redução das desigualdades regionais. PERTENCEM AOS ESTADOS E DF Divisão estabelecida pela CF no art. 157: I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; (todo o IR retido na fonte dos seus servidores e dos servidores das autarquias e fundações estaduais). II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício da competência que lhe é atribuída pelo art. 154, I. (competência residual da União, de criar impostos novos – 25% dos novos impostos criados pela União). DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO – 2020 – 1° BIMESTRE Laís Borri PERTENCEM AOS MUNICÍPIOS Pertencem aos Municípios, segundo dispõe o art. 158 da CF; I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; (todo o IR retido na fonte de seus servidores). II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III; ( 50% ITR ou art. 153 §4° III 100% se fizerem convenio com a União para cobrança) III - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios; (50% do IPVA relativo aos veículos emplacados no municípios) IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. (25% do ICMS) FUNDOS DE PARTICIPAÇÃO – FUNDOS CONSTITUCIONAIS 49% do IR e IPI Federais serão destinados à formação dos fundos, na seguinte forma: CF Art. 159. A União entregará: I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados, 49% (quarenta e nove por cento), na seguinte forma: a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal; 21,5% FPE b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Municípios; 22,5% FPM, além disso, os municípios tem direito à d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano; 1% até dezembro e) 1% ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do mês de julho de cada ano; 1% até julho c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi- árido do Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer; 3% do IR e IPI Federais para Fundos de Aplicação em Programas de Financiamento ao setor produtivo do Norte, Nordeste e Centro Oeste (Diminuição das desigualdades regionais). Desse percentual ½ deve ser destinado à região do Semiárido. II - do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, dez por cento aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados. 10% do IPI para os Estados e deste percentual 25% serão repassados aos municípios. FUNDOS CONSTITUCIONAIS DE FINANCIMENTO DO NORTE, NORDESTE E CENTRO-OESTE: Fixados na Lei. 7.822/89: 0,6% para Região Norte; 1,8% Região Nordeste e 0,6% do Centro Oeste. FUNCO COMPENSATÓRIO DAS EXPORTAÇÕES: Referente à perda os Estados pela imunidade de ICMS nas exportações: CF art. 155 X Não incidirá (imunidade tributária) a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; Desta forma o ICMS não incide sobre as mercadorias industrializadas e destinadas à exportação Art. 159 A União entregará: II - do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, dez por cento aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados. De tudo que o Estado exporta, a União entrega 10% do IPI para eles. Mas cada Estado ou DF recebe de forma proporcional ao montante das exportações, respeitando o limite de 20% do valor do fundo (art. 159 § 2º A nenhuma unidade federada poderá ser destinada parcela superior a vinte por cento do montante a que se refere o inciso II, devendo o eventual excedente ser distribuído entre os demais participantes, mantido, em relação a esses, o critério de partilha nele estabelecido), a finalidade é equilibrar o valor recebido. Do valor que cada Estado receber, deverá fazer repasse aos Municípios: § 3º Os Estados entregarão aos respectivos Municípios vinte e cinco por cento dos recursos que receberem nos termos do inciso II, observados os critérios estabelecidos no art. 158, parágrafo único, I e II. EMPRÉSTIMO PÚBLICO / CRÉDITO PÚBLICO / DÍVIDA PÚBLICAEmpréstimo, é quando alguém pega um dinheiro “emprestado”, portanto quem tiver “crédito”, ou seja, “confiança”, pegará o empréstimo e terá uma dívida para pagar. Lembra um empréstimo privado. DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO – 2020 – 1° BIMESTRE Laís Borri CONCEITO Contrato administrativo pelo qual o ente público se obriga a pagar na forma estipulado, para tomar dinheiro emprestado, é necessário a confiança de que o Estado será solvente para pagar. Quem empresta dinheiro é prestamista, que recebe os juros por ter emprestado tal valor. Algumas agências internacionais analisam o grau de confiança dos Estados e das Instituições. ASPECTOS HISTÓRICOS O Brasil já nasceu com dívidas: 1823 -1,4 milhões de libras esterlinas (D. Pedro). 1824 – 3 milhões de libras esterlinas. Na República Café com Leite o endividamento só aumentou, em 1898 Campos Salles tentou negociar a dívida com os banqueiros Rotshild. Depois, mais recentemente, vieram o FMI e o Banco Mundial. Atualmente a dívida externa é de U$ 208 bilhões, já a divida interna é da ordem de R$ 4 trilhões. O prazo de dívida média, é de 7,8 anos para dívida federal externa. ASPECTOS Quem pega o dinheiro, terá disponibilidade para gastar, porém ao lado da despesa terá aquela dívida. Gera uma operação da qual decorrem um crédito e um débito. CRÉDITO PÚBLICO: valores que o ente público pega emprestado, crédito por antecipação de receita, ou então, realização de operação de crédito. CRÉDITO TRIBUTÁRIO: obrigação tributária tornada liquida, certa e exigível por meio do lançamento, se não os débitos serão inscritos na dívida ativa. DÍVIDA PÚBLICA: decorrente dos empréstimos públicos que os entes públicos contraem. DÍVIDA ATIVA: créditos tributários que os contribuintes não efetuaram o pagamento, e serão objeto de execução fiscal. NATUREZA É um contrato público, bilateral (duas partes), oneroso (pagamento de juros), cumulativo (obrigações recíprocas) e formal. Depende de autorização legislativa (art. 52 CF – Competência do Senado). O empréstimo público é diferente do empréstimo compulsório, o compulsório é um tributo previsto no art. 148 da CF. O empréstimo público é equiparado à confissão de dívida (LRF art.29). Já foi considerado um ato de soberania. CLASSIFICAÇÃO LOCAL DO PAGAMENTO: interna ou externa, pagamento em moeda nacional ou estrangeira. PRAZO DE DURAÇÃO: dívida de curto prazo – dívida flutuante – paga em período inferior à 1 exercício. Ex: créditos por antecipação de receita. Finalidade: suprir deficiência de caixa e deve ser resgatada a curto prazo. Dívida consolidada/fundada: longo prazo, superior à 12 meses. Finalidade: investimentos, chamados despesas de capital (LRF art. 29) Correspondem a operações de emissão no mercado, são os títulos do tesouro nacional, exemplo: Letras do Tesouro Nacional, Notas do Tesouro Nacional e Tesouro Direto. RESULTADO PRIMÁRIO Diferença entre as receitas e despesas do governo, excluindo-se da conta as receitas e despesas com juros. Caso a diferença seja positiva teremos superávit primário. Em caso de diferença negativa déficit primário. No Brasil estamos em déficit desde 2015. REGRA DE OURO Vedação de que os ingressos financeiros oriundos do endividamento (operações de crédito) sejam superiores às despesas de capital (investimentos, inversões financeiras e amortização de dívida). CONSEQUÊNCIAS A dívida em si; em décadas passadas o Brasil já foi obrigado a seguir a Cartilha do FMI, pois tinha muitas dívidas com essa instituição; solidariedade intergeracional, um país que toma uma dívida está sobrecarregando as próximas gerações, que deverão arcar com os benefícios usufruídos por uma geração passada. ORÇAMENTO PÚBLICO CONCEITO No passado foi considerado uma peça que contem a estimativa da receita e a previsão do gasto. Atualmente é visto como peça dinâmica, que permite além da estimativa das receitas e previsão dos gastos, o controle do desempenho das ações públicas e das ações politicas que se relacionam ao orçamento. É um instrumento de controle das ações dos governos. NATUREZA Ato administrativo de efeitos concretos sob a forma de lei, as chamadas leis orçamentárias, são leis em sentido formal. DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO – 2020 – 1° BIMESTRE Laís Borri CICLO ORÇAMENTÁRIO São os atos que compõem a elaboração, aprovação, execução e controle do projeto, sua execução corresponde ao período do exercício financeiro. PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA As propostas e planejamento são de iniciativa privativa do chefe do executivo, e a apreciação e aprovação são exclusivas do poder executivo. CF, Art. 165 § 5º - A lei orçamentária anual compreenderá: I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; (controladas) III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. O referido artigo prevê que existem três principais leis orçamentárias e ainda a possibilidade de serem criadas leis para a abertura de créditos adicionais. As leis principais são PPA, LDO e LOA, de criação obrigatória, já os créditos adicionais podem ser abertos de forma facultativa. ELABORAÇÃO DA PROPOSTA A elaboração da proposta é de competência privativa do chefe do executivo. PLANO PLURIANUAL CF Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; CONCEITO: planejamento das ações e dos gastos públicos, trata-se de peça dinâmica, planejamento de médio prazo. Permite de haja encadeamento entre os mandatos. DOM: Art. 165 § 1º diretrizes: orientações gerais objetivos: o que se pretende alcançar (ex. reduzir o analfabetismo, aumentar o saneamento) metas: quantificação dos objetivos: (ex. construir 500 escolas). § 1º - despesas de capital - programas de duração continuada. O PPA condiciona todos os planos e programas de governo, inclusive aqueles de duração maior que quatro anos INICIATIVA: privativa e vinculada do Chefe do Executivo. VIGÊNCIA: período de 4 anos, com início no 2º ano do mandato do presidente até o fim do 1º ano do mandato subsequente. (Art. 35 ADCT) PRAZO para envio: 31 de agosto, quatro meses antes do encerramento do exercício do primeiro ano do mandato e o projeto tem que ser devolução até o encerramento da seção legislativa 22 de dezembro. LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO) CF, Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: II - as diretrizes orçamentárias; § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento FINALIDADE: definir as metas e as prioridades da administração para o próximo exercício. VALIDADE: 1 ano. FUNÇÕES: trazer as metas e as prioridades da administração para as despesas de capital, investimentos, inversões financeiras e transferência de capital, além de nortear a elaboração da LOA, e constar as alterações na legislação tributária. Fixa a política de aplicação das agências financeiras de fomento, incentivos e repasses por meio das instituições de fomento, ex: BNDS. Harmonia entre PPA e a LOA Inovação da CF/88 VIGÊNCIA: 01 ano, orientando a LOA. PRAZO: para envio 15/abril e para devolução (art. 57 CF): 17/jul, antes do recesso, pois em caso de não devolução, o Congresso não poderá entrarem recesso. RELAÇÃO DA LDO COM A LRF (LC 101/2000) LRF esclareceu a LDO art. 4º da LRF - equilíbrio entre receitas e despesas; - critérios e forma de limitação de empenho; - normas relativas ao controle de custos e sobre a avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos; - demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas; LDO CONTÉM: - Anexo de Metas Fiscais DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO – 2020 – 1° BIMESTRE Laís Borri -Anexo de Riscos Fiscais Anexo de Metas Fiscais - integra a LDO - fixa metas anuais para o exercício e os 2 seguintes -evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios -avaliação da situação financeira e atuarial: dos regimes geral e próprio, do FAT e dos demais fundos públicos -demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita. LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL Na União, a LOA é composta de 3 suborçamentos: CF, Art. 165 § 5º - A lei orçamentária anual compreenderá: I - o orçamento fiscal; II - o orçamento de investimento; III - o orçamento da seguridade social. LRF art. 5º: O projeto de LOA deverá ser compatível com o PPA, com a LDO, e com a Lei de Responsabilidade Fiscal: I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas do Anexo de Metas Fiscais; II - será acompanhado: - demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. - medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado; III - conterá reserva de contingência - é uma dotação global (exceção ao p. da especificidade). Ainda de acordo com o citado artigo 5º: § 4° É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada (seria como dar um cheque em branco para o administrador). FUNÇÕES DO ORÇAMENTO Política fiscal dos governos para serem adotadas. ESTABILIZADORA - manutenção da estabilidade econômica: controle da inflação, desenvolvimento econômico, combate ao desemprego DISTRIBUTIVA - distribuição de renda, justiça social, art. 3° da CF. ALOCATIVA - ajustes na alocação dos recursos: corrigindo situações em que o mercado falha. Ex.: criação de estatal em caso de não haver interesse da iniciativa privada, licitação deserta. PROCESSO LEGISLATIVO Para a elaboração das leis orçamentárias. INICIATIVA: Chefe do Executivo CF, Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de LDO e as propostas de orçamento (LOA e créditos adicionais). OMISSÃO: caso não envie a proposta, crime de responsabilidade, presidente e governador Lei 1.079-50, prefeito Dec-lei 201-67. APRECIAÇÃO da proposta orçamentária cabe ao Poder Legislativo LIMITAÇÃO TEMPORAL possuem prazos próprios, estabelecidos no ADCT art. 35 § 2°; RESTRIÇÕES À REJEIÇÃO; RESTRIÇÕES ÀS EMENDAS. APRECIAÇÃO CONJUNTA, feita pela Câmara e Senado, cabendo a comissão mista permanente analisar preliminarmente os projetos de leis orçamentárias. Apreciação da proposta orçamentária para: Créditos extraordinários Após EC 32-2001, é vedado expedir Medida Provisória para tratar de matéria de direito financeiro, PPA, LDO, LOA, E Créditos suplementares e especiais. Exceção com relação aos créditos extraordinários, utilizados me caso de calamidade pública, devem ser abertos por MP (167, §3º), no âmbito federal. No âmbito dos Estados, se cada constituição estadual trouxer a previsão de Medida Provisória para o Governador, a abertura dos créditos extraordinários será por MP, se não, será por Decreto. No âmbito Municipal serão abertos por Decreto do chefe do executivo. COMISSÃO MISTA PERMANENTE é formada pela Câmara e pelo Senado, se aprovado, segue para a CCJ, e finalmente vai para o plenário de cada casa, a apreciação é conjunta, mas a contagem de votos é feita separadamente. POSSIBILIDADES DE ALTERAÇÃO 1) créditos adicionais: devem ser compatíveis com o PPA e LDO, além de indicar os recursos, admitidos apenas anulação de despesa. Ex: ao invés de construir um estádio de futebol, será feito um hospital. 2) emenda de correção; 3) emendas de redação. DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO – 2020 – 1° BIMESTRE Laís Borri EXECUTIVO NÃO ENVIA A PROPOSTA DE LEI ORÇAMENTÁRIA Lei 4.320 Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente. REJEIÇÃO DAS LEIS ORÇAMENTÁRIAS PPA ADCT, art. 35 § 2º I - o projeto do PPA ... será devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa; II - o projeto de LDO será ... devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa; SANÇÃO: CF, Art. 57 § 2º - A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. Os projetos devem ser aprovado, quando não acontecer, deve ser devolvidos, já que são planejamentos e não lei em sentido material. LOA CF, art. 166 § 8º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa. Em caso de não devolução das leis orçamentárias, não há previsão legal para resolver a questão, a solução está na LDO, que determina o gasto de 1/12 do que estava previsto no projeto. Lei 13.898/2019 Art. 61. Se o Projeto de Lei Orçamentária de 2020 não for sancionado pelo Presidente da República até 31 de dezembro de 2019, a programação dele constante poderá ser executada para o atendimento de: POSSIBILIDADE DE CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE Até 2003 não cabia o controle de constitucionalidade da lei orçamentária anual por meio de ADI ou ADCT O controle difuso sempre foi possível. Exemplo: Lei de Diretrizes orçamentárias. Vinculação de percentuais a programas. Previsão de inclusão obrigatória de investimentos não executados do orçamento anterior no novo. Efeitos concretos. Não se conhece de ação quando a lei desta natureza. Salvo quando estabelecer norma geral e abstrata. Ação não conhecida. (ADI 2100/RS, julg. 17/12/1999, Publicada 01/06/2001) Posteriormente a jurisprudência foi mudando, como ocorreu em 2013. Exemplo: CIDE Combustíveis - ADI 2925 É inconstitucional interpretação da Lei Orçamentária nº 10.640, de 14 de janeiro de 2003, que implique abertura de crédito suplementar em rubrica estranha à destinação do que arrecadado a partir do disposto no § 4º do artigo 177 da Constituição Federal, ante a natureza exaustiva das alíneas "a", "b" e "c" do inciso II do citado parágrafo. ADIs 4048 e 4049 II. CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS ORÇAMENTÁRIAS. REVISÃO DE JURISPRUDÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal deve exercer sua função precípua de fiscalização da constitucionalidade das leis e dos atos normativos quando houver um tema ou uma controvérsia constitucional suscitada em abstrato, independente do caráter geral ou específico, concreto ou abstrato de seu objeto. Possibilidade de submissão das normas orçamentárias ao controle abstrato de constitucionalidade. (ADI 4048) CRÉDITOS ADICIONAIS Lei 4.320: Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento. Espécies: Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em: I-suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária, ex: terminar a obra; II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica,ex: qualquer obra que não foi prevista no orçamento; III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública. Apenas os extraordinários podem ser abertos por MP ou decretos, os suplementares e especiais dependem de autorização legislativa. Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos disponíveis (...) § 1º Consideram-se recursos para o fim deste artigo, desde que não comprometidos: I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior; II - os provenientes de excesso de arrecadação; III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais, autorizados em Lei; IV - o produto de operações de credito autorizadas, em forma que juridicamente possibilite ao poder executivo realizá-las. FORMA DE ABERTURA: CF, Art. 165. § 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO – 2020 – 1° BIMESTRE Laís Borri contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.
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