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Universidade Paulista – UNIP Atividade Práticas Supervisionadas Anemia Falciforme Campinas, Maio 2015. Universidade Paulista – UNIP Atividade Práticas Supervisionadas Anemia Falciforme Ademar Belusso Júnior – C200DF-3 Alessandra Arrivabene Neumann – B99IGH-7 André Ricardo Hein – B788119 Débora Ellen de Souza – C188jf7 Grasiela Cristina Leobino Franco – C245771 Karla Souza de Alencar – C3633e8 Mariana Beatriz Alves – C177fa5 Natalia de Souza Castro – C02ceg7 Natália Pasqualeti – C1644F-0 Rayssa Gabrielli Camargo – C11BDH-0 Patrícia Borin – C3005H-5 Sabrina Maia – C032eb8 Viviane Camargo Gratti – T115CD-7 Trabalho apresentado à disciplina de Bioquímica, respectivo do curso de Farmácia noturno. Sob orientação da Prof. Graziela Stoppa. Campinas, Maio 2015. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 7 1. O que é Anemia? .......................................................................................................................... 7 2. A Anemia Falciforme .................................................................................................................... 8 3. Histórico da Patologia .................................................................................................................. 9 3.1 Distribuição do Gene Hbs .................................................................................................. 10 4. Transmissão da Doença............................................................................................................ 11 5. Traço Falciforme ......................................................................................................................... 11 6. Herança Genética ....................................................................................................................... 11 7. Diagnóstico Laboratorial ............................................................................................................ 12 7.1 Diagnóstico laboratorial após o 6º mês de vida .......................................................... 18 8. Sintomas ...................................................................................................................................... 20 9. Cuidados para quem possui Anemia Falciforme ................................................................... 21 10. Opções de Tratamento .......................................................................................................... 21 11. Tempo de Vida ........................................................................................................................ 22 12. A importância de conhecer a Doença ................................................................................. 22 CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 23 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................... 24 Lista de Figuras Figura 1 – Exemplo do glóbulo deformado. ............................................................................ 8 Figura 2 – Destaque da Imigração. ...................................................................................... 10 Figura 3 - Eletroforese em pH alcalino (acetato de celulose) e pH ácido (ágar citrato. ......... 14 Figura 4 - Visão parcial de gel de IEF com várias corridas eletroforéticas. .......................... 15 Figura 5 - Cromatograma de amostra normal de recém-nascido (HPLC). ......................... 15 file:///C:/Users/a4m0/Desktop/APS%20-%20ANEMIA%20FALCIFORME.docx%23_Toc420396873 Lista de Tabelas Tabela 1 - Concentração normal das hemoglobinas no recém-nascido e adultos. ... 12 Tabela 2 - Resultados dos Testes de Triagem Neonatal para Doença Falciforme. .. 16 Tabela 3 - Hematológicos nas hemoglobinopatias após o 6º mês de vida................ 19 RESUMO A anemia falciforme é uma doença genética e hereditária que se manifesta quando o indivíduo recebe, de ambos os pais, o gene alterado. Com o presente estudo, visamos esclarecer informações da característica da doença, sua herança, desenvolvimento e diagnostico, seu tratamento e abordaremos outros assuntos correlacionados com a patologia esclarecendo dúvidas frequentes presentes na sociedade. 7 INTRODUÇÃO A anemia falciforme é uma doença crônica, degenerativa, auto incapacitante e ainda não tem cura. É hereditária (passada dos pais para os filhos), portanto, não é contagiosa. É caracteriza por uma alteração na estrutura dos glóbulos vermelhos no sangue. Esta mudança morfológica faz com que a hemácia se torne rígida e adquira forma de foice, o que culmina com a diminuição da flexibilidade peculiar a ela, dificultando assim sua passagem nos capilares sanguíneos. O objetivo deste estudo é obter conhecimento detalhado sobre a anemia falciforme, explicando seu conceito, forma de transmissão, causas e sintomas, tratamento, recomendações, traço falciforme, entre outros como a importância de sabermos lidar com a doença e de como os portadores pode ter uma qualidade de vida. 1. O que é Anemia? Anemia é uma doença na qual a capacidade do sangue de transportar oxigênio para todo o organismo é reduzido essa capacidade alterada é chamada de hipóxia e ocorre pela redução da hemoglobina que é uma das principais células proteicas do sistema sanguíneo e é responsável pelo transporte do oxigênio pelo corpo através do sangue, desta forma a anemia também resulta na falta de nutrientes essenciais para o corpo humano como por exemplo: Ferro, Zinco, Vitamina B12 e outras mais. Porem a anemia causada por deficiência do Ferro chama-se Anemia Ferropriva que é um dos tipos de anemia mais comum em todo o mundo, além da Ferropriva existe a Anemia Falciforme que é uma doença genética. A Anemia Falciforme é caracterizada dela deficiência da Hemoglobina que perdem sua forma arredondada e fica em forma de Foice, esta deficiência da hemoglobina ocorre simplesmente pela mutação genética do indivíduo que carrega a doença. http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome http://pt.wikipedia.org/wiki/Sangue http://pt.wikipedia.org/wiki/Oxig%C3%AAnio 8 2. A Anemia Falciforme A Anemia Falciforme é uma doença hereditária que acomete em sua maioria em pessoas da raça negra, provavelmente por ter se desenvolvido a milhões de anos atrás na África. A anemia falciforme é causada por anormalidade de hemoglobina dos glóbulos vermelhos do sangue, responsáveis pela retirada do oxigênio dos pulmões, transportando-o para os tecidos. Esses glóbulos vermelhos perdem a forma discoide, enrijecem-se e deformam-se, tomando a forma de “FOICE”. Os glóbulos deformados, alongados, nem sempre conseguem passar através de pequenos vasos, bloqueando- os e impedindo a circulação do sangue nas áreas ao redor. Como resultado causa dano ao tecido circunvizinho e provoca dor. Figura 1 – Exemplo do glóbulo deformado. Ainda segundo Silva, a anemia falciforme apresenta quadros associados de outras patologias, são elas: anemia hemolítica (agravamento da anemia falciforme decorrente de insuficiência medular geralmente associado a infecções); crises álgicas (ocasionadas pela obstrução do fluxo sanguíneo pelas hemácias doentes e podem desencadear: hipóxia, febre, acidose,desidratação, menstruação e apneia do sono. Eventualmente os pacientes relatam como fator desencadeante ansiedade, depressão e exaustão física); infecções (os sítios mais comuns de infecção são pulmões, o trato urinário, sistema nervoso central, ossos e articulações); síndrome torácica aguda (quadro caracterizado por um infiltrado pulmonar, somado a vários graus de dor torácica, dispnéia, hipoxemia, febre de prostração). 9 Manifestações cardiovasculares (comprometimento cardíaco e seus efeitos sobre a dinâmica cardiovascular além de alterações peculiares à hemoglobinopatia S, causando trombose arteriolar coronariana e suas consequências); manifestações neurológicas (são lesões no SNC dependem basicamente da obstrução vascular. As anormalidades mais comumente encontradas são estreitamento ou oclusão completa da artéria e/(ou cerebral média); lesões de ossos e articulações (ossos e articulações são frequentemente lesados na anemia falciforme sendo os locais de maior dor durante as crises vaso oclusivas. Além disso, é comum a hiperplasia da medula óssea que pode causar deformidades ósseas); manifestações renais (Há indícios de que as hemácias mais afetadas com a anemia são frequentemente as dos rins do que em qualquer outro órgão. Os pacientes apresentam débito urinário bastante elevado, que leva a uma maior susceptibilidade a desidratação e consequente mente a crise vaso- oclusivas); fígado e vesícula biliar (Como a destruição contínua de hemácias leva a um aumento da produção de bilirrubina, os níveis séricos de bilirrubina total são elevados na anemia falciforme, como na maioria das doenças hemolíticas. O sequestro de hemácias pelo fígado e a consequente disfunção hepatocelular leva a uma diminuição da excreção de bilirrubina, contribuindo ainda mais para esses níveis elevados e desenvolvem colelitíase); priapismo (ocorre com relativa frequência, devido a baixa tensão de oxigênio e estase pela congestão do pênis em ereção, o que cria condições para trombose e oclusão vascular, podendo deixar sequelas orgânicas e causar impotência); manifestações oculares (potencial para causar complicações oftalmológicas importantes, que podem afetar significativamente a visão desses pacientes); úlcera de membros inferiores (as úlceras na doença falciforme geralmente se iniciam como pequenas lesões elevadas e crostas no terço inferior da perna, acima do calcâneo e ao redor dos maléolos. Podem ser únicas ou múltiplas). 3. Histórico da Patologia A alteração genética que determina a doença Anemia Falciforme é decorrente de uma mutação dos genes ocorrida há milhares de anos, predominantemente, no continente africano onde houve três mutações independentes, atingindo os povos do grupo linguístico Bantu e os grupos étnicos Benin e Senegal. 10 Vários pesquisadores associam a mutação genética como resposta do organismo à agressão sobre os glóbulos vermelhos pelo Plasmodiunfalciparum, agente etiológico da malária. Esta hipótese é sustentada sob dois pontos de vista: milenarmente, a prevalência da malária é alta nestas regiões, e o fato dos portadores do traço falciforme terem adquirido certa resistência a essa doença. As pessoas com Anemia Falciforme não são resistentes a malária. Estudiosos de antropologia genética estimam que o tempo decorrido para que esta mutação se concretizasse foi de 70.000 a 150.000 anos passados, ou seja, 3.000 a 6.000 gerações. Nas regiões da África, onde se deram as mutações, o gene HbS pode ser encontrado na população, em geral, em uma prevalência que varia de 30 a 40%. O fenômeno de mutação do gene HbS também ocorreu na península árabe, centro da Índia e norte da Grécia. 3.1 Distribuição do Gene Hbs Figura 2 – Destaque da Imigração. Com a emigração compulsiva dos povos africanos e pelos processos recentes de emigração da África, o gene foi difundido a todos os continentes, constituindo-se, naturalidade, a doença genética prevalente de caráter mundial. 11 4. Transmissão da Doença A anemia falciforme é a doença hereditária mais comum no mundo e no nosso país. Todas as características do nosso corpo são feitas por informações que recebemos dos nossos pais por meio dos genes, que vêm no espermatozoide do pai e no óvulo da mãe. Os genes determinam, nas pessoas, a cor dos olhos, dos cabelos, da pele, a altura, etc. Com a hemoglobina não é diferente. Se uma pessoa receber, do pai, um gene com mutação para produzir a hemoglobina S e, da mãe, outro gene com a mesma característica, tal pessoa nascerá com um par de genes com a mutação e, assim, terá anemia falciforme 5. Traço Falciforme Se uma pessoa receber somente um gene com a mutação, seja do pai ou da mãe, e o outro gene sem a mutação, ela nascerá somente com o traço falciforme. O portador de traço falciforme não possui doença e não precisa de tratamento especializado. Ele deve ser bem informado sobre isso e saber que, se tiver filhos com outro portador de traço falciforme, poderá gerar uma criança com anemia falciforme, somente com o traço ou gerar uma criança normal. 6. Herança Genética Os tipos de hemoglobina que uma pessoa traz nas células vermelhas do sangue depende de que genes de hemoglobina são herdadas dos pais. Se um dos pais tem anemia falciforme (SS) e o outro tem traço falciforme (AS), existe uma possibilidade de 50% de uma criança com a doença das células falciformes (SS) e de uma possibilidade de 50% de foice tendo uma criança células-traço (AS). Quando ambos os pais têm traço falciforme (AS), uma criança tem uma probabilidade de 25% (1 de 4) de anemia falciforme (SS). 12 7. Diagnóstico Laboratorial O diagnóstico das hemoglobinopatias é complexo e envolve uma análise que deve considerar, além dos dados clínicos e herança genética, vários fatores como idade da criança por ocasião da coleta, tempo de estocagem e condições de armazenamento da amostra (desnaturação da hemoglobina), entre outras. É conveniente que o laboratório tenha um consultor especializado na área, para auxiliar no esclarecimento dos casos mais complicados. A tabela 1 mostra as concentrações esperadas para as hemoglobinas no recém-nascido normal e para a criança após o sexto mês de vida (perfil hemoglobínico do adulto). Tabela 1 - Concentração normal das hemoglobinas no recém-nascido e adultos. Em recém-nascidos com hemoglobinopatias, principalmente aqueles que envolvem a cadeia beta da globina, os testes de triagem só encontrarão traços da hemoglobina variante, sendo o perfil hemoglobínico característico obtido somente após o sexto mês de vida. Daí a importância da repetição dos exames até o final do primeiro ano de vida. Isto se deve ao fato de que, após os primeiros meses de vida, com o aumento da produção das cadeias beta e com a diminuição correspondente da síntese das cadeias gama, ocorre uma diminuição da concentração da hemoglobina fetal e, no caso de indivíduos normais, um aumento correspondente da concentração da hemoglobina A. Nas hemoglobinopatias, a substituição da hemoglobina F se faz a partir do código genético herdado. 13 Na doença falciforme a Hb S passa a predominar sobre a Hb F e, assim, emergem as manifestações clínicas. Diagnóstico laboratorial em neonatos. O diagnóstico laboratorial da doença falciforme baseia-se na detecção da hemoglobina S e deve seguir as normas estabelecidas no PNTN (Portaria do Ministério da Saúde nº 822/01). Os métodos utilizados identificam, além da doença falciforme, outras hemoglobinopatias, bem como as crianças heterozigotas (portadoras de traço para hemoglobinopatias). O recém-nascido com doença falciforme é, geralmente, assintomático devido ao efeito protetor da hemoglobina fetal, que, neste período da vida, representa cerca de 80% do total da hemoglobina. Por este motivo, ostestes de falcização (pesquisa de drepanócitos) e os testes de solubilidade não se aplicam durante os primeiros meses de vida. Os testes usados em triagem populacional devem ser sensíveis e apresentar boa relação custo-benefício. Resultados falso-positivos são aceitáveis se todos os casos positivos ou suspeitos forem retestados por outro método. Daí a importância do emprego de duas técnicas diferentes para a determinação do perfil hemoglobínico na primeira amostra da triagem. Inicialmente, os programas de triagem utilizavam dois procedimentos eletroforéticos associados: a eletroforese em acetato de celulose e pH alcalino seguida da eletroforese em ágar citrato em pH ácido (Figura 1).7 A primeira técnica diferenciadas hemoglobinas A da F e das variantes mais frequentes, como as hemoglobinas S e C, mas é incapaz de distinguir as hemoglobinas A2 da C, O e E, bem como as hemoglobinas S da D ou da G devendo, portanto, ser confirmada pela eletroforese em ágar citrato em pH ácido. A associação dessas técnicas não constitui o melhor procedimento para triagem neonatal populacional, pois, além de mais trabalhosa para realização em larga escala, apresenta menor sensibilidade e especificidade para o diagnóstico neonatal. Atualmente, a maioria dos programas de triagem neonatal substituiu os métodos convencionais pela eletroforese por focalização isoelétrica (Figura 2) ou pela cromatografia líquida de alta resolução (HPLC) (Figura 3). Qualquer uma dessas técnicas pode ser utilizada de forma isolada para a triagem inicial pois constituem métodos de elevada precisão, devendo todo resultado positivo ser repetido em mesma amostra para confirmação. Todos os casos que apresentarem padrão inconclusivo ou duvidoso pela técnica de escolha deverão ser reavaliados por outro método visando aumentar a sensibilidade e a especificidade. Portanto, o ideal é que todo laboratório de triagem 14 trabalhe com os dois métodos, sendo um o de uso rotineiro e o outro para complementação. Nestes casos, as duas técnicas utilizadas deverão ser reportadas no laudo com os resultados. Para realização desses testes são utilizadas amostras coletadas de sangue fresco de cordão umbilical ou amostras sangue seco em papel- filtro, coletadas do calcanhar do recém-nascido, seguindo os critérios já estabelecidos para a triagem neonatal das demais doenças triadas na fase I do PNTN. Esses métodos de triagem apresentam excelente sensibilidade e especificidade, podendo, no entanto, estar presentes fatores que interferem com o resultado, tais como prematuridade extrema, transfusão sanguínea anteriormente à coleta de sangue, troca de amostras, erros de identificação ou na digitação de resultados etc. As amostras para os testes de triagem devem ser coletadas sempre antes de qualquer transfusão sanguínea e sempre deve ser questionada a realização de transfusão intra- uterina. Essas informações facilitam a interpretação dos resultados e, diante da ocorrência de transfusão prévia, uma nova amostra deve ser solicitada três meses após a transfusão. A hemoglobina normal do adulto é denominada hemoglobina A (Hb A) e a hemoglobina normal do feto é designada hemoglobina fetal (Hb F). Existem mais de 700 hemoglobinas variantes descritas, sendo muitas delas detectadas pelos testes de triagem. Figura 3 - Eletroforese em pH alcalino (acetato de celulose) e pH ácido (ágar citrato. 15 Figura 4 - Visão parcial de gel de IEF com várias corridas eletroforéticas. Não apresenta consequências clínicas, mas algumas podem determinar anemia ou outros problemas mesmo em heterozigose. As hemoglobinas identificadas pelos testes são relatadas em ordem crescente de sua concentração. Assim, a representação do perfil hemoglobínico do RN normal é Hb FA, por ser a concentração da hemoglobina fetal (Hb F) superior á da hemoglobina normal do adulto (Hb A). Ao nascimento, as crianças com hemoglobinopatias, ou as portadoras de traço, também apresentam predomínio da Hb F. Na doença falciforme teremos as seguintes possibilidades fenotípicas de acordo com a herança genética: Figura 5 - Cromatograma de amostra normal de recém-nascido (HPLC). 16 Hb FS (presença de S e ausência de A); Hb FSC ou FSD – Punjab, etc (presença de S com outra variante hemoglobínica, na ausência de A); Hb FSA (presença de S em maior concentração que A). Além da hemoglobina S, outras variantes hemoglobínicas podem ser detectadas pelos testes de triagem, sendo as mais comuns as hemoglobinas C, D, E, J e G. A maioria das crianças FS apresenta a doença falciforme na sua forma homozigótica (anemia falciforme), mas outras situações como a S/β0 talassemia e a S/β+ talassemia (principalmente em prematuros quando a concentração de Hb A ainda pode estar abaixo do limite de detecção do método) e S/PHHF (Persistência Hereditária de Hemoglobina Fetal) também podem apresentar esse achado nos testes de triagem. Pode ocorrer, também, co-herança com a α-talassemia. Tabela 2 - Resultados dos Testes de Triagem Neonatal para Doença Falciforme. FS Anemia Falciforme SS Hemólise e anemia moderada a grave 6-12 meses FS S/ ß0 talassemia Hemólise e anemia moderada a grave 6-12 meses FS S/PHHF Ausência de hemólise ou anemia FSA ou FS (se A abaixo do limite de detecção do método) S/ ß+ talassemia Anemia discreta 2 anos FSC Hemoglobinopatia SC Anemia discreta ou ausente 2 anos FSD-Punjab Hemoglobinopatia SD Anemia discreta a moderada 2 anos 17 A confirmatória deve ser analisada após o sexto mês de vida. Um protocolo de acompanhamento incluindo medidas profiláticas e educativas deve ser então instituído. Os testes de falcização (pesquisa de drepanócitos) e de solubilidade são inadequados para o recém-nascido por levarem a resultados falsos-negativos devido aos altos níveis de hemoglobina fetal e aos baixos níveis da hemoglobina S presentes nesta ocasião. Outros exames como hemograma, reticulócitos, estudo familiar (estudo do sangue dos pais) são úteis na diferenciação diagnóstica. Em alguns casos é necessária a utilização de técnicas de biologia molecular. Convém lembrar que o exame do sangue dos pais poderá gerar situações de exclusão de paternidade e, muito raramente, até de maternidade. Por isso, deve ser solicitado somente após esclarecimento deste fato à mãe e, preferencialmente, com termo de consentimento assinado. O encontro exclusivo de Hb F no exame de triagem pode ocorrer em crianças normais cuja hemoglobina A ainda não se manifestou devido à prematuridade, bem como em crianças com beta talassemia major ou outra forma de talassemia. Nesses casos, afastada a prematuridade, deve ser realizado o encaminhamento médico. Os métodos de triagem não permitem a detecção de crianças com beta talassemiaminor ou intermédia. A hemoglobinopatia C homozigótica (Hb FC) ou em interação com a beta talassemia (Hb FCA) pode ser seguramente identificada na triagem neonatal tanto pela IEF quanto pelo HPLC. Quanto às hemoglobinas D, o método de IEF apresenta maior especificidade para os diferentes tipos de Hb D, sendo o HPLC mais limitado nessa identificação, permitindo uma separação cromatográfica segura apenas da Hb D-Punjab. Nesses casos é muito importante a associação de ambos os métodos. A hemoglobina E é pouco freqüente no nosso meio e o método de IEF permite uma identificação mais segura que o HPLC. Apesar de ambos os métodos poderem detectar a hemoglobina Bart's (γ4), um estudo comparativo utilizando técnicas moleculares ainda não foi realizado para uma padronização segura do diagnóstico das α-talassemias. Até que isto ocorra, os casos com elevadas concentrações de HbBart's e compatíveis com formas graves de α-talassemia, como a doença da hemoglobina H, devem ser relatadas e encaminhadas para consulta médica. 18 7.1 Diagnóstico laboratorialapós o 6º mês de vida Como já abordado, os recém-nascidos diagnosticados à triagem neonatal como prováveis doentes falciformes devem ser reavaliados laboratorialmente após o 6º mês de vida, e o estudo familiar deve complementar esta avaliação. Um teste simples como a pesquisa de drepanócitos, embora incapaz de diferenciar os vários genótipos, pode confirmar a presença da Hb S. A repetição da eletroforese confirma o perfil hemoglobínico num melhor momento, ocasião em que se aproxima do perfil do adulto. Nas interações com S/β0talassemia e S/β+ talassemia, a quantificação das hemoglobinas A2 e fetal é fundamental para o diagnóstico diferencial com a anemia falciforme, juntamente com a clínica e o estudo familiar. Desta forma podemos considerar que, para os pacientes que não foram submetidos à triagem neonatal e para diagnóstico diferencial entre as diferentes formas de doença falciforme, além dos sinais e sintomas clínicos, os seguintes exames podem ser utilizados: Eletroforese em pH alcalino em acetato de celulose; Eletroforese em pH ácido em ágar citrato ou gel de agarose; IEF; HPLC (kit beta tal); Pesquisa de drepanócitos e/ou teste de solubilidade; Dosagem da hemoglobina fetal pela técnica de desnaturação alcalina ou por HPLC (kit beta tal); Dosagem de hemoglobina A2 por microcromatografia em coluna ou por HPLC (kit beta tal); Hemograma completo (hematoscopia, VCM) e reticuló citos; Estudo do sangue dos pais (estudo familiar). A tabela 3 apresenta as principais características laboratoriais de diferentes tipos de doença falciforme e do traço falciforme após o 6º mês de vida. 19 Tabela 3 - Hematológicos nas hemoglobinopatias após o 6º mês de vida. Diagnóstic o Gravidade clínica Hb (g/dl) média (variaçã o) VCM (fl) média (variaçã o) Reticulócit o (%) média (variação) Morfologia eritrocitária Eletrofores e Hb (%) SS Moderada a grave 7,5 (6,0-9,0) 93 (80-100) 11,0 (4,0-30,0) Drepanócito s (+++) Alvo (+) Eritroblastos (++) S: 80-90 F: 2-15 A2: <3,5 SC Leve a moderada 11,0 (9,0- 14,0) 80 (75-90) 3,0 (1,0-6,0) Drepanócito s (+) Alvo (++) S: 45-55 C: 45-55 F: 0,2-7 S/ß+ tal Leve a moderada 11,0 (8,0- 13,0) 73 (65-78) 3,0 (1,0-6,0) Hipocromia (++) Microcitose (+) Drepanócito s (0/+) Alvo (++) S: 55-75 A: 15-30 F: 1-20 A2 > 3,5 S/ß0 tal Moderada a grave 8,0 (7,0- 10,0) 69 (64-74) 8,0 (3,0-18,0) Hipocromia (+++) Microcitose (++) Drepanócito s (0/+) Alvo (++) S: 60-85 F: 13-35 A2 > 3,5 AS Assintomáti co Normal Normal Normal Normal A: 55-60 S: 38-45 A2 até 3,5 20 8. Sintomas A anemia falciforme pode se manifestar de forma diferente em cada indivíduo. Uns têm apenas alguns sintomas leves, outros apresentam um ou mais sinais. Os sintomas geralmente aparecem na segunda metade do primeiro ano de vida da criança. Crise de dor: é o sintoma mais frequente da doença falciforme causado pela obstrução de pequenos vasos sanguíneos pelos glóbulos vermelhos em forma de foice. A dor é mais frequente nos ossos e nas articulações, podendo, porém, atingir qualquer parte do corpo. Essas crises têm duração variável e podem ocorrer várias vezes ao ano. Geralmente são associadas ao tempo frio, infecções, período pré-menstrual, problemas emocionais, gravidez ou desidratação; Icterícia (cor amarela nos olhos e pele): é o sinal mais frequente da doença. O quadro não é contagioso e não deve ser confundido com hepatite. Quando o glóbulo vermelho se rompe, aparece um pigmento amarelo no sangue que se chama bilirrubina, fazendo com que o branco dos olhos e a pele fiquem amarelos; Infecções: as pessoas com doença falciforme têm maior propensão a infecções e, principalmente as crianças podem ter mais pneumonias e meningites. Por isso elas devem receber vacinas especiais para prevenir estas complicações. Ao primeiro sinal de febre deve-se procurar o hospital onde é feito o acompanhamento da doença. Isto certamente fará com que a infecção seja controlada com mais facilidade. Úlcera (ferida) de Perna: ocorre mais frequentemente próximo aos tornozelos, a partir da adolescência. As úlceras podem levar anos para a cicatrização completa, se não forem bem cuidadas no início do seu aparecimento. Para prevenir o aparecimento das úlceras, os pacientes devem usar meias grossas e sapatos; Sequestro do Sangue no Baço: o baço é o órgão que filtra o sangue. Em crianças com anemia falciforme, o baço pode aumentar rapidamente por sequestrar todo o sangue e isso pode levar rapidamente à morte por falta de sangue para os outros órgãos, como o cérebro e o coração. É uma complicação da doença que envolve risco de vida e exige tratamento emergencial. 21 9. Cuidados para quem possui Anemia Falciforme Como a anemia falciforme é uma doença genética, há a possibilidade de detectar o diagnostico neonatal do indivíduo. Quanto mais precoce o exame, maior possibilidade do início dos cuidados necessários. A atenção primária para os cuidados da anemia são: imunizações básicas e especiais. Existem vários fatores que podem causar deformações dos glóbulos, tais como, excesso de atividade física, lugares de alta amplitude e consequentemente com pouco oxigênio, estresse, depressão, em casos de cirurgia, a anestesia causa deformações e se precaver de infecções de todos os tipos, tanto viral como bacteriana. Para evitar essas crises, deve manter uma alimentação equilibrada, acompanhada por nutricionistas, prevenção de infecções, higienização bucal e sempre acompanhados de um dentista, evitarem em aglomerados de pessoas, se hidratar muito para evitar acidoses, proteger membros inferiores do frio, evitar situações de tensões e sempre informar que possui anemia falciforme. Pacientes com anemia devem ser acompanhados por toda a vida por uma equipe de médicos, nutricionistas, dentistas, enfermeiras, etc. Crianças devem ter seu crescimento acompanhado assim como crianças que não possuem essa doença. Em caso de crises, essa equipe prescreve medicamentos como ácido fólico, penicilina ou antibióticos, analgésicos entre outros medicamentos, pois a doença traz muitas complicações como infecções, inflamações, dores, entre outros sintomas. 10. Opções de Tratamento Não há tratamento específico para a anemia falciforme, trata-se de uma doença que ainda não se conhece a cura. A melhora da qualidade de vida desses pacientes se baseia em medidas gerais e preventivas. Os portadores precisam de acompanhamento médico constante, para prevenir infecções e controlar as crises de dor. É importante que o paciente mantenha o acompanhamento em um hospital, e que se mantenha o vínculo entre os familiares e profissionais de saúde para facilitar a compreensão sobre a doença. 22 No Brasil, o Ministério da Saúde incluiu as hemoglobinopatias no Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), permitindo assim o diagnóstico já no nascimento. O diagnóstico precoce permite a inclusão do paciente em programas de saúde, proporcionando assim melhora na qualidade de vida, com orientação aos pais e cuidados preventivos. Os cuidados com a saúde do paciente falciforme devem ser iniciados nos dois primeiros meses de vida, desde a primeira consulta os pais devem ser orientados quanto à importância de manter a nutrição adequada. A boa hidratação é importante, principalmente durante episódios febris e calor excessivo. Para indivíduos adultos, recomenda-se a ingestão de pelo menos 2 litros de líquido por dia, na forma de água, chá, sucos ou refrigerantes, quantidade esta que deve ser aumentada prontamente nas situações acima citadas, e de conhecer os níveis de hemoglobina e sinais de palidez. A equipe de saúde deve alertar os pais sobre o risco das infecções e a procurar atendimentomédico imediatamente quando houver qualquer um desses sintomas: palidez, febre, presença de dor torácica, dispneia, dor abdominal, cefaleia, náuseas ou vômitos, aumento do baço, alterações do comportamento. 11. Tempo de Vida Tempos atrás era considerada uma doença fatal, e os pacientes morriam antes mesmo de completar 30 anos. Hoje com os avanços da medicina o quanto antes for feito o diagnóstico, melhor será a qualidade e o tempo de vida dessas pessoas no tratamento para essa doença que não tem cura. 12. A importância de conhecer a Doença A anemia falciforme configura-se como um problema de saúde pública no Brasil por ser a doença hereditária de maior prevalência no país. Por se tratar de uma doença genética, a hereditariedade é a questão primordial dessa patologia; por isso o aconselhamento genético possui importância fundamental, pois tem o intuito de 23 orientar os pacientes portadores do traço falciforme sobre a tomada de decisões em relação à reprodutividade e ajudar a compreender outros aspectos da doença, como o sofrimento, tratamento, prognóstico, etc. Esse tipo de serviço é pouco realizado no país, sendo oferecido em hospitais universitários, alguns hospitais públicos nos grandes centros e nos centros de referência para a doação de sangue. Este artigo retrata a importância do aconselhamento genético na anemia falciforme, principalmente para os portadores do traço falciforme (heterozigotos), como forma de prevenção e, principalmente, porque as terapias gênicas são limitadas e ainda não há cura para esta doença. O aconselhamento genético é uma importante ferramenta no campo das doenças hereditárias, pois aborda aspectos educacionais e reprodutivos que são imprescindíveis para a melhoria da qualidade de vida de pacientes portadores de determinadas patologias genéticas. A anemia falciforme, por ser uma doença genética de grande destaque no cenário epidemiológico brasileiro, tem recebido atenção especial de inúmeros especialistas, pesquisas, movimentos sociais e do governo. Ainda não há cura para a anemia falciforme e as terapias gênicas são limitadas. Isso direciona as ações no campo das doenças falciformes para a prevenção, ou seja, detectar pessoas que apresentem o traço falciforme e orientá-los através do aconselhamento genético. No Brasil, a principal fonte de diagnóstico e captação de portadores do traço falciforme se encontra nos centros de referência para doação de sangue, onde são feitas também as sessões de aconselhamento genético. 24 CONCLUSÃO A anemia falciforme é uma doença genética que apresenta deficiência na Hemoglobina e sua forma deixa de ser arredondada e passa a ter o formato de uma foice, geralmente adquirida em negros. É uma doença que não tem cura, pois a mesma afeta o sangue onde destroem as hemácias o que gera normalmente várias infecções serias no paciente tais como, cardiopatias, problemas na retina, alterações renais, dentre outros problemas. A doença falciforme é considerada um problema de saúde pública no Brasil. Os pacientes com Anemia falciforme apresentam baixa expectativa de vida, devido sofrerem diversas intercorrências, são mais sensíveis a infecções, principalmente pneumocócicas, de modo que há necessidade de profilaxia antibiótica e vacinação anti-pneumocócica. Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa, como infecções, olhos amarelados, ulceras, falta de sangue no baço, entre outras. Não existem tratamentos específicos para a Anemia falciforme, a não ser o acompanhamento com um médico para controlar as infecções e as dores. Estudos recentes mostram, vários avanços que têm sido feitos, tanto ao nível de citogenética e diagnóstico como no tratamento de suas complicações. Além disso, as recentes pesquisas em busca de drogas capazes de reduzir a facilitação das hemácias, como a hidroxiuréia e de tratamento curativos como implante de medula óssea demonstram que num futuro próximo será possível ao paciente com anemia falciforme ter uma vida normal. 25 BIBLIOGRAFIA FERRAZ, Maria Helena C.; MURAO, Mitiko. Diagnóstico laboratorial da doença falciforme em neonatos e após o sexto mês de vida. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbhh/v29n3/v29n3a05>. Acesso em: 5 maio 2015 ASSOCIAÇÃO Anemia Falciforme Estado de São Paulo: Conceitos. Disponível em: <http://www.aafesp.org.br/o-que-anemia-falciforme.shtml>. Acesso em: 13 maio 2015 GUIMARÃES, Cínthia Tavares Leal; COELHO, Gabriela Ortega. A importância do aconselhamento genético na anemia falciforme. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v15s1/085.pdf>. Acesso em: 1 maio 2015 BRAGA, Josefina A. P.. Medidas gerais no tratamento das doenças falciformes. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbhh/v29n3/v29n3a09.pdf>. Acesso em: 10 maio 2015 MANFREDINI, Vanusa; CASTRO, Simone; BENFATO, Sandrine Wagner e Mara da Silveira. A FISIOPATOLOGIA DA ANEMIA FALCIFORME. 2007. Disponível em: <A FISIOPATOLOGIA DA ANEMIA FALCIFORME>. Acesso em: 7 maio 2015
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