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XVIII REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA 
Novos Caminhos para Agricultura Conservacionista no Brasil 
 
 
1 
 Mapeamento geomorfológico das terras do Baixo Acaraú – CE como base para 
risco de erosão 
 
Lydia Helena da silva de Oliveira(1) & Gustavo Souza Valladares(2) 
 
 
(1) Mestrando do PPG em Solos e Nutrição de Plantas, Universidade Federal do Ceará. Av. Mister Hull, 2977, Campos do 
Pici, Fortaleza, CE, CEP 60356-000. E-mail: lydiaufc@hotmail.com; (2) Professor Adjunto do Departamento de Ciências 
do Solo, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Ceará. Av. Mister Hull, 2977, Campos do Pici, Fortaleza, 
CE, CEP 60356-000. E-mail: valladares@ufc.br 
 
 
 
RESUMO: Os aspectos geomorfológicos de uma 
área auxiliam na avaliação do meio físico. O 
objetivo deste estudo é elaborar um mapa 
geomorfológico das terras do Baixo Acaraú – Ce e 
relacionar as unidades geomorfológicas e 
declividade do terreno com o risco de erosão. Para a 
confecção do mapa geomorfológico foram utilizados 
imagem Landsat 5 TM, mapa do tema 
geomorfologia do Projeto RADAM, na escala de 
1:1.000.000 das folhas SA24 e SB24/25 de Fortaleza 
e Jaguaribe, respectivamente, cartas topográficas da 
SUDENE de Acaraú e Bela Cruz, na escala 
1:100.000 e o modelo digital de elevação (MDE) da 
missão SRTM. Para a elaboração do mapa de 
declividade foi utilizado o MDE. A partir do mapa 
geomorfológico associado ao de declividade foi 
possível separar 5 feições geomorfológicas, que são: 
pediplano, planície fluvial, planície litorânea, 
tabuleiro costeiro e restinga. O tabuleiro costeiro 
corresponde a maior parte da área de estudo, 
ocupando aproximadamente 59,25% da área 
estudada, em que os topos planos dos tabuleiros 
apresentam fraca vulnerabilidade à erosão. As 
áreas de restinga são as que se apresentam em menor 
proporção ocupando menos de 1% da área de estudo, 
que se inserem desde baixo risco até alto risco de 
erosão. 
 
Palavras-chave: compartimentação geomorfológica, 
geoprocessamento, relevo. 
 
INTRODUÇÃO 
Os aspectos geomorfológicos auxiliam na 
avaliação do meio físico integrado às ações 
antrópicas (CHRISTOFOLETTI, 1994), pois de 
acordo com Castro et al. (2004) a geomorfologia é 
etimologicamente compreendida como o estudo da 
Terra, onde geo significa terra, morphos seria forma 
e logos estudo. Porém, segundo Hubp (1989) a 
geomorfologia é uma ciência geológico-geográfica 
a qual tem como preocupação central estudar o 
relevo terrestre, sua estrutura, origens, história do 
seu desenvolvimento e dinâmica atual, além de 
tentar compreende-lo em diferentes escalas 
temporais e espaciais. 
A ocupação humana em áreas consideradas 
vulneráveis sob o ponto de vista agrícola tem 
aumentado o processo de perda do solo, o qual 
ocorre naturalmente devido à associação do clima 
com os tipos de litologia, relevo, solo e cobertura 
vegetal (SPÖRL & ROSS, 2004; GOMES, 2005). 
Para Mello et al. (2006) a falta de planejamento do 
uso do solo pode levar a processos erosivos em 
intensidade e velocidade que ultrapassam os limites 
de tolerância. Tendo em vista que a degradação dos 
solos afeta a sustentabilidade do agroecossistema 
inteiro (NAVAS et al., 2005), as práticas de 
conservação do solo e os métodos de avaliação de 
impactos ambientais e de perdas de solo surgem 
como importantes ferramentas no planejamento 
agroambiental. 
Tem sido de grande importância para estudos 
ambientais o uso de mapas geomorfológicos, 
principalmente como entrada nos modelos 
desenvolvidos em Sistemas de Informação 
Geográfica (NUNES et al., 2006; SAMIZAVA et 
al., 2008). Neste contexto, o presente trabalho tem 
como objetivo fazer um mapa geomorfológico das 
terras do Baixo Acaraú – Ce e relacionar as unidades 
geomorfológicas e declividade do terreno com o 
risco de erosão. 
 
MATERIAL E MÉTODOS 
A área de estudo esta inserida na região do Baixo 
Acaraú, a qual corresponde a aproximadamente 
1.068,85 km2, esta área é drenada pelo rio Acaraú e 
seus afluentes. Nessa região foi implantado o 
Perímetro Irrigado Baixo Acaraú, que corresponde a 
aproximadamente 11,6% da área estudada. 
Para a confecção do mapa geomorfológico foram 
utilizados imagem Landsat 5 TM, (recorte da cena 
218-062 de 14/10/2008 – bandas 3, 4 e 5), mapa do 
tema geomorfologia do Projeto RADAM, na escala 
de 1:1.000.000 das folhas SA24 e SB24/25 de 
 
XVIII REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA 
Novos Caminhos para Agricultura Conservacionista no Brasil 
 
 
2 
Fortaleza e Jaguaribe, respectivamente, cartas 
topográficas da SUDENE de Acaraú e Bela Cruz, na 
escala 1:100.000 e o modelo digital de elevação 
(MDE) da missão SRTM. Para a elaboração do 
mapa de declividade foi utilizado o MDE. 
A imagem Landsat 5 foi utilizada para visualizar 
e delimitar as formas de relevo da área através das 
diferenças texturais, associadas as curvas de nível 
das cartas topográficas a partir das quais obteve-se a 
amplitude relativa do relevo, além da visualização e 
descrição das formas de relevo da área, níveis de 
base locais, situação dos pontos mais altos, presença 
de formas de dissecação do relevo e domínios 
sucessivamente maiores na hierarquia da rede de 
drenagem. O MDE, em tons de cinza, possibilitou 
reconhecer e delimitar diferentes padrões de relevo, 
com base na textura (rugosidade) do modelo. 
A sistematização e análise dos dados obtidos 
deram origem ao mapa geomorfológico em escala 
1:200.000. Em ambiente SIG (software Arcgis 9.3), 
fez-se o processo de integração, análise, 
interpretação e cruzamento dos dados; e edição do 
mapa geomorfológico final. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
A partir do mapa geomorfológico (Figura 1) e do 
de declividade (Figura 2) é possível observar que a 
área de estudo possui superfícies aplainadas que 
correspondem à maior parte da área de estudo 
(aproximadamente 633 km2), as quais foram 
descritas como tabuleiros costeiros, que são 
caracterizados por relevos planos a suavemente 
ondulados onde são considerados estáveis aos 
processos de perda de solo. Segundo Dantas et al. 
(2002) os tabuleiros costeiros compreende um 
conjunto de formas de relevo esculpidas sobre os 
sedimentos continentais de idade terciária do 
grupo Barreiras. Os topos planos dos tabuleiros 
apresentam fraca vulnerabilidade à erosão, onde 
predomina os processos de infiltração. 
A planície fluvial é a segunda feição de maior 
ocorrência na área, correspondendo a mais de 20% 
da área (217,63 km2), a qual é mais instável, pois 
neste tipo de relevo ocorre a acumulação de 
sedimentos. Estes sedimentos, provenientes do 
arraste de outras áreas pela ação da água, decorrem 
dos processos de modificação do relevo (SIQUEIRA 
et al, 2006). 
Outra feição observada na área de estudo foi o 
Pediplano que ocupam áreas aplainadas, na encosta 
do tabuleiro. As áreas pediplanares apresentam 
vegetação rala e solos rasos. Possui como material 
de origem o migmatito, o qual não favorece a 
infiltração de água. A partir dessas características 
observa-se que nos pediplanos se tem maior risco de 
erosão. 
 A planície litorânea corresponde a quase 6% da 
área de estudo (aproximadamente 63,57 km2). 
Segundo Araújo & Freire (2007), as planícies 
litorâneas são compostas de faixa de praia, campo de 
dunas, planície fluvio-marinha e a planície fluvial. 
São componentes que estão constantemente em 
evolução, mantendo a dinâmica natural do ambiente. 
No litoral destacam-se os estuários de rios, locais 
expressivos de depósitos sedimentares, atuando em 
conjunto com as condições físicas inerentes a esses 
ambientes, o que confere a esses ambientes um 
maior risco de erosão. 
As áreas de restinga são as que se apresentam em 
menor proporção ocupando menos de 1% da área de 
estudo (aproximadamente 5,67 km2). Segundo 
Carvalho et al. (1991), restinga é uma acumulação 
arenosalitorânea, paralela à linha da costa, de forma 
geralmente alongada, produzida por sedimentos 
transportados pelo mar, onde se encontram 
associações vegetais mistas. Essas áreas são 
consideradas como desde baixa vulnerabilidade a 
erosão ate muito alta vulnerabilidade à erosão. 
Os outros 5% da área de estudo correspondem à 
água. 
CONCLUSÕES 
O mapeamento geomorfológico da área de estudo 
associado com o de declividade permitiu identificar 
as áreas com maiores e menores riscos de erosão. 
O maior risco de erosão esta nas áreas de 
pediplanos, planície fluvial e planície litorânea, 
enquanto as áreas de menor risco de erosão 
encontram-se em parte dos tabuleiros costeiros. 
Comprovou-se a eficácia do Modelo Digital de 
Elevação (MDE) fornecido pelas imagens de radar 
SRTM e sua aplicabilidade na avaliação dos limites 
de compartimentação geomorfológica. 
REFERÊNCIAS 
 
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XVIII REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA 
Novos Caminhos para Agricultura Conservacionista no Brasil 
 
 
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2004. 
 
 
 
 
 
 
 
XVIII REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA 
Novos Caminhos para Agricultura Conservacionista no Brasil 
 
 
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Figura 1. Mapa de declividade das terras do Baixo Acaraú. 
 
 
Figura 2. Mapa de Geomorfologia das terras do Baixo Acaraú.

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