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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/316322068 E-BOOK DO I WORKSHOP DE GEOMORFOLOGIA E GEOARQUEOLOGIA DO NORDESTE. VOL I. Book · April 2017 CITATIONS 0 READS 3,650 2 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Zoneamento de Processos Morfodinâmicos para o Estado de Pernambuco: Banco de dados georreferenciado das áreas de ocorrência de erosão e deslizamentos de terra View project Fabrizio de Luiz Rosito Listo Federal University of Pernambuco 68 PUBLICATIONS 148 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Fabrizio de Luiz Rosito Listo on 21 April 2017. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/316322068_E-BOOK_DO_I_WORKSHOP_DE_GEOMORFOLOGIA_E_GEOARQUEOLOGIA_DO_NORDESTE_VOL_I?enrichId=rgreq-13ee9c22c7c89bbde1642ebfbf2986b1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxNjMyMjA2ODtBUzo0ODU2MzM4NDkzMzU4MDhAMTQ5Mjc5NTU0MDUyMA%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/316322068_E-BOOK_DO_I_WORKSHOP_DE_GEOMORFOLOGIA_E_GEOARQUEOLOGIA_DO_NORDESTE_VOL_I?enrichId=rgreq-13ee9c22c7c89bbde1642ebfbf2986b1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxNjMyMjA2ODtBUzo0ODU2MzM4NDkzMzU4MDhAMTQ5Mjc5NTU0MDUyMA%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Zoneamento-de-Processos-Morfodinamicos-para-o-Estado-de-Pernambuco-Banco-de-dados-georreferenciado-das-areas-de-ocorrencia-de-erosao-e-deslizamentos-de-terra?enrichId=rgreq-13ee9c22c7c89bbde1642ebfbf2986b1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxNjMyMjA2ODtBUzo0ODU2MzM4NDkzMzU4MDhAMTQ5Mjc5NTU0MDUyMA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-13ee9c22c7c89bbde1642ebfbf2986b1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxNjMyMjA2ODtBUzo0ODU2MzM4NDkzMzU4MDhAMTQ5Mjc5NTU0MDUyMA%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Fabrizio-Listo?enrichId=rgreq-13ee9c22c7c89bbde1642ebfbf2986b1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxNjMyMjA2ODtBUzo0ODU2MzM4NDkzMzU4MDhAMTQ5Mjc5NTU0MDUyMA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Fabrizio-Listo?enrichId=rgreq-13ee9c22c7c89bbde1642ebfbf2986b1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxNjMyMjA2ODtBUzo0ODU2MzM4NDkzMzU4MDhAMTQ5Mjc5NTU0MDUyMA%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Federal_University_of_Pernambuco?enrichId=rgreq-13ee9c22c7c89bbde1642ebfbf2986b1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxNjMyMjA2ODtBUzo0ODU2MzM4NDkzMzU4MDhAMTQ5Mjc5NTU0MDUyMA%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Fabrizio-Listo?enrichId=rgreq-13ee9c22c7c89bbde1642ebfbf2986b1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxNjMyMjA2ODtBUzo0ODU2MzM4NDkzMzU4MDhAMTQ5Mjc5NTU0MDUyMA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Fabrizio-Listo?enrichId=rgreq-13ee9c22c7c89bbde1642ebfbf2986b1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxNjMyMjA2ODtBUzo0ODU2MzM4NDkzMzU4MDhAMTQ5Mjc5NTU0MDUyMA%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf E-BOOK DO I WORKSHOP DE GEOMORFOLOGIA E GEOARQUEOLOGIA DO NORDESTE VOL I Copyright© Grupo de Estudos do Quaternário do Nordeste Brasileiro – GEQUA Texto© 2016 diversos autores Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. Patrocinadores UFPE; PPGEO; PPGArq; GEQUA; FACEPE; INAPAS; MAP-UFPE; LMRI-DEN/UFPE; CAPES; CNPq Organizadores Fabrizio de Luiz Rosito Listo, Demétrio Mützenberg e Bruno de Azevedo Cavalcanti Tavares Projeto Gráfico Amanda de Azevedo Cavalcanti Tavares Editoração eletrônica Daniela Cisneiros e Larissa Monteiro Rafael Capa Amanda de Azevedo Cavalcanti Tavares E-book do I Workshop de Geomorfologia e Geoarqueologia do Nordeste. Volume I. Fabrizio de Luiz Rosito Listo, Demétrio da Silva Mützenberg, Bruno de Azevedo Cavalcanti Tavares (Orgs.). Recife: GEQUA, 2016. 268 f. Vários colaboradores ISBN: 978-85-922143-0-2 1.Geomorfologia. 2.Geoarqueologia. 3.Quaternário. 4.Dinâmicas Superficiais. 5.Geotecnologias. 6.Paleoambientes. 7. Nordeste – Brasil. I.LISTO, Fabrizio. II.MUTZENBERG, Demétrio. III.TAVARES, Bruno. I WORKSHOP DE GEOMORFOLOGIA E GEOARQUEOLOGIA DO NORDESTE COMISSÃO ORGANIZADORA Antônio Carlos de Barros Corrêa Coordenador do Evento Departamento de Ciências Geográficas da UFPE Demétrio Mutzenberg Vice-Coordenador do Evento Departamento de Arqueologia da UFPE Bruno de Azevedo Cavalcanti Tavares Comissão Científica do Evento Departamento de Arqueologia da UFPE Daniel Rodrigues de Lira Comissão Científica do Evento Departamento de Geografia da UFS Daniela Cisneiros Comissão Científica do Evento Departamento de Arqueologia da UFPE Danielle Gomes da Silva Comissão Científica do Evento Departamento de Ciências Geográficas da UFPE Fabrizio de Luiz Rosito Listo Comissão Científica do Evento Departamento de Ciências Geográficas da UFPE Jonas Otaviano Praça de Souza Comissão Científica do Evento Departamento de Geografia da UFPB Kleython de Araújo Monteiro Comissão Científica do Evento Departamento de Geografia da UFAL Lucas de Souza Cavalcanti Comissão Científica do Evento Departamento de Ciências Geográficas da UFPE Osvaldo Girão da Silva Comissão Científica do Evento Departamento de Ciências Geográficas da UFPE SUMÁRIO A (DES) CONECTIVIDADE DA PAISAGEM EM AMBIENTE SEMIÁRIDO: BACIA DO RIACHO GRANDE, SERTÃO CENTRAL PERNAMBUCANO 13 Joana D’arc Matias de Almeida, Antonio Carlos de Barros Corrêa, Jonas Otaviano Praça de Souza ANÁLISE MULTITEMPORAL DO USO E COBERTURA DO SOLO DA ZONA COSTEIRA DE EXTREMOZ - RN, BRASIL (2006-2016) 23 Ivaniza Sales Batista, Hudson Domingos Teixeira, Zuleide Maria Carvalho Lima, Joyce Clara Vieira Ferreira e Antônia Vilaneide Lopes Costa de Oliveira AS DEFICIÊNCIAS NA ABORDAGEM GEOMORFOLÓGICA NOS ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL NO ESTADO DA PARAÍBA E A BUSCA POR METODOLOGIAS APLICADAS AOS EMPREENDIMENTOS DE MINERAÇÃO 37 Henrique Elias Pessoa Gutierres, Camilla Jerssica da Silva Santos, Jessika de Oliveira, Neles Rodrigues e Valdeniza Delmondes Pereira DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS HIDROLÓGICOS, MORFOMÉTRICOS E PROBLEMAS AMBIENTAIS EM SETOR URBANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MUNDAÚ – MUNICÍPIO DE RIO LARGO (AL) 49 John W. F. Marques, José H. M. da Silva, Damião S. Cordeiro, Roseildo F. da Silva e Genisson P. da Silva PLANALTOS RESIDUAIS DO RIO GRANDE DO NORTE: ASPECTOS TEÓRICOS E CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA 57 Jacimária Fonseca de Medeiros e Luiz Antonio Cestaro PATRIMÔNIO GEOMORFOLÓGICO DA ÁREA DO PROJETO GEOPARQUE CARIRI PARAIBANO 67 Leonardo Figueiredo de Meneses e Bartolomeu Israel de Sousa ANÁLISE DA VULNERABILIDADE A PROCESSOS EROSIVOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO BEBERIBE 79 José Fabio Gomes da Silva e Manuella Vieira Barbosa Neto ANÁLISE DO SISTEMA FLUVIAL FRENTE AO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA NA BACIA DO RIO TEJIPIÓ – REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE 89 Carla Suelania da Silva, Carlos de Oliveira Bispo, Sérgio Bernardes da Silva e Osvaldo Girão CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TRAÍRAS COM O APOIO DE SIG 101 Alexandre Herculano de Souza Lima e Ronaldo Missura MAPEAMENTO DAS UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS E GEOMORFOLÓGICAS DO MUNICÍPIO DE SERRINHA DOS PINTOS-RN 107 Jacimária Fonseca de Medeiros e Larissa Silva Queiroz DETECCIÓN DE MINERALES CON USO DE IMÁGENES LANDSAT 8 EN LA REGIÓN DE VALPARAÍSO, PROVINCIA DE LOS ANDES, COMUNA DE SAN ESTEBAN, LUGAR CAMPOS AHUMADA ALTO – CHILE 117 Nathaly Grau Perez, Keyla Manuela Alencar da Silva Alves e Juan Toledo Ibarra INVENTÁRIO DE ESCORREGAMENTOS RASOS EM ÁREAS URBANAS E PARÂMETROS TOPOGRÁFICOS: UMA ANÁLISE INICIAL NO BAIRRO DE NOVA DESCOBERTA, RECIFE (PE) 129 John KennedyRibeiro de Santana, Ana Márcia Moura da Costa, Victor da Silva Santa Rosa, Maria Rafaela da Silva Cruz e Fabrizio de Luiz Rosito Listo FEIÇÕES COSTEIRAS: ATRATIVOS PARA O GEOTURISMO COMO APLICABILIDADE PARA A GEOCONSERVAÇÃO 137 Brenda Rafaele Viana da Silva e Elisabeth Mary de Carvalho Baptista ANÁLISE FISIOGRÁFICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIACHO DO PONTAL-PE 145 Pedro Barbosa de Souza, Paulo Lucas Cândido Farias, Joaquim Pedro de Santana Xavier; Victor Pina Figueiredo e Arthur Felipe de Melo Teixeira COMPARTIMENTAÇÃO GEOMORFOLÓGICA-ESTRUTURAL DE CAMPINA GRANDE- PB: UMA RELAÇÃO ENTRE FEIÇÕES DO MODELADO E PADRÕES DE DRENAGEM ATRAVÉS DA FOTOINTERPRETAÇÃO 153 Jônatas Nascimento da Costa e Sérgio Murilo Santos de Araújo PROPRIEDADES MORFOMÉTRICAS COMO INDICATIVO DE SUBSIDÊNCIA E CRIAÇÃO DE ESPAÇOS DE ACUMULAÇÃO SEDIMENTAR NO OESTE PERNAMBUCANO 163 Drielly Naamma Fonsêca, Bruno Araújo Torres, Daniel Rodrigues de Lira, Rhandysson Barbosa Gonçalves e Antonio Carlos de Barros Corrêa ANÁLISE DOS ÍNDICES RDE NA BACIA DO RIO MAMANGUAPE, PARAÍBA 177 Rhandysson Barbosa Gonçalves, Drielly Naamma Fonsêca eAntônio Carlos de Barros Corrêa ANÁLISE MORFOESTRUTURAL PRELIMINAR DO RELEVO A PARTIR DA APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE HACK: UM ESTUDO DE CASO NO MACIÇO DE JOÃO DO VALE (RN-PB) 189 George Pereira de Oliveira, Bruno de Azevedo Cavalcanti Tavares, Clístenes Teixeira Batista e Marco Túlio Mendonça Diniz ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS LINEAMENTOS NO MACIÇO ESTRUTURAL DE ÁGUA BRANCA/AL UTILIZANDO O SOFTWARE MICRODEM 201 Larissa Furtado Lins dos Santos, Ítalo Rodrigo Paulino de Arruda, Rhaissa Francisca Tavares de Melo e Danielle Gomes da Silva EXTRAÇÃO DE LINEAMENTOS DE RELEVO PARA INTERPRETAÇÃO MORFOESTRUTURAL DA BACIA DO RIO PARAÍBA DO MEIO 211 Priscilla Emmanoelle Claudino da Silva, João Paulo da Hora Nascimento, Paulo de Tarso Barbosa Leite, Kadja Monaysa Mendonça de Paula e Kleython de Araújo Monteiro MAPEAMENTO DOS LINEAMENTOS DE DRENAGEM E DE RELEVO COMO CONDICIONANTES NA COMPARTIMENTAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DO MUNICÍPIO DE SALGUEIRO – PE 217 Viviane Trajano da Silva, Ítalo Rodrigo Paulino de Arruda, Débora Albuquerque Meira Coelho Ramos, Danielle Gomes da Silva DINÂMICA COSTEIRA E REGISTRO ARQUEOLÓGICO NA PRAIA DE JERICOACOARA, JIJOCA DE JERICOACOARA – CEARÁ – BRASIL 227 Verônica Viana, Thalison dos Santos, Cristiane Buco e João Moreira Cavalcante GEOFÍSICA APLICADA À ARQUEOLOGIA HISTÓRICA: UM BREVE ESTUDO DE CASO NO ENGENHO INHAMÃ, IGARASSU, PERNAMBUCO, BRASIL 241 Carlos Magnavita, Luiz Severino da Silva Jr, Demétrio Mutzenberg, Bruno Tavares e Cláudia Oliveira RECONSTITUIÇÃO PALEOAMBIENTAL RECENTE (HOLOCENO) DA LAGOA URI DE CIMA (SALGUEIRO, PE): UMA CONTRIBUIÇÃO DA PALEONTOLOGIA 257 Andrea Maria Francesco Valli e Demétrio Mutzenberg PREFÁCIO Ao longo de quatro dias do mês de dezembro de 2016, o Grupo de Estudos do Quaternário do Nordeste Brasileiro (GEQUA) conjuntamente com o Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO), o Programa de Pós-Graduação em Arqueologia e os Departamentos de Ciências Geográficas (DCG) e de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) promoveram o I Workshop de Geomorfologia e Geoarqueologia do Nordeste. Embora essa sobreposição temática seja largamente reconhecida pelos acólitos das pesquisas sobre o Quaternário, arqueologia da paisagem e dinâmica dos sistemas de superfície terrestre ainda não ocorrera no Nordeste do Brasil um fórum comum entre essas áreas voltado para a discussão e compartilhamento de pontos de vista teóricos, metodológicos e procedimentais. Desta forma, este volume surge como parte do registro das contribuições apresentadas durante o Evento, no qual se buscou construir pontes entre essas ciências sabidamente afins mediante a promoção de oficinas dialógicas abrangendo um conjunto de áreas tais como a geografia física, a geomorfologia, a geofísica, a geologia, além da geoarqueologia e seus múltiplos enfoques. Os frutos dos trabalhos de pesquisa reunidos neste e-book representam um espelho das práticas acadêmico-científicas contemporâneas dos profissionais do Nordeste brasileiro nas áreas supracitadas. Como em um panóptico ora debruçado sobre a observação dos esforços de investigação de profissionais, acadêmicos e diversos grupos de estudo, compila-se neste volume esforços de pesquisa que transitam entre as abordagens já tradicionais, como as voltadas ao estabelecimento de inventários fisiográficos, àquelas ainda em vias de difusão e preocupadas com a aferição de processos ou testagem de novas narrativas teóricas sobre a paisagem; como o conceito de conectividade para a compreensão das morfologias de estocagem e transmissão de sedimentos em modelados de agradação. Destacam-se dentre as contribuições um resgate sui generis de pontos de vista analíticos sobre a dinâmica dos sistemas físicos de superfície que, ao aparentemente contraporem tempo e dinâmica, clima e tectônica, bacia hidrográfica e paisagem, de fato nos oferecem uma gama de opções de escolha dentre o estado-da-arte dos métodos e técnicas atualmente disponíveis para o tratamento e apresentação da informação geoespacial. Assim, embora sem pretender esgotar o cotejamento das linhas de trabalho correntes na região com aquelas já consolidadas sobretudo pela literatura formativa, livros texto e manuais, esse volume nos serve antes de mais nada como apontamento para a compreensão dos rumos que vêm sendo perseguidos pela pesquisa e eventuais lacunas que ainda se fazem presentes, e cuja confrontação, por parte daqueles que se engajam na pesquisa na interface entre as ciências ditas da terra e as humanidades, seja premente para os avanços futuros. Ainda em uma era na qual o status quo da pesquisa científica reflete uma profissão de fé sobre os paradigmas vigentes e em desuso, a possibilidade de se debruçar sobre a ciência que se pratica em uma região em um dado recorte de tempo constitui um exercício válido para o avanço do conhecimento e sua continuada aferição. Boa leitura. Antonio Carlos de Barros Corrêa Universidade Federal de Pernambuco - UFPE A (DES) CONECTIVIDADE DA PAISAGEM EM AMBIENTE SEMIÁRIDO: BACIA DO RIACHO GRANDE, SERTÃO CENTRAL PERNAMBUCANO Joana D’Arc Matias de Almeida, Antonio Carlos de Barros Corrêa, Jonas Otaviano Praça de Souza INTRODUÇÃO As atividades antrópicas constituem-se elementos de destaque na modificação do caráter e comportamento do sistema fluvial, portanto, intervenções por meio de projetos de gestão fluvial somam esforços para minimizar os seus crescentes impactos. Tais medidas devem considerar a compreensão do comportamento desses sistemas em sua complexidade. Neste âmbito, a geomorfologia fluvial tem se destacado por sua aplicabilidade nos estudos atrelados ao planejamento e gestão ambiental, de modo integrador, considerando as diversas relações e dinâmicas da paisagem através do papel dos rios na sua modelagem, a partir de análises em diferentes escalas espaciais e temporais dentro da perspectiva de sistemas. Assim, utiliza-se a abordagem de sistemas complexos para elucidar a dinâmica dos sistemas fluviais, sobretudo no que se refere à transferência de fluxos e sedimentos dentro de uma bacia (Bracken et al., 2015). Nesta perspectiva, Brunsden & Thornes (1979) inserem a ideia de conectividade na geomorfologia com base na aplicação aos sistemas fluviais a partir da postulação do conceito de sensitividade da paisagem, nesta a ideia de ligação é proposta com base na ideia de resistência do sistema. Assim, o sistema pode permanecer ligado (coupled), quando há livre transmissão de energia e matéria entre os seus compartimentos; desligado (decoupled), quando a transmissão é interrompida temporariamente devido à existência de alguma forma de barramento/impedimento, que pode vir a ser rompido; e nãoligado (not coupled), quando não há ligação entre os compartimentos do sistema, em razão de descontinuidades entre os processos (Harvey, 2002; Souza, 2014). Deste modo, a conectividade da paisagem é entendida como a possibilidade de interação de energia e matéria entre os compartimentos que a integram. A conectividade da paisagem como o controle primário entre os fluxos de água e sedimento em bacias fluviais apresentam distintas ligações determinadas por diferentes processos em cada compartimento do sistema. As ligações podem ser trabalhadas em diferentes escalas 14 espaciais, podendo ser locais, zonais ou regionais. A escala local compreende as ligações dentro de uma ou entre duas zonas adjacentes no sistema fluvial, estando relacionada às interações entre as ligações internas das encostas, entre a encosta e o canal, os tributários e o canal principal e as ligações no próprio canal. Atribuem-se as ligações zonais às relações entre duas zonas do sistema fluvial; e as ligações regionais aos elementos que afetam todo o sistema (Souza, 2014). Portanto, os controles nas ligações locais estão relacionados a mudanças ambientais que afetam a transmissão, enquanto que na escala zonal, o controle é exercido por mudanças climáticas, alterando o nível de base, enquanto na escala regional os controles são de ordem tectônica (Harvey, 2002). Logo, compreendem-se as ligações a partir de três dimensões espaciais: ligações longitudinais (entre a rede de canais), laterais (entre a rede de canais e encosta) e verticais (superfície e sub-superfície). Estas ligações podem ser interrompidas por diferentes bloqueios: os buffers, barriers, blankets; ou impulsionadas através dos boosters, que são feições que podem impulsionar a transmissão de energia e matéria numa bacia fluvial. Estes bloqueios/impedimentos tratam-se de feições geomorfológicas naturais e/ou antrópicas, que dificultam a conexão de fluxo e sedimento entre os compartimentos do sistema fluvial. O entendimento da dinâmica e dos processos fluviais que geram estas formas auxilia na solução de problemas relacionados ao transporte e deposição de sedimentos, contribuindo à gestão de recursos hídricos e ambientais em âmbito local, sobretudo em regiões semiáridas, em que o fluxo de água e sedimentos na rede de canais é influenciado pela conectividade da paisagem. Tal que, Souza (2014) destaca a complexidade de trabalhar a conectividade da paisagem em ambientes semiáridos, devido aos reduzidos eventos chuvosos capazes de fornecer fluxo de escoamento superficial, e por consequência o transporte de água e sedimentos. O autor discorre sobre o modo como os impedimentos determinarão a capacidade de cada compartimento do sistema transmitir o fluxo por determinado intervalo de tempo, considerando que mudanças na distribuição e características dos impedimentos provocam alterações na transmissão de fluxo de sedimentos (Souza, 2014). Em vista disso, a aplicação de estudos que tenham a conectividade da paisagem como foco de análise em regiões de terras secas, como o semiárido nordestino, faz-se necessária para a eficácia do gerenciamento e planejamento dos recursos hídricos, compreendendo a dinâmica e a complexidade do sistema fluvial, sobretudo no que se refere à transmissão de fluxo e sedimentos, e identificação de ambientes de retenção de sedimentos. Neste sentido, estudos têm sido desenvolvidos no semiárido brasileiro por diversos autores, tais como Souza (2011), Souza e Corrêa (2012), Souza (2014), Almeida & Corrêa (2014), Barros et al. (2014) e Almeida, Souza e Corrêa (2016). Pensando nisso, aplicou-se tal abordagem a bacia do Riacho Grande, com área de 316 km², situada na microrregião do Pajeú, Sertão Central Pernambucano, visando dar destaque a aplicação de estudos que tenham a conectividade da paisagem como foco de análise em regiões de terras secas, como o semiárido nordestino, ressaltando a necessidade de tais estudos para a eficácia do gerenciamento e planejamento dos recursos hídricos, compreendendo a dinâmica e a complexidade do sistema fluvial, sobretudo no que se refere à transmissão de fluxo e sedimentos, e identificação de ambientes de retenção de sedimentos. ÁREA DE ESTUDO A Bacia do Riacho Grande, com área de 316 km², situa-se na microrregião do Pajeú, Sertão de Pernambuco, englobando em 15 partes os municípios de Serra Talhada, Calumbi e Flores (Almeida, Souza & Corrêa, 2016). A bacia do Riacho Grande está inserida entre o contexto das seguintes unidades de paisagem: Depressão Interplanáltica do Pajeú e Horst de Mirandiba (Figura 1). A Depressão Interplanáltica do Pajeú, que se desenvolve como uma depressão alongada para nordeste está confinada entre os Maciços Remobilizados do Domínio da Zona Transversal e a Encosta Ocidental do Planalto da Borborema (Corrêa et al., 2010). Neste compartimento de aspecto aplainado instalou-se a bacia do Rio Pajeú, ao qual se encontra inserida a bacia do Riacho Grande, como um de seus tributários. O aspecto aplainado dá destaque aos maciços residuais, que são distribuídos nesta unidade de paisagem com aspecto de cristas alongadas (plútons Terra Nova, Suíte Intrusiva Tipo Itaporanga, Recanto/Riacho do Forno, Suíte Intrusiva Prata), seguindo os controles estruturais da Zona de Cisalhamento Afogados da Ingazeira de direção NE-SW e falhamentos com sentido E-W (Sampaio, 2005). Nesta unidade desenvolvem-se atividades agropecuárias, sobretudo aquelas voltadas à subsistência, com a distribuição de pequenos sítios, que aproveitam as áreas de plaino aluvial para o cultivo de lavouras de ciclo curto. Diante da semiaridez na região, o desenvolvimento dessas atividades é propiciado pela instalação de pequenas barragens e perfuração de poços rasos. Figura 1: Unidades de Paisagem na Bacia do Rch. Grande. O Horst de Mirandiba é representado na paisagem como um remanescente sedimentar formado por arenitos da Formação Tacaratu – Bacia de Fátima. Portanto, predominantemente arenoso, apresenta um alto potencial hidrogeológico, constituindo o principal sistema aquífero intersticial da bacia. Nesta unidade de paisagem, o uso restringe-se ao desenvolvimento da caatinga arbustiva. 16 MATERIAIS E MÉTODOS A metodologia e os procedimentos metodológicos do presente trabalho foram fundamentados com o objetivo de identificar os elementos de desconexão da paisagem na bacia do Riacho Grande. Assim, as etapas metodológicas foram sistematizadas em: mapeamento geomorfológico de detalhe, mapeamento de uso e cobertura da terra, e por fim, mapeamento da conectividade da paisagem. Mapeamento Geomorfológico de Detalhe Esta etapa consiste na identificação da morfologia e morfometria das formas de relevo, introduzindo a declividade ao mapeamento e deste modo integrando a análise qualitativa com dados quantitativos importantes na avaliação dos processos geomorfológicos (Rodrigues & Brito 2000). Neste mapeamento são considerados também os fatores antropogênicos que modificam formas e processos vigentes na área, contribuindo com fluxos de energia e matéria ao sistema. O mapeamento utilizou dados de Modelos Digitais de Elevação (MDE) e dados secundários, como mapa geológico, perfis topográficos, curvas de nível, declividade, além de informações obtidas nos trabalhos de campo e a partir de imagens de alta resolução como as dos satélites Quickbird e RapidEye, essas cedidas pela Universidade Regional do Cariri (Urca) em convênio com o Ministério do Meio Ambiente. O tratamento dos dados foi realizado por meio do uso do SIG Arcgis 10.1, em escala de 1:25.000, seguindo o Manual da UGI (União Geográfica Internacional) (Demek, 1972). Apesar deste trabalhonão seguir todos os parâmetros descritos no manual, como legenda e padrão hierárquico, de acordo com Lima et al., 2015, é importante tê-lo como um guia para universalizar algumas questões básicas do mapa geomorfológico descrito adiante. O manual de mapeamento geomorfológico de detalhe (Demek, 1972) é fruto de pesquisas da Comissão de pesquisa e mapeamento geomorfológico, da União Geográfica Internacional (UGI). De acordo com esta proposta, um mapeamento geomorfológico de detalhe pode ser caracterizado com escalas entre 1:25.000 e 1:50.000, ou mesmo 1:100.000 em regiões com poucas informações. Nesta proposta, o conteúdo do mapa geomorfológico de detalhe deve apresentar: a) propriedades morfológicas e morfométricas, tal como tamanho, forma, declividade, rugosidade etc; b) estrutura material/ tipo de rocha e arranjo das formas; c) processos dinâmicos que condicionam outros atributos (Lima et al., 2015). Mapeamento da dinâmica de uso e cobertura da terra O mapeamento em questão teve por objetivo identificar a atual configuração do uso da terra nas áreas consideradas neste trabalho, de modo a identificar a contribuição dos diferentes padrões de uso sobre a produção de sedimentos. Para isto, essa etapa conta com uma base de dados de campo obtidos com o auxílio de GPS (GPS Garmim Etrex Vista Hcx, e o GPS topográfico PRO-XH –Trimble), como também imagens Quickbird (período de junho/2013 a setembro/2014, resolução espacial de 2,4 m) e RapidEye (período de maio/2013 a agosto/2013, resolução espacial de 5 m), essas cedidas pela Universidade Regional do Cariri (Urca) em convênio com o Ministério do Meio Ambiente. O tratamento dos dados realizou-se a partir do SIG Arcgis 10.1, em escala de 1:10.000. Uma das especificidades é usar imagens de diferentes períodos do ano, para que seja possível identificar as diferenças intra- anuais de uso, como a relação cultura de ciclo curto, pasto e solo nu, que ocorre em grande parte das áreas utilizadas na bacia (Souza, 2011), focando nos usos que afetam diretamente o fornecimento de sedimento no sistema. O mapeamento seguiu o padrão 17 de legenda da Fao (Food and Agriculture Organization of the United Nations). No presente trabalho optou-se por adaptar a legenda da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (Fao) em virtude desta atender melhor ao nível de detalhamento para cada modalidade de classificação, além de sua plasticidade tipológica. A legenda do mapeamento de uso e cobertura da terra é definida pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação pelo critério funcional, ou seja, considera-se que o conceito de uso está relacionado à finalidade para a qual a terra é usada pela população local (Fao, 1995). A adaptação à legenda da FAO se deu a posteriori (Quadro 1). A priori foram definidas as classes a serem mapeadas seguindo o nivelamento sistemático de classes de uso e cobertura da terra da Fao (Fao, 2005), a partir do conhecimento prévio da área de estudo, e em seguida fez- se as adaptações a partir das classes identificadas e reconhecidas em trabalho de campo, realizado em novembro/2015 e maio/2016. Quadro 1: adaptação da legenda de uso e cobertura da terra da FAO para a bacia do Riacho Grande Mapeamento de Conectividade da Paisagem O mapeamento da conectividade da paisagem consistiu em identificar os elementos naturais ou artificiais que influenciam na transmissão de energia e matéria entre os compartimentos da paisagem, tanto impedindo ou diminuindo o fluxo, quanto incrementando-o (Fryirs, 2007b). Esses elementos são divididos em quatro tipos: buffers, barriers, blankets e boosters (Fryirs, 2007b). A identificação destes elementos desconectantes se realizou, inicialmente a partir dos dados de declividade, do mapa geomorfológico e do mapeamento da dinâmica de uso e cobertura da terra (Fryirs, 2007a). Posteriormente foram incluídas na análise, elementos e informações obtidas em trabalhos de campo. RESULTADOS E DISCUSSÕES A dinâmica da paisagem muito está atrelada às interações entre os elementos naturais e aos usos antrópicos em apropriação, influenciando a modificação dos processos (erosivos e deposicionais), e suas morfologias resultantes. Nesse sentindo insere-se a perspectiva da conectividade da paisagem, que relaciona as diferentes interações nos usos e a cobertura da terra, capazes de gerar impedimentos na livre circulação de energia e matéria entre os compartimentos da paisagem. Pensando na proposta dos elementos capazes de impedir a transmissão de fluxo e sedimento entre o sistema, mapearam-se inicialmente os diferentes padrões de uso e cobertura da terra (Figura 2), buscando identificar os elementos que compõem a paisagem atual e entre eles, os bloqueios naturais ou antrópicos na bacia do Riacho Grande. Entre os elementos que compõem e afetam a dinâmica da paisagem na bacia, predominam as áreas de vegetação arbustiva, que se apresentam esparsas, com espécies caducifólias, típicas da região semiárida do Nordeste, que em períodos de estiagem apresentam-se desnudas, denominando-se de “matas-branca” (Maciel & Pontes, 2016). Em exceção encontram-se as manchas de vegetação arbustiva densa, que ocorrem nas áreas mais 18 elevadas da bacia. Este tipo de vegetação ocupa a maior porção da área total da bacia, enquanto a vegetação do tipo arbórea representa a menor área, essencialmente representada pelas espécies frutíferas nos pequenos assentamentos rurais e ou como ornamentação nas vilas e distritos. A vegetação herbácea corresponde às áreas em regeneração ou em períodos de pousio. Estas áreas também são muito utilizadas para pastagem. A cobertura vegetal mantém um significativo papel na estabilização do solo frente aos processos erosivos, conservando as encostas e margens dos canais fluviais. Contudo, na bacia do Riacho Grande, as margens dos rios encontram-se voltadas às atividades agropecuárias, com exposição do solo, sobretudo ao longo do canal principal e seus tributários, devido ao aproveitamento da água armazenada em subsuperfície em leito arenoso, o que resulta na remobilização dos sedimentos encosta- canal e no entulhamento das confluências. Por tratar-se de uma bacia fluvial exclusivamente rural, as atividades agropecuárias são responsáveis pela dinâmica econômica na área, portanto as áreas de solo exposto devem-se ao desenvolvimento de atividades como o preparo do solo às lavouras de ciclo curto e criação de animais de médio a pequeno porte. Figura 2: Uso e cobertura da terra, Bacia do Riacho Grande, PE. Apesar da menor proporção, destaca-se na bacia a extração mineral. Localizada entre os maciços residuais, a mineração de granito para britagem, contribui à intensificação dos processos erosivos locais, com a supressão da vegetação natural, modificando o aporte de sedimentos carreados pelos canais, alterando, do ponto de vista ambiental, a qualidade dos recursos hídricos superficiais. O mapeamento de uso e cobertura da terra forneceu a base primordial para a 19 identificação dos elementos de desconexão, juntamente com os mapas de declividade e geomorfológico, tendo em vista a ideia central proposta pela abordagem da conectividade da paisagem, complementando os dados enfatizados por Almeida, Souza e Corrêa (2016). À vista disso, foram identificados os seguintes elementos de desconexão (Figura 3): as planícies de inundação e tributários aprisionados, como bloqueios naturais; barramentos (barragens), aglomerados de distritos, vilas e povoados, rodovias pavimentadas e não pavimentadas, e ferrovia (Transnordestina), como bloqueios antrópicos. Figura 3: Elementos de desconexão, Bacia do RiachoGrande, PE. Notou-se, principalmente, a expressiva quantidade de barragens ao longo da bacia do Riacho Grande, constituindo as formas de impedimento responsáveis pelas maiores alterações nos processos de transmissão dentro da bacia. As mesmas atuam como impedimentos longitudinais (barriers), impedindo a livre circulação do fluxo entre o canal principal e os tributários, rompendo a conexão entre canais (interação canal principal-tributário). Esses barramentos são frequentes nos canais tributários, e sua construção dá-se pela urgência em medidas alternativas de abastecimento de água para a manutenção das lavouras e para pecuária diante da escassez hídrica no Semiárido nordestino. Por se tratarem de modelos rústicos, sem o devido aparato estrutural e tecnológico, são bastante comuns durante os eventos de alta magnitude os rompimentos destas barragens, alterando o cenário de conectividade dentro da bacia (Almeida, Souza & Corrêa, 2016). Uma exceção a este cenário são as barragens de concreto, como a construída ao longo do Riacho Grande (Figura 4). 20 Figura 4: Barragem de concreto, canal principal – Riacho Grande. Em relação à transmissão de fluxo, as barragens de concreto interrompem quase drasticamente o fluxo de sedimento de fundo, depositando-os em planície de inundação à montante, bem como contribuindo para o incremento dos processos erosivos à jusante do barramento. As estradas, pavimentadas ou não, estão entre os impedimentos longitudinais (barriers) e laterais (buffers), ora impedindo a transferência entre o fluxo de sedimentos na própria rede de canais, ora, impedindo os sedimentos de alcançarem os próprios canais, quando provenientes das encostas. No decorrer dos eventos de baixa magnitude, quando o fluxo não tem competência suficiente para ultrapassá-las, o sedimento fica retido nas laterais das estradas, ou seguem-nas paralelamente modificando a rede de canais (Almeida, Souza & Corrêa, 2016). No caso da rodovia federal BR-232, a mesma constitui um elemento de desconexão permanente, devido à impossibilidade de rompimento e livre circulação canal-canal/encosta-canal imposta pela solidez da construção, mesmo em eventos de alta magnitude, o que resulta no entulhamento dos sedimentos sob as pontes e nas suas laterais. Assim como as estradas, a ferrovia Transnordestina insere- se como elemento de desconexão longitudinal/lateral, alterando a dinâmica entre a rede de canais. Os aglomerados populacionais foram incluídos no mapeamento de conectividade da paisagem, pois os mesmos atuam de forma diferenciada na transmissão de energia e matéria no sistema de drenagem, alterando a morfologia natural dos rios, do relevo e das relações entre superfície e subsuperfície, devido à impermeabilização dos solos. Portanto, os aglomerados humanos atuam nas três esferas de conectividade. Trata-se de impedimentos laterais, devido à modificação entre a transferência encosta-canal, através de obras para a viabilização das mesmas, alterando a morfologia das encostas, modificando também a relação escoamento superficial e infiltração de água no solo e a obstrução dos cursos naturais. Essas morfologias construídas podem atuar ainda como impedimentos longitudinais, como no caso da instalação de vias de acesso, e mesmo como impedimentos verticais, com a diminuição da capacidade de infiltração de água no solo, devido à ampliação de atividades que vedam a camada superficial, evitando a livre circulação superfície- subsuperfície, reduzindo, portanto a oferta de água aos aquíferos aluviais livres. Os elementos de desconexão naturais correspondem a formas deposicionais, e se localizam ao longo do canal principal e nas confluências entre os tributários. Tratam-se das planícies de inundação e dos tributários aprisionados. Ambos se formam a partir dos processos agradacionais relacionados à dinâmica do próprio canal fluvial ou entre o canal e a encosta. As planícies de inundação representam as formas deposicionais geradas a partir do extravasamento do fluxo, presentes em canais parcialmente confinados e lateralmente não confinados. Entre os canais lateralmente não confinados, encontram-se os vales preenchidos conservados (Figura 5). De aparência aplainada, têm seu processo evolutivo relacionado à alternância entre fases de preenchimento e incisão. Seu preenchimento está relacionado, além da transmissão de sedimentos entre canais, à transferência de materiais das encostas. 21 Figura 5: Vale preenchido conservado, Foz do Riacho Grande, PE. Os tributários aprisionados, como barriers, ocorrem quando da deposição de sedimentos na confluência entre canais, entulhando o exutório dos canais tributários. Na bacia do Riacho Grande, dos 36 tributários diretos ao canal principal, 16 encontram-se aprisionados. Parte disso se deve à relação entre a energia do fluxo e a sedimentação à montante das planícies de inundação no canal principal, ou devido à acreção de diques marginais, ou ainda a controles estruturais. Apesar de interromperem a conexão entre os diferentes compartimentos na paisagem, considerando os impedimentos naturais como formas deposicionais que retém o fluxo de água e sedimento, esses constituem elementos da paisagem relevantes ao abastecimento alternativo de pequenas comunidades rurais, a partir da utilização desses depósitos para a perfuração de poços rasos, aproveitando a oferta de água acumulada em subsuperfície. CONSIDERAÇÕES FINAIS A proposta da conectividade da paisagem, dentro da geomorfologia fluvial, apresenta elevado potencial na aplicabilidade aos estudos atrelados ao gerenciamento de pequenas bacias hidrográficas, sobretudo no Semiárido Nordestino, que necessita de novas metodologias que garantam a compreensão da complexidade de seus processos geomorfológicos locais influenciando na real oferta de transferência de água e sedimentos ao longo dos canais. Tal estudo aplicado a Bacia do Riacho Grande foi de suma importância na identificação dos elementos de desconexão, muito influenciados pelos processos erosivos e deposicionais impulsionados pelo desenvolvimento das atividades antrópicas na região. A identificação desses elementos permite também assinalar as áreas de grande retenção de sedimentos, que apresentam potencial ao abastecimento alternativo de água com a possibilidade de perfuração de poços rasos e instalação de barragens subterrâneas. Para isso, são necessários estudos mais detalhados e que sejam direcionados para este fim. Porém, o que se pode garantir é que a proposta da conectividade da paisagem tem total eficácia na identificação de tais depósitos, e, portanto, pode ser utilizada como uma primeira etapa de trabalho, buscando não apenas a identificação dos depósitos aluviais, mas também dos elementos que contribuem ou não para a conectividade entre os compartimentos da paisagem, compreendendo a totalidade do sistema fluvial, e não apenas ao que se restringe aos usos da água. REFERÊNCIAS Almeida, J.D.M.; Correa, A.C.B. (2014). Dinâmica dos sedimentos em bacia do semiárido: conectividade e a relação com a qualidade de água como suporte para a gestão de recursos hídricos local. In: 18ª Jornada de Iniciação Científica – Facepe: Recife. Almeida, J.D.M.; Souza, J.O.P.; Corrêa, A.C.B. (2016) Dinâmica e caracterização fluvial da bacia do Riacho Grande: abordagem da conectividade da paisagem. 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(2000) Mapeamento Geomorfológico de Detalhe – Uma Proposta de Associação entre o Mapeamento Tradicional e as Novas Técnicas em Geoprocessamento. Caminhos de Geografia, 1, 1, 1-6. Sampaio, M.A.F. (2005) Petrologia, Geoquímica e Evolução Crustal do Complexo Granítico Esperança, Terreno Alto Pajeú, Domínio da Zona Transversal, Província da Borborema, Nordeste Brasileiro. Tese (Doutorado). UFPE – Programa de pós-graduação em Geociências. Souza, J.O.P. (2011) Sistema fluvial e açudagem no semi-árido, relação entre a conectividade da paisagem e dinâmica da precipitação, na bacia de drenagem do riacho do saco, Serra Talhada, Pernambuco. Dissertação (Mestrado). UFPE – Programa de pós-graduação em Geografia. Souza, J.O.P. (2014) Modelos de Evolução da Dinâmica Fluvial em Ambiente Semiárido – Bacia do Riacho do Saco, Serra Talhada, Pernambuco. Tese (Doutorado): Universidade Federal de Pernambuco, Programa de Pós- Graduação em Geografia. Souza, J.O.P.; Correa, A.C.B. (2012) Conectividade e área de captação efetiva de um sistema fluvial semiárido: bacia do riacho Mulungu, Belém de São Francisco-PE. Sociedade e Natureza, Uberlândia, 24, 2, 319-332. ANÁLISE MULTITEMPORAL DO USO E COBERTURA DO SOLO DA ZONA COSTEIRA DE EXTREMOZ - RN, BRASIL (2006-2016) Ivaniza Sales Batista, Hudson Domingos Teixeira, Zuleide Maria Carvalho Lima, Joyce Clara Vieira Ferreira e Antônia Vilaneide Lopes Costa de Oliveira INTRODUÇÃO Configurado na interface entre o oceano, continente e atmosfera, o ambiente costeiro constitui-se como um espaço bastante dinâmico e diverso, proporcionando condições ideais para o abrigo e desenvolvimento de distintas espécies faunísticas e florísticas. Trata-se de áreas significativamente instáveis e de elevada fragilidade natural, com feições geomorfológicas diversificadas e em permanente processo de (re) modelagem de suas formas, gerando configurações paisagísticas variadas ao longo da costa. As distintas formas de uso e cobertura do solo nesses espaços têm corroborado no crescente desencadeamento de mudanças na paisagem, bem como, na dinâmica do ambiente costeiro, tendo em vista que as ações antrópicas podem interferir nos processos e interações dos sistemas ambientais, a depender de como se dá a relação sociedade-natureza. Salienta-se, que as maiores pressões de ocupação humana no mundo estão concentradas ao longo dos litorais como bem ressalta Souza (2005). Dessa forma, observamos muitas das vezes, a constatação de impactos ambientais negativos, concebidos como alterações adversas ao meio em decorrência das atividades humanas (Sánchez, 2013), dentre eles, pode-se destacar a descaracterização e o desaparecimento de campos dunares; acentuação dos processos erosivos; degradação e compactação dos solos; assoreamento de canais fluviais; e a contaminação dos lençóis freáticos, como consequências danosas ao ambiente costeiro. ÁREA DE ESTUDO: ZONA COSTEIRA DO MUNICÍPIO DE EXTREMOZ-RN É nesse contexto, que se insere a zona costeira de Extremoz que abrange as praias de Redinha Nova, Santa Rita, Jenipabu, Barra do Rio, Graçandu e Pitangui. Tal município está situado no estado do Rio Grande do Norte (Figura 1) entre as coordenadas geográficas 5° 42′ 21″ S, 35° 18′ 25″ W e integra a Região Metropolitana de Natal, pertencente à Microrregião de Natal e Mesorregião Leste Potiguar pelo Instituto Brasileiro de 24 Geografia e Estatística (IBGE), com área territorial de 139,575 km², onde se distribui 24.569 habitantes, com densidade demográfica de 176 hab/km² (IBGE, 2010). A problemática deste trabalho está pautada no crescente processo de expansão urbana irregular da zona costeira do município de Extremoz, mesmo considerando que parte deste município está situada na Área de Proteção Ambiental de Jenipabu (APAJ). A APAJ foi criada em 1995 e, por isso, possui usos controlados, uma vez que as APA"s são consideradas como: unidades de conservação, destinadas a proteger e conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais ali existentes, visando a melhoria da qualidade de vida da população local e também objetivando a proteção dos ecossistemas regionais. (Ministério do Meio Ambiente, Conama, 1988). Desse modo, acreditamos que a expansão crescente e desordenada da malha urbana, pode desencadear uma série de impactos ambientais negativos e vir a comprometer a manutenção dos ecossistemas naturais e a qualidade de vida da população de Extremoz. Diante dessa realidade, propõem-se, como objetivo central, analisar a evolução multitemporal do processo de uso e cobertura do solo na zona costeira de Extremoz, localizada no estado do Rio Grande do Norte, no período entre 2006 e 2016. Para tanto, caracterizamos os aspectos físico-naturais e socioeconômicos da zona costeira de Extremoz; apresentamos a evolução multitemporal do processo de uso e cobertura do solo na zona costeira de Extremoz, entre 2006 e 2016; identificamos os principais impactos negativos decorrentes do processo evolutivo de uso e cobertura do solo na zona costeira de Extremoz; e elucidamos os principais desafios brasileiros para o planejamento, gestão e gerenciamento da zona costeira de Extremoz. Contudo, utilizamos a abordagem geossistêmica proposta por Sotchava (1977) e o conceito de paisagem como categoria de análise geográfica. A realização dessa pesquisa justifica-se diante do relevante papel desempenhado pelos estudos sistêmicos de análise multitemporal do uso e cobertura do solo. Seus resultados fornecem subsídios relevantes para o planejamento e gerenciamento racional da área de estudo. Além de configurar-se como um instrumento colaborador para a construção de indicadores ambientais e avaliação da capacidade de suporte ambiental. E, por fim, promover o equacionamento de conflitos e a maximização das potencialidades naturais locais. MATERIAIS E MÉTODOS O desenvolvimento dessa pesquisa foi embasado no uso de técnicas de sensoriamento remoto e de geoprocessamento de imagens, assim como, a utilização de um Sistema de Informações Geográficas(SIG) para tratamento e análise dos dados espaciais. O sensoriamento remoto é definido como “uma ciência que visa o desenvolvimento da obtenção de imagens da superfície terrestre por meio da detecção e medição quantitativa das respostas das interações da radiação eletromagnética com os materiais terrestres” (Meneses, 2012: 3). Já o termo geoprocessamento faz referência a uma tecnologia transdisciplinar, que permite a integração de dados geográficos, a partir da coleta, tratamento, análise e apresentação de informações associadas a mapas digitais georreferenciados (Rocha, 2002). Por fim, os SIGs são entendidos como sistemas computacionais capazes de armazenar e processar informações geográficas, constituindo-se como ferramentas que potencializam a eficiência e a efetividade do tratamento dessas informações, utilizados para os mais distintos fins. (Longley et al, 2013). 25 Figura 1: Mapa de localização da zona costeira do município de Extremoz. Destarte, o uso das técnicas de geoprocessamento e a apreciação de dados geográficos foram primordiais para análise integrada do processo evolutivo do uso e cobertura do solo na zona costeira de Extremoz, ao possibilitar o tratamento e a interpretação de informações georreferenciadas com significativa eficiência. Em termos operacionais, inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, descritivo e explicativo sobre a temática proposta, assim como, sobre o objeto de estudo. Paralela a essa fase, realizou-se pesquisa de campo, que deram suporte a análise multitemporal do processo evolutivo do uso e cobertura do solo na zona costeira de Extremoz, as 26 produções cartográficas e a análise integrada dos impactos negativos desencadeados na área de estudo. Culminando na posterior sistematização dos resultados e obtenção desse artigo como produto final. Na pesquisa de campo foi realizado o reconhecimento das características geoambientais da zona costeira de Extremoz (climatologia, hidrologia, geologia, geomorfologia, pedologia e cobertura vegetal), da ocupação do solo e observados alguns impactos ambientais negativos ocasionados pelas ações antrópicas. Como instrumentos de apoio, utilizamos bússola, câmara digital e um Global Positioning System (GPS - Sistema de Posicionamento Global, na língua vernácula), modelo 79CSX, Garmim. Para a elaboração dos mapas que subsidiaram a análise multitemporal do processo evolutivo do uso e cobertura do solo na zona costeira de Extremoz, fez-se uso das ortofotos 023 e 027, do ano de 2006, na escala de 1:25.000, concernentes ao levantamento do Litoral Oriental pelo Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur).Também foi utilizada uma imagem extraída do Google Earth Pro (Digital Globe) considerada de alta resolução espacial, referente ao ano de 2016, na mesma escala sob um sistema de coordenadas UTM (Universal Transversa de Mercator) e o datum de referência SIRGAS 2000, zona 25 Sul. Posteriormente, os produtos gerados foram comparados, sendo possível realizar uma classificação pelo método da interpretação visual e observar as mudanças ocorridas na zona costeira de Extremoz no decorrer do período estudado. Ressalta-se que as imagens utilizadas foram georreferenciadas e vetorizadas na plataforma ArcGIS 10.3.1 versão trial (ESRI), instalada nos computadores do Laboratório de Geoprocessamento do Departamento de Geografia (DGE) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) (Santos et al, 2010). A nomenclatura e terminologias das classes utilizadas nesse artigo foram baseadas no Manual Técnico de Uso e Cobertura da Terra do IBGE. As áreas urbanizadas correspondem às superfícies não agrícolas, com estrutura de edificações e sistema viário. A cultura permanente abrange o cultivo de plantas com ciclo vegetativo de longa duração. A classe Florestal engloba as formações arbóreas com porte superior a 5 m, inclui as áreas remanescentes primárias estágios evoluídos de recomposição florestal, desconsiderando os reflorestamentos. Os corpos d’água continentais não apresentam origem marinha (rios, lagoas de água doce, canais, açudes). Os corpos d’água costeiros são corpos de água salgada e salobra, englobando a faixa costeira de praias e águas abrigadas. Asáreas descobertas são compreendidas as áreas de praias, dunas e extensões de areias ou seixos no litoral ou no continente, incluindo dunas com vegetação esparsa ou sem cobertura vegetal (IBGE, 2013). RESULTADOS E DISCUSSÕES Percurso teórico-conceitual As zonas costeiras são áreas conformadas no tríplice contato com o oceano, o continente e a atmosfera, apreendida como “a borda oceânica das massas continentais e das grandes ilhas, que se apresenta como área de influência conjunta de processos marinhos e terrestres, gerando ambientes com características específicas e identidade própria” (MMA, 2006, p. 22). Esses espaços estão em constante processo de transformação de suas feições geomorfológicas, em decorrência da reconhecida dinâmica dos seus condicionantes geoambientais (clima, geologia, relevo, pedologia, hidrologia), assim como, da ação antrópica que ocasiona 27 a remodelagem das suas formas e a modificação dos seus processos. Nessa perspectiva, essas espacialidades "por constituírem ambientes de formação geológica recente e de grande variabilidade natural, [...] apresenta ecossistemas em geral fisicamente inconsolidados e ecologicamente imaturos e complexos" (Carvalho e Fontes, 2006:2), de modo, a conferir significativa fragilidade natural mediante as ações sociais, uma vez que “os sistemas ambientais naturais, face às intervenções humanas, apresentam maior ou menor fragilidade em função de suas características genéticas.” (Ross, 1998:291). Esses espaços são classificados ecodinâmicamente por Tricart (1977) como meios fortemente instáveis, prevalecendo a morfogênese e do condicionamento bioclimático. Nesses meios, o sistema natural e os demais elementos ficam subordinados a morfogênese e são influenciados pela geodinâmica interna configurando a paisagem costeira. Diante disso, evidencia-se a necessidade de compreender e analisar esses espaços sobre a ótica geossistêmica, originada a partir da Teoria Geral dos Sistemas, formulada por Bertalanffy (1977), difundida na Geografia por Sotchava (1977), disseminada por Bertrand (1972), Tricart (1977) e Christofoletti (1999). A abordagem geossistêmica proporcionou consideráveis avanços na Geografia Física, ao possibilitar uma análise contundente das relações mútuas e integradas entre os aspectos naturais e sociais. Bertrand (1972) destaca que o geossistema apresenta dados ecológicos com estabilidade relativa. Resultado da combinação entre os fatores geomorfológicos, climáticos e hidrológicos (“potencial ecológico” do geossistema), certo tipo de exploração biológica do espaço (vegetação, solo e fauna) e as intervenções antrópicas. Os geossistemas são uma classe peculiar de sistemas dinâmicos abertos organizados hierarquicamente (Bertalanffy, 1977). Sotchava (1977:06) esclarece que "embora os sistemas sejam fenômenos naturais, todos os fatores econômicos e sociais, influenciando sua estrutura e peculiaridades espaciais, são tomados em consideração durante seu estudo e descrições verbais ou matemáticas". Nesse sentido, a apreensão do geossistema perpassa tanto pela análise dos elementos naturais, quanto da apreciação das imposições socioeconômicas. Destarte, para apreender a área de estudos sobre a ótica geossistêmica, adotou-se como categoria geográfica de análise a paisagem. Conforme explana Ab'Saber (2003:9), a paisagem é a "herança de processos fisiográficos e biológicos, e patrimôniocoletivo dos povos que historicamente as herdaram como território de atuação de suas comunidades". A paisagem está em um contínuo processo de modelagem de suas formas, exprimindo características antigas e recentes. Bertrand (1972) afirma que a paisagem é um espaço produzido a partir da associação dinâmica, dialética e evolutiva dos agentes físicos, biológicos e antrópicos, resultando espacialmente uma síntese das imposições antrópicas sobre o meio natural. As paisagens costeiras estão em contínuo processo de (re) modelagem de suas formas e estruturas, em decorrência tanto da dinâmica do lugar (processos oceânicos, atmosféricos e continentais) quanto da ação humana (usos e ocupação do solo). Salienta-se que elas originam-se de processos erosivos e deposicionais e dependem da atividade tectônica regional, da geologia, do clima, da vazão fluvial, altura das ondas, amplitude das marés, dentre outras variáveis, formando distintos cenários, de beleza singular (Bloom; Petri; Ellert, 1988). Nesse sentido, no litoral de Extremoz, verifica-se a conformação paisagística de campos de dunas móveis, 28 planície de deflação e praias com dunas frontais e dunas fixas, cujas formas estão em permanente processo de (re) modelagem, condicionadas pelos processos oceânicos, atmosféricos e continentais, somadas a ação humana no processo de uso e cobertura do solo. Compreende-se, por solo a camada superficial formada por partículas minerais e orgânicas, distribuídas em sessões verticais com profundidade variável, resultante da ação de agentes intempéricos sobre as rochas e da adaptação aos condicionamentos do meio em que se encontram expostas ao intemperismo (Embrapa, 2006). Já a expressão “uso do solo”, refere-se “uma série de operações desenvolvidas pelos homens, com a intenção de obter produtos e benefícios, através do uso dos recursos da terra.” (Bie; Leeuwen; Zuidema, 1996 apud IBGE, 2013:43). E, por fim, o termo “cobertura do solo”, faz referência aos elementos que constituem a natureza (vegetação (natural ou não), recursos hídricos e o aporte físico (geologia e seu recobrimento superficial)) e as construções antrópicas que recobrem a superfície terrestre. Nesse sentido, ressalta-se a importância dos estudos geográficos integrados das formas de uso e cobertura do solo na zona costeira de Extremoz, uma vez que fornecem subsídios para o seu planejamento e gerenciamento, visando minimizar conflitos sociais, impactos ambientais negativos e a conservação dos recursos naturais. Caracterização socioambiental da zona costeira do município de Extremoz-RN A zona costeira de Extremoz caracteriza-se, sobretudo, pela diversidade dos seus aspectos naturais, pelos cenários paisagísticos exuberantes e pela exploração de seus recursos para os mais variados fins. Extremoz e, por conseguinte, a área de estudo apresenta clima classificado como As’ tropical chuvoso com verão seco, de acordo com a classificação de W. Köppen (Vianello e Alves, 1991), com média anual de precipitação de 1.500 mm e temperaturas entre 30°C e 24°C. De março e julho, vislumbram-se os maiores índices pluviométricos, com ocorrência de chuvas torrenciais e esparsas entre março e maio. Em contrapartida, os meses menos chuvosos correspondem aos meses de setembro e dezembro (meses estivais) (Nunes, 2000). Em termos hidrográficos, 49,45% do território de Extremoz está inserido na Bacia Hidrográfica do Rio Ceará - Mirim, 28,53% na Faixa Litorânea Leste de Escoamento Difuso e 22,02% na Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CPRM, 2005). Configurando-se o Aquífero Barreiras (hidrogeologicamente confinado, semi- confinado e livre em algumas áreas) e o Aquífero Aluvião (apresenta-se disperso sendo composto por sedimentos predominantemente arenosos, com deposição nos leitos e terraços dos rios e riachos de maior porte) (Idema, 2013). Em termos geológicos, a área de estudo caracteriza-se pela configuração de sedimentos do Grupo Barreiras, arenitos praiais e ferruginosos, depósitos flúvio- marinhos e litorâneos de praias dunas. A geomorfologia da área está representada por campos de dunas móveis, praias e dunas frontais, planícies de deflação, estuário, recifes e terraço de abrasão. Pedologicamente, ressalta-se a conformação de Neossolos Quartzarênicos (solos de praias e dunas; essencialmente quartzosos, profundos, com fertilidade natural muito baixa, elevada porosidade e permeabilidade), Latossolos (com horizonte B latossólico abaixo de um horizonte diagnóstico superficial, exceto hístico), Gleissolos Tiomórficos (solo de mangue; compostos por material mineral, apresentando horizonte glei nos primeiros 150 cm, seguido por um horizonte A ou E, ou de horizonte H), solos Aluviais (solo de várzea, constituídos por material mineral ou 29 orgânico pouco espesso, com pouca expressividade de alterações ao material originário) (Embrapa, 2006; Batista, 2014). A cobertura vegetal predominante na área de estudo está associada aos campos de praias e dunas, com destaque para as espécies Cynodon dactilon (capim - de - burro), Paspalum maritimum (capim – gengibre), Paspalum vaginatum (capim – praturá), Remirea marítima (alecrim de praia) e Ipomoea pes –caprae (salsa - de – praia). Vislumbra-se também a vegetação de mangue (representadas pela Rhizophora mangle (mangue sapateiro), Avicenia schaueriana (mangue branco), Laguncularia recemosa (mangue manso), Acrostrichum aureum (avenção ou samambaia-do-mangue) e Conocarpus erecta (mangue-ratinho ou mangue-botão)), restingas arbustiva – arbórea (destacando-se o Chrysobalanus icaco (guajiru), Chamaecrista ensiformis (pau-ferro), Eugenia sp. (camboim), Pilosocereus hapalacanthus (cardeiro-grande), Capparis flexuosa (feijão- bravo)) e vestígios de Mata Atlântica nas planícies sedimentares e ao longo do curso do Rio Ceará - Mirim, denominados como matas de galeria (Batista, 2014; Nunes, 2000). Esses condicionantes geoambientais vêm atraindo historicamente pessoas (turistas, residentes e mão de obra trabalhadora) e investimentos turísticos ao longo te todo litoral, ocasionando o crescente adensamento urbano local e as consequentes pressões sócio-espaciais. Atualmente, constata-se em Extremoz, o número crescente de domicílios particulares não ocupados (ocupados ocasionalmente ou vagos), evidenciando uma expressiva parcela de população flutuante (veranistas) que o município abriga. Vale ressaltar, que enquanto as economias predominantes em Extremoz associavam-se ao setor primário (pesca artesanal, agricultura de subsistência e pecuária), o processo de organização e ocupação do litoral estava em harmonia com os condicionamentos naturais do ambiente. A partir da década de 1970 foi implementada a carcinicultura em seu litoral por meio do Projeto Camarão, contribuindo para o surgimento de pequenos aglomerados. Na década de 1980, inicia-se o parcelamento do solo para fins de loteamento, servindo predominantemente de segunda residência às classes média e alta da sociedade de Natal, RN. Nos anos de 1990 e após o ano 2000, observou-se uma maior expansão urbana local, a partir da instalação de restaurantes, hotéis, pousadas, equipamentos de lazer e comércios, somados a investimentos de ordem pública - na infraestrutura básica - e de ordem privada- atrelados, principalmente, ao turismo. (Nascimento, 2008). O Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) contribuiu significativamente para a expansão da infraestrutura turística em Extremoz. Aguiar (2013) elucida que o programa ofereceu crédito ao setor público, visando a criação de condições propícias para a expansão e melhoria da qualidade da atividade turística. Atualmente, o turismo é um dos mais importantes pilaresda economia de Extremoz, o setor de serviços é o que mais contribui na composição do Produto Interno Bruto (PIB), contribuindo com 109,343 mil reais do total municipal de 1641,149 mil reais (IBGE, 2010). Dentre os mais relevantes atrativos turísticos observados na área de estudo, destacamos o Aquário Natal (em Redinha Nova), os passeios de dromedários, jegues e buggys nas dunas, vendas de produtos artesanais, a travessia de balsa e descidas radicais sobre as dunas, somadas ao desfrute de lagoas e praias (onde são encontrados serviços de bar e restaurante). No entanto, as imposições antrópicas vêm corroborando na constatação de alterações adversas e problemas sócio-espaciais na zona costeira de Extremoz, tais como, a segregação sócio-espacial, insuficiente 30 acesso aos serviços públicos, inundações sazonais, ausência de saneamento básico e estação de esgoto, destinação inadequada de lixo, o uso indevido de recursos naturais pela construção civil e a presença de construções irregulares. Nesse sentido, destaca-se a importância da atuação dos mecanismos legais de regulação de uso e cobertura do solo que atuam na escala local. Através destes, foi instituída a APAJ por meio do decreto estadual nº 12.620 de 17 de maio de 1995, onde seu objetivo consiste em promover o ordenamento do uso e proteção dos ecossistemas (dunas, mata atlântica, manguezal e praias, rios e lagoas) e da biodiversidade local. É válido ressaltar que parte da área de estudo, mais precisamente a porção sul, encontra-se inserida na APAJ. Portanto, as relações sócio-espaciais na área de estudo, vêm corroborando na constatação de impactos ambientais negativos de magnitude e importância variável, em função da fragilidade natural - intrínseca aos seus condicionantes geoambientais - e das imposições antrópicas. Desse modo, torna-se evidente sua ineficiente fiscalização e acompanhamento técnico-administrativo local, visando a conservação dos recursos naturais e o equacionamento dos conflitos sociais. Análise multitemporal do uso e cobertura do solo na zona costeira de Extremoz: implicações e desafios Nos últimos tempos, têm-se observado um crescente adensamento urbano ao longo das regiões litorâneas no mundo, sobretudo, em decorrência do aumento expressivo da valorização imobiliária nesses espaços resultantes, principalmente, do desenvolvimento de atividades econômicas variadas (pesca, carcinicultura, extração de sal, indústria, comércio, turismo, entre outras). Esse fator, corrobora progressivamente no desencadeamento de mudanças expressivas na conformação paisagística e na própria dinâmica do ambiente costeiro, contribuindo para a eclosão de alterações adversas e sua consequente deturpação, perante as imposições antrópicas. Nessa perspectiva, salienta-se a relevância desempenhada pelos estudos geográficos sistêmicos e o uso das técnicas de geoprocessamento para apreensão e análise integrada desses espaços, ao suscitar conhecimentos relevantes para subsidiar o planejamento e gestão adequada do território costeiro, visando à conservação dos seus recursos naturais e a mitigação dos impactos adversos. Desse modo, o mapeamento das classes de uso e cobertura do solo na zona costeira de Extremoz, entre os anos de 2006 e 2016, apresentou modificações espaciais relevantes nos últimos dez anos (Figura 2). De maneira mais ampla, observamos o expressivo aumento do percentual de áreas urbanizadas e a consequente diminuição de áreas descobertas ao longo de toda a costa do município. Houve também a diminuição de corpos d’águas continentais, mas também o acréscimo das classes florestal e de culturas permanentes. Quantitativamente, a área de estudo apresentou 21,62 km2 de extensão territorial (Tabela 1). Deste total, em 2006 pouco mais de 17% estava urbanizada, conforme a tendência mundial dos países litorâneos observou-se o crescente adensamento urbano local, perpassando o valor dos 25% da área total no ano de 2016, ou seja, houve um crescimento de 8% de área urbana. Este aumento está associado ao desenvolvimento de atividades turísticas, mediante seu potencial em atrair populações residente, imigrante e flutuante ao longo dos anos. 31 Figura 2: Mapa da evolução do uso e cobertura do solo na zona costeira de Extremoz, entre 2006 e 2016. Fonte: Mapeamento do ano de 2006 por Batista (2014). 32 Tabela 1: Classes de mapeamento da cobertura e uso do solo na área de estudo, entre os anos de 2006 e 2016. Fonte: mapeamento do ano de 2006 por Batista (2014). CLASSES MAPEAMENTO DE 2006 MAPEAMENTO DE 2016 Área (km²) Percentual (%) Área (km²) Percentual (%) Áreas descobertas 13,47 62,3 11,63 53,79 Áreas urbanizadas 3,75 17,35 5,61 25,95 Corpos d’água continentais 0,79 3,65 0,1 0,46 Corpos d’água costeiros 1,94 8,97 1,95 9,02 Cultura permanente 0.05 0,23 0,06 0,28 Florestal 1,62 7,5 2,27 10,5 TOTAL 21,62 100 21,62 100 Vale também destacar, que a expansão das áreas urbanizadas na área de estudo ocorre, espacialmente, sob os campos de dunas móveis e em planícies de deflação, ou seja, em Áreas de Preservação Permanente (APP), conforme estabelecido pela Resolução Conama 303, tendo em vista sua função ambiental de manter o equilíbrio e a estabilidade da paisagem local, além de assegurar o fluxo gênico da fauna e flora, visando o bem-estar das populações humanas. Desse modo, o avanço urbano nessas áreas acaba contribuindo para a sua descaracterização e deturpação (Figura 3). Figura 3: Residência instalada em dunas. Foto: Ivaniza Sales (Nov/2014) A construção de edificações nesses espaços implica na modificação estética da paisagem, interfere no processo de transporte dos sedimentos modificando o balanço sedimentar, além de diminuir e descaracterizar os sedimentos dos campos dunares; ocasiona a contaminação do lençol freático devido ao fluxo de águas servidas, contribui para o assoreamento de corpos hídricos, na devastação da vegetação e na conformação de problemas sociais decorrentes do soterramento de equipamentos urbanos no processo de migração dunar (Figura 4). Figura 4: Soterramento de equipamentos urbanos no processo de migração dunar. Foto: Luiz Eduardo (Ago/2014). 33 Ademais, ressalta-se que há uma incompatibilidade entre as formas de uso e cobertura do solo e as características geoambientais dos campos de dunas, pois se tratam de ambientes bastante dinâmicos e complexos, de formação geológica com idades recente, de grande variabilidade natural, compostos fisicamente por sedimentos inconsolidados, ecologicamente imaturos e de reconhecida fragilidade natural. O grande número de residências em campos dunares sem um sistema eficiente de destinação dos esgotos resulta em sérios problemas ambientais relacionados à qualidade dos recursos hídricos e drenagem urbana, agravados em função da segregação social no espaço e dos diversos conflitos de interesses (políticos, econômicos e ambientais). No que se refere a disparidade dos valores obtidos no mapeamento da classe corpos d'água continentais nos dois anos observados (Tabela 1), faz-nos refletir a respeito da sua considerável diminuição percentual em 2016, equiparando-se com o ano de 2006. Uma possível explicação para esses valores está no afloramento do lençol freático em algumas áreas, deixando-as alagadas temporariamente. Os resultados obtidos por Batista (2014) reforçam essa ideia, pois o percentual de corpos d'água continentais obtido no mapeamento do ano de 1970, na área de estudo, foi de apenas1,39 % de sua área total, substanciando essa hipótese. Assim no período em que foi realizado o levantamento do litoral oriental pelo Prodetur, em 2006, estavam aflorando lagoas efêmeras, enquantoque na imagem do Google Earth Pró - datada do ano de 2016 - revela o desaparecimento das mesmas e o surgimento de vegetação onde elas localizavam-se, o que evidencia ainda mais a dinamicidade dos ambientes costeiros. Salienta-se também, o aumento da distribuição espacial das classes "florestal", "cultura permanente" e "corpos d'água costeiros", essas duas últimas classes obtiveram uma expansão espacial muito pequena em relação as demais (somente 0,01 km²). A classe florestal, por sua vez, apresentou um crescimento expressivo no período observado (3%), cuja espacialização se dá, sobretudo, na porção norte da área de estudo (Praia de Pitangui) e às margens da Lagoa de Jenipabu, dentro dos limites espaciais da APAJ (Tabela 1). Podemos associar o aumento espacial da área de floresta com a instituição do Plano de Manejo da APAJ e do seu Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), através da Lei Estadual 9.254/ 2009, ao promover legalmente a preservação e conservação dos recursos naturais locais. Evidenciando assim, a importância desempenhada pela criação de áreas legalmente protegidas para a manutenção da biodiversidade na Terra. Diante do exposto, evidencia-se que os principais desafios para o planejamento e gerenciamento da área de estudo associam- se com a busca pela conciliação entre os condicionantes físico-naturais locais e as práticas sociais a materializar-se espacialmente, visando à manutenção dos ecossistemas locais e a diminuição de conflitos. CONSIDERAÇÕES FINAIS As regiões litorâneas são espaços dinâmicos e complexos de reconhecida fragilidade natural. No entanto, constata-se uma tendência mundial de adensamento urbano ao longo da costa dos países litorâneos, de modo a desencadear no surgimento de impactos negativos ao meio e, consequentemente, a população nele inserida. Esse é o cenário da zona costeira do município de Extremoz, seu processo histórico de uso e cobertura do solo apresenta íntima relação com a composição paisagística e o desenvolvimento de atividades turísticas. Embora haja 34 mecanismos legais de restrição de uso e ocupação do solo na área de estudo, essa espacialidade tem apresentado, na última década, um considerável aumento populacional. Esse crescimento extrapola a natureza dos valores quantitativos e corroboram em mudanças qualitativas nos ecossistemas locais. Dentre os impactos constatados sócio- espaciais observados na área de estudo, sobressai-se a descaracterização dos campos dunares, a acentuação dos processos erosivos, a degradação dos solos, o assoreamento de canais fluviais, somados a segregação social e problemas de soterramento de equipamentos urbanos no processo de migração dunar. Portanto, torna-se válido o aumento e/ou intensificação da fiscalização e acompanhamento técnico-administrativo na zona costeira de Extremoz, tendo em vista sua dinâmica peculiar e sua incontestável relevância na manutenção dos recursos naturais disponíveis e da qualidade de vida população local. Neste contexto, destacam- se os estudos geossistêmicos no tocante ao entendimento das dinâmicas das zonas costeiras para subsidiar o planejamento e gerenciamento em escala local. REFERÊNCIAS Ab’saber, A.N. (2000) Fundamentos da geomorfologia costeira do Brasil Atlântico inter e subtopical. Revista Brasileira de Geomorfologia, 1. 1, 27–43. Ab’saber, A.N. (2003) Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo, Ateliê Editorial. Aguiar, L. de S.A. (2013) Dinâmica ambiental da planície de deflação do litoral de Extremoz/RN. 147f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. Batista, I.S. (2014) Evolução do uso e cobertura do solo na zona costeira de Extremoz entre 1970 e 2006. Monografia (Graduação em Geografia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. Bertalanffy, L.V. (1977) Teoria geral dos sistemas. Petrópolis, Vozes LTDA. Bertrand, G. (1972) Paisagem e geografia física global. Esboço metodológico. 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