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( Direito) - Familias Simultaneas Uniao Estavel E Concubinato

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Artigo - Famílias Simultâneas: Uniao Estável e Concubinato 
 
Artigo - Famílias Simultâneas: Uniao Estável e Concubinato 
• 1. INTRODUÇÃO 
A idéia tradicional de família, para o Direito brasileiro, era aquela que se constituía 
pelos pais e filhos unidos por um casamento regulado pelo Estado. A Constituição 
Federal de 1988 ampliou esse conceito, reconhecendo como entidade familiar a 
união estável entre homem e mulher. O Direito passou a proteger todas as formas 
de família, não apenas aquelas constituídas pelo casamento, o que significou uma 
grande evolução na ordem jurídica brasileira, impulsionada pela própria realidade. 
 
A mesma realidade impõe, hoje, a discussão a respeito das "Famílias Simultâneas", 
em que a pessoa mantém relações afetivas com duas ou mais pessoas e ao mesmo 
tempo. 
Ao realizarmos um estudo mais aprofundado, percebemos que o assunto é 
importante e traz diversas conseqüências jurídicas, além de ser mais comum em 
nossa sociedade do que imaginamos. É certo que poucos são os doutrinadores que 
aprofundam a questão. 
 
Assim, procuramos trazer uma noção geral do tema. No início, desenvolvemos a 
evolução do concubinato e da união estável na legislação e na jurisprudência 
brasileiras. Em seguida, apresentamos as diferenças entre união estável e 
concubinato, inclusive os deveres de fidelidade e lealdade. Por fim, expusemos as 
principais correntes doutrinárias em que se divide o assunto, com inclusão da 
análise de julgados dos Tribunais pátrios. 
 
• 2. EVOLUÇÃO NA LEGISLAÇÃO E NA JURISPRUDÊNCIA 
• 2.1 CÓDIGO CIVIL DE 1916 
As uniões surgidas à margem do matrimônio eram identificadas com o nome de 
concubinato no Código Civil de 1916. 
Com o propósito de proteger a família constituída pelo casamento, o Código Civil de 
1916 omitiu-se em regular as relações extramatrimoniais. Em alguns casos acabou 
por puni-las, vedando doações, a instituição de seguro e a possibilidade de a 
concubina ser beneficiada por testamento. 
• 2.2 JURISPRUDÊNCIA E SÚMULAS 
Os efeitos patrimoniais da união estável foram sendo reconhecidos, 
paulatinamente, pela jurisprudência. 
Em um primeiro momento, nas situações em que a mulher não exercia atividade 
remunerada e não tinha outra fonte de renda, os Tribunais concediam alimentos de 
forma "camuflada", sob o nome de indenização por serviços domésticos prestados, 
baseando-se na equidade. O fulcro da decisão era a inadimissibilidade do 
enriquecimento sem causa. 
 
O STF, em 03 de abril de 1964, editou a Súmula 380, com o seguinte teor: 
"Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua 
dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum". 
 
Assim, a Justiça passou a reconhecer a sociedade de fato, mas, para ensejar a 
divisão dos bens adquiridos na constância da relação, havia a necessidade de prova 
da contribuição financeira efetiva para a constituição do patrimônio. 
 
Note-se que a Súmula 380 não reconhecia efeitos patrimoniais pelo concubinato em 
si, pelo fato de haver uma relação afetiva, pura e simplesmente, mas em razão da 
sociedade de fato, cuja existência fosse comprovada. A partilha do patrimônio 
considerava o esforço comum para adquiri-lo. Não se resolvia o problema, portanto, 
pelo Direito de Família, e sim pelo Direito das Obrigações. 
 
 
O STF também editou a Súmula 382, em 03 de abril de 1964, que dizia "a vida em 
comum sob o mesmo teto, more uxorio, não é indispensável à caracterização do 
concubinato". A experiência social já demonstrava que havia uniões sólidas, 
duradouras e notórias sem que o casal residisse sob o mesmo teto. 
Dessa forma, lentamente os direitos dos companheiros foram sendo reconhecidos 
pelos Tribunais. Podemos dizer que foi o próprio Supremo Tribunal Federal que 
fincou o esteio para a evolução da construção jurisprudencial e doutrinária, através 
dessas súmulas, que permanecem em vigor. 
• 2.3 CONSTITUIÇÃO DE 1988 
As uniões extramatrimoniais mereceram tal aceitação social, que acabaram 
reconhecidas pela Constituição[1]. Portanto, a Constituição Federal inseriu o afeto 
no âmbito da juridicidade, quando nomeou a união estável de entidade familiar, 
conferindo-lhe proteção do Estado. 
Assim leciona o seu art. 226, § 3o: "Para efeito de proteção do Estado, é 
reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, 
devendo a lei facilitar a sua conversão em casamento". 
Com isso, alargou-se o conceito de família, que passou a albergar outros 
relacionamentos além dos constituídos pelo laço do casamento. 
 
As uniões de fato entre um homem e uma mulher foram reconhecidas como 
entidade familiar com o nome de união estável. Porém, tal proteção constitucional 
restou sem reflexos na jurisprudência, já que essas uniões permaneceram sendo 
tratadas no âmbito dos direitos das obrigações. 
• 2.3.1 Família ou Entidade Familiar? 
Após a Constituição Federal de 1988, surgiu uma divergência na doutrina sobre a 
equiparação do casamento com a união estável, já que o primeiro constituía uma 
família, enquanto o segundo constituía uma entidade familiar. Questionava-se se o 
termo utilizado na Constituição Federal para se referir à união estável revelaria uma 
certa preferência do legislador pelo matrimônio civil. 
Na opinião de Yussef Said Cahali, "Tem-se como certo que o casamento continua 
mantendo a sua dignidade como único expediente legal hábil para a constituição da 
família, não se lhe equiparando, para os efeitos da lei - especialmente com vistas 
aos efeitos que dela resultam -, a simples união estável entre o homem e a 
mulher"[2]. 
Também Jacques de Camargo Penteado posiciona-se dessa forma: "Casamento é 
casamento. União estável é união estável. Trata-se de relações distintas e com 
denominação diversa. Sua disciplina jurídica é específica (...). A Constituição 
Federal considera a família a base da sociedade e lhe outorga especial proteção 
estatal. A união estável forma uma `entidade familiar` que merece proteção 
simples. Fossem iguais e o texto não lhes atribuiria denominação diversa"[3] 
. 
Entretanto, para muitos autores, entre eles Zeno Veloso, não há que se falar em 
"famílias de segunda classe". O mesmo afirma que: "A união estável é modo de 
constituição de família sem a formalidade da formação de casamento, mas, tirante 
isto, é semelhante ao casamento. Não se pode admitir ou conceber, no atual 
estágio da civilização, que, ressuscitando abolidas discriminações e preconceitos 
superados, uma família seja de primeira classe, e que as outras famílias sejam de 
segunda ou de terceira, só porque a primeira foi fundada numa solenidade, 
presidida por um juiz ou por uma autoridade religiosa"[4]. 
• 2.4 LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL 
• 2.4.1 Lei 8.971/94 
Seguindo a trilha aberta pela Constituição, foi editada a Lei 8.971, de 29 de 
dezembro de 1994, com o objetivo de regular o direito dos companheiros a 
alimentos e à sucessão. 
Embora sem definir a união estável ou o companheirismo, o art. 1o da citada Lei 
indicou alguns pressupostos para a caracterização da referida entidade familiar: 
fixou prazo de convivência de cinco anos para o reconhecimento das uniões 
estáveis, ou a existência de prole comum. Entretanto, tal estatuto legal não 
reconheceu a união estável entre os separados de fato, pelo que foi muito criticada. 
• 2.4.2 Lei 9.278/96 
A doutrina e jurisprudência mal tinham começado a esclarecer alguns pontos 
controvertidos da Lei 8.971/94, quando foi editado novo texto normativo, a Lei 
9.278, de 10 de maio de 1996, que veio regular o §3o do art. 226 da Constituição 
Federal. 
Referida Lei não quantificou prazo de convivência para o reconhecimento da união 
estável, revogando, portanto, o prazo de cinco anos estabelecido na lei anterior[5]. 
Também dispensou o requisito da existência de prole comum. Além disso, esta Lei 
albergou as relações entre as pessoas separadas de fato, reconheceu o direito real 
de habitação e, finalmente, fixou a competência das Varas de Família para o 
julgamentode litígios, assegurando o segredo de justiça para toda a matéria 
relativa 
à união estável. 
A Lei 9.278/96 não revogou a Lei 8.971/94[6], isto porque não o declarou 
expressamente; não regulou inteiramente a matéria de que a outra tratava; e, por 
fim, não havia total incompatibilidade entre ambas. Mas algum conflito havia, 
parcialmente, entre as duas leis, especialmente no art. 1o de cada uma delas, 
conforme exposto. Assim, quanto a esses aspectos, obviamente, a lei posterior 
revogou a anterior[7]. 
• 2.5 CÓDIGO CIVIL DE 2002 
 
O Código Civil de 2002 incluiu a união estável no último capítulo do livro do Direito 
de Família. Acabou reproduzindo a legislação existente, Lei 9.278/96, reconhecendo 
como união estável a convivência duradoura, pública e contínua de um homem e de 
uma mulher, estabelecida com o objetivo de constituição de família (art. 1.723 
CC/02)[8]. 
Os arts. 1.723 a 1.727 da atual codificação prevêem as regras básicas quanto à 
união estável, particularmente os seus efeitos pessoais e patrimoniais. Além 
desses, devem ser aplicadas as regras quanto aos alimentos previstas nos arts. 
1.694 e seguintes da mesma codificação. Por fim, há regra específica sucessória no 
seu art. 1.790. Passemos a analisar alguns dos dispositivos que regulam a união 
estável no Código Civil. 
No campo pessoal, reitera o novo diploma os deveres de "lealdade, respeito e 
assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos", como obrigações 
recíprocas dos conviventes (art. 1.724 CC/02). 
No tocante aos efeitos patrimoniais, o Código Civil de 2002 determina a aplicação, 
no que couber, do regime de comunhão parcial de bens, pelo qual haverá 
comunhão dos aquestos, isto é, dos bens adquiridos na constância da convivência, 
como se casados fossem, "salvo contrato escrito entre os companheiros" (art. 
1.725 CC/02). 
Prevê o art. 1.726 do Código Civil de 2002 que a união estável poderá converter-se 
em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no registro 
civil. O procedimento a ser adotado não ficou esclarecido. A exigência do novel 
legislador não atende ao comando da Constituição Federal, de que deve a lei 
facilitar a conversão da união estável em casamento, já que a conversão judicial e 
não administrativa dificultou o procedimento. Em vez de recorrer ao Judiciário, será 
mais fácil simplesmente casar. 
Percebe-se que o tratamento dispensado às uniões estáveis pelo Código Civil de 
2002 não foi igual àquele dado ao casamento. Enquanto o casamento foi regulado 
em diversos artigos, para união estável foram destinados poucos dispositivos. Daí 
as inúmeras controvérsias que surgem na doutrina e jurisprudência a respeito da 
regulamentação das uniões estáveis. Por outro lado, há quem entenda que "a 
exaustiva regulamentação da união estável a faz objeto de um dirigismo estatal 
não querido pelos conviventes"[9]. 
 
• 3. CONCUBINATO OU UNIÃO ESTÁVEL? 
A palavra concubinato, embora amplamente utilizada pelos profissionais do direito, 
sempre trouxe grande carga de preconceito. 
Nos dizeres de Maria Berenice Dias: "A expressão concubinato carrega consigo um 
estigma e um preconceito. Historicamente sempre traduziu relação escusa e 
pecaminosa, quase uma depreciação moral"[10]. 
Também Rodrigo da Cunha Pereira se manifesta nesse sentido: "Entre leigos, 
principalmente, a palavra concubina não denota simplesmente uma forma de vida, 
a indicação de estar vivendo com outra pessoa. Quando não é motivo de deboche, 
é alusiva a uma relação `desonesta`"[11]. E prossegue: "Nomear uma mulher de 
concubina é socialmente uma ofensa. É como se se referisse à sua conduta moral e 
sexual de forma negativa"[12]. 
Importante ressaltar que o próprio conceito etimológico da palavra concubinato, 
que descende do vocábulo latino concubinatus, já significava mancebia, 
amasiamento, abarregamento, do verbo concumbo ou concubo (derivado do 
grego), cujo sentido é o de dormir com outra pessoa, copular, deitar-se com, 
repousar, descansar ter relação carnal, estar na cama[13]. 
Assim, o legislador pareceu querer expurgar a carga de preconceito sobre a palavra 
concubinato, substituindo-a, na Constituição de 1988, pela expressão união estável. 
Antes do atual texto constitucional, Moura Bittencourt empregava essas expressões 
como sinônimas: "Em poucas palavras, concubinato é a união estável no mesmo ou 
em teto diferente, do homem com a mulher, que não são ligados entre si pelo 
matrimônio"[14]. 
O Código Civil de 2002, pela primeira vez, utilizou a palavra concubinato, buscando 
diferenciá-lo da união estável: "art. 1.727. As relações não eventuais entre o 
homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato". 
Portanto, concubinato não é mais sinônimo de união estável. A expressão união 
estável, adotada pela atual Constituição brasileira, veio substituir a expressão 
concubinato. Podemos dizer, então, que união estável era o concubinato não 
adulterino, ou puro. E o concubinato aquele adulterino, impuro ou desleal, que não 
recebeu proteção do Estado como uma forma de família, em razão do princípio da 
monogamia. 
Destarte, união estável é a relação afetivo-amorosa entre um homem e uma 
mulher, não adulterina e não incestuosa, com estabilidade e durabilidade, vivendo 
sob o mesmo teto ou não, constituíndo família sem o vínculo do casamento 
civil[15]. Já o concubinato é a relação entre homem e mulher na qual existem 
impedimentos para o casamento. 
Afirma Zeno Veloso: "(...) a união estável é uma relação afetiva qualificada, 
espiritualizada, aberta, franca, exposta, assumida, constitutiva de família; o 
concubinato, em regra, é clandestino, velado, desleal, impuro"[16]. 
Nas palavras de Álvaro Villaça Azevedo: "Tenha-se que o concubinato será impuro 
se for adulterino, incestuoso ou desleal (relativamente a outra união de fato), como 
o de um homem casado ou concubinado que mantenha, paralelamente ao seu lar, 
outro de fato"[17]. Os direitos decorrentes do concubinato adulterino, ou 
simplesmente concubinato, não estão no campo do Direito de Família, mas na 
teoria das sociedades de fato, no direito obrigacional. 
Assim, a competência para apreciar as questões envolvendo união estável é da 
Vara de Família, e a ação correspondente deve ser denominada ação de 
reconhecimento e dissolução de união estável. Já a competência para apreciar 
questões envolvendo concubinato é da Vara Cível, e a ação correspondente é 
denominada ação de reconhecimento e dissolução de sociedade de fato. 
O concubino não tem direito a alimentos, direitos sucessórios ou direito à meação. 
Repita-se: não se trata de entidade familiar, mas sociedade de fato. 
Apesar da diferenciação, a doutrina ainda faz grande confusão com os termos. 
Especificamente na linguagem dos tribunais, "concubinato" e "concubina" são 
expressões de largo uso, inclusive nos dias de hoje. 
Advertem-nos Flávio Tartuce e José Fernando Simão: "Como é notório, por muito 
tempo se utilizou a expressão concubinato como sinônima de união estável. Assim, 
a concubina seria a companheira. Entretanto, não se pode fazer tal confusão, 
principalmente no que diz respeito à pessoa que vive em união estável"[18]. 
Conforme preleciona Sílvio Venosa: "(...) é importante reiterar que o legislador do 
Código Civil optou por distinguir claramente o que se entende por união estável e 
por concubinato, não podendo mais essas expressões ser utilizadas como 
sinônimas, como no passado"[19]. 
Assim, recomendamos o rigor terminológico na utilização dos vocábulos, já que 
cada um dos institutos ocasiona conseqüências jurídicas diversas. 
 
• 4. FIDELIDADE E LEALDADE 
O Código Civil de 2002, ao tratar dos deveres do casamento, estabeleceu a 
fidelidade no art. 1.566, I. Já para se referir aos deveres da união estável, utilizou o 
termo lealdade. Assim dispõe o art. 1.724: "as relações pessoais entre os 
companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de 
guarda e educação dos filhos". 
Dessa forma, a expressão "fidelidade"é utilizada para identificar os deveres do 
casamento; enquanto "lealdade" tem sido o termo utilizado para as relações de 
união estável. 
 
No âmbito da união estável poder-se-ia mencionar que a ausência do termo 
"fidelidade" proporcionaria uma maior liberalização neste sentido. No entanto, este 
dever está expresso no vocábulo "lealdade". 
 
Assevera Rolf Madaleno: "(...) a expressão `fidelidade` é utilizada para identificar 
os deveres do casamento; e `lealdade` tem sido a palavra utilizada para as 
relações de união estável, embora seja incontroverso o seu sentido único de 
ressaltar um comportamento moral e fático dos amantes casados ou conviventes, 
que têm o dever de preservar a exclusividade das suas relações como casal"[20]. 
 
Assim entende Regina Beatriz Tavares da Silva: "A fidelidade é o dever de lealdade, 
sob o aspecto físico e moral, de um dos cônjuges para com o outro, quanto à 
manutenção de relações que visem à satisfação do instinto sexual dentro da 
sociedade conjugal"[21]. 
 
Na opinião de Rodrigo da Cunha Pereira: "Entendemos que fidelidade é uma 
espécie do gênero lealdade. Impõe-se como dever dos companheiros em 
atendimento ao princípio jurídico da monogamia, que, por sua vez, funciona como 
um ponto chave das conexões morais"[22]. O mesmo prossegue: "A lealdade está 
intrinsecamente atrelada ao respeito, consideração ao companheiro e, 
principalmente, ao animus da preservação da relação marital"[23]. E conclui: "A 
razão de se adotar lealdade, ao invés de fidelidade, é o intuito do legislador de 
acatar uma postura mais ampla e mais aberta, posto que não se restringe à 
questão sexual, mas abrange a exigência de honestidade mútua dos 
companheiros"[24]. 
 
Também neste sentido, Zeno Veloso: "O dever de lealdade implica franqueza, 
consideração, sinceridade, informação e, sem dúvida, fidelidade. Numa relação 
afetiva entre homem e mulher, necessariamente monogâmica, constitutiva de 
família, além de um dever jurídico, a fidelidade é requisito natural"[25]. 
 
Por fim, afirma Álvaro Villaça Azevedo: "(...) devemos mencionar o dever de 
lealdade recíproca, pois a lealdade é figura de caráter moral e jurídico 
independentemente de cogitar-se da fidelidade, cuja inobservância leva ao 
adultério, que é figura estranha ao concubinato"[26]. "É certo que não existe 
adultério entre companheiros; todavia, devem ser eles leais. A lealdade é gênero 
de que a fidelidade é espécie (...)"[27]. E conclui: "Desse modo, a quebra do dever 
de lealdade, entre concubinos, implica injúria apta a motivar a separação de fato 
dos conviventes, dada a rescisão do contrato concubinário"[28]. 
Portanto, embora haja distinção terminológica, a fidelidade figura seguramente 
entre os deveres inerentes ao casamento e à união estável, vez que adota-se o 
princípio monogâmico das relações afetivas no mundo ocidental. 
 
Pode-se dizer que a fidelidade, ainda que não se imponha nestes termos, é um 
requisito fático intrínseco à noção de entidade familiar. Não pode haver respeito e 
consideração mútuos, no contexto afetivo de um projeto de vida em comum, sem 
fidelidade e exclusividade[29]. 
 
É impensável admitir-se que, no estágio em que se encontra nossa ordem jurídica, 
numa união estável, a qual tem a força e o poder de constituir a célula básica da 
sociedade, a família, pudessem os partícipes dessa união assumir um 
comportamento sexual livre e irrestringido. 
 
Entretanto, em sentido oposto, afirma Maria Berenice Dias: "Não se atina o motivo 
de ter o legislador substituído fidelidade por lealdade. Como na união estável é 
imposto tão-só o dever de lealdade, inexiste a obrigação de fidelidade e de vida em 
comum sob o mesmo teto"[30]. 
 
Conforme expusemos acima, não é este o posicionamento por nós adotado. 
 
• 5. UNIÃO ESTÁVEL PLÚRIMA OU MÚLTIPLA - RELAÇÕES PARALELAS OU FAMÍLIAS 
SIMULTÂNEAS 
União Estável Plúrima ou Múltipla, Relações Paralelas ou Famílias Simultâneas é a 
situação em que o sujeito mantém relações amorosas, enquadradas no art. 1.723 
do CC/02, com várias pessoas e ao mesmo tempo. 
Vale notar que tais relações múltiplas podem ocorrer concomitantemente a um 
casamento. Assim, pode tratar-se de um casamento simultâneo a uma ou mais 
uniões estáveis, ou mais de uma união estável concomitante. 
Como o princípio monogâmico é fundamental no direito de família brasileiro, 
enquanto persistir o vínculo matrimonial, a pessoa casada não pode se casar 
novamente. Não pode, igualmente, constituir família pela união estável. Da mesma 
forma, aquele que vive em união estável não pode constituir outras uniões 
concomitantes[31]. 
• 5.1 CASO PRÁTICO 
Para melhor expor o tema, preferimos imaginar um caso prático[32], a fim de 
facilitar a visualização concreta desta questão polêmica. 
João reside em Ribeirão Preto, onde vive em união estável com Maria Lúcia desde 
2003. Ele possui uma profissão que o obriga a viajar diversas vezes durante a 
semana, inclusive pernoitando em outras cidades. Às terças-feiras ele viaja para 
Franca, onde tem um relacionamento com Maria Paula desde 2004, com quem 
inclusive tem um filho em comum. Às quintas-feiras viaja para Barretos, onde 
desde 2005 possui um relacionamento amoroso com Maria Clara, sendo sócio de 
seu estabelecimento comercial. Por fim, aos sábados, João viaja para São Carlos, 
onde desde 2006 tem um relacionamento com Maria Rita, que está grávida. 
 
Todas essas uniões apresentam os requisitos constantes na lei civil, sendo que as 
sociedades locais reconhecem a existência da entidade familiar, tratando os 
companheiros como se casados fossem. 
 
A questão que propomos, resumindo o assunto por nós tratado, é: constitui cada 
um desses relacionamentos uma união estável, nos termos do que consta do 
Código Civil e da Constituição Federal? 
• 5.2 TRÊS POSICIONAMENTOS 
Podemos distinguir três posicionamentos a respeito das famílias simultâneas: para 
o primeiro, não haveria possibilidade de reconhecimento de nenhuma união 
estável; para o segundo, poderia ser reconhecida a união estável quando a 
companheira, ou o companheiro, estivesse de boa-fé, ou seja, não tivesse 
conhecimento dos demais relacionamentos concomitantes, e neste caso configurar-
se-ia a união estável putativa; e, por fim, o terceiro posicionamento, que possibilita 
o reconhecimento de todas as uniões estáveis, independentemente de boa-fé, 
portanto, ainda que soubessem da existência de relações paralelas. 
• 5.2.1 Primeiro Posicionamento 
Para a primeira corrente, nenhum dos relacionamentos concomitantes constitui 
união estável. Tem como fundamentos a fidelidade ou a lealdade, que constituem 
um dos requisitos essenciais da união estável, além do princípio da monogamia. Ou 
seja, admitir uniões plúrimas seria o mesmo que admitir a pluralidade de 
casamentos, a bigamia ou poligamia. 
Assim, em nosso caso prático, na hipótese de adotarmos essa primeira posição, as 
Marias poderiam pleitear que João as indenizasse por danos materiais e morais, 
pela caracterização de abuso de direito e por desrespeito à boa-fé objetiva, que 
também se espera na união estável. 
 
Este é o posicionamento adotado por Maria Helena Diniz, para quem a fidelidade ou 
lealdade constitui um dos requisitos da união estável, sem o qual não há a referida 
entidade familiar. Em suas palavras: "(...) o fato de a mulher receber outro 
homem, ou outros homens, ou vice-versa, indica que entre os amantes não há 
união vinculatória nem, portanto, companheirismo, que pressupõe ligação estável e 
honesta. Impossível será a existência de duas sociedades de fato simultâneas, 
configuradas como união estável (...). Não havendo fidelidade, nem relação 
monogâmica, o relacionamento passará à condição de `amizade colorida`, sem o 
status de união estável (...). Será, portanto, imprescindível a unicidade de 
`amante`, similarmente ao enlace matrimonial, pois, por ex., a união de um 
homem com duas ou mais mulheres faz desaparecer o `valor` de ambas ou de 
uma das relações, tornando difícil saber qual a lesada"[33].• 5.2.2 Segundo Posicionamento 
Pode ocorrer, entretanto, que um dos parceiros esteja de boa-fé, convicto que 
integra uma entidade familiar, com todos os requisitos que a lei estipula, sem saber 
que o outro é casado e convive com o cônjuge, ou mantém diversa união ou, até 
mesmo, diversas uniões. Se há casamento putativo, por que não poderá haver 
união estável putativa?[34] 
O segundo posicionamento estabelece a aplicação por analogia das regras previstas 
para o casamento putativo. Assim preleciona o Art. 1.561, § 1° CC/02: "Se um dos 
cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e 
aos filhos aproveitarão". Portanto, subsistirão os direitos assegurados por lei ao 
companheiro de boa-fé, que também poderá pleitear indenização por danos morais. 
 
No caso descrito, todas as Marias que ignorassem a existência das demais uniões 
constituídas poderiam pleitear o reconhecimento da união estável putativa, ou seja, 
a aplicação das regras decorrentes da união estável, como o pagamento de 
alimentos no caso de dissolução. Sem prejuízo dos danos morais, por ter o 
convivente agido com má-fé[35]. Entretanto, se uma Maria não ignorasse a 
existência da união plúrima do seu convivente, não teria direito à aplicação das 
regras da união estável putativa, já que sabia do impedimento. Também não 
poderia pleitear indenização, pois não há que se falar em abuso do direito quando 
ambas as parte agem de má-fé. 
 
Este é o posicionamento adotado pela maioria da doutrina. Entre os principais 
autores podemos citar: Álvaro Villaça Azevedo, Rodrigo da Cunha Pereira, Francisco 
José Cahali, Zeno Veloso, Euclides de Oliveira, Flávio Tartuce e José Fernando 
Simão. 
 
Assim manifesta-se Zeno Veloso: "entendo que, naquele caso, referido, deve ser 
reconhecida ao convivente de boa-fé, que ignorava a infidelidade ou a deslealdade 
do outro, uma união estável putativa, com os respectivos efeitos para este parceiro 
inocente"[36]. 
 
Também afirma Álvaro Villaça Azevedo: "Entendemos, ainda, que deste não deve 
surtir efeito, a não ser ao concubino de boa-fé, como acontece, analogamente, com 
o casamento putativo, e para evitar-se locupletamento ilícito"[37]. E persiste: "(...) 
embora ilícita a relação concubinária adulterina, muitas vezes, e no mais das vezes, 
uma companheira vê-se envolvida amorosamente, entregando-se a esse 
relacionamento impuro, em certos casos, até de boa-fé, sem saber do estado de 
casado de seu companheiro. Nesse caso, ocorre verdadeiro concubinato 
putativo"[38]. 
 
Na opinião de Rodrigo da Cunha Pereira: "Situação diversa, entretanto, é aquela 
em que a pessoa que mantém duas relações, oculta essa realidade de seu 
parceiro(a). Se porventura subsistir a caracterização simultânea de duas ou mais 
uniões, socorre à parte que ignorava a situação o instituto da União Estável 
putativa, ou seja, aquele em que um dos partícipes desconhecia por completo a 
existência de outra união more uxorio - matrimonial ou extramatrimonial - do 
outro, devendo esta produzir os mesmos efeitos previstos, para uma união 
monogâmica"[39]. E prossegue: "Em outras palavras, se no casamento putativo 
são concedidos os efeitos para o contraente de boa-fé, aqui também pode ser 
invocado este princípio, ou seja, a(o) companheira, sendo pessoa de boa-fé na 
relação concubinária, e, pelo menos por parte dela(e), sendo uma relação 
monogâmica, não há razões para negar a concessão de todos os efeitos da União 
Estável"[40]. 
 
 
Por fim, afirmam Flávio Tartuce e José Fernando Simão: "(...) essa parece ser a 
posição mais justa dentro dos limites do princípio da eticidade, com vistas a 
proteger aquele que, dotado de boa-fé subjetiva, ignorava um vício a acometer a 
união"[41]. 
 
Entretanto, esse entendimento apresenta alguns problemas: o primeiro é a 
aplicação por analogia da regra prevista para o casamento putativo, vez que a 
união estável não se iguala ao casamento[42]; o segundo problema reside na 
necessidade de provar o início dos relacionamentos, a fim de ordenar as uniões 
paralelas no tempo e apontar qual é a união estável e quais são as uniões 
putativas[43]. 
• 5.2.3 Terceiro Posicionamento 
Por derradeiro, uma terceira corrente admite que todas as uniões concomitantes 
constituam entidade familiar. Assim, despreza-se a fidelidade como um fator 
essencial à união estável. 
 
Para este entendimento, negar efeitos jurídicos a essas uniões apenas privilegiaria 
o infiel, possuindo um caráter nitidamente punitivo: aquele que optasse por 
relacionar-se com alguém já envolvido em outro relacionamento seria 
responsabilizado por sua escolha. 
 
Em nosso caso prático, deveriam ser reconhecidos os direitos de todas as Marias, 
independentemente de qualquer outra consideração. 
 
Maria Berenice Dias adota este posicionamento. Segundo a autora: "(...) a 
mantença de vínculos paralelos não impede o seu reconhecimento (...). Logo, se 
um companheiro não tem o dever de ser fiel ao outro, a mantença de mais de uma 
união não desfigura nenhuma delas"[44]. E prossegue: "Os concubinatos chamados 
de adulterino, impuro, impróprio, espúrio, de má-fé, concubinagem, etc., são alvo 
do repúdio social. Nem por isso deixam de existir em larga escala. A repulsa aos 
vínculos afetivos concomitantes não os faz desaparecer, e a invisibilidade a que são 
condenados pela Justiça só privilegia o `bígamo`. Situações de fato existem que 
justificam considerar que alguém possua duas famílias constituídas. São relações 
de afeto, apesar de consideradas adulterinas, e podem gerar conseqüências 
jurídicas. Presentes os requisitos legais, é mister reconhecer que configuram união 
estável, sob pena de se chancelar o enriquecimento injustificado, dando uma 
resposta que afronta a ética"[45]. Ela também afirma que: "(...) para a 
configuração da união estável basta identificar os pressupostos da lei, entre os 
quais não se encontra nem o direito a exclusividade e nem o dever de fidelidade. 
Assim, imperioso que se cumpra a lei, que se reconheça a união estável quando 
presentes os requisitos legais a sua identificação, ainda que se constate a 
multiplicidade de relacionamentos concomitantes"[46]. 
 
Surgem problemas com essa posição: primeiro porque se despreza a lealdade como 
fator essencial à união estável; depois, ignoram-se os próprios requisitos da 
caracterização deste instituto, pois a união deve ser exclusiva. 
• 5.3 JURISPRUDÊNCIA 
Para melhor examinarmos esses três posicionamentos, passemos à análise da 
jurisprudência. 
No Superior Tribunal de Justiça, o Recurso Especial n. 789.293/RJ, julgado em 
16/02/2006 por unanimidade, de relatoria do Ministro Carlos Alberto Menezes 
Direito, traz a seguinte ementa: 
 
"União estável. Reconhecimento de duas uniões concomitantes. Equiparação ao 
casamento putativo. Lei n. 9.728/96. 1. Mantendo o autor da herança união estável 
com uma mulher, o posterior relacionamento com outra, sem que haja 
desvinculado da primeira, com quem continuou a viver como se fossem marido e 
mulher, não há como configurar união estável concomitante, incabível a 
equiparação ao casamento putativo. 2. Recurso especial conhecido e provido". 
(grifos nossos) 
 
Em seu voto, o Ministro Carlos Alberto Menezes Direito afirma que: "Quem convive 
simultaneamente com duas mulheres não tem relacionamento putativo para fins de 
união estável, pela só razão de que ou bem uma delas é de fato a companheira e a 
outra o relacionamento não estável, embora longo no tempo, ou nenhuma delas é 
companheira e não reúnem condições apropriadas para reconhecer a união 
estável". Prossegue: "O objetivo do reconhecimento da união estável e o 
reconhecimento de que essa união é entidade familiar, na minha concepção, não 
autoriza que se identifiquem várias uniões estáveis sob a capa de que haveria 
também uma união estável putativa. Seria, na verdade, reconhecer o impossível, 
ou seja, a existência de várias convivências com o objetivo de constituir família. 
Isso levaria, necessariamente, à possibilidadeabsurda de se reconhecer entidades 
familiares múltiplas e concomitantes". E conclui: "Essa circunstância, na minha 
compreensão, tira qualquer possibilidade do emprego analógico da regra do 
casamento putativo, porque, enquanto neste existe o vínculo formal duplo, o que é 
possível, naquele só existe a convivência com aquela vocação de constituir família, 
havendo, portanto, um vínculo não formal. Ora, se o falecido José Neres de Souza 
não se desvinculou da convivência mantida com a recorrente, a união estável 
estava caracterizada aqui, sendo a apelada, então, um relacionamento amoroso 
que não se pode identificar com união estável, muito menos equipará-lo com o 
casamento putativo". 
 
Com podemos perceber, adota-se nitidamente o primeiro posicionamento, não se 
admitindo a configuração de uniões estáveis putativas, pois, segundo o Ministro, 
não haveria possibilidade do emprego analógico da regra do casamento putativo, 
vez que não existe um vínculo formal. 
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul já entendeu pela impossibilidade de 
existência de uniões paralelas nos casos em que uma companheira sabia da 
existência da outra, conforme percebemos nos seguintes julgados: 
 
"UNIÃO ESTÁVEL. RECONHECIMENTO. CASAMENTO. RELACIONAMENTOS 
PARALELOS. COMPANHEIRO FALECIDO. MEAÇÃO. PROVA. DESCABIMENTO. Não 
caracteriza união estável o relacionamento simultâneo ao casamento, pois o nosso 
sistema é monogâmico e não admite concurso entre entidades familiares; nem se 
há falar em situação putativa, porque inexiste a boa-fé da companheira. Também 
incorre o instituto da sociedade de fato, uma vez que não comprovada a 
contribuição da mulher na constituição de acervo comum. Apelo desprovido"[47]. 
(grifos nossos) 
 
"UNIÃO ESTÁVEL. RECONHECIMENTO. PROVA. REQUISITOS EVIDENCIADORES. 
ELEMENTO ANÍMICO NÃO PREENCHIDO. RELACIONAMENTOS PARALELOS. Embora 
preenchidos os requisitos objetivos do instituto, não restou comprovado o elemento 
anímico. A relação amorosa paralela do varão não permite inferir a "affectio 
maritalis". E o reconhecimento pela autora da existência de outro enlace 
impossibilita até mesmo o decreto de união estável putativa. É que sendo o nosso 
sistema monogâmico não se há de admitir o concurso entre entidades familiares, 
sendo descabido até mesmo apontar-se a situação putativa. Também não se há 
falar em mera infidelidade, pois esta, em se tratando de união livre, importa em 
indício da eventualidade do relacionamento. Apelo provido"[48]. (grifos nossos) 
"APELAÇÃO CÍVEL. ALEGAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE UNIÃO ESTÁVEL. 
RELACIONAMENTO PARALELO AO CASAMENTO DO FALECIDO. Não se pode 
reconhecer união estável simultaneamente à hígida existência de casamento, se 
não restar cabalmente provada a alegada separação de fato. Só assim estará 
afastado o impedimento legal à constituição de união estável previsto no §1o do 
art. 1.723. Isso porque o Direito pátrio consagra o princípio da monogamia e não 
tolera a concomitância de entidades familiares. Igualmente, não há falar em união 
estável putativa, pois ausente a boa-fé da recorrente, que conhecia a situação 
conjugal do de cujus. NEGARAM PROVIMENTO, À UNANIMIDADE"[49]. (grifos 
nossos) 
 
"UNIÃO ESTÁVEL. RELAÇÃO AMOROSA PARALELA. MANUTENÇÃO DO VÍNCULO 
FAMILIAR. Não há união estável, mas um prolongado relacionamento amoroso sem 
intenção de constituir família, quando homem casado mantém convívio clandestino 
sem que se desvincule do compromisso matrimonial, continuando a coabitar com a 
esposa e filhos. Sendo o sistema monogâmico, não é possível o reconhecimento 
simultâneo de duas entidades familiares, nem mesmo na forma putativa, quando a 
mulher se mantém ciente do estado civil do parceiro. Embargos infringentes 
desacolhidos, por maioria"[50].(grifos nossos) 
 
Percebe-se, portanto, que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul adota, 
majoritariamente, o segundo posicionamento, admitindo a configuração de uniões 
estáveis putativas, desde que caracterizada a boa-fé da companheira, ou 
companheiro. 
 
Também fazemos menção aos votos da Desembargadora Maria Berenice Dias, que 
encabeça o terceiro posicionamento. Entretanto, conforme expusemos acima, este 
não é o entendimento majoritário do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. 
 
A Desembargadora assevera que: "(...) nitidamente resta-se por punir a mulher 
que mantém vínculo afetivo, pelo só fato de ser sabedora do outro relacionamento. 
Independentemente da presença de todos os requisitos legais para o 
reconhecimento da união estável (...). O fundamento, de todo falacioso, é que, 
sabendo do relacionamento paralelo, não se teria por presente o objetivo de 
constituição de família (...)". Prossegue: "(...) quem acaba sendo beneficiado é 
justamente aquele que infringiu este princípio tido como o maior da vida em 
sociedade, ou seja, que é o da monogamia. Ora, o resultado que se quer obter, 
punir a poligamia, acaba, ao fim e ao cabo, somente vindo a beneficiar exatamente 
quem infringiu a dito cânone". E conclui: "No entanto, para que se obtenha o 
reconhecimento de uma entidade familiar, nos moldes postos na lei, basta se 
identificar a presença dos pressupostos da lei, nos quais não se encontra nem a 
exclusividade e nem o dever de fidelidade para sua configuração" [51]. 
 
Por fim, caso paradigmático foi julgado também no Rio Grande do Sul, onde se 
reconheceu a possibilidade de se realizar a "triação" dos bens adquiridos na 
constância da união dúplice: 
 
"APELAÇÃO. UNIÃO DÚPLICE. UNIÃO ESTÁVEL. LEGITIMAÇÃO. PERÍODO. PROVA. 
MEAÇÃO. "TRIAÇÃO". SUCESSÃO. USUFRUTO. 
AGRAVO RETIDO. Os sucessores do de cujus são os legitimados para responder a 
ação declaratória de união estável. PROVA DO PERÍODO DE UNIÃO E UNIÃO 
DÚPLICE. A prova dos autos é robusta e firme a demonstrar a existência de união 
entre a autora e o de cujus em período concomitante ao casamento de `papel`. 
Reconhecimento de união dúplice. Precedentes jurisprudenciais. MEAÇÃO 
("TRIAÇÃO"). Os bens adquiridos na constância da união dúplice são partilhados 
entre a esposa, a companheira e o de cujus. Meação que se transmuda em 
`triação`, pela duplicidade de uniões. DIREITO AO USUFRUTO. A companheira tem 
direito ao usufruto da quarta parte dos bens deixados pelo de cujus, quando da 
existência de filhos. Regramento com base na legislação vigente ao tempo do 
código de 1916, época do óbito do autor da herança. NEGARAM PROVIMENTO AO 
AGRAVO RETIDO. UNÂNIME. DERAM PARCIAL PROVIMENTO À APELAÇÃO. POR 
MAIORIA, VENCIDO O PRESIDENTE QUE PROVIA, EM PARTE, EM MENOR 
EXTENSÃO"[52]. 
 
Transcrevemos trecho do voto do Desembargador Rui Portanova: "No caso, há 
união dúplice. Ou seja, período em que houve casamento e união estável 
concomitantes. Por isso, tudo o que o de cujus adquiriu com a esposa e com a 
companheira nesse período forma um patrimônio comum, a ser dividido entre os 
três (1/3 para a esposa, 1/3 para a companheira e 1/3 pertencente ao de cujus, 
que é a herança - espólio)". 
 
Conforme afirmamos, trata-se de caso paradigmático, pois dividiu-se o patrimônio 
em três: parte para a esposa, parte para a companheira e parte para o de cujos. 
Com isso, criou-se instituto jurídico novo, a "triação", em oposição à meação. É 
importante notar que este julgado reconhece a existência de uniões estáveis 
dúplices, tanto que confere direito a todos os envolvidos de parte do patrimônio 
adquirido na constância dessa relação. 
 
• 6. CONCLUSÃO 
Entendemos que a segunda corrente, que reconhece a união estável putativa, é a 
mais justa. O primeiro posicionamento pode acabar punindo quem estava de boa-fé 
e desconhecia a existência de outra relação concomitante. O grande erro da 
terceira posição está em desprezar a lealdade (ou fidelidade) como fator essencial à 
união estável, além de desconsiderar a exclusividade como um requisito para a sua 
configuração. 
 
Nas palavras de Zeno Veloso: "Observe-se que não é possível a quem vive uma 
união estável constituir outra união estável. Com o segundo relacionamento, será 
irremediavelmenteextinto e dissolvido o primeiro"[53]. E prossegue: "Se um 
homem tem várias concubinas, ou a mulher vários amantes, sem dúvida, não 
estaremos diante de uniões estáveis. O concubinato múltiplo não se pode 
considerar uma entidade familiar. Embora possa produzir alguns efeitos (de ordem 
material, por exemplo), não terá as conseqüências determinadas no Código Civil 
para a união estável"[54]. 
 
Assim, nas famílias simultâneas, não se caracterizam uniões estáveis, mas sim 
concubinatos, insuscetíveis de gerar efeitos no âmbito do Direito de Família[55]. 
 
 
 
Ainda que o concubinato não gere os direitos e deveres nem produza os efeitos da 
união estável, isso não que dizer que não produza qualquer efeito. Se, por 
exemplo, os concubinos constituem uma sociedade de fato, e se ambos concorrem 
para a aquisição do patrimônio, é possível que seja determinada a partilha de bens 
entre eles, para evitar o enriquecimento ilícito[56]. Portanto, tais relações 
concomitantes são catalogadas como sociedades de fato, conforme já prescrevia a 
Súmula 380 STF, tratadas no campo obrigacional. 
Seria um paradoxo para o Direito proteger uniões concomitantes. Isto poderia 
destruir toda a lógica do nosso ordenamento jurídico, que gira em torno da 
monogamia. O próprio termo "Famílias Simultâneas" é uma contradição, pois 
nesses casos não há como se falar em famílias. 
 
Fazemos nossas as palavras de Rolf Madaleno: "Não há como encontrar conceito de 
lealdade nas uniões plúrimas, pois a legitimidade do relacionamento afetivo reside 
na possibilidade de a união identificar-se como uma família, não duas, três ou mais 
famílias, preservando os valores éticos, sociais, morais e religiosos da cultura 
ocidental, pois em contrário, permitir pequenas transgressões das regras de 
fidelidade e de exclusividade que o próprio legislador impõe seria subverter todos 
os valores que estruturam a estabilidade matrimonial e que dão estofo, consistência 
e credibilidade à entidade familiar, como base do sustento da sociedade"[57]. 
 
Vale notar que, além da questão do reconhecimento, outros problemas práticos 
decorrem desses relacionamentos simultâneos. Um dos tópicos mais polêmicos diz 
respeito à divisão patrimonial. 
 
Assevera Sílvio Venosa: "O maior volume de problemas surge quando se desfaz 
concubinato , com aquisição comum de patrimônio, com existência paralela de 
casamento. Nesse caso, as discussões serão profundas acerca da atribuição do 
patrimônio. O mesmo se diga quando ocorrem duas uniões sem casamento 
concomitantemente. Temos que definir duas massas patrimoniais, a meação, 
atribuível ao companheiro(a) e atribuível ao esposo(a). Em princípio, caberá dividir 
o patrimônio com base no esforço comum desse triângulo, o que nem sempre será 
fácil de estabelecer na prática"[58]. 
 
Com efeito, os bens adquiridos na constância desses relacionamentos 
concomitantes deverão ser divididos. A dúvida que surge é: como efetuar essa 
divisão? Além disso, caso o bígamo venha a falecer, como será feita sua sucessão? 
Tais questões merecem um estudo mais aprofundado. Por ora, podemos afirmar 
que não há um posicionamento majoritário na doutrina e jurisprudência a respeito 
da divisão patrimonial em situações como esta. Não obstante, é uma realidade que 
reclama a atenção dos juristas. 
 
• 7. BIBLIOGRAFIA 
 
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Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil - Direito de Família. Vol. 6. 7a ed. São Paulo: 
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Viana, Marco Aurélio da Silva. Da União Estável. São Paulo: Saraiva, 1999. 
 
-------------------------------------------------------------------------------- 
[1] "Se, até então, e de forma completa e segura, não se havia conseguido 
legalizar as uniões informais, livres, tirando-as do limbo, elas pularam do fato social 
para o seio constitucional. Se não conquistaram o abrigo na lei ordinária, foram, 
não obstante, constitucionalizadas". Veloso, Zeno. Código Civil Comentado. Vol. 
XVII. Coord. Álvaro Villaça Azevedo. São Paulo: Atlas, 2003. p. 105. 
[2] Cahali, Yussef Said. Divórcio e Separação. 10ª ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2002. p. 17. 
[3] Penteado, Jacques de Camargo. A Família e a Justiça Penal, in A Família na 
Travessia do Milênio - Anais do II Congresso Brasileiro de Direito de Família - 
IBDFAM, p. 353 a 363. Belo Horizonte: Del Rey, 2000. p. 361. 
[4] Veloso, Zeno. Op. cit. (nota 1). p. 109 e 110. 
[5] O que interessava, na verdade, sobre o prazo era que ele caracterizasse a 
estabilidade da relação. Mesmocom a revogação, o costume servirá como 
referencial à caracterização dessas uniões, ou seja, o prazo de mais ou menos cinco 
anos será sempre um referencial, ainda que subjetivo. 
[6] Para o próprio mentor intelectual e idealizador da segunda lei, o Professor 
Álvaro Villaça Azevedo, não houve revogação. Cf. Tartuce, Flávio, e Simão, José 
Fernando. Direito Civil - Direito de Família. 5o vol. 2a ed. São Paulo: Método, 2007. 
p. 243. 
[7] "Para usar a expressão correta, não ocorreu ab-rogação, mas houve derrogação 
da Lei no 8.971/94". Veloso, Zeno. Op. cit. (nota 1). p. 106. 
[8] O Código Civil de 2002 também deixou em aberto a questão do prazo, 
permitindo, assim, a elastização e abertura do conceito de durabilidade e 
estabilidade. É certo que o aplicador do direito deverá analisar as circunstâncias do 
caso concreto para apontar a existência ou não da união estável. 
[9] Dias, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2005. p. 45. 
[10] Idem. Op. cit. (nota 9). p. 166. 
[11] Pereira, Rodrigo da Cunha. Concubinato e União Estável. 7a ed. Belo 
Horizonte: Del Rey, 2004. p. 1. 
[12] Idem, p. 2. 
[13] Nesse sentido, Azevedo, Álvaro Villaça. Estatuto da Família de Fato. 2a ed. 
São Paulo: Atlas, 2002. p. 186. "Muitas vezes a história do concubinato é contada 
como história da libertinagem, ligando-se o nome concubina à prostituta, à mulher 
devassa ou à que se deita com vários homens, ou mesmo a amante, a outra". 
Pereira, Rodrigo da Cunha. Op. cit. (nota 11). p. 13. 
[14] Moura Bittencourt, Edgard de. Concubinato. São Paulo: Leud, 1975. p. 40, 
apud Pereira, Rodrigo da Cunha. Op. cit. (nota 11). p. 2. 
[15] A união fiel é caracterizadora do concubinato puro, não incestuoso nem 
adulterino. 
[16] Veloso, Zeno. Op. cit. (nota 1). p. 155. 
[17] Azevedo, Álvaro Villaça. Op. cit. (nota 13). 190. 
[18] Tartuce, Flávio, e Simão, José Fernando. Op. cit. (nota 6). p. 256. 
[19] Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil - Direito de Família. 7a ed. São Paulo: 
Atlas, 2007. p. 387. 
[20] Madaleno, Rolf. A União (Ins)Estável (Relações Paralelas). Disponível em: 
http://www.flaviotartuce.adv.br/; acesso em: 27/04/2008. 
[21] Santos, Regina Beatriz Tavares da Silva Papa dos. "Responsabilidade Civil dos 
Cônjuges", in A Família na Travessia do Milênio - Anais do II Congresso Brasileiro 
de Direito de Família - IBDFAM, p. 121 a 140. Belo Horizonte: Del Rey, 2000. p. 
128. 
[22] Pereira, Rodrigo da Cunha. Op. cit. (nota 11). p. 31. 
[23] Ibidem. 
[24] Idem. p. 31 e 32. 
[25] Veloso, Zeno. Op. cit. (nota 1). p. 129. 
[26] Azevedo, Álvaro Villaça. Op. cit. (nota 13). p. 189. 
[27] Idem. p. 444. 
[28] Idem. p. 189. 
[29] Nas palavras de Flávio Tartuce e José Fernando Simão: "Já a exclusividade, 
apesar de não constar expressamente no art. 1.723 do CC, constitui para nós um 
dos requisitos para a caracterização da união estável, relacionada com a intenção 
de constituição de família e decorrente dos seus deveres, constantes do art. 1.724 
da atual codificação". Tartuce, Flávio, e Simão, José Fernando. Op. cit. (nota 6). p. 
251. 
[30] Dias, Maria Berenice. Op. cit. (nota 9). p. 172. 
[31] Nas palavras de Zeno Veloso: "Assim, quem é casado e convive com seu 
cônjuge não pode constituir união estável; nem pode constituí-la quem já está 
convivendo com outrem em união estável. Ninguém pode manter uniões estáveis 
simultâneas; o vínculo entre os companheiros tem que ser único e recíproco. 
Aplica-se aqui, também, o princípio monogâmico". Veloso, Zeno. Op. cit. (nota 1). 
p. 126. 
[32] Inspirado no caso apresentado pelos doutrinadores Flávio Tartuce e José 
Fernando Simão. Op. cit. (nota 6). p. 252. 
[33] Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro - Direito de Família. 5o 
vol. 21a ed. São Paulo: Saraiva, 2006. pp. 374 e 375. 
[34] Cf. Veloso, Zeno. Op. cit. (nota 1). p. 126. 
[35] A responsabilidade objetiva de João tem como fundamento o abuso de direito 
cometido, previsto no art. 187 CC/02, bem como a quebra dos deveres anexos 
decorrentes da boa-fé. Cf. Tartuce, Flávio, e Simão, José Fernando. Op. cit. (nota 
6). p. 254. 
[36] Veloso, Zeno. Op. cit. (nota 1). p. 126. 
[37] Azevedo, Álvaro Villaça. Op. cit. (nota 13). p. 190. 
[38] Idem. p. 281. 
[39] Pereira, Rodrigo da Cunha. Op. cit. (nota 11). p. 75. 
[40] Idem. p. 76. 
[41] Tartuce, Flávio, e Simão, José Fernando. Op. cit. (nota 6). p. 254. 
[42] Mais adiante iremos expor essa questão ao analisarmos a jurisprudência. 
[43] Cf. Tartuce, Flávio, e Simão, José Fernando. Op. cit. (nota 6). p. 254. 
[44] Dias, Maria Berenice. Op. cit. (nota 9). p. 172. 
[45] Idem. p. 179. 
[46] Dias, Maria Berenice. Adultério, Bigamia e União Estável: Realidade e 
Responsabilidade. Disponível em: http://www.juristas.com.br/; acesso em: 
18/03/2008. 
 
[47] Apelação Cível n. 70006077036, TJRS, Rel. Des. José Carlos Teixeira Giorgis, 
julgado em 18/06/2003. 
[48] Apelação Cível n. 70008648768, TJRS, Rel. Des. José Carlos Teixeira Giorgis, 
julgado em 02/06/2004. 
[49] Apelação Cível n. 70010479046, TJRS, Rel. Des. Luiz Felipe Brasil Santos, 
julgado em 13/04/2005. 
[50] Embargos Infringentes n. 70011531829, TJRS, Rel. Des. José Carlos Teixeira 
Giorgis, julgado em 10/06/2005. 
[51] Apelação Cível n. 70005330196, TJRS, Rel. Des. Maria Berenice Dias, julgado 
em 07/05/2003. 
[52] Apelação Cível n. 70011962503, TJRS, Rel. Des. Rui Portanova, julgado em 
17/11/2005. 
[53] Veloso, Zeno. Op. cit. (nota 1). p. 125. 
[54] Ibidem. 
[55] "Se uma pessoa tem família constituída por união estável, um relacionamento 
paralelo que assuma não é outra união estável - que ninguém pode manter uniões 
estáveis simultâneas -, mas concubinato". Idem. p. 156. 
[56] "Se o concubinato viola a moral, ofende os bons costumes, afronta os 
princípios das verdadeiras entidades familiares, não é por isso que se vai permitir 
que ocorra a exploração humana, que um dos concubinos enriqueça e prospere 
financeiramente, reduzindo-se à miséria o outro, que trabalhou e aplicou dinheiro 
para que o parceiro angariasse bens, fizesse crescer seu patrimônio". Ibidem. 
[57] Madaleno, Rolf. Op. cit. (nota 20). 
[58] Venosa, Sílvio de Salvo. Op. cit. (nota 19). p. 394. 
 
Autor: Laura de Toledo Ponzoni foi a 5 colocada no concurso de trabalhos 
científicos do II Congresso Paulista de Direito de Família. É sócia do IBDFAM, 
doutoranda em Direito Civil na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo - 
USP 
Fonte : Site da Serjus

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