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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - UNIÃO ESTÁVEL

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
Curso de Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A UNIÃO ESTÁVEL E SUAS REPERCUSSÕES NA SOCIEDADE CIVIL BRASILEIRA 
 
SAORY CRISTINI TAQUINI SAUCEDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2021.2 
 
 
 
SAORY CRISTINI TAQUINI SAUCEDO 
 
 
A UNIÃO ESTÁVEL E SUAS REPERCUSSÕES NA SOCIEDADE CIVIL BRASILEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
Artigo Científico Jurídico apresentado à 
Universidade Estácio de Sá, Curso de Direito, 
como requisito parcial para conclusão da 
disciplina Trabalho de Conclusão de Curso. 
 
Orientadora: Profa. Mônica Cavalieri 
Fetzner Areal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Campus Ilha do Governador 
2021.2 
 
 
 
 
A UNIÃO ESTÁVEL E SUAS REPERCUSSÕES NA SOCIEDADE CIVIL BRASILEIRA 
 
Saory Cristini Taquini Saucedo1 
 
RESUMO 
 
Considerando a elevação da União Estável ao status de entidade familiar pelo disposto no art. 
226, §3º da Constituição Federal de 1988, o presente trabalho propõe esclarecer o contexto 
histórico e social anterior ao reconhecimento da união irregular, como também explicar os 
motivos que fizeram com que o constituinte regulasse o concubinato puro, agora então chamado 
de União Estável, vez que livre de qualquer impedimento legal, sem desprezar a apresentação 
das normas que regem atualmente a União Estável, tencionando a demonstrar, principalmente 
no que diz respeito as normas e princípios que versam sobre patrimônio, a mitigação do 
princípio da autonomia de vontade quando da ocorrência da equiparação da União Estável ao 
Casamento. 
Palavras-chave: Casamento. Equiparação. Patrimônio. Princípio da Autonomia de Vontade. 
União Estável 
 
SUMÁRIO 1 Introdução; 2 Desenvolvimento; 2.1 União Estável; 2.1.1 A União Informal; 
2.1.2 Histórico Legislativo; 2.1.3 Entidade Familiar; 2.1.4 Caracterização; 2.2 Comparação 
com o Casamento; 2.3 Efeitos Patrimoniais; 2.4 Casamento Forçado; 3 Conclusão; Referências 
 
1 Graduanda do 8º Período do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá, Campus Ilha do Governador – 
RJ; e-mail: saorycristini@hotmail.com; 
mailto:saorycristini@hotmail.com
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Foi necessária a regulamentação constitucional da União Estável para assegurar direitos 
básicos aos conviventes, de modo que a Constituição Federal de 1988 no art. 226, §3º a 
concedeu natureza de entidade familiar, lhe sendo inerentes atualmente as regras de Direito de 
Família. 
Por seu turno, a Lei n° 9.278 de 1996 foi a primeira a regulamentar a União Estável 
como um todo, tendo, em seguida, o Código Civil de 2002, entre os artigos que o compõem, 
apresentado as regras que hoje versam detalhadamente sobre o instituto, dando destaque ao art. 
1.790, declarado inconstitucional pelo julgamento do Recurso Extraordinário n° 646.721 e 
Recurso Extraordinário n° 878.694, que pretendia regulamentar tratamento diverso aos 
companheiros quando comparado com os cônjuges. 
De toda a forma, esta pesquisa evidencia o porquê da União Estável, que possui 
regramentos próprios desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, ser equiparada ao 
Casamento em alguns aspectos, principalmente no que tange ao direito sucessório e patrimonial, 
e as consequências desta equiparação no plano jurídico com a criação de um verdadeiro 
casamento forçado, imposto pelas normas cogentes vigentes no ordenamento jurídico 
brasileiro. 
Este trabalho analisa a repercussão da regulação da União Estável, tendo em vista uma 
aparente preferência dos brasileiros pela nova forma de constituição de família, como também 
analisa por si só o reconhecimento como entidade familiar, avultando a problemática da 
omissão do casal que se une sem qualquer formalização, porém sujeitando-se, pela mera união, 
a aplicação da regramentos preestabelecidos para a hipótese da dissolução da união ou morte 
de um dos companheiros. 
Ressaltando que a omissão de escolha por um regime de bens, que é familiar a União 
Estável pela sua própria natureza que desaprecia a formalidade, fomenta maiores discussões 
por um terceiro, juiz, sendo, em razão disto, uma das causas para a mitigação do princípio da 
autonomia de vontade das partes, atinente ao casamento, quando da aplicação das normas 
próprias da União Estável. 
A discussão acerca da equiparação faz-se necessária levando em consideração os 
desdobramentos tidos como públicos na mídia, bem como os entendimentos errôneos sobre as 
regras quais estão sujeitos aqueles que optam por viver sob o manto da mera União, haja vista 
4 
 
as conclusões tidas a partir a declaração de inconstitucionalidade de um dos artigos presentes 
no Código Civil por julgamento do Supremo Tribunal Federal recentemente. 
 Com o objetivo de esclarecer os pontos controversos para desenvolver o estudo foi 
utilizado a pesquisa bibliográfica cujas referências serão apontadas oportunamente, sem 
prejuízo da leitura da Constituição Federal de 1988, Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002, a 
Lei nº 8.971 de 29 de dezembro de 1994, a Lei nº 9.278 de 10 de maio de 1996, jurisprudências 
diversas sobre as recentes decisões dos Tribunais quanto ao assunto objeto da pesquisa, 
doutrinas e artigos científicos que explanam sobre o assunto, incentivando a discussão sobre 
este. 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
2.1 UNIÃO ESTÁVEL 
 
2.1.1 A união informal 
 
A união informal entre pessoas sempre existiu se analisarmos pelo plano dos fatos, 
levando em consideração que, conforme entendimento de Kant, o ser humano nunca foi adepto 
a viver isoladamente, separado dos semelhante, mas sempre em pequenas estruturas familiares. 
A visão antropológica kantiana concebe a raça humana como uma raça provida de sociabilidade 
natural, isto é, a formação da família de deu naturalmente para conservação da raça humana, 
haja vista a intenção de conservação da prole.2 
Nesse sentido, até o advento do matrimônio estabelecido semelhante à forma com que 
é conhecido atualmente, a união informal entre os indivíduos prevalecia. Não somente isso, 
mesmo após surgir o instituto do casamento, sempre existiram os que optaram por não 
formalizar sua união, embora, em tempos antigos, era malvista a conduta de manter um 
 
2 Klein, Joel Thiago A questão da natureza humana: Kant leitor de Rousseau. Trans/Form/Ação [online]. 2019, 
v. 42, n. 1 [Acessado 17 Outubro 2021] , pp. 09-34. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0101-
3173.2019.v42n1.02.p9>. Epub 08 Abr 2019. ISSN 1980-539X. https://doi.org/10.1590/0101-
3173.2019.v42n1.02.p9. 
5 
 
relacionamento como se casados fossem, porém sem atentar-se às formalidades exigidas para 
o casamento. 
 A perseguição das famílias de fato, originadas da união informal entre pessoas e 
consideradas ilegítimas, ao menos no Brasil, ocorriam em razão da grande influência da Igreja 
Católica desde a colonização, como narra Juarez Rosales Neumann3, sendo o casamento até o 
Código Civil de 1916 a única forma de constituição de família com direitos e deveres 
juridicamente assegurados, tendo havido uma única mudança desde as Ordenações Filipinas: a 
alteração para casamento civil ao invés do religioso, com a publicação do Decreto-Lei n° 181, 
de 24 de janeiro de 1890, para legitimar a família brasileira. 
Além disto, até a utilização do termo União Estável pela Constituição Federal de 1988 
era utilizado o termo concubinato para designar as uniões extramatrimoniais, cuja etimologia 
da palavra deriva do latim e seu sentido literal seria algo como “deitar-se com alguém” em 
sentido sexual, ditando Plácido e Silva4 que o concubinato significaria algo como mancebia, 
companhia de cama sem aprovação legal. 
Em razão do sentido literal da palavra, o termo “concubina”, designado especialmente 
para mulheres, considerando a influência do machismo na sociedade brasileira, foi e ainda é 
utilizado pejorativamente porque associado a relacionamentos adulterinos, haja vista que, de 
acordo com o contextosocial dos tempos antigos, uniam-se sem se sujeitarem aos regramentos 
do casamento aqueles que por algum motivo eram impedidos, por exemplo, aqueles que já eram 
casados, o que a doutrina, em especial de Álvaro Villaça Azevedo5 classificou como 
concubinato impuro. 
 Apesar disto, por outro lado, o doutrinador também classificou como puro o 
concubinato que era aceito socialmente, visto que se dava pela união entre pessoas que não 
tinham qualquer impedimento para casar-se, somente não optam pela formalidade legal exigida. 
Segundo Ignácio Gallego Domínguez6, como um possível marco para a expoente 
crescente do número de concubinatos o fato de que não era admitido no Brasil até o ano de 
1977 a dissolução do vínculo matrimonial, sendo o concubinato lato sensu forma de unir-se 
 
3 OLIVEIRA. Juarez de. Código Civil de 1916. São Paulo: Saraiva, p. 1.515 
4 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. Concubinato. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 490. 
5 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da família de fato: de acordo com o novo Código Civil, Lei n° 10.406, de 
10-01-2002, 2. ed, 2002, p. 460 
6 DOMÍNGUEZ, Ignácio Gallego L. As parejas no casadas y sus efectos patrimoniales. Madrid: Colegio de 
Registradores de la Propiedad y Mercantiles de España, 1995. p. 41. 
6 
 
novamente a outrem afetivamente, sem que para isso fosse necessário formalizar a união pelo 
casamento, haja vista a ilegalidade de casar-se novamente persistindo o vínculo matrimonial, 
mesmo que separados de fato. 
O concubinado puro, em razão da carga pejorativa cumulada socialmente à palavra e 
considerando a evolução legislativa passou a ser denominado no âmbito jurídico de União 
Estável, passando, por isso, o concubinato, quando disposto no texto normativo, ser utilizado 
para designar o concubinato impuro, isto é, a união entre aqueles que não podem se casar e nem 
manter união estável por algum impedimento legalmente estabelecido no art. 1521 do Código 
Civil, são eles: a pendência de casamento no qual ainda não houve a separação de fato 
concubinato adulterino); parentesco consanguíneo (concubinato incestuoso) ou por afinidade; 
adoção; crime.7 
 
2.1.2 Histórico Legislativo 
 
Antes de 1944 podemos mencionar que não havia qualquer direito para aqueles que 
eram apenas companheiros, haja vista que o Código Civil de 1916 não apresentou qualquer 
regulamentação, destacando, entretanto, que também não vedou a união não formalizada, tendo 
inclusive citado o instituto, reconhecendo a existência no plano dos fatos, quando pretendia 
defender o matrimônio, valorizando-o em detrimento da união irregular, dando direitos à 
cônjuge em detrimento da concubina. 
Pode-se citar como primeiro direito de fato atribuído às companheiras o disposto no 
Decreto-lei 7.036/1944: o reconhecimento da companheira, através da Súmula 35 do STF, 
como beneficiária da indenização no caso de acidente de trabalho de que foi vítima o 
companheiro, regra que continua em vigor até os dias atuais.8 
 Contudo, há de ressaltar que o Decreto n. 2.681 de 19129 trouxe a primeira previsão de 
direito à indenização da companheira do falecido em acidente ferroviário tendo estabelecido 
em seu artigo 22, que no caso de morte, a estrada de ferro será responsabilizada civilmente por 
 
7 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito de família. v. 5. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 401 
8 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito de família. v. 5. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 375 
9 BRASIL. Decreto nº 2.681, de 7 de dezembro de 1912. Regula a responsabilidade civil das estradas de ferro. 
[S. l.], n. 8, 1912. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2681_1912.htm. Acesso em: 17 
out. 2021. 
7 
 
todas as despesas e indenizará, a arbítrio do juiz, todos aqueles aos quais a morte do viajante 
privar de alimento, auxílio ou educação. 
Anos depois, a Lei n. 4.297, de 23 de dezembro de 196310, incluiu a companheira no rol 
de dependentes para ter direito a aposentadoria/pensão. Tendo a Lei n. 4.862, de 29 de 
novembro de 196511, consolidado o entendimento de considerar a companheira como 
dependente alterando a legislação do Imposto de Renda. Havendo ainda outros decretos que 
alteraram Regime Geral da Previdência Social colocando a companheira de fato como 
dependente. 
Concomitantemente, demonstrando a evolução social e aceitação das uniões irregulares, 
em 1964 o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula 380, que dispôs o seguinte: “comprovada 
a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com 
a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum”. Tendo, posteriormente, editado a 
Súmula 382, que pôs fim uma das dúvidas quanto aos requisitos para reconhecimento da 
sociedade de fato dispensando a coabitação dos concubinos. 
Podendo citar ainda a Lei dos Registros Públicos (Lei n. 6.015/1973) que se mostrou 
adepta à evolução social e admitiu o uso do sobrenome do companheiro pela companheira. 
Sem prejuízo dos desdobramentos das diversos julgados existentes que atribuíam 
direitos e deveres aos concubinos até a promulgação da Constituição de 1988. 
Foi somente com a redação dada pela Constituição Federal de 1988 que a União Estável 
passou a integrar o Direito de Família, pois passou a ter o status de entidade familiar, isto é, 
uma unidade de vivência entre indivíduos12, iniciando novas discussões no que tange ao direito 
sucessório, direito aos alimentos, bem como outros direitos e deveres inerentes à constituição 
da família pela União Estável. 
Após a promulgação da nova Constituição foi publicada a Lei 8.971 de 1994, esta 
responsável por regulamentar o direito aos alimentos e inicialmente o direito sucessório. 
 
10 BRASIL. Lei nº 5.698, de 31 de agosto de 1971. Dispõe sobre as prestações devidas a ex-combatente 
segurado da previdência social e dá outras providências. [S. l.], 31 ago. 1971. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L5698.htm#art8. Acesso em: 17 out. 2021. 
11 BRASIL. Lei nº 4.862, de 29 de novembro de 1965. Altera a legislação do imposto de renda, adota diversas 
medidas de ordem fiscal e fazendária, e dá outras providências. [S. l.], 29 nov. 1965. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4862.htm. Acesso em: 17 out. 2021.> 
12 LÔBO, Paulo Luiz Netto, Entidades familiares constitucionalizadas: para além do numerus clausus, IBDFAM, 
23 mar. 2004. Disponível em: 
<https://ibdfam.org.br/artigos/128/Entidades+familiares+constitucionalizadas:+para+al%C3%A9m+do+numerus
+clausus>. Acesso em: 17 out. 2021 
https://ibdfam.org.br/artigos/128/Entidades+familiares+constitucionalizadas:+para+al%C3%A9m+do+numerus+clausus
https://ibdfam.org.br/artigos/128/Entidades+familiares+constitucionalizadas:+para+al%C3%A9m+do+numerus+clausus
8 
 
Superada pela Lei 9.278 de 1996 que, como primeira lei infraconstitucional regulamentadora 
do art. 226, §3º da Constituição, apresentou os direitos e deveres, como os verdadeiros 
requisitos para a caracterização da União Estável mencionada pela Constituição Federal de 
1988, não repetindo, por sua vez, o equívoco da lei antecedente publicada em 1994, de só 
configurar como União Estável aquelas com existência de no mínimo cinco anos, ou por 
qualquer tempo se houvesse filhos advindos da união. 
Seguidamente, com a publicação do Código Civil de 2002, a União Estável foi 
devidamente regulamentada no Livro IV (Do Direito de Família), Título III (Da União Estável, 
entre os artigos 1.723 e 1.727, entre outros artigos desse Código. 
Por fim, o julgamento da ADI nº 4277 e da ADPF nº 132 pelo Supremo Tribunal Federal 
reconheceu o direito ao estabelecimento de união estável por casais homoafetivos e, por 
consequência o Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução n. 175, de 14 de maio de 2013, 
dispondo sobre a habilitação, celebração de casamento civil, ou de conversão de união estável 
em casamento,entre pessoas do mesmo sexo.13 
 
2.1.3 Entidade familiar 
 
Merece destacar que a União Estável foi elencada como uma forma de família, pois, nos 
tempos atuais é fácil de verificar que a família é pautada na afetividade e, por isso, são 
valorizadas as novas concepções de família, havendo, assim, diversas as classificações 
doutrinárias, como a família monoparental, também regulamentada, ou a família homoafetiva, 
como exemplos a serem citados. Por sua vez, Luis Fernando Saura dita o seguinte: 
a família existirá onde quer que exista um prévio vínculo conjugal ou de filiação, ainda 
quando este não tenha relação com o estado matrimonial, ou tenha sua origem em um 
fato natural. O grupo assim constituído há de se estimar como família para todos os 
efeitos, incluídos, como é óbvio, os da proteção 14 
Conforme a doutrina de Rodrigo da Cunha Pereira união estável pode ser conceituada 
como a relação afetivo-amorosa entre duas pessoas, não adulterina e não incestuosa [esta hoje 
 
13 CARUSO, Gabriela de Brito. Os 10 anos da decisão histórica do STF que reconheceu União Homoafetiva. 
FGV. Rio de Janeiro, 25 mai. 2021. Disponível em <https://portal.fgv.br/artigos/10-anos-decisao-historica-stf-
reconheceu-uniao-homoafetiva>. Acesso em: 17 out. 2021. 
14 SAURA, Luis Fernando. Uniones libres y la configuracion del nuevo derecho de família. Valencia: Tirant lo 
Blanch, 1995. p. 67 
https://portal.fgv.br/artigos/10-anos-decisao-historica-stf-reconheceu-uniao-homoafetiva
https://portal.fgv.br/artigos/10-anos-decisao-historica-stf-reconheceu-uniao-homoafetiva
9 
 
conceituada como concubinato no ordenamento jurídico, superada a divisão doutrinária anterior 
entre concubinato puro – substituída pela união estável – e impuro], com estabilidade e 
durabilidade, vivendo sob o mesmo teto ou não, constituindo família sem vínculo do casamento 
civil.15 
Dessa forma, o legislador constituinte não criou mais um tipo de entidade familiar e 
sim regulamentou aquela que desde sempre existiu de forma marginalizada quando observada 
a valorização da família originada pelo matrimônio pelas normas existentes até então, tendo 
Virgílio de Sá Pereira abordado tal entendimento da seguinte forma: 
Agora dizei-me: que é que vedes quando vedes um homem e uma mulher, reunidos 
sob o mesmo teto, em torno de um pequenino ser, que é o fruto de seu amor? Vereis 
uma família. Passou por lá o juiz, com a sua lei, ou o padre, com o seu sacramento? 
Que importa isto? O acidente convencional não tem força para apagar o fato natural”; 
[...] “A família é um fato natural, o casamento é uma convenção social. A convenção 
social é estreita para o fato, e este então se produz fora da convenção. O homem quer 
obedecer ao legislador, mas não pode desobedecer à natureza, e por toda a parte ele 
constitui a família, dentro da lei se é possível, fora da lei se é necessário.16 
 
2.1.4 Caracterização 
 
 A doutrina bastante discutiu sobre os requisitos, tendo Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo 
Pamplona Filho17, concluído que são requisitos para a caracterização da União Estável os 
elementos caracterizadores essenciais (publicidade, continuidade, estabilidade e objetivo 
imediato de constituir família), explícitos no texto do art. 1.723 do Código Civil de 200218 e do 
art. 1º da Lei 9.278 de 1996, e elementos caracterizadores acidentais (a exemplo o tempo, 
existência de filhos, coabitação). 
. Ressalta-se, porém, segundo STF, via de regra, coabitação é desnecessária. E, ainda, 
embora comumente citado nas normas diante do histórico legislativo, atualmente não há 
exigência de prazo mínimo, devendo ser os elementos caracterizadores analisados nas 
circunstâncias do caso concreto, de forma que todos os requisitos decorrem de análises 
 
15 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e união estável. 7. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. p. 28-29. 
16 PEREIRA, Virgílio de Sá. Direito de Família. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1959. p. 89. 
17 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. Direito de família. 2. 
Ed. São Paulo: Saraiva, 2012. V.6., p.429-436 
18 Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na 
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família 
10 
 
subjetivas do julgador, inexistindo qualquer requisito formal a ser preenchido para caracterizar 
a União Estável. 
 Soma-se ao dito alhures o fato de que para que reste caracterizada a União Estável, isto 
é, a existência do instituto decorre unicamente da sua informalidade quando preenchidos os 
requisitos. 
Portanto, o contrato de convivência firmado por instrumento particular ou a escritura 
pública de união estável apenas declaram a existência, assim como a própria declaração em 
sede judicial, para que sejam aplicados os efeitos decorrentes da União. 
 
2.2 COMPARAÇÃO COM O CASAMENTO 
 
 O casamento trata-se do mais antigo instituto pelo qual se constitui uma família, 
devendo para sua caracterização realizar as formalidades e preencher os requisitos apresentados 
na Lei. 
 Quando é falado em formalidades estas dizem respeito aquelas apresentadas entre os 
artigos 1.525 e 1.547 do Código Civil, são elas: o processo válido de habilitação para o 
casamento, a celebração do casamento e a comprovação deste mediante certidão. 
Estas formalidades inexistem quando se trata de União Estável, sendo a razão da 
existência do instituto, visto que a escolha por constituir família pela mera União, se dá, 
atualmente, por opção, sendo um dos motivos a não pretensão de realizar as formalidades 
necessárias ao casamento. 
 Já quanto aos requisitos, para haver um casamento válido é necessário que os indivíduos 
sejam plenamente capazes ou possuam autorização para o casamento, como também é 
imprescindível a ausência de impedimentos e observância das causas suspensivas. 
 Compreende-se pelo demonstrado até então que a diferença entre os institutos 
atualmente é pautada principalmente pela sua forma de constituição, isto é, para casar-se devem 
ser preenchidas formalidades e requisitos legalmente preestalecidos. No entanto, para 
caracterizar a União Estável basta que seja uma união pública, duradoura, contínua e com 
11 
 
objetivo evidente de constituir uma família não sendo necessária qualquer formalidade ou 
documento para sua caracterização. 
No que tange ao regime de bens, para alterá-lo durante na constância do vínculo 
conjugal depende de decisão judicial, enquanto para a União Estável a mudança do regime 
anteriormente escolhido ou para escolher um regime de bens específico depende de contrato 
escrito entre as partes que poderá ser redigido a qualquer momento. 
Quanto à extinção, o casamento se extingue pela morte de um dos cônjuges ou ambos, 
pela declaração da invalidade do matrimônio ou pelo divórcio, seja ele extrajudicial ou judicial. 
Em contrapartida a União Estável, como situação de fato, poderá terminar sem nenhum 
documento ou formalidade. 
Contudo, ressalta-se que, na hipótese de ser necessário partilhar bens comuns deverá ser 
formalizada por documento público, seja em sede extrajudicial, quando em comum acordo, ou 
judicialmente utilizando-se as partes da ação de reconhecimento (quando inexistente 
documento dotado de fé pública que reconheça a existência da União) e dissolução de união 
estável, ações estas regulamentadas pelo Código de Processo Civil. 
Destaca-se, porém, que havendo prole e sendo os filhos menores ou incapazes, deverá 
obrigatoriamente a dissolução do casamento ou da união estável se dar formalmente pelas vias 
judiciais, a fim de que seja protegido o melhor interesse do menos, bem como será 
imprescindível a atuação do Ministério Público. 
No que diz respeito a outorga conjugal a legislação ainda é omissa quanto a outorga da 
companheira. Assim, na instituição matrimonial, o artigo 1.647 do Código Civilcondiciona a 
autorização do outro cônjuge para alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; para prestar 
fiança ou aval e para fazer doação de bens comuns, ou que venham a integrar futura meação. 
Enquanto na União Estável dita Francisco José Cahali que: 
 inexiste qualquer restrição ao proprietário para a alienação ou imposição de ônus real 
imobiliário, dispensada a anuência e concordância do seu companheiro, 
independentemente de tratar-se de bem exclusivo do titular, ou com participação do 
outro em decorrência da presunção legal ou contratual19 
Não existe qualquer causa suspensiva para celebração de nova união estável, ao 
contrário do casamento, ignorando o legislador as eventuais confusões patrimoniais idênticas 
as que podem ocorrer com o casamento. 
 
19 CAHALI, Francisco José. Contrato de convivência na união estável. Saraiva: São Paulo, 2002. p. 182 
12 
 
Para a União Estável são aplicados os mesmos impedimentos, ressalvada a proibição 
quanto a pessoas casadas, visto que pelos costumes da sociedade brasileira, conforme 
entendimento de Flávio Tartuce20, é muito comum que a dissolução do vínculo matrimonial se 
dê somente na esfera material, sendo ignorada a esfera formal, não devendo a União que se 
perpetua com um indivíduo separado de fato com intenção de formar família ser ignorada pelos 
novos dispositivos que regulam a União Estável. 
Assim, não podem as pessoas casadas casarem-se sem a extinção do casamento 
celebrado anteriormente, em contrapartida é admitida a união estável com pessoas separadas de 
fato somente, isto é, sem havido divorciadas ou viúvas. 
Todavia, ainda é vedada a validade da união estável quando coexistente casamento, 
inexistindo a separação de fato, ou seja, a relação adulterina continua vedada pelo § 1º do artigo 
1.723 do Código Civil, , vez que a cultura brasileira é predominantemente monogâmica, 
resguardado o direito da concubina de boa-fé. 
Chama-se união estável putativa21, aquela que um dos conviventes desconhece a 
existência do impedimento e que tem por consequência a triação do patrimônio22. Ana Carolina 
Brochardo Teixeira e Renata de Lima Rodrigues23 que entendem que a existência de outra 
entidade familiar não colide com o objetivo de constituir uma nova família, pois o que confere 
ao novo núcleo familiar a feição de entidade familiar é o tratamento recíproco de companheiros, 
e agir de modo distinto seria ofender o princípio da igualdade, pois a constituição de uma família 
não pode merecer maior importância formal do que aquela que foi dispensada à anterior, quando 
os dois núcleos cumprem a mesma função, complementa o entendimento Maria Berenice 
Dias24, para quem o repúdio ao concubinado vem a gerar um enriquecimento injustificado, 
beneficiando o bígamo que é desonerado de qualquer responsabilidade por sua infidelidade. 
 
20 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito de família. v. 5. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 391 
21JULIANO, Renata Borges A união estável putativa e a coexistência de núcleos familiares, IBDFAM, 11 out. 
2018. Disponível em: 
<https://ibdfam.org.br/artigos/1304/A+uni%C3%A3o+est%C3%A1vel+putativa+e+a+coexist%C3%AAncia+de
+n%C3%BAcleos+familiares >. Acesso em: 17 out. 2021 
22 ALVES, Jones Figueirêdo. Triação de bens. JUSBRASIL. Disponível em: 
<https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/121822664/triacao-de-bens-artigo-de-jones-figueiredo-alves>. 
Acesso em 17 out. 2021 
23 TEIXEIRA, Ana Carolina Brochardo e RODRIGUES, Renata de Lima. O direito das famílias entre a norma e 
a realidade. São Paulo: Atlas, 2010. p. 129. 
24 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das famílias. 3. ed. São Paulo: RT, 2006. p. 160 
13 
 
Ainda, já existem alguns julgados reconheçam efeitos jurídicos às famílias simultâneas, 
como o abaixo identificado: 
“União estável. Reconhecimento. ‘Casamento de papel’. União dúplice. Caso em que 
se reconhece a união estável da autora/apelada com o de cujus apesar de – até o 
falecimento – o casamento dele com a apelante estar registrado no Registro Civil. 
Negaram provimento. Maioria. Vencido o relator”25 
“Apelação cível. União estável. Relacionamento paralelo ao casamento. Se mesmo 
não estando separado de fato da esposa, vivia o falecido em união estável com a 
autora/companheira, entidade familiar perfeitamente caracterizada nos autos, deve ser 
mantida a procedência da ação que reconheceu a sua existência, paralela ao 
casamento. A esposa, contudo, tem direito sobre parcela dos bens adquiridos durante 
a vigência da união estável. Recurso adesivo. Os honorários advocatícios em favor do 
patrono da autora devem ser fixados em valor que compensa dignamente o combativo 
trabalho apresentado. Apelação dos réus parcialmente provida. Recurso adesivo da 
autora provido”26 
“Apelação. União dúplice. Agravo retido. Impossibilidade jurídica do pedido. Afronta 
ao devido processo legal. Curador especial. Efeitos. (...) Mérito. Reconhecimento de 
união dúplice. Precedentes da Corte. A prova dos autos é robusta e firme a demonstrar 
a existência de união entre a autora e o de cujus. Os bens adquiridos na constância da 
união dúplice são partilhados entre a esposa, a companheira e o de cujus. Negaram 
provimento ao agravo retido. Preliminares rejeitadas. Deram parcial provimento”27 
“Apelação. União estável paralela ao casamento de papel. Artigo 1.727 do Código 
Civil de 2002. Efeitos. Interpretação do Código Civil de 2002 com eticidade, 
socialidade e operabilidade, como ensina Miguel Reale. Reconhecimento de efeitos 
da união estável paralela ao casamento de papel, como medida que visa a evitar o 
enriquecimento ilícito. Deram parcial provimento”28 
Havendo diversas discussões, em contrapartida, no que tange a hipótese de uniões 
estáveis simultâneas. 
 Superada a discussão doutrinária e jurisprudencial sobre a simultaneidade de relações, 
sejam casamentos, meras uniões ou concubinatos, certo é que houve considerável aumento na 
procura pela formalização da existência de união estável em detrimento da celebração de novos 
 
25 TJ/RS. Oitava Câmara Cível. Apelação Cível n. 70.006.046.122. Relator: Des. Antonio Carlos Stangler Pereira, 
voto vencido. Julgado em 23.10.2003. Disponível em: <https://tj-
rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8876130/apelacao-civel-ac-593096753-rs-tjrs>. Acesso em 17 out. 2021 
26 TJ/RS. Oitava Câmara Cível. Apelação Cível n. 70.015.693.476. Relator: Des. José Siqueira Trindade. Julgado 
em 20.07.2006. Disponível em: < https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/112619545/apelacao-civel-ac-
70047754296-rs/inteiro-teor-112619555>. Acesso em 17 out. 2021 
27 TJ/RS. Oitava Câmara Cível. Apelação Cível n. 70.009.786.419. Relator: Des. Rui Portanova. Julgado em 
03.03.2005. Disponível em: < https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/929778306/apelacao-civel-ac-
70068477876-rs/inteiro-teor-929778326>. Acesso em 17 out. 2021 
28 TJ/RS. Oitava Câmara Cível. Apelação Cível n. 70.014.248.603. Relator: Des. Rui Portanova. Julgado em 
27.04.2006. Disponível em: < https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22889760/apelacao-civel-ac-
70039284542-rs-tjrs/inteiro-teor-111148696>. Acesso em 17 out. 2021 
 
14 
 
casamento. Em pesquisa realizada junto aos cartórios do Brasil entre 2011 e 2015 a união 
estável aumentou 57% em todo Brasil, enquanto os casamentos cresceram 10%.29 
 Rolf Madaleno em sua obra Direito de Família30 elenca alguns dos motivos pelos quais 
os cidadãos brasileiros venham optando pela União Estável, havendo motivos de razão 
econômica, social, legal e ideológica. 
 Por razões econômicas as novas uniões são motivadas pelo medo de perder o crédito 
alimentar ou benefício previdenciário existente, visto que existem alguns destes benefícios que 
são extintos pela celebração do casamento civil31. Além disso, os gastos para a celebração do 
matrimônio são maiores, quando comparado com a união estável. 
 No caso do Rio de Janeiro, o valor total da escriturade União Estável realizada em 
cartório é de R$ 243,4532 enquanto o gasto para a celebração do casamento realizado na sede 
do cartório é entre R$ 469,11 e R$ 532,5433 
 Por razões sociais o doutrinador cita que, principalmente quanto às pessoas com rendas 
menores, há uma certa resistência ao matrimônio, visto que devido a grande formalidade deste, 
passou a existir uma desaprovação social que impulsiona o nascimento de uniões informais. 
 Já quanto às razões legais, dita Flávio Tartuce que há um certo costume entre os 
brasileiros de não realizar as formalidades do divórcio, sendo comum “largar” o ex-cônjuge34, 
e, quando da ocorrência de um novo relacionamento se deparam com o impedimento previsto 
no art. 1.521, VI do Código Civil, que, entretanto, não é aplicado para o estabelecimento de 
união estável. 
 
29 FALCOSKI, Patricia, Cresce a procura por união estável no lugar do casamento tradicional, G1, São Paulo, 01 
mar. 2017. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2017/03/cresce-procura-por-uniao-estavel-
no-lugar-do-casamento-tradicional.html>. Acesso em 17 out. 2021 
30 MADALENO, Rolf, Direito de família. - 8. ed., rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro : Forense, 2018. 
Disponível em < https://acljur.org.br/wp-content/uploads/2018/07/Direito-de-Fam%C3%ADlia-Rolf-Madaleno-
2018.pdf> . Acesso em 17 out. 2021 
31 YAMAMOTO, Yoshiaki. Pensionista pode casar novamente?. PREVIDENCIARISTA. 25 ago. 2020. 
Disponível em <https://previdenciarista.com/blog/pensionista-pode-casar-novamente/>. Acesso em 17 out. 2021 
32 BRASIL, Filipe, Registros de união estável no RJ crescem 9% em 2021 em relação ao ano passado, segundo 
cartórios, G1, Rio de Janeiro, 28 set. 2021. Disponível em < https://g1.globo.com/rj/rio-de-
janeiro/noticia/2021/09/28/uniao-estavel-rj.ghtml>. Acesso em> 17 out. 2021. 
33 PASTORE, Marina. Quanto custa casar no civil em 2021?. ICASEI. 22 jan. 2021. Disponível em: < 
https://revista.icasei.com.br/quanto-custa-casar-no-civil-em-2021/>. Acesso em: 17 out. 2021 
34 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito de família. v. 5. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 391 
15 
 
 E, quando às razões ideológicas, podemos citar a evolução social que preconiza a 
desburocratização do desfazimento das relações amorosas e concomitantemente desvaloriza a 
burocratização do casamento civil. 
 
2.3 EFEITOS PATRIMONIAS 
 
 O Código Civil, no art. 1725, estipula que, na ausência de contrato de convivência35 que 
regule a União Estável, as normas que regulam o regime da comunhão parcial de bens serão 
aplicadas à União no que couber, salvo as normas que por incompatibilidade com o instituto da 
União Estável não deverão ser aplicadas, conforme entendimento de Flávio Tartuce36. 
 Assim, estipulou o Enunciado 115 do CJF/STJ, aprovado na I Jornada de Direito Civil, 
que se trata de uma presunção a comunhão de bens, uma vez que se torna desnecessário 
comprovar o esforço comum para aplicação da norma inerente a tal regime. 
 Dessa forma, quando omissos na escolha do regime de bens a ser adotado, a união 
estável é materialmente equiparada ao casamento. 
 Ademais, muito semelhante a imposição do pacto antenupcial para os cônjuges quando 
optarem por regime diverso daquele utilizado como regra para os novos contraentes do 
casamento, para a união estável o Código Civil também estabelece a obrigatoriedade de contrato 
escrito quando os conviventes optarem por ter a relação regida por regime diverso do regime 
da comunhão parcial de bens. 
 Há uma proibição quanto à doação de bens do cônjuge ao concubino de forma que a 
legislação, no art. 550 e no art. 1642, V, ambos do Código Civil, autoriza a reivindicação do 
bem doado a concubina, ditando Arnaldo Rizzardo37 que o objetivo do impedimento da doação 
é proteger o patrimônio conjugal e evitar a dilapidação do patrimônio dos cônjuges, de maneira 
que a concubina não deve se beneficiar em detrimento da comunhão conjugal. Contudo, a forma 
com que foi disposto o mencionado artigo 1.642, estipulando prazo de 5 anos contados da 
separação para reivindicar patrimônio doado à concubina, ignora totalmente o entendimento de 
 
35 CAHALI, Francisco José. Contrato de Convivência na união estável. São Paulo: Saraiva, 2002, p.152 
36 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito de família. v. 5. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 424 
37 RIZZARDO, Arnaldo. Casamento e concubinato, efeitos patrimoniais. 1. ed. Rio de Janeiro: Aide, 1985. p. 225-
226. 
16 
 
que separado de fato, não há óbice à doação para a companheira, subsistindo a união estável, 
observado o regime de bens que receptado pela união, visto que majoritário o entendimento de 
que o regime de bens cessa com a separação de fato. 
 É proibido por força do art. 1.801, III, do Código Civil que a concubina seja nomeada 
herdeira ou legatária. 
 Poderá a companheira ter direito à pensão por morte, assim como a cônjuge, ordenando 
inclusive, a Súmula n. 159 do TFR a divisão da pensão previdenciária entre a esposa e a 
companheira, vez que possui a seguinte redação: : “É legítima a divisão da pensão 
previdenciária entre a esposa e a companheira, atendidos os requisitos exigidos.” 
 No que tange ao direito sucessório, importante mudança a partir de 2017, momento em 
que o STF julgou inconstitucional o art. 1.790 do Código Civil e qualquer tratamento diverso 
dado ao companheiro em detrimento do cônjuge, visto que há um claro dever do ordenamento 
jurídico de evitar qualquer hierarquia entre as entidades familiares, não podendo estabelecer 
diferenças gritantes quanto à herança e meação do companheiro falecido para o cônjuge 
falecido. 
 
2.4 CASAMENTO FORÇADO 
 
De acordo com o costume, doutrina e jurisprudência uma das maneiras de assegurar a 
efetividade desejável ao instituto e consolidar a inexistência de hierarquia entre as entidades 
familiares previstas na Constituição foi equiparar a União Estável ao Casamento, 
principalmente no que diz respeito as normas que versam sobre o patrimônio do cônjuge no 
advento do divórcio e na abertura da sucessão, ressaltando, porém que continuam sendo 
institutos diferentes. 
Regulada pela Lei n° 9.278 de 1996, a mensagem do veto do Presidente da República 
avulta que a União Estável não tem finalidade de ser um “casamento de segundo grau”, 
frisando, por isso, o fato de serem institutos diversos. 
Ademais, pela possibilidade de converter a União Estável em Casamento a qualquer 
tempo se percebe que o legislador buscou claramente engrandecer que são institutos diferentes, 
17 
 
que deveriam ser tratados como diferentes. Contudo o que ocorre, na verdade, é a aproximação 
entre o direito patrimonial e sucessório que regem os dois institutos. 
Diz Flávio Tartuce38: 
“Diante do que consta do texto constitucional, sempre estivemos filiados ao 
entendimento segundo o qual a união estável não é igual ao casamento, uma vez que 
institutos iguais não se convertem um no outro. Justamente por isso é que havia um 
tratamento diferenciado em algumas questões, como em matéria de direito sucessório. 
[...] Todavia, [...], o Supremo Tribunal Federal decidiu, por maioria, e em maio 2017, 
que deve haver uma equiparação sucessória entre o casamento e a união estável.” 
O legislador, que pretendia estabelecer diferenças pessoais e patrimoniais da união 
estável, destacando as diferenças no direito sucessório, foi frustrado, visto que restaram 
vencidas qualquer diferença no plano do direito sucessório entre cônjuges e companheiros com 
o julgamento Recurso Extraordinário 646.721/RS, de Repercussão Geral, sendo redator do 
acórdão o Ministro Roberto Barroso e relator o Ministro Marco Aurélio, para julgar 
inconstitucional o artigo 1.790 do Código Civil e estabelecer a seguinte tese: “No sistema 
constitucional vigente, é inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e 
companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecidono art. 1.829 
do CC/2002.” 
 Percebe-se ainda que a União Estável, nos moldes adotados pelo ordenamento jurídico 
brasileiro, considerando as últimas decisões dos tribunais e entendimentos doutrinários, passa 
a ser uma relação imposta a partir do momento que se enquadra perfeitamente aos requisitos 
estabelecidos. 
 Dessa forma, já existem entendimentos que o contrato de namoro é nulo, pois teria como 
única finalidade afastar a aplicabilidade das normas inerentes à União Estável, quando 
comprovado os requisitos para sua existia. 
Sendo assim, na hipótese das partes pretenderem firmar contrato escrito de namoro, 
deverão os companheiros ajustarem o contrato de convivência ao regime de bens escolhido para 
regulamentar o direito patrimonial do casal. 
Portanto, a partir do momento que a relação se torna pública, contínua, estável e 
possuam ambas as partes objetivo de constituir família estará caracterizada a União Estável, 
 
38 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito de família. v. 5. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 375 
18 
 
independentemente de contrato que sugira tratar-se a relação de mero namoro, o que pode 
parecer uma ingerência do Estado sobre a autonomia privada do homem, mitigando, assim, o 
princípio da autonomia das partes, obrigando os conviventes a contratarem imediatamente o 
regime de bens, caso contrário poderão ser surpreendidos com a invocação das normas regentes 
da comunhão parcial de bens enquanto iludidos a acreditar que não estava constituída a união 
estável, vez que, na hipótese de litígio, os requisitos serão analisados pelo juiz subjetivamente 
de acordo com o caso concreto. 
Com efeito, a união estável exige pressupostos mais concretos de configuração, não 
bastando o mero namoro, por mais firme ou qualificado que se apresente, porquanto apenas a 
convivência como casal estável, de comunhão plena e vontade de constituir família concretiza 
a relação durável, da qual o namoro é apenas um projeto que ainda não desenvolveu e talvez 
sequer evolua como entidade familiar. 230 Portanto, nenhuma validade terá um precedente 
contrato de namoro firmado entre um par afetivo que tencione evitar efeitos jurídicos de sua 
relação de amor, porque seus efeitos não decorrem do contrato e sim do comportamento 
socioafetivo que o casal desenvolver, pois, se com o tempo eles alcançaram no cotidiano a sua 
mútua satisfação, como se fossem marido e mulher e não mais apenas namorados, expondo sua 
relação com as características do artigo 1.723 do Código Civil, então de nada serviu o contrato 
preventivo de namoro e que nada blinda se a relação se transmudou em uma inevitável união 
estável, pois diante destas evidências melhor teria sido que tivessem firmado logo um contrato 
de convivência modelado no regime da completa separação de bens 
 
3 CONCLUSÃO 
 
REFERÊNCIAS.

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