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Disciplina: Química dos Polímeros (QQO003) Prof. MSc. Cécile C. Hernandez Garcia 1 Síntese de polímeros Para a produção de polímeros são empregadas reações químicas empregadas que são denominadas de polimerização. A principal característica dessas reações consiste em unir segmentos repetitivos de moléculas de baixa massa molar através de ligações covalentes e transformando-os em macromoléculas ou polímeros de alta massa molecular. Durante este processo algumas variáveis primárias tais como temperatura da reação, pressão, tempo, tipo de iniciador e grau de agitação são determinantes para as características do polímero formado. Outros fatores de menor importância incluem tipo de inibidor, retardador, catalisador, controlador de massa molecular, quantidade de reagentes e demais agentes específicos. Se durante a reação o objetivo for obter compostos com baixo peso molar, a variação de variáveis primárias não afetará o tipo de produto final, apenas altera o rendimento do processo. Mas se ocorrerem essas variações durante o processo de polimerização, isso pode afetar a massa molar do material, produzindo uma grande variação de massa molar média, distribuição de massa molar e estrutura química. 2 Polimerização em cadeia (poliadição) A poliadição consiste na formação de uma cadeia polimérica pela instabilização de uma dupla ligação de um monômero e sua sucessiva reação com outras ligações duplas de outras moléculas de monômero. Nas poliadições uma vez iniciada a cadeia, o seu crescimento é extremamente rápido com altos graus de conversão obtidos no início da reação sem formação de subprodutos de reação. Essa polimerização pode ser representada pela seguinte equação geral: Durante a polimerização por adição ocorre a abertura de uma dupla ligação para estabelecer duas ligações simples. O balanço energético será positivo, sendo liberados 166 Kcal/mol a cada duas ligações simples formadas e absorvidos 146 Kcal/mol para a ruptura de uma dupla ligação, produzindo um processo exotérmico que libera 20 Kcal/mol. Então, para que ocorra esse tipo de polimerização, deverá conter ao menos uma instauração reativa na molécula. As cadeias geradas poderão ser carbônicas, quando o monômero possuir dupla ligação C=C, como no caso dos dienos, ou poderá gerar cadeias heterogêneas quando a dupla ligação envolver não somente átomo de carbono, como por exemplo C=O, C=N, etc. A reação de polimerização em cadeia acontece através da iniciação, onde é gerado o centro ativo, propagação a cadeia cresce com a transferência do centro ativo de monômero a monômero e, por fim, o término onde se dá o desaparecimento do centro ativo. 2.1 Iniciação Nesse momento, ocorre a formação dos sítios ativos. Um iniciador pode ser instabilizado termicamente, formando dois centros ativos. Essa molécula instável, pode ser por exemplo, o peróxido de benzoíla. O radical reage com o monômero, transferindo o centro ativo. Para a polimerização do estireno, observa-se a seguinte reação: 2.2 Propagação Nesse momento ocorrerá a transferência de centro ativo de monômero a monômero. O crescimento da cadeia se dá em alta velocidade e com baixa energia de ativação. 2.3 Término É quando ocorre o desaparecimento do centro ativo. Esse término pode ocorrer conforme será descrito a seguir. a) Combinação de macro radicais: gera cadeias com alto peso molar. Essa combinação pode ser evitada estericamente com grupos laterais volumosos. Nesse caso, dois carbonos ativados precisam se aproximar o suficiente para que ocorra uma ligação simples entre eles. b) Desproporcionamento: Transferência intermolecular de H do carbono cauda para cabeça. Ocorre quando o grupo lateral (R) é volumoso e impede a aproximação dos átomos de C. Esse mecanismo é comum na polimerização do PS, PMMA, etc., polímeros com grupos laterais volumosos. c) Transferência de cadeia: Abstração de um H de um ponto qualquer de outra cadeia, terminando o crescimento. O centro ativo é transferido para a cadeia que perdeu o H. Então, favorece a formação de cadeias ramificadas. Esse mecanismo é comum durante a polimerização do polietileno de baixa densidade, o qual emprega altas pressões, o que favorece a transferência de cadeia, gerando um polímero com ramificaçõ d) Transferência de cadeia back-bitting: Existe uma pequena probabilidade das cadeias poliméricas se dobrarem sobre si mesma e transferir um hidrogênio de sua própria cadeia, desativando o radical livre da ponta e transferindo-o para o quinto átomo de carbono, dando início à formação de ramificações curtas. Transferência para o solvente: Depende do tipo de átomos presentes no meio reacional, como por exemplo, o solvente. Então, pode ocorrer uma transferência de átomos para o centro ativo da cadeia em crescimento, ocasionando a sua interrupção. Pode ocorrer da molécula B ser ativa e continuar reagindo, ou ser inativa, mantendo-se estável. No primeiro caso, o solvente AB é chamado de regulador de massa molar, enquanto no segundo é um terminador de cadeia. Nos polímeros obtidos por esse meio, as massas molares podem atingir cerca de 105 ou 106 g/mol. O controle e distribuição da massa molar pode ser feito através de agentes de transferência de cadeia para o solvente ou espécies de menor massa molar. 2.4 Inibidores e retardadores Quando há a presença de reagentes que são capazes de doar hidrogênio, pode afetar a reação de polimerização via radicais livres. A presença de um retardador, irá diminuir a taxa de polimerização, reduzindo a conversão do monômero em polímero em um determinado intervalo de tempo, quando comparado a uma polimerização normal. Pode ser usado para reduzir a exotermia da reação. Se o retardador for extremamente eficiente, a reação de polimerização não ocorrerá em sua presença. Nesse caso, ele é chamado de inibidor. A presença de inibidores impedirão completamente a reação de polimerização, aumentando o tempo de início da reação, sendo esse intervalo de tempo chamado de tempo de indução. Enquanto esse inibidor estiver presente, não ocorrerá a polimerização então esse mecanismo é muito utilizado para o armazenamento de monômeros sem a ocorrência indesejada da polimerização. 3 Polimerização em etapas (policondensação) Consiste na condensação sucessiva de grupos funcionais reativos existentes nos materiais iniciais, ocorrendo o aumento das moléculas até atingirem o tamanho de uma cadeia polimérica. Além dos polímeros tradicionais, como resinas fenólicas, ureicas, melamínicas, epoxídicas, etc., permitem também a obtenção de polímeros bastante sofisticados (denominados polímeros de especialidade,"specialties"), que apresentam excepcional desempenho e que, por algum tempo, eram conhecidos como novos materiais. Além disso, como os polímeros de condensação têm pesos moleculares menores do que os polímeros de adição, muitas vezes se torna necessária a chamada cura ("cure"), isto é, a reticulação do oligômero durante o processo de produção do artefato. Em geral, são polímeros resultantes da reação de dois componentes com grupos funcionais reativos e eliminação de moléculas de baixa massa molar (H2O, HCl e NH3, etc.). A cadeia principal dos polímeros obtidos por esse método apresentam não apenas átomos de carbono, mas também átomos de outros elementos, como oxigênio, nitrogênio, enxofre, fósforo, etc.; por exemplo, poli(terefta1ato de etileno). Ao serem adicionados seguimentos moleculares, o meio reacional se torna cada vez mais viscoso, dificultando ou até mesmo impedindo a remoção desses subprodutos, o que prejudica o deslocamento do equilíbrio reacional. Assim, o peso molecular atingido nas policondensações é usualmente uma ordem de grandeza menor do que naspoliadições. Abaixo, temos o exemplo da reação de diácido com um glicol (diálcool), que gera como produto um éster e água: Conforme vai decorrendo o tempo de reação, os materiais iniciais vão reagindo entre si simultaneamente, podendo ser observado que em graus de polimerização de até 10, menos de 1% dos materiais iniciais ainda não reagiram. Isso ocorre porque os grupos recém-formados possuem uma mobilidade maior do que os materiais iniciais e se apresentam mais prontamente aos possíveis sítios de reação. Devido a essa característica de pequenos grupos reagirem com outros e formarem moléculas maiores, as cadeias poliméricas, a massa molar vai aumentando com o tempo de reação. Outra característica desse tipo de reação é que por seus grupos funcionais serem reativos entre si, não existe a necessidade de se acrescentar nenhum tipo de iniciador de reação. A temperatura e o tempo podem influenciar na reação, como visto anteriormente, o tempo pode aumentar a massa molar do polímero obtido por policondensação. O aumento da temperatura pode causar um aumento de reação no início, devido ao fornecimento de maior quantidade de energia para o sistema. Mas à longo prazo, tenderá a diminuir o grau de polimerização, visto que o processo é exotérmico, deslocando o equilíbrio no sentido dos reagentes. A reação pode ser facilitada pela presença de um catalisador, que normalmente reduz a barreira de energia de ativação, o que pode proporcionar a obtenção de moléculas com maior massa molar do que as formadas em uma reação não catalisada, nas mesmas condições. Na reação em etapas não se observa distinção reacional entre o início da formação do polímero, o crescimento da macromolécula ou o término desse crescimento. As reações se processam semelhantemente ao que ocorre com as moléculas não poliméricas. O crescimento da cadeia é vagaroso devido a formação de subprodutos da reação. Ex.: Nylon 6,6 (Hexametileno diamina + ácido adípico) H2N-(CH2)6-NH2 + HOOC-(CH2)4-COOH (I) H2N-(CH2)6-NH-OC-(CH2)4-COOH + H2O (II) H-[-NH-(CH2)6-NH-OC-(CH2)4-CO-]n-OH + nH2O (III) Tanto na formação do sal de nylon (II) como na polimerização (III) há liberação de uma molécula de água por reação química (condensação). Inicialmente ocorre a reação do hexametileno diamina com o ácido adípico, formando hexametileno dipamida (sal de nylon). O sal de nylon é insolúvel em águam por possuir um grupo funcional amina e um grupo funcional ácido carboxílico por molécula, precipitando da solução. Esse material segue para secagem e posteriormente vai para um reator de polimerização para a formação do nylon 6,6, à aproximadamente 240°C e baixas pressões, para remover a água formada durante a amidação. 4 Polimerização em cadeia X Polimerização em etapas 5 Polimerização por abertura de anel No caso dessa polimerização, é necessário a presença de um anel no monômero. Através da abertura desse anel, ocorre a geração de uma bifuncionalidade que, se reagir consigo mesma muitas vezes, formará a cadeia polimérica. Nesse caso, não haverá a formação de subprodutos. Um exemplo de polímero formado dessa maneira é o nylon 6, ou ε–caprolactama. O monômero da ε–caprolactama é um anel que sofre ruptura a altas temperaturas (acima de 200°C) e na presença de uma pequena quantidade de água, que inicia a abertura dos primeiros anéis. A ruptura acontece na ligação amida -CO-NH- que é a ligação de nível energético mais baixo da molécula. Referências: CANEVAROLO, S. V. Ciência dos polímeros: Um texto básico para tecnólogos e engenheiros. São Paulo: Artliber, 2002. MANO, E. B.; MENDES, L. C. Introdução à polímeros. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1999.
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