Buscar

Trabalho de literatura Africana

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA 
“Julho Mesquita Filho” (UNESP) 
 
 
 
WALLISON LIMA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Avaliação de Literatura Africana de Língua Portuguesa 
Resenha crítica baseada na proposta da avaliação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assis - São Paulo 
2019 
 
 
 
 
 
 
WALLISON LIMA DA SILVA 
 
 
Avaliação de Literatura Africana de Língua Portuguesa 
Resenha crítica baseada na proposta da avaliação 
 
 
 
 
 
 
________________________________________ 
Dr. Márcio Roberto Pereira 
Avaliador 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
Este presente trabalho foi desenvolvido a partir das aulas durante a 
disciplina de Literatura Africana de Língua Portuguesa com base em obras de 
autores de literatura africana, como Mia Couto e Luandino Vieira, e também 
através de pesquisas e leituras de artigos relacionados à mesma disciplina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. AGRADECIMENTOS 
Gostaria de agradecer imensamente ao Dr. Márcio Roberto Pereira 
pelas aulas que tive e pelas emoções que eu sentia ao ouvir suas 
interpretações dos contos africanos trabalhados em sala de aula. Obrigado 
também pela fidelidade que tivera com essa literatura riquíssima, na qual é de 
suma importância para nós brasileiros o estudo da mesma. 
 
 
 
 
 
 
 
 “A fábula do macaco e do peixe” 
Um macaco passeava-se à beira de um rio, quando viu um peixe dentro da 
água. Como não conhecia aquele animal, pensou que estava a afogar-se. 
Conseguiu apanhá-lo e ficou muito contente quando o viu aos pulos, preso nos 
seus dedos, achando que aqueles saltos eram sinais de uma grande alegria 
por ter sido salvo. Pouco depois, quando o peixe parou de se mexer e o 
macaco percebeu que estava morto, comentou – “que pena eu não ter 
chegado mais cedo” 
Mia Couto 
 
Assim começo o presente trabalho, com uma fábula de Mia Couto. É 
através da oralidade das fábulas presentes na literatura africana feitas por 
gerações, que os africanos exteriorizam os seus conhecimentos. A fábula 
apresentada ressalta a história colonial da África, que há anos os africanos e 
afro-descendentes através da literatura vêm tentando desmontá-la, mas 
sempre se pegam a contar a mesma história. Por quê? Por que é tão difícil 
transformar? O que é que estamos a defender? A quem temos que defender?1 
No Brasil, uma das grandes conquistas da luta antirracial foi a Lei 
10.639/03 na qual pressupõe que deve ser trabalhado com afinco em sala de 
aula de ensino fundamental e médio o estudo da História da África e também 
da Cultura Afro-Brasileira. No entanto, até nos dias atuais tudo o que é 
proposto sobre a África vem sendo trabalhado com base em uma cultura 
embranquecida e excludente. 
É notório que vivemos em uma quádrupla ignorância quando se trata da 
história, da literatura e da cultura africana. Mesmo com a aprovação da Lei 
10.639/03, por conta da dominação do embranquecimento cultural, ainda nas 
escolas e nas universidades não são trabalhadas com afinco a história e a 
literatura africana, ajudando a contribuir com a propagação do epistemicídio. 
O cânone de obras africanas, por exemplo, além de passar por várias 
análises para serem consideradas como literatura, carrega estereótipos no qual 
dizem que sempre vai tratar de estórias embasadas por um vitimismo, como 
diz a cultura branca. Então, não é que os africanos ou afro-descendentes não 
têm estado a produzir literatura, arte, conhecimentos. Eles sempre falam, 
sempre entregam conhecimentos, porém as suas narrações não são ouvidas, o 
seu lado da história não é ouvido. Vivemos em um mundo, na qual não 
sabemos, não precisamos saber, não deve saber e não queremos saber sobre 
os conhecimentos negros. 
Tendo em vista a afirmação de Luandino Vieira de que a língua 
portuguesa é um troféu de guerra e aos contos de Mia Couto lidos e discutidos 
durante o curso, notoriamente é encontrada uma linguagem nas obras que fora 
imposta aos africanos, aniquilando a língua dos mesmos. 
A literatura africana encontra-se reduzida à sua experiência enquanto 
sujeito e ao mesmo tempo se desconecta de outra experiência, no qual são os 
efeitos causados pela colonização. Em suas narrativas estão notoriamente 
representados os efeitos causados na cultura africana pela imposição do 
mundo português. Os autores africanos através de suas obras interpretam 
aquela desestabilização que decorre dos efeitos impostos pelos colonizadores 
como uma ameaça de fim da sua cultura, quando, na verdade, ambas as 
culturas, tanto do colonizado quanto do colonizador estão chegando ao fim 
porque uma nova cultura se alavanca. Quando uma cultura já existente se 
encontra ameaçada pela desagregação de si mesma, ela através do mundo do 
opressor ressumbrará a sua subjetividade. 
Percebe-se que por meio da interação do falante e da sociedade, ou 
seja, entre a língua e expressão existem estratégias para a criatividade na 
produção das narrações africanas. A literatura africana traz consigo a cultura, 
os costumes e as tradições africanas praticadas pelos povos antepassados. 
Podemos notar com muita frequência estes aspectos nas obras do escritor 
moçambicano Mia Couto. 
Em, “Nas águas do tempo” de Mia Couto, presente no livro “Estórias 
abensonhadas”, traz simbologias e aspectos tradicionais e culturais africanos. 
O enredo se baseia entre o narrador que neste caso é autodiegético e seu avô. 
Eles vão a um passeio de barco e o rio no qual os leva é silencioso e repleto de 
neblinas, só o avô do narrador consegue ver o outro lado do rio onde há um 
pano branco a dançar-se, e seu avô responde acenando com muita decisão o 
pano branco segurando na sua mão um pano vermelho. 
Há um diálogo ininterrupto que acontece entre a morte e a relação 
simbólica entre o tempo e a água, mostrando um ciclo contínuo entre a vida e a 
morte. As águas representam à origem de tudo, o tempo, a permanência que 
levaremos na terra e a morte na qual é representada pela cor branca do lenço 
que dança, representa a ida dessa vida para um novo início, para um novo 
nascimento, ou seja, para as águas. 
No conto há o namwetxo moha que é um fantasma acreditado pelas 
gerações do passado em suas crenças ancestrais, ele surge durante a noite e 
é feito só de metades. É através desta representação que temos a 
comunicação do mundo material e espiritual. 
Ana Mafalda Leite afirma que Mia Couto “manifesta uma confiabilidade 
dialógica na tematização das tradições e seu confronto com a modernidade” 
(Leite, 2003, p.45). Mia Couto pelas águas do tempo como em todas as suas 
obras nos dá a oportunidade de fazermos uma viajem para a ancestralidade 
africana nos levando a um conflito entre o passado e a contemporaneidade 
através da presença da tradição africana ininterruptamente em sua literatura e 
da luta no processo de identidade. 
Em virtude do trabalho desenvolvido a cima, vemos o quão a literatura 
africana é rica e que ela dialoga com o leitor não só através da interpretação 
das palavras, mas também pelos seus símbolos que têm significados 
marcantes na cultura e nas tradições africana. 
O estudo da Literatura Africana é de suma importância para a 
desconstrução de uma história de ficção imposta pela cultura européia que até 
hoje os africanos e afro-descendentes vêm tentando desconstruir por meio da 
literatura, da arte, da manifestação. É de suma importância que a sociedade 
tenha o direito de saber e de querer saber sobre os conhecimentos africanos 
por meio dos próprios colonizados. Por isso volto ás questões feitas no começo 
deste trabalho. Por quê? Por que é tão difícil transformar? O que é que 
estamos a defender? A quem temos que defender? 
 
REFERÊNCIAS 
RODRIGUES NEVES, Libéria; GONÇALVES SANTOMAURO, Jéssica. A 
IMPORTÂNCIA DA LITERATURA AFRICANA NO ENSINODA HISTÓRIA E 
DAS CULTURAS DA ÁFRICA: A DESCONSTRUÇÃO DA IDEIA DE UM 
CONTINENTE GENÉRICO. p. 87–99, 2018. 
 
GARCIA, Neiva Kampff. UMA REFLEXÃO SOBRE O CONTO “ NAS ÁGUAS 
DO TEMPO ” DE MIA COUTO. p. 47–57, 2005. 
 
COUTO, Mia. Que África escreve o escritor africano? Pensatempos, 2005. 
 
MANUEL OLIVEIRA MENDES, José. Práticas culturais e identitárias. [S.l: s.n.], 
[s.d.]. 
 
ROLNIK, Suely; KILOMBA, Grada. A descolonização do pensamento na obra 
de Grada Kilomba. . [S.l: s.n.]. Disponível em: 
<https://artebrasileiros.com.br/arte/entrevista/a-descolonizacao-do-
pensamento-na-obra-de-grada-kilomba-2/>. , 2019

Outros materiais