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Biomecânica do Movimento Humano Aplicado ao Design de Produto Prof. Marcelo Ferreira Fatec Tatuapé Curso Tecnologia em Design de Produto com Ênfase em Processos de Produção e Industrialização Disciplina 31-Ago-2020 Conceitos cinemáticos para a análise do movimento. Terminologia Cabe relembrar o significado de: ■ Cinemática. Estudo da descrição do movimento, considerando espaço e tempo. ■ Anatômico. O que é melhor adaptado às formas do corpo humano. ■ Transladar. Mudar-se de um local para outro. ■ Rotacionar1 (rotar). Girar em torno de um eixo. 1 Em língua portuguesa não existe a palavra “rotacionar” e sim a palavra “rotar”. Para facilitar, será utilizado a primeira, porém é preciso lembrar que em documentos oficiais (por exemplo, acadêmicos) é necessário utilizar as palavras do idioma local. Formas de movimento A maioria dos movimentos humanos é um movimento geral, uma combinação complexa de componentes de movimentos lineares e angulares. Como os movimentos angular e linear são formas “puras” de movimento, algumas vezes é útil decompor movimentos complexos em seus componentes lineares e angulares durante a realização ma análise. Portanto, tem-se: ■ Movimento Geral. Movimento que envolve a translação e a rotação simultâneas. ■ Movimento Linear. Ao longo de uma linha, que pode ser reta ou curva, com todas as partes do corpo se movendo na mesma direção e na mesma velocidade. ■ Movimento Angular. Envolve a rotação ao redor de uma linha ou ponto central. Termos direcionais (1/2) O uso de termos direcionais é necessário na descrição da relação das partes corporais ou localização de um objeto externo em relação ao corpo. ■ Superior. Mais próximo da cabeça (na zoologia, o termo sinônimo é denominado cranial). ■ Inferior. Mais afastado da cabeça (na zoologia, o termo sinônimo é caudal). ■ Anterior. Na direção da frente do corpo (na zoologia, o termo sinônimo é ventral). ■ Posterior. Na direção da parte posterior do corpo (na zoologia, o termo sinônimo é dorsal). Termos direcionais (2/2) ■ Medial. Na direção da linha mediana do corpo. ■ Lateral. Afastado da linha mediana do corpo. ■ Proximal. Mais próximo do tronco (p. ex., o joelho é proximal ao tornozelo). ■ Distal. Mais distante do tronco (p. ex., o punho é distal ao cotovelo). ■ Superficial. Na direção da superfície do corpo. ■ Profundo. Dentro do corpo e afastado da superfície corporal. Posição anatômica de referência É uma posição ereta, com os pés levemente separados e os braços pendentes aos lados do corpo, com as palmas das mãos voltadas para frente. Não é uma posição natural, mas é a orientação corporal convencionalmente utilizada como posição de referência ou posição inicial quando os termos de movimentos são definidos. Planos anatômicos de referência (1/6) O plano sagital, também conhecido como plano anteroposterior (AP), divide o corpo verticalmente em metades direita e esquerda, e cada metade contém a mesma massa. O plano frontal, também denominado plano coronal, divide o corpo verticalmente em metades anterior e posterior. O plano transverso ou horizontal separa o corpo em metades superior e inferior. Planos anatômicos de referência (2/6) Um plano é uma superfície bidimensional com uma orientação definida pelas coordenadas espaciais de três pontos distintos, nem todos contidos na mesma linha. Pode ser considerado uma superfície plana imaginária. Para um indivíduo em pé e em posição anatômica, os três planos cardeais fazem interseção em um único ponto, conhecido como centro de massa ou centro de gravidade do corpo. Estes planos de referência imaginários existem somente em relação ao corpo humano. Se uma pessoa gira em um ângulo para a direita, os planos de referência também giram em um ângulo para a direita. Planos anatômicos de referência (3/6) Os planos anatômicos de referência são também são denominados de planos cardeais de referência. Quando o corpo ou segmentos corporais movimentam-se em planos paralelos aos planos cardeais de referência, identifica-se o movimento ao seu plano de referência correspondente. Embora a maioria dos movimentos humanos não seja estritamente planar, os planos cardeais são um modo útil para descrever movimentos primariamente planares. Planos anatômicos de referência (4/6) Para ficar mais claro: ■ Movimento sagital. Movimentos que envolvem a transferência para frente ou para trás são denominados movimentos predominantemente no plano sagital (andar, correr, cambalhota, andar de bicicleta, etc.). ■ Movimento frontal. É um movimento lateral (lado a lado). Um exemplo de movimento no plano frontal de todo o corpo é a cambalhota tipo “estrela”. Polichinelos, saltos laterais e chutes laterais no futebol necessitam de movimentos no plano frontal de certas articulações do corpo. ■ Movimento transverso. Exemplos de movimento corporal total no plano transverso incluem o giro em parafuso feito por um saltador ornamental, ginasta ou uma pirueta de um dançarino. Planos anatômicos de referência (5/6) . Planos anatômicos de referência (6/6) Resumo: Plano frontal é o azul. Plano sagital é o verde. Plano transversal é o vermelho. Eixos anatômicos de referência (1/3) Sugestão: ver corpo humano no Blender para facilitar o entendimento. Quando um segmento do corpo humano se move, ele roda ao redor de um eixo de rotação imaginário que passa através de uma articulação à qual está fixado. Existem três eixos de referência para a descrição do movimento humano, e cada um deles está orientado perpendicularmente a um dos três planos de movimento. ■ O eixo frontal é perpendicular ao plano sagital. ■ O eixo sagital é perpendicular ao plano frontal. ■ O eixo vertical é perpendicular ao plano transversal. Eixos anatômicos de referência (2/3) O eixo frontal (azul) é perpendicular ao plano sagital. A rotação no plano frontal ocorre ao redor do eixo sagital (vermelho). A rotação no plano transversal ocorre ao redor do eixo longitudinal, ou eixo vertical (verde). É importante reconhecer que cada um destes três eixos sempre está associado ao mesmo plano (aquele ao qual o eixo é perpendicular). Eixos anatômicos de referência (3/3) Eixo frontal. Linha imaginária que passa através do corpo de lado a lado, e ao redor da qual ocorrem rotações no plano sagital. Eixo sagital. Linha imaginária que passa através do corpo da frente para trás, e ao redor da qual ocorrem rotações no plano frontal. Eixo longitudinal. Linha imaginária que passa através do corpo de cima a baixo, e ao redor da qual ocorrem rotações no plano transversal. Nomenclaturas do movimento articular Quando o corpo humano está na posição anatômica, todos os segmentos corporais são considerados na posição de zero grau. A rotação de um segmento corporal afastando- se da posição anatômica é denominada de acordo com a direção do movimento e é medida como o ângulo entre a posição do segmento corporal e posição anatômica. Movimentos no plano sagital (1/3) A partir da posição anatômica, os três movimentos primários que ocorrem no plano sagital são: ■ flexão, ■ extensão e ■ hiperextensão. A flexão inclui rotações no plano sagital direcionadas anteriormente da cabeça, tronco, braço, antebraço, mão e quadril e rotações no plano sagital direcionadas posteriormente da perna. Movimentos no plano sagital (2/3) Movimentos de articulação do ombro no plano sagital. Movimentos no plano sagital (3/3) A extensão é definida como o movimento que retorna um segmento corporal à posição anatômica a partir de uma flexão. A hiperextensão é a rotação além da posição anatômica em direção oposta à da flexão. Se os braços ou pernas são rodados medial ou lateralmente a partir da posição anatômica, a flexão, a extensão e a hiperextensão no joelho e cotovelo podem ocorrer em um plano diferente do sagital. Movimentosdo pé no plano sagital: Movimentos no plano frontal (1/4) Os principais movimentos no plano frontal são abdução e adução. A abdução move um segmento corporal para longe da linha mediana do corpo; a adução move o segmento corporal para próximo da linha mediana. Movimentos do quadril no plano frontal. Movimentos no plano frontal (2/4) Outros movimentos no plano frontal incluem a rotação lateral do tronco, denominada flexão lateral para a direita ou esquerda. Movimentos da coluna vertebral no plano frontal. Movimentos no plano frontal (3/4) A rotação da mão no nível do punho no plano frontal na direção do rádio (lado do polegar) é denominada desvio radial, e desvio ulnar é a rotação da mão na direção da ulna (lado do dedo mínimo) Movimentos da mão no plano frontal. Movimentos no plano frontal (4/4) Os movimentos do pé que ocorrem em grande parte no plano frontal são a eversão e a inversão. A rotação lateral da planta do pé é denominada eversão, e a rotação medial é chamada de inversão. Abdução e adução também são termos utilizados para descrever as rotações medial e lateral de todo o pé. Movimentos no plano transversal (1/5) Os movimentos corporais no plano transverso são movimentos rotacionais ao redor de um eixo longitudinal (ou vertical). Rotação para a esquerda e rotação para a direita são utilizados para descrever movimentos no plano transverso da cabeça, pescoço e tronco. Movimentos no plano transversal (2/5) A rotação de um braço ou perna como unidade no plano transverso é denominada rotação medial quando se dá na direção da linha mediana do corpo, e rotação lateral quando se afasta da linha mediana. Movimentos no plano transversal (3/5) Termos específicos são utilizados para movimentos rotacionais do antebraço. Suas rotações laterais e mediais são conhecidas respectivamente como supinação e pronação. Em posição anatômica, o antebraço está em uma posição supinada. Movimentos no plano transversal (4/5) Movimentos da perna no plano transversal. Movimentos no plano transversal (5/5) Embora a abdução e a adução sejam movimentos no plano frontal, quando o braço ou a coxa é flexionado, o movimento destes segmentos no plano transverso de uma posição anterior para uma posição lateral é denominado abdução horizontal ou extensão horizontal. Movimento dos ombros no plano transverso. Sistemas de referência espacial (1/3) Enquanto os três planos cardeais e seus eixos de rotação associados se movem junto com o corpo, geralmente também é útil fazer uso de um sistema fixo de referência. Quando biomecânicos descrevem de modo quantitativo o movimento de organismos vivos, utilizam um sistema de referência espacial para padronizar as medidas colhidas. O sistema comumente utilizado é um sistema de coordenadas cartesianas, no qual as unidades são medidas nas direções de dois ou três eixos primários. Sistemas de referência espacial (2/3) Os movimentos que ocorrem primariamente em uma única direção, ou movimentos planares, como a corrida, o ciclismo, ou saltos, podem ser analisados com o uso de um sistema bidimensional de coordenadas cartesianas. No sistema bidimensional de coordenadas cartesianas, os pontos de interesse são medidos em unidades nas direções horizontal (x) ou vertical (y). Quando um biomecânico analisa o movimento do corpo humano, os pontos de interesse geralmente são articulações do corpo, que constituem as extremidades distais dos segmentos corporais. Sistemas de referência espacial (3/3) Quando o movimento de interesse é tridimensional, a análise pode ser estendida para a terceira dimensão com o acréscimo de um eixo z perpendicular aos eixos x e y e mensurando as unidades de distância do plano x,y na direção z. Em um sistema bidimensional, o eixo y normalmente é vertical e o eixo x, horizontal. No caso de um sistema de coordenadas tridimensional, geralmente o eixo vertical é o z, com os eixos x e y representando as duas direções horizontais. Essas análises envolvem conceitos básicos de geometria analítica. Análise do movimento humano (1/2) Um bom conhecimento da linguagem associada às formas de movimento, da terminologia de referência padrão e da terminologia do movimento articular é essencial para que o indivíduo seja capaz de descrever o movimento humano de maneira acurada e precisa. A capacidade de analisar o movimento humano também requer o conhecimento das características do movimento desejado e a aptidão para observar e determinar se um dado desempenho as incorpora. A análise do movimento humano pode ser quantitativa (quando envolve medidas) ou qualitativa (quando descreve as características do movimento sem fazer uso de números). Análise do movimento humano (2/2) Uma análise completa incorpora tanto os elementos quantitativos quanto os qualitativos. A observação visual é a abordagem mais comumente utilizada para a análise qualitativa da mecânica do movimento humano. Com base na informação obtida da observação de uma habilidade profissional, da marcha de um paciente na rampa ou de um estudante tentando uma nova tarefa, treinadores, médicos e professores fazem julgamentos e recomendações diárias. Entretanto, para serem efetivas, as análises qualitativas não podem ser administradas de modo desordenado, e sim cuidadosamente planejadas e conduzidas por um analista com conhecimento da biomecânica do movimento. Análise qualitativa (1/5) Existem duas fontes principais de informação para o analista que avalia uma habilidade motora. A primeira é a cinemática ou técnica exibida pelo indivíduo, e a segunda é o resultado do desempenho. A avaliação do resultado do desempenho tem valor limitado, já que a base do desempenho ideal é a biomecânica adequada. Para analisar efetivamente uma habilidade motora, é muito útil para o analista compreender o propósito específico da habilidade a partir de uma perspectiva biomecânica. O objetivo geral de um jogador de vôlei que está sacando é projetar corretamente a bola por sobre a rede na direção da quadra oposta. Análise qualitativa (2/5) Especificamente, isso requer uma soma coordenada de forças produzidas pela rotação do corpo, extensão do ombro, extensão do cotovelo e translação anterior do centro de gravidade do corpo, bem como o contato da bola em altura e ângulo apropriados. Enquanto o propósito final de um ciclista de competição é maximizar a velocidade e ao mesmo tempo manter o equilíbrio, de modo a cruzar a linha de chegada primeiro, biomecanicamente isso requer fatores como a produção de força perpendicular máxima contra os pedais e a manutenção de um perfil corporal baixo para minimizar a resistência do ar. Análise qualitativa (3/5) Sem o conhecimento de princípios biomecânicos relevantes, analistas podem ter dificuldade de identificar os fatores que contribuem (ou dificultam) o desempenho e assim interpretar erroneamente as observações feitas. Mais especificamente, para analisar de fato uma habilidade motora, o analista precisa ser capaz de identificar a causa de um erro da técnica, em vez do sintoma do erro, ou o desempenho de uma idiossincrasia. A capacidade de identificar a causa de um erro de desempenho depende da compreensão da biomecânica da habilidade motora. Análise qualitativa (4/5) Outra fonte potencial de conhecimento sobre a biomecânica de uma habilidade motora é a experiência no desempenho da habilidade. A pessoa que realiza uma habilidade de modo proficiente geralmente é mais bem preparada para analisá- la qualitativamente do que uma pessoa menos familiarizada. Por exemplo, os árbitros de ginástica que conseguem executar as habilidades que estão sendo avaliadas parecem mais capazes de se basear em experiências sensorimotoras e julgar com mais precisão do que aqueles que não conseguem executá- las. Na maioria dos casos, a maior familiaridade com a habilidadeou com o movimento realizado melhora a capacidade do analista em focar a atenção nos aspectos mais importantes do evento. Análise qualitativa (5/5) Entretanto, a experiência direta com a realização de uma habilidade motora não é a única ou necessariamente a melhor maneira de aperfeiçoar sua análise. Atletas habilidosos muitas vezes obtêm sucesso não por causa da forma ou técnica que demonstram, mas independente dela. Além disso, atletas muito habilidosos nem sempre se tornam os melhores treinadores, e treinadores bem- sucedidos podem ter tido pouca ou nenhuma experiência na prática do esporte que orientam. Processo de análise qualitativa O processo de análise qualitativa geralmente é cíclico, com as observações levando ao refinamento da questão original. Análise biomecânica O analista também deve estar ciente de que cada execução de uma habilidade motora é afetada pelas características do executor. Estas incluem a idade, o gênero, a antropometria, o desenvolvimento e a habilidade do executor, além de qualquer traço físico ou de personalidade que possam impactar o desempenho. Outra fonte potencial de informação é o feedback do executor. Um executor com experiência suficiente para reconhecer a sensação de um movimento em particular em comparação com o mesmo movimento com uma leve modificação é uma fonte útil de informação. Entretanto, nem todos os executores são cinesteticamente conscientes (percepção do próprio movimento) para fornecer feedback subjetivo significativo desta natureza. Sistemas de análise de movimento Os programas de computador para análise do movimento registram os marcadores articulares no espaço tridimensional. 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