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1 Direito Previdenciario e do Trabalho

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Prévia do material em texto

DIREITO DO TRABALHO E 
PREVIDENCIÁRIO 
Plano Pedagógico de Trabalho (PPT) 1 
Luiz Carlos Garcia
Administração 
Processos Gerenciais 
Luiz Carlos Garcia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito do Trabalho e Previdenciário 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ribeirão das Neves 
Instituto Federal de Minas Gerais 
2020 
Apresentação da disciplina 
 
 
Este módulo se constitui parte da estratégica pedagógica do IFMG campus Ribeirão 
das Neves para o fornecimento do Ensino Remoto Emergencial devido à pandemia da 
Covid-19. 
Este módulo acontecerá no período de duas semanas e corresponde a 20 horas – 10 
horas semanais - referentes à parte da ementa que será trabalhada conforme divisão de 
disciplinas e cargas estabelecida pelo IFMG campus Ribeirão das Neves, direcionado ao 
curso de administração. 
 
1. Período de Realização de Atividades 
 
Neste caderno, você encontrará o conteúdo e atividades referentes a duas semanas de 
curso. 
 
2. Ementa da disciplina 
 
Noções fundamentais do Direito do Trabalho. Conceitos, teorias, características e funções. 
Origem e Evolução Histórica do Direito do Trabalho. Organização Internacional do 
Trabalho. Direito do trabalho no Brasil. Princípios do Direito do Trabalho. 
 
3. Estrutura de Unidade 
 
Para o curso de Administração/Processos Gerenciais a compreensão exata e perfeita de 
como funciona um Ordenamento Jurídico e sua base é fundamental. Por isso, daremos 
especial dedicação na conceituação, localização e identificação das caracteristicas do 
Direito do Trabalho, sua aplicação e efetiva atuação. 
 
Unidade 1 
Noções fundamentais do Direito do Trabalho. Conceitos, teorias, 
características e funções. Origem e Evolução Histórica do Direito do 
Trabalho. Organização Internacional do Trabalho. 
Unidade 2 Direito do trabalho no Brasil. Princípios do Direito do Trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
4. Objetivos 
 
Geral: 
O objetivo é trazer os conceitos básicos e estruturas que compõem os institutos jurídicos e 
estabelecer as principais problematizações considerando o cenário histórico-social atual e 
as diretrizes básicas do Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
Específicos: 
Dotar o aluno de conhecimentos básicos acerca da estrutura do Direito e de como as leis 
funcionam. 
Desenvolver habilidade e competência para utilizar os princípios gerais de direito como 
base de compreensão . 
Capacitar o aluno para problematizar as ações, principalmente oriundas do Estado, com 
base nessas normativas. 
 
5. Conteúdo Programático e Atividades 
 
Aula 1 – Semana 
03/08 a 09/08 
Noções fundamentais do Direito do Trabalho. Conceitos, teorias, 
características e funções. Origem e Evolução Histórica do Direito do 
Trabalho. Organização Internacional do Trabalho. 
Aula 2 – Semana 
10/08 a 16/08 
Direito do trabalho no Brasil. Princípios do Direito do Trabalho. 
 
O conteúdo das aulas e atividades a serem realizadas estão inclusas nas próximas 
páginas nas referidas aulas. 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação dos Ícones 
 
Os ícones são elementos gráficos para facilitar os estudos, fique atento quando eles 
aparecem no texto. Veja aqui o seu significado: 
 
 
 
 
Atenção: indica pontos de maior importância 
no texto. 
 
Dica do professor: novas informações ou 
curiosidades relacionadas ao tema em estudo. 
 
Atividades: sugestão de tarefas e atividades 
para o desenvolvimento da aprendizagem. 
 
Mídias digitais: sugestão de recursos 
audiovisuais para enriquecer a aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
1. Noções Fundamentais do Direito do Trabalho ..................................... 1 
1.1. Conceito ............................................................................................... 1 
1.1.1. Teoria Subjetivista ................................................................................ 2 
1.1.2. Teoria Objetivista ................................................................................. 3 
1.1.3. Teoria Mista ......................................................................................... 3 
1.2. Características ..................................................................................... 4 
1.3. Funções ............................................................................................... 6 
1.4. Natureza Jurídica ................................................................................. 8 
1.5. Autonomia .......................................................................................... 10 
1.6. Divisão ............................................................................................... 11 
2. Origem e Evolução Histórica do Direito do Trabalho .......................... 14 
2.1. A Organização Internacional do Trabalho .......................................... 15 
2.2. Direito do Trabalho no Brasil .............................................................. 16 
3. Princípios do Direito do Trabalho ....................................................... 20 
3.1. Importância e Conceito ...................................................................... 20 
3.2. Distinção entre Princípio e Norma ...................................................... 21 
3.3. Princípios específicos do Direito do Trabalho ..................................... 21 
3.3.1. Princípio da Proteção ......................................................................... 23 
3.3.2. Princípio da Irrenunciabilidade ........................................................... 25 
3.3.3. Princípio da Continuidade da Relação de Emprego ........................... 26 
3.3.4. Princípio da Primazia da Realidade.................................................... 27 
3.3.5. Princípio da Razoabilidade ................................................................. 28 
3.3.6. Princípio da Boa-Fé............................................................................ 29 
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 30 
 
 
 
 
 
IFMG Campus Ribeirão das Neves – Administração – Processos Gerenciais 
1 
 
1. Noções Fundamentais do Direito do Trabalho 
 
1.1. Conceito 
 
O estudo do conceito de Direito do Trabalho permite identificar o conteúdo e a 
extensão desse ramo da Ciência do Direito, ou seja, a partir do conceito é possível 
distinguir a relação jurídica base que compõe o seu objeto, os sujeitos que integram tal 
relação jurídica e a finalidade das normas jurídicas que o compõem. 
Contudo, o conceito não pode se ater apenas ao conteúdo, mas é necessária 
também a fixação de sua extensão, ou seja, é preciso definir quais os tipos de trabalho 
abrangidos pelo conteúdo do Direito do Trabalho, quais são os sujeitos que integram a 
relação jurídica específica e qual o fundamento desta regulamentação. 
Considerando que trabalho é uma expressão genérica que abrange toda e qualquer 
forma de prestação de serviço de uma pessoa física a outrem (trabalho autônomo, trabalho 
eventual, trabalho voluntário etc.), podemos afirmar que nem toda atividade considerada 
como trabalho é regulada pelo Direito do Trabalho. 
Os sujeitos desta relação são o empregado e o empregador, que se relacionam não 
só no âmbito individual, como também de forma coletiva, por intermédio de grupos 
organizados (categorias) e dos seus órgãos de representação (sindicatos). O fundamento 
do Direito do Trabalho é a proteção do trabalhador, parte economicamente mais fraca da 
relação jurídica. Sem a proteção jurídica do trabalhador, sua relação com o empregador se 
revela desequilibrada e, portanto, injusta. 
Assim, de maneira objetiva, podemos conceituar o Direito do Trabalho como o ramo 
da Ciência do Direito composto pelo conjunto de normas que regulam, no âmbito individual 
e coletivo, a relação de trabalho subordinado, que determinam seus sujeitos (empregado e 
empregador) e que estruturam as organizações destinadas à proteção dotrabalhador 
(ROMAR, 2018). 
Entretanto, a conceituação do Direito do Trabalho pela doutrina não é tema tratado 
de forma simples. Embora o conteúdo e a extensão também sejam a base das definições 
de Direito do Trabalho enunciadas pelos diversos doutrinadores, estes divergem em 
Noções Fundamentais do Direito do Trabalho 
 
IFMG Campus Ribeirão das Neves – Administração – Processos Gerenciais 
2 
relação ao enfoque dado, ou seja, há quem considere o Direito do Trabalho como o ramo 
do Direito de tutela ou de proteção dos trabalhadores, formando a chamada teoria 
subjetivista. Outros autores entendem que a visão subjetivista, ligada aos sujeitos 
tutelados, não é suficiente para definir o Direito do Trabalho, devendo ser levado em conta 
o objeto das relações de trabalho (teoria objetivista). Alguns outros afirmam que tanto o 
enfoque dos sujeitos como o enfoque do objeto isoladamente são insuficientes para se 
conceituar o Direito do Trabalho, ou seja, a sua definição, além dos sujeitos e do objeto, 
deve necessariamente incluir os aspectos que o diferenciam dos demais ramos do Direito 
(teoria mista). 
Desta forma, identificaremos a seguir os elementos encontrados nas definições 
doutrinárias do Direito do Trabalho, elementos estes que variam conforme a teoria 
adotada. 
 
1.1.1. Teoria Subjetivista 
 
Subjetivistas são as definições de Direito do Trabalho que tem como enfoque os 
sujeitos da relação jurídica por ele regulada, isto é, os trabalhadores e os empregadores. 
Para alguns, todos os trabalhadores, inclusive os autônomos, o seriam. Para outros, 
apenas uma espécie de trabalhador: o subordinado, denominado empregado. 
A referida teoria adota como centro da definição do Direito do Trabalho o caráter 
protecionista das normas que o compõem. Os doutrinadores adeptos de tal teoria possuem 
por fundamento a busca constante de meios para se alcançar a melhoria da condição 
econômica e social do trabalhador. 
No Brasil, o maior defensor do subjetivismo foi Cesarino Junior que, desenvolvendo 
a tese do Direito Social, afirmou ser este um sistema legal de proteção aos fracos, “um 
complexo de normas tendentes à proteção aos economicamente débeis”.1 
Assim, para os subjetivistas, o Direito do Trabalho se caracteriza como o Direito de 
proteção aos trabalhadores, como o conjunto de normas que tem por finalidade proteger a 
parte economicamente mais fraca (hipossuficiente) da relação jurídica, qual seja, o 
empregado. 
 
 
1 CESARINO JUNIOR, A. F.; CARDONI, Marly. Direito social. 2. ed. São Paulo: LTr, 1993. v. I, p. 27. 
 
IFMG Campus Ribeirão das Neves – Administração – Processos Gerenciais 
3 
1.1.2. Teoria Objetivista 
 
A teoria objetivista é formada pelas definições de Direito do Trabalho que 
consideram a relação de emprego e seu resultado (trabalho subordinado), e não as 
pessoas que participam daquela relação. Em tais definições, a relação jurídica de emprego 
é disposta como objeto do Direito do Trabalho. 
Enquadra-se como objetivista a definição de Orlando Gomes e Elson Gottschalk: 
“Direito do Trabalho é o conjunto de princípios e regras jurídicas aplicáveis às relações 
individuais e coletivas que nascem entre os empregadores privados - ou equiparados - e 
os que trabalham sob sua direção e de ambos com o Estado, por ocasião do trabalho ou 
eventualmente fora dele”.2 
O enfoque conceitual está, portanto, na relação jurídica de dependência ou 
subordinação que forma-se entre as pessoas que exercem certa atividade em proveito de 
outrem e sob suas ordens. Desta forma, a referida teoria não parte das pessoas que 
seriam as destinatárias do direito do trabalho, mas da matéria sobre que ele versa, ou seja, 
o seu objeto. Assim, há os que sustentam ser esse ramo aplicável a todas as relações de 
trabalho; ao passo que outros asseveram que ele se aplica apenas à relação de emprego, 
excluindo o trabalho autônomo ou qualquer outra atividade humana de trabalho. 
 
1.1.3. Teoria Mista 
 
A definição da Teoria Mista considera aquelas que fazem uma combinação dos 
elementos objetivo e subjetivo, isto é, consideram tanto o sujeito como o objeto da relação 
jurídica regulada pelo Direito do Trabalho, além da finalidade do conjunto de normas que 
compõem este ramo da Ciência do Direito. A maioria dos doutrinadores contemporâneos 
assumiu uma conceituação de Direito do Trabalho a partir da teoria mista. 
Para Amauri Mascaro Nascimento, o Direito do Trabalho é “o ramo da ciência do 
direito que tem por objeto as normas jurídicas que disciplinam as relações de trabalho 
 
2 GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Elson. Curso de direito do trabalho. 17. ed. rev. e atual. por José 
Augusto Rodrigues Pinto e Otávio Augusto Reis de Souza. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 10. 
 
IFMG Campus Ribeirão das Neves – Administração – Processos Gerenciais 
4 
subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse 
trabalho, em sua estrutura e atividade”.3 
Desta forma, as definições de Direito do Trabalho que se fundam na teoria mista 
consideram o seu objeto (a relação de emprego), seus sujeitos (empregado e 
empregador), e o seu fim (a proteção do trabalhador e a melhoria de sua condição social). 
Fato notório é que o direito positivo brasileiro conferiu igualdade de direitos entre o 
trabalhador com vínculo empregatício permanente (empregado) e o trabalhador avulso, 
conforme disposto no artigo 7º, inciso XXXIV, da Constituição Federal, em função do que 
se nos afigura pertinente incluir este tipo específico de relação de trabalho na conceituação 
formulada pelos autores. Além disso, o parágrafo único do art. 7º da Constituição amplia o 
rol dos direitos trabalhistas aos trabalhadores domésticos, embora estes continuem sendo 
regulados por legislação especial (LC 150/2015). 
Nesse sentido, assiste razão a Maurício Godinho Delgado, ao definir que o direito do 
trabalho, em sentido lato, é um “complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que 
regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações normativamente 
especificadas, englobando, também, os institutos, regras e princípios jurídicos 
concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e tomadores de serviços, em 
especial através de suas associações coletivas”.4 
Para tanto, Carlos Henrique Bezerra Leite conceitua o Direito do Trabalho como o 
ramo da ciência jurídica constituído de um conjunto de princípios, regras, valores e 
institutos destinados à regulação das relações individuais e coletivas entre empregados e 
empregadores, bem como de outras relações de trabalho normativamente equiparadas à 
relação empregatícia, tendo por escopo a progressividade da proteção da dignidade 
humana e das condições sociais, econômicas, culturais e ambientais dos trabalhadores. 5 
 
1.2. Características 
 
O Direito do Trabalho caracteriza-se por ser um ramo do direito privado que, 
recebendo influência direta do direito constitucional, dos direitos humanos e do direito 
 
3 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. 24. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: 
Saraiva, 2009. p. 196. 
4 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010, p. 49. 
5 LEITE, Carlos Henrique Bezerra Curso de direito do trabalho / Carlos Henrique Bezerra Leite. – 9. ed. – São 
Paulo : Saraiva Educação, 2018. 
 
IFMG Campus Ribeirão das Neves – Administração – Processos Gerenciais 
5 
internacional público, visa a correção das desigualdades sociais e econômicas entre as 
forças do capital e do trabalho e à efetivação dos valores, princípios e regras que tem por 
objeto a dignificação da pessoa humana na relação empregatícia, no plano individual e 
coletivo, com tendência expansionista para alcançar outras relações de trabalho. 
Neste sentido, o Direito do Trabalho possui característicasque o singularizam e o 
diferenciam dos demais ramos da ciência jurídica. Estes caracteres dos quais se reveste 
dão fisionomia própria e única ao Direito do Trabalho, que só pode ser compreendido a 
partir da análise de seu conjunto. 
Desta forma, são características do Direito do Trabalho: 
* é um direito em constante formação e evolução - as relações jurídicas reguladas pelo 
Direito do Trabalho são dinâmicas e estão continuamente em mudança, sofrendo influência 
direta dos fatos econômicos, sociais e políticos. O Direito do Trabalho evolui e se modifica 
a partir das transformações ocorridas na sociedade, caracterizando-se por esta razão 
como um dos ramos mais dinâmicos da Ciência do Direito; 
* é um direito especial - o Direito do Trabalho refere-se a categorias determinadas de 
pessoas - preponderantemente aos trabalhadores que exercem trabalho subordinado e 
remunerado - e tem um particularismo que derroga o direito comum no que for com ele 
incompatível. Nesse sentido, o parágrafo único do art. 8º, da CLT, estabelece: “O direito 
comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível 
com os princípios fundamentais deste”; 
* é intervencionista - o caráter intervencionista do Direito do Trabalho está ligado à sua 
própria origem histórica. Diante do desequilíbrio econômico-social surgido a partir da 
Revolução Industrial, o Estado deixa de lado a postura de mero espectador e passa a 
intervir nas relações entre empregadores e trabalhadores, equilibrando as forças e 
diminuindo os efeitos da desigualdade econômica existente entre as partes. A despeito das 
grandes mudanças introduzidas pela Lei n. 13.467/2017, em especial no que tange à 
prevalência do negociado sobre o legislado, de um modo geral a característica 
intervencionista do Direito do Trabalho não deixa de existir, embora mitigada; 
* tem cunho universal - como instrumento de regulação das relações humanas, o Direito 
do Trabalho tem cunho nitidamente universal. O caráter universal do Direito do Trabalho 
afirmou-se com o Tratado de Versalhes de 1919, que previu a necessidade de uniformizar 
e internacionalizar as legislações de proteção ao trabalho e, nesse sentido, criou a 
 
IFMG Campus Ribeirão das Neves – Administração – Processos Gerenciais 
6 
Organização Internacional do Trabalho (OIT), que, desde então, vem formulando regras de 
aplicação universal, que tendem a igualar as condições de trabalho a todos; 
* seus principais institutos são de ordem coletiva e socializante - o Direito do 
Trabalho, tal como é hoje, é fruto da consciência e da atuação coletiva dos trabalhadores, 
pela organização de associações ou grupos de proteção de seus interesses. O 
reconhecimento de que, além do interesse individual de cada trabalhador, existem 
interesses dos grupos de trabalhadores que também necessitam ser protegidos (interesses 
coletivos) dá ao Direito do Trabalho um forte cunho coletivo e social. Aliás, exatamente por 
seus institutos de caráter coletivo é que o Direito do Trabalho mais se particulariza em 
relação aos demais ramos da ciência jurídica. 
* é direito de transição e da transação - é inegável que, em um Estado social ou 
democrático de direito, a principal tarefa da ciência do Direito é a obtenção da paz social, 
pelo advento de uma sociedade menos injusta socialmente. A Constituição Federal de 
1988 reflete de forma inequívoca esse ideal: no art. 1º, estabelece que a República 
Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito e indica entre seus fundamentos 
a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa; no art. 
3º, indica, entre os seus objetivos fundamentais, o de construir uma sociedade livre, justa e 
solidária e o de reduzir as desigualdades sociais. Além disso, contém um capítulo (II) 
referente aos direitos sociais e, no art. 170, estabelece que a ordem econômica deve ter 
por fundamento os ditames da justiça social. Desta forma, o Direito do Trabalho é o ramo 
do Direito que melhor reflete esse ideal de justiça social. 
Leciona Maurício Godinho Delgado que a “síntese das características do direito do 
trabalho conduz a um conjunto de traços mais notáveis, que podem ser classificados em 
conformidade com a sua origem e evolução histórica, suas funções e atuação na 
comunidade circundante e, finalmente, sua estrutura jurídica própria”.6 
 
1.3. Funções 
 
Ao estudar as funções do Direito do Trabalho significa referir-se ao sistema de 
valores que o referido pretende realizar, aos objetivos ou propósitos do ordenamento 
trabalhista, ao papel que este ramo da ciência do Direito desempenha na sociedade. 
 
6 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010, p. 62 
 
IFMG Campus Ribeirão das Neves – Administração – Processos Gerenciais 
7 
A doutrina aponta as seguintes funções do Direito do Trabalho: a) função social; b) 
função econômica; c) função integradora ou de coordenação; d) função conservadora ou 
opressora do Estado; e) função tutelar; 
A função social do Direito do Trabalho é defendida pelos que sustentam que este 
ramo da ciência jurídica tem por fim enaltecer o valor social do trabalho, o que implica a 
relativização da ideia de propriedade absoluta e do poder hegemônico do empregador. A 
função social do direito do trabalho, portanto, tem por objeto a dignificação da pessoa que 
trabalha por conta alheia por meio do trabalho que lhe assegure uma vida digna de ser 
vivida. 
A função econômica é defendida pelos doutrinadores que identificam o direito do 
trabalho como mero apêndice do direito econômico. Para esta corrente, como lembra 
Amauri Mascaro Nascimento, “o direito do trabalho visa a realização de valores 
econômicos, de modo que toda e qualquer vantagem atribuída ao trabalhador deve ser 
meticulosamente precedida de um suporte econômico, sem o qual nada lhe poderá ser 
atribuído”. 7 
A função coordenadora é reconhecida pelos autores que analisam o direito do 
trabalho como instrumento de coordenação entre os interesses representados por duas 
forças contrárias entre si: o capital e o trabalho. Assim, a função do direito do trabalho é 
apenas coordenar os interesses contrapostos dos empregadores e trabalhadores, sem 
levar em conta a situação de vulnerabilidade ou hipossuficiência destes últimos. 
A função conservadora do direito do trabalho é adotada pela corrente que o observa 
como instrumento de opressão do Estado em prol da classe dominante (burguesia) como 
forma de impedir ou dificultar os movimentos operários. Leciona Amauri Mascaro 
Nascimento que, neste caso, “as leis trabalhistas não teriam outra função senão a de 
aparentar a disciplina da liberdade; na verdade, a de restringir a autonomia privada coletiva 
e impedir as iniciativas, que, embora legítimas, possam significar de algum modo a 
manifestação de um poder de organização e de reivindicação dos trabalhadores”. 8 
Por fim, a função tutelar, defendida pela maioria dos juristas brasileiros, é aquela 
que visa proteger a parte fraca na relação empregatícia: o empregado. Para essa corrente 
doutrinária, tem-se um sistema jurídico fundado em princípios, regras e valores destinados 
a proteger e promover a melhoria das condições socioeconômicas do trabalhador e de sua 
família (Constituição Federal, art. 7º, caput). A função tutelar do Direito do Trabalho visa, 
 
7 NASCIMENTO, Amauri MascaroI.niciação ao direito do trabalho. 33. ed. S ão Paulo: LTr, 2007, p. 68. 
8 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 33. ed. São Paulo: LTr, 2007, p. 67-68 
 
IFMG Campus Ribeirão das Neves – Administração – Processos Gerenciais 
8 
enfim, sobretudo sob a perspectiva dos direitos humanos e do direito constitucional, corrigir 
as desigualdades sociais, econômicas e políticas entre os atores representantes do capital 
e do trabalho,por meio de um sistema normativo de proteção jurídica ao cidadão 
trabalhador. 
 
1.4. Natureza Jurídica 
 
Estabelecer a natureza jurídica de um ramo do Direito significa classificá-lo entre os 
demais ramos da ciência jurídica a partir da dicotomia entre direito público e direito privado, 
conforme as suas normas refiram-se à organização do Estado ou aos interesses dos 
particulares. 
Diversas são as teorias desenvolvidas pela doutrina sobre a natureza do Direito do 
Trabalho, entre elas: a) do direito público; b) do direito privado; c) do direito misto; d) do 
direito social; e) do direito unitário. Indubitavelmente, o estudo sobre a natureza do Direito 
do Trabalho é de grande importância teórica e prática, tendo em vista que a aplicação e a 
interpretação das normas jurídicas, conforme sejam de direito público ou de direito privado, 
subordinam-se a regras e princípios diferentes. 
Os juristas que afirmam ser o Direito do Trabalho um ramo do Direito Público 
fundamentam sua posição na constatação de que, na sua maior parte, é fruto do 
intervencionismo estatal, ou seja, o Estado intervém nas relações privadas de trabalho e 
substitui a livre manifestação de vontade de cada um, pela sua própria vontade, 
manifestada por meio da lei. As relações jurídicas reguladas pelo Direito do Trabalho são, 
portanto, delineadas pela lei e só por exceção derivadas do exercício da autonomia da 
vontade das partes. 
Amauri Mascaro Nascimento ensina que os argumentos apontados pelos adeptos 
desta teoria são de três ordens: 1) natureza administrativa de algumas das normas 
trabalhistas, como é o caso das normas de fiscalização trabalhista; 2) imperatividade das 
normas trabalhistas, sendo nulo qualquer ato destinado a desvirtuar, impedir ou fraudar 
sua aplicação; 3) caráter estatutário das normas trabalhistas, tendo em vista a semelhança 
 
IFMG Campus Ribeirão das Neves – Administração – Processos Gerenciais 
9 
que possuem com as relações mantidas pelo Estado com os agentes públicos no âmbito 
do Direito Administrativo.9 
Para além, consideram-se a irrenunciabilidade e a impossibilidade de se reconhecer 
o conteúdo contratual das normas trabalhistas. A irrenunciabilidade decorre da 
necessidade de proteção ao trabalhador, enquanto o segundo argumento fundamenta-se 
na quantidade de normas que regulam a relação de emprego e que devem ser cumpridas 
sob pena de aplicação das sanções previstas em lei. 
Aqueles que sustentam ser o Direito do Trabalho um ramo do Direito Privado o 
fazem com base na sua origem e nos seus sujeitos. Em relação à origem, o Direito do 
Trabalho nasceu mesclado às normas do Direito Civil, e o contrato de trabalho deriva da 
locação de serviços do Código Civil. No que tange aos sujeitos do contrato de trabalho, 
estes são dois particulares agindo no seu próprio interesse. O fato de no Direito do 
Trabalho existir normas irrenunciáveis e, portanto, de ordem pública, não tem força 
suficiente para deslocá-lo para o âmbito do Direito Público, mesmo porque isso ocorre 
também no Direito Civil em relação, por exemplo, às normas relativas ao direito de família. 
A corrente doutrinária que sustenta ser o Direito do Trabalho um Direito Misto 
fundamenta sua posição no fato de que tal ramo do Direito tem em sua composição tanto 
normas de direito público como normas de direito privado, ora predominando umas, ora 
outras, razão pela qual não pode ser enquadrado em qualquer um dos âmbitos da 
dicotomia clássica. Os adeptos de tal teoria não reconhecem a unidade conceitual do 
Direito do Trabalho e afirmam ser necessário examinar parcialmente cada um dos grupos 
homogêneos de suas normas, para enquadrá-las dentro do Direito Público ou do Direito 
Privado. 
Já os doutrinadores que afirmam ser o Direito do Trabalho um ramo do Direito 
Social sustentam que reúne normas de proteção às pessoas economicamente mais fracas 
(também chamadas de hipossuficientes), sendo impossível, por esta razão, a sua 
classificação em direito público ou direito privado. O homem trabalhador é visto como 
integrante do social e, por sua hipossuficiência, deve ser protegido. 
A teoria que sustenta que o Direito do Trabalho é um terceiro gênero resultante da 
fusão entre o público e o privado é chamada de Direito Unitário. Diferentemente da teoria 
do direito misto, que afirma que no Direito do Trabalho as normas de direito público 
coexistem com as normas de direito privado sem, no entanto, se fundirem, a teoria do 
 
9 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 34. ed. São Paulo: LTr, 2009. p. 74 
 
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direito unitário afirma que a fusão das normas de direito público com as normas de direito 
privado faz surgir uma terceira realidade, diferente das concepções clássicas derivadas da 
dicotomia do Direito. 
A posição majoritária encontrada na doutrina é no sentido de considerar o Direito do 
Trabalho um ramo do Direito Privado. Adepto desta corrente, Amauri Mascaro Nascimento 
afirma que a liberdade sindical e a proibição de interferência do Estado na organização 
sindical reforçam a natureza de direito privado do Direito do Trabalho. 10 
Para além, a Reforma Trabalhista trazida pela Lei n. 13.467/2017, ao ampliar 
significativamente a autonomia individual do trabalhador e ao prever que o negociado 
passa a prevalecer sobre o legislado, insere definitivamente o Direito do Trabalho no 
âmbito do Direito Privado. A irrenunciabilidade foi mitigada pela Reforma Trabalhista. 
 
1.5. Autonomia 
 
Há diversos critérios que buscam confirmar a autonomia do direito do trabalho 
decorrente da existência de autonomia legislativa, de autonomia didática e de autonomia 
científica ou doutrinária. Atualmente, os doutrinadores sustentam a autonomia do Direito do 
Trabalho, já que, como ramo do Direito, além de preencher os requisitos mencionados, tem 
ainda autonomia jurisdicional. 
A autonomia legislativa do Direito do Trabalho no Brasil teve início na década de 
1930, quando foram elaboradas inúmeras leis trabalhistas, firmou-se com o advento da 
Consolidação das Leis do Trabalho em 1943 e se confirmou definitivamente a partir da 
promulgação da Constituição Federal de 1988, que contém inúmeros dispositivos relativos 
ao Direito do Trabalho. 
Em decorrência da sua própria autonomia legislativa, o Direito do Trabalho é 
composto de normas cada vez mais numerosas, o que leva à exigência de uma atenção 
especial do jurista em relação a elas: para poder estudá-las e aplicá-las nas situações 
concretas, é preciso nelas se especializar. Assim, a bibliografia trabalhista é vasta, 
formada por tratados, cursos, teses, entre outros, resultando, sem dúvida, em uma 
autonomia doutrinária. 
 
10 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho, p. 76. 
 
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A autonomia didática do Direito do Trabalho decorre de sua maturidade científica, 
que faz com que seja estudado como disciplina específica, não só nas Faculdades de 
Direito, como também em outras, como Administração de Empresas e Economia. 
Completa a convicção acerca da autonomia do Direito do Trabalho o fato de contar 
com uma jurisdição especial (Justiça do Trabalho), conforme disposto pelo art. 92, inciso 
IV, da Constituição Federal de 1988. Assim, a existência de uma estrutura judicial 
específica para tratar de questões trabalhistas revela sua autonomia jurisdicional. 
José Augusto Rodrigues Pinto salienta que autonomia não se confunde com 
independência, preconiza a existência de diversas formas de autonomia do direito do 
trabalho: a) a autonomia legislativa, face à intensa e contínua proliferação de diplomas 
legais; b) autonomia científica (ou doutrinária), que se revela pela existência de inúmeras 
pesquisas e referênciasbibliográficas específicas, bem como a existência do princípio 
tutelar que divorciou o direito do trabalho do direito civil; c) autonomia didática que resulta 
do alastramento da inserção da disciplina nas Faculdades não apenas de Direito, como 
também de Economia, Administração, Serviço Social e Contabilidade.11 
 
1.6. Divisão 
 
Embora o direito do trabalho seja um ramo da ciência do Direito, e, como tal, deva 
ser estudado, é possível internamente, para fins didáticos, estabelecer algumas divisões 
do seu conteúdo que leva em conta a diversidade das normas trabalhistas e a necessidade 
de agrupá-las de uma forma ordenada em setores específicos, que compõe o todo. 
Tradicionalmente e de acordo com grande parte dos doutrinadores, essa divisão se 
dá em dois grupos: o direito individual do trabalho e o direito coletivo do trabalho. No 
entanto, alguns outros doutrinadores afirmam que essa divisão em dois grandes grupos é 
genérica, sendo necessária uma maior especificidade para que se possa entender todo o 
conjunto de normas trabalhistas. 
Assim, segundo o tipo de relação mantida pelos sujeitos na relação jurídica 
trabalhista, o Direito do Trabalho se divide em: a) direito individual do trabalho; b) direito 
tutelar do trabalho; c) direito coletivo do trabalho; d) direito público do trabalho. 
 
11 PINTO, José Augusto Ribeiro. Tratado de direito material do trabalho. São Paulo: LTr, 2007, p. 64-67. 
 
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O objeto do Direito Individual do Trabalho é o estudo das relações individuais de 
trabalho subordinado mantidas por seus sujeitos (empregado e empregador), analisando 
os direitos e as obrigações decorrentes do contrato de trabalho. 
O Direito Tutelar do Trabalho compõe-se das normas jurídicas que impõem ao 
trabalhador e ao empregador deveres jurídicos públicos, com vistas à proteção do primeiro, 
ou seja, normas jurídicas por meio das quais o intervencionismo estatal mostra-se mais 
acentuado do que em outras áreas da mesma disciplina, com o objetivo claro de conferir 
maior proteção ao trabalhador. 
Muito embora a Reforma Trabalhista trazida pela Lei n. 13.467/2017 tenha ampliado 
as possibilidades de exercício da autonomia individual pelo trabalhador, em especial em 
razão da inclusão do parágrafo único do art. 444, CLT, o intervencionismo estatal não 
desapareceu, tendo sido apenas mitigado. O fundamento da tutela ao trabalhador, qual 
seja, o desequilíbrio existente entre as partes da relação de trabalho, continua a existir e a 
ser verificado concretamente. 
Nesse sentido, compõem o Direito Tutelar do Trabalho as normas relativas a: 
identificação e registro profissional; limitação da jornada de trabalho; períodos de 
descanso, incluindo descanso semanal remunerado e férias; proteção ao trabalho da 
mulher; proteção ao trabalho do menor; e medicina e segurança do trabalho. 
O Direito Coletivo do Trabalho tem por base as relações coletivas de trabalho 
(grupos de empregados e grupos de empregadores), os conflitos delas advindos e os 
órgãos que representam os grupos respectivos. Além disso, o Direito Coletivo do Trabalho 
abrange as normas jurídicas derivadas da solução dos conflitos coletivos e que é fonte do 
próprio Direito do Trabalho. 
A continuidade desses fenômenos, como é sabido, cristalizou novos instrumentos 
de normatização das relações empregatícias, como as convenções e acordos coletivos de 
trabalho, bem como de soluções judiciais de conflitos, como os dissídios coletivos. Nessa 
perspectiva, é a parte do direito do trabalho relativa às associações laborais, na profissão e 
nas empresas, aos seus contratos, aos seus conflitos e à solução destes. 
Com o advento da globalização e da sociedade de massa, o direito coletivo do 
trabalho ampliou o seu objeto em virtude do surgimento de “novos direitos”, como os 
direitos difusos, os coletivos (não somente de categorias, como também de classes e 
grupos) e os individuais homogêneos (materialmente individuais, mas processualmente 
coletivos). 
 
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Por derradeiro, o Direito Público do Trabalho é a parte do Direito do Trabalho 
composta pelo conjunto de normas e princípios que regulam a relação de cada um dos 
sujeitos da relação de emprego com o Estado. Entre as normas aqui abrangidas estão, por 
exemplo, as referentes à fiscalização do trabalho, à formação, qualificação e colocação da 
mão de obra, ao fundo de amparo ao trabalhador, ao seguro-desemprego. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. Origem e Evolução Histórica do Direito do Trabalho 
 
O Direito do Trabalho compreende a disciplina jurídica responsável por traçar os 
princípios, regras e institutos que regem as relações individuais e coletivas de trabalho. A 
existência do Direito do Trabalho pressupõe a necessidade do trabalho juridicamente livre, 
o que ocorre na Idade Moderna, especialmente após a Revolução Industrial e o 
desenvolvimento do capitalismo. No entanto, as manifestações em períodos precedentes 
são importantes para a compreensão do tratamento jurídico dado às relações de trabalho 
pelas sociedades e das mudanças que levaram ao surgimento do trabalho subordinado. 
Além das relações contratuais individuais fora da situação tradicional de emprego, o 
direito do trabalho lida com os requisitos estatutários e as relações coletivas que são cada 
vez mais importantes nas sociedades de produção em massa, as relações legais entre os 
interesses econômicos organizados e o Estado e os vários direitos e obrigações 
relacionadas a alguns tipos de serviços sociais (ALMEIDA, 2018, p. 5). 
O direito do trabalho surgiu paralelamente à Revolução Industrial, quando a relação 
entre trabalhador e empregador mudou de estúdios de produção em pequena escala para 
fábricas em grande escala. Os trabalhadores buscavam melhores condições e o direito de 
ingressar em um sindicato, enquanto os empregadores buscavam uma força de trabalho 
mais previsível, flexível e menos dispendiosa (Silva Neto, Gomes, 2016, p. 53). 
O estado do direito do trabalho a qualquer momento é, portanto, o produto e um 
componente das lutas entre várias forças sociais. Como a Inglaterra foi o primeiro país a 
industrializar, também foi o primeiro a enfrentar as consequências assustadoras da 
revolução industrial em um quadro econômico menos regulamentado. (SILVA, CASTRO, 
DosSANTOS, 2018, p. 263). 
Atualmente, os direitos e deveres dos empregadores e empregados no Brasil estão 
estabelecidos na chamada “Consolidação das Leis Trabalhistas Brasileiras - CLT”, que é o 
principal estatuto que regula os direitos trabalhistas no Brasil, emitido em 1943. Os direitos 
trabalhistas também são regulados por negociações e acordos coletivos. No entanto, 
certas classes de funcionários, como funcionários públicos e funcionários de autarquias 
(entidades governamentais autônomas), são excluídas do escopo das Leis Trabalhistas 
Origem e Evolução Histórica do Direito do Trabalho 
 
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Consolidadas, pois estão sujeitas a regulamentos especiais (GLINA e SOBOLL, 2012, p. 
37). 
 
2.1. A Organização Internacional do Trabalho 
 
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma agência das Nações Unidas 
cujo mandato é promover a justiça social e econômica através do estabelecimento de 
padrões internacionais de trabalho. Fundada em 1919 sob a Liga das Nações, é a primeira 
e mais antiga agência especializada da ONU. A OIT tem 187 estados membros: 186 dos 
193 estados membros da ONU e as Ilhas Cook. Está sediada em Genebra, na Suíça, com 
cerca de 40 escritórios de campo em todo o mundo e emprega cerca de 2.700 funcionários 
de mais de 150 países,dos quais 900 trabalham em programas e projetos de cooperação 
técnica (ALKIMIN, 2011, p. 122). 
A criação da OIT fundou-se em razões de segurança, humanitárias, políticas e 
econômicas. Houve um verdadeiro reconhecimento da importância da justiça social, em 
contraste com um passado de exploração dos trabalhadores nos países industrializados da 
época. Houve também uma compreensão cada vez maior da interdependência econômica 
do mundo e da necessidade de cooperação internacional para obtenção de igualdade das 
condições de trabalho em todos os países. Nesse sentido, e sintetizando os ideais de 
justiça social, o Tratado de Versalhes prevê expressamente que o trabalho não é uma 
mercadoria. 
A partir de todos esses fatos e da mudança de paradigma do trabalho humano 
previsto no Tratado de Versalhes e incorporado nas Constituições Mexicana de 1917 e 
Alemã de 1919, aos poucos, as Constituições modernas dos Estados democráticos foram 
reproduzindo os princípios das Cartas do México e da Alemanha, principalmente após a 
Declaração de Filadélfia de 1944, instrumento jurídico aprovado na Conferência da 
Organização Internacional do Trabalho (OIT) realizada naquele ano e que reforçou 
expressamente o princípio de que o trabalho não deve ser considerado como simples 
mercadoria, e a adoção pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948 da 
Declaração Universal dos Direitos do Homem, embora nem todas as Constituições hoje em 
vigor disponham especificamente sobre direitos sociais do trabalhador. 
 
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2.2. Direito do Trabalho no Brasil 
 
A origem e a evolução do Direito do Trabalho no Brasil guardam particularidades 
próprias de nossa sociedade. Diferentemente dos países europeus, o Brasil foi uma 
colônia de Portugal por muitos anos, e teve sua economia baseada, até o final do século 
XIX, na agricultura e pecuária com pequeno desenvolvimento industrial. Além disso, o 
trabalho recebia um viés pejorativo, pois era desenvolvido por escravos africanos trazidos 
à força para trabalhar nas lavouras do país. Note-se, portanto, que o contexto social e 
econômico brasileiro diverge muito em relação ao europeu, pois não havia espaço para a 
união dos trabalhadores. Enquanto na Europa os trabalhadores eram livres e lutavam pela 
melhoria das condições de trabalho, no Brasil a luta era constante por sobrevivência e 
liberdade. 
Entre o período colonial e a abolição da escravidão em 1888, poucas foram as 
manifestações de normas atinentes às prestações de serviços, pois a mão de obra 
utilizada era basicamente a escrava, seja inicialmente pela utilização de índios e, 
posteriormente, de africanos. De acordo com Alice Monteiro de Barros, pode-se mencionar 
no período uma lei de 1830 que regulava o contrato de prestação de serviços de brasileiros 
e estrangeiros. Além disso, havia normativa sobre contratos entre colonos trazendo 
hipóteses de justas causas. O Código Comercial de 1850, por sua vez, trouxe algumas 
disposições que remetiam ao aviso-prévio. 12 
Ocorre que, nesse período, não há como se falar de Direito do Trabalho ou de seu 
início, pois o trabalho era majoritariamente desenvolvido no âmbito rural por escravos. 
Assim, a evolução histórica do direito trabalhista no país inicia-se com a promulgação da 
Lei Áurea em 1888, que determina o fim da escravidão. 
 Maurício Godinho Delgado, tratando sobre a abolição da escravatura, preceitua: 
 
“[...] ela pode ser tomada com marco inicial da referência da História do 
Direito do Trabalho brasileiro. É que ela cumpriu papel relevante na reunião 
dos pressupostos à configuração desse novo ramo jurídico especializado. De 
fato, constituiu diploma que tanto eliminou da ordem jurídica a relação de 
produção incompatível com o ramo jus trabalhista (a escravidão), como, via 
de consequência, estimulou a incorporação pela pratica social da fórmula 
então revolucionária da utilização da força de trabalho: a relação 
empregatícia.” (Delgado, 2010). 
 
 
12 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 10. ed. São Paulo: LTr, 2016. P. 54 
 
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Desta forma, tem-se um marco no momento da abolição da escravatura, que define 
a possibilidade ou não do surgimento de um Direito Laboral, haja vista que anteriormente, 
não tínhamos trabalhadores livres em número bastante para exigir tutela jurídica em seu 
ofício. 
Logo se pode dividir a história do direito trabalhista brasileiro em três fases distintas: 
a primeira, que vai da independência até a abolição da escravatura, período em que, como 
já supracitado, não houve a possibilidade prática de surgimento do direito laboral haja vista 
a falta de material humano proletário. Nesta fase, deve-se destacar a existência de uma 
incipiente massa de trabalhadores livres, trabalhadores estes que infelizmente não 
encontravam trabalho tão facilmente em uma sociedade tão patriarcal. Somente esse 
quadro começando a mudar, quando da entrada maciça de imigrantes europeus com fins a 
trabalhar nas fazendas de café, produto este que o Brasil produzia em larga escala na 
época. 
 A Segunda vai da abolição até 1930. Nessa fase, têm-se manifestações esparsas e 
desconexas, tendo como exceção a greve geral de 1917, a qual angariou milhares de 
trabalhadores inspirados principalmente nos ideais anarco-sindicalistas trazidos por 
imigrantes europeus que vieram lavorar no café brasileiro. 
A última fase, que vai desde os anos 30 até os dias atuais, é marcada pela 
intervenção do Estado de tutelar com maior vigor os direitos em tela. Tutela essa, baseada 
no corporativismo italiano, que tem interesses que vão além da simples defesa dos direitos 
laborais, e transpassam a motivos de manutenção de status quo, apaziguamento da classe 
operária, dirigismo sindical, entre outros maniqueísmos de dirigentes autoritários. 
Nessa fase destaca-se com o devido louvor, além da concretização da Justiça do 
Trabalho, a criação da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT – que compilou e 
generalizou leis, as quais antes encontravam-se esparsas e dirigidas às classes de 
trabalhadores específicas. Para se falar na CLT é importante se fazer uma retrospectiva à 
Revolução de Trinta, que pôs fim ao governo das oligarquias no Brasil e levou Getúlio 
Vargas à presidência brasileira. 
É fato que todo livro de História, que trate da Era Vargas, mencione que o seu 
governo refletia um Estado compromissado com a intervenção forte na economia e com 
leis trabalhistas que visassem o bem-estar do operário urbano. Todavia, é possível se 
fazer uma crítica à esse segundo compromisso. 
 
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Isso reflete a inserção da negociação coletiva como elemento de resolução de 
conflitos do trabalho de cunho coletivo. Assim, o Estado passa a supervisionar de perto as 
relações trabalhistas. 
Visando o controle da classe operária, o novo governo obrigou os sindicatos a se 
submeterem ao Ministério Público, que dava autorização de funcionamento somente para 
sindicatos cuja diretoria fosse aprovada pelo governo – o imposto para a manutenção do 
sindicato só era garantido àqueles autorizados; além disso, o governo reprimia as 
manifestações operárias legítimas, deportava estrangeiros, prendia líderes de sindicatos 
que queriam manter sua autonomia e detinha o poder de fechá-los. Fica-se claro que nas 
negociações entre patrões e empregados conduzidas pelo Ministério Público prevaleciam 
as decisões que interessavam mais ao capital que ao trabalho; reflexo do Estado Novo e 
de seu caráter corporativista e autoritário. 
 Para enfraquecer a luta operária se tornou lei federal o dia de descanso semanal, a 
jornada de trabalho de 8 horas, férias anuais remuneradas e a proibição do trabalho dos 
menores de 14 anos. Emboraconquistas vistas hoje, na época mal saíram do papel, uma 
vez que os operários não podiam fazer greves ou manifestações. Essa política atingiu o 
seu auge com o estabelecimento do salário mínimo e a criação da CLT. A Consolidação 
das Leis Trabalhistas (CLT), embora configurasse uma compilação das leis trabalhistas 
aprovadas desde o início do século XX, foi apresentada à nação como o resultado do 
esforço de Vargas em prol das classes trabalhadoras; na realidade, Vargas retira do 
movimento operário a sua capacidade de mobilização ao consolidar a CLT. 
Essa atuação intervencionista do Estado, diante das questões coletivas e das 
individuais resultante do trabalho diário, manteve-se basicamente a mesma por muito 
tempo. Uma mudança veio a ocorrer em vigência da Constituição de 1946 - momento de 
democratização do governo – transformando a Justiça do Trabalho (criada oficialmente em 
1943) em órgão do Poder Judiciário. 
A Constituição Federal de 1988 tem um forte conteúdo social, englobando 
disposições referentes aos direitos e garantias individuais (art. 5º), aos direitos sociais (art. 
5º a 11) e, ainda, às disposições que compõem o Título VIII (Da Ordem Social).13 
 Entre os diversos avanços democráticos trazidos, o Texto Magno conferiu novo 
status ao Direito do Trabalho - inclusive o Direito Individual do Trabalho -, mediante 
 
13 Conforme afirma Arnaldo Süssekind, apesar do forte conteúdo social da Carta Política de 1988, existe em 
seu texto uma contradição: ela não é rigorosamente liberal-democrática, mas também não chega a ser 
social-democrática. Direito constitucional do trabalho. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. p. 55. 
 
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princípios, regras e institutos jurídicos que acentuaram a força e a projeção desse campo 
normativo na sociedade e na economia brasileiras.14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 13. ed. São Paulo: LTr, 2014, p. 116. 
 
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3. Princípios do Direito do Trabalho 
 
3.1. Importância e Conceito 
 
A coerência interna de um sistema jurídico decorre dos princípios sobre os quais se 
organiza. Para operacionalizar o funcionamento desse sistema, torna-se necessária a 
subdivisão dos princípios jurídicos. Extraem-se, assim, os princípios gerais e os princípios 
especiais, conforme a natureza de cada subdivisão. A exemplo, sobre o direito e o direito 
do trabalho, verificaremos que o primeiro possui seus princípios gerais, e o segundo, que é 
um dos seus ramos, possui princípios específicos. 
A importância dos princípios foi identificada por Jorge Miranda nos seguintes 
termos: 
 
O Direito não é mero somatório de regras avulsas, produto de atos de 
vontade, ou mera concatenação de fórmulas verbais articuladas entre si, o 
Direito é ordenamento ou conjunto significativo e não conjunção resultada de 
vigência simultânea; é coerência ou, talvez mais rigorosamente, consistência; 
é unidade de sentido, é valor incorporado em regra. E esse ordenamento, 
esse conjunto, essa unidade, esse valor, projeta-se ou traduz-se em 
princípios, logicamente anteriores aos preceitos. Os princípios não se 
colocam, pois, além ou acima do Direito (ou do próprio Direito positivo); 
também eles – numa visão ampla, superadora de concepções positivistas, 
literalistas e absolutizantes das fontes legais – fazem parte do complexo 
ordenamental. Não se contrapõem às normas, contrapõem-se tão somente 
aos preceitos; as normas jurídicas é que se dividem em normas-princípios e 
normas-disposições. 
 
Considerando-se que o Direito do Trabalho é um ramo jurídico autônomo, torna-se 
evidente que possui princípios próprios diferentes dos que inspiram os outros ramos da 
ciência jurídica. Os princípios são os preceitos fundamentais de uma determinada 
disciplina e, como tal, servem de fundamento para seus institutos e para sua evolução. 
Constituem o núcleo inicial do próprio Direito, em torno dos quais vai tomando forma toda a 
estrutura científica da disciplina em questão. 
Há princípios que são utilizados para todas as formas de saber, outros são 
aplicáveis a diversos campos de conhecimento e outros, ainda, referem-se 
especificamente a uma ciência. Os princípios do Direito do Trabalho são as ideias 
 
 
Princípios do Direito do Trabalho 
 
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fundamentais e informadoras do ordenamento jurídico trabalhista, ou seja, constituem 
postulados e diretrizes que inspiram as normas que regulam as relações de trabalho. 
Os princípios têm como função a criação, a aplicação e a interpretação do Direito do 
Trabalho, ou seja, conforme Plá Rodriguez tem: função informadora (inspiram o legislador, 
servindo de fundamento para o ordenamento jurídico); função normativa (atuam como 
fonte supletiva, no caso de ausência de lei; são meios de integração do Direito); e função 
interpretativa (operam como critério orientador do juiz ou do intérprete). 15 
 
3.2. Distinção entre Princípio e Norma 
 
Considerando que o Direito é um conjunto composto por princípios e por normas, 
necessário se faz distingui-los. As principais diferenças entre ambos são: a) somente os 
princípios exercem um papel constitutivo da ordem jurídica; b) as normas são interpretadas 
segundo o método de interpretação jurídica, enquanto a interpretação dos princípios se dá 
não pelo exame da linguagem, mas, sim, em função dos valores que os compõem; c) às 
normas se obedece, aos princípios se adere; d) as normas determinam o que devemos e o 
que não devemos fazer, o que podemos ou não podemos fazer nas situações nelas 
previstas, enquanto os princípios fornecem critérios que permitem tomar-se posição diante 
de situações a priori indeterminadas, quando se concretizam; e) as normas podem ser 
aplicadas mecânica e passivamente, enquanto em relação aos princípios isso é 
inconcebível, pois são aplicados a partir da ponderação. 
Outro aspecto relevante da distinção entre normas e princípios é o relativo à 
dimensão de sua importância, ou seja, em caso de oposição ou de contradição entre 
diversos princípios, quem tem que resolver o conflito deve levar em conta o peso ou a 
importância de cada um deles; já no caso de conflito entre normas, os critérios de solução 
são distintos, considerando-se, por exemplo, grau hierárquico ou critério temporal. 
 
3.3. Princípios específicos do Direito do Trabalho 
 
 
15 PLÁ RODRIGUEZ, Américo. Princípios de direito do trabalho, p. 240 
 
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O Direito Trabalho desdobra-se em um segmento individual e um segmento coletivo, 
cada um possuindo regras, institutos e princípios próprios. Além dos princípios gerais 
que guardam íntima relação com o Direito do Trabalho, existem princípios específicos 
desse ramo da ciência jurídica forjado por fatos econômicos e sociais típicos. Sendo assim, 
há duas categorias de princípios aplicáveis no âmbito do direito do trabalho: os princípios 
constitucionais do direito do trabalho e os princípios infraconstitucionais do direito do 
trabalho. 
Toda a estrutura normativa do Direito Individual do Trabalho constrói-se a partir da 
constatação fática da diferenciação social, econômica e política básica entre os sujeitos da 
relação jurídica central desse ramo jurídico específico. Em tal relação, o empregador age 
naturalmente como ser coletivo, isto é, um agente socioeconômico e político cujas ações - 
ainda que intraempresariais - tem a natural aptidão de produzir impacto na comunidade 
mais ampla. 
Não obstante, no outro polo da relação inscreve-se um ser individual, 
consubstanciado no trabalhador que,como sujeito desse vínculo sociojurídico, não é 
capaz, isoladamente, de produzir, como regra, ações de impacto comunitário. Essa 
disparidade de posições na realidade concreta fez emergir o Direito Individual do Trabalho 
largamente protetivo, caracterizado por métodos, princípios e regras que buscam 
reequilibrar, juridicamente, a relação desigual vivenciada na prática cotidiana da relação de 
emprego. 
O Direito Coletivo, ao contrário, é um ramo jurídico construído a partir de uma 
relação entre seres teoricamente equivalentes: seres coletivos ambos, o empregador de 
um lado e, de outro, o ser coletivo obreiro, mediante as organizações sindicais. Em 
correspondência a esse quadro fático distinto, surgem, obviamente, no Direito Coletivo, 
categorias teóricas, processos e princípios também distintos. 
A compreensão global do Direito do Trabalho impõe a compreensão acerca dos 
princípios específicos de seu segmento juscoletivo. È que o Direito Coletivo atua sobre o 
Direito Individual, produzindo-lhe importante universo de regras jurídicas, consubstanciado 
no conjunto de diplomas autônomos que compõem sua estrutura normativa (Convenção e 
Acordo Coletivo). Desse modo, o Direito Coletivo pode alterar o conteúdo do Direito 
Individual do Trabalho, ao menos naqueles setores socioeconômicos em que incidam seus 
específicos diplomas. Desde a Constituição de 1988, a propósito, ampliou-se o potencial 
criativo do Direito Coletivo, lançando a necessidade de pesquisar os critérios objetivos de 
 
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convivência e assimilação entre as normas autônomas negociadas e as normas 
heterônomas tradicionais da ordem jurídica do país. 
 
3.3.1. Princípio da Proteção 
 
Informa este princípio que o Direito do Trabalho estrutura em seu interior, com suas 
regras, institutos, princípios e presunções próprias, uma teia de proteção à parte 
hipossuficiente na relação empregatícia – o obreiro -, visando retificar (ou atenuar), no 
plano jurídico, o desequilíbrio inerente ao plano fático do contrato de trabalho. 
O princípio tutelar influi em todos os segmentos do Direito Individual do Trabalho, 
influindo na própria perspectiva desse ramo ao construir-se, desenvolver-se e atuar como 
direito. Efetivamente, há ampla predominância nesse ramo jurídico especializado de regras 
essencialmente protetivas, tutelares da vontade e interesse obreiros; seus princípios são 
fundamentalmente favoráveis ao trabalhador; suas presunções são elaboradas em vista do 
alcance da mesma vantagem jurídica retificadora da diferenciação social prática. Na 
verdade, pode-se afirmar que sem a ideia protetivo-retificadora, o Direito Individual do 
Trabalho não se justificaria histórica e cientificamente. 
Parte importante da doutrina aponta este princípio como cardeal do Direito do 
Trabalho, por influir em toda a estrutura e características próprias desse ramo jurídico 
especializado. Esta, a propósito, a compreensão do jurista Plá Rodriguez, que considera 
manifestar-se o princípio protetivo em três dimensões distintas: o princípio in dubio pro 
operário, o princípio da norma mais favorável e o princípio da condição mais benéfica.16 
Reconhecido como o princípio mais importante do Direito do Trabalho, o princípio 
protetor se expressa sob três formas distintas, que podem ser caracterizadas como suas 
regras de aplicação, que, no entanto, também foram afetadas pela Reforma Trabalhista, 
trazida pela Lei n. 13.467/2017. 
A regra in dubio pro operario é regra de interpretação de normas jurídicas, segundo 
a qual, diante de vários sentidos possíveis de uma determinada norma, o juiz ou o 
intérprete deve optar por aquele que seja mais favorável ao trabalhador. 
A regra da norma mais favorável determina que, havendo mais de uma norma 
aplicável a um caso concreto, deve-se optar por aquela que seja mais favorável ao 
 
16 PLÁ RODRIGUEZ, Américo. Princípios de direito do trabalho. São Paulo. LTr, 1993, p. 42-43. 
 
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trabalhador, ainda que não seja a que se encaixe nos critérios clássicos de hierarquia de 
normas. A aferição da norma mais favorável deve-se basear em um critério de comparação 
entre as mesmas, o que, segundo Alice Monteiro de Barros, caracteriza um “problema de 
ordem técnica”, tendo em vista existirem três critérios distintos: a) teoria do conglobamento 
- a aferição da norma mais favorável se dá após o confronto da integralidade das normas 
em comparação; b) teoria da acumulação - a aferição se dá a partir da seleção, em cada 
uma das normas objeto da comparação, das previsões mais favoráveis ao trabalhador, 
utilizando-se, de cada uma delas, a que for mais favorável; c) teoria do conglobamento 
orgânico ou por instituto - a aferição da norma mais favorável deve ser feita pela 
comparação entre partes das normas ou entre grupo de matérias. 17 
A aplicação da regra da norma mais favorável torna flexível a hierarquia das normas 
trabalhistas, devendo ser considerada como mais importante, em cada caso concreto, a 
norma mais favorável ao trabalhador, ainda que esta não seja a Constituição Federal ou 
uma lei federal. 
Segundo a regra da condição mais benéfica, a aplicação de uma nova norma 
trabalhista nunca pode significar diminuição de condições mais favoráveis em que se 
encontra o trabalhador. As condições mais favoráveis devem ser verificadas em relação às 
situações concretas anteriormente reconhecidas ao trabalhador, e que não podem ser 
modificadas para uma situação pior ou menos vantajosa 
A análise do que é condição mais benéfica restou relativizada, já que o conceito de 
mais benéfico deixou de ser considerado pelo legislador como decorrência da ideia de 
proteção da parte economicamente mais fraca da relação de emprego, passando a ser 
inserido no âmbito da autonomia da vontade do trabalhador, ou seja, de um modo geral, se 
o trabalhador negociou, exercendo livremente sua autonomia da vontade, é porque 
considerou que, para ele, essa nova condição é mais benéfica. Esse é o contexto trazido 
pela Reforma Trabalhista. 
A noção de tutela obreira e de retificação jurídica da reconhecida desigualdade 
socioeconômica e de poder entre os sujeitos da relação de emprego (ideia inerente ao 
princípio protetor) não se desdobra apenas nas três citadas dimensões. Ela abrange, 
essencialmente, quase todos (senão todos) os princípios especiais do Direito Individual do 
Trabalho. Todos esses outros princípios especiais também criam, no âmbito de 
abrangência, uma proteção especial aos interesses contratuais obreiros, buscando 
 
17 BARROS, Alice Monteiro. Curso de direito do trabalho, p. 181. 
 
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retificar, juridicamente, uma diferença prática de poder e de influência econômica e social 
apreendida entre os sujeitos da relação empregatícia. 
 
3.3.2. Princípio da Irrenunciabilidade 
 
O princípio da irrenunciabilidade é aceito de forma unânime na doutrina como uma 
das principais bases do Direito do Trabalho e constitui-se no reconhecimento da não 
validade do ato voluntário praticado pelo trabalhador no sentido de abrir mão de direito 
reconhecido em seu favor. 
Portanto, a irrenunciabilidade, que está vinculada à ideia de imperatividade, isto é, 
de indisponibilidade de direitos, diz respeito à impossibilidade de que o trabalhador prive-
se voluntariamente, em caráter amplo e por antecipação, de direitos que lhe são garantidos 
pela legislação trabalhista. 
Sempre se entendeu que a interpretação do princípio da irrenunciabilidade deve ser 
o mais ampla possível, abrangendo tanto a privação total de direitos como a parcial, e 
tanto a que se realize por antecipação como a que ocorra posteriormente à extinção da 
relação jurídica daqual decorre o direito que é objeto da renúncia. 
A adoção da irrenunciabilidade como regra geral sempre decorreu do fato de que a 
legislação trabalhista brasileira não continha previsão explícita sobre a permissão ou não 
da renúncia, sendo apenas previsto pela CLT, em seu art. 9º, que são considerados nulos 
de pleno direito os atos destinados a impedir, fraudar ou desvirtuar a aplicação dos seus 
preceitos. 
No entanto, a irrenunciabilidade de direitos trabalhistas foi mitigada pela Reforma 
Trabalhista introduzida pela Lei n. 13.467/2017, com a inserção no ordenamento jurídico 
(parágrafo único, art. 444, CLT) da figura do trabalhador hipersuficiente, assim considerado 
o portador de diploma de nível superior (hipersuficiência técnica) e com salário mensal 
igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de 
Previdência Social (hipersuficiência econômica), a quem é permitida a livre estipulação em 
relação ao rol dos direitos previstos no art. 611-A da CLT. 
Assim, aos referidos trabalhadores é permitido negociar condições de trabalho 
menos benéficas, em comparação com os direitos trabalhistas previstos na legislação, 
 
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26 
salvo aqueles garantidos pela Constituição Federal, ainda que isso signifique renúncia a 
tais direitos. 
3.3.3. Princípio da Continuidade da Relação de Emprego 
 
Consiste no objetivo que têm as normas trabalhistas de dar ao contrato individual de 
trabalho a maior duração possível e tem por fundamento o fato de ser o contrato de 
trabalho um contrato de trato sucessivo, que não se esgota com a execução de um único e 
determinado ato, mas, ao contrário, perdura no tempo, regulando obrigações que se 
renovam. 
A continuidade da relação de emprego como princípio do Direito do Trabalho 
fundamenta-se no fato de que nela está a fonte de subsistência e de sustento do 
empregado e de sua família, tendo nítida natureza alimentar. Assim, as normas 
trabalhistas devem tomar como base a continuidade da relação de emprego e estabelecer 
mecanismos eficazes para sua preservação pelo maior tempo possível. 
Assim, quanto mais duradoura for a relação de emprego, maior será o equilíbrio 
pessoal e familiar do empregado, possibilitando que se atinja um maior nível de 
desenvolvimento social. 
Nesse sentido, o Tribunal Superior do Trabalho adotou o entendimento de que o 
ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço 
e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de 
emprego constitui presunção favorável ao empregado (Súmula 212). 
Também esse princípio foi relativizado pela Reforma Trabalhista introduzida pela Lei 
n. 13.467/2017, como se verifica, por exemplo, com a previsão da possibilidade de 
rescisão do contrato de trabalho por comum acordo entre as partes (art. 484-A, CLT) e a 
previsão de possibilidade mais facilitada de o empregador proceder a dispensas coletivas, 
na medida em que o art. 477-A da CLT prevê que nesses casos não há necessidade de 
autorização prévia de entidade sindical ou de celebração de convenção coletiva ou acordo 
coletivo de trabalho para sua efetivação. 
 
 
 
 
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3.3.4. Princípio da Primazia da Realidade 
 
O princípio da primazia da realidade, tal qual o da irrenunciabilidade, é de inegável 
fundamentalidade ao direito do trabalho, razão pela qual digno de nota apresentam as 
observações deduzidas, principalmente em outras searas do direito, aos seus propósitos, 
como é exemplo a busca da verdade real. 
Questão pouco abordada, mas de importância, na medida em que indica os 
objetivos do princípio sob análise, é o sentido que a busca da verdade real exerce no 
direito do trabalho. Na esteira do afirmado alhures, contraface do direito decorrente do 
princípio à que as relações sejam consideradas pelo que são, e não pelo que formalmente 
aparentam ser, é o dever estatal de perquirir aquilo que se pode depreender da análise dos 
fatos e elementos colacionados, não em favor de quaisquer das partes de uma relação 
jurídica, mas sim, da real natureza jurídica dessa relação. 
O referido princípio, derivado da ideia de proteção, tem por objetivo fazer com que a 
realidade verificada na relação entre o trabalhador e o empregador prevaleça sobre 
qualquer documento que disponha em sentido contrário. 
Assim, em caso de discordância entre a realidade emanada dos fatos e a 
formalidade dos documentos, deve-se dar preferência à primeira, ou seja, a realidade de 
fato da execução da relação mantida entre as partes prevalece sobre sua concepção 
jurídica. 
Plá Rodriguez afirma que “em matéria de trabalho importa o que ocorre na prática, 
mais do que aquilo que as partes hajam pactuado de forma mais ou menos solene, ou 
expressa, ou aquilo que conste em documentos, formulários e instrumentos de controle”. 
O fundamento do princípio ora em estudo pode ser encontrado não só na 
necessidade de proteção do trabalhador, mas também na exigência de boa-fé, da qual 
necessariamente decorre a prevalência da verdade. 
Com base no art. 9º da CLT, verifica-se que, se o documento foi formalmente 
elaborado com o intuito de, encobrindo a realidade dos fatos, fraudar as normas 
trabalhistas, será nulo de pleno direito, aplicando-se ao caso concreto o quanto disposto 
nas normas, isto é, a regra que prevalece no Direito do Trabalho é a de nulidade absoluta 
do ato anormal praticado com o intuito de evitar ou desvirtuar a aplicação das normas 
jurídicas de proteção ao trabalho. 
 
 
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3.3.5. Princípio da Razoabilidade 
 
Embora a maioria da doutrina não faça referência à razoabilidade como um dos 
princípios do Direito do Trabalho, Plá Rodriguez defende sua importância e utilidade e o 
estuda como princípio que “consiste na afirmação essencial de que o ser humano, em suas 
relações trabalhistas, procede e deve proceder conforme a razão”,18 ou seja, nas relações 
de trabalho as partes e os operadores do Direito devem sempre buscar a solução mais 
razoável para os conflitos dela advindos. 
A definição acima conduz à ideia de que o princípio da razoabilidade não é exclusivo 
do Direito do Trabalho, mas próprio de todos os ramos do Direito, e se baseia em critérios 
de razão e de justiça. Tal constatação, no entanto, não afasta a aplicação e a importância 
deste princípio no âmbito trabalhista, pois um determinado princípio não precisa ser 
exclusivo do Direito do Trabalho para ser considerado como uma das linhas diretrizes que 
inspiram o sentido de suas normas. 
Assim, verifica-se que o princípio da razoabilidade pode ser aplicado no Direito do 
Trabalho em casos em que seja necessário medir a verossimilhança de determinada 
explicação ou solução, ou em que se pretenda distinguir a realidade da simulação. 
Ademais, apesar de ser também princípio geral de direito e, atualmente, 
considerado princípio constitucional implícito, no direito do trabalho o princípio da 
razoabilidade encontra aplicação específica, mormente na interpretação das situações 
fáticas que ordinariamente acontecem. 
À luz do princípio em tela, por exemplo, não é razoável presumir verdadeira a 
alegação do empregador no sentido de que o empregado tenha abandonado o emprego ou 
solicitado a sua demissão, em função do que cabe ao empregador o ônus de provar tais 
fatos. Também não é razoável admitir que, numa única vez, alguns minutos de atraso ao 
local de trabalho sejam motivo de aplicação, pelo empregador, da pena máxima (justa 
causa). Nesse caso, o juiz não pode dosar a pena, transmudando-a, v. g., para advertência 
ou suspensão. Apenas declara a sua nulidade, ou não. 
 
 
18 PLÁ RODRIGUEZ, Américo. Princípios de direito do trabalho, p. 392-393.IFMG Campus Ribeirão das Neves – Administração – Processos Gerenciais 
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3.3.6. Princípio da Boa-Fé 
 
Esse princípio decorre do postulado ético que deve reinar nas relações jurídicas em 
geral, mormente as de natureza trabalhista, tendo em vista a função tutelar do direito do 
trabalho. Há, pois, deveres recíprocos das partes para o fiel cumprimento das condições e 
obrigações ajustadas antes, durante e após a extinção do contrato de trabalho. 
O princípio da boa-fé, antes limitado a ser princípio geral do direito, atualmente 
encontra-se positivado expressamente no Código Civil (v. g., arts. 113, 164, 187 e 422), 
sendo certo que a doutrina reconhece a existência de dois tipos de boa-fé: a objetiva 
(aspecto ético) e a subjetiva (aspecto psicológico). Assim, por força do art. 8º, § 1º, da 
CLT, o princípio da boa-fé pode (e deve) ser amplamente aplicado no direito do trabalho. 
A boa-fé objetiva é a que diz respeito ao aspecto ético do comportamento humano, 
isto é, corresponde a um modelo ideal de comportamento que a pessoa humana deve ter 
em relação a outras pessoas, devendo agir, pois, de forma ética, honesta, leal e proba, à 
luz dos valores sociais e morais reconhecidos pela sociedade e pelo ordenamento jurídico. 
A boa-fé objetiva, portanto, tem natureza jurídica de cláusula geral, que atua como 
verdadeira norma jurídica destinada ao juiz no exame de um caso concreto. 
Já a boa-fé subjetiva leva em conta os aspectos subjetivos e psicológicos da 
conduta do agente na realização de um negócio jurídico. Trata-se de princípio geral do 
direito que auxilia o juiz na interpretação do negócio jurídico, possibilitando-lhe verificar a 
intenção das partes na celebração de um contrato, tal como prevê o art. 113 do Código 
Civil. S e o empregado, por exemplo, apresenta-se como candidato ao emprego alegando 
ardilosamente determinada experiência que sabe não possuir. 
Este princípio abrange tanto o empregado como o empregador. No primeiro caso, 
baseia-se na suposição de que o trabalhador deve cumprir seu contrato de boa-fé, que 
tem, entre suas exigências, a de que coloque todo o seu empenho no cumprimento de 
suas tarefas. Em relação ao empregador, supõe que deva cumprir lealmente suas 
obrigações para com o trabalhador. Assim, a boa-fé é elemento que deve estar presente 
não só no momento da celebração do contrato de trabalho, mas, principalmente, na sua 
execução. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 2006. 
 
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010. 
 
GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Elson. Curso de direito do trabalho. 17. ed. rev. e atual. 
por José Augusto Rodrigues Pinto e Otávio Augusto Reis de Souza. Rio de Janeiro: 
Forense, 2005. 
 
LEITE, Carlos Henrique Bezerra Curso de direito do trabalho / Carlos Henrique Bezerra 
Leite. – 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018. 
 
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. 24. ed. rev., atual. e ampl. 
São Paulo: Saraiva, 2009. 
 
PLÁ RODRIGUEZ, Américo. Princípios de Direito do Trabalho. 2004 
 
PINTO, José Augusto Ribeiro. Tratado de direito material do trabalho. São Paulo: LTr, 
2007. 
 
ROMAR, Carla Teresa Martins. Direito do Trabalho. 5. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 
2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO DO TRABALHO E 
PREVIDENCIÁRIO 
Atividade Avaliativa 
Luiz Carlos Garcia 
Administração 
Processos Gerenciais 
 
 
 
ATIVIDADE AVALIATIVA 
 
A atividade consistirá na resolução das questões abaixo expostas, devendo o aluno 
justificar e fundamentar sua resposta. 
 
 DATA DE ENTREGA DA ATIVIDADE: 16/08/2020 
 
01. O estudo do conceito de Direito do Trabalho permite identificar o conteúdo e a 
extensão desse ramo da Ciência do Direito, ou seja, a partir do conceito é possível 
distinguir a relação jurídica base que compõe o seu objeto, os sujeitos que integram tal 
relação jurídica e a finalidade das normas jurídicas que o compõem. Acerca desse 
assunto, analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). 
( ) I. Direito do Trabalho é o ramo da ciência do direito que versa sobre as normas, as 
instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado. 
( ) II. Uma das características do Direito do Trabalho é a restrição da liberdade contratual, 
que impõe limites autonomia da vontade, através de normas e de garantias sociais. 
( ) III. Em se tratando de conceito de Direito do Trabalho, a posição subjetivista defende o 
campo de aplicação da disciplina como sendo o das normas do trabalho; já a posição 
objetivista, com caráter finalista, se preocupa com a melhoria da condição social do 
trabalhador. 
( ) IV. O direito do trabalho envolve tanto o estudo do direito individual quanto do direito 
coletivo. O direito individual do trabalho trata das regras, princípios e institutos jurídicos que 
regulam a relação empregatícia e as relações de trabalho especificadas. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. 
A) V, V, V, V 
B) F, V, F, V 
C) V, V, F, V 
D) V, F, F, V 
 
 
À luz da legislação social e do Direito do Trabalho, julgue os próximos itens: 
 
02. O direito do trabalho disciplina as relações entre empregador e empregado, protegendo 
este último em face da superioridade econômica do empregador frente a sua 
hipossuficiência. 
A) CERTO 
B) ERRADO 
 
03. O direito comum não será fonte subsidiária do direito do trabalho, em razão da 
incompatibilidade com os princípios fundamentais deste. 
A) CERTO 
B) ERRADO 
 
04. O Direito do Trabalho possui funções que evidenciam os objetivos ou propósitos do 
ordenamento trabalhista, considerando o seu papel desempenhado na sociedade. Desta 
forma, ao afirmar que o Direito do Trabalho “é um instrumento de opressão do Estado em 
prol da classe dominante como forma de impedir ou dificultar os movimentos operários” e 
que este ramo “coordenar os interesses contrapostos dos empregadores e trabalhadores, 
sem levar em conta a situação de vulnerabilidade ou hipossuficiência destes últimos”, 
citamos duas funções inerentes ao Direito do Trabalho. 
Assinale a alternativa que contém essas funções: 
A) Função Tutelar e Função Econômica 
B) Função Econômica e Função Coordenadora 
C) Função Conservadora e Função Coordenadora 
D) Função Conservadora e Função Tutelar 
 
 
 
05. Acerca da origem e evolução do Direito do Trabalho e da Organização Internacional do 
Trabalho (OIT), analise assertivas abaixo expostas: 
I. A Declaração da Organização Internacional do Trabalho sobre Princípios e Direitos 
Fundamentais do Trabalho contempla a liberdade sindical, mas não expressamente o 
reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva, o que não impede o seu 
acolhimento implícito. 
II. A criação da OIT fundou-se em razões de segurança, humanitárias, políticas e 
econômicas. 
III. A Conferência Internacional do Trabalho é o órgão deliberativo da Organização 
Internacional do Trabalho e corresponde à sessão plenária de seus Estados-Membros 
presentes por intermédio de suas respectivas delegações tripartites compostas de um 
representante governamental, um representante dos trabalhadores e um representante dos 
empregadores. 
IV. Para uma compreensão cada vez maior da interdependência econômica do mundo e 
da necessidade de cooperação internacional para obtenção de igualdade das condições de 
trabalho em todos os países, o Tratado de Versalhes prevê expressamente que o trabalho 
é uma mercadoria. 
Assinale a alternativa CORRETA: 
A) Apenas as assertivas I e IV estão corretas. 
B) Apenas as assertivas III e IV estão corretas. 
C) Apenas as assertivas I, II e IV estão

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